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Comarca de Goiânia

9ª Vara Criminal

JI_SENTCOND_Organização Criminosa_Roubo_Arma_Concurso de Agentes_Receptação_Adulteração de Sinais


Identificadores de Veículos_Crime Continuado _Concursos Formal e Material_Emendatio

9ª Vara Criminal
Protocolo nº 201700861918
Réus: WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA
BRUNO LIMA DOS SANTOS
MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO
IVANILDO DE MORAIS PESSOA
DIEGO HENDRIGO LOPES DE SOUZA GOUVEIA
CLEITON BORGES GUDIM
SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA
EDUARDO LIMA DOS SANTOS
PAULO SERGIO GOMES DOS SANTOS
MATEUS COSTA DE LIMA
JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS
ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DE SOUSA
TAIRANY NEVES DO NASCIMENTO
FILIPE NASCIMENTO SILVA
DIEGO COTRIM MESSIAS
EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO
MATHEUS LEOMAR COSME LOPES
BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS
IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO
THIERRY GLEYFFER GONÇALVES BORGES
JEOVÁ JOSÉ DA SILVA
EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA
GENIVAL DA SILVA FERRAZ
MATHEUS VIEIRA LIRA

SENTENÇA

O Ministério Público, por seu representante legal, no


uso de suas atribuições, ofereceu denúncia contra WALISSON RODRIGUES DE
OLIVEIRA, BRUNO LIMA DOS SANTOS, MAIKO JORGE RODRIGUES
MACHADO, IVANILDO DE MORAIS PESSOA, DIEGO HENDRIGO LOPES DE
SOUZA GOUVEIA, CLEITON BORGES GUDIM, SILVIO JOSÉ LONGO
FERREIRA, EDUARDO LIMA DOS SANTOS, PAULO SERGIO GOMES DOS
SANTOS, MATEUS COSTA DE LIMA, JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS,
ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, TAIRANY NEVES DO
NASCIMENTO, FILIPE NASCIMENTO SILVA, DIEGO COTRIM MESSIAS,
EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO, MATHEUS LEOMAR COSME LOPES,
ALBEN FERREIRA NASCIMENTO, BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS, IGOR
ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO, THIERRY GLEYFFER GONÇALVES
BORGES, JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, EVANDSON CAETANO CAMPOS

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

MADUREIRA, GENIVAL DA SILVA FERRAZ e MATHEUS VIEIRA LIRA,


imputando-lhes os fatos descritos como crimes no art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I, da Lei 12.850/13;
art. 157, § 2º, incisos I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (pelo roubo dos veículos de
placas OMN-5818, PQY-3164, PGB-3361, ONN-5910, OLW-2165, OGJ-5465, NLQ-0845) e
art. 180, caput, do Código Penal (pela receptação dos veículos de placas NWF-0829, ONY-
2504) (WALISSON); art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c
art. 69, ambos do Código Penal (por 04 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas
PQI-1186, OLW-2165, PQM-0970 e ONN-3484) (BRUNO LIMA); art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I,
da Lei 12.850/13, art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal, (por 09 vezes,
em razão dos roubos dos veículos de placas OMN-5818, ONN-5910, NWF- 0829, PQN-1208,
PQY-3164, PQQ-8012, PQW-6856, OTP-8510 e ONB-8190), art. 157, § 2º, I e II, c/c art.
71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos dos
veículos de placas ONP-2090 e PGB-3361), art. 180, caput, c/c art. 71, caput, ambos do
Código Penal (por duas vezes, em razão da receptação dos veículos de placas OLH-1480 e
NLT-0389) e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal (em razão da
tentativa de roubo da camionete de placas ONN-4567) (MAIKO JORGE); art. 2º, §§ 2º e 4º,
I, da Lei 12.850/13, e art. 180, §1º, do Código Penal (em razão da receptação da camionete
de placas ONY-2504) (IVANILDO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13 (DIEGO
HENDRIGO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, art. 180, §1º, do Código Penal (em
razão da receptação do veículo de placas OLW-2165) e art. 311, caput, do Código Penal (em
razão da adulteração da numeração identificadora dos veículos de placas OLW-2165 e PGB-
3361) (CLEITON); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 180, §1º, do Código Penal
(em razão da receptação da camionete de placas OLQ-0845) (SILVIO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I,
da Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de
placa OGJ-5465) (EDUARDO LIMA); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157, §
2º, I e II do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas OLW-2165) (PAULO
SERGIO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13; art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13
(MATEUS COSTA); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c art.
69, ambos do Código Penal (por duas vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas
OLW-2165 e PQM-0970) (JOÃO PEDRO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art.
157, § 2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas ONN-3484)
(ANTÔNIO CARLOS); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13 (TAIRANY); art. 2º, §§ 2º e
4º, I, da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo
de placas IWJ-4206) e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código
Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas ONW- 8639 e ONS-6830)
(FILIPE NASCIMENTO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, art. 157, §2º, I e II, do
Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas IWJ-4206) e art. 157, §2º, I e II, c/c
art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por duas vezes, em razão dos roubos dos
veículos de placas ONW-8639 e ONS-6830) (DIEGO COTRIM); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da
Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de
placas IWJ-4206) (EDIMILSON LUIS); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157,
§2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos dos
veículos de placas ONN-5910 e NWF-0829) (MATHEUS LEOMAR); art. 2º, §§ 2º e 4º, I,
da Lei 12.850/13 (ALBEN FERREIRA); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157,
§ 2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas NWF-0829) (BRUNO

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REGINO); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c art. 71,
parágrafo único, ambos do Código Penal (por 03 vezes, em razão dos roubos dos veículos
de placas NLT- 5139, ONP-6628 e ONC-7469) (IGOR ANDRÉ); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da
Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal
(por 03 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas NLT-5139, ONP-6628 e ONC-
7469) (THIERRY); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, art. 180, caput, do Código
Penal (por transportar o veículo de placas ONN-5910), art. 157, § 2º, I e II, do Código
Penal (em razão do roubo do veículo de placas IWJ-4206), art. 157, § 2º, I e II, c/c art. 69,
ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas NLI-
8900 e NRN-2657) e art. 180, caput, c/c art. 71, caput, ambos do Código Penal (por 03
vezes, em razão do transporte do veículo de placa PGB-3361 e por ocultar em sua casa os
objetos roubados que estavam no interior dos veículos de placas OGM-1360 e ONP-2090)
(JEOVÁ); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c art. 69, ambos
do Código Penal (por 04 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas NLI-8900, PQQ-
8012, OTP-8510 e PQJ-7232) (EVANDSON); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei 12.850/13, art.
157, § 2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 04 vezes, em razão dos roubos dos
veículos de placas PQW-6856, NRN-2657, ONB-8190 e OGM-2610) e art. 157, §2º, I e II,
c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos
dos veículos de placas ONP-2090 e PGB-3361) (GENIVAL); art. 2º, §§ 2º e 4º, I, da Lei
12.850/13, art. 157, §2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas
OTP-8510) e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal (em razão da
tentativa do roubo da camionete de placas ONN-4567) (MATHEUS VIEIRA).

Consta da denúncia de fls. 02/43 que:

“No período compreendido entre o ano de 2016 e março


de 2017, nesta capital e Aparecida de Goiânia-GO, os denunciados WALISSON
RODRIGUES DE OLIVEIRA, BRUNO LIMA DOS SANTOS, MAIKO JORGE
RODRIGUES MACHADO, IVANILDO DE MORAIS PESSOA, DIEGO HENDRIGO
LOPES DE SOUZA GOUVEIA, CLEITON BORGES GUDIM, SILVIO JOSÉ LONGO
FERREIRA, EDUARDO LIMA DOS SANTOS, PAULO SERGIO GOMES DOS SANTOS,
MATEUS COSTA DE LIMA, JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS, ANTÔNIO CARLOS
RODRIGUES DE SOUSA, TAIRANY NEVES DO NASCIMENTO, FILIPE
NASCIMENTO SILVA, DIEGO COTRIM MESSIAS, EDIMILSON LUIS DE SOUZA
FILHO, MATHEUS LEOMAR COSME LOPES, ALBEN FERREIRA NASCIMENTO,
BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS, IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO,
THIERRY GLEYFFER GONÇALVES BORGES, JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, EVANDSON
CAETANO CAMPOS MADUREIRA, GENIVAL DA SILVA FERRAZ e MATHEUS
VIEIRA LIRA, integraram organização criminosa estruturalmente ordenada pela divisão de
tarefas, com objetivo de obter vantagem econômica, mediante prática dos crimes de roubo e
receptação de veículos, com a participação de adolescentes, conforme narrado a seguir:
Extrai-se dos autos que, no dia 11 de fevereiro de 2016, durante uma operação realizada
pela Agência Prisional, foi apreendido um aparelho celular em poder do detento Fabrício
Alves da Silva, que estava na Penitenciária Odenir Guimarães. O referido smartphone, já
desbloqueado de sua senha pelo detento, foi analisado pelos agentes de polícia, sendo

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constatadas várias mensagens indicativas da atuação de um grupo criminoso especializado


no roubo e receptação de veículos em Goiânia e região metropolitana. Diante dos fatos,
foram realizados diversas interceptações telefônicas que permitiram identificar uma
verdadeira organização criminosa responsável por diversos roubos de veículos ocorridos
nesta capital e cidades vizinhas, os quais eram destinados a desmontagem e revenda das
peças em estabelecimentos comerciais mantidos pelo grupo. A referida organização era
bastante estruturada e composta por três núcleos, sendo dois responsáveis pelos roubos e um
pelo desmanche e venda das peças e agiam com emprego de armas de fogo. O grupo era
chefiado de forma coletiva pelos denunciados Walisson Rodrigues de Oliveira, Bruno Lima
dos Santos e Maiko Jorge Rodrigues Machado. Além dos denunciados, eram integrantes da
referida organização os adolescentes Paulo Miranda da Silva e Marcos Regino de Souza.
Paulo desempenhava atividades de desmontagem dos veículos, diretamente vinculado ao
denunciado Walisson, enquanto o segundo era subordinado a Maiko, com a função de roubo
de veículos. Segue abaixo a descrição da atuação de cada um dos núcleos da organização
criminosa. 1) DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: 1.1) Núcleo coordenado pelo
denunciado WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, vulgo “Gordão”: O denunciado
Walisson era um dos líderes da organização investigada, sendo o responsável por determinar
quais os veículos deveriam ser roubados, fornecer o local e gerenciar as atividades de
desmanche, além de coordenar o transporte das peças dos veículos roubados até os
estabelecimentos comerciais dos integrantes responsáveis pelas vendas. O referido
denunciado ainda tinha a função de combinar o pagamento de fiança dos membros presos,
recrutamento de novos integrantes para a organização criminosa e fornecimento de armas de
fogo. Walisson conseguia os veículos roubados com os denunciados Bruno Lima dos Santos
e Maiko Jorge Rodrigues Machado, que eram os coordenadores dos dois núcleos de
assaltantes que integram a organização criminosa. Uma vez roubados, os carros eram
entregues para Walisson em locais determinados por ele, sendo o transporte executado por
integrantes do baixo escalão da organização, evitando desnecessária exposição dos membros
de maior hierarquia, mas sempre sob a supervisão dos denunciados Bruno ou Maiko. Após
receber o veículo roubado, o denunciado Walisson iniciava as atividades de desmontagem,
que eram executadas pelos denunciados Cleiton Borges Gudim, Ivanildo de Morais Pessoa e
o adolescente Paulo Miranda da Silva, vulgo “Neguinho”, em imóveis utilizados pela
organização criminosa para essa finalidade. Vale ressaltar que o denunciado Walisson
supervisiona todo o trabalho de desmontagem, combinava o horário de levar e buscar os
“mecânicos”, determinava o encerramento do trabalho e informava o que deveria ser feito.
Após a desmontagem dos automóveis, as peças eram levadas para o estabelecimento
comercial do denunciado Silvio José Longo Ferreira, denominado Anel Viário Auto Peças, e
este, sabendo da origem ilícita das peças, as expunham à venda no atacado e varejo, como se
fossem de veículos lícitos. O transporte das peças até o local era feito pelo denunciado Diego
Hendrigo Lopes de Souza Gouveia, que trabalhava com frete e integrava a organização,
executando sua função sob o comando direto do denunciado Walisson. 1.2) Núcleo
coordenado pelo denunciado BRUNO LIMA DOS SANTOS, vulgo “Chinês”: O
denunciado Bruno era um dos líderes da organização criminosa e coordenava um dos
núcleos responsáveis pelos roubos dos veículos. Ele gerenciava toda a execução dos crimes,
determinando o modelo do veículo a ser roubado, onde seria guardado, quando seria levado
para o denunciado Walisson, além de fornecer armamento, organizar o pagamento de

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fianças e as condições necessárias para a prática dos crimes. O denunciado Bruno era
responsável por manter contato direto com Walisson, de quem recebia as encomendas dos
carros que, após roubados, eram entregues diretamente por ele ou por um dos seus
subordinados. Estavam subordinados a Bruno os denunciados Paulo Sérgio Gomes dos
Santos, João Pedro Elias dos Santos, Mateus Costa de Lima, Antônio Carlos Rodrigues de
Sousa e Tairany Neves do Nascimento, além do próprio irmão dele, Eduardo Lima dos
Santos. Bruno participava diretamente dos roubos, seja abordando as vítimas ou fornecendo
a cobertura necessária aos seus comparsas. Os denunciados Paulo Sérgio, João Pedro e
Antônio Carlos tinham a função de roubar os veículos. A denunciada Tairany Neves do
Nascimento era responsável por guardar o armamento e outros objetos utilizados nos
crimes, com claro objetivo de despistar a polícia e evitar prejuízos em casos de cumprimento
de buscas nas residências dos integrantes do alto escalão, que estariam mais sujeitos a uma
intervenção policial. Verifica-se em áudios interceptados que a referida denunciada foi
alertada por outros integrantes da organização sobre a presença de policiais militares nas
imediações de sua residência, sendo orientada a esconder os objetos ilícitos. Já o denunciado
Mateus Costa tinha a função de auxiliar nos roubos, transportar objetos e providenciar a
guarda dos veículos, além de alertar Bruno sobre a existência de veículos propícios para
serem roubados e tratar com terceiros sobre armas utilizadas nos crimes. Em 21 de dezembro
de 2016, o denunciado Bruno foi preso em flagrante em poder de objetos roubados. Na
ocasião, ele estava acompanhado do seu irmão Eduardo, sendo que houve troca de tiros com
policiais e Eduardo, que já é foragido do sistema prisional, conseguiu escapar. Desde então,
o denunciado Eduardo assumiu o contato direto com Walisson, recebendo as encomendas
dos veículos e os entregando após serem roubados. 1.3) Núcleo coordenado pelo denunciado
MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, vulgo “Cueca”: O denunciado Maiko também
era um dos líderes da organização criminosa, sendo o coordenador do segundo núcleo
responsável pelos roubos dos veículos. Ele supervisionava toda a atividade criminosa
praticada pelos seus subordinados, determinando os veículos a serem roubados, quem
participaria dos assaltos, quem levaria os carros para o receptador, além de fornecer as
armas de fogo. Assim como Bruno, Maiko também recebia de Walisson as informações dos
veículos necessários e determinava aos seus subordinados a prática dos roubos. Após, ele
entregava os automóveis para Walisson, geralmente por intermédio de um integrante do
baixo escalão, mas sempre sob a sua supervisão. Estavam subordinados a Maiko os
denunciados Filipe Nascimento Silva, Diego Cotrim Messias, Edimilson Luis de Souza
Filho, Matheus Leomar Cosme Lopes, Alben Ferreira Nascimento, Bruno Regino de Souza
Santos, Igor André Valença do Nascimento, Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, Jeová José
da Silva, Evandson Caetano Campos Madureira, Genival da Silva Ferraz, Matheus Vieira
Lira e o adolescente Marcos Regino de Souza Santos. O denunciado Maiko evitava
participar diretamente dos roubos, atuando mais como autor intelectual dos crimes,
fornecendo a logística necessária (armas de fogo, veículos, imóveis de aluguel) e
coordenando tudo pelo telefone. O denunciado Matheus Leomar, integrante deste núcleo da
organização criminosa, era um dos responsáveis diretos pelos roubos dos veículos, sendo
auxiliado pelo denunciado Alben Ferreira Nascimento. Em várias conversas que foram
interceptadas, Alben e Matheus combinaram a prática de roubos de veículos nesta Capital.
O denunciado Bruno Regino também roubava os veículos para o denunciado Maiko,
acompanhado dos demais investigados. Bruno foi preso no dia 23 de setembro de 2016,

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quando roubou um veículo, razão pela qual a organização criminosa não pode mais contar
com sua atuação. O denunciado Filipe, por sua vez, além de exercer a função de praticar os
roubos dos veículos, recebia ordens diretas de Maiko para encontrar locais para guarda dos
veículos e receber as armas de fogo que seriam usadas nas práticas criminosas. Para a
execução dos crimes, o denunciado Filipe contava com o auxílio dos denunciados Diego e
Edimilson, os quais roubavam os carros com o primeiro. Geralmente, durante a execução
dos roubos, Filipe permanecia no veículo de apoio, dando ordens, enquanto Diego e
Edimilson abordavam as vítimas. O denunciado Thierry Gleyffer tinha função de praticar
roubos de veículos, abordando as vítimas, em companhia dos investigados Cleiber Minaré
Lacerda e Lucas Felipe de Sousa Fernandes, os quais já são falecidos. Já o denunciado Igor
André, proprietário do veículo VW/Gol, placas ONE-2691, era responsável por levar os
referidos denunciados até o local do crime em seu veículo e permanecer nas imediações,
dando a cobertura necessária. O denunciado Jeová tinha a função inicial de levar os veículos
roubados para o denunciado Walisson, a mando de Maiko, no entanto, com o transcorrer do
tempo, Jeová assumiu outras responsabilidades, como levar os demais integrantes para
praticarem os roubos, utilizando o veículo VW/Golf, placas KES-1812, bem como transportar
alguns dos carros roubados para o Paraguai, tudo a mando do denunciado Maiko. Os
denunciados Evandson Caetano e Matheus Vieira também integravam esse grupo da
organização, com função de roubar os veículos, tendo ambos ingressado no grupo no início
do ano, após a morte e prisão de outros integrantes. O denunciado Genival, por sua vez,
ingressou na organização criminosa em tela após ter sido apresentado por Marcos Regino
para Maiko. A priori, Genival tinha a função de transportar os carros roubados, mas pouco
tempo depois, passou a atuar diretamente nos roubos, acompanhando o referido adolescente.
2) DOS CRIMES DE ROUBO E RECEPTAÇÃO: 2.1) Vítima Aparecida Marlei de Assis:
No dia 12 de maio de 2016, o denunciado Bruno Lima dos Santos telefonou para dois
comparsas não identificados, sendo apenas um denominado como “Gabriel”, e propôs
saírem para roubarem um veículo. Por volta das 17h55min, a vítima Aparecida estacionou
seu veículo Ford/Fiesta SD 1.6, cor branca, placas PQI-1186, no estacionamento da Escola
Municipal Vicente Rodrigues do Prado, situada na Rua Vieira da Cunha, Qd. 18, Parque das
Amendoeiras, nesta Capital e, assim que saiu do mesmo, foi abordada pelos dois comparsas
do denunciado Bruno, que pediram permissão para tomar água no bebedouro da escola. Na
ocasião, o denunciado Bruno permaneceu no interior de um veículo de apoio, aguardando a
prática do roubo. A vítima Aparecida permitiu a entrada dos dois indivíduos e, nesse
momento, um deles, empunhando uma arma de fogo, anunciou o assalto e ordenou que ela
entregasse as chaves de seu veículo, o que foi prontamente obedecido. Em seguida, os dois
sujeitos empreenderam fuga, levando com eles o veículo da vítima, acompanhados do
denunciado Bruno. 2.2) Vítima Etevaldo Alves Galvão: Segundo consta, no dia 20 de maio
de 2016, por volta de 19h00m, a vítima Etevaldo estacionou seu veículo Camionete GM/S10,
placas OMN-5818, cor branca, na Avenida Anápolis, Jardim Santo Antônio, nesta Capital e
desceu em companhia de seu filho Eduardo para visitar um amigo que residia nas
proximidades. Na ocasião, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, em companhia
de um indivíduo não identificado e, estando um deles na posse de uma pistola, aproximaram-
se da vítima e anunciaram o assalto. O denunciado Maiko e seu comparsa exigiram a
entrega das chaves da camionete, sendo obedecidos. Além do referido automóvel, foi
subtraído o aparelho celular e a carteira da vítima Etevaldo. Algumas horas após o roubo

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referido, o denunciado Maiko ligou para o denunciado Wallisson, que havia ordenado o
roubo, informou que estava com a camionete e já havia tirado suas placas. Na ocasião,
ambos combinaram de se encontrar no dia seguinte para entregar a camionete roubada e
concretizar o pagamento. 2.3) Vítimas Michael Silva de Araújo e Elio Rodrigues de Freitas:
Extrai-se dos autos que no dia 16 de julho de 2016, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues
Machado telefonou para um indivíduo identificado por “R7” e o chamou para roubarem
uma camionete, sendo que o denunciado Matheus Leomar Cosme Lopes seria responsável
por abordar as vítimas. Por volta das 19h00min, os denunciados Maiko, Matheus e “R7”,
armados, foram até a Oficina de Lanternagem e Pintura Mega Brilho, situada na Rua Purus,
Qd. 83, Lt. 02, Jardim Maria Inês, Aparecida de Goiânia-GO, abordaram a vítima Michael
Silva de Araújo, o qual é proprietário do referido estabelecimento e ordenaram que lhes
entregasse as chaves da camionete Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014,
placas ONN-5910, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas, que estava no local
para reparos na pintura. Os denunciados Maiko, Matheus e o comparsa subtraíram o citado
veículo, o aparelho celular da vítima Michael e a quantia de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos
reais). No dia seguinte, o denunciado Maiko determinou ao denunciado Jeová José da Silva
que levasse “R7” até a camionete, que estava estacionada próxima a um terminal de ônibus,
informando, ainda, a placa falsa que estava na mesma (ONN-5910). No dia 18 de julho de
2016, o denunciado Jeová e “R7”, sob a supervisão do denunciado Maiko, levaram a
camionete para o denunciado Walisson. 2.4) Vítimas Reginaldo José dos Santos e Maikel
Vieira de Melo: No dia 19 de julho de 2016, por volta das 16h00min, a vítima Reginaldo foi
até a residência de uma tia, localizada no Setor Recanto das Minas Gerais, nesta Capital,
onde ocorria uma festa de aniversário. Ao chegar no local, a vítima Reginaldo estacionou seu
veículo camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165, em frente ao imóvel e
entrou.Por volta das 18:53 horas, os denunciados Bruno Lima dos Santos, João Pedro Elias
dos Santos e Paulo Sérgio Gomes dos Santos foram até o local e resolveram subtrair o
veículo da vítima Reginaldo. Na ocasião, os denunciados Bruno e João Pedro adentraram no
imóvel e abordaram a vítima Reginaldo e um amigo desta, a vítima Maikel, enquanto o
denunciado Paulo Sérgio permaneceu no veículo de apoio. Um dos denunciados que entrou
na casa, armado, abordou a vítima Reginaldo e exigiu a entrega das chaves da camionete e
dos celulares, o que foi feito. Em seguida, os denunciados evadiram-se do local, levando com
eles a camionete da vítima Reginaldo e dois celulares, sendo um Samsung, marca A3,
pertencente a Reginaldo e um Samsung Galaxy, pertencente à vítima Maikel. Após a prática
delituosa, o veículo foi levado para o denunciado Walisson, que havia ordenado o roubo, que
o repassou ao denunciado Cleiton Borges Gudim, que o receptou no exercício da atividade
comercial, bem como clonou o veículo, isto é, colocou placas idênticas a um veículo
legalizado. 2.5) Vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes: No dia 29 de julho de 2016,
por volta de 20h00min, a vítima Ricardo foi até a casa de seu pai, localizada na Rua 1074,
Qd. 80, Vila Redenção, nesta Capital, conduzindo o veículo VW/Amarok, placas NWF-0829,
cor prata, de propriedade de seu genitor. Ao chegar no local, estacionou o veículo em frente
ao imóvel e deixou alguns pertences na casa. Na oportunidade, estavam nas proximidades
dos denunciados Bruno Regino de Souza Santos, Matheus Leomar Cosme Lopes e a pessoa
de alcunha “R7”, que ao avistarem o veículo, resolveram roubá-lo, seguindo ordens diretas
do denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, que, como mandante do crime, coordenou
as ações dos demais pelo telefone. Quando a vítima retornou em seu carro, os denunciados

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9ª Vara Criminal

Bruno, Matheus e “R7”, estando um deles armado, a abordaram e anunciaram o assalto.


