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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Ficha de Leitura Disciplina: Tratamento da Poluição Atmosférica e Sonora Compilado por: Bcambula 1
Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

INDICE
1 INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ..................................................................................................... 3
1.1 ATMOSFERA DA TERRA ...................................................................................................................................... 3
1.2 AR ATMOSFÉRICO .............................................................................................................................................. 6
1.2.1 Composição do Ar Atmosférico ........................................................................................................................ 6
1.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................................................................................. 7
1.3.1 Definição ....................................................................................................... Error! Bookmark not defined.
1.3.2 Poluentes Atmosféricos................................................................................................................................... 8
1.3.4 Ar atmosférico poluído e não poluido................................................................................................................ 9
1.4 FONTES OU ORIGEM DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA......................................................................................... 10
1.4.1 Fontes naturais de poluição atmosférica ......................................................................................................... 10
1.4.2 Fontes antrópicas de poluição atmosférica ..................................................................................................... 11
1.4.2.1 Partículas.............................................................................................................................................. 11
1.4.2.2 Compostos de Enxofre ........................................................................................................................... 13
1.4.2.3 Compostos de Azoto .............................................................................................................................. 14
1.4.2.3 Óxidos de Carbono ................................................................................................................................ 14
1.4.2.4 Compostos Orgânicos ............................................................................................................................ 14
1.4.2.5 Os Odores ....................................................................................................................................... 15
1.4.2.6 Compostos Halogenados ....................................................................................................................... 15
1.5 EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................................ 18
1.5.1 Efeitos sobre a saúde ................................................................................................................................... 18
1.5.2 Efeito sobre a vegetação ............................................................................................................................... 19
1.5.3 Efeitos sobre os materiais ............................................................................................................................. 20
1.5.4 Efeitos sobre as propriedades da atmosfera ................................................................................................... 20
1.5.4.1 Efeitos sobre a visibilidade ..................................................................................................................... 20
1.5.4.2 Efeito na formação de neblinas ............................................................................................................... 20
1.5.4.3 Efeito sobre as condições de radiação urbana.......................................................................................... 21
1.5.5 Efeito sobre os constituintes atmosféricos................................................................................................... 21
1.6 UNIDADES DE MEDIDA PARA OS POLUENTES ATMOSFERICOS ...................................................................... 22
1.6.1 Conversão para o cálculo das concentrações ................................................................................................. 23
1.7 AULA PRÁTICA NO 1 .......................................................................................................................................... 26
1.8 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 28

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

1 INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA


Os seres vivos sempre interagem com o ambiente em sua volta e o resultado dessa interacção são os resíduos.
Os resíduos podem interferir no ciclo vital chegando a ameaçar a sobrevivência de espécies como a humana. A
Poluição ambiental, definida como “o lançamento ou a presença nas águas, no ar e/ou no solo, de matéria ou
energia que pode danificar os usos, previamente definidos, dos recursos naturais” (Lisboa, 2007), é resultado
dessa interação.

1.1 ATMOSFERA DA TERRA


A atmosfera é uma pequena camada de ar que envolve a Terra. Entre as várias funções, a atmosfera regula a
temperatura, igualando aproximadamente a de dia com a de noite. A lua, que é carente de atmosfera, durante a
exposição ao sol a temperatura se aproxima aos 200oC, e ao chegar na noite lunar desce a quase 200 oC abaixo
de zero.

O peso da atmosfera representa um milionésimo do peso total da Terra, em conjunto.

Figura 1.1 – Atmosfera da Terra

1.1.1 Estrutura da atmosfera – propriedades físicas e químicas


A atmosfera pode ser dividida em regiões, segundo pelo menos dois critérios:
1. De acordo com a composição química as regiões são denominadas de homosfera e heterosfera:
a) a homosfera ou atmosfera inferior, vai do nível do mar até cerca de 80 - 100 km e a sua característica é o
facto da composição ser relativamente homogénea. Isto ocorre devido à movimentação intensa das
espécies que constituem esta região;

b) a heterosfera ou atmosfera superior, a variação na composição química ocorre devido à fotodissociação


das moléculas presentes no ar atmosférico, produzida pela radiação solar. Isto provoca uma diminuição
no peso molecular médio do ar e uma alta concentração de electrões e iões positivos, sendo que a
densidade electrónica máxima ocorre próximo de 300 km de altitude. Por esta razão é também chamada
ionosfera.
2. Com base na variação da temperatura ou critério térmico (ou fisico), a atmosfera pode ser dividida nas
seguintes regiões:

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Tabela 1.1 – Camadas atmosféricas, características e composição


Faixa de Espécies químicas mais
Região Altitude (km)
temperatura (oC) importantes
Troposfera 15 a -56 0 a 11 N2, O2, CO2, H2O
Estratosfera -56 a -2 12 a 50 O3

Mesosfera
-2 a -92 50 a 80 O2+, NO+
Termosfera -92 a 1200 85 a 500 O2+, O+, NO+

Figura 1.2 - Camadas da atmosfera.

A temperatura atmosférica da Terra varia com altitude (Figuras 1.2), assim como a densidade das substâncias
que compõe a atmosfera. A terra é aquecida quando a radiação solar recebida é absorvida na ou perto da
superfície da Terra e re-irradiada em ondas eletromagnéticas mais longas de comprimentos de onda (radiação
infravermelha).

Troposfera - Na ausência de poluição, sua composição é bastante homogénea. A temperatura diminui com a
altitude e o gradiente médio da temperatura é de 6,5 oC/km. A troposfera recebe a energia térmica da superfície
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terrestre, a qual absorve a radiação solar. O aquecimento do ar pela radiação infravermelha emitida pela
superfície causa movimentos verticais intensos (convecção). Estes transportam calor, vapor de água e outros
traços constituintes da superfície para níveis mais altos da troposfera. Nestas correntes ascendentes o ar se
resfria, provocando a condensação do vapor de água. Assim, o ciclo da água se dá, essencialmente, na
troposfera. Como neste processo os gases solúveis e os aerossóis são absorvidos pelas nuvens e pela
precipitação (remoção húmida), ele é o responsável pelas trajectórias de muitos outros constituintes traço.

Estratosfera - Caracteriza-se pelo aumento da temperatura com o aumento da altitude. Isto ocorre devido à
presença de O2 e O3. O ozono pode chegar a 10 ppm (partes por milhão) em volume na região mediana da
estratosfera e, juntamente com o O2, absorve energia sob a forma de radiação ultravioleta, causando um
aumento na temperatura.

Mesosfera - Na mesosfera a temperatura diminui à medida que aumenta a altitude, devido à diminuição dos
níveis das espécies que absorvem a radiação, principalmente o ozono. É a região que atinge menor temperatura
na atmosfera.

Termosfera - As espécies desta região absorvem radiação altamente energética, de comprimento de onda
menor que 200 ηm, responsáveis pela elevação da temperatura até 1200 oC. Devido ao delicado equilíbrio
existente na atmosfera, qualquer modificação mais profunda na sua composição pode provocar efeitos negativos,
como chuva ácida, efeito estufa, smog fotoquímico, etc., todos com efeitos danosos para os seres vivos.

Figura 1.3 - Camadas da atmosfera, características e aplicações.

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1.2 AR ATMOSFÉRICO
O ar atmosférico terrestre nada mais é do que uma mistura de gases, inodora e incolor que forma uma capa
delgada ao redor da Terra.

