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A Igreja de Cristo, conforme revelado pelas Escrituras, é um Corpo que é constituído de muitos

membros (1 Co 12.12), os quais são todos os santos de todas as épocas. Em outras palavras, tanto
vivos como “mortos” fazem parte desse corpo. Isso nos é revelado em 1 Ts 4.13-18:

13 Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais, como os demais, que não têm esperança. 14 Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. 15 Dizemo-
vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que dormem. 16 Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz
de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; 17
depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a
encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

O tema central dessa passagem é a ressurreição dos mortos durante a segunda vinda de Cristo. Os
crentes em Tessalônica provavelmente estavam tristes pois esperavam que a vinda de Cristo
ocorreria em seus dias (essa deve ser a esperança de todo o cristão – At 1.11, 2Tm 4.8, Tt 2.13) e,
no entanto, o tempo passava e eles estavam perdendo seus familiares e entes queridos, e em seus
corações deveriam considerar que a morte física seria o fim de tudo. Paulo adverte-os que esse
pensamento é comum dos pagãos, que “não têm esperança”, e escreve isso não apenas para
fortalecer sua esperança na vinda do Senhor, mas também para fortalecer a esperança de que um dia
veriam novamente seus entes queridos!

Diante disso, é razoável considerar que nós, os vivos, temos comunhão espiritual com os santos
que, segundo as palavras do apóstolo Paulo, “dormem”, embora não possamos nos comunicar com
eles, e vice-versa. A comunhão dos santos, que é real, não implica que possamos interceder junto a
Deus por santos falecidos, nem eles por nós.

O texto “Creio na Comunhão dos Santos”, contém várias referências bíblicas sobre a intercessão de
santos no AT pelo povo de Deus (Gn 18.23-32, Ex 32.30-32, Nm 12.13, 1Sm 7.5-9, 2Sm 12.16-23,
1Rs 17.17-24, Ne 1.4-11, Jr 14.7-9, Dn 9.3-19). Essas referências, contudo, são de santos que
intercediam pelo povo de Deus enquanto vivos na terra. No entanto, o autor apresenta um
argumento interessante:

Considerando que, quando ainda vivo, rezando por si ou por outrem, apesar de seus pecados (Pv
XXIV, 16), a oração feita por um justo é eficaz (Tg V, 16), por que razão o Justo, em visão beatífica,
já assentado na Glória (Jo XXXVI, 7), cujas orações são apresentadas a Deus em taças de ouro
(Ap V, 8), às quais atentamente Ele escuta (Sl XXXIII, 16), não pode ser considerado intercessor?

Esse argumento, embora possa ter lógica, carece de embasamento bíblico. Não há razão bíblica para
acreditar que as orações dos crentes que estão na terra sejam inferiores às supostas intercessões dos
santos no céu pelos que estão na terra, afinal Jesus disse “tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o
farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13).

O uso da palavra “supostas” aqui é porque não existe na Escritura nenhuma menção clara de santos
que morreram intercedendo pelos vivos. Todos detalhes do que eles fazem no céu não nos foram
revelados. Apocalipse 7.9-17 mostra-nos uma visão dos santos glorificados no céu rendendo
adoração ao Cordeiro.

Em Apocalipse 4 temos a visão do trono da majestade divina, cercado por criaturas celestiais que o
adoram continuamente:
4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro
anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre a cabeça coroas de ouro. […] 6 E havia diante
do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal, e, no meio do trono e ao redor do trono,
quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás.[…] 8 E os quatro animais tinham, cada
um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam
nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era,
e que é, e que há de vir. 9 E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que
estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, 10 os vinte e quatro anciãos
prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o
sempre e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: 11 Digno és, Senhor, de receber glória,
e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas. (Ap
4.4,6,8-11)

Há de se presumir portanto, que os salvos na glória estejam unidos juntamente com os seres
celestiais e todos os anjos de Deus, nessa esfera de adoração, rendendo adoração a Deus Pai Todo-
poderoso, e ao Cordeiro, e ao Espírito Santo. A própria figura dos vinte e quatro anciãos aqui, é
vista por muitos como uma representação da totalidade dos salvos no céu: Israel e a igreja, juntos
em adoração a Deus e ao Cordeiro, i.e., a associação de 12 (Israel) mais 12 (a igreja) soma 24 (o
povo de Deus das duas eras). Note, também, que os anjos ficam em derredor desses anciãos (Ap
7.11 e 5.11).

Além disso, por qual razão há de se presumir que em Apocalipse 5.8 as “orações dos santos”,
apresentadas diante de Deus como incenso em taças de ouro não sejam de santos que estão vivos na
terra (Sl 141.2), ou pelo menos, não seja deles também?