Um dos autores revistou a vítima e subtraiu seus pertences pessoais, além das chaves do
veículo em questão. Após subtraírem o veículo da vítima, os referidos denunciados levaram a
camionete para a cidade de Bela Vista de Goiás, onde estava o denunciado Maiko. A
camionete foi entregue para o denunciado Walisson, que a recebeu sabendo ser produto de
crime. 2.6) Vítima Márcio Cardoso Soares: No dia 12 de setembro de 2016, por volta das
10:51 horas, a vítima Márcio foi com seu veículo Toyota/Hilux, placas PQM-0970, até a Rua
SR 27, Qd. 34, Lt. 08, Recanto das Minas Gerais, nesta Capital e o estacionou na porta de um
imóvel. Com o objetivo de fazer reparos na casa, a vítima começou a retirar ferramentas da
traseira da camionete. Na ocasião, os denunciados João Pedro Elias dos Santos e Bruno
Lima dos Santos aproximaram-se da vítima e, estando o primeiro armado, anunciaram o
assalto. O denunciado Bruno, então, subtraiu da vítima seu aparelho celular marca
Motorola, modelo Moto G, bem como sua carteira, contendo a quantia de R$ 1.250,00 (um
mil, duzentos e cinquenta reais) em espécie e documentos pessoais. Após, os denunciados
citados adentraram no automóvel da vítima e evadiram-se do local, levando com eles os
objetos acima. A vítima reconheceu, sem dúvidas, os denunciados João Pedro e Bruno como
os autores do roubo em tela. 2.7) Vítima Erivelton Vieira Alvares: No dia 14 de setembro de
2016, por volta das 12:21 horas, a vítima Erivelton foi levar um material para seus
funcionários que trabalhavam na Rua 70, Jardim Goiás, nesta Capital, conduzindo o veículo
VW/Saveiro CD Cross MA, cor vermelha, ano 2015/2015, placas ONW-8639. A vítima
estacionou seu veículo, retirou alguns produtos e caminhou em direção à obra, momento em
que foi abordada pelo denunciado Diego Cotrim Messias, que portava uma arma de fogo e
anunciou o assalto. O denunciado Filipe Nascimento Silva fazia parte da ação criminosa e
permaneceu em um veículo de apoio. Após subtrair as chaves do veículo da vítima, o
denunciado Diego evadiu-se do local no referido automóvel, sendo acompanhado pelo
denunciado Filipe. 2.8) Vítima Igor Miranda Balduino: No dia 19 de setembro de 2016, por
volta das 19h00min, a vítima Igor estacionou seu veículo Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830,
na Rua Coronel Ernesto Garcia, Qd. 04, Lt. 03/04, Vila Maria José, nesta Capital e, ao sair
do mesmo, foi abordada pelas costas pelo denunciado Diego Cotrim Messias. Enquanto o
denunciado Diego abordava a vítima, o denunciado Filipe Nascimento Silva permanecia nas
proximidades em um veículo de apoio. O denunciado Diego, armado com um revólver,
anunciou o assalto à vítima e exigiu a entrega das chaves de seu veículo, ordenando que não
olhasse para trás, o que foi feito. Em seguida, o denunciado Diego evadiu-se do local
conduzindo o veículo da vítima, sendo acompanhado pelo denunciado Filipe. Além do
automóvel, foi subtraído um óculos de sol, roupas e um aparelho celular Iphone 6 plus, cor
preta, que estavam em seu interior. O veículo foi recuperado no mesmo dia e restituído à
vítima, no entanto, o aparelho celular não foi encontrado. 2.9) Vítima Beatriz Miguel de
Padua: No dia 19 de setembro de 2016, por volta das 16h40min, a vítima Beatriz Miguel de
Pádua estacionou seu veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3480 em frente a sua
residência, localizada na Rua Uberaba, Qd. 20, Lt. 08, Jardim Belo Horizonte, Aparecida de
Goiânia-GO e, ao sair deste com sua filha de 02 anos de idade, foi abordada pelos
denunciados Bruno Lima dos Santos e Antônio Carlos Rodrigues de Sousa, que chegaram
no local correndo. O denunciado Bruno, portando uma arma de fogo, anunciou o assalto e
exigiu que a vítima entregasse as chaves do veículo, o que foi feito Em seguida, os
denunciados empreenderam fuga, levando com eles o veículo subtraído. A vítima reconheceu,

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

sem dúvidas, o denunciado Bruno como um dos autores do roubo. 2.10) Vítimas Jean
Pitágoras Araújo, Raimundo Santana de Almeida e Igor Ribeiro de Almeida: No dia 20 de
outubro de 2016, por volta das 18h00min, a vítima Jean estava no estabelecimento
denominado RM Cabeleireiro, situado na Avenida Atlântica, Jardim Tropical, em Aparecida
de Goiânia-GO, enquanto seu veículo Fiat/Strada Working, cor vermelha, placas IWJ-4206
estava estacionado em frente ao imóvel. Na ocasião, os denunciados Diego Cotrim Messias e
Edmilson Luis de Souza Filho adentraram no comércio, enquanto o denunciado Filipe
Nascimento Silva ficou em um veículo de apoio, fazendo a vigília. Um dos denunciados
sacou uma arma de fogo e anunciou o assalto. Em seguida, os denunciados Diego e
Edmilson revistaram a vítima Jean em busca de arma e tomaram seu aparelho celular
Iphone e dinheiro. Os denunciados referidos ainda levaram o celular da vítima Raimundo,
dono do salão e do filho deste, a vítima Igor. O denunciado que portava a arma de fogo
exigiu à vítima Jean que lhe entregasse as chaves do veículo, sendo informado por esta que
estavam em cima do balcão. O referido assaltante não ouviu a resposta e desferiu duas
coronhadas na cabela da vítima Jean. Em seguida, os denunciados fugiram do local levando
com eles os objetos acima citados e o automóvel da vítima Jean. O carro da vítima Jean foi
encontrado no dia seguinte, abandonado próximo à BR-153. 2.11) Vítima José Divino da
Silva: No dia 21 de outubro de 2016, por volta das 08h20min, a vítima José Divino foi até
uma empresa de placas e deixou seu veículo Toyota/Corolla, placas PQN-1208 estacionado
no estacionamento do estabelecimento, situado na Rua Fortaleza, Qd. 06, Lt. 03, Jardim
Esmeralda, Aparecida de Goiânia-GO. Nesse momento, obedecendo ordens expressas via
telefone do denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, as pessoas de Lucas Felipe de
Sousa Fernandes, Cleiber Minaré Lacerda (os quais já são falecidos) e o adolescente Marcos
Regino de Souza Santos, armados, aproximaram-se da vítima, desferiram-lhe um tapa na
cabeça e subtraíram as chaves do veículo. Em seguida, evadiram-se do local em alta
velocidade com o referido automóvel. Logo após o roubo, o denunciado Maiko determinou
que os seus comparsas guardassem o carro imediatamente. 2.12) Vítimas Renato de Paula
Rodrigues e Fábio Motta: No dia 27 de outubro de 2016, por volta das 08h00min, a vítima
Renato parou seu veículo Toyota Hillux, cor prata, placas NLT-5139, na porta de sua
residência, localizada na Rua da Perca, Qd. 32, Lt. 02, Jardim Atlântico, nesta Capital, com
o objetivo de descarregá-lo. Na oportunidade, os denunciados Thierry Gleyffer Gonçalves
Borges e Igor André Valença do Nascimento, acompanhados do falecido Lucas Felipe de
Sousa Fernandes, aproximaram-se da vítima e abordaram-na. Enquanto um dos autores
sacou uma arma de fogo e a apontou para as costas da vítima, outro a revistou e pegou as
chaves da camionete e aparelho celular. Nesse momento, a vítima Fábio, funcionário da
vítima Renato, chegou no local e também foi rendido pelos referidos denunciados, que
subtraíram também seu telefone celular. Em seguida, os denunciados Thierry e Igor
subtraíram, para eles, a camionete e os bens citados, fugindo do local. A vítima Fábio
reconheceu, sem dúvidas, o denunciado Thierry como um dos autores do crime. 2.13) Vítima
José Alberto Ávila de Souza: No dia 29 de outubro de 2016, por volta das 11h40min, a
vítima José Alberto Avila de Souza estava entrando com sua camionete Ford/Ranger, cor
cinza, placas PQY-3164 na garagem de sua residência, localizada na rua 20, Qd. R, Lt. 16,
Vila Morais, nesta Capital, quando foi surpreendida pelo denunciado Maiko Jorge
Rodrigues Machado, o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e um indivíduo
conhecido por Kennedy. Um dos autores colocou uma arma de fogo apontada para a cabeça

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

da vítima e determinou que saísse da camionete. Foram subtraídos, além do veículo,


documentos pessoais, cartões de banco e um telefone Iphone 6S. Algumas horas após a
execução do crime, o denunciado Maiko determinou a Kennedy que buscasse a camionete e a
guardasse pois a entregaria na manhã seguinte para o denunciado Walisson Rodrigues de
Oliveira, que havia ordenado o roubo. 2.14) Vítimas Lúcio Alves Naves e Luca Costa
Naves: No dia 02 de novembro de 2016, por volta das 08h00min, a vítima Lúcio,
acompanhado de seu filho, a vítima Luca, parou seu veículo Chevrolet/S-10, cor branca,
placas ONP-6628, em uma padaria situada próxima ao CT do Clube de Futebol do Goiás, na
Rua Prudente de Morais, Parque Anhanguera, nesta Capital. Ao saírem do estabelecimento,
as vítimas foram abordadas pelo denunciado Thierry Gleyffer Gonçalves Borges e o falecido
Lucas Felipe de Sousa Fernandes. O denunciado Igor André Valença do Nascimento, por
sua vez, permaneceu no veículo de apoio, dando cobertura para o evento criminoso. Na
oportunidade, o denunciado Thierry sacou uma arma de fogo, tipo revólver, apontou para a
vítima Luca e anunciou o assalto. Foram subtraídos, além do veículo da vítima Lúcio, a
carteira deste, contendo documentos pessoais, cartões de banco e R$ 30,00 (trinta reais) em
espécie, bem como o aparelho celular da vítima Luca, um Samsung Galaxy J7. 2.15) Vítima
Irlon José de Oliveira: Uma hora após o roubo acima narrado, os mesmos autores avistaram
a vítima Irlon estacionando seu veículo Hyundai/HB20, placas ONC-7469, em frente a uma
ferragista situada na Avenida Transbrasiliana, Setor Nova Suíça, nesta Capital e resolveram
assaltá-la. Após a vítima adentrar no estabelecimento, o denunciado Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges e o falecido Lucas Felipe de Sousa Fernandes adentraram no local e
anunciaram o assalto. O denunciado Igor André Valença do Nascimento, por sua vez,
permaneceu no veículo de apoio. O denunciado Thierry apontou a arma para a vítima e lhe
tomou um relógio Dumont, seu aparelho celular Iphone 5, aliança, uma pulseira de ouro e a
chave do veículo. Os autores ainda subtraíram o dinheiro que estava no caixa da ferragista.
2.16) Vítimas Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luis Henrique Silva Abreu: No dia 27 de
dezembro de 2016, por volta das 20h40min, a vítima Marcos Felipe abriu o portão de sua
residência, localizada na Rua L-12, Qd. 04, Lt. 19, Papillon Park, Aparecida de Goiânia-GO,
para sair com seu veículo Honda/Fit, placas NLI-8900, quando foi abordada pelos
denunciados Jeová José dos Santos e Evandson Caetano Campos Madureira e um terceiro
indivíduo não identificado. Na ocasião, o denunciado Jeová portava uma arma de fogo e
anunciou o assalto. Nesse momento, o irmão de Marcos Felipe, a vítima Luis Henrique, saiu
da casa e também foi abordado por Jeová. Foram subtraídos das vítimas dois celulares, uma
televisão, óculos, notebook, além do veículo acima descrito. Após a prática criminosa, os
denunciados trancaram as vítimas no banheiro do imóvel e empreenderam fuga. Alguns dos
objetos roubados foram apreendidos na residência do denunciado Jeová, durante o
cumprimento de mandado de busca e apreensão. Os denunciados Jeová e Evandson foram
devidamente reconhecidos pelas vítimas como autores do crime. 2.17) Vítima José de
Oliveira: No dia 06 de janeiro de 2017, por volta das 09h00min, a vítima José de Oliveira foi
até seu lote de terras situado na Rua Idelfonso Dutra Alvim, Parque Trindade II, Aparecida
de Goiânia-GO, conduzindo seu veículo Ford/Ranger, cor branca, placas PQQ-8012. Em
determinado momento, o denunciado Evandson Caetano Campos Madureira aproximou-se
da vítima, armado e determinou que esta lhe entregasse as chaves do veículo. O denunciado
Evandson estava acompanhado do adolescente Marcos Regino de Souza Santos e ambos
praticaram o crime a mando do denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado. Além do

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9ª Vara Criminal

veículo, foram subtraídos da vítima carteira com documentos pessoais e cartões, uma
espingarda de chumbinho, um aparelho celular da marca Samsung J3, óculos de sol e óculos
de grau, uma faca grande cromada, duas agendas, bonés e uma mochila para notebook,
contendo roupas. O denunciado Evandson foi devidamente reconhecido pela vítima como
autor do crime. 2.18) Vítimas Arthur Emanuel Chaves de Franco e João Cardoso Sudário:
Extrai-se dos autos que no dia 02 de novembro de 2016, por volta das 09h20min, na Rua X8,
Qd. X14, Lt. 14, Jardim Brasil, nesta Capital, João Cardoso Sudário foi vítima do roubo de
seu veículo Toyota/Corolla, placas NLT-0389, por indivíduos não identificados. No dia 07 de
janeiro de 2017, por volta das 09h00min, na Rua 05, Qd. 55A, Lt. 24, Vila Brasília,
Aparecida de Goiânia-GO, a vítima Arthur Emanuel Chaves de Franco também teve
subtraído seu veículo Toyota Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480, por indivíduos não
identificados. Após a prática dos crimes, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado,
recebeu os dois veículos sabendo serem produtos de crime e determinou que os veículos
fossem levados para o Paraguai. Inicialmente, o denunciado Maiko chamou os denunciados
Jeová José da Silva e Genival da Silva Ferraz para levarem os automóveis, no entanto,
posteriormente, acordaram que os mesmos seriam levados pelos denunciados Jeová e
Evandson Caetano Campos Madureira. Na madrugada do dia 12 de janeiro de 2017, os
denunciados Jeová e Evandson foram presos em flagrante na cidade de Camapuã-MS
enquanto transportavam os citados veículos, estando ambos com placas falsas, cujo fato está
sendo apurado naquela Comarca. Durante o cumprimento de mandado de busca e
apreensão, foram encontradas na residência do denunciado Jeová as placas originais do
veículo Toyota/Corolla. 2.19) Vítima Geraldo Simeão da Silva: No dia 11 de janeiro de
2017, por volta das 15h57min, a vítima foi até a Igreja Santo Inácio de Loyola, situado na
Rua 14A, Conjunto Riviera, nesta Capital, conduzindo seu veículo Fiat/Toro, Freedom AT,
placas PQW-6856 e, ao chegar no local, o estacionou ao lado da secretaria da igreja. No
momento em que a vítima retirava uma mala da carroceria, o denunciado Genival da Silva
Ferraz e o adolescente Marcos Regino de Souza Santos, armados, se aproximaram e a
abordaram, anunciando o roubo. Um dos autores revistou a vítima e subtraiu sua carteira e
as chaves da camionete. A mãe da vítima, que estava no interior do veículo, foi retirada pelos
assaltantes, os quais ainda subtraíram um cordão de ouro com pingente que estava em seu
pescoço. Em seguida, o denunciado e seu comparsa evadiram-se do local, levando com eles o
veículo e os pertences citados, além de um revólver Rossi, calibre . 38 que estava no interior
do carro, tendo em vista que a vítima é policial civil. Toda a ação criminosa teve como
mandante o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, o qual coordenou as ações dos
comparsas por telefone. 2.20) Vítima Mariana Palos Andrade So: No dia 11 de janeiro de
2017, por volta de 08h20min, a vítima Mariana foi até seu salão de beleza, acompanhada por
duas funcionárias, conduzindo o veículo Nissan/Frontier, placas OTP-8510. Ao chegar no
salão, situado na Avenida Bela Vista, Qd. E, Lt. 19, Jardim Bela Vista, nesta Capital, a vítima
desceu da camionete e, na ocasião, foi abordada pelo denunciado Matheus Vieira Lima, o
qual, armado, anunciou o assalto. Logo atrás do denunciado Matheus, dando cobertura,
estava o denunciado Evandson Caetano Campos Madureira. O denunciado Matheus, em
seguida, entrou no salão, rendeu outras duas funcionárias que ali estavam, subtraiu seus
celulares, enquanto o denunciado Evandson permaneceu na porta do estabelecimento. Ato
contínuo, o denunciado Matheus pegou as chaves da camionete da vítima e evadiu-se no
veículo, levando com ele, além dos celulares mencionados, a quantia de R$ 500,00

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

(quinhentos reais) em dinheiro, dois óculos de sol das marcas Rayban e Dior e uma carteira
contendo cartões de crédito e documentos pessoais. A camionete da vítima foi encontrada no
mesmo dia, através de sistema de rastreamento. Os denunciados Matheus Vieira Lira e
Evandson Caetano Campos Madureira foram devidamente reconhecidos pela vítima como
os autores do crime. O denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, novamente, figurou
como mandante do crime, coordenando as ações criminosas por telefone. 2.21) Vítima
Douglas Candido da Silva: No dia 11 de janeiro de 2017, por volta das 11h15min, a vítima
Douglas Candido da Silva estacionou seu veículo VW/Kombi, cor branca, placas OGJ- 5465,
na Rua Laguna, Jardim Novo Mundo, nesta Capital e, assim que desceu do veículo, foi
abordada pelo denunciado Eduardo Lima dos Santos, que portava um revólver. O
denunciado Eduardo, o qual estava acompanhado por um indivíduo não identificado,
ordenou que a vítima lhe entregasse as chaves da Kombi, o que foi prontamente atendido. Em
seguida, o denunciado Eduardo e seu comparsa embarcaram no veículo e empreenderam
fuga. Logo após executar o crime, o denunciado Eduardo telefonou para o denunciado
Walisson Rodrigues de Oliveira, que havia ordenado o roubo do citado veículo, e informou
que havia roubado o veículo encomendado. Algum tempo depois, os denunciados Eduardo e
Walisson combinaram como seria a entrega do veículo e, no horário marcado, Eduardo
determinou que outras duas pessoas levassem o automóvel para Walisson, o que foi feito.
2.22) Vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva: No dia 19 de janeiro de 2017, por volta das
19h00min, a vítima Divina estacionou seu veículo Toyota/Corolla, cor cinza, placas NRN-
2657, na Praça Comercial, Vila Redenção, nesta Capital e, após descer do mesmo e abrir o
porta-malas para retirar alguns produtos, foi abordada pelo denunciado Genival da Silva
Ferraz, o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e uma mulher não identificada.
Durante a execução do crime, o denunciado Jeová José da Silva permaneceu no veículo de
apoio, dando cobertura. O denunciado Genival, portando uma arma de fogo, anunciou o
assalto e ordenou a entrega das chaves do veículo, sendo obedecido pela vítima. Após, os
denunciados evadiram-se do local, levando com eles o veículo, várias mercadorias das
marcas Mary Kay, Natura, O Boticário, Eudora, além de algumas semijoias e dois aparelhos
celulares da marca Samsung que estavam no interior do automóvel. 2.23) Vítima Allanio
Ferreira Garcia: No dia 24 de janeiro de 2017, por volta das 11h00min, na Avenida Bela
Vista, Qd. 27, Lt. 13, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, a vítima Allanio teve seu
veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, roubado por dois indivíduos não identificados. O
denunciado Walisson Rodrigues de Oliveira, recebeu a citada camionete, sabendo ser
produto de crime e em seguida, determinou que ela fosse levada para uma oficina mecânica
situada na Avenida Curassá, Jardim Helvécia, Aparecida de Goiânia-GO, aos cuidados do
denunciado Ivanildo de Morais Pessoa, que a recebeu sabendo ser produto de crime, no
exercício da atividade comercial. No dia seguinte após o roubo, a camionete foi apreendida
na referida oficina mecânica por policiais militares, tendo o denunciado Ivanildo informado
ao denunciado Walisson sobre a presença de policiais no local, porém, que tinha logrado
êxito em empreender fuga. 2.24) Vítima Cézio Lopes de Siqueira: No dia 08 de fevereiro de
2017, por volta de 21h58min, na Rua Mossoró, Qd. 02, Lt. 22, Internacional Park, Aparecida
de Goiânia-GO, a vítima Cézio Lopes de Siqueira teve seu veículo Toyota/Hilux, placas
OGM-1360, roubado pelo adolescente Marcos Regino de Souza Santos e outro indivíduo não
identificado. Após a prática do crime, os objetos pessoais da vítima que estavam no interior
do veículo, como cartões bancários e documentos pessoais, foram entregues ao denunciado

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Jeová José da Silva, que os recebeu sabendo serem produtos de crime. Durante cumprimento
de mandado de busca na residência do denunciado Jeová, foram apreendidos vários objetos
roubados, inclusive cartões bancários e uma CNH da vítima Cézio. 2.25) Vítima Almério
Marques Leão: No dia 16 de fevereiro de 2017, por volta das 19h00min, a vítima estacionou
seu veículo Kia/Optima, cor prata, placas PQJ-7232, na Rua Apiacas, Qd. 40, lt. 10, Vila
Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, momento em que foi abordado pelo denunciado
Evandson Caetano Campos Madureira. O denunciado Evandson, armado, revistou a vítima
e tomou-lhe a chave do seu veículo e seu aparelho celular e, em seguida, empreendeu fuga no
veículo, levando o celular e a quantia de dinheiro citada abaixo. Além do veículo e do
aparelho celular, foram subtraídos documentos pessoais e a quantia de R$ 1.300,00 (um mil
e trezentos reais) que estavam no interior do automóvel. 2.26) Vítima Gabriel dos Santos
Andrade: No dia 01 de março de 2017, por volta das 20h00min, a vítima Gabriel,
acompanhada por seu primo Leonardo Hittler Galdino da Silva, estacionou seu veículo
GM/S10, cor branca, placas ONN-4567, na Rua 03, Qd. 06, Lt. 11, Vila São Joaquim,
Aparecida de Goiânia-GO. Na ocasião, os denunciados Matheus Vieira Lira e Jeová José da
Silva se aproximaram da vítima e anunciaram o assalto. Enquanto Matheus e Jeová
abordavam a vítima, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado permaneceu no veículo
de apoio. Imediatamente, a vítima, que é soldado da polícia militar, sacou sua pistola, tendo
os denunciados Matheus e Jeová também sacado armas de fogo, tipo revólver. Nesse
momento, houve troca de tiros entre a vítima e os denunciados. A vítima conseguiu atingir a
perna do denunciado Matheus e este, acompanhado pelo denunciado Jeová, deixaram o
local correndo, escondendo-se em um matagal, e a camionete acabou não sendo roubada
devido à ação da vítima. 2.27) Vítima Paulo Junior Sirino da Silva: No dia 04 de março de
2017, por volta das 11h00min, a vítima Paulo estava saindo de uma casa situada na Rua
Marques de Olinda, Parque Real, Aparecida de Goiânia-GO e, ao colocar um objeto no
porta-malas de seu veículo, um Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090, foi
abordado pelo adolescente Marcos Regino de Sousa Santos e o denunciado Genival da Silva
Ferraz. O denunciado Genival e o adolescente Marcos Regino deram voz de assalto para a
vítima, sendo que Marcos Regino portava um revólver, tomou as chaves do veículo da vítima
e passou para o denunciado Genival, que assumiu a direção do mesmo. Durante a execução
do crime, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado permaneceu no veículo de apoio,
sob vigília. Além do veículo, foram subtraídos um carrinho para bebê, uma cadeirinha para
criança, dois Iphones 7, vários cheques de clientes e documentos pessoais que estavam no
interior do automóvel. O veículo roubado foi encontrado após cerca de 11 dias, abandonado
em uma estrada de chão no Setor Bela Vista, em Aparecida de Goiânia-GO e estava com
placa fria. Alguns dos objetos roubados foram entregues para o denunciado Jeová José da
Silva e, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua residência, foi
apreendida a cadeirinha de transporte de crianças da vítima Paulo. Sendo assim, o
denunciado Jeová recebeu a citada cadeirinha sabendo que era produto de crime. 2.28)
Vítima Helder da Silva: No dia 04 de março de 2017, por volta das 13h00min, a vítima
Helder foi com o veículo de seu irmão, um Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361,
em uma casa que estava interessado em comprar, localizado na Rua 29, Qd. 85A, Lt. 15, Vila
Brasília, Aparecida de Goiânia-GO. Após estacionar o veículo, a vítima foi abordada pelo
denunciado Genival da Silva Ferraz e o adolescente Marcos Regino de Souza Santos, os
quais, armados, anunciaram o assalto e ordenaram a entrega das chaves do veículo citado.

