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Ficha de Leitura Disciplina: Tratamento da Poluição Atmosférica e Sonora Compilado por: Bcambula 1
Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
INDICE
1 INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ..................................................................................................... 3
1.1 ATMOSFERA DA TERRA ...................................................................................................................................... 3
1.2 AR ATMOSFÉRICO .............................................................................................................................................. 6
1.2.1 Composição do Ar Atmosférico ........................................................................................................................ 6
1.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................................................................................. 7
1.3.1 Definição ....................................................................................................... Error! Bookmark not defined.
1.3.2 Poluentes Atmosféricos................................................................................................................................... 8
1.3.4 Ar atmosférico poluído e não poluido................................................................................................................ 9
1.4 FONTES OU ORIGEM DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA......................................................................................... 10
1.4.1 Fontes naturais de poluição atmosférica ......................................................................................................... 10
1.4.2 Fontes antrópicas de poluição atmosférica ..................................................................................................... 11
1.4.2.1 Partículas.............................................................................................................................................. 11
1.4.2.2 Compostos de Enxofre ........................................................................................................................... 13
1.4.2.3 Compostos de Azoto .............................................................................................................................. 14
1.4.2.3 Óxidos de Carbono ................................................................................................................................ 14
1.4.2.4 Compostos Orgânicos ............................................................................................................................ 14
1.4.2.5 Os Odores ....................................................................................................................................... 15
1.4.2.6 Compostos Halogenados ....................................................................................................................... 15
1.5 EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................................ 18
1.5.1 Efeitos sobre a saúde ................................................................................................................................... 18
1.5.2 Efeito sobre a vegetação ............................................................................................................................... 19
1.5.3 Efeitos sobre os materiais ............................................................................................................................. 20
1.5.4 Efeitos sobre as propriedades da atmosfera ................................................................................................... 20
1.5.4.1 Efeitos sobre a visibilidade ..................................................................................................................... 20
1.5.4.2 Efeito na formação de neblinas ............................................................................................................... 20
1.5.4.3 Efeito sobre as condições de radiação urbana.......................................................................................... 21
1.5.5 Efeito sobre os constituintes atmosféricos................................................................................................... 21
1.6 UNIDADES DE MEDIDA PARA OS POLUENTES ATMOSFERICOS ...................................................................... 22
1.6.1 Conversão para o cálculo das concentrações ................................................................................................. 23
1.7 AULA PRÁTICA NO 1 .......................................................................................................................................... 26
1.8 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 28
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
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Mesosfera
-2 a -92 50 a 80 O2+, NO+
Termosfera -92 a 1200 85 a 500 O2+, O+, NO+
A temperatura atmosférica da Terra varia com altitude (Figuras 1.2), assim como a densidade das substâncias
que compõe a atmosfera. A terra é aquecida quando a radiação solar recebida é absorvida na ou perto da
superfície da Terra e re-irradiada em ondas eletromagnéticas mais longas de comprimentos de onda (radiação
infravermelha).
Troposfera - Na ausência de poluição, sua composição é bastante homogénea. A temperatura diminui com a
altitude e o gradiente médio da temperatura é de 6,5 oC/km. A troposfera recebe a energia térmica da superfície
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terrestre, a qual absorve a radiação solar. O aquecimento do ar pela radiação infravermelha emitida pela
superfície causa movimentos verticais intensos (convecção). Estes transportam calor, vapor de água e outros
traços constituintes da superfície para níveis mais altos da troposfera. Nestas correntes ascendentes o ar se
resfria, provocando a condensação do vapor de água. Assim, o ciclo da água se dá, essencialmente, na
troposfera. Como neste processo os gases solúveis e os aerossóis são absorvidos pelas nuvens e pela
precipitação (remoção húmida), ele é o responsável pelas trajectórias de muitos outros constituintes traço.
Estratosfera - Caracteriza-se pelo aumento da temperatura com o aumento da altitude. Isto ocorre devido à
presença de O2 e O3. O ozono pode chegar a 10 ppm (partes por milhão) em volume na região mediana da
estratosfera e, juntamente com o O2, absorve energia sob a forma de radiação ultravioleta, causando um
aumento na temperatura.