Considerando que no Céu já não há razão para que peçam por si mesmos, que coisa rezam
os santos? Por quem pedem? Na única menção clara de uma oração feita por santos que morreram,
vemos que eles foram mortos por amor da palavra de Deus e pelo testemunho que deram, e o seu
clamor era “Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos
que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10).

Ainda assim, alguém poderia contra argumentar que entre todas estas citações, não há menção à
invocação da intercessão de santos após sua morte. […] Antes da Ascenção, as únicas criaturas a
povoarem o Céu eram os anjos (cf. Mt XVIII, 10), e a estes, vemos que à intercessão destes os
Patriarcas e Profetas recorriam.

Seguido desse argumento são apresentadas várias passagens bíblicas onde supostamente as pessoas
recorriam à intercessão de anjos, os quais, pelo que se pode entender, faziam o papel de
intercessores que hoje cabe aos santos (no céu), segundo a doutrina católica. À semelhança do meu
texto anterior, irei abordar cada uma (ou pelo menos a maioria) dessas citações bíblicas.

Zc 1.12 Então, o anjo do SENHOR respondeu e disse: Ó SENHOR dos Exércitos, até quando não
terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta
anos?
Nessa visão do profeta Zacarias, o homem montado em um cavalo vermelho, que é identificado
como o “anjo do Senhor”, tem o papel de interceder por Israel e Jerusalém, para que se completem
os setenta anos do castigo divino sobre o povo que foi levado cativo à Babilônia, após a destruição
de Jerusalém e do templo, em consequência do pecado de Israel. O anjo do Senhor aqui é
provavelmente Cristo, que continua como nosso advogado para com o Pai (1 Jo 2.1, ver também Êx
3.2, Êx 23.20,21 e Is 63.9).
Gn 48.15-16 15 E abençoou a José e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais
Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia, 16 o Anjo que me livrou
de todo o mal, abençoe estes rapazes; e seja chamado neles o meu nome e o nome de meus pais
Abraão e Isaque; e multipliquem-se, como peixes em multidão, no meio da terra.
Nesse texto Jacó abençoa a seus netos, rogando que Deus os abençoe e que o anjo que esteve com
ele livrando-o de todo mal esteja com eles também. Vemos em toda a Bíblia que os anjos executam
um papel muito importante em guardar os servos de Deus e livrá-los do mal (Sl 34.7). Não há
porém nesse texto menção a Jacó pedindo que o anjo interceda pelos seus netos.

Os 12.4 Como príncipe, lutou com o anjo e prevaleceu; chorou e lhe suplicou; em Betel o achou, e
ali falou conosco;
Esse versículo faz uma referência ao acontecimento relatado em Gn 32.24-30, em que Jacó lutou
com um varão para obter a bênção de Deus. O varão que lutou com Jacó era provavelmente o anjo
do Senhor, o mesmo que aparece em várias outras passagens de Gênesis (cf. Gn 16.7, Gn 21.17 Gn
22.11 Gn 31.11) e em outras do AT (Êx 3.2, Êx 23.20,21 e Is 63.9, etc.). O anjo do Senhor é
frequentemente identificado com o próprio Deus (ver Gn 32.28,30, Jz 6.12-14,22-23).

Ap 1.4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é,
e que era, e que há de vir, e da dos sete Espíritos que estão diante do seu trono;
Os sete Espíritos de Deus representam a presença plena do Espírito Santo diante do trono de Deus.
É possível que a frase derive da sétupla expressão do Espírito, em Is 11.2. Em Ap 4.5, os sete
Espíritos de Deus são representados em visão a João como sete lâmpadas que ardem diante do
trono, pois o Espírito Santo é comparado a um fogo ardente, no seu juízo contra o pecado, segundo
a pureza divina (Is 4.4; Jo 16.8). Não se trata, portanto, de anjos ou seres celestiais, pois a
revelação de Apocalipse, dada a João, e destinada às sete igrejas, não provinha de anjos, mas de
Deus Todo-poderoso, e do Cordeiro, e do Espírito Santo. Sim, basta ler também o versículo 5 para
vermos a identificação da Santíssima Trindade:

4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que
era, e que há de vir, e da dos sete Espíritos que estão diante do seu trono; 5 e da parte de Jesus
Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra.[…] (Ap
1.4,5a).