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9ª Vara Criminal

Durante a execução do crime, o denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado permaneceu


no veículo de apoio, exercendo vigília. Além do veículo, foram subtraídos pelo denunciado
Genival e o adolescente Marcos Regino documentos pessoais da vítima e seu aparelho
celular Sony Ericson Expira. Logo após o crime, o denunciado Maiko ligou para o
denunciado Walisson, que havia ordenado o roubo do citado veículo e avisou que tinha
acabado de roubá-lo. No dia 06 de março de 2017, o denunciado Walisson telefonou para
Cleiton Borges Gudim, responsável pela desmontagem e transplante dos carros, para
organizarem o procedimento de transplante do citado veículo roubado. No mesmo dia, o
denunciado Walisson avistou que já estava levando o veículo para Cleiton em um local
combinado entre eles. O veículo roubado foi transportado pelo denunciado Jeová José da
Silva e, após adulterado, o veículo foi entregue ao denunciado Walisson Rodrigues de
Oliveira e o mesmo foi apreendido na residência deste, durante cumprimento de mandado de
busca e apreensão. 2.29) Vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da Rocha: No
dia 11 de março de 2017, por volta de 11h40min, a vítima Joselino estava na garagem de sua
casa, localizada na Rua dos Pássaros, Qd. 07/08, Lt. 11H, Expansul, Aparecida de Goiânia-
GO, enquanto sua esposa, a vítima Elenita, lavava a calçada. Na oportunidade, a mando do
denunciado Maiko Jorge Rodrigues Machado, o denunciado Genival da Silva Ferraz
aproximou-se da vítima Joselino, apontou a arma para ela e determinou que levantasse as
mãos e encontrasse no portão, o que foi feito. Imediatamente, entrou um segundo elemento
não identificado, que foi em direção à camionete da vítima Joselino, uma Ford/Ranger,
placas ONB-8190 e acionou o controle do portão, fechando-o. Além do veículo citado, foram
subtraídos das vítimas uma televisão, uma corrente de ouro, aliança, carteira com
documentos, cartões de crédito e cheques. Após o roubo, o veículo foi levado para um imóvel
situado na Rua Santo Antônio, Residencial Armando Antônio, em Bela Vista de Goiás-GO, o
qual foi alugado pelo denunciado Maiko. O denunciado Genival foi devidamente
reconhecido pelas vítimas como um dos autores do crime. 2.30) Vítimas Mauro de Castro
Arantes e Rafael de Paula Castro Arantes: No dia 17 de março de 2017, por volta das
21h50min, o denunciado Genival da Silva Ferraz foi até um bar situado na Rua B4, Parque
das Laranjeiras, nesta Capital, em companhia de dois indivíduos não identificados,
conhecidos apenas pelos nomes de Matheus e João Pedro, com o objetivo de roubarem um
veículo. Ao chegarem no estabelecimento em tela, o denunciado Genival e Matheus entraram
no bar, enquanto o comparsa João Pedro permaneceu no veículo de apoio. Em seguida, o
denunciado Genival e Matheus renderam as vítimas Mauro e Rafael, que estavam sentadas
em uma mesa do bar e tomaram as chaves do veículo de Mauro, um Chevrolet/Cruze LT NB,
cor branca, placas OGM-2610. Os autores ainda subtraíram o celular da vítima Rafael, um
celular Samsung S6, fugindo todos no veículo Chevrolet/Cruze da vítima Mauro. Durante
cumprimento de mandado de busca e apreensão, o celular supracitado foi encontrado na
residência do denunciado Genival.”

Aos 10 de março de 2017, foi decretada a prisão


preventiva em desfavor dos acusados (fls. 173/184 dos autos de protocolo nº 201700593557
e fls. 356/367), sendo os mandados de prisão respectivos cumpridos aos 22 de março de
2017, em relação aos acusados WALISSON (fls. 392), DIEGO HENDRIGO (fls. 395),
CLEITON BORGES (fls. 398), IVANILDO (fls. 401), TAIRANY (fls. 404), MAIKO
JORGE (fls. 407), DIEGO COTRIM (fls. 411), EDIMILSON LUIS (fls. 414),

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

MATHEUS VIEIRA (fls. 417), JEOVÁ (fls. 420) e IGOR ANDRÉ (fls. 423), aos 24 de
março de 2017, em relação aos acusados ANTÔNIO CARLOS (fls. 434), BRUNO LIMA
(fls. 435), BRUNO REGINO (fls. 436), EDUARDO LIMA (fls. 437), EVANDSON (fls.
438), JOÃO PEDRO (fls. 439), MATHEUS LEOMAR (fls. 440), PAULO SERGIO (fls.
441) e SILVIO JOSÉ (fls. 442), aos 28 de março de 2017, em relação ao acusado
GENIVAL (fls. 624).

Aos 03 de abril de 2017, a acusada TAIRANY foi


beneficiada com a liberdade provisória, mediante monitoramento eletrônico (fls. 56/58 dos
autos em apenso de protocolo nº 201700816882).

A denúncia foi recebida em 18 de abril de 2017 (fls.


1.386). Validamente citados, os acusados DIEGO HENDRIGO, IVANILDO, IGOR
ANDRÉ, EDIMILSON LUÍS, CLEITON, SÍLVIO JOSÉ, GENIVAL, FILIPE,
MATEUS COSTA, JOÃO PEDRO, TAIRANY, DIEGO COTRIM, EVANDSON,
WALISSON, BRUNO LIMA, MAIKO JORGE, EDUARDO LIMA, PAULO SÉRGIO,
ANTÔNIO CARLOS, MATHEUS LEOMAR, BRUNO REGINO, THIERRY, JEOVÁ e
MATHEUS VIEIRA, os nove primeiros, via defensores constituídos, e os demais, via
Defensor Público, apresentaram respostas por escrito, respectivamente, às fls. 1.629/1.632,
1.633/1.637, 1.650/1.651, 1.652/1.655, 1.710/1.715, 1753/1.769, 1.803/1.826, 1.854, 2.135,
1.949/1.953 e 1.954/1.958.

Aos 20 de abril de 2017 foi cumprido o mandado de


prisão em desfavor do acusado THIERRY GLEYFFER (fls. 2.249).

Os acusados DIEGO HENDRIGO, IVANILDO,


CLEITON e SÍLVIO foram beneficiados com a liberdade provisória, alcançando a
liberdade, após o pagamento da fiança, respectivamente, aos 27/04/2017 (fls. 27/28 dos autos
de protocolo nº 201701049303), aos 04/05/2017 (fls. 19/20 dos autos de protocolo nº
201701044433), aos 05/05/2017 (fls. 39/40 dos autos de protocolo nº 201700994276), e aos
18/05/2017 (fls. 27/28 dos autos de protocolo nº 201701005543).

Aos 29 de junho de 2017 foi cumprido o mandado de


prisão contra o acusado FILIPE NASCIMENTO SILVA (fls. 2.256).

O acusado ALBEN FERREIRA NASCIMENTO foi


citado através de edital (fls. 1.851) e, como não atendeu ao chamamento judicial, nem
constituiu advogado, foi determinada, a partir de 18/07/2017, a suspensão do processo e do
prazo prescricional, nos termos do artigo 366, do Código de Processo Penal (fls. 2.065),
sendo-lhe nomeado Defensor Público para acompanhar a produção antecipada de provas.

Durante audiência de instrução e julgamento foi colhida


a prova testemunhal (gravado em mídia às fls. 2.503/2511, 2.677/2682 e 3.129) e interrogados
os acusados (gravado em mídia às fls. 2.677/2682 e 2.722/2.882), com exceção do réu
MATEUS COSTA DE LIMA, o qual não foi interrogado por se encontrar em local incerto,

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9ª Vara Criminal

sendo que todos os atos processuais foram acompanhados por sua advogada constituída.

Superada a fase de diligências, em memoriais, o


representante do Ministério Público pugnou pela parcial procedência dos fatos narrados na
denúncia, requerendo a condenação do acusado WALISSON pela prática dos crimes
previstos no art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, incisos I e II, c/c art. 69,
ambos do Código Penal (pelo roubo dos veículos de placas OMN-5818, PQY-3164, PGB-
3361, ONN-5910, OLW-2165, OGJ-5465), bem assim, pela sua absolvição quando ao roubo
do veículo de placas NLQ-0845, justificando que não consta na peça acusatória a descrição do
fato, possivelmente tratando-se de um equívoco. De igual forma, requereu a condenação do
acusado BRUNO LIMA pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei
12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 03 vezes, em razão
dos roubos dos veículos de placas PQI-1186, OLW-2165 e ONN-3484), e pela absolvição em
relação ao roubo do veículo de placas PQM-0970. Quanto ao acusado MAIKO JORGE
pugnou pela sua condenação pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da
Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 07 vezes, em
razão dos roubos dos veículos de placas OMN-5818, ONN-5910, NWF-0829, PQN-1208,
PQY-3164, PQW-6856 e OTP-8510), e a sua absolvição quanto aos roubos dos veículos de
placas PQQ-8012 e placas ONB-8190. Requereu a condenação do acusado CLEITON, pela
prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 311, caput, do
Código Penal (em razão da adulteração da numeração identificadora do veículo de placas
PGB-3361), bem como, a absolvição em relação à receptação e adulteração dos sinais
identificadores do veículo de placas OLW-2165. Requereu, ainda, a condenação do acusado
SILVIO JOSÉ, pela prática do crime previsto no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13,
entretanto, manifestou-se pela absolvição com relação à receptação da camionete de placas
OLQ-0845, considerando que não consta na peça acusatória a descrição do fato. Com relação
ao acusado EDIMILSON LUIS, requereu a sua condenação pela prática do crime previsto
art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e a absolvição em relação ao roubo do veículo de placas
IWJ-4206. Pugnou pela condenação do acusado JEOVÁ pela prática dos crimes previstos no
art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, 180, caput, do Código Penal (por transportar o veículo
de placas ONN-5910), art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 02 vezes,
em razão dos roubos dos veículos de placas NLI-8900 e NRN-2657) e art. 180, caput, c/c art.
71, caput, ambos do Código Penal (por 02 vezes, por ocultar em sua casa os objetos roubados
que estavam no interior dos veículos de placas OGM-1360 e ONP-2090), e a absolvição
quanto à receptação do veículo de placa PGB-3361 e quanto ao roubo do veículo de placas
IWJ-4206, justificando que essa última imputação foi um equívoco, pois pela narrativa da
própria peça acusatória, verifica-se que ele não foi um dos autores do crime. Com relação ao
acusado EVANDSON requereu a condenação pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§
2º e 4º, I da Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 03
vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas PQQ-8012, OTP-8510 e PQJ-7232), bem
assim, a absolvição em relação ao crime de roubo do veículo de placas NLI-8900. Requereu
também a condenação do acusado GENIVAL pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§
2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69, ambos do Código Penal (por 02
vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas ONB-8190 e OGM-2610) e art. 157, §2º, I
e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos

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9ª Vara Criminal

dos veículos de placas ONP-2090 e PGB-3361), e a absolvição em relação aos roubos dos
veículos de placas PQQ-6856 e NRN-2657. Quanto aos demais acusados, pugnou pela
procedência total dos fatos narrados na denúncia, para condenar: IVANILDO pela prática dos
crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 180, § 1º, do Código Penal
(em razão da receptação da camionete de placas ONY-2504); DIEGO HENDRIGO pela
prática do crime previsto no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13; EDUARDO pela prática
dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, do Código
Penal (em razão do roubo do veículo de placa OGJ-5465); PAULO SERGIO pela prática dos
crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II do Código
Penal (em razão do roubo do veículo de placas OLW-2165); MATEUS COSTA pela prática
do crime previsto no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13; JOÃO PEDRO pela prática dos
crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69,
ambos do Código Penal (por duas vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas OLW-
2165 e PQM-0970); ANTÔNIO CARLOS pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º
e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo
de placas ONN-3484); TAIRANY pela prática do crime previsto no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da
Lei 12.850/13; FILIPE pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, §2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas
IWJ-4206) e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por 02
vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas ONW-8639 e ONS-6830); DIEGO
COTRIM pela prática dos crimes previstos art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, §
2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas IWJ-4206) e art. 157, §
2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por duas vezes, em razão dos
roubos dos veículos de placas ONW-8639 e ONS-6830); MATHEUS LEOMAR pela prática
dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13 e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 69,
ambos do Código Penal (por 02 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas ONN-
5910 e NWF-0829); BRUNO REGINO pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e
4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo
de placas NWF-0829); IGOR ANDRÉ pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º,
I da Lei 12.850/13, e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal
(por 03 vezes, em razão dos roubos dos veículos de placas NLT-5139, ONP-6628 e ONC-
7469); THIERRY pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13,
e art. 157, §2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, ambos do Código Penal (por 03 vezes, em
razão dos roubos dos veículos de placas NLT-5139, ONP-6628 e ONC-7469); e MATHEUS
VIEIRA pela prática dos crimes previstos no art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, §
2º, I e II, do Código Penal (em razão do roubo do veículo de placas OTP-8510) e art. 157, §
2º, I e II, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal (em razão da tentativa do roubo da camionete
de placas ONN-4567) (fls. 2.885/2.965).

Por sua vez, o acusado EDIMILSON, representado por


advogado constituído, pugnou pela absolvição, nos termos do artigo 386, inciso IV, do
Código de Processo Penal, alegando não haver provas de ter ele concorrido para os crimes
imputados. Alternativamente, em caso de condenação, requereu a aplicação da pena no
mínimo legal, a fixação do regime aberto, ou no máximo semiaberto para início do
cumprimento de pena, e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito.

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9ª Vara Criminal

Por fim, requereu o direito de recorrer em liberdade, justificando que está há mais de 09
(nove) meses preso (fls. 2.985/2.993).

A defesa dos acusados TAIRANY (fls. 2.997/3.003),


DIEGO CONTRIM (fls. 3.004/3.012), MATHEUS LEOMAR (fls. 3.013/3.020), BRUNO
REGINO (fls. 3.021/3.027), THIERRY (fls. 3.028/3.036), EVANDSON (fls. 3.037/3.047),
MATHEUS VIEIRA (fls. 3.048/3.056) e CLEITON (fls. 3.057/3.065), exercitada por
Defensor Publico, requereu, preliminarmente, a declaração da nulidade das provas obtidas,
nos termos do artigo 5º, inciso LIV, da CF/88, c/c o artigo 157, do Código de Processo Penal,
alegando ilicitude por violação à garantia constitucional e supralegal do sigilo das
comunicações de dados, visto que a prova autorizada judicialmente, derivou de prova ilícita, a
chamada ilicitude de raiz, qual seja, o acesso aos dados do celular apreendido em poder do
preso Fabrício Alves da Silva, dando ensejo à absolvição, nos termos do artigo 386, incisos II,
V ou VII, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, requereu a readequação da
tipificação inicial, nos termos do artigo 383, do Código de Processo Penal, para a prevista no
artigo 288, parágrafo único, do Código Penal. Quanto aos acusados DIEGO CONTRIM (fls.
3.004/3.012), MATHEUS LEOMAR (fls. 3.013/3.020), BRUNO REGINO (fls.
3.021/3.027), THIERRY (fls. 3.028/3.036), EVANDSON (fls. 3.037/3.047), MATHEUS
VIEIRA (fls. 3.048/3.056) sejam absolvidos das imputações referentes aos roubos. Em caso
de condenação, requereu a fixação da pena em patamar mínimo, reconhecendo-se a
continuidade delitiva entre os delitos imputados. Requereu, ainda, em favor de THIERRY,
seja expedido ofício à direção da Casa de Prisão Provisória a fim de que seja fornecido
tratamento médico ao acusado, visto que ele possui dois projéteis alojados em seu corpo.

A defesa do acusado MATEUS COSTA pugnou pela


absolvição, alegando ausência de fundamento para a condenação, afirmando que o Ministério
Público firmou sua pretensão apenas nas provas carreadas nos autos de Inquérito Policial (fls.
3.132/3.135). A defesa dos acusados ANTÔNIO CARLOS (fls. 3.138/3.168) e EDUARDO
LIMA (fls. 3.169/3.199), pugnou pela absolvição quanto aos roubos dos veículos placa ONN-
3484 (ANTÔNIO CARLOS) e placa OGJ-5465 (EDUARDO LIMA), nos termos do artigo
386, incisos V e VII, do Código de Processo Penal, alegando, em ambos os fatos, que as
vítimas não os reconheceu e que não há prova jurisdicionalizada para embasar a condenação.
Sustentou, ainda, a ausência dos requisitos que possam caracterizar a organização criminosa.
Caso sobrevenha condenação em desfavor de ambos os acusados, requereu a fixação da pena-
base no mínimo legal e, ainda, a substituição da pena privativa de liberdade em restritivas de
direitos. Por fim, requereu que os réus possam recorrer em liberdade.

A defesa do acusado GENIVAL pugnou pela


absolvição, alegando insuficiência de provas para condenação. Em caso de condenação,
requereu a desclassificação do crime de roubo para a forma tentada, reconhecendo-se, ainda,
todas as atenuantes cabíveis. Alternativamente, requereu a aplicação do artigo 29, §§ 1º e 2º,
do Código Penal, e, por fim, requereu seja assegurado ao réu o direito de recorrer em
liberdade (fls. 3.200/3.228). A defesa do acusado IGOR ANDRÉ pugnou pela absolvição
quanto aos crimes de roubo, alegando que nenhuma vítima o reconheceu. De igual forma,
pugnou pela absolvição com relação a organização criminosa, visto que a acusação se dignou

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9ª Vara Criminal

a comprovar o vínculo entre ele e THIERRY, não se evidenciando, portanto, o número


mínimo de participantes exigido pela lei. Por fim, requereu que o réu recorra em liberdade,
pois portador de bons antecedentes, residência fixa e emprego certo (fls. 3.234/3.243). A
defesa de IVANILDO pugnou pela absolvição alegando ausência de provas quanto aos
crimes de receptação qualificada e organização criminosa, nos termos do artigo 386, V ou
VII, do Código de Processo Penal. Pelo princípio da eventualidade, requereu seja
desclassificada a conduta para a prática do delito previsto no artigo 349, do Código Penal, e,
alternativamente, pela desclassificação para receptação simples. Requereu, por fim, seja
assegurado ao réu o direito de recorrer em liberdade e o benefício da justiça gratuita (fls.
3.255/3.2611).

A defesa de MAIKO JORGE pugnou pela absolvição


quanto aos roubos dos veículos GM/S10, placas OMN-5818; Nissan/Frontier, placas ONN-
5910; VW/Amarok, placas NWF-0829; Toyota/Corolla, placas PQN-1208; Ford/Ranger,
placas PQY-3164; Fiat/Toro, placas PQW-6856; e Nissan/Frontier, placas OTP-8510;
alegando insuficiência de provas, visto que o acusado negou as imputações e não foi
reconhecido por nenhuma vítima, nos termos do artigo 386, V e VII, do Código de Processo
Penal. Requereu, ainda, o reconhecimento da ilegalidade das interceptações telefônicas, para o
fim de se anular o processo ab initio, nos termos do artigo 564, III, “a”, do Código de
Processo Penal, alegando que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XII, diz ser
inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telefônicas, bem assim, que as
interceptações telefônicas constituem meio de obtenção de prova e nunca uma prova em si
mesma. Alternativamente, requereu a improcedência total dos fatos, nos termos do artigo 386,
II ou VII, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, requereu a readequação da
tipificação para o artigo 288, parágrafo único, do Código Penal. Por fim, requereu seja
assegurado ao réu o direito de recorrer em liberdade (fls. 3.262/3.279). De igual forma, a
defesa de JEOVÁ pugnou pela nulidade do processo e o reconhecimento das provas ilícitas.
Em caso de condenação, requereu seja aplicada a pena no mínimo legal, bem assim, a
desclassificação da organização criminosa para o crime do artigo 288, parágrafo único, do
Código Penal. Por fim, requereu seja assegurado ao réu o direito de recorrer em liberdade
(fls.3.281/3.292).

A defesa dos acusados DIEGO HENDRIGO (fls.


3.293/3.322), BRUNO LIMA (fls. 3.323/3.353), PAULO SÉRGIO (fls. 3.354/3.983) e
JOÃO PEDRO (fls. 3.984/4.013) arguiu, preliminarmente, acerca da ilicitude das
interceptações telefônicas, argumentando que a diligência não obedeceu ao prazo legal.
Quanto ao mérito, pugnou pela absolvição, alegando não existir provas para condenação, nos
termos do artigo 386, V, do Código de Processo Penal. Alternativamente, requereu a
condenação no mínimo legal e aplicação de regime mais brando, com a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos ou a concessão do Sursis. Requereu, ainda, o
reconhecimento da participação de menor importância, nos termos do artigo 29, § 1º, do
Código Penal. Por fim, requereu seja assegurado aos réus o direito de recorrerem em
liberdade.