1.2.1 Composição do Ar Atmosférico


O ar atmosférico pode igualmente ser definido como uma mistura de gases, contendo pequena quantidade de
matérias sólidas em suspensão e cuja composição, quando seco e considerado puro, é indicada na Tabela 1.1.

Em volume seco, 99,997% da atmosfera consiste em quatro gases, nitrogénio molecular e oxigénio
(respectivamente), argon (Ar) e dióxido de carbono (CO2). Quimicamente, Ar é inerte (não reativo), pois é um
nobre gás. Os outros três compostos também são muito estáveis e não reativo na maioria das condições
atmosféricas de temperatura e pressão, assim, permanecem muito estáveis componentes da atmosfera.

Tabela 1.1 – Composição do ar

Ar externo seco
Substâncias
% em volume % em peso
Nitrogénio 78,09 78,80
Oxigénio 20,94 23,16
Argon 0,93 1,28
CO2 (dióxido de carbono) 0,03 0,04

Aproximadamente 99% dos a massa da atmosfera está entre primeiros 50 (km) quilómetros de altitude da
superfície terrestre, ou seja, na troposfera e estratosfera. É aqui que ocorre a poluição do ar.

Em ambientes internos, recintos onde existam pessoas, os teores acima se modificam. As percentagens em
volume, quando a humidade relativa do ar é de 50% e a temperatura de 21oC, podem passar a ser de (em
volume):
Nitrogénio ................................................................... 78,00%
Oxigénio ..................................................................... 20,69%
CO2 ............................................................................. 0,06%
Vapor de água ............................................................ 1,25%

O vapor de água resulta de um processo físico de evaporação, não sendo integrante da mistura de g ases,
utilizando a at mo sfe ra como meio de transporte. Sua composição varia de 0 % n a s z o n a s á r i d a s
a 4%, máximo nas regiões quentes e húmidas.
0 % → ar seco
0 - 4 % → ar húmido
4 % → ar saturado
Uma redução de oxigénio para 16 a 20% ocasiona dificuldade de respirar. Entre 11 e 16% produz dor de cabeça.
Entre 8 a 10%, ânsia de vómito e perda da consciência.

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Compreende-se que o estado higrométrico do ar e a existência de indústrias poluidoras e de grande número de


veículos trafegando em uma cidade alterem os valores acima indicados nas áreas industriais e centros urbanos
densamente povoados. A simples presença do homem em um ambiente altera as taxas dos componentes. De
facto, no ar expirado pelo homem, as taxas a 36oC e 100% de humidade relativa assumem os valores seguintes:

Nitrogénio, gases raros, hidrogénio ........................... 75 % (em volume)


Vapor de água ............................................................ 16 %
CO2 ............................................................................. 4 %
Vapor de água ............................................................ 5%

Uma pesquisa realizada pelo Prof. Ernesto Schneider revela que 42% das substâncias tóxicas espalhadas no ar
em um centro urbano de muito tráfego (monóxido de carbono, chumbo, benzopireno etc.) provêm dos gases de
escape dos veículos automóveis; 35% provêm das indústrias; e 23%, das emanações dos fogões domésticos.

Naturalmente, a presença de uma ou mais indústrias no local, a lançar, sem qualquer tratamento, poluentes na
atmosfera altera completamente esse quadro de proporções. As "queimadas" na lavoura e eventuais incêndios
em matas ocasionam também poluição, mas de caráter ocasional.

O consumo normal de ar por um homem com peso de 68,5 kg é o seguinte:

Litros/min Litros/dia Libras/dia Kgf/dia


Em repouso 7,4 10.600 26 12
Trabalho leve 28 40.400 98,5 45
Trabalho pesado 43 62.000 152 69

1.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA


Uma pessoa adulta inspira cerca de 10 mil litros de ar por dia. Este valor varia em função da actividade física de
cada um. Em geral, não é necessário, nem possível, corrigir a composição do ar que se respira, sendo esta a
principal diferença entre o consumo de ar e o consumo de água. A água passa por um tratamento prévio, o que a
torna um produto industrial para ser consumido. O ar, ao contrário, deve ser consumido exactamente como existe
na natureza, “in natura”. Por este motivo, é muito importante que a sociedade entenda e respeite as medidas de
preservação da qualidade do ar.

O ser humano, ao interagir com o meio ambiente, produz resíduos que podem poluir o ar. A poluição atmosférica
pode ser causada por fontes fixas ou móveis, dependendo dos processos que libertam os poluentes no ar.

1.3.1 Definição
As definições da poluição atmosférica diferem conforme as fontes, mas todas centram-se no facto de se
introduzir substâncias estranhas na atmosfera. Aqui são mostradas três:
Para Nefusi, 1976, citado por Lisboa, 2007 “é a presença ou lançamento no ambiente atmosférico de substâncias
em concentrações suficientes para interferir directa ou indirectamente com a saúde, segurança e bem-estar do
homem, ou com o pleno uso e gozo de sua propriedade”.

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Por outro lado, a OMS (Organização Mundial de Saúde) define poluição do ar como “a presença na atmosfera de
um ou mais contaminantes, tais como poeiras, fumos, gases, “nevoeiro”, odor ou vapor, em quantidades ou com
características, e de duração tal que possa ser prejudicial à vida humana, animal ou vegetal, a bens ou que
interfira desfavoravelmente no confortável desfrute da vida ou dos bens”.

A legislação ambiental moçambicana atraés do Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho “poluição atmosférica define-
se como “introdução pelo homem na atmosfera, directa ou indirectamente, de poluentes atmosféricos”.

1.3.2 Poluentes Atmosféricos


O ar, mesmo o considerado puro, contém normalmente, além do que foi mencionado na Tabela 1.1, quantidades
pequenas de poeira de origem mineral, vegetal ou animal, além de bactérias e os chamados odores, que são
gases de origem vegetal ou animal, desagradáveis ou não ao olfato. Acima de certa concentração, essas
substâncias passam a constituir poluentes ou contaminantes ocasionando prejuízos à saúde humana e danos
ecológicos.
Os Poluentes atmosféricos são quaisquer substâncias presentes no ar e que, pela sua concentração, possam
torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde.
De acordo com o Decreto 18/2004, de 2 de Junho, poluentes atmosféricos definem-se como “substâncias ou
energia que exerçam uma acção nociva susceptível de por em risco a saúde humana, de causar danos aos
recursos biológicos e aos ecossistemas, de deteriorar os bens materiais e de ameaçar ou prejudicar o valor
recreativo ou outras utilizações legítimas dos componentes ambientais”.

Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de acordo com a sua origem, composição química e estado
físico.

1. Quanto a origem, os poluentes atmosféricos são considerados:


 Primários – emitidos directamente pelas fontes identificáveis (fontes fixas, móveis e naturais) e são os
SOx, CO, NOx, Partículas, Hidrocarbonetos e metais;
 Secundários – produzidos na atmosfera pela reacção entre dois ou mais poluentes primários, ou pela
reacção dos constituintes normais do ar, por foto-activação, hidrólise ou oxidação, por exemplo, o ozono
(O3).

3. Quanto à composição química – os poluentes podem ser classificados como:


 Orgânicos – incluem os hidrocarbonetos, acetonas, álcoois, éteres, etc.
 Inorgânicos – incluem os monóxidos e dióxido de carbono, óxidos de azoto e de enxofre, metais, etc.