Js 5.14-15 14 E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR. Então,
Josué se prostrou sobre no seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu Senhor ao seu
servo? 15 Então, disse o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus
pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.
Aqui, mais uma vez, vemos uma aparição do Anjo do SENHOR, o qual, como dito anteriormente, é
identificado como o próprio Deus (ver as referências citadas na nota sobre o texto de Os 12.4).
Note, nesta passagem, que Josué prostrou-se diante do Anjo do SENHOR e adorou-o e, no entanto,
o Anjo não o repreendeu, como o fez com João em Ap 22.9, mas acrescentou ainda que ele tirasse
os sapatos, porque o lugar em que ele estava era santo, irradiado pela santidade do Deus Santo e
Todo-poderoso, à semelhança do que aconteceu com Moisés em Êx 3.

Mas não foi o mesmo Verbo encarnado a ensinar a semelhança que anjos e santos têm na Glória?
“Porquanto são semelhantes aos anjos, e são filhos de Deus, visto serem filhos da ressurreição”
(Lc XX, 36); (Mt XXII, 30); (Mc XII, 25).

Nestas passagens o Senhor Jesus ensina que os santos glorificados são semelhantes a anjos, em
natureza, sendo em específico, em relação a casamento. Tal como os anjos, os santos não hão de se
casar na ressurreição. Não se pode, portanto tomar estes versículos para fazer uma comparação
literal e absoluta entre anjos e santos. São semelhantes em natureza, mas não necessariamente em
ministério.

É, portanto, nas palavras do Apóstolo, o único mediador entre Deus e os homens (cf. I Tm II, 5).
Para alguns, todavia, este versículo da Epístola paulina a Timóteo, invés de causa de maior
confiança, é pedra de tropeço. Assim, lendo que Cristo é único Mediador, sem compreender o
sentido preciso a que aludia São Paulo, pensarão erroneamente que toda oração que não se dirige
diretamente a Ele, atentam contra sua única mediação.

De fato, o sentido mais preciso de 1 Tm 2.5 é que Cristo é o único mediador entre Deus e os
homens, no sentido da redenção. No entanto, o fato de Cristo ter feito a redenção, reconciliando o
homem com Deus, foi o que nos abriu um novo e vivo caminho, pelo qual temos acesso direto ao
Pai, por meio do nosso Mediador e Sacerdote Jesus Cristo (Hb 10.19-22). O véu do templo rasgou-
se, quando da morte de Cristo na cruz. O véu rasgado mostra que o caminho para a presença de
Deus foi aberto. A cortina que fazia separação entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos vedava o
caminho à presença de Deus. Mediante a morte de Cristo, a cortina foi removida e aberto ficou o
caminho para o Santo dos Santos (i.e., a presença de Deus), para todos quantos crerem em Cristo e
na sua Palavra salvífica (Hb 9.1-14).

Sendo assim, pela redenção que Cristo fez, temos acesso direto à presença de Deus, pois o caminho
foi-nos aberto por Cristo, e podemos apresentar-lhe todas as nossas súplicas e necessidades (1 Pe
5.7). Sim, Cristo é o nosso único Mediador diante de Deus primariamente no sentido da redenção,
porém, a sua Mediação abrange todos os aspectos da vida do cristão. Não é erro, nem imprecisão
crer na mediação única e plena de Cristo, mas é um princípio totalmente bíblico. O próprio Cristo
afirmou categoricamente “tudo quanto pedirdes, em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13). O próprio
contexto de 1 Tm 2.1-8 tem como assunto a oração. O apóstolo está exortando os crentes a orarem
por todos os homens:

1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de
graças por todos os homens, […] 3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador,
4 que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. (1 Tm 2,1,3-4)

E adiante ele explica o porquê:

5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, 6 o qual
se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo (1 Tm
2.5,6)

Porque Cristo Jesus, homem, deu-se a si mesmo, em preço pela redenção de todos os homens.
Logo, nossa oração em favor deles deve ser feita em nome de Jesus Cristo; ele pagou o preço.

Portanto, em tudo, Cristo é o nosso Mediador; tudo é por ele e em nome dele (Jo 14.13, Jo 15.16,
Mt 28.19, Mc 16.17-18, Rm 11.36…). A Escritura nos ensina também, que Deus, o Pai, que não
poupou nem a seu Filho, antes por nós o entregou, há de conceder-nos também todas as coisas que
pedirmos em seu nome:

Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não
dará também com ele todas as coisas? (Rm 8.32)

A intercessão em favor de outros santos vivos é algo que é visto em abundância no NT, e deve ser
praticado por todos os cristãos. Por exemplo, a igreja de Jerusalém reuniu-se a fim de orar pela
libertação de Pedro da prisão (At 12.5, 12). A igreja de Antioquia orou pelo êxito do ministério de
Barnabé e de Paulo (At 13.3). Tiago ordena expressamente que os presbíteros da igreja orem pelos
enfermos (Tg 5.14) e que todos os cristãos orem “uns pelos outros” (Tg 5.16; cf. Hb 13.18,19).
Paulo vai mais além, e pede que se faça oração em favor de todos (1Tm 2.1-3).
Não há, porém, uma única citação na Escritura de crentes vivos pedindo que santos falecidos
intercedam por eles diante de Deus, nem o contrário. E para reforçar esse fato, eis o que diz Is 8.19-
20:

19 Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e
murmuram entre dentes; não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão
os mortos? 20 À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a
alva.