Mesosfera - Na mesosfera a temperatura diminui à medida que aumenta a altitude, devido à diminuição dos
níveis das espécies que absorvem a radiação, principalmente o ozono. É a região que atinge menor temperatura
na atmosfera.
Termosfera - As espécies desta região absorvem radiação altamente energética, de comprimento de onda
menor que 200 ηm, responsáveis pela elevação da temperatura até 1200 oC. Devido ao delicado equilíbrio
existente na atmosfera, qualquer modificação mais profunda na sua composição pode provocar efeitos negativos,
como chuva ácida, efeito estufa, smog fotoquímico, etc., todos com efeitos danosos para os seres vivos.
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1.2 AR ATMOSFÉRICO
O ar atmosférico terrestre nada mais é do que uma mistura de gases, inodora e incolor que forma uma capa
delgada ao redor da Terra.
Em volume seco, 99,997% da atmosfera consiste em quatro gases, nitrogénio molecular e oxigénio
(respectivamente), argon (Ar) e dióxido de carbono (CO2). Quimicamente, Ar é inerte (não reativo), pois é um
nobre gás. Os outros três compostos também são muito estáveis e não reativo na maioria das condições
atmosféricas de temperatura e pressão, assim, permanecem muito estáveis componentes da atmosfera.
Ar externo seco
Substâncias
% em volume % em peso
Nitrogénio 78,09 78,80
Oxigénio 20,94 23,16
Argon 0,93 1,28
CO2 (dióxido de carbono) 0,03 0,04
Aproximadamente 99% dos a massa da atmosfera está entre primeiros 50 (km) quilómetros de altitude da
superfície terrestre, ou seja, na troposfera e estratosfera. É aqui que ocorre a poluição do ar.
Em ambientes internos, recintos onde existam pessoas, os teores acima se modificam. As percentagens em
volume, quando a humidade relativa do ar é de 50% e a temperatura de 21oC, podem passar a ser de (em
volume):
Nitrogénio ................................................................... 78,00%
Oxigénio ..................................................................... 20,69%
CO2 ............................................................................. 0,06%
Vapor de água ............................................................ 1,25%
O vapor de água resulta de um processo físico de evaporação, não sendo integrante da mistura de g ases,
utilizando a at mo sfe ra como meio de transporte. Sua composição varia de 0 % n a s z o n a s á r i d a s
a 4%, máximo nas regiões quentes e húmidas.
0 % → ar seco
0 - 4 % → ar húmido
4 % → ar saturado
Uma redução de oxigénio para 16 a 20% ocasiona dificuldade de respirar. Entre 11 e 16% produz dor de cabeça.
Entre 8 a 10%, ânsia de vómito e perda da consciência.
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Uma pesquisa realizada pelo Prof. Ernesto Schneider revela que 42% das substâncias tóxicas espalhadas no ar
em um centro urbano de muito tráfego (monóxido de carbono, chumbo, benzopireno etc.) provêm dos gases de
escape dos veículos automóveis; 35% provêm das indústrias; e 23%, das emanações dos fogões domésticos.
Naturalmente, a presença de uma ou mais indústrias no local, a lançar, sem qualquer tratamento, poluentes na
atmosfera altera completamente esse quadro de proporções. As "queimadas" na lavoura e eventuais incêndios
em matas ocasionam também poluição, mas de caráter ocasional.
O ser humano, ao interagir com o meio ambiente, produz resíduos que podem poluir o ar. A poluição atmosférica
pode ser causada por fontes fixas ou móveis, dependendo dos processos que libertam os poluentes no ar.
1.3.1 Definição
As definições da poluição atmosférica diferem conforme as fontes, mas todas centram-se no facto de se
introduzir substâncias estranhas na atmosfera. Aqui são mostradas três:
Para Nefusi, 1976, citado por Lisboa, 2007 “é a presença ou lançamento no ambiente atmosférico de substâncias
em concentrações suficientes para interferir directa ou indirectamente com a saúde, segurança e bem-estar do
homem, ou com o pleno uso e gozo de sua propriedade”.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Por outro lado, a OMS (Organização Mundial de Saúde) define poluição do ar como “a presença na atmosfera de
um ou mais contaminantes, tais como poeiras, fumos, gases, “nevoeiro”, odor ou vapor, em quantidades ou com
características, e de duração tal que possa ser prejudicial à vida humana, animal ou vegetal, a bens ou que
interfira desfavoravelmente no confortável desfrute da vida ou dos bens”.