4. Quanto ao estado físico – os poluentes atmosféricos são considerados gases e /ou partículas (sólidas ou
líquidas).
Existem certos poluentes que existem normalmente em todos os ambientes atmosféricos das zonas urbanas que
são denominados poluentes de referência que são os seguintes: CO, NO2, O3, SO2, PM10, Pb, Partículas Totais
em Suspensão (PTS) e Hidrocarbonetos (HC). As suas concentrações variam de acordo com o nível de
actividade industrial, tráfego e do grau de sofisticação do seu controlo.

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Para além dos poluentes de referência, existem na atmosfera centenas de outros compostos, específicos para
cada tipo de indústria. Na Tabela 1.4 estão apresentadas as propriedades de alguns dos poluentes mais comuns,
as suas fontes, também, mais comuns e respectivos impactos.

Tabela 1.2 – Propriedades dos poluentes mais comuns


Substância Propriedades Observações
Forma-se na combustão incompleta de hidrocarbonetos.
Monóxido de Carbono Gás Incolor e Inodoro.
Contribui para o Efeito de Estufa e Alterações Climáticas.
Componente significativo do Smog Fotoquímico e da
Dióxido de Azoto Gás Laranja Acastanhado.
Chuva Ácida.
Contaminante Secundário, produzido durante a formação
Ozono Altamente Reactivo. do Smog Fotoquímico. Prejudicial aos humanos, fauna,
flora e materiais.
Gás Inodoro, Asfixiante, Componente principal da Chuva Ácida. Prejudicial aos
Dióxido de Enxofre Solúvel em água (formando- humanos, fauna, flora e materiais.
se Ácido Sulfuroso).
Provenientes da queima de carvão em centrais
Matéria particulada com
termoeléctricas, tráfico, chaminés domésticas,
Partículas (PM10) diâmetro inferior a 10μm –
incineradoras, extracção de minérios, Podem provocar
Fumo Negro.
problemas respiratórios.
A sua principal fonte foi/é a gasolina com chumbo.
Metal Pesado, Também é originado pelas tubagens de chumbo,
Chumbo
Bioacumulativo. extracção de minérios e incineração. Provoca danos aos
humanos, fauna e flora.

1.3.4 Ar atmosférico poluído e não poluido


Diz-se que a atmosfera está contaminada quando existem substâncias em concentrações mais elevadas do que
os níveis ambientais, (Tabela 1.3) que originam efeitos mensuráveis sobre os humanos, animais, flora ou
materiais.

O estudo de poluição do ar restringe-se à baixa atmosfera, que compreende a troposfera e a estratosfera. Nesta
região, o ar atmosférico é uma mistura composta essencialmente de nitrogénio, oxigénio, dióxido de carbono e
vapor de água, que constitui o ar que respiramos. Além desses gases, outros constituintes como árgon, hélio,
metano, amónio, ozono, emissões radioativas, poeiras, organismos vivos, etc, podem ser encontrados no ar, cuja
composição varia grandemente, não só em função das características físicas locais, como também pela presença
do homem.

Tabela 1.3 - Concentração de contaminantes em atmosfera limpa / poluída


Componente Ambiente normal Ambiente poluído
Nitrogénio 78,09% 78,09%
Oxigénio 20,94% 20,94%
Árgon 0,93% 0,93%

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Dióxido de carbono 305-370 ppm 330-550 ppm


Monóxido de carbono 0,12-0,90 ppm 10-360 ppm
Dióxido de enxofre 0,0002 ppm 0,01-0,06 ppm
Dióxido de nitrogênio 0,0005-0,02 ppm 0,12-0,25 ppm
Amónio 0,006-0,010 ppm 0,075-0,285 ppm

1.4 FONTES OU ORIGEM DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA


A Atmosfera absorve uma grande variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes, tanto naturais
como antrópicas, que se podem dispersar, reagir entre si, ou com outras substâncias já presentes na atmosfera.

As fontes de poluição podem ser classificadas como naturais (vulcões, emissão de aerossóis no rebentamento
das ondas do mar, etc.) e antrópicas (por exemplo as industriais, queima de combustíveis, queima de resíduos
sólidos, evaporação de produtos de petróleo, actividades produtoras de odores, fontes de radiações, outras
actividades).

Para fontes antrópicas pode-se considerar dois tipos básicos, as chamadas fontes específicas, que são fixas em
determinado território, ocupando na comunidade uma área relativamente limitada e permitem uma avaliação na
base de fonte por fonte (exemplo, as indústrias) e as chamadas fontes múltiplas que podem ser fixas ou móveis,
geralmente se dispersam pela comunidade, oferecendo grande dificuldade de serem avaliadas na base de fonte
por fonte. Por exemplo, as casas (fontes múltiplas fixas); os veículos automotores (fontes múltiplas móveis.

Os agentes antrópicos causadores da poluição do ar são diversificados, refinarias de petróleo, fábricas de papel
e de produtos químicos, fundições, veículos motorizados, actividades domésticas, queimadas de florestas e de
lixo, além de fontes naturais de monóxido de carbono, procedentes da oxidação atmosférica do metano, devido a
putrefacção da matéria orgânica.

As fontes naturais estão distribuídas por todo o mundo, enquanto as intervenções humanas concentram-se em
zonas muito menores.

1.4.1 Fontes naturais de poluição atmosférica


A poluição natural é originada por fenómenos biológicos e geoquímicas. Entre as fontes naturais podemos
apontar o solo, a vegetação (polinização), os oceanos, vulcões e fontes naturais de líquidos, gases e vapores,
descargas eléctricas atmosféricas, etc.

Os vulcões jogam poeira até 20-30 km de altura. Estas partículas demoram de 2 a 12 anos na estratosfera antes
de cair na troposfera, onde são rapidamente lavadas. Um vulcão emite óxidos de nitrogénio e de enxofre (H2S,
HCl, HF, SCO (sulfeto de carbono)), cinzas e partículas sólidas.

A vegetação emite muitos compostos orgânicos, entre eles o pólen, que pode causar alergias. Um estudo
realizado por cientistas do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e americanos do NOAA -
National Oceanic and Atmospheric Administration) mostrou que a floresta Amazónica é uma grande emissora de
metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa.
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O solo emite N2O (desnitrificação), NH3 (processos aeróbicos) e gases redutores, como CH4, NO, H2S
(fermentação anaeróbica em zonas húmidas, como pântanos, arrozais, bosques húmidos, etc)

Os oceanos são armazéns químicos, importantes fontes de emissão de componentes atmosféricos. Variações de
temperatura na superfície do mar modificam as concentrações de uma grande diversidade de gases dissolvidos:
CO, CO2, CH4, N2O, CS2 (dissulfeto de carbono) SCO, ClCH3 (cloreto de metil), etc.

A eructação, arrotos dos bois, é responsável pela liberação de gás metano. Quando o animal respira, o gás é
liberado juntamente com o gás carbónico. O metano possui um poder de aquecimento global vinte e uma vezes
maior que o gás carbónico (CO2).

As tempestades de areia, levantando imensas quantidades de poeira na atmosfera são importantes fontes de
poluição, sobretudo no norte da China

Em geral, a contaminação proveniente de fenómenos naturais é assimilada pela natureza, a qual possui
mecanismos físicos e químicos suficientes para degradar os contaminantes emitidos.

1.4.2 Fontes antrópicas de poluição atmosférica


O ser humano através da actividade industrial e urbana, joga resíduos para a atmosfera, de forma incontrolada e
constante, em amplas zonas do planeta. Aproximadamente 65 mil produtos químicos, provenientes de uma
variedade de actividades industriais, encontram-se na atmosfera (Lisboa, 2007).