Finalizando a fase de memoriais, a defesa do acusado

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9ª Vara Criminal

FILIPE (fls. 4.014/4.019) pugnou pela absolvição, alegando insuficiência de provas, nos
termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal. Em caso de condenação,
requereu a fixação da pena base no mínimo legal, fixação do regime aberto e a conversão da
pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, nos termos do artigo 44, do Código
Penal. Por fim, a defesa dos acusados SÍLVIO (fls. 4.020/4.052) e WALISSON (fls.
4.053/4.085), preliminarmente, requereu a nulidade processual, alegando quanto ao primeiro,
“carência de provas concretas para caracterização de crime de associação criminosa”, e
quanto ao segundo, “nulidade por provas contestáveis indicadas pela promotoria de Justiça
argumentos com raízes em depoimentos de delegado investigador do caso, degravações
telefônicas confusas e de terceiros sem perícia técnica. Reconhecimento de réus por COPIAS
EM PRETO E BRACO (sic) e apenas em Juízo”. Quanto ao mérito, requereu a absolvição dos
acusados, aplicando-se o princípio do in dubio pro reo, nos termos do artigo 386, inciso VII,
do Código de Processo Penal. Ainda, quanto ao acusado WALISSON, requereu a fixação da
pena no mínimo legal, reconhecimento da menor participação e aplicação do crime
continuado, nos termos do artigo 71, do Código Penal. Requereu, também, o direito de
WALISSON recorrer em liberdade, considerando o seu frágil estado de saúde, justificando
que ele já perdeu grande parte da sua visão, em razão da diabetes, estando sendo medicado
precariamente com uso de insulina.

É o relatório. DECIDO.

Registro, inicialmente, que não será objeto de análise


nesta sentença a conduta atribuída ao acusado ALBEN FERREIRA NASCIMENTO, uma
vez que o processo e curso do prazo prescricional, em relação a ele, se encontram
suspensos, nos termos do artigo 366, do Código de Processo Penal (fls. 2.065).

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, proposta


pelo Ministério Público em desfavor de WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA,
BRUNO LIMA DOS SANTOS, MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO,
IVANILDO DE MORAIS PESSOA, DIEGO HENDRIGO LOPES DE SOUZA
GOUVEIA, CLEITON BORGES GUDIM, SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA,
EDUARDO LIMA DOS SANTOS, PAULO SERGIO GOMES DOS SANTOS,
MATEUS COSTA DE LIMA, JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS, ANTÔNIO
CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, TAIRANY NEVES DO NASCIMENTO, FILIPE
NASCIMENTO SILVA, DIEGO COTRIM MESSIAS, EDIMILSON LUIS DE SOUZA
FILHO, MATHEUS LEOMAR COSME LOPES, BRUNO REGINO DE SOUZA
SANTOS, IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO, THIERRY GLEYFFER
GONÇALVES BORGES, JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, EVANDSON CAETANO
CAMPOS MADUREIRA, GENIVAL DA SILVA FERRAZ e MATHEUS VIEIRA
LIRA, através da qual se apura a prática dos supostos crimes de organização criminosa,
roubo, receptação e de adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

De início, rejeito a preliminar aduzida pelos acusados


TAIRANY (fls. 2.997/3.003), DIEGO CONTRIM (fls. 3.004/3.012), MATHEUS

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9ª Vara Criminal

LEOMAR (fls. 3.013/3.020), BRUNO REGINO (fls. 3.021/3.027), THIERRY (fls.


3.028/3.036), EVANDSON (fls. 3.037/3.047), MATHEUS VIEIRA (fls. 3.048/3.056),
CLEITON (fls. 3.057/3.065), MAIKO JORGE (fls. 3.262/3.279) e JEOVÁ (fls.
3.281/3.292), através da qual pleiteiam a declaração da nulidade das provas obtidas, nos
termos do artigo 5º, inciso LIV, da CF/88, c/c o artigo 157, do Código de Processo Penal,
alegando ilicitude por violação à garantia constitucional e supralegal do sigilo das
comunicações de dados, visto que a prova autorizada judicialmente derivou-se de prova
ilícita, a chamada ilicitude de raiz, qual seja, acesso aos dados do celular apreendido em poder
do preso Fabrício Alves da Silva.

Não obstante a argumentação expendida, não há que se


falar que os dados obtidos a partir do aparelho celular de um detento trata-se de prova ilícita e
que contaminou as demais provas produzidas legalmente, mediante autorização judicial. O
artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal prevê como exceção à inviolabilidade do sigilo
das comunicações de dados a ordem judicial (o que não é o caso, visto que o primeiro acesso
da Autoridade Policial ao aparelho do preso não foi autorizado judicialmente) e nas hipóteses
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação ou instrução processual penal, ponto
que se amolda à conduta da Autoridade referida, configurando, em verdade, procedimento
policial escorreito, que não se desenvolveu às escondidas e foi instrumento necessário para
salvaguardar o interesse público em detrimento do direito individual à intimidade do preso.
Veja que a Lei Ordinária nº 7.210/84, em seu art. 41, Parágrafo Único, compreendeu a
faculdade do direto do estabelecimento prisional, exercer fiscalização sobre a correspondência
dos detentos. Há que se mencionar que mesmo que seja norma pretérita à Constituição
Federal, ela foi devidamente recepcionada por ser compatível com os preceitos do Estado
Democrático de Direito, e da mesma forma foi considerada constitucional aos parâmetros da
constituição naquele momento instaurada.

Diz o artigo 41, da Lei Ordinária nº 7.210/84:

Art. 41 - Constituem direitos do preso:


V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o
descanso e a recreação;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência
escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do
diretor do estabelecimento.(Grifos Nossos)

Portanto, o direito à inviolabilidade do sigilo das


comunicações de dados é mitigado pela própria lei, estando a Autoridade Policial resguardada
quanto à legalidade da sua atuação. Ainda, a Suprema Corte decidiu que o direito à
privacidade e à intimidade do preso não é superior aos ditames de segurança pública,
21
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

disciplina prisional e a própria preservação da ordem jurídica, assegurando que "a cláusula
tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda
de práticas ilícitas" (H.C. 70.814-5/SP, DJ de 24-6-1994, Rel. Min. Celso de Mello).

Por outro lado, sabe-se que o artigo 50, VII, da Lei de


Execução Penal, dispões como falta grave quem tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo. Necessário destacar que não é possível cobrir com o manto da
legalidade, revestindo com as garantias e direitos fundamentais, a conduta ilegal do detento
Fabrício, visto que ele sequer poderia possuir celular dentro do presídio.

De igual modo, rejeito a preliminar aduzida pelos


acusados DIEGO HENDRIGO (fls. 3.293/3.322), BRUNO LIMA (fls. 3.323/3.353),
PAULO SÉRGIO (fls. 3.354/3.983) e JOÃO PEDRO (fls. 3.984/4.013), ao pleitearem a
nulidade das interceptações, justificando que ocorreram fora do prazo legal. Insta mencionar
que foram oito decisões judiciais autorizando as interceptações, todas de maneira
fundamentada, atendendo, invariavelmente, aos requisitos legais, a saber: decisão de
29/02/2016 (fls. 99/101); decisão de 03/05/2016 (fls. 148/150); decisão de 13/07/2016 (fls.
190/192); e decisão de 25/08/2016 (fls. 263/267), todas dos autos de protocolo
201600637293; decisão de 11/10/2016 (fls. 81/86), todas dos autos de protocolo
201603458900; decisão de 19/12/2016 (fls. 106/112), todas dos autos de protocolo
201604148165; decisão de 13/02/2017 (fls. 91/96), todas dos autos de protocolo
201700312400; e decisão de 10/03/2017 (fls. 84/89), todas dos autos de protocolo
201700593514. Necessário salientar que as Operadoras de telefonia não atendem o pedido de
acordo com a data da decisão, mas sim pela data em que a autoridade policial encaminha o
ofício à Operadora. Portanto, não há que se falar em interceptação fora do prazo legal, quando
todas as interceptações telefônicas juntadas aos autos foram devidamente autorizadas
judicialmente.

Por fim, quanto às preliminares aduzidas pela defesa


dos acusados SÍLVIO (fls. 4.020/4.052) e WALISSON (fls. 4.053/4.085): “carência de
provas concretas para caracterização de crime de associação criminosa”, e “nulidade por
provas contestáveis indicadas pela promotoria de Justiça argumentos com raízes em
depoimentos de delegado investigador do caso, degravações telefônicas confusas e de
terceiros sem perícia técnica. Reconhecimento de réus por COPIAS EM PRETO E BRACO
(sic) e apenas em Juízo”, registro que não há nulidade a ser declarada. As provas indicadas
pelo Ministério Público, consistentes na oitiva de vítimas e testemunhas são legais e previstas
no ordenamento jurídico. Não há, também, qualquer empecilho a que a autoridade policial
deponha, em juízo, detalhando as investigações realizadas. A interceptação telefônica, no caso
dos autos, foi autorizada judicialmente e encontra-se, integralmente, materializada nas mídias
anexadas aos autos. A degravação, por sua vez, que nada tem de confusa, foi realizada pelos
próprios agentes da investigação, e teve, por finalidade, facilitar o trabalho de pesquisa e
identificação das provas. E a realização de perícia mostra-se desnecessária, quando não há,
exatamente, ponto a ser questionado, principalmente se for considerado que toda a atividade
foi coordenada pela autoridade policial que investigou o caso. Quanto aos demais pontos

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

suscitados, verifico que a argumentação se confunde com a matéria de mérito e, assim,


deverão ser analisados no confronto das provas produzidas.

Dessa forma, se vê que os procedimentos cautelares são


lícitos, pois atenderam aos ditames legais, não havendo que se falar em nulidade, nem mesmo
cerceamento de defesa.

Passando ao mérito, será procedida a análise de cada


crime.

Antes de se analisar as condutas, em tese, ilícitas,


importante ressaltar a relevância das interceptações telefônicas (autorizadas judicialmente), as
quais são parte integrante do conjunto probatório, principalmente porque submetidas ao
contraditório (postergado), possibilitando, deste modo, o exercício da ampla defesa e do
devido processo legal. Nesse sentido, é o entendimento do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO RECURSO ESPECIAL. ARTIGO 273, §§ 1.º E 1.º-B DO CP.
VIOLAÇÃO AO ART. 381, III, DO CPP. INOCORRÊNCIA.
ANÁLISE DE TODAS AS TESES DEFENSIVAS. Não há falar em
violação ao art. 381, III, do CPP quando a Corte a quo analisa todas as
questões arguidas pela defesa, ainda que de maneira contrária aos seus
interesses, como ocorreu in casu. OFENSA AO ART. 5.º DA LEI N.º
9.296/96. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES QUE
PRORROGARAM A QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO.
PROVIMENTOS JUDICIAIS MOTIVADOS. EIVA INEXISTENTE.
1. É lícita a interceptação telefônica, assim como as suas
prorrogações, desde que devidamente fundamentada em decisão
judicial, conforme ocorreu no presente caso, quando preenchidos
os requisitos autorizadores da medida, nos termos do art. 2.º da
Lei n.º 9.296/96. 2. Das decisões judiciais anexadas aos autos,
percebe-se que a excepcionalidade do deferimento da interceptação
telefônica foi justificada em razão da suspeita da prática de grave
infração penal pelos investigados, tendo sido prolongada no tempo em
razão do conteúdo das conversas monitoradas, as quais indicariam a
existência de um complexo grupo que estaria associado para o fim de
cometer o delito de tráfico internacional de drogas sintéticas,
substâncias anabolizantes e de medicamentos. 3. Ainda que o Juízo
tenha utilizado um modelo de decisão para motivar as prorrogações da
quebra de sigilo telefônico, bem como a inclusão de novos números, o
certo é que, subsistindo as razões para a continuidade das
interceptações, como ocorreu no caso - tendo em vista a própria
natureza e modus operandi dos delitos investigados -, inexistem óbices
a que o magistrado adote os mesmos fundamentos empregados nas
prévias manifestações proferidas no feito. Precedentes.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

CONDENAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE EM PROVAS


PRODUZIDAS NA FASE INQUISITORIAL. ÉDITO
REPRESSIVO QUE EXPRESSAMENTE FAZ MENÇÃO AOS
ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS
JUDICIALMENTE. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO
DISPOSTO NO ARTIGO 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. 1. É entendimento consolidado nesta Corte Superior que
a condenação pode ser fundamentada em elementos colhidos no
inquérito, desde que submetidos ao crivo do contraditório. 2. O
exercício do contraditório sobre as provas não repetíveis, obtidas
em razão de interceptação telefônica ou de busca e apreensão
judicialmente autorizadas é diferido para a ação penal porventura
deflagrada, já que a sua natureza não é compatível com o prévio
conhecimento do agente que é o alvo da medida. 3. Tendo a parte
acesso à interceptação telefônica e aos laudos periciais formulados
após exame em seu computador pessoal, e não havendo o Togado
sentenciante e a Corte Estadual se fundado apenas em tais
elementos de convicção para motivar a condenação, não há falar
em utilização de prova não sujeita ao crivo do contraditório e,
pois, em violação ao art. 155 do CPP. NEGATIVA DE VIGÊNCIA
AO ART. 156 DO CPP. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE
PROVAS SUFICIENTES A AMPARAR A CONDENAÇÃO.
Inexiste inversão do ônus da prova quando a acusação produz
arcabouço probatório suficiente à formação da certeza necessária ao
juízo condenatório. (...). (AgRg nos EDcl no REsp 1292124/PR, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2017,
DJe 20/09/2017) (Destaque não original).

Para que se estabeleça a exata correlação entre as várias


interceptações autorizadas por este juízo e os respectivos alvos, importante os seguintes
esclarecimentos, de forma a identificar cada um dos atores deste processo que, eventualmente,
possam ter relação com a diligência autorizada: WALISSON RODRIGUES DE
OLIVEIRA, extrajudicialmente (fls. 546/547), afirmou que seu apelido é Gordinho, bem
assim, ser proprietário das linhas telefônicas 62.99328-5629 e 62.98157-6749, mas que não
estão cadastradas em seu nome, sendo os respectivos números apreendidos no aparelho
celular, marca Motorola (auto de busca e apreensão fls. 448), bem assim, o número 62.98182-
9409 (auto de busca e apreensão fls. 203). MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO,
extrajudicialmente (fls. 563) afirmou ser proprietário da linha telefônica apreendida em seu
celular, entretanto, conforme auto de busca e apreensão fls. 518, foram apreendidos três
celulares na sua posse, com os respectivos IMEIS 357114072940305 e 3571150722940302,
356834-06-250119-4 e 356834-06250120-2, 358996060890800 e 358996060890792, bem
assim, foram apreendidos (auto de busca e apreensão fls. 520) na residência do sogro de
MAIKO JORGE, os nº 62.98165-2292 e 62.99400-0849, de sua esposa Lohanna Mabyle da
Silva Santos. IVANILDO DE MORAIS PESSOA, extrajudicialmente (fls. 560) afirmou ser
proprietário da linha telefônica 62.99333-9618 há 10 anos, sendo o respectivo número

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9ª Vara Criminal

apreendido no aparelho celular, marca Samsung (auto de busca e apreensão fls. 514). DIEGO
HENDRIGO LOPES DE SOUZA GOUVEIA, extrajudicialmente (fls. 550/551) afirmou
ser proprietário da linha telefônica 62.99187-1775 há vários anos, sendo o respectivo número
apreendido no aparelho celular, marca SNSV, junto com o número 62.98567-7812 (auto de
busca e apreensão fls. 506). CLEITON BORGES GUDIM, extrajudicialmente (fls. 556/557)
afirmou ser proprietário da linha telefônica 62.99257-2760, há mais de um ano, sendo o
respectivo número apreendido no aparelho celular, marca Moto G (auto de busca e apreensão
fls. 509). SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA, extrajudicialmente (fls. 589/590) afirmou
que já possuiu as linhas telefônicas 62.9635-6883 e 98514-3261. PAULO SERGIO GOMES
DOS SANTOS, extrajudicialmente (fls. 601/602) afirmou ser proprietário da linha telefônica
62.9279-5817, registrada em seu nome. TAIRANY NEVES DO NASCIMENTO,
extrajudicialmente (fls. 582/583) afirmou que não possui apelidos e não é conhecida como
TATA, bem assim, que é proprietária da linha telefônica 62.9534-2057, sendo o respectivo
número apreendido no aparelho celular, marca Apple (auto de busca e apreensão fls. 516) e
que nunca possuiu as linhas nºs 62.99500-4380 e 62.99920-3006. Com DIEGO COTRIM
MESSIAS foram apreendidos três aparelhos celulares, sendo que dois estavam com as linhas
de nºs 62.99321-2063 e 62.99494-6491 (auto de busca e apreensão fls. 523). Com
EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO, foram apreendidos cinco aparelhos celulares,
sendo que dois estavam com as linhas de nºs 62.99426-1443 e 62.99554-3202 (auto de busca
e apreensão fls. 525/526). JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, extrajudicialmente (fls. 575) afirmou
que não possui linha telefônica, mas utiliza o telefone de sua esposa, proprietária da linha
telefônica 62.99522-4390, bem assim, disse que já foi proprietário da linha telefônica
62.99303-7035. No auto de prisão em flagrante às fls. 194, em desfavor de JEOVÁ, ele
informou o celular nº 99260-5585. Por fim, foram apreendidos com JEOVÁ cinco aparelhos
celulares, sendo que dois estavam com as linhas de nºs 62.99564-3144, 62.99391-2307 e
62.98563-8011 (auto de busca e apreensão fls. 531/535), além de outros bens de origem
criminosa. EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA informou,
extrajudicialmente, o telefone nº 99161-0145 (fls. 186). GENIVAL DA SILVA FERRAZ,
extrajudicialmente (fls. 635/638) afirmou: “QUE é proprietário da linha telefônica 62.99381-
2159 há mais de um ano...” Ainda, foram apreendidos com GENIVAL dois aparelhos
celulares, sendo que um estava com a linha de nº 62.99381-2159 (auto de busca e apreensão
fls. 629/632). MATHEUS VIEIRA LIRA, extrajudicialmente (fls. 566), afirmou ser
proprietário da linha telefônica 62.99460-4078 há vários anos, bem assim, que foram
apreendidos cinco aparelhos celulares, sendo que um estava com as linhas de nºs 62.98141-
7130 e 62.99481-5958 (auto de busca e apreensão fls. 528). Por sua vez, IGOR ANDRÉ
VALENÇA DO NASCIMENTO, extrajudicialmente (fls. 577/578), afirmou ser proprietário
da linha telefônica 62.99335-0717 há quatro meses e que não se recorda qual número possuía
antes, nem se era o nº 62.99504-1323. Em diligência policial, foram apreendidos com IGOR
ANDRÉ um aparelho celular, com as linhas de nºs 62.99218-9567 e 62.99335-0717 (auto de
busca e apreensão fls. 541/542), e um veículo VW/Gol placa ONE-2691. Há que se falar,
neste ponto, que não há dúvidas de que o interlocutor das conversas gravadas nos índices nºs
38109478, 38098897 e 38155670 (mídia às fls. 356), da interceptação telefônica da linha nº
62.99504-1323, é o acusado IGOR ANDRÉ, tornando desnecessária a realização de exame
de semelhança de voz. Os fatos dizem por si só. Veja que no primeiro índice, IGOR ANDRÉ
diz que está na faculdade, ao que o outro interlocutor o chama para fazer “uns corres”, tendo

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9ª Vara Criminal

IGOR perguntado “que horas?”. Em contrapartida, o interlocutor responde “a hora que você
sair” (áudio do dia 26/10/2016, às 19:20:29). Neste ponto, importante destacar que IGOR
ANDRÉ, confirmou, judicialmente, que está cursando o 6º período de Direito na faculdade
Fasam; no segundo índice, o interlocutor, conversando com sua namorada no celular, a quem
trata por “meu amorzinho”, acaba por atender outras ligações no telefone fixo do banco,
dizendo: “BRB bom dia”, repetindo diversas vezes “BRB bom dia”, ao que a namorada diz
“que bonitinho”, e o interlocutor diz que “o povo é folgado, que o povo não chega e eles me
botam para atender telefone”, evidenciando, sem qualquer dúvida, tal como afirmado por
IGOR ANDRÉ, que o interlocutor trabalha, de fato, no Banco BRB; por fim, no terceiro
índice, um dos interlocutores, uma mulher, diz que “queria falar com André … Igor, Igor
André” ao que o outro interlocutor responde sim, passando a ligação para outra pessoa, que o
chama de IGOR. Portanto, a prova é suficiente para confirmar que o número interceptado
realmente pertencia a IGOR ANDRÉ, sendo, inclusive, a sua voz nas gravações
interceptadas.

Feitos, portanto, tais esclarecimentos, que são comuns a


todos os crimes, passa-se à análise de cada fato, individualmente, seguindo a sistemática e a
numeração apresentada na denúncia:

1) DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Tratando do Crime de Organização Criminosa, a Lei


12.850/2013, assim estabelece:

“Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a


investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações
penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.
(...)
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar,
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais
praticadas.
(…)
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da
organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando,
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

pratique pessoalmente atos de execução.


§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;”

De acordo com a denúncia, os réus integravam uma


organização criminosa responsável por diversos roubos de veículos ocorridos nesta capital e
cidades vizinhas, os quais eram destinados a desmontagem e revenda das peças em
estabelecimentos comerciais mantidos pelo grupo. Referida organização era composta por três
núcleos, sendo dois responsáveis pelos roubos e um pelo desmanche e venda das peças.

O primeiro núcleo (1.1), coordenado pelo acusado


WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, vulgo “Gordão”, integrado pelos acusados
CLEITON BORGES GUDIM, IVANILDO DE MORAIS PESSOA, SILVIO JOSÉ
LONGO FERREIRA e DIEGO HENDRIGO LOPES DE SOUZA GOUVEIA,
responsável por determinar quais veículos deveriam ser roubados, indicando o local onde
deveriam ser guardados ou desmanchados ou adulterados, além de coordenar o transporte das
peças dos veículos roubados até os estabelecimentos comerciais dos integrantes responsáveis
pelas vendas. Mantinha estreito relacionamento com os outros dois grupos, comandados pelos
acusados BRUNO LIMA DOS SANTOS e MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO,
responsáveis pelos roubos dos veículos.

O segundo núcleo (1.2), coordenado pelo denunciado


BRUNO LIMA DOS SANTOS, vulgo “Chinês”, integrado pelos acusados PAULO
SÉRGIO GOMES DOS SANTOS, JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS, MATEUS
COSTA DE LIMA, ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, TAIRANY
NEVES DO NASCIMENTO e EDUARDO LIMA DOS SANTOS, destinado aos roubos
de veículos, encomendados por WALISSON.

O terceiro núcleo (1.3), coordenado pelo acusado


MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, vulgo “Cueca”, integrado pelos acusados
FILIPE NASCIMENTO SILVA, DIEGO COTRIM MESSIAS, EDIMILSON LUIS DE
SOUZA FILHO, MATHEUS LEOMAR COSME LOPES, BRUNO REGINO DE
SOUZA SANTOS, IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO, THIERRY
GLEYFFER GONÇALVES BORGES, JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, EVANDSON
CAETANO CAMPOS MADUREIRA, GENIVAL DA SILVA FERRAZ, MATHEUS
VIEIRA LIRA e o adolescente Marcos Regino de Souza Santos, destinado aos roubos de
veículos, também encomendados por WALISSON.