A legislação ambiental moçambicana atraés do Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho “poluição atmosférica define-
se como “introdução pelo homem na atmosfera, directa ou indirectamente, de poluentes atmosféricos”.
Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de acordo com a sua origem, composição química e estado
físico.
4. Quanto ao estado físico – os poluentes atmosféricos são considerados gases e /ou partículas (sólidas ou
líquidas).
Existem certos poluentes que existem normalmente em todos os ambientes atmosféricos das zonas urbanas que
são denominados poluentes de referência que são os seguintes: CO, NO2, O3, SO2, PM10, Pb, Partículas Totais
em Suspensão (PTS) e Hidrocarbonetos (HC). As suas concentrações variam de acordo com o nível de
actividade industrial, tráfego e do grau de sofisticação do seu controlo.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Para além dos poluentes de referência, existem na atmosfera centenas de outros compostos, específicos para
cada tipo de indústria. Na Tabela 1.4 estão apresentadas as propriedades de alguns dos poluentes mais comuns,
as suas fontes, também, mais comuns e respectivos impactos.
O estudo de poluição do ar restringe-se à baixa atmosfera, que compreende a troposfera e a estratosfera. Nesta
região, o ar atmosférico é uma mistura composta essencialmente de nitrogénio, oxigénio, dióxido de carbono e
vapor de água, que constitui o ar que respiramos. Além desses gases, outros constituintes como árgon, hélio,
metano, amónio, ozono, emissões radioativas, poeiras, organismos vivos, etc, podem ser encontrados no ar, cuja
composição varia grandemente, não só em função das características físicas locais, como também pela presença
do homem.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
As fontes de poluição podem ser classificadas como naturais (vulcões, emissão de aerossóis no rebentamento
das ondas do mar, etc.) e antrópicas (por exemplo as industriais, queima de combustíveis, queima de resíduos
sólidos, evaporação de produtos de petróleo, actividades produtoras de odores, fontes de radiações, outras
actividades).
Para fontes antrópicas pode-se considerar dois tipos básicos, as chamadas fontes específicas, que são fixas em
determinado território, ocupando na comunidade uma área relativamente limitada e permitem uma avaliação na
base de fonte por fonte (exemplo, as indústrias) e as chamadas fontes múltiplas que podem ser fixas ou móveis,
geralmente se dispersam pela comunidade, oferecendo grande dificuldade de serem avaliadas na base de fonte
por fonte. Por exemplo, as casas (fontes múltiplas fixas); os veículos automotores (fontes múltiplas móveis.
Os agentes antrópicos causadores da poluição do ar são diversificados, refinarias de petróleo, fábricas de papel
e de produtos químicos, fundições, veículos motorizados, actividades domésticas, queimadas de florestas e de
lixo, além de fontes naturais de monóxido de carbono, procedentes da oxidação atmosférica do metano, devido a
putrefacção da matéria orgânica.
As fontes naturais estão distribuídas por todo o mundo, enquanto as intervenções humanas concentram-se em
zonas muito menores.
Os vulcões jogam poeira até 20-30 km de altura. Estas partículas demoram de 2 a 12 anos na estratosfera antes
de cair na troposfera, onde são rapidamente lavadas. Um vulcão emite óxidos de nitrogénio e de enxofre (H2S,
HCl, HF, SCO (sulfeto de carbono)), cinzas e partículas sólidas.