Nas cidades, os automóveis são responsáveis por uma parcela considerável da poluição do ar. As indústrias
químicas, siderúrgicas, de electrólise do alumínio, as fábricas de cimento, de papel, as refinarias de petróleo, os
incineradores de lixo doméstico e industrial estão entre as principais fontes de emissão de poluentes, como
ilustrado na Figura 1.4.

Figura 1.4 – Exemplo de fontes antrópicas de poluição atmosférica

1.4.2.1 Partículas
São normalmente identificadas como material disperso, sólido ou líquido, incluindo partículas de metal, amianto,
carbono, resina, nitratos, sulfatos, bactérias, dioxinas, furanos, etc.
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Conforme o método de formação, as partículas podem ser classificadas como poeiras, fumos, vapores, cinzas,
névoas e sprays (Tabela 1.4).

Elementos como o chumbo (Pb), ferro (Fe), cádmio (Cd), crómio (Cr), mercúrio (Hg), entre outros, provenientes
dos combustíveis e seus aditivos, aparecem na atmosfera como partículas, possuindo características tóxicas.

Tabela 1.4 – Classificação das partículas de acordo com o seu modo de formação
Tipo de Partícula Modo de Formação Dimensão [μm]
Partículas sólidas que resultam da quebra de massas maiores por
moagem, esmagamento ou explosão. Podem ser directamente
Poeiras 1 – 10 000
provenientes do processo ou do manuseamento de materiais
(cimento, carvão, cereais).
Partículas sólidas que resultam da combustão incompleta de
Fumos 0.5 – 1
partículas orgânicas (carvão, madeira).
Partículas sólidas (óxidos metálicos de zinco e chumbo) formadas
Vapores por condensação de vapores de materiais sólidos. Podem resultar da 0.03 – 0.3
sublimação, destilação ou processos envolvendo metais fundidos.
Partículas não combustíveis, contidas nos gases que se libertam na
combustão (carvão) e óleo combustível e que são carregadas nos
Cinzas (fuligem) 1 – 1 000
gases de combustão em geral de fornalhas e queimadores de
caldeiras.
Partículas líquidas formadas na condensação de um vapor ou
Névoas <10
durante certas reacções químicas
Sprays Partículas líquidas formadas pela atomização de líquidos (pesticidas) 10 – 1 000

As partículas podem ainda ser classificadas em Finas e Grossas (Tabela 1.5). As partículas de menores
dimensões são facilmente inaláveis, depositando-se nas vias respiratórias inferiores e provocando inúmeros
problemas de saúde, essencialmente problemas respiratórios.

Tabela 1.5 – Classificação das partículas de acordo com o seu tamanho


Tamanho da Partícula
Grupo Composição
OMS US-EPA
Grossas Pó, terra, depósitos > 2.5 μm ≥ 10 μm
Aerossóis, partículas de combustão, vapores de compostos
Finas orgânicos condensados e metais (contaminantes primários e < 2.5 μm ≤ 10 μm
secundários)

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A origem das partículas sólidas em suspensão pode ser tanto industrial quanto doméstica. Geralmente, qualquer
tipo de combustão produz poeira. A composição da poeira é muito variável, sendo determinada pela fonte que o
gera. Contém maioritariamente substâncias inorgânicas se a combustão for completa. Todavia, também pode ser
formada por componentes orgânicos ou por cristais de sulfato de amônico, por reação de ácido sulfúrico e
amoníaco, poluentes presentes na atmosfera.

Suas características físicas também variam muito. Existem poeiras microscópicas, que permanecem em
suspensão indefinidamente, constituindo aerossóis de partículas sólidas e poeiras que podem chegar a alcançar
um milímetro de diâmetro de partícula. Quanto menor for o diâmetro, mais prejudicial será a poeira para a saúde,
pois seu poder de retenção no aparelho respiratório humano é maior.

As partículas sólidas geralmente vêm acompanhadas de microgotas de água que tenham se aderido a elas.
Estes pequenos corpos sólidos actuam como núcleos de condensação que captam o vapor de água atmosférica
formando aerossóis líquidos e sólidos. Cada microgota dá suporte aquoso a todo tipo de reação entre os outros
elementos constituintes de uma atmosfera poluída, como a formação do smog ácido.

1.4.2.2 Compostos de Enxofre


Incluem os Óxidos de Enxofre (SOx = SO2 + SO3), Ácido Sulfúrico (H2SO4), Sais Sulfatados e compostos
reduzidos como o Sulfito de Sódio (NaSO3). Estimativas sugerem que mais de metade do enxofre atmosférico é
SO2 resultante da actividade humana, originando grandes concentrações locais. O restante é produzido como
enxofre reduzido, sendo originado por processos naturais.

O interesse pelos compostos de enxofre tem sido intensificado devido, sobretudo, à elevada toxicidade do
Sulfureto de Hidrogénio (H2S) e à sua contribuição na formação de chuvas ácidas, com efeitos nocivos sobre a
saúde humana, flora e materiais.

A utilização de combustíveis contendo enxofre é a principal fonte de SOx. Outras fontes possíveis são a
produção de H2SO4 e fertilizantes. Muitos processos industriais e o tratamento de resíduos sólidos geram H 2S.
Os odores característicos de compostos orgânicos de enxofre estão associados à produção de pasta de papel e
processos petroquímicos.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

1.4.2.3 Compostos de Azoto


O grande interesse nos Óxidos de Azoto (NOx) está relacionado com a sua participação, na atmosfera, em
reacções fotoquímicas que originam a produção de poluentes secundários.

Estes óxidos estão intimamente associados com os problemas de poluição de ar conhecidos como Smog
Fotoquímico, Buraco do Ozono e Chuva Ácida. O Óxido Nítrico (NO), segundo composto azotado mais
abundante, tem a sua principal contribuição ao nível da formação do buraco do ozono.

São conhecidos sete compostos de oxigénio e azoto, globalmente designados por NOx: N2O, NO, NO2, NO3,
N2O3, N2O4 e N2O5. Outros compostos de azoto são os Ácido Nitroso (HNO2) e o Ácido Nítrico (HNO3).

Do ponto de vista de poluição atmosférica, são particularmente importantes os Monóxido e Dióxido de Azoto (NO
e NO2, respectivamente). Estes dois compostos provêm da combustão de combustíveis fósseis, como resultado
da combinação rápida do azoto, existente no ar ou no combustível, com o oxigénio atmosférico, a altas
temperaturas.

Outro composto de azoto, o Amoníaco (NH3), é igualmente importante como poluente atmosférico. É um gás
incolor e tem um odor caracteristicamente forte e cáustico. Na presença de água, o amoníaco (alcalino) pode
reagir com ácidos, produzindo compostos de amónia, tais como Sulfato e Nitrato de Amónia, os quais dão origem
a muitas partículas de formação atmosférica.

1.4.2.3 Óxidos de Carbono


O Monóxido de Carbono (CO) e o Dióxido de Carbono (CO2) resultam, respectivamente, da combustão
incompleta e completa dos combustíveis fósseis. São considerados como os principais compostos de carbono
derivados de processos de combustão. Os vulcões, fogos florestais e a acção de bactérias nos oceanos são
outras fontes menos importantes de CO. Cerca de 70% deste poluente é proveniente de fontes móveis e a sua
maior fonte natural é a oxidação do CH4 na troposfera.