O crime de organização criminosa denunciado tem sua


existência, ou materialidade, revelada pelo Relatório policial (fls. 699/703) e RAI nº 316044
(fls. 704/706); Relatório policial (fls. 719/721) e RAI nº 384024 (fls. 722/725); Relatório
policial (fls. 730/736), RAI nº 830035 (fls. 737/739), CRLV do veículo subtraído (fls. 742),
fotografia da camionete subtraída com a placa já adulterada (fls. 743) e RAI nº 837813 (fls.
747/749); Relatório policial (fls. 750/754) e RAI nº 849751 (fls. 755/757); Relatório policial
(fls. 764/768) e RAI nº 925647 (fls. 769/772); Relatório policial (fls. 750/754), RAI nº

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9ª Vara Criminal

849751 (fls. 755/757) e RAI nº 1266889 (fls. 786/793); Relatório policial (fls. 813/816) e RAI
nº 1278339 (fls. 817/819); Relatório policial (fls. 823/825) e RAI nº 1319140 (fls. 827/828);
Relatório policial (fls. 832/840) e RAI nº 1318234 (fls. 841/843); Relatório policial (fls.
847/852), RAI nº 1554724 (fls. 853/856) e RAI nº 1554672 (fls. 866/868); Relatório policial
(fls. 869/873) e RAI nº 1557988 (fls. 874/876); Relatório policial (fls. 880/884) e RAI nº
1557988 (fls. 885/887); Relatório policial (fls. 906/910) e RAI nº 1623107 (fls. 911/914);
Relatório policial (fls. 918/923), RAI nº 1653088 (fls. 924/926) e RAI nº 1669185 (fls.
933/936); Relatório policial (fls. 918/923) e RAI nº 1653390 (fls. 937/941); Relatório policial
(fls. 946/947); RAI nº 2065406 (fls. 948/952), termo de entrega (fls. 958) e Auto de Busca e
Apreensão fls. 531/532 (item 23); Relatório policial (fls. 959/962), RAI nº 2125365 (fls.
963/966) e RAI nº 2150953 (fls. 969/972); Auto de prisão em flagrante (fls. 186/195), auto de
exibição e apreensão (fls. 196/198); ocorrência (fls. 206/209); consulta Rede Infoseg,
evidenciando que os veículos são de origem ilícita (fls. 210/211); Relatório policial (fls.
973/978), RAI nº 2142594 (fls. 986/988) e RAI nº 2132477 (fls. 979/982); Relatório policial
(fls. 989/999), RAI nº 2160598 (fls. 1.001/1.003), termo de entrega (fls. 1.011), Auto de
Busca e Apreensão fls. 629/630 e RAI nº 2207516 (fls. 1.012/1.016); Relatório policial (fls.
1.025/1.038), RAI nº 2157492 (fls. 1.039/1.041), auto de exibição e apreensão (fls. 1.054),
termo de entrega (fls. 1.055), cópia do CRV do veículo subtraído (fls. 1.056) e Laudo de
exame de perícia criminal – identificação de veículo automotor (fls. 1.063/1.066); Relatório
policial (fls. 1.067/1.073) e RAI nº 2158726 (fls. 1.074/1.076); Relatório policial (fls.
1.078/1.083) e o RAI nº 2213754 (fls. 1.084/1.086); Relatório policial (fls. 1.090/1.097), RAI
nº 2243114 (fls. 1.098/1.100) e RAI nº 2248365 (fls. 1.113/1.116); Relatório policial (fls.
1.130/1.132), RAI nº 2410490 (fls. 1.133/1.135), termo de entrega (fls. 1.138/1.139), Auto de
Busca e Apreensão fls. 531/532 (item 19); Relatório policial (fls. 1.140/1.144) e prévia de
ocorrência (fls. 1.145/1.146); Relatório policial (fls. 1.154/1.160), RAI nº 2515259 (fls.
1.161/1.164), termos de entrega (fls. 1.167 e 1.169), Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532
(item 13), Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630; fotografia de fls. 631, Auto de exibição e
apreensão de fls. 644, e RAI nº 2594717 (fls. 1.170/1.172); Relatório policial (fls.
1.174/1.181), RAI nº 2515648 (fls. 1.182/1.184); Relatório policial (fls. 665/696), laudo de
exame de perícia criminal – identificação de veículo automotor (fls. 1.521/1.526); Relatório
policial de fls. 1.196/1.199, RAI nº 2568466 (fls. 1.200/1.203), termo de entrega (fls.
1.207/1.209), Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532 (itens 20, 21 e 26), e RAI nº 2568741
(fls. 1.214/1.216); Relatório policial (fls. 1.217/1.223), RAI nº 2618543 (fls. 1.224/1.226),
termo de entrega (fls. 1.231/1.232), Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630 (item 1 –
segundo – IMEI 359591061832817/01) e Relatório policial (fls. 665/696).

Interrogados, os acusados WALISSON (fls.


2.755/2.758), BRUNO LIMA (fls. 2.734/2.736), MAIKO JORGE (fls. 2.762/2.764),
SÍLVIO JOSÉ (fls. 2.759/2.761), ANTÔNIO CARLOS (fls. 2.743/2.745), EDUARDO
LIMA (fls. 2.737/2.739), PAULO SÉRGIO (fls. 2.740/2.742), FILIPE (fls. 2.749/2.751),
DIEGO COTRIM (fls. 2.731/2.733), JOÃO PEDRO (fls. 2.765/2.767), EDMILSON LUÍS
(fls. 2.746/2.748), MATHEUS LEOMAR (fls. 2.725/2.727), BRUNO REGINO (fls.
2.768/2.770), IGOR ANDRÉ (fls. 2.722/2.724), THIERRY (fls. 2.728/2.730), JEOVÁ (fls.
2.771/2.773), EVANDSON (fls. 2.777/2.779), GENIVAL (fls. 2.774/2.776), MATHEUS
VIEIRA (fls. 2.752/2.754), CLEITON (interrogatório gravado em mídia às fls. 2.677/2.682),

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9ª Vara Criminal

DIEGO HENDRIGO (interrogatório gravado em mídia às fls. 2.677/2.682), TAIRANY


(interrogatório gravado em mídia às fls. 2.677/2.682), IVANILDO (interrogatório gravado
em mídia às fls. 2.677/2.682) negaram a imputação referente à organização criminosa.

Não obstante a negativa de autoria, a responsabilidade


criminal de todos os acusados, com exceção de TAIRANY, restou claramente comprovada,
visto que a prova produzida durante a instrução processual, bem assim, aquela decorrente da
quebra do sigilo telefônico, não deixa dúvida de que se está diante de uma organização
criminosa, nos exatos termos da Lei 12.850/2013.

Ouvido judicialmente, o Delegado responsável pelas


investigações, Fábio Meireles Vieira (depoimento gravado em mídia às fls. 2.503/2.511),
relatou com riqueza de detalhes quem eram os integrantes da organização criminosa, quem
eram os líderes, bem assim como eram desenvolvidas as atividades criminosas
desempenhadas nos três núcleos da organização. Com efeito, a testemunha Fábio Meireles
Vieira afirmou que as investigações tiveram início com as interceptações telefônicas
autorizadas pela justiça, em razão das frequentes notícias de roubos de veículos nesta Capital.
Esclareceu a autoridade que foram verificados três núcleos da organização criminosa, sendo o
núcleo dos receptadores coordenado por WALISSON, um dos núcleos dos assaltantes,
comandado por BRUNO LIMA e o terceiro núcleo, também de roubos de veículos,
comandado por MAIKO JORGE. Afirmou que a organização objetivava vantagem
financeira, com divisão de tarefas e era muito bem definida, bem como a hierarquia entre os
integrantes. WALISSON, responsável pelo núcleo dos receptadores, encomendava os
veículos a BRUNO, vulgo Chinês, e MAIKO JORGE, vulgo Cueca, os quais seriam por
eles subtraídos e repassados à WALISSON, que seguia na desmontagem, junto com as
pessoas que estavam subordinadas a ele, a saber, DIEGO, CLEITON, IVANILDO e Paulo
Miranda. Após, os veículos eram repassados para a loja do acusado SILVIO para venda das
peças. Os acusados CLEITON, IVANILDO e o adolescente Paulo Miranda eram
responsáveis pelos desmanches. O transporte das peças do local do desmanche para a loja de
SILVIO era realizado por DIEGO HENDRIGO, o qual era ciente da ilicitude da atividade.
Os desmanches eram inicialmente realizados na oficina de CLEITON, mas, após uma ação
da Polícia Militar, oportunidade em que o acusado CLEITON conseguiu fugir do local,
mudaram o endereço para Aparecida de Goiânia, local, inclusive, próximo à loja de SILVIO.
Foi realizada uma nova ação policial, ocasião em que foi apreendida uma camionete, sendo
que o acusado IVANILDO conseguiu fugir. Com isso, mais uma vez, mudaram de endereço,
retornando para a oficina do acusado CLEITON nas proximidades de sua casa. Pelas escutas,
ficou clara a divisão de tarefas bem como a hierarquia existente entre os acusados, restando
evidente que WALISSON determinava como tudo deveria ser feito, horários etc. Relatou que
foram captadas diversas ligações do acusado WALISSON encomendando veículos para o
acusado BRUNO e este, quando estava com os veículos, entrava em contato para combinar a
entrega deles. Evidenciou que, buscando resguardar a estrutura dos grupos, os contatos eram
feitos entre os líderes dos núcleos. Declarou que os subordinados ao acusado BRUNO foram
identificados como sendo os acusados EDUARDO (seu irmão), PAULO SÉRGIO, JOÃO
PEDRO, MATHEUS COSTA, ANTÔNIO e TAIRANY. Que BRUNO dava as ordens
sobre quais veículos deveriam ser roubados, segundo as encomendas do acusado

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9ª Vara Criminal

WALISSON. BRUNO também emprestava armamento e, ainda, participava de alguns dos


assaltos, sendo conhecido no meio policial. Esclareceu que na ausência do acusado
WALISSON, durante o período em que foi preso em decorrência de uma ação da Polícia
Militar, o acusado EDUARDO é quem assumia as tratativas com o acusado WALISSON.
Que os acusados PAULO SÉRGIO e JOÃO PEDRO realizavam os assaltos, assim como
ANTÔNIO, sempre sob as orientações de BRUNO. Por sua vez, a acusada TAIRANY tinha
a função de guarda do armamento e dos objetos utilizados nos roubos, sendo constatados
vários diálogos telefônicos nesse sentido. Em relação ao acusado MAIKO JORGE, declarou
que este liderava o terceiro grupo, comandando os assaltos, sendo o maior núcleo dentre
todos, tendo sob o seu comando diversos integrantes da organização, inclusive o acusado
IGOR ANDRÉ, que geralmente tinha a função de levar as pessoas determinadas por
MAIKO ao local do crime, uma vez que era MAIKO quem determinava quem deveria
realizar os roubos, quem deveria realizar o transporte, pagava fianças e advogados aos
comparsas presos, exercendo forte papel de liderança em relação ao núcleo. Relatou que
MAIKO alugou um imóvel, conhecido como “buraco” para onde os veículos roubados eram
levados, sendo que a mulher responsável pelo aluguel não foi identificada. Afirmou que não
há dúvidas, pelas investigações, que se tratava de uma organização criminosa, visto que
presentes todos os elementos do crime. Relatou que foi apreendido um veículo Veloster,
produto de crime, na casa do acusado WALISSON, ficando evidentemente demonstrado que
o veículo foi transplantado na oficina do acusado CLEITON, fato este comprovado por meio
da interceptação telefônica, bem como pelas conversas via Whatsapp, existindo nestas fotos
do veículo. Narrou que havia habitualidade no relacionamento do acusado IVANILDO com o
acusado WALISSON, sendo identificados vários telefonemas, restando clara a ciência de
IVANILDO quanto à ilicitude dos veículos. Contou que foi encontrada uma camionete
transplantada na loja do acusado SILVIO. Ressaltou, ainda, que em uma ocasião em que o
acusado WALISSON foi preso, o acusado SILVIO demonstrou preocupação, sem saber o
motivo da prisão de seu comparsa e com receio de que WALISSON o entregasse às
autoridades policiais. Que Paulo, formalmente, era funcionário do SILVIO, pois trabalhava
na loja, mas informalmente trabalhava para o acusado WALISSON, no desmanche dos
veículos. Não foi feita quebra de sigilo bancário para constatar a transação entre os acusados
pois foi verificado que a maioria dos pagamentos eram feitos em dinheiro, porém, através das
interceptações telefônicas foram identificadas conversas relacionadas aos valores obtidos com
os ilícitos. Contou que FELIPE estava subordinado a MAIKO e atuava nos assaltos. Que
FELIPE delegava as funções do roubo a DIEGO COTRIM e EDIMILSON, contudo,
durante as ações, permaneceia no veículo de apoio. Relatou que no roubo ocorrido em um
salão de beleza, em que a vítima recebeu coronhadas, após ter o carro roubado, ela conseguiu
uma motocicleta emprestada e seguiu os acusados. Ao ser informado da perseguição,
FELIPE, que estava no carro de apoio, determinou que COTRIM e EDIMILSON
seguissem um caminho diferente e efetuassem um disparo contra a vítima, que após o feito,
interrompeu a perseguição, fato constatado nas interceptações telefônicas. Discorreu que o
acusado IGOR estava vinculado ao acusado MAIKO, levando seus comparsas para execução
dos crimes e ficava nas proximidades, dando cobertura. Que as condutas de IGOR foram
identificadas nas interceptações, pelas escutas e ERBs. Descreveu que o acusado MATEUS
tinha contato com o acusado WALISSON, e no início gerenciava os veículos, determinando
o local onde deveriam ficar, informando, ainda, os veículos propícios para serem roubados, se

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9ª Vara Criminal

dispondo para praticar os crimes, agindo, também, no transporte de armas e objetos usados
para a prática dos crimes. Narrou que o acusado ANTÔNIO CARLOS praticava roubos com
o acusado BRUNO, sendo ele, inclusive, monitorado por tornozeleira eletrônica, informando
que ambos praticaram o roubo de um veículo na região de Aparecida de Goiânia, sendo que o
acusado ANTÔNIO CARLOS se reportava ao acusado BRUNO em razão desse veículo.
Que nas interceptações restou constatado que a atuação de ANTÔNIO era habitual, sendo ele,
portanto, integrante da organização criminosa. Declarou que o acusado EDUARDO assumiu
especial relevância quando da prisão do BRUNO, pois ele assumiu as tratativas com
WALISSON. Que EDUARDO estava foragido e atuava diretamente nos roubos. Que a
organização possuía a logística e materiais necessários para a prática dos crimes, incluindo
armas, munições e material utilizados para desmontagem de veículos.

1.1 Núcleo Coordenado pelo denunciado WALISSON


RODRIGUES DE OLIVEIRA, vulgo “Gordão”. O primeiro núcleo (1.1), coordenado pelo
acusado WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, vulgo “Gordão”, era integrado pelos
acusados CLEITON BORGES GUDIM, IVANILDO DE MORAIS PESSOA, SILVIO
JOSÉ LONGO FERREIRA e DIEGO HENDRIGO LOPES DE SOUZA GOUVEIA,
mantendo estreito relacionamento com os outros dois grupos, comandados pelos acusados
BRUNO LIMA DOS SANTOS e MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, que eram
os responsáveis pelos roubos dos veículos.

Segundo demonstrado nas interceptações telefônicas, o


acusado WALISSON atuava em duas frentes da organização criminosa, sendo a primeira
referente ao roubo de veículos automotores, ocasião em que operava diretamente com os
outros dois líderes de núcleos, coordenados pelos acuados BRUNO LIMA (segundo núcleo -
1.2) e MAIKO JORGE (terceiro núcleo - 1.3). As interceptações evidenciaram que
WALISSON atuou como mandante em seis crimes de roubo (2.2, 2.3, 2.4, 2.13, 2.21 e 2.28):
veículos GM/S10, placas OMN-5818, cor branca (vítima Etevaldo Alves Galvão);
Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014, placas ONN-5910 (vítima Elio
Rodrigues de Freitas); Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165 (vítima Reginaldo José
dos Santos); Ford/Ranger, cor cinza, placas PQY-3164 (vítima José Alberto Ávila de Souza);
VW/Kombi, cor branca, placas OGJ- 5465 (vítima Douglas Candido da Silva); e Hyundai
Veloster, cor branca, placas PGB- 3361 (vítima Helder da SilvaI). Após o roubo dos veículos,
o acusado WALISSON passava a agir com a segunda frente da associação criminosa,
comandando os desmanches ou adulterações de sinais identificadores de veículos
automotores, bem assim, determinava acerca do transporte das peças dos veículos roubados
para os comerciantes responsáveis pelas vendas. Essa segunda frente era composta pelos
seguintes acusados: CLEITON, IVANILDO, SILVIO JOSÉ e DIEGO HENDRIGO.
Neste ponto, destaco que restou confirmado nos autos efetivamente a responsabilidade
criminal de WALISSON em pelo menos dois crimes de receptação (2.5 e 2.23), referente aos
veículos VW/Amarok, placas NWF-0829 (vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes) e
Ford/Ranger, placas ONY-2504 (vítima Allanio Ferreira Garcia).

A estreita ligação entre os acusados WALISSON e


MAIKO JORGE é confirmada por diversas interceptações, em que WALISSON encomenda

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9ª Vara Criminal

o roubo de determinados veículos para MAIKO JORGE, referindo-se a veículos como: “Pit
Bull”, executiva, flex, preferencialmente na cor preta; todos os veículos a diesel, sugerindo
uma Amarok; Cross Fox, ano 2015, branco; e um Corolla ou um Honda dos novos: “Walisson
pergunta se Maiko vai sair hoje (para roubar). Maiko confirma. Walisson pede para Maiko
arrumar uma “Pit Bull”, executiva, flex. Maiko pergunta se pode ser qualquer cor.
Walisson diz que sim, mas preferencialmente preta. Maiko pergunta se é tipo a outra (que
foi roubada antes). Walisson diz que sim e fala que essa já está quase pronta. Maiko pede
para não esquecer de guardar o “endereço” (placa) dela. Maiko fala que vai arrumar duas
do menino primeiro. Walisson pede para já arrumar a dele também.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 36185064 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Maiko Jorge
Rodrigues Machado – 21/05/2016 – 21/05/2016); “Maiko fala para Walisson que já está na
rua trabalhando e vendo se acha alguma coisa (carros para roubar). Maiko pergunta para
Walisson se já tem o “buraco” (lugar para guardar o carro roubado). Walisson diz que isso
ajeitam. Maiko pergunta qual que Walison está precisando. Walisson responde que todas a
diesel. Maiko pergunta sobre as flex. Walisson diz que as flex os preços são menores.
Walisson sugere uma Amarok, mas pede para ligar se achar qualquer outra coisa.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36055005 – Walisson Rodrigues de Oliveira X
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca)– 12/05/2016– 11:53:34); “Walisson pede para
Maiko “pegar” (roubar) um Cross Fox, ano 2015, branco. Walisson fala que está
precisando demais. Maiko conta que viu um, mas a vítima não saiu da casa. Maiko pede para
Walisson ajeitar um carro para ele levar os caras (carro para utilizarem nos roubos).
Walisson fala que não está tendo carro.” (Relatório de interceptação telefônica índice
37042844 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) – 28/07/2016 – 14:02:09); “Walisson fala que se Maiko encontrar um Corolla ou
um Honda dos novos, pode “pegar” (roubar), que tem pagador (comprador) para eles.
Walisson fala que qualquer cor, o dinheiro está na mão. Maiko diz que vai ver se rouba o
Golf que ele mandou a foto para Walisson. Maiko pergunta se Walisson já está
“trabalhando” (desmontando) a caminhonete que ele levou. Walisson fala que não, que essa
vai levar para o Tocantins.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37060988 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado – 30/07/2016 –
09:27:33).

Os acusados WALISSON e MAIKO JORGE


conversavam também mesmo antes de os veículos serem roubados. Veja que na interceptação
abaixo eles conversam sobre um Golf, ao que consultam a sua placa e discutem sobre o
modelo, ao que, posteriormente, MAIKO JORGE afirma que vai aguardar até que o dono
esteja sozinho para realizar a subtração. É evidente que nos contatos de ambos os acusados,
WALISSON sempre encomendava mais veículos a serem roubados, sempre preferindo as
camionetes, fomentando, assim, a criminalidade: “Walisson pergunta se Maiko puxou a
placa do Golf branco (consultou a placa no Sistema). Walisson fala que é antigo. Maiko
fala que não, que é Sportline (modelo do Golf). Maiko fala que é um modelo de Golf antes
do último. Walisson fala que o cara quer um desse. Maiko fala que o que quer roubar é
desse modelo. Walisson diz para Maiko roubar.” (Relatório de interceptação telefônica
índice 37061145 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues
Machado – 30/07/2016 – 09:45:43);“Maiko fala que está querendo pegar (roubar) o Golf,

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9ª Vara Criminal

mas tem muita gente perto, que vai esperar estar somente o dono. Walisson pede para
Maiko pegar (roubar) uma Ranger da cor prata, frente cromada, urgente. Walisson conta
que pegou uma para arrumar, “cortou” a Ranger para “fazer” (transplantar) outra e agora
o cara quer a caminhonete de qualquer jeito. Maiko fala que tem encomenda de três
“grandes” (caminhonetes). Maiko diz que quer pegar (roubar) o Golf primeiro para já
pegar (utilizá-lo para roubar) as caminhonetes. Walisson pede para Maiko arrumar
(roubar) uma Ranger prata urgente. Maiko fala que se encontrar de hoje para amanhã ele
pega (rouba). Walisson fala que tem o número de quem quer. Maiko pede para Walisson
ligar e ele somente vai e pega (rouba).” (Relatório de interceptação telefônica índice
37061436 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado –
30/07/2016 – 10:15:27).

Veja também que os acusados WALISSON e MAIKO


JORGE negociavam e acertavam acerca de valores por veículo roubado e não recuperado, ao
que WALISSON sempre queria mais veículos, preferencialmente camionetes, demonstrando
que WALISSON era insaciável, pois sempre procurava por mais veículos roubados:
“Walisson diz para Maiko que o limite de depósito é R$ 500,00 por conta. Walisson diz que
colocou R$500,00 na conta da Lorraine. Walisson fala que a outra conta que Maiko
mandou para ele está errada, a conta do Júnior. Maiko diz para Walisson depositar os
outros R$2.000,00 que faltam na segunda-feira, antes do meio dia, pois tem que liberar o
cara. Walisson fala que onde ele está não tem como depositar, pois é roça. Maiko diz que
quer o dinheiro para pagar os “trem” que ele perdeu (carros que foram roubados e
recuperados). Walisson fala que Maiko pode arrumar umas “grandes” (caminhonetes
roubadas) na próxima semana. Walisson diz que volta na terça-feira.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38052158 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 22/10/2016 – 09:39:07).