A vegetação emite muitos compostos orgânicos, entre eles o pólen, que pode causar alergias. Um estudo
realizado por cientistas do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e americanos do NOAA -
National Oceanic and Atmospheric Administration) mostrou que a floresta Amazónica é uma grande emissora de
metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
O solo emite N2O (desnitrificação), NH3 (processos aeróbicos) e gases redutores, como CH4, NO, H2S
(fermentação anaeróbica em zonas húmidas, como pântanos, arrozais, bosques húmidos, etc)
Os oceanos são armazéns químicos, importantes fontes de emissão de componentes atmosféricos. Variações de
temperatura na superfície do mar modificam as concentrações de uma grande diversidade de gases dissolvidos:
CO, CO2, CH4, N2O, CS2 (dissulfeto de carbono) SCO, ClCH3 (cloreto de metil), etc.
A eructação, arrotos dos bois, é responsável pela liberação de gás metano. Quando o animal respira, o gás é
liberado juntamente com o gás carbónico. O metano possui um poder de aquecimento global vinte e uma vezes
maior que o gás carbónico (CO2).
As tempestades de areia, levantando imensas quantidades de poeira na atmosfera são importantes fontes de
poluição, sobretudo no norte da China
Em geral, a contaminação proveniente de fenómenos naturais é assimilada pela natureza, a qual possui
mecanismos físicos e químicos suficientes para degradar os contaminantes emitidos.
Nas cidades, os automóveis são responsáveis por uma parcela considerável da poluição do ar. As indústrias
químicas, siderúrgicas, de electrólise do alumínio, as fábricas de cimento, de papel, as refinarias de petróleo, os
incineradores de lixo doméstico e industrial estão entre as principais fontes de emissão de poluentes, como
ilustrado na Figura 1.4.
1.4.2.1 Partículas
São normalmente identificadas como material disperso, sólido ou líquido, incluindo partículas de metal, amianto,
carbono, resina, nitratos, sulfatos, bactérias, dioxinas, furanos, etc.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Conforme o método de formação, as partículas podem ser classificadas como poeiras, fumos, vapores, cinzas,
névoas e sprays (Tabela 1.4).
Elementos como o chumbo (Pb), ferro (Fe), cádmio (Cd), crómio (Cr), mercúrio (Hg), entre outros, provenientes
dos combustíveis e seus aditivos, aparecem na atmosfera como partículas, possuindo características tóxicas.
Tabela 1.4 – Classificação das partículas de acordo com o seu modo de formação
Tipo de Partícula Modo de Formação Dimensão [μm]
Partículas sólidas que resultam da quebra de massas maiores por
moagem, esmagamento ou explosão. Podem ser directamente
Poeiras 1 – 10 000
provenientes do processo ou do manuseamento de materiais
(cimento, carvão, cereais).
Partículas sólidas que resultam da combustão incompleta de
Fumos 0.5 – 1
partículas orgânicas (carvão, madeira).
Partículas sólidas (óxidos metálicos de zinco e chumbo) formadas
Vapores por condensação de vapores de materiais sólidos. Podem resultar da 0.03 – 0.3
sublimação, destilação ou processos envolvendo metais fundidos.
Partículas não combustíveis, contidas nos gases que se libertam na
combustão (carvão) e óleo combustível e que são carregadas nos
Cinzas (fuligem) 1 – 1 000
gases de combustão em geral de fornalhas e queimadores de
caldeiras.
Partículas líquidas formadas na condensação de um vapor ou
Névoas <10
durante certas reacções químicas
Sprays Partículas líquidas formadas pela atomização de líquidos (pesticidas) 10 – 1 000
As partículas podem ainda ser classificadas em Finas e Grossas (Tabela 1.5). As partículas de menores
dimensões são facilmente inaláveis, depositando-se nas vias respiratórias inferiores e provocando inúmeros
problemas de saúde, essencialmente problemas respiratórios.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
A origem das partículas sólidas em suspensão pode ser tanto industrial quanto doméstica. Geralmente, qualquer
tipo de combustão produz poeira. A composição da poeira é muito variável, sendo determinada pela fonte que o
gera. Contém maioritariamente substâncias inorgânicas se a combustão for completa. Todavia, também pode ser
formada por componentes orgânicos ou por cristais de sulfato de amônico, por reação de ácido sulfúrico e
amoníaco, poluentes presentes na atmosfera.