Sabemos também que o Pai da Mentira é hábil em citar as Sagradas Escrituras em seu favor. Aliás,
é dele, não os reformadores do século XVI, o mérito pelo livre exame. Foi o primeiro a fazê-lo, no
Éden (Gn III, 1), repetiu-o no Monte da Tentação (Mt IV, 6), e fê-lo outras tantas vezes, em
Genebra, em Wittenberg, em Zurique, e em lugares mil. Mas bem sabemos que devemos evitar as
questões loucas e desacertadas, sabendo que produzem contendas (II Tm. II, 23), evitar as
novidades, e ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie um Evangelho diferente
daquele que vos temos anunciado, seja anátema. Como já vo-lo dissemos, agora de novo o digo: se
alguém vos anunciar um Evangelho diferente daquele que recebestes, seja anátema. (Gl I, 8-9).

De fato, o diabo é muito hábil em citar versículos isolados das Escrituras, distorcendo-os, no intuito
de desviar os filhos de Deus. Ele ousou fazê-lo até mesmo com o próprio Cristo. No entanto,
sabemos que nunca foi da vontade do diabo que os filhos de Deus meditassem nas Sagradas
Escrituras em sua totalidade. Conhecer as Escrituras foi o que fez o Senhor Jesus Cristo, vencer
Satanás no monte da tentação:

Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. (Mt 4.7)

Não basta apenas conhecer “o que está escrito”, mas o que “também está escrito”. Quando o diabo
vier diante de nós apresentando uma doutrina, e alguns versículos isolados que supostamente
apoiam-na, como poderemos vencê-lo, se não conhecermos as Escrituras, e se não tivermos em nós
o Espírito Santo, que nos ensina e nos faz lembrar dos princípios contidos em sua Palavra? (Lc
12.11-12, Jo 16.13, 1 Jo 2.20,26-27)

E como conheceremos as Escrituras, se não as examinarmos? Durante séculos, a Sagrada Escritura


esteve “escondida” do povo. A tradição, os dogmas e decretos papais eram o que dirigiam a Igreja.
A Reforma Protestante representou a redescoberta da Palavra de Deus, tal como ocorreu nos dias do
rei Josias, quando o sacerdote Hilquias achou o livro da Lei do Senhor, e ele foi lido diante do rei e
do povo (2 Cr 34.14-19). As palavras contidas no Livro da Lei, que estiveram esquecidas durante
centenas de anos, ao serem ressoadas causaram real arrependimento e conversão do povo israelita,
que tornou, então, a servir seu Deus de todo o coração. Assim também a Igreja, ao voltar às
Escrituras, pode experimentar um florescimento glorioso e um avivamento, tal como nos dias da
Igreja Primitiva.

A Bíblia Sagrada, portanto, é a palavra de Deus, que guia o cristão a viver de acordo com a vontade
de Deus, e livra-o do mal. Ela contém a revelação de Deus dada aos santos profetas e aos santos
apóstolos. Ela é que contém o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua atividade salvífica
a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Nenhuma palavra de homens, tradições, dogmas ou
declarações de instituições religiosas igualam-se à autoridade delas (2Tm 3.16,17). Toda tradição,
doutrina, comentário, interpretação e profecia deve ser julgado e validado pelas palavras e
mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3).
Devemos conservar as tradições e doutrinas recebidas que sejam genuinamente bíblicas, e não
conflitem com as Sagradas Escrituras, do contrário, consideremo-las, sim, como anátema, tal como
declarou o apóstolo Paulo em Gl 1.8-9.

Voltemo-nos portanto às Sagradas Escrituras, examinemo-las pois elas contém a vida eterna e
testificam da nossa salvação (Jo 5.39), meditemos nelas dia e noite porque elas farão prosperar
nosso caminho (Js 1.8, Sl 1.2), e guardemo-las em nosso coração para que sejamos livres de pecar
(Sl 119.11, Mt 22.29).

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