De igual forma, outro núcleo que WALISSON mantinha


contato era o chefiado por BRUNO LIMA, restando evidenciado a prática de pelo menos
dois crimes (2.4 e 2.21), praticados, em concurso, por WALISSON e BRUNO LIMA ou por
seu irmão EDUARDO LIMA. A ligação entre WALISSON e BRUNO LIMA restou
sobejamente confirmada pelas interceptações autorizadas judicialmente, as quais
evidenciaram que WALISSON encomendava os veículos a BRUNO LIMA, ao que, segundo
trechos abaixo transcritos, foram encomendados seis veículos Uno Way. Ainda, WALISSON
determinava a cor dos veículos a serem roubados; bem assim, encomendou uma Amarok, uma
Hilux ou Ranger nova ou uma S-10 nova à Diesel e descartou o roubo dos veículos Frontier e
Triton (L200), justificando que não prestam: “Bruno fala que deu água (veículo foi
recuperado). Gordão pergunta que horas. Bruno diz que agora. Gordão diz que tinha que ter
mudado de lugar. Bruno diz que ficou esperando Gordão ligar. Bruno pergunta de quantos o
cara esta precisando. Gordão diz que de 6 (veículos Uno Way). Bruno diz que tem que
pegar (roubar) esses “trem” (veículos) logo, porque é "fofo" (fácil). Gordão fala para
Bruno “chegar a lenha” (roubar rápido), que agora eles vão andar mais rápido (deixar
menos tempo em um local para certificar que o veículo não possui rastreador).” (Relatório
de interceptação telefônica índice 35346853 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x
Bruno Lima dos Santos (Chinês) – 23/03/2016 – 16:47:11); “Bruno diz para Gordão que saiu

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já era tarde. Gordão pergunta se hoje vai. Bruno diz que sim. Gordão fala que o menino
(comprador) já está na cidade e veio para buscar o “trem” (veículo). Bruno diz que hoje
vai. Bruno pergunta para Gordão se tem que ser a preta ou se pode ser outra cor. Gordão
diz que pode ser a cinza também. Bruno pergunta se branca e prata servem. Gordão diz que
pode ser, que qualquer coisa ele arruma a outra.” (Relatório de interceptação telefônica
índice 35461934 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno Lima dos Santos
(Chinês) – 31/03/2016 – 14:38:33); “Walisson pergunta se Bruno quer pegar o “trem” (carro
que ofereceram para Bruno). Bruno diz que sim. Walisson fala que eles precisam arrumar um
“trem” bom essa semana ainda. Walisson diz que quer uma Amarok, uma Hilux ou Ranger
nova ou uma S-10 nova à Diesel. Walisson fala que se Bruno arrumar uma (caminhonete)
essa semana, ele já pode arrumar o carro dele. Bruno fala que não vai querer que “trepa”
(transplantar). Walisson diz que faz do jeito que Bruno quiser. Walisson diz que tem que ser
quatro grandes (caminhonetes) e um pequeno (carro pequeno). Walisson fala que tem R$
6.000,00 de documento (carro que seria para Bruno tem esse valor em dívida). Bruno
pergunta se são somente dois anos. Walisson fala que dá uns R$6.000,00. Bruno diz que se
for isso ele quer. Bruno pergunta que se o outro que ele “pegar” (roubar) para “colocar”
nele (transplantar) o dele ficará certo e o que sobrar HNI1 pega para ele. Walisson diz que
sim e que a mão de obra é por conta de Bruno. Bruno fala que quando arrumar alguma coisa
fala para Walisson. Walisson fala que a que Bruno estava não deu para pegar, pois está sem
lugar para colocar. Bruno fala que essa não deu certo (caminhonete foi recuperada).”
(Relatório de interceptação telefônica índice 37551039 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x
Walisson Rodrigues de Oliveira – 14/09/2016 – 20:45:01); “Walisson fala que Bruno terá
que “arrumar uma” (roubar uma caminhonete) toda semana para pagar. Walisson diz para
Bruno que não quer Frontier e nem Triton (L200), pois não presta. Bruno pergunta se pode
com a “cara cromada” (para-choque cromado). Walisson fala que sim.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 37551076 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson
Rodrigues de Oliveira – 14/09/2016 – 20:47:38).

Outra questão importante era a forma com que a


organização criminosa agia para a entrega dos veículos encomendados WALISSON, após
eles terem sido roubados. Veja, neste ponto, que WALISSON determinava os locais nos
quais os veículos deveriam ser entregues, bem assim, visando evitar a exposição dos chefes
dos núcleos que efetuavam os roubos dos veículos, quais sejam, MAIKO JORGE e BRUNO
LIMA, o transporte era realizado por integrantes do baixo escalão, supervisionados por seus
líderes. Evidente, ainda, que WALISSON sempre aguardava um período de pelo menos um
dia após o roubo para somente depois se apossar dos veículos subtraídos, a fim de afastar
qualquer possibilidade de ser rastreado e, sucessivamente, ser localizado, além de receber os
veículos já com as placas já adulteradas. Tais fatos restaram suficientemente comprovados
pelas interceptações telefônicas.

Observe-se que no crime 2.2, referente ao roubo do


veículo GM/S10, placas OMN-5818, cor branca, contra a vítima Etevaldo Alves Galvão,
ocorrido dia 20 de maio de 2016, WALISSON e MAIKO JORGE conversaram sobre a
entrega do veículo: “Maiko fala que pegou (roubou) uma S-10, 4x4, 14/15, branca LTZ e
manual. Maiko diz que já arrancou a chinela (placa) de outra para por nela, mas conseguiu

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9ª Vara Criminal

pegar só a da frente. Maiko diz que quando foi arrancar a de trás o cara viu, mas está
procurando outra. Maiko diz que já vai colocar a caminhonete em uma garagem. Walisson
diz que amanhã cedinho encontram. Maiko diz que se der vermelho (for registrada a
ocorrência) hoje, já podia pegar, pois está morando no interior. Walisson fala que só pode
de manhã, pois tem que dar um tempo. Maiko fala que a placa e OMN-5818. Walisson
pergunta de onde é. Maiko diz que é Goiânia ou Aparecida.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36180145 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Maiko Jorge Rodrigues
Machado – 20/05/2016 – 21:04:52); “Maiko avisa que está em frente ao supermercado onde
marcaram o encontro para a entrega da caminhonete roubada. Walisson diz que está no
viaduto quase chegando no Jardim Madri e assim que Maiko virar no viaduto vai vê-lo
parado. Maiko informa que o menino (comparsa que está conduzindo a caminhonete
roubada) está sozinho e pede para Walisson chamar um motoboy para levar o menino de
volta depois que entregar a caminhonete. Maiko fala que a caminhonete já está com o
chinelo (placa). Maiko fala para Walisson guardar esse chinelo (placa) após terminar o
serviço (desmanche), pois se no futuro pegar outra igual já pode usar essa mesma. Maiko
pergunta se vai passar parte do dinheiro hoje e o resto segunda-feira. Walisson diz que sim.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36182800 – Walisson Rodrigues de Oliveira X
Maiko Jorge Rodrigues Machado – 21/05/2016 – 06:19:20).

De igual forma, WALISSON e MAIKO JORGE


combinam a entrega do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, cor prata, pertencente à
vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes, roubo ocorrido dia 29 de julho de 2016 (Crime
nº 2.5):“Walisson pergunta se vai dar certo a Amarok no outro dia cedo. Maiko diz que sim.
Maiko fala que tem que ir por volta das seis horas, pois alugou um barraco (para guardar a
Amarok) por um dia pelo valor de R$ 300,00. Maiko diz que quem vai levar a Amarok só
vai levá-la até o Supermercado Bretas do anel viário e de lá segue Walisson. Maiko fala que
vai entregar a Amarok na mão de Walisson e no outro dia eles decidem o que irão fazer.
Walisson fala que a Amarok pode ser a entrada na outra (caminhonete). Walisson diz para
Maiko que ele já pode ir arrumando um dele (roubar carro igual ao de Maiko para montar
outro), preto ou branco. Walisson fala que Maiko pode pegar o Corolla com ele no outro dia.
Maiko e Walisson marcam as seis e meia no Supermercado Bretas no anel viário.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 37057907 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 29/07/2016 – 21:48:40).

Do mesmo modo, no crime nº 2.28, referente ao roubo


do veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, ocorrido dia 04 de março de
2017, em desfavor da vítima Helder da Silva, os acusados, MAIKO JORGE e WALISSON
conversam primeiramente sobre o roubo do veículo em questão, ocasião em que WALISSON
mandou MAIKO JORGE guardar o carro e ir conversar com ele pessoalmente, no mesmo
dia do roubo: “Maiko pergunta se Walisson vai ajudar ele no “corre” (transplante) do
Veloster*. Walisson diz que vai ver o que pode fazer. Maiko diz que “pegou” (roubou) um
(Veloster), que é só esperar “dar vermelho” (vítima registrar ocorrência). Walisson pede
para Maiko levar o veículo para ele. Maiko diz que ia “pagar” para ficar usando, para ver
se arruma umas “mulheres diferentes”. Maiko diz que vai levar o carro (Veloster) para o
interior para aguardar “ficar vermelho” (ficar com restrição de roubo), aí já faz o “chinelo”

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

(placas falsas) e já vai ficar com o veículo. Walisson pergunta qual a cor do carro. Maiko
diz que é branco e acrescenta que o dono do veículo (vítima) é policial civil. Maiko conta
que ele e outros comparsas seguiram durante um tempo o veículo e quando o condutor
ficou desatento, Maiko mandou o “moleque” (comparsa) entrar dentro da casa e roubar o
veículo. Maiko diz que pensou em mandar “picar” (desmanchar) o carro todo e já entregar
“picado” (desmontado) para Walisson. (...). Walisson manda Maiko pegar o carro (Veloster
roubado), guardá-lo e ir conversar com ele pessoalmente e não por telefone. Walisson
comenta que estava financiando o Veloster preto e que inclusive pagou o documento dele.
Maiko pergunta sobre pagamento. Walisson diz que o preço é outro e que vão conversar
sobre isto. Walisson diz que o documento do Veloster preto está em dia.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 39327691 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Maiko Jorge
Rodrigues Machado – 04/03/2017 – 12:29:23). Dois dias após o roubo, após verificar que o
veículo não tinha rastreador, os acusados combinaram acerca da entrega do veículo, o qual
estava na oficina de CLEITON, na Vila Pedroso, para adulteração dos sinais identificadores,
ao que JEOVÁ é o responsável por este transporte: “Maiko diz que está quase chegando e
gasta mais 10 minutos para chegar onde Walisson está. Maiko diz que o cara (Jeová) já foi
na frente e sabe onde é. Walisson diz que está esperando.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 39361125 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) – 06/03/2017 – 20:15:32); “Walisson explica para Jeová onde
encontrá-lo com o carro (Veloster roubado). Maiko também explica para Jeová, que está
conduzindo o veículo roubado, o local (Vila Pedroso).” (Relatório de interceptação
telefônica índice 39361467 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Maiko Jorge Rodrigues
Machado x Jeová José da Silva – 06/03/2017 – 20:37:14).

O transporte dos veículos subtraídos também pode ser


verificado no crime nº 2.23, em desfavor da vítima Allanio Ferreira Garcia, no qual foi
roubado o veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, no dia 24 de janeiro de 2017, ao que
referido veículo foi receptado pelos acusados IVANILDO e WALISSON. Em uma das
conversas interceptadas de WALISSON, ele combinou com um de seus comparsas a entrega
da camionete em questão em uma oficina, ocasião em que abriu o portão para receber o
veículo:“Walisson explica para HNI passar a baixada do Supermercado Bretas e na
segunda rotatória é um muro grande com portão cinza. Walisson pede para HNI ir
devagar, pois está indo abrir a oficina. Wallisson diz que está a pé. Walisson diz que é em
um muro chapiscado. HNI passa em frente á oficina e faz o retorno. Walisson diz para
HNI passar em frente ao Supermercado Bretas e ir sentido à Avenida Rio Verde. Walisson
fala que passa em frente ao Supermercado Bretas e vira à direita e ele está na próxima
rótula. Walisson diz que é do lado esquerdo. Walisson pede para HNI colocar a caminhonete
embaixo da área.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38153368 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x HNI x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 30/10/2016
– 07:38:33).

Da mesma forma, WALISSON também combinou com


BRUNO LIMA acerca da entrega de veículos subtraídos, conforme ocorreu no crime nº 2.4,
contra a vítima Reginaldo José dos Santos, fato praticado no dia 19 de julho de 2016,
referente ao roubo do veículo camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165:

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

“Bruno conta pra Walisson que arrumou o negócio (caminhonete). Bruno fala que é da
mesma que levou da última vez, das novas, LTZ, flex. Walisson fala que só pode pagar
amanhã. Bruno diz que pode ser. Walisson e Bruno marcam de se encontrarem ao meio
dia.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36949417 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Bruno Lima dos Santos (Chinês) – 20/07/2016 – 10:32:51); “Walisson
pergunta para Bruno qual a cor da caminhonete roubada. Bruno diz que é da cor branca.
Walisson pergunta qual o ano da caminhonete. Bruno fala que é 2013. Walisson pergunta
se a caminhonete está “bonitona”. Bruno diz que sim. Bruno fala que passou e a
caminhonete estava no mesmo local e que o menino vai passar lá novamente.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 36949625 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x
Bruno Lima dos Santos (Chinês) – 20/07/2016 – 10:47:33).

Em outras oportunidades, WALISSON e BRUNO


LIMA também combinaram a entrega de outros veículos de origem ilícita, sendo que tais
fatos não restaram apurados nesses autos. Todavia, servem para configuração do crime de
organização criminosa, conforme interceptações abaixo em que os acusados marcaram de se
encontrarem nos dias 23/03/2016 e 29/03/2016, efetuando a entrega de dois veículos Uno
Way (lembrando que nas interceptações acima, WALISSON encomendou seis veículos Uno
Way para BRUNO LIMA). Veja que a primeira entrega foi realizada pessoalmente por
BRUNO LIMA, enquanto que na segunda entrega, ele mandou um dos seus subordinados,
identificado como HNI: “Gordão fala para Bruno que vai ser no segundo shopping. Bruno
pergunta se é o mesmo que ele levava (os veículos roubados) para Gordão até que o
“buraco” (lugar) “caiu” (policia descobriu). Gordão diz que está tentando falar em código,
mas Bruno fica falando demais nas ligações (Gordão fica irritado com Bruno). Gordão
confirma que é aquele e xinga Bruno de burro. Gordão fala que Bruno não precisa falar esse
tanto de "babozeira". Gordão fala que é aquele segundo Shopping, que tem o primeiro
grandão (Shopping Passeio das Águas) e é o segundo (Portal Shopping), por volta das 19
ou 19:30 horas. Bruno fala que se “negoçá” (a policia recuperar o veículo), Gordão vai ter
que pagá-lo de qualquer jeito. Bruno pergunta se já vai entregar (o veículo) e pegar o
“carvão” (dinheiro). Gordão confirma e diz que não tem conversa.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 35345160 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno
Lima dos Santos (Chinês)– 23/03/2016 – 15:35:10); “Gordão pergunta para Bruno se é o
“Wayzinho” (Uno Way). Bruno confirma e diz que é o mais top de Goiânia.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 35345739 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno
Lima dos Santos (Chinês)– 23/03/2016– 15:56:43);“Bruno pergunta para Gordão se está
tudo certo. Bruno diz que já são quase 19 horas. Gordão diz que é 19:30 horas lá no local
combinado. Bruno diz que os meninos é que vão levar. Gordão pergunta se Bruno não vai.
Bruno diz que não. Gordão reitera que é às 19:30 lá no local. Bruno pede para Gordão
ligar meia hora antes.” (Relatório de interceptação telefônica índice 35431167 – Walisson
Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno Lima dos Santos (Chinês)– 29/03/2016 – 18:34:16);
“Gordão fala para Bruno que já está na hora de ir para o local combinado, se não fica
muito tarde. Bruno pergunta qual o telefone do cara que vai pegar, para poder informar
para os meninos. Gordão fala que é ele mesmo quem vai estar lá. Bruno diz que vai passar
esse numero de telefone do Gordão para os meninos. Gordão fala para os meninos não
enrolarem, pois é coisa séria. Bruno diz que vai ver agora com os meninos. Gordão

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9ª Vara Criminal

pergunta se os meninos são de confiança. Bruno confirma.” (Relatório de interceptação


telefônica índice 35431468 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno Lima dos
Santos (Chinês) – 29/03/2016 – 18:49:25); “HNI se identifica como o parceiro do Uno e
pergunta se é para levar agora. Gordão diz que sim, no máximo até 19:30 horas. HNI
pergunta qual é o lugar que é para levar (o veículo). Gordão fala que é o local que o
menino já informou e diz que não gosta de falar lugar pelo telefone, porque o telefone dele
é meio ruim (risco de estar interceptado). HNI diz que vai mandar o número do Gordão
para o menino que está com o carro, que aí o menino leva lá agora. HNI diz que o menino
é de confiança e foi ele quem pegou (roubou) o carro junto com HNI.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 35431551 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x HNI
(6294282811) – 29/03/2016 – 18:53:39).

Portanto, restou claramente demonstrado que a parte


referente ao roubo de veículos da organização criminosa funcionava sob o comando de
WALISSON, tendo este contato direto com os líderes dos outros dois núcleos, os quais
atuavam na execução direta dos roubos, a saber MAIKO JORGE e BRUNO LIMA, que
depois repassavam os veículos subtraídos para WALISSON. De posse dos veículos
subtraídos, WALISSON, na condição de líder do primeiro núcleo, exercia também a função
de coordenar as atividades destinadas à desmontagem e adulteração dos sinais identificadores
dos veículos (transplante), fornecendo local para tanto e também definindo o local em que as
peças deveriam ser entregues para serem comercializadas. Conforme já mencionado, a
segunda frente do primeiro núcleo da organização criminosa era composta pelos seguintes
acusados: CLEITON, IVANILDO, SILVIO JOSÉ e DIEGO HENDRIGO, tudo sob a
liderança de WALISSON.

As interceptações telefônicas evidenciaram que


WALISSON encaminhava os veículos subtraídos para os acusados CLEITON e
IVANILDO, responsáveis pela desmontagem ou adulteração dos veículos, enquanto SILVIO
JOSÉ receptava as peças dos veículos e DIEGO HENDRIGO fazia o transporte das peças
até os locais indicados por WALISSON.

Com relação à atuação do acusado CLEITON, veja que


em seu interrogatório judicial (mídia às fls. 2.677/2.682), apesar de negar todas as acusações,
ele confirmou ser mecânico e proprietário de uma oficina mecânica na Vila Pedroso, sendo
especializado em pintura de veículo. Ainda, de acordo com a instrução processual,
evidenciou-se que CLEITON adulterou o sinal identificador do veículo Hyundai Veloster,
cor branca, placas PGB- 3361, pertencente à vítima Helder da Silva (Crime 2.28), veículo este
roubado a mando do acusado WALISSON, no dia 04 de março de 2017.

Três dias após o roubo, o veículo Veloster foi levado


para a oficina de CLEITON na Vila Pedroso. Veja que CLEITON confirmou ter recebido
referido veículo para ser pintado, dizendo que essa foi a primeira vez que realizou serviço em
carro para WALISSON, bem assim, que o Hyundai/Veloster era cor prata e foi pintado
também na cor prata, pois estava amassado na lataria. Consoante a confirmação de
CLEITON quanto ao serviço no veículo, tal fato foi evidenciado pelas interceptações

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9ª Vara Criminal

telefônicas, entretanto, ao contrário da sua versão, de que o carro era prata e foi pintado
também na cor prata, o laudo de exame de perícia criminal – identificação de veículo
automotor (fls. 1.521/1.526), demonstra que o veículo foi adulterado, inclusive com a
alteração da cor original do veículo de branco para a cor prata. Verifica-se, ainda, que na
ligação entre CLEITON e WALISSON são mencionadas todas as adulterações necessárias
para que o veículo roubado se tornasse outro veículo. A origem ilícita do veículo era patente
para CLEITON, que inclusive perguntou se já havia restrição de roubo, ao que foi
confirmado por WALISSON. Veja que neste fato do veículo Veloster ficou suficientemente
demonstrado que CLEITON adulterava veículos a pedido de WALISSON: “Cleiton
pergunta se o carro está arrumado com o “chinelo” (placa) do original. Walisson diz que
não, que eles vão ter que trocar as placas depois. Cleiton diz que já tinha que ter trocado as
placas. Walisson diz que vai trocar o “chinelo” (placa). Cleiton pergunta que cor é o carro
(veículo roubado que vão levar para ele). Walisson diz que é da cor branca. Cleiton
pergunta se depois Walisson vai mandar fazer o número. Walisson diz que não, que é para
Cleiton tirar de um veículo e colocar no outro (transplante do veículo, conforme conversa
de índice 39327691). Cleiton pergunta para Walisson se ele quer o carro “arrumado”
(transplantado) para depois “fazer” (remarcar) os vidros. Walisson diz que os vidros eles
vão pegar do outro veiculo que é tudo original, somente o pára-brisa que eles vão ter que
“fazer” (remarcar). Cleiton diz que se fosse na oficina dele, ele já fazia todo o serviço para
depois Walisson montar só os vidros em outro lugar. Walisson diz que vai levar tudo para
Cleiton para o carro já sair pronto da oficina dele. Cleiton pergunta se Walisson tem alguma
pessoa que desmonta os vidros. Walisson diz que não tem, que teria que levar para um
lanterneiro. Cleiton diz que se Walisson tivesse quem tirasse os vidros do veículo original,
que Cleiton fazia a “parte dele” (transplantar as peças e os números identificadores) e
levaria o carro para Walisson somente colocar os vidros. Cleiton diz que está trabalhando
na oficina dele, do outro lado da cidade (fazendo referência a distância da Canãa a Vila
Pedroso). Walisson diz que o veículo está “guardado” (escondido) e que tem que levar ele
inteiro, do jeito que está, para quando chegar na oficina tirar as partes que lhes interessam.
Cleiton pergunta se o número (numeração do chassi) Walisson consegue tirar. Walisson
diz que não, que precisa ser um lanterneiro, porque é pontilhado. Cleiton pergunta onde
está o veículo original. Walisson refere ao veículo original como “o estragado” e diz que
guardou em outro local, que não é o local que Cleiton sabe, que este lugar deu “bode” (foi
descoberto pela polícia). Cleiton quer trocar o número do carro e pintá-lo. Walisson diz que
quer fazer tudo na oficina do Cleiton para o veículo já sair de lá completamente pronto.
Cleiton diz que vai fazer como Walisson quer. Walisson diz que o carro vai chegar por volta
das 20 horas na oficina do Cleiton, porque está vindo de longe. Cleiton insiste perguntando
sobre a “chinela” (placa) do outro carro. Walisson diz que vai levar par Cleiton quando ele
for. Cleiton fala que tem que organizar direito para não dar erro.” (índice 39353795 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim, 06/03/2017 – 13:39:21);
“Cleiton diz para Walisson que está montando o carro para poder entregar para o rapaz.
Cleiton pergunta para Walisson se o “trem” (carro roubado) está “frio” (foi verificado se
não tem rastreador). Walisson diz que desde a sexta-feira passada. Cleiton pede para
Walisson levar o veículo para ele. Walisson marca de encontrar para levar o carro (roubado)
e diz que já vai levar as placas (falsas) e os “trem” do carro (dados do veículo para
transplante).” (índice 39355383 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges

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9ª Vara Criminal

Gudim, 06/03/2017 – 15:17:32).

CLEITON disse judicialmente que tinha outra oficina,


mas a fechou e hoje trabalha apenas em casa. Tal fato também restou demonstrado nas
interceptações, em uma conversa de CLEITON com outro integrante da organização
criminosa não identificado, oportunidade em que ele confirmou o verdadeiro motivo em
trocar a sua oficina de lugar, dizendo que o local estava “manjado”. Ora, ao contrário de todo
comerciante honesto, que sempre procura ter seu estabelecimento comercial conhecido,
CLEITON procurou um local mais discreto, evidenciando a regularidade da atividade ilícita
desenvolvida no local: “Cleiton conta para HNI que vai fechar a oficina e alugar em outro
lugar. local. HNI diz que é bom mesmo, pois naquele local já está “manjado”, não vira
nada mais não. Cleiton concorda.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37621735 –
Cleiton Borges Gudim (Peixinho) x HNI (Pirata - 62993329133) – 22/09/2016 – 09:58:23).

Ademais, a mudança de local da oficina de CLEITON


foi impulsionada, sobretudo, pela ação policial ocorrida no local, no dia 29/08/2016, dando
origem ao Auto de Prisão em Flagrante nº 2558/2016-CGF, ocasião em que CLEITON
conseguiu empreender fuga, fato narrado extrajudicialmente pelo policial militar Wemerson
Almeida Soares, verbis: “Deram voz de prisão aos autuados e os conduziram a esta Central.
Informam que o proprietário do desmanche, CLEITON BORGES GUDIM, vulgo LAMBARI,
conseguiu fugir quando avistou a aproximação da equipe policial”, fato confirmado
judicialmente pelo Delegado de Polícia Fábio Meireles.