Suas características físicas também variam muito. Existem poeiras microscópicas, que permanecem em
suspensão indefinidamente, constituindo aerossóis de partículas sólidas e poeiras que podem chegar a alcançar
um milímetro de diâmetro de partícula. Quanto menor for o diâmetro, mais prejudicial será a poeira para a saúde,
pois seu poder de retenção no aparelho respiratório humano é maior.
As partículas sólidas geralmente vêm acompanhadas de microgotas de água que tenham se aderido a elas.
Estes pequenos corpos sólidos actuam como núcleos de condensação que captam o vapor de água atmosférica
formando aerossóis líquidos e sólidos. Cada microgota dá suporte aquoso a todo tipo de reação entre os outros
elementos constituintes de uma atmosfera poluída, como a formação do smog ácido.
O interesse pelos compostos de enxofre tem sido intensificado devido, sobretudo, à elevada toxicidade do
Sulfureto de Hidrogénio (H2S) e à sua contribuição na formação de chuvas ácidas, com efeitos nocivos sobre a
saúde humana, flora e materiais.
A utilização de combustíveis contendo enxofre é a principal fonte de SOx. Outras fontes possíveis são a
produção de H2SO4 e fertilizantes. Muitos processos industriais e o tratamento de resíduos sólidos geram H 2S.
Os odores característicos de compostos orgânicos de enxofre estão associados à produção de pasta de papel e
processos petroquímicos.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Estes óxidos estão intimamente associados com os problemas de poluição de ar conhecidos como Smog
Fotoquímico, Buraco do Ozono e Chuva Ácida. O Óxido Nítrico (NO), segundo composto azotado mais
abundante, tem a sua principal contribuição ao nível da formação do buraco do ozono.
São conhecidos sete compostos de oxigénio e azoto, globalmente designados por NOx: N2O, NO, NO2, NO3,
N2O3, N2O4 e N2O5. Outros compostos de azoto são os Ácido Nitroso (HNO2) e o Ácido Nítrico (HNO3).
Do ponto de vista de poluição atmosférica, são particularmente importantes os Monóxido e Dióxido de Azoto (NO
e NO2, respectivamente). Estes dois compostos provêm da combustão de combustíveis fósseis, como resultado
da combinação rápida do azoto, existente no ar ou no combustível, com o oxigénio atmosférico, a altas
temperaturas.
Outro composto de azoto, o Amoníaco (NH3), é igualmente importante como poluente atmosférico. É um gás
incolor e tem um odor caracteristicamente forte e cáustico. Na presença de água, o amoníaco (alcalino) pode
reagir com ácidos, produzindo compostos de amónia, tais como Sulfato e Nitrato de Amónia, os quais dão origem
a muitas partículas de formação atmosférica.
O CO é um gás incolor, inodoro e insípido e é o mais abundante dos contaminantes de referência. A sua
capacidade para se combinar com a hemoglobina (formando-se a carboxihemoglobina, COHb) e afectar o
transporte de O2 no sangue, faz com que seja considerado um dos principais poluentes atmosféricos.
Concentrações de CO superiores a 30 ppm originam uma percentagem de COHb superior a 2%, no caso de ser
desenvolvida uma actividade que requeira algum esforço físico, o que acarreta problemas temporários de saúde.
O CO2 é cada vez mais considerado um poluente atmosférico, uma vez que é o principal contribuinte para o
efeito de estufa, tornando-se necessário o seu controlo.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
A maior parte dos Hidrocarbonetos (HC) têm, por si só, uma toxicidade relativamente baixa; são no entanto
motivo de preocupação devido à sua actividade fotoquímica, na presença de luz solar e NOx, formando oxidantes
fotoquímicos, dos quais o predominante é o O3.
Aqueles que são emitidos na fase gasosa, nos processos industriais, têm a designação de Compostos Orgânicos
Voláteis (COV’s). São pouco abundantes mas são os mais reactivos e incluem Formaldeído, Fenol, Óxido de
Etileno, Benzeno, Benzopireno, Dibenzoantraceno, Diclorobenzidina, Isopropanol, CFC’s e PCB’s, entre muitos
outros. São praticamente todos cancerígenos conhecidos ou suspeitos de o serem. Muitos são precursores dos
oxidantes fotoquímicos que reagem com os NOx e o O2 para produzir Smog e contaminação por aerossóis na
presença de radiação solar.