O CO é um gás incolor, inodoro e insípido e é o mais abundante dos contaminantes de referência. A sua
capacidade para se combinar com a hemoglobina (formando-se a carboxihemoglobina, COHb) e afectar o
transporte de O2 no sangue, faz com que seja considerado um dos principais poluentes atmosféricos.
Concentrações de CO superiores a 30 ppm originam uma percentagem de COHb superior a 2%, no caso de ser
desenvolvida uma actividade que requeira algum esforço físico, o que acarreta problemas temporários de saúde.

O CO2 é cada vez mais considerado um poluente atmosférico, uma vez que é o principal contribuinte para o
efeito de estufa, tornando-se necessário o seu controlo.

1.4.2.4 Compostos Orgânicos


Incluem um grande número de hidrocarbonetos (50%) aromáticos e alifáticos, em conjunto com os seus
derivados oxigenados e halogenados (Tabela 1.6). À excepção do metano, o mais abundante com concentrações
ambientais entre 1 e 6 ppm, são bastante reactivos na atmosfera. São emitidos, principalmente como vapores,
mas os menos voláteis podem ocorrer como gotículas ou partículas sólidas.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

A maior parte dos Hidrocarbonetos (HC) têm, por si só, uma toxicidade relativamente baixa; são no entanto
motivo de preocupação devido à sua actividade fotoquímica, na presença de luz solar e NOx, formando oxidantes
fotoquímicos, dos quais o predominante é o O3.

Tabela 1.6 – Classificação dos Hidrocarbonetos


Grupo Subgrupo Reactividade Exemplo
Alcanos Inerte Metano
Alifáticos Alquenos (Olefinas) Altamente reactivo Etileno + NO2 → PAN, O3
Alquinos Reactivo Raro
PAH
Benzopireno
Aromáticos Benzeno Não muito reactivo Benzoacefenantrileno Cancerígenos
Benzofluoranteno
Benzoantraceno
PAN – Nitrito de Peroxiacetilo PAH – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

Aqueles que são emitidos na fase gasosa, nos processos industriais, têm a designação de Compostos Orgânicos
Voláteis (COV’s). São pouco abundantes mas são os mais reactivos e incluem Formaldeído, Fenol, Óxido de
Etileno, Benzeno, Benzopireno, Dibenzoantraceno, Diclorobenzidina, Isopropanol, CFC’s e PCB’s, entre muitos
outros. São praticamente todos cancerígenos conhecidos ou suspeitos de o serem. Muitos são precursores dos
oxidantes fotoquímicos que reagem com os NOx e o O2 para produzir Smog e contaminação por aerossóis na
presença de radiação solar.

1.4.2.5 Os Odores

As indústrias responsáveis pelo aparecimento de poluentes fétidos no ar são geralmente aquelas que realizam
reações de fermentação em seus processos de produção. Típicas geradoras de maus odores são as que utilizam
dejetos animais e os vertedouros públicos. Esta poluição, ainda que menos perigosa, é muito desagradável para
a população.

A detecção do odor pelo olfato humano é regulada pelas características da substância que o desprenda. Assim,
existem compostos que para serem detectados devem encontrar-se em altas concentrações, sendo que alguns,
apesar de serem extremamente tóxicos, são inodoros.

1.4.2.6 Compostos Halogenados


Certos compostos inorgânicos halogenados como o HF e o HCl são produzidos na indústria metalúrgica e outros
processos industriais. Ambos são corrosivos e os fluoretos metálicos têm propriedades tóxicas.

Quando os minerais de flúor, como a fluorite e a criolite, estão presentes nas matérias primas de um processo de
fabrico que utiliza temperaturas elevadas, um ou mais compostos de flúor voláteis são emitidos para a atmosfera.

As actividades produtoras de odores causam poluição desagradável. Exemplo, fábricas que libertam gás
sulfídrico e outros gases mal cheirosos, oficinas de pintura, odores de esgotos e da decomposição de resíduos;
matadouros; etc.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Existem também as fontes de radiações, sendo que o sol é a maior fonte produtora de radiações e tem pouca
influência no cômputo geral da poluição ao ar livre. Os tipos de radiações emitidas pelas indústrias ficam restritos
aos locais de produção, geralmente em ambientes fechados (raios infravermelhos, ultravioletas, etc.). São
utilizados radiações ionizantes em vários sectores industriais e na medicina.

Muitas outras são as actividades humanas que podem provocar poluição atmosférica, entre elas a aplicação de
insecticidas na lavoura (por via aérea); as fontes de poeira fugitiva originada por ruas sujas ou não pavimentadas,
demolições, etc. A construção civil constitui uma das grandes fontes de material particulado.

Tabela 1.7 – Principais poluentes por tipo de indústria

Indústria Principais Poluentes

Produção de Ácido Sulfúrico SO2, SO3, H2SO4


SO2, SO3, HCl, Cl2
Produção de Ácido Clorídrico
SO2, H2S e Partículas
Produção de Pasta de Papel
SO2, NOx Partículas CO, CO2
Produção de Cimento

Fusão de Vidro NOx, Partículas

Grandes Instalações de Combustão SOx Nox CO, CO2 e Partículas


SO2 HCl HF CO COV’s
Incineração de RSU’s
Metais Pesados e Partículas
Incineração de Resíduos Perigosos SO2, Compostos de F e Cl
COV’s, Metais Pesados, Partículas,
Dioxinas e Furanos
Refinarias de Petróleo Sox, NOx, CO, CO2 e HC

Tabela 1.8 – Fontes e efeitos dos principais poluentes atmosféricos.

Poluente Fontes Processos Efeito

Combustão (refinarias,
centrais térmicas, veí- culos
Antropogénicas a diesel) Afecta o sistema respiratório
Óxidos de Enxofre
Processos industriais Chuvas ácida
(SOx)
Danos em materiais
Vulcanismo
Naturais
Processos biológicos

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Combustão (veículos e
Óxidos de Azoto Antropogénicas Afecta o sistema respiratório
indústria)
(NOx) Chuvas ácidas
Naturais Emissões da vegetação

Refinarias Petroquímica
Veículos Poluição fotoquímica
Compostos Orgânicos
Antropogénicas Evaporação de combus- Incluem compostos tóxicos e
Voláteis (COV’s)
tíveis e solventes carcinogénicos

Monóxido de Antropogénicas Combustão (veículos)


Carbono Reduz a capacidade de trans-
Naturais Emissões da vegetação porte de oxigénio no sangue
(CO)

Antropogénicas Combustão
Dióxido de Carbono
Emissões da vegetação Efeito de estufa
(CO2) Naturais
Fogos florestais

Tóxico acumulativo
Gasolina com chumbo
Chumbo (Pb) Antropogénicas Anemia e destruição do tecido
Incineração de resíduos
cerebral

Combustão Processos
industriais Condensação de
Antropogénicas outros Alergias respiratórias
poluentes Vector de outros poluentes (me- tais
Partículas
Extracção de minerais pesados, compostos orgânicos
carcinogénicos)
Erosão eólica
Naturais
Vulcanismo

Aerossóis
Destruição da camada de ozono
Sistemas de refrigera-ção
CFC’s e Halons Antropogénicas Contribuição para o efeito de
Espumas, sistemas de
estufa
combate a incêndios

Os efeitos dos poluentes estão associados a dois factores igualmente importantes:


 Concentração e tempo de exposição
Os efeitos de elevadas concentrações de vários poluentes estão muito claramente estabelecidos. Apresentam-
se os seguintes exemplos:
 Fluoretos libertados por processos associados à produção de cerâmica e fusão de alumínio, têm efeitos
adversos sobre os ossos e dentes, assim como ao nível de cálcio no sangue;

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

 O Sulfureto de Hidrogénio, conhecido por ter cheiro a ovos podres, é muito tóxico podendo causar a
morte;
 O Monóxido de Carbono possui uma perigosidade acrescida já que, além de ser muito tóxico, é inodoro;
 Os Hidrocarbonetos incluem muitos compostos, mas substâncias como os aldeídos e cetonas são
particularmente importantes pois produzem efeitos sobre os olhos, nariz e ainda sobre o sistema
nervoso central;
 Os Óxidos de Azoto, em particular o NO2, tem um efeito ao retardador sobre o sistema
respiratório, que pode sensibilizar para outros poluentes.
É de notar que não se está exposto apenas a um poluente, mas sim a um cocktail de poluentes, os quais por si
só podem até nem ser nocivos. Por exemplo, a coexistência de SO 2 e Partículas pode produzir efeitos nocivos
sobre a saúde muito superiores à simples adição dos efeitos quando separados (efeito sinergético).

1.5 EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA


Genericamente define-se como o efeito a resultante da acção de vários agentes que actuam da mesma forma
(efeito sinergético), cujo valor é superior ao valor do conjunto desses agentes, se actuassem individualmente.

Exemplo: o efeito sobre a saúde resultante da exposição ao Dióxido de Enxofre (SO 2) é x, o efeito sobre a saúde
resultante da exposição a Partículas de dimensão aerodinâmica inferior a 10 µm (PM10, de acordo com a
terminologia da US EPA – Agência de Protecção do Ambiente Norte-Americana) é y . No entanto, o efeito sobre
a saúde resultante da exposição à combinação de SO2 e PM10 (SO2+PM10) é superior a x+y.

Efeitos da poluição do ar:


 Efeitos tóxicos sobre o ser vivo e os animais;
 Efeitos desagradáveis dos maus odores;
 Efeitos sobre os materiais;
 Efeitos sobre as propriedades da atmosfera;
 Efeitos sobre a vegetação;
 Efeitos económicos.

O efeito causado pelo poluente depende:


 Da concentração presente na atmosfera;
 Do tempo de exposição do indivíduo;
 Da sensibilidade da pessoa.

1.5.1 Efeitos sobre a saúde


As três possíveis vias de penetração dos agentes poluentes no organismo são as vias respiratórias, cutâneas e
digestivas. Ao nível da saúde humana a poluição atmosférica afecta o sistema respiratório podendo agravar ou

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

mesmo provocar diversas doenças crónicas tais como asma, bronquite crónica, infecções nos pulmões, enfizema
pulmonar, doenças do coração e cancro do pulmão.

1.5.2 Efeito sobre a vegetação


Várias plantas são sensíveis aos poluentes do ar. Algumas são usadas como indicadores de poluição do ar
porque elas demonstram um tipo característico de dano para cada poluente específico, veja a Tabela 1.8.

Os poluentes atmosféricos podem afectar a vegetação por vias directa ou indirecta. Os efeitos directos resultam
da destruição de tecidos das folhas das plantas provocados pela deposição seca de SO 2, pelas chuvas ácidas ou
pelo ozono, reflectindo-se na redução da área fotossintética. Os efeitos indirectos são provocados pela
acidificação dos solos com a consequente redução de nutrientes e libertação de substâncias prejudiciais às
plantas, resultando numa menor produtividade e numa maior susceptibilidade a pragas e doenças.

Pode-se resumir os efeitos da poluição atmosférica sobre a vegetação nos seguintes pontos:
 redução da penetração da luz por sedimentação de partículas nas folhas ou por interferência de
partículas em suspensão na atmosfera;
 deposição de poluentes no solo, por sedimentação (partículas grosseiras) ou por clareamento provocado
pelas chuvas (gases dissolvidos e partículas finas), permitindo a penetração dos poluentes pelas
raízes e alterando as condições do solo.
 penetração dos poluentes pelos estómatos das plantas.

Qualquer que seja a forma pela qual uma planta tenha sido afectada o efeito poderá ser visível ou não. Os efeitos
são o colapso do tecido foliar, alterações da cor normal e alterações do crescimento.

Tabela 1.8 - Efeitos da poluição do ar sobre a vegetação


MÍNIMA CONCENTRAÇÃO PARA DANO
POLUENTES SINTOMAS CARACTERÍSTICOS Tempo de
ppm (vol) g/m3
Exposição
Dióxido de Enxofre Manchas esbranquiçadas, áreas descoloridas entre 0,3 785 8 horas
veias, clorose (amarelamento)
Ozona Marcas esbranquiçadas, pigmentação. As 0,03 59 4 horas
pontas das coníferas tornam-se amarronzadas e
Nitrato de Peroxiacetila Espelhamento,
necróticas prateamento ou bronzeamento na 0,01 56 6 horas
parte inferior das folhas
Dióxido de Nitrogênio Lesões irregulares, brancas ou marrons, no tecido
intercostal e próximas à margem das folhas 2,5 4.700 4 horas
Fluoreto de Hidrogênio Queimaduras nas pontas e nas margens,
diminuição do crescimento, abcesso na folha, faixa 0,1 ppb 0.08 5 semanas
estreita vermelha amarronzada separa áreas
Etileno Necrose
necrozadasde parte do cálice
do tecido verde.em orquídeas,
anormalidades nas folhas, queda de flores e falta 0,05 58 6 horas
de abertura das folhas: abcesso
Cloro Branqueamento entre veias das folhas, queimadura
nas pontas e margens, abcesso nas folhas, danos 0,10 296 2 horas
similares ao da ozona
Amônia Aparência verde forte, tornando-se marron ou -20 -14000 4 horas
verde comum ao secar. Pode ocorrer
escurecimento geral em algumas espécies

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Ácido Clorídrico Necrose tipo ácida, queimadura de pontas em -5 -10 -11200 2 horas
algumas espécies, necrose da margem de folhas
de plantas tipo folhas largas
Gás Sulfídrico Chamuscamento dorsal e marginal 20 28000 5 horas

Ácido Sulfúrico Pontos necróticos na superfície superior da folha, - - -


similar as lesões de compostos ácidos ou básicos

1.5.3 Efeitos sobre os materiais


Os efeitos negativos dos poluentes nos materiais resultam da abrasão, reacções
químicas directas ou indirectas, corrosão electroquímica ou devido à necessidade
de aumentar a frequência das acções de limpeza. As rochas calcárias são as mais
afectadas, nomeadamente pela acidificação das águas da chuva.

Figura 1.5 - Degradação de monumentos pela


poluição atmosférica

1.5.4 Efeitos sobre as propriedades da atmosfera

A poluição atmosférica afecta as propriedades da atmosfera e influenciam negativamente na visibilidade,


na formação de neblinas, nas condições de radiação urbana e sobre os constituintes atmosféricos.