Judicialmente, CLEITON afirmou ainda que não teve


qualquer contato com WALISSON, explicando que o motorista que levou o
Hyundai/Veloster até a sua oficina é quem teria citado o nome de WALISSON. Veja que a
versão do acusado não prospera e vai de encontro com as demais provas produzidas,
especialmente, aquelas decorrentes das interceptações telefônicas, havendo o registro de
várias ligações entre CLEITON e WALISSON sobre o andamento das atividades de
desmontagem ou adulteração de veículos:“Cleiton fala para Walisson encontrá-lo. Cleiton
diz que está mexendo no VW/Gol. Walisson pergunta se a caminhonete ficou pronta.
Ligação é interrompida.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36948490 – Walisson
Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim (Peixinho) – 20/07/2016 –
09:38:57); “Walisson fala que arrumou uma “namorada” (caminhonete) e está levando para
Cleiton. Walisson pede para Cleiton mandar tirar o Gol do box e colocar aquela
caminhonete para fora, que já vai tirar ela agorinha também.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36950554 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges
Gudim (Peixinho) – 20/07/2016 – 11:49:21); “Wallison pergunta para Cleiton se os “trem”
estão prontos. Cleinton fala que sim. Cleiton pergunta se Wallison viu as fotos. Wallison
diz que não. Wallison diz para Cleiton que vai passar na oficina.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 37539077 – Cleiton Borges Gudim (Peixinho) x Wallison
Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 13/09/2016 – 15:40:18);“Cleiton pergunta se Wallison vai
pegar o negócio lá (na oficina). Wallison diz que sim. Cleiton pergunta se vai pintar o carro
do homem. Wallison fala que tem que pintar.” (Relatório de interceptação telefônica índice
37543501 – Cleiton Borges Gudim (Peixinho) x Wallison Rodrigues de Oliveira (Gordão) –

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9ª Vara Criminal

14/09/2016 – 08:36:11). Portanto, não há qualquer dúvida quanto à participação de


CLEITON na organização criminosa, atuando sempre a mando de WALISSON, no
desmanche e adulteração de veículos roubados, razão pela qual a sua condenação é medida
certa.

De igual forma, a responsabilidade criminal de


IVANILDO também ficou demonstra nos autos, evidenciando que ele também atuava no
desmanche de veículo. Em seu interrogatório judicial (mídia às fls. 2.677/2.682), IVANILDO
afirmou conhecer WALISSON, mas só conversavam a respeito de mulheres, pois quando ele
brigava com sua mulher, ligava para o interrogando para arrumar mulher pra ele. Disse, ainda,
que a expressão “carrapato” se refere a mulheres e a doenças - DST, pois praticava relação
sexual sem preservativo. Além disso, ele afirmou conhecer WALISSON, contando que ele
trabalhava com sucatas de veículos, afirmando que já havia comprado peças de WALISSON,
o qual as comercializava na porta do seu espetinho na Canaã, informando, ainda, que
WALISSON comprava peças de veículos batidos.

Por conseguinte, verifico que a versão apresentada por


IVANILDO não prospera, estando clara sua manobra defensiva. Neste ponto, importante
mencionar que o acusado WALISSON, em seu interrogatório judicial (fls. 2.755/2.758), se
contradiz, demonstrando dúvida se confirmava ou não conhecer IVANILDO. É evidente que
a manobra defensiva mais utilizada pelos acusados foi a negativa total dos fatos, bem assim, a
alegação de que um não conhecia o outro. WALISSON, seguindo essa orientação, negou
inicialmente conhecer IVANILDO e somente após a pergunta ser novamente formulada pela
defesa é que WALISSON confirmou conhecer IVANILDO, mas não mencionou de onde e
qual era a ligação de ambos, verbis: “... que não conhece Ivanildo; que nunca esteve na
oficina mecânica localizada na Avenida Curassá, em Aparecida de Goiânia; que quanto a
Ivanildo de Morais Pessoa a não ser que veja sua fotografia, não pode dizer se o conhece
(...) Que conhece o Ivanildo, nos termos da fotografia extraída do site Goiáspen e anexada
aos autos (…)”

Ora, como WALISSON negou conhecer IVANILDO,


tendo ambos uma relação tão íntima? Certo é que havia uma ligação entre ambos, contudo,
não dizia respeito a mulheres, como quis fazer crer o acusado IVANILDO, sendo tais
referências apenas um código para confundir as investigações, conforme demonstrado pela
instrução criminal, sobretudo pelas interceptações telefônicas: “Walisson avisa para Ivanildo
que o menino vai levar a namorada (caminhonete) dele para lá, para Ivanildo transar
(desmontar) com ela. Ivanildo diz que tudo bem e vai deixar aberto lá. Walisson diz que
agorinha o menino está lá, daqui meia hora a quarenta minutos. Walisson fala para
Ivanildo tirar a roupa dela e ver se não tem nada (procurar rastreador). Ivanildo fala que
tudo bem. Walisson orienta Ivanildo a desligar ela do “zap” (tirar o cabo da bateria).”
(Relatório de interceptação telefônica índice 38248471 – Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) X Ivanildo de Morais Pessoa – 09/11/2016 – 12:47:24) “Ivanildo diz que acabou de
arrancar o (inaudível) e que só falta “dibuia o coração (motor) e mais uns trenzinhos”.
Walisson avisa que às 17 horas estará lá. Ivanildo fala que o “parcerinho” (terceira pessoa)
que levou a comida está lá também.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38273522

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9ª Vara Criminal

– Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Ivanildo de Morais Pessoa – 11/11/2016 –


12:49:20); “Walisson pergunta se está tudo bem e se soltou “o rabo” (carroceria da
caminhonete roubada). Ivanildo diz que está bamba. Walisson avisa que logo mais vai até lá
levar comida para Ivanildo.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38260258 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Ivanildo de Morais Pessoa – 10/11/2016 –
11:25:14); “Walisson diz que não conseguiu achar o outro menino e pergunta se Ivanildo
quer fazer (desmontar a caminhonete roubada) sozinho e ficar com todo o dinheiro.
Ivanildo fala que já vai mexendo lá. Walisson pergunta se acaba até amanhã. Ivanildo diz
que sim. Walisson diz que quando Ivanildo quiser tirar a carroceria, é só ligar que ele vai
lá ajudar.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38258107 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) X Ivanildo de Morais Pessoa – 10/11/2016 – 08:50:11);“Walisson avisa
Ivanildo que em breve vai levar uma “namorada” (veículo roubado) para ele. Ivanildo pede
para ser avisado uma hora antes, pois está no anel viário, para que assim possa abrir o
local e “dar o grau” (começar a desmontar do veículo).” (Relatório de interceptação
telefônica índice 38868020 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) – 14/01/2017 – 13:56:41); “Walisson pergunta para Ivanildo se ele está “em nosso
motel” (oficina onde desmancham os veículos roubados). Ivanildo responde que está
saindo naquele instante. Walisson pede para Ivanildo esperar, pois está levando “uma
menina para transarem agora” (veículo roubado para ser desmanchado) e que já está indo
buscá-la, alegando que a chuva beneficia trafegarem com o veículo roubado.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38903575 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues
de Oliveira (Gordão) – 19/01/2017 – 16:52:28); “Walisson pede para Ivanildo não fechar
para o almoço, pois pretende levar “uma namorada para eles transarem” no quartinho (um
veículo roubado para ser desmanchado). Ivanildo diz que está precisando demais. Walisson
diz que acredita que vai dar certo hoje.” (Relatório de interceptação telefônica índice
38924133 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) –
23/01/2017 – 11:04:04).

Quanto ao “carrapato” referido por IVANILDO em seu


interrogatório judicial, como sendo DST, também não procede essa versão. Veja que nas
interceptações telefônicas, IVANILDO diz a WALISSON que colocou o “carrapato” em um
poste e saiu do local”, demonstrando que na verdade o “carrapato” era um rastreador de
veículo: “Ivanildo fala para Walisson que tinha um “carrapato” (rastreador veicular) na
parte traseira do veículo. Ivanildo fala que “jogou remédio” (retirou o rastreador) e subiu
para outro local e entrou no mato.” (Relatório de interceptação telefônica índice 39416914 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Ivanildo de Morais Pessoa – 10/03/2017 –
14:22:41); “Ivanildo conta que o “carrapato” (rastreador veicular) estava grudado do lado
do “rabo dele” (traseira do veículo). Ivanildo conta que tirou e saiu correndo juntamente
com o Tiago. Ivanildo fala que colocou o “carrapato” em um poste e saiu do local. Ivanildo
conta que Tiago voltou no local onde ficou o veículo. Ivanildo diz que tirou o “carrapato
dela” (rastreador da caminhonete). Walisson pergunta o porquê de Tiago ter voltado no
veículo. Ivanildo diz que não sabe. Walisson pergunta se o “carrapato” estava grudado ou é
daqueles que pregam (rastreador com imã). Ivanildo diz que é esse mesmo, o preto que abre
a caixinha.” (Relatório de interceptação telefônica índice 39416943 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Ivanildo de Morais Pessoa – 10/03/2017 – 14:24:15).

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Veja que apesar de falarem em códigos, em algumas


ligações é evidente que eles estão desmontando os veículos, em razão dos termos usados ou
de situações, como esperar fora da oficina para iniciar o desmanche, ou perguntar se o “step é
novo” e afirmar que tem “som”: “Ivanildo avisa que fechou o local e vai ficar na pracinha
por aproximadamente duas horas, para observar (verificar se o veículo não tem
rastreador). Ivanildo diz que desligou tudo e vai ficar na pracinha um pouco. Walisson diz
que basta ficar uma hora, pois está desde ontem (caminhonete foi roubada ontem).
Walisson diz que não vai dar nada não, pois Deus é bom. Ivanildo fala que vai esperar um
pouco e amanhã cedo “grudam” (começam a desmontagem).” (Relatório de interceptação
telefônica índice 38249188 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Ivanildo de Morais
Pessoa – 09/11/2016 – 13:48:18); “Ivanildo avisa que se demorar a atender o celular é
porque ele está carregando longe, mas que está tudo bem. Walisson pergunta se o step dela
(caminhonete furtada/roubada) é novo e Ivanildo diz que sim e que tem som.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38257462 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X
Ivanildo de Morais Pessoa – 10/11/2016 – 07:10:46).

Entretanto, quando a situação se complicou, com a


chegada da polícia na oficina em que IVANILDO desmontava os veículos, ele já não falava
mais em códigos, bem assim, é nítida a sua preocupação em ser descoberto pela polícia:
“Ivanildo fala que está tentando ligar desde cedo e Walisson não atende. Walisson pergunta
o que houve. Ivanildo fala que deu errado lá. Ivanildo fala que quando chegou (na oficina),
percebeu que o portão estava quebrado. Ivanildo fala que imediatamente montou na moto,
mas ai policiais já apontaram a pistola para ele e o abordaram. Ivanildo disse que conseguiu
fugir e está na casa da menina. Ivanildo fala que eles (os policiais) estão lá dentro (da
oficina) e a viatura preta na porta. Walisson pergunta se é o preto. Ivanildo diz que é a
ROTAM.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38936919 – Ivanildo de Morais
Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 25/01/2017 – 08:07:04); “Ivanildo fala
que passou na porta da oficina e viu um VW/Fox, cor preta, e que é o mesmo carro em que
estavam os policiais. Ivanildo fala que foi perseguido por algum tempo, mas conseguiu
despistar os policiais. Walisson fala para Ivanildo ficar esperto, pois os policiais podem ter
anotado a placa da moto dele. Ivanildo fala que vai vender a moto.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38937360 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues
de Oliveira (Gordão) – 25/01/2017 – 09:25:06). Veja que este veículo que estava na oficina de
IVANILDO era uma camionete Ford/Ranger, placas ONY-2504, roubada no dia 24 de
janeiro de 2017, por dois indivíduos não identificados, veículo pertencente à vítima Allanio
Ferreira Garcia (Crime 2.23). Segundo consta, tal veículo foi localizado pela polícia no dia
seguinte (25/01/2017) logo pela manhã, considerando que o veículo era dotado de rastreador,
ocasião em que o portão da oficina foi quebrado, mas IVANILDO conseguiu empreender
fuga. Portanto, evidente o vínculo criminoso entre os acusados WALISSON e IVANILDO,
bem assim, a sua participação na organização criminosa.

Seguindo os trabalhos da organização criminosa, após o


desmanche dos veículos, as peças eram transportadas para os locais direcionados por
WALISSON. O transporte das peças era realizado por DIEGO HENDRIGO. Ao ser

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9ª Vara Criminal

interrogado neste juízo (mídia às fls. 2.677/2.682), DIEGO HENDRIGO negou a imputação,
relatando que transportava as peças, mas não sabia que eram roubadas; que transportava as
peças a pedido de WALISSON, já que trabalha com frete. Afirmou que pegava as peças na
lanchonete de WALISSON, na Canaã, sendo que um conhecido lhe indicou para fazer os
fretes. Disse que fez oito ou sete fretes para WALISSON no decorrer de um mês, mas que
nunca viu nota das peças, ao que WALISSON lhe falava que as peças eram referentes a
veículos baixados, as quais eram adquiridas por WALISSON na Canaã, que depois
permaneciam na porta da lanchonete, escoradas na parede, local onde DIEGO HENDRIGO
as apanhava e, em seguida, as levava para as transportadoras. Declarou, ainda, que já levou
peças para a Cearense Transporte e para a São Luiz, e que ganhava cerca de R$ 80,00 a R$
100,00 por frete.

A versão de DIEGO HENRIGO, quando tenta impor


um ar de legalidade à atividade desenvolvida, sustentando o seu desconhecimento sobre
origem das das peças provenientes dos veículos roubados, não convence. Veja que as
interceptações revelam que ele sabia acerca da ilicitude das atividades desenvolvidas por
WALISSON, optando em participar da organização criminosa. O conhecimento acerca do
desenvolvimento de atividades ilegais ficou demonstrado na ligação entre DIEGO
HENDRIGO e sua esposa, ocasião em que ele afirma que o veículo Ford/Ranger, placas
ONY-2504, roubado no dia 24 de janeiro de 2017, pertencente à vítima Allanio Ferreira
Garcia (Crime 2.23) foi recuperado pela polícia que o encontrou na oficina de IVANILDO:
“Diego conta para Daniela que o “trem” (caminhonete roubada pelos ladrões de Walisson)
foi recuperada esta noite. Daniela pergunta se era do Gordão (Walisson Rodrigues de
Oliveira). Diego diz que sim, mas que a polícia não pegou ninguém. Diego conta que eles
colocaram o veículo para dormir (aguardar para verificar se tem rastreador) para no outro
dia trabalhar (desmanchar o veículo). Daniela pergunta se acharam. Diego diz que
passaram no outro dia cedo lá no buraco (local onde deixam aguardando para verificar se
tem rastreador) e estava estourado (arrombado) cheio de gente lá dentro. Diego conta que
com isso os caras perderam o lugar, as ferramentas, perderam tudo. Daniela pergunta da
casa, se o dono não vai contar para quem aluga. Diego reitera falando que perderam tudo,
e conta que quem aluga não deixa documento nestes locais. Daniela diz que a policia vai
atrás para saber quem é dono. Diego conta que nenhum dos meninos colocam a cara (se
identificam para alugar locais para atividades ilícitas). Diego conta que os caras colocam
um laranja para ir lá olhar o local e fechar o aluguel. Diego diz que neste caso ninguém é
dono. (...) Diego fala para Daniela que agora perdeu o emprego. Daniela comenta que ele
perdeu o emprego de hoje (referente ao carregamento do veículo roubado). Diego diz que
perdeu o emprego de “puxar esses trem” (carregar veículos roubados e desmanchados).
Daniela pergunta se Walisson não vai mexer mais com isso (desmanche de veículos
roubados). Diego diz que vai, mas por enquanto, até as coisas acalmarem, ele vai ficar sem
serviço junto ao Walisson. Daniela pergunta se Walisson e a turma dele vão dar um tempo.
Diego diz que sim. Daniela pergunta se a policia estava investigando eles. Diego diz que
acredita que foi o rastreador do veículo que entregou eles. Daniela comenta que não passou
no jornal. Diego diz que não são todas as apreensões da policia que passa na televisão.
Diego diz que a caminhonete estava montada ainda, e não desmanchada. Diego diz que vai
ver se pega R$ 100,00 com menino hoje para inteirar o dinheiro para pagar o lote. (Relatório

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9ª Vara Criminal

de interceptação telefônica índice 38938043 – Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia X


Daniela Sousa Pimenta (esposa) – 25/01/2017 – 11:02:38).

O vínculo entre DIEGO HENDRIGO e WALISSON é


perceptível nas interceptações telefônicas realizadas no dia 08/11/2016, em que combinam
acerca do transporte de um “bloco”, serviço este que DIEGO pede a quantia de R$ 100,00
para WALISSON, e WALISSON o orienta a dizer que o “bloco é baixado” e que se
recusarem o “bloco”, para trazê-lo de volta, pois vai repassá-lo para outra pessoa.
Posteriormente, DIEGO retorna a ligação e afirma que o “bloco” foi recusado, ao que
WALISSON pede para devolvê-lo ou jogá-lo fora: “Diego avisa que vai lá hoje e pergunta o
que tem lá mesmo. Walisson diz que pode ir e que tem um menino ficando lá agora direto.
Walisson fala que é um chegado deles, de boa (de confiança). Diego diz que precisa de R$
100,00 (cem reais) para pagar a energia e pergunta se tem como pegar com Walisson mais
tarde. Walisson diz que sim e que pode buscar mais tarde. Walisson fala para Diego ligar
para o “cara rachada” e avisar que mais tarde vai lá buscar o dinheiro.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38236222 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X
Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia – 08/11/2016– 10:31:24); “Walisson pergunta para
Diego se ele já foi no local e avisa que deixou a quantia de R$ 100,00 com o menino para ser
entregue para ele. Walisson pede que Diego leve tudo, inclusive o bloco. Diego se opõe
dizendo que o bloco é BO (problema). Walisson orienta Diego a dizer que o bloco é
baixado, pois eles não vão perceber. Walisson fala que se não quiserem aceitar, para levar
o bloco de volta que vai dar para outro cara.” (Relatório de interceptação telefônica índice
38239039 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Diego Hendrigo Lopes de Souza
Gouveia – 08/11/2016 – 14:21:16); “Diego avisa para Walisson que o bloco deu BO
(problema) e eles não quiseram pegá-lo. Walisson diz que está em um boteco e pede para
Diego deixar o bloco lá ou então jogá-lo fora em qualquer lugar.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38239608 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X
Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia – 08/11/2016 – 15:11:19).

É evidente a continuidade da atividade ilícita


desenvolvida por DIEGO HENDRIGO em duas ligações interceptadas em janeiro de 2017,
nas quais ele procurou junto a WALISSON mais serviço, justificando que há 15 dias não
transportava nada para WALISSON, ao que este disse que estava tudo parado, contando
ainda que tinha a previsão de um transporte, mais deu errado, tendo em vista a recuperação do
veículo: “Diego pergunta para Walisson sobre o serviço e cadê as “caixas” (peças dos
veículos para serem transportadas) de Walisson. Walisson diz que está parado por estes
dias, mas que está torcendo para que amanhã “apareça algum serviço” (consigam
desmontar um veículo roubado). Diego pergunta se tem possibilidade de até sábado sair
alguma “carga” (peças de veículos roubados para serem transportadas). Walisson diz que
até sábado tem que sair “alguma carga”, do contrario ele não “agüenta” (ficar sem
trabalhar). Diego diz que a semana está parada. Walisson diz que vai dar certo até sábado.
Diego pergunta se Walisson tem “alguma” na vista (veículo a ser roubado). Diego diz que
está precisando trabalhar. Walisson diz que vai chamar Diego.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 38851172 – Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia x Walisson Rodrigues
de Oliveira (Gordão) – 12/01/2017 – 12:17:28); “Diego pergunta se Walisson esqueceu dele.

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Walisson diz que a coisa está feia. Diego comenta que tem 15 dias que não trabalha com
Walisson. Walisson diz que a empresa está devagar e ironiza falando que vai falir. Diego
pergunta se a produção está fraca. Walisson diz que sim. Diego pergunta se não tem
previsão de “uma” (caminhonete roubada para ser desmontada). Walisson diz que tinha
previsão de fazer uma carga (transporte de peças), mas o “trem” (roubo) deu errado hoje
novamente. Diego pergunta se Walisson está tentando conseguir alguma coisa. Walisson
diz que sim. Diego comenta que achou que Walisson tinha abandonado ele. Walisson diz
que jamais, que é porque está ruim de serviço. Diego diz que está a disposição caso apareça
qualquer serviço.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38927697 – Diego Hendrigo
Lopes de Souza Gouveia x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) – 23/01/2017 –
18:11:21).

Ainda, em uma das ligações interceptadas, DIEGO


HENDRIGO conversou com um dos integrantes da organização criminosa não identificado,
ambos comentavam como os negócios ilícitos estavam devagar, ao que DIEGO comentou
que os dois veículos roubados foram recuperados pela polícia: “Diego comenta que viu que
HNI ligou ontem, mas o celular dele estava desligado. HNI pergunta o que Diego está
fazendo da vida, se só comendo e dormindo. Diego diz que “o trem” (serviços ilícitos) sumiu
tudo. HNI pergunta se até o Gordão (Walisson Rodrigues de Oliveira) sumiu. Diego diz que
“até a auto peças lá está devagar” (não está tendo peças de veículos desmontados para
serem transportadas). (...) Diego comenta que os “meninos do Walisson” (ladrões que
integram a organização criminosa e trabalham para ele) “pegaram duas” (roubaram duas
caminhonetes) para trabalhar esta semana, mas foram recuperadas (pela polícia). Diego
diz que a crise “lá” está feia também. HNI comenta que Gordão (Walisson) deve estar
zangado. Diego diz que ele está “só o ódio e a revolta”.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 38878437 – Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia x HNI – 16/01/2017 –
13:35:51).

No mês de março de 2017, DIEGO HENDRIGO e


WALISSON combinaram mais um serviço, para o descarte de peças. Assim, verifica-se que
DIEGO atuou junto a WALISSON por vários meses e não apenas um mês, como alegou em
seu interrogatório judicial: “Walisson fala para Diego que quer que ele pegue o caixote e
leve no lugar para pesar (jogar fora peças de carro) na Avenida Itália. Walisson diz que é
para Diego somente pegar e jogar lá. Diego pergunta se é somente lixo. Walisson diz que
sim. Diego pede para Walisson chamar outra pessoa para ajudar a carregar. Walisson fala
que não precisa, pois é somente um trem dele, mas não pode falar por telefone.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 39386288 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x
Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia – 08/03/2017 – 14:23:45);“Walisson combina com
Diego de ele ir pegar o lixo (resto de componentes de carro desmontado). Diego pergunta se
é somente assoalho (de carro). Walisson diz que não. Walisson fala que é um caixote.
Walisson fala para Diego pegar na Avenida Itália. Diego fala que vai ver se pode pegar na
parte da tarde, pois agora pela manhã o caminhão está cheio.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 39395449 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Diego Hendrigo
Lopes de Souza Gouveia – 09/03/2017 – 07:25:26). Assim, não há qualquer dúvida quanto à
participação de DIEGO HENDRIGO na organização criminosa, sendo sua função

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transportar as peças de veículos roubados e desmanchados, a mando de WALISSON.