1.4.2.5 Os Odores
As indústrias responsáveis pelo aparecimento de poluentes fétidos no ar são geralmente aquelas que realizam
reações de fermentação em seus processos de produção. Típicas geradoras de maus odores são as que utilizam
dejetos animais e os vertedouros públicos. Esta poluição, ainda que menos perigosa, é muito desagradável para
a população.
A detecção do odor pelo olfato humano é regulada pelas características da substância que o desprenda. Assim,
existem compostos que para serem detectados devem encontrar-se em altas concentrações, sendo que alguns,
apesar de serem extremamente tóxicos, são inodoros.
Quando os minerais de flúor, como a fluorite e a criolite, estão presentes nas matérias primas de um processo de
fabrico que utiliza temperaturas elevadas, um ou mais compostos de flúor voláteis são emitidos para a atmosfera.
As actividades produtoras de odores causam poluição desagradável. Exemplo, fábricas que libertam gás
sulfídrico e outros gases mal cheirosos, oficinas de pintura, odores de esgotos e da decomposição de resíduos;
matadouros; etc.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Existem também as fontes de radiações, sendo que o sol é a maior fonte produtora de radiações e tem pouca
influência no cômputo geral da poluição ao ar livre. Os tipos de radiações emitidas pelas indústrias ficam restritos
aos locais de produção, geralmente em ambientes fechados (raios infravermelhos, ultravioletas, etc.). São
utilizados radiações ionizantes em vários sectores industriais e na medicina.
Muitas outras são as actividades humanas que podem provocar poluição atmosférica, entre elas a aplicação de
insecticidas na lavoura (por via aérea); as fontes de poeira fugitiva originada por ruas sujas ou não pavimentadas,
demolições, etc. A construção civil constitui uma das grandes fontes de material particulado.
Combustão (refinarias,
centrais térmicas, veí- culos
Antropogénicas a diesel) Afecta o sistema respiratório
Óxidos de Enxofre
Processos industriais Chuvas ácida
(SOx)
Danos em materiais
Vulcanismo
Naturais
Processos biológicos
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Combustão (veículos e
Óxidos de Azoto Antropogénicas Afecta o sistema respiratório
indústria)
(NOx) Chuvas ácidas
Naturais Emissões da vegetação
Refinarias Petroquímica
Veículos Poluição fotoquímica
Compostos Orgânicos
Antropogénicas Evaporação de combus- Incluem compostos tóxicos e
Voláteis (COV’s)
tíveis e solventes carcinogénicos
Antropogénicas Combustão
Dióxido de Carbono
Emissões da vegetação Efeito de estufa
(CO2) Naturais
Fogos florestais
Tóxico acumulativo
Gasolina com chumbo
Chumbo (Pb) Antropogénicas Anemia e destruição do tecido
Incineração de resíduos
cerebral
Combustão Processos
industriais Condensação de
Antropogénicas outros Alergias respiratórias
poluentes Vector de outros poluentes (me- tais
Partículas
Extracção de minerais pesados, compostos orgânicos
carcinogénicos)
Erosão eólica
Naturais
Vulcanismo
Aerossóis
Destruição da camada de ozono
Sistemas de refrigera-ção
CFC’s e Halons Antropogénicas Contribuição para o efeito de
Espumas, sistemas de
estufa
combate a incêndios
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
O Sulfureto de Hidrogénio, conhecido por ter cheiro a ovos podres, é muito tóxico podendo causar a
morte;
O Monóxido de Carbono possui uma perigosidade acrescida já que, além de ser muito tóxico, é inodoro;
Os Hidrocarbonetos incluem muitos compostos, mas substâncias como os aldeídos e cetonas são
particularmente importantes pois produzem efeitos sobre os olhos, nariz e ainda sobre o sistema
nervoso central;
Os Óxidos de Azoto, em particular o NO2, tem um efeito ao retardador sobre o sistema
respiratório, que pode sensibilizar para outros poluentes.