1.5.4.1 Efeitos sobre a visibilidade


A visibilidade é afectada pela presença de poluentes na atmosfera associados a alguns factores meteorológicos
a saber:
 altura de inversão e velocidade dos ventos: quanto maior a altura de inversão e quanto maior a
velocidade dos ventos, melhor a visibilidade, entretanto
em determinadas áreas, velocidades de vento
excessivamente altas diminuem a visibilidade pelo
levantamento de pó.
 partículas higroscópicas e humidade relativa: sob alta
condição de humidade as partículas higroscópicas
aumentam de tamanho e reduzem a visibilidade.

Figura 1.6 - Efeitos da poluição atmosférica sobre a


visibilidade.

1.5.4.2 Efeito na formação de neblinas


As neblinas nas cidades são mais frequentes e mais
persistentes que nas áreas circunvizinhas devido á poluição do
ar. Estas neblinas em massas de ar poluídas estão compostas
por gotículas de água contendo vários produtos químicos

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

dissolvidos, e que estas substâncias favorecem a permanência das gotículas líquidas em condições de
sub-saturação.
Figura 1.7 – Formação de neblinas

1.5.4.3 Efeito sobre as condições de radiação urbana


A quantidade de radiação recebida por uma cidade com poluição é menor do
que para uma área sem poluição, sendo que os comprimentos de onda mais
curtos são mais seriamente afectados que os mais longos. Há uma excessiva
perda de radiação ultravioleta de luz solar, que é o principal factor para a
geração de vitamina D, natural no corpo humano.

Figura 1.8 - Efeitos da poluição atmosférica sobre as condições de radiação


urbana

Cientistas acreditam que a Terra está a receber uma quantidade cada vez menor de energia solar. Os
pesquisadores chegaram a esta conclusão após terem analisado medições da luz solar colhidas nos últimos 50
anos. Eles suspeitam que a redução do nível de luz solar se deve à poluição atmosférica. Partículas sólidas
lançadas ao ar por actividades poluentes - como cinzas e fuligem - reflectem a luz de volta param para o espaço,
impedindo com que ela chegue à terra. Além disso, a poluição também modifica as propriedades ópticas das
nuvens, aumentando a sua capacidade de reflectir os raios de sol de volta para o espaço.

1.5.5 Efeito sobre os constituintes atmosféricos


A nível global, os efeitos da poluição atmosférica podem ser detectados na modificação do teor gasoso do ar
(proporções de vapor de água, de CO2), na quantidade crescente de material particulado em suspensão na
atmosfera, que a torna mais opaca e altera, em consequência, o balanço energético do planeta, podendo influir
na evolução dos climas.

A temperatura do ar também é modificada pela actividade humana, sendo possível detectar ilhas de calor sobre
as grandes cidades. O lançamento de certas substâncias na atmosfera, como o clorofluorcarbono dos aerossóis,
pode provocar alterações até a grandes altitudes, como a destruição, já verificada, da camada de ozono sobre
certos pontos da superfície do globo terrestre.

Os efeitos sobre os constituintes atmosféricos resumem-se no:


 o aumento da concentração de metano, dióxido de carbono e outros gases resulta em provável
aumento da temperatura média da Terra, provocando alterações climáticas – Efeito Estufa (neste
sentindo existem actualmente diversas hipóteses contraditórias).
 aumento da concentração de aerossóis de chumbo.
 aumento da concentração de dióxido de enxofre (30% nos últimos 50 anos) e de monóxido de carbono –
chuvas e névoas ácidas.
 destruição da camada de ozono protectora dos raios ultravioleta provenientes do sol.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Tabela 1.8 - Resumo dos principais efeitos de alguns dos poluentes atmosféricos mais comuns.

Poluente Fontes Processos Efeito

 Combustão (refinarias, centrais  Afecta o sistema


Óxidos de Antropogénicas térmicas, veí-culos a diesel) respiratório
Enxofre  Processos industriais  Chuvas ácida
(SOx)  Vulcanismo
Naturais  Danos em materiais
 Processos biológicos
Antropogénicas  Combustão (veículos e indústria)  Afecta o sistema
Óxidos de respiratório
Azoto (NOx)  Chuvas ácidas
Naturais  Emissões da vegetação
 Refinarias  Poluição fotoquímica
Compostos  Incluem compostos
 Petroquímicas
Orgânicos tóxicos e
Antropogénicas  Veículos
Voláteis carcinogénicos
 Evaporação de combustíveis e
(COV’s)
solventes
Monóxido de Antropogénicas  Combustão (veículos)  Reduz a capacidade de
Carbono Naturais  Emissões da vegetação transporte de oxigénio
(CO) no sangue
Dióxido de Antropogénicas Combustão
Carbono  Emissões da vegetação  Efeito de estufa
Naturais
(CO2)  Fogos florestais
 Gasolina com chumbo  Tóxico acumulativo
Chumbo (Pb) Antropogénicas  Anemia e destruição do
 Incineração de resíduos
tecido cerebral
 Combustão  Alergias respiratórias
 Processos industriais  Vector de outros
Antropogénicas poluentes (me-tais
 Condensação de outros poluentes
Partículas pesados, compostos
 Extracção de minerais orgânicos
 Erosão eólica carcinogénicos)
Naturais
 Vulcanismo
 Aerossóis  Destruição da camada
CFC’s e  Sistemas de refrigeração de ozono
Antropogénicas  Contribuição para o
Halons  Espumas, sistemas de combate a
efeito de estufa
incêndios

1.6 UNIDADES DE MEDIDA PARA OS POLUENTES ATMOSFERICOS


As unidades de medida mais utilizadas para apresentar as concentrações dos contaminantes atmosféricos são:

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

 Microgramos por metro cúbico relaciona a massa de contaminante com o volume de ar que o contém
(peso por unidade de volume). A unidade mais utilizada é μg/m3. Utilizada para névoas, neblinas e fumos.

 Partes por milhão (ppm) está baseada em medidas de volume, representando o volume de
contaminante contido em 1 milhão de volumes de ar. Utilizada para gases e vapores

 mmpc (milhões de partículas por pé cúbico de ar) : para poeiras – partículas por unidade de volume.

1.6.1 Conversão para o cálculo das concentrações


A atmosfera pode ser entendida como uma imensa máquina termodinâmica e as variações meteorológicas
ocorrem através das interações entre a pressão, temperatura e a densidade, conforme a equação de estado.

Conversão de unidades : μg/m3 em ppm ou ppb

O número de moles por litro em 1 atmosfera de pressão e 25oC (298 K) é dado por:

Como 1 atmosfera a 25 oC possui 4,09 x 10-2 moles.l-1, 1 ppm terá (4,09 x 10-2) x 10–6 ou 4,09 x 10-8 moles.l-1 ou
4,09 x 10-5 moles. m3.

Se o peso molecular do poluente é MW (molecules weight) gramas por mol, portanto, 1 ppm em unidade de
massa será (4,09 x 10-5) x (MW) gm-3 ou (40,9) x (MW) μgm-3.

Portanto: 1ppm = 40,9 x MW μgm−3

A conversão de unidades de ppm para μg/m3 (em 1 atmosfera de pressão e 25 oC) considerando uma
quantidade Z ppm de um determinado composto, pode ser estabelecida por:

C = 40,9 x Z x MW μgm−3

A conversão de unidades de μg/m3 para ppm (em 1 atmosfera de pressão e 25 oC) considerando uma
quantidade N μg/m3 de um determinado composto, pode ser estabelecida por :

Exemplo: Seja o benzeno (C6H6) MW = 78 g/mol transformar de 25 μg/m3 para ppb supondo 1 atmosfera de
pressão e 25 ºC.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Generalizando para uma condição qualquer em que T = Y K (kelvin) e P = X atm. Seja transformar Z pmm em
μg/m3 tem-se:

Seja transformar Z μg/m3 em pmm tem-se :

Exemplo: Transforme 100 μg.m-3 benzeno (C6H6; MW = 78 g mol) para ppb supondo 1 atmosfera de pressão e
35 ºC.