É de notar que não se está exposto apenas a um poluente, mas sim a um cocktail de poluentes, os quais por si
só podem até nem ser nocivos. Por exemplo, a coexistência de SO 2 e Partículas pode produzir efeitos nocivos
sobre a saúde muito superiores à simples adição dos efeitos quando separados (efeito sinergético).
Exemplo: o efeito sobre a saúde resultante da exposição ao Dióxido de Enxofre (SO 2) é x, o efeito sobre a saúde
resultante da exposição a Partículas de dimensão aerodinâmica inferior a 10 µm (PM10, de acordo com a
terminologia da US EPA – Agência de Protecção do Ambiente Norte-Americana) é y . No entanto, o efeito sobre
a saúde resultante da exposição à combinação de SO2 e PM10 (SO2+PM10) é superior a x+y.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
mesmo provocar diversas doenças crónicas tais como asma, bronquite crónica, infecções nos pulmões, enfizema
pulmonar, doenças do coração e cancro do pulmão.
Os poluentes atmosféricos podem afectar a vegetação por vias directa ou indirecta. Os efeitos directos resultam
da destruição de tecidos das folhas das plantas provocados pela deposição seca de SO 2, pelas chuvas ácidas ou
pelo ozono, reflectindo-se na redução da área fotossintética. Os efeitos indirectos são provocados pela
acidificação dos solos com a consequente redução de nutrientes e libertação de substâncias prejudiciais às
plantas, resultando numa menor produtividade e numa maior susceptibilidade a pragas e doenças.
Pode-se resumir os efeitos da poluição atmosférica sobre a vegetação nos seguintes pontos:
redução da penetração da luz por sedimentação de partículas nas folhas ou por interferência de
partículas em suspensão na atmosfera;
deposição de poluentes no solo, por sedimentação (partículas grosseiras) ou por clareamento provocado
pelas chuvas (gases dissolvidos e partículas finas), permitindo a penetração dos poluentes pelas
raízes e alterando as condições do solo.
penetração dos poluentes pelos estómatos das plantas.
Qualquer que seja a forma pela qual uma planta tenha sido afectada o efeito poderá ser visível ou não. Os efeitos
são o colapso do tecido foliar, alterações da cor normal e alterações do crescimento.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Ácido Clorídrico Necrose tipo ácida, queimadura de pontas em -5 -10 -11200 2 horas
algumas espécies, necrose da margem de folhas
de plantas tipo folhas largas
Gás Sulfídrico Chamuscamento dorsal e marginal 20 28000 5 horas
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
dissolvidos, e que estas substâncias favorecem a permanência das gotículas líquidas em condições de
sub-saturação.
Figura 1.7 – Formação de neblinas
Cientistas acreditam que a Terra está a receber uma quantidade cada vez menor de energia solar. Os
pesquisadores chegaram a esta conclusão após terem analisado medições da luz solar colhidas nos últimos 50
anos. Eles suspeitam que a redução do nível de luz solar se deve à poluição atmosférica. Partículas sólidas
lançadas ao ar por actividades poluentes - como cinzas e fuligem - reflectem a luz de volta param para o espaço,
impedindo com que ela chegue à terra. Além disso, a poluição também modifica as propriedades ópticas das
nuvens, aumentando a sua capacidade de reflectir os raios de sol de volta para o espaço.
A temperatura do ar também é modificada pela actividade humana, sendo possível detectar ilhas de calor sobre
as grandes cidades. O lançamento de certas substâncias na atmosfera, como o clorofluorcarbono dos aerossóis,
pode provocar alterações até a grandes altitudes, como a destruição, já verificada, da camada de ozono sobre
certos pontos da superfície do globo terrestre.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Tabela 1.8 - Resumo dos principais efeitos de alguns dos poluentes atmosféricos mais comuns.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Microgramos por metro cúbico relaciona a massa de contaminante com o volume de ar que o contém
(peso por unidade de volume). A unidade mais utilizada é μg/m3. Utilizada para névoas, neblinas e fumos.
Partes por milhão (ppm) está baseada em medidas de volume, representando o volume de
contaminante contido em 1 milhão de volumes de ar. Utilizada para gases e vapores
mmpc (milhões de partículas por pé cúbico de ar) : para poeiras – partículas por unidade de volume.
O número de moles por litro em 1 atmosfera de pressão e 25oC (298 K) é dado por:
Como 1 atmosfera a 25 oC possui 4,09 x 10-2 moles.l-1, 1 ppm terá (4,09 x 10-2) x 10–6 ou 4,09 x 10-8 moles.l-1 ou
4,09 x 10-5 moles. m3.
Se o peso molecular do poluente é MW (molecules weight) gramas por mol, portanto, 1 ppm em unidade de
massa será (4,09 x 10-5) x (MW) gm-3 ou (40,9) x (MW) μgm-3.
A conversão de unidades de ppm para μg/m3 (em 1 atmosfera de pressão e 25 oC) considerando uma
quantidade Z ppm de um determinado composto, pode ser estabelecida por:
C = 40,9 x Z x MW μgm−3
A conversão de unidades de μg/m3 para ppm (em 1 atmosfera de pressão e 25 oC) considerando uma
quantidade N μg/m3 de um determinado composto, pode ser estabelecida por :
Exemplo: Seja o benzeno (C6H6) MW = 78 g/mol transformar de 25 μg/m3 para ppb supondo 1 atmosfera de
pressão e 25 ºC.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
Generalizando para uma condição qualquer em que T = Y K (kelvin) e P = X atm. Seja transformar Z pmm em
μg/m3 tem-se:
Exemplo: Transforme 100 μg.m-3 benzeno (C6H6; MW = 78 g mol) para ppb supondo 1 atmosfera de pressão e
35 ºC.
1. Uma indústria emite 0,2% de SO2 por volume a uma temperatura de 260ºF (400 K). O volume de gases
emitido é 2,36 x 102 m3/seg. Considere a pressão atmosférica de 980 mb. Qual é a taxa de emissão em
unidades de massa/tempo?
2. Na amostragem de ar de SO2 numa chaminé os gases estão a uma temperatura de 25 ºC (Ts). Que correção
deve ser aplicada para se obter na saída da chaminé a concentração verdadeira se a temperatura ambiente é de
-12 ºC (TA) assumindo uma queda de pressão desprezível?
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Deverá ser aplicada uma correção de 11% deve ser adicionada à concentração amostrada para dar a
concentração verdadeira.
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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente
24. Descreva os possíveis acções preventivas para limitar a deterioração de livros e outros materiais impressos
em bibliotecas.
25. Explique o papel da humidade na corrosão dos materiais.
26. Descreva por que alguns tipos de borracha sintética são menos suscetíveis ao ataque de ozono do que a
borracha natural.
27. Muitas pessoas preferem o algodão no lugar de fibras sintéticas. Que processos estão disponíveis para
aumentar a resistência aos efeitos dos poluentes atmosféricos nos tecidos de algodão?
28. No seu bairro residencial, determine se o dióxido de enxofre, ozono ou partículas contribuem para a erosão
dos materiais ou problemas de corrosão.
29. Para a Região Metropolitana de Maputo (Cidades de Maputo, Matola e distritos de Boane e Marracuene),
faça uma tabela que identifique as fontes de poluição (1) específicas e (2) múltiplas. Justifique porquê listou
cada uma das fonte na coluna 1 e/ou 2.
30. Considere as seguintes fontes de poluição atmosférica: (1) Indústria de manufatura; (2) Campos de cultivo; (3)
Pecuária; (4) Navios; (5) Aviões; (6) Tráfego rodoviário; (7) Vulcões; (8) Florestas; (9) Mar; (10) Residenciais;
(11) Usinas eléctricas; (12) Estações de tratamento de águas residuais; (13) Desertos; (14) Obras de
construção civil e (15) Actividade agrícola. Indique:
a) As principais fontes de SO2.
b) Principais fontes naturais dos compostos orgânicos voláteis.
c) Principais fontes antropogénicas dos compostos orgânicos voláteis.
d) As principais fontes de NO2.
e) Principais fontes naturais de aerosois primários.
f) Principais fontes naturais de aerosois secundários.
g) As fontes de poluição atmosférica que não são precursores de aerosois secundários.
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1.8 BIBLIOGRAFIA
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