OUTROS EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

1. Uma indústria emite 0,2% de SO2 por volume a uma temperatura de 260ºF (400 K). O volume de gases
emitido é 2,36 x 102 m3/seg. Considere a pressão atmosférica de 980 mb. Qual é a taxa de emissão em
unidades de massa/tempo?

2. Na amostragem de ar de SO2 numa chaminé os gases estão a uma temperatura de 25 ºC (Ts). Que correção
deve ser aplicada para se obter na saída da chaminé a concentração verdadeira se a temperatura ambiente é de
-12 ºC (TA) assumindo uma queda de pressão desprezível?

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

Deverá ser aplicada uma correção de 11% deve ser adicionada à concentração amostrada para dar a
concentração verdadeira.

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

1.7 AULA PRÁTICA NO 1


1. O que é uma atmosfera padrão?
2. Qual é a densidade do ar a 1 atm e 20 oC?
3. Faça uma tabela comparativa dos três principais gases atmosféricos numa atmosfera não poluída e
atmosfera poluida. Justifique a razão da diferença entre as duas atmosferas.
4. Explique as razões do decrescimento da temperatura com o aumento da altitude na troposfera e o seu
aumento na estratosfera.
5. Por que esta quantidade tão pequena de gases que compõe a atmosfera não escapa para o espaço?
6. Explique o facto de o vapor de água não ser considerado um poluente atmosférico apesar de estar presente
em boa percentagem no ar atmosférico.
7. Por que razão o CO é considerado um dos principais poluentes atmosféricos.
8. Observado o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, pode-se considerar que
estamos perante uma contaminação ou poluição por CO2? Justifique a sua resposta.
9. Qual é o principal gás atmosférico que mais muda sua concentração com altitude?
10. Quais são as principais fontes de CH4 e CO2 no ambiente? Como esses dois compostos se relacionam um
para com o outro?
11. Comente sobre a interligação entre a poluição do ar e poluição de água; poluição do ar e poluição do solo.
12. Porquê a biosfera é um dos elementos a considerar no estudo da poluição atmosférica?
13. Por que razão certos componentes do ar atmosférico são considerados poluentes atmosféricos de
referência?
14. Dê dois exemplos de como um poluente atmosférico pode afectar a biodiversidade de um ecossistema.
15. Explique como a exposição ao O3 pode danificar uma planta de alface. Compare e contraste esses
mecanismos com os danos que causa a uma floresta tropical.
16. Explique como as emissões de SO2 podem resultar em danos para a vida das plantas.
17. Como a formação de CO2 é diferente na respiração versus combustão?
18. Por que as concentrações de vapor de H2O e CO2 variam tanto na atmosfera em comparação com a maioria
dos outros substâncias?c
19. Liste alguns exemplos de efeitos da poluição do ar em plantas que não podem ser detectado através dos
sentidos visuais.
20. Que tipos de gases traço são libertados para a atmosfera pelos ecossistemas florestais?
21. Quais são os possíveis poluentes atmosféricos que podem ser libertados na actividade pecuária de animais
confinados? O que pode ser feito para resolver este problema?
22. Descrever possíveis mecanismos para a deterioração estatuária de mármore.
23. Explique por que a erosão e a corrosão dos materiais são custos ocultos de poluição do ar.

Ficha de Leitura Disciplina: Tratamento da Poluição Atmosférica e Sonora Compilado por: Bcambula 26
Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

24. Descreva os possíveis acções preventivas para limitar a deterioração de livros e outros materiais impressos
em bibliotecas.
25. Explique o papel da humidade na corrosão dos materiais.
26. Descreva por que alguns tipos de borracha sintética são menos suscetíveis ao ataque de ozono do que a
borracha natural.
27. Muitas pessoas preferem o algodão no lugar de fibras sintéticas. Que processos estão disponíveis para
aumentar a resistência aos efeitos dos poluentes atmosféricos nos tecidos de algodão?
28. No seu bairro residencial, determine se o dióxido de enxofre, ozono ou partículas contribuem para a erosão
dos materiais ou problemas de corrosão.
29. Para a Região Metropolitana de Maputo (Cidades de Maputo, Matola e distritos de Boane e Marracuene),
faça uma tabela que identifique as fontes de poluição (1) específicas e (2) múltiplas. Justifique porquê listou
cada uma das fonte na coluna 1 e/ou 2.
30. Considere as seguintes fontes de poluição atmosférica: (1) Indústria de manufatura; (2) Campos de cultivo; (3)
Pecuária; (4) Navios; (5) Aviões; (6) Tráfego rodoviário; (7) Vulcões; (8) Florestas; (9) Mar; (10) Residenciais;
(11) Usinas eléctricas; (12) Estações de tratamento de águas residuais; (13) Desertos; (14) Obras de
construção civil e (15) Actividade agrícola. Indique:
a) As principais fontes de SO2.
b) Principais fontes naturais dos compostos orgânicos voláteis.
c) Principais fontes antropogénicas dos compostos orgânicos voláteis.
d) As principais fontes de NO2.
e) Principais fontes naturais de aerosois primários.
f) Principais fontes naturais de aerosois secundários.
g) As fontes de poluição atmosférica que não são precursores de aerosois secundários.

31. Como pode ajudar a diminuir a concentração de ozono na troposferá?


32. Como pode ajudar a proteger o ozono estratosférico?
33. Qual o volume ocupado por 1 mol de uma substância qualquer uma temperatura de 15 ºC e 1050 mb?
34. Transforme 50 mg/m3 (miligramas por metro cúbico) de SO2 para ppm supondo uma atmosfera de 1050 mb e
15 ºC.
35. Transforme 500 ppm de SO2 para μg/m3 supondo uma atmosfera de 1050 mb e 15 ºC.
36. Transforme 300 μg/m³ (microgramas por metro cúbico) de BENZENO (C6H6) (78 gmol) para ppb a uma
atmosfera de pressão e 25 ºC.
37. A 25oC e 760 mmHg, expresse 15 ppm de benzeno, 180 ppb de ozono e 500 ppm de ácido sulfúrico em
mg/m3

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Capítulo 1 – Poluição Atmosférica, Fontes e Efeitos no Ambiente

1.8 BIBLIOGRAFIA
2. Braga, B., Hespanhol, I., Conejo, J. G. L., Barros, M. T. L., Spencer, M., Porto, M., Nucci, N., Juliano, N.,
Eiger, S., (2002). Introdução à Engenharia Ambiental, Prentice Hall, São Paulo, Brasil.
3. De Melo, L.H (2008). Controle da poluição atmosférica: Introdução e Fontes e Efeitos da Poluição
Atmosférica. Primeira versão, Montereal.
4. Mancintyre, A. J. (1990). Ventilação industrial e controle da poluição. 2ª Edição, Editora Guanabara
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6. Seinfeld, J.H. & Pandis, S.N. (2006), “Atmospheric Chemistry and physics: From air pollution to climate
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7. Stern, A.C. (1976), “Air Pollution” Vol. 1: Air pollutants, their transformation and transport. Academic Press,
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401733-7

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