Tratando da conduta atribuída ao último integrante do


primeiro núcleo da organização criminosa, SÍLVIO JOSÉ, tem-se que as peças provenientes
do desmanche de veículos roubados eram a ele repassadas, a fim de serem negociadas no
estabelecimento comercial Anel Viário Autopeças. Em seu interrogatório judicial, o acusado
afirmou (fls. 2.759/2.761): “QUE não é verdadeira a acusação referente ao crime de
organização criminosa; que o interrogando é sócio da empresa Anel Viário Autopeças,
empresa destinada a venda de peças de veículos e carros batidos; que o interrogando foi
preso em fevereiro deste ano por um processo da 8ª Vara Criminal, ocasião em que foram
apreendidas trezentas peças em sua loja; que foram apreendidos também diversos telefones;
que nenhuma das peças apreendidas pela polícia é de origem ilícita, pois todas estão
acompanhadas de documentação; que o interrogando não tem nenhuma relação com uma
caminhonete placa OLQ-0845; que inclusive sua advogada consultou essa placa e verificou
que se trata de um veículo legal referente a um Fiat Siena; que conhece o Walisson; que fez
uma negociação com Walisson trocando uma Amarok em dez Blazers de leilão; que o
interrogando esclarece que essas Blazers são veículos oficiais da Polícia Militar; que
Walisson não fornecia peças para sua loja, mas comprava peças; que não conhece Bruno
Lima dos Santos, nem Maiko Jorge (…) Que confirma que a esposa do Walisson ligou para o
interrogando lhe perguntando sobre o documento da Amarok, veículo esse que trocou com as
Blazers mencionadas acima; que a Amarok inclusive estava no nome de sua mãe, veículo este
regular; que a caminhonete não ficou apreendida; que pediu a mulher do Walisson para não
citar nome porque tinha um mandado de prisão em São Paulo; que os documentos juntados
às fls. 1773 a 1781 se referem a Amarok que trocou com Walisson; que Walisson comprava
muitas peças em sua loja, mas o interrogando nunca comprou peças de Walisson; que sua
loja é muito grande e vende muitas peças; que adquiria peças do Leilão Master e Leilão
Brasil; que também compra peças em São Paulo e Rio de Janeiro.”

Conforme mencionado em seu interrogatório, em uma


das conversas interceptadas SILVIO JOSÉ pediu para Viviane, esposa do WALISSON, não
falar nomes, além de demonstrar preocupação com a prisão de WALISSON: “Viviane
(esposa do Walisson) fala que quer conversar com “Paulista” sobre o documento da Amarok.
HNI1 diz que Paulista falou que entregou o documento para o filho dela. Viviane pergunta se
foi hoje. “Paulista” pega o telefone e pergunta o que aconteceu. Viviane fala que está na
Delegacia e eles querem o documento para liberar a caminhonete. “Paulista” diz que
entregou na mão do filho dela. “Paulista” pergunta se deu algum problema com o parceiro
(Walisson). Viviane fala que até agora não deu nada. “Paulista” pede para não falarem
nomes, qualquer coisa fala que é dele (do Walisson). Viviane fala que tudo bem. “Paulista”
fala que se for preciso deixa apreendido e depois tiram.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36956663 – Viviane Luiza Moreira (esposa Gordão) x Silvio José Longo
Ferreira (Paulista) x HNI1 (funcionário) – 20/07/2016 – 18:12:16).

Ora, a preocupação de SILVIO JOSÉ era normal, visto


que ele mantinha negócios com WALISSON, não apenas os lícitos, como a venda do veículo
Amarok, mas também os ilícitos, como demonstram as duas ligações abaixo interceptadas,

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9ª Vara Criminal

sendo a primeira ligação uma conversa de ambos os acusados sobre a entrega das peças dos
veículos roubados e desmontados, ao que na última WALISSON conversa com sua esposa e
diz que está na loja de SILVIO aguardando descarregar o caminhão de DIEGO
HENDRIGO: “Walisson avisa para Silvio que o rapaz do frete está chegando lá (na loja do
Silvio). Silvio diz que é impossível, uma vez que está com um caminhão descarregando na
porta naquele momento.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38211172 – Walisson
Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Silvio José Longo Ferreira (Paulista/Alemão/Gaúcho) –
05/11/2016 – 09:53:21); “Walisson fala para Viviane que está no "Paulista" (Silvio José
Longo Ferreira), esperando descarregar o caminhão. Walisson pede para Viviane avisar
“Chimbinha” que vai levar uns trem, umas borrachas para ele. Walisson diz que enquanto
aguarda, Diego saiu na caminhonete para cortar o cabelo.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 38215278 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X Viviane Luiza
Moreira – 05/11/2016 – 16:45:04). Em conclusão, não há dúvidas quanto à participação de
SILVIO JOSÉ na organização criminosa, ao que após a desmontagem dos veículos, as peças
eram levadas para o seu estabelecimento comercial, denominado Anel Viário Autopeças, onde
eram expostas à venda no atacado e varejo, como se fossem de veículos lícitos, provenientes
de veículos baixados.

1.2 Núcleo Coordenado pelo denunciado BRUNO


LIMA DOS SANTOS, vulgo “Chinês”. Conforme mencionado na denúncia, o segundo
núcleo (1.2) era coordenado pelo denunciado BRUNO LIMA DOS SANTOS, vulgo
“Chinês”, bem assim, integrado pelos acusados PAULO SÉRGIO GOMES DOS SANTOS,
JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS, MATEUS COSTA DE LIMA, ANTÔNIO
CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, TAIRANY NEVES DO NASCIMENTO e
EDUARDO LIMA DOS SANTOS. Este segundo núcleo era destinado aos roubos de
veículos encomendados por WALISSON.

Amplamente visualizado na análise do primeiro núcleo


(1.1), acerca da participação de BRUNO LIMA na organização criminosa, bem assim, a sua
atuação como líder dos demais integrantes deste núcleo, coordenando as atividades
criminosas, determinando o modelo de veículo que deveria ser subtraído e onde seriam
guardados, fornecendo o armamento para os integrantes do núcleo, captando recursos para o
pagamento de fianças dos integrantes presos, fornecendo, por fim, todo o suporte necessário
para a prática dos crimes. Importante mencionar que dos cinco crimes imputados aos
integrantes deste núcleo (Crimes nº 2.1, 2.4, 2.6, 2.9 e 2.21), quatro deles, conforme se verá
adiante, tiveram a participação ativa de BRUNO LIMA (Crimes nº 2.1, 2.4, 2.6 e 2.9).
Apenas o crime 2.21, o que será demonstrado adiante, foi praticado pelo acusado EDUARDO
LIMA, irmão de BRUNO, em concurso com WALISSON. Conforme já mencionado acima,
BRUNO LIMA, mantinha contato direto com WALISSON, que encomendava os veículos a
serem subtraídos e, ainda, coordenava a entrega dos carros roubados, determinando o local e o
horário.
EDUARDO LIMA, PAULO SÉRGIO, JOÃO
PEDRO, MATEUS COSTA e ANTÔNIO CARLOS, integravam esse núcleo da
organização criminosa, sendo todos diretamente subordinados a BRUNO LIMA, inclusive o
seu irmão, EDUARDO LIMA. Veja que além de outras atividades ilícitas, restou

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comprovado nos autos, através de interceptações telefônicas autorizadas por este juízo, que
BRUNO LIMA atuou diretamente em quatro roubos de veículos (Crimes nº 2.1, 2.4, 2.6, 2.9
e 2.21), referente ao veículo Ford/Fiesta SD 1.6, cor branca, placas PQI-1186 (vítima
Aparecida Marlei de Assis); camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165 (vítimas
Reginaldo José dos Santos e Maikel Vieira de Melo); veículo Toyota/Hilux, placas PQM-
0970 (vítima Márcio Cardoso Soares); e veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-
3484 (vítima Beatriz Miguel de Padua), sendo que em cada crime um ou dois dos integrantes
do núcleo atuaram como seus comparsas PAULO SÉRGIO (Crime nº 2.4), JOÃO PEDRO
(Crimes nº 2.4 e 2.6) e ANTÔNIO CARLOS (Crime nº 2.9).

A atuação de PAULO SÉRGIO na organização


criminosa, revelava-se não só nas condutas de executar os roubos dos veículos, como,
também, a de comunicar-se com BRUNO LIMA, informando sobre possíveis veículos a
serem subtraídos. As interceptações telefônicas abaixo citadas, demonstram que PAULO
SÉRGIO entrava em contato com BRUNO LIMA, informando sobre possíveis vítimas,
afirmando, ainda, ser veículo à diesel: “Paulo Sergio conta para Bruno que acabou de ver
no Cais (Amendoeiras) uma mulher estacionando em uma 4x4 (caminhonete). Paulo
Sergio fala que é a mesma que Bruno falou que o cara pagava (comprava) se fosse diesel.
Bruno fala que está indo encontrá-lo.” (Relatório de interceptação telefônica índice
36938525 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Paulo Sérgio Gomes dos Santos (PS) –
19/07/2016 – 16:05:45); “Paulo fala que tem uma mulher dando volta em uma
caminhonete Amarok, cor branca, nova, perto do Cais. Bruno fala que vai lá dar uma
voltinha. Paulo explica por onde a mulher passou com a caminhonete.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 36970125 – Bruno Lima

De igual forma, a atuação de JOÃO PEDRO na


organização criminosa revelava-se, principalmente, na conduta de roubar veículos, restando
comprovada sua participação, junto com BRUNO LIMA, em pelo menos dois roubos (2.4 e
2.6), referente à camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165 (vítimas Reginaldo
José dos Santos e Maikel Vieira de Melo); ao veículo Toyota/Hilux, placas PQM-0970
(vítima Márcio Cardoso Soares). Veja que JOÃO PEDRO confessou a responsabilidade
criminal neste último fato, bem assim, tentou eximir o seu comparsa de qualquer
responsabilidade. Entretanto, as interceptações telefônicas foram suficientes para comprovar a
atuação de BRUNO LIMA, o qual seguia na direção do veículo de apoio. Por outro lado, veja
que JOÃO PEDRO atuava, também, no transporte de veículos, entregando-os para
WALISSON após serem subtraídos. Nesta ligação JOÃO PEDRO pergunta a BRUNO
LIMA que horas eles vão entregar o veículo Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165
(Crime 2.4): “João Pedro pergunta para Bruno que horas eles vão. Bruno diz que vai ligar
no cara (Gordão).” (Relatório de interceptação telefônica índice 36949412 – Bruno Lima dos
Santos (Chinês) x João Pedro Elias dos Santos – 20/07/2016 – 10:32:12).

Em outra ligação BRUNO LIMA, responsável pelo


armamento, pergunta a JOÃO PEDRO se ele está com o revólver: “Bruno pergunta se o
revólver está com João Pedro. João Pedro diz que não. Bruno e João Pedro marcam de
encontrarem.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36978802 – Bruno Lima dos

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Santos (Chinês) x João Pedro Elias dos Santos – 22/07/2016 – 12:24:38).

Necessário mencionar que BRUNO LIMA também


ensinava a atividade ilícita para os seus comparsas mais novos, impulsionando os integrantes
do grupo a crescerem no mundo da criminalidade. Veja que na ligação abaixo interceptada
BRUNO LIMA incentivou JOÃO PEDRO a praticar crimes, afirmando que iria ensiná-lo a
dirigir camionetes e que seria responsável por abordar a vítima: “Bruno pergunta para João
Pedro se ele quer ir. João Pedro diz que sim. Bruno fala que João Pedro vai aprender a
dirigir caminhonete hoje. Bruno diz que João Pedro vai descer com ele.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 36939119 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x João Pedro
Elias dos Santos – 19/07/2016 – 16:34:56). Veja que neste dia JOÃO PEDRO subtraiu a
camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165 (vítima Reginaldo José dos Santos).

Também integrava o núcleo 1.2 o acusado ANTÔNIO


CARLOS, que também assumiu a função de praticar os roubos, ao que, junto com BRUNO
LIMA, subtraíram o veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3484, fato ocorrido no
dia 19 de setembro de 2016, em desfavor da vítima Beatriz Miguel de Padua (Crime nº 2.9).
Interessante destacar que após o roubo, BRUNO LIMA expõe que não será possível entregar
o veículo para o interessado, ao que ANTÕNIO CARLOS disse que não pode sair mais de
casa, em razão de usar tornozeleira eletrônica. Tal fato ficou confirmado pelo Relatório
policial de fls. 832/840, evidenciando a sua localização no momento do crime, em
consonância à interceptação telefônica: “Bruno fala para Antônio que não da para entregar
a Ecosport (para os compradores) hoje, só amanhã. Bruno fala que precisavam de um
buraco (local para esconder carros roubados) para guardar ela hoje. Antônio fala que tem
o local, mas não pode sair de casa (pois usa tornozeleira eletrônica). Antônio explica sobre
o funcionamento da tornozeleira eletrônica. Antônio fala que vai pedir um menino para ir
lá ver isso.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37597481 – Bruno Lima dos Santos
(Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Souza (Japa)– 19/09/2016 – 19:59:14).

O segundo núcleo contava, ainda, com a atuação do


acusado MATEUS COSTA, que inicialmente se reportava a WALISSON, solicitando que
lhe indicasse um parceiro para a prática de crimes, evidenciando o seu interesse em integrar a
organização criminosa, conforme restou evidenciado nas interceptações telefônicas: “Mateus
pergunta se Wallisson não conhece uns meninos bons. Wallisson diz que tem. Mateus
reclama que o dele está dando mole. Wallisson diz que tem um molequinho que acabou de
sair (da cadeia) e falou que já está trabalhando (roubando). Wallisson diz que vai verificar
com ele se tem parceiro e se não tiver vai indicar Mateus. (...).” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36055733 – Wallisson Rodrigues de Oliveira X Mateus Costa de Lima
(Galinho) – 12/05/2016– 12:41:34).

Ainda, veja que MATEUS COSTA contava com o


apoio de WALISSON para a prática de crimes, ao que este lhe fornecia, inclusive, arma de
fogo para os assaltos, bem assim, o encaminhava para fazer parceria com os integrantes do
segundo núcleo: “Mateus fala que não foi hoje, pois os meninos estão todos passando mal.
Mateus pergunta cadê aquela ferramenta (arma de fogo) que Walisson falou que ia

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mandar. Walisson fala que não veio ainda, mas que esse final de semana o menino vem.
Walisson fala que conhece um molequinho e ele está sem parceiro. Mateus fala que
amanhã eles conversam pessoalmente. Walisson reitera que o moleque é muito bom.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36133899 – Walisson Rodrigues de Oliveira X
Mateus Costa de Lima (Galinho)– 17/05/2016– 21:47:31); “Mateus fala que pegou (roubou)
um trem (carro), mas bloqueou. Mateus pede para Walisson arrumar outra ferramenta
(arma de fogo) para ele. Mateus diz que agora vai descer (abordar a vítima), pois agora vai
com duas (armas), para ele e o moleque descer (abordarem a vítima). Walisson fala que vai
pedir o cara para trazer. Mateus reclama que os moleques tem medo e reclama que já tem
quase um mês que não pega nada.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36148254 –
Walisson Rodrigues de Oliveira X Mateus Costa de Lima (Galinho) – 18/05/2016 –
20:29:36); “Walisson pergunta se Mateus não vai fazer nada (praticar roubos). Mateus diz
que está querendo e fala que Walisson precisa arrumar outra ferramenta (arma de fogo).
Walisson fala que o cara vem amanhã. Mateus fala que vai precisar da outra (arma) agora,
pois só vai ele agora vai descer (abordar a vítima), pois só vai junto com mais um menino.
Mateus reclama que com os outros moleques só está gastando combustível. Walisson pede
para Mateus arrumar pelo menos um (carro) para já irem “brincando”.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 36161026 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Mateus Costa
de Lima (Galinho)– 19/05/2016 – 17:26:06).

Passados cerca de dois meses, MATEUS COSTA


ingressou no grupo liderado por BRUNO LIMA, desempenhando, inicialmente, funções
como auxiliar nos roubos, transportar objetos, inclusive peças advindas de WALISSON, e
guardar os veículos subtraídos, conforme evidenciado pelas interceptações telefônicas:
“Mateus fala para Bruno que o Honda está lá no local onde falou. Bruno pergunta se tem
gente lá. Mateus fala que sim, mas que dá para ficar esperando em um cantinho lá. Mateus
fala que compensa esperar o cara sair. Bruno fala que precisa terminar de comer e ir lá
pegar o “picolé” (arma de fogo). Bruno fala que liga depois.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36972111 – Mateus Costa de Lima (Galim) x Bruno Lima dos Santos
(Chinês) – 21/07/2016 – 19:56:40); “Mateus pergunta para Bruno se ele está pelo setor.
Bruno diz que já está indo embora e pergunta o que aconteceu. Mateus fala que acabou de
ver um trem (carro) ali que não dava para perder (não roubar). Bruno pergunta se é no
setor. Mateus diz que sim. Bruno fala que não vai, pois está cheio de policiais.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 36997771 – Mateus Costa de Lima (Galim) x Bruno Lima
dos Santos (Chinês) – 23/07/2016 – 23/07/2016); “Bruno fala para Mateus que já pegou as
toucas deles. Bruno e Mateus vão se encontrar.” (Relatório de interceptação telefônica
índice 37036842 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Mateus Costa de Lima (Galim) –
27/07/2016 – 18:51:22); “Bruno fala para Walisson que vai mandar o Mateus (Mateus
Costa de Lima, vulgo “Galin”), que tinha um Polo preto, pegar as peças com Walisson.
Walisson pede para Bruno ensinar Mateus a chegar lá.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36883890 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Bruno Lima dos
Santos (Chinês) – 15/07/2016 – 16:44:40).

Veja, também, que o acusado EDUARDO LIMA, irmão


de BRUNO LIMA, também integrava o segundo núcleo da organização criminosa.

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9ª Vara Criminal

Entretanto, a presença de EDUARDO passou a ser mais frequente com a prisão do seu irmão,
ocorrida aos 21/12/2016, conforme Auto de Prisão em Flagrante nº 3846/2016. A partir deste
evento, EDUARDO LIMA assumiu os contatos diretos com WALISSON, recebendo as
encomendas dos veículos e os entregando após serem roubados. Assim, as interceptações
telefônicas revelam que a partir de janeiro de 2017, EDUARDO e WALISSON passam a se
contatarem com frequência, inclusive restou comprovado nestes autos que o roubo do veículo
VW/Kombi, cor branca, placas OGJ- 5465, no dia 11 de janeiro de 2017, em desfavor da
vítima Douglas Candido da Silva (Crime nº 2.21), foi praticado pelos acusados EDUARDO
LIMA e WALISSON. Ainda, conforme revelam as interceptações abaixo, de sucessivas
ligações entre EDUARDO e WALISSON, EDUARDO disse que acabou de roubar uma S10
4x4. WALISSON encomendou um Honda Civic e EDUARDO disse que irá roubá-lo.
EDUARDO ofereceu um Corolla preto para WALISSON, ao que este disse que serve
somente branco. Ainda, nesta ligação, EDUARDO disse que seus comparsas estão
desanimados, pois todos os veículos subtraídos estão sendo recuperados. WALISSON induz
que seja em razão do local onde os veículos estão sendo deixados, ao que EDUARDO
afirmou que a recuperação se deve ao fato de todos os veículos serem novos e contarem com
rastreador: “Eduardo conta para Walisson que acabou de roubar uma caminhonete S10
4X4 “das novas” e que se tudo der certo entrega o veículo amanhã pela manhã. Eduardo
pergunta para Walisson sobre os “capetinhas” (equipamento que bloqueia o sinal de
rastreador). Walisson responde que vai organizar os referidos equipamentos.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38854184 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima
dos Santos – 12/01/2017 – 18:10:36); “Eduardo pede para Walisson ter calma que se der
certo vai avisar e diz que ainda não ligou porque não “deu vermelho” (não foi registrada a
ocorrência de roubo pela vítima). Eduardo fala que “pegou” (roubou) uma caminhonete S10,
4X4, das novas. (...).” (Relatório de interceptação telefônica índice 38859511 – Walisson
Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima dos Santos – 13/01/2017– 12:51:28); “Eduardo fala
para Walisson que alguém vai no local mais tarde. Walisson reclama que vai estar dormindo.
Walisson encomenda um veículo Honda Civic de cor preta entre os anos de 2008 e 2010.
Eduardo diz que vai roubar o carro amanhã e envia fotografia assim que estiver com o
veículo.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38854681 – Walisson Rodrigues de
Oliveira X Eduardo Lima dos Santos – 12/01/2017 – 19:04:53); “Eduardo oferece para
Walisson um Corolla de cor preta, mas Walisson diz que só serve se for branco. Eduardo
diz que está procurando carros para roubar e que os comparsas estão desanimados, uma
vez que os carros estão sendo recuperados. Walisson pergunta se não é por causa do lugar
onde estão deixando os carros estacionados. Eduardo responde que não e que acredita que
a recuperação está ocorrendo porque estão roubando somente veículos novos
(provavelmente porque possuem rastreadores), e que hoje vai procurar os mais velhos.
Eduardo diz que só deu certo uma 4X4 e que inclusive vai mudá-la de local.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38892318 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima
dos Santos – 18/01/2017– 11:12:29).

Ainda, verifica-se a continuidade do segundo núcleo na


ligação em que WALISSON mandou EDUARDO acelerar, a fim de roubar mais veículos:
“Eduardo fala para Walisson que está trabalhando (procurando carros para roubar).
Walisson manda Eduardo acelerar. Eduardo fala que assim que der certo vai avisá-lo.”

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(Relatório de interceptação telefônica índice 38858589 – Walisson Rodrigues de Oliveira X


Eduardo Lima dos Santos – 13/01/2017– 11:03:57). Posteriormente, WALISSON ainda
encomenda um Corolla branco para EDUARDO: “Walisson encomenda para Eduardo um
Corolla de cor branca, 2013. Eduardo diz que esses dias quase que deu certo de “pegar”
(roubarem) o Gol. Eduardo pergunta se Walisson ainda está precisando dele (do VW/Gol
G5 Rally). Walisson diz que o Gol Rally ele ainda tem interesse. Walisson pede para
Eduardo arrumar uma S10 de cor preta também. Eduardo diz que não pegou uma S10
prata porque Walisson quer é uma de cor preta. (...).” (Relatório de interceptação telefônica
índice 38884825 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima dos Santos –
17/01/2017– 11:29:35).

De igual forma, a sucessão da liderança para


EDUARDO ficou firmada, bem assim, a sua ascensão na organização criminosa ficou
evidente, quando ele passou a tratar diretamente com WALISSON sobre a necessidade de
armas de fogo, bem assim, a respeito dos negócios antigos do seu irmão. Ainda, EDUARDO
solicitou um bloqueador de sinal e se comprometeu a roubar um veículo por dia com esse
equipamento: “Eduardo fala para Walisson que está sem “ferramenta” (arma de fogo) e
por isso não está roubando carros. Eduardo diz que Bruno, irmão dele, chegou em casa
contanto sobre um Hyundai/Veloster. Eduardo reclama que a arma de fogo que ele tinha,
Bruno vendeu sem sua autorização. Walisson diz que também ficou chateado, vez que
Bruno havia vendido a arma para ele e depois vendeu para outra pessoa. Eduardo diz que
está atrás de uma “ferramenta” (arma de fogo) para “trabalhar” (roubar). Eduardo
pergunta para Walisson se caso ele der R$ 2.000,00, se o proprietário do carro transfere o
veículo. Walisson diz que sim. Eles falam sobre a possibilidade de comprar arma de fogo e
Walisson diz que vai tentar arrumar uma emprestada para Eduardo.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38927613 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima
dos Santos– 23/01/2017– 18:02:38); “Eduardo avisa Walisson que não deu certo e que vai
tentar amanhã. Eduardo pergunta sobre o outro negócio. Walisson responde que está sem
dinheiro, pois pagou R$ 17.000,00 do carro do Bruno (Bruno Lima dos Santos, Chinês, irmão
do Eduardo) e mais o documento que foi R$ 6.000,00. Eduardo diz que se arrumarem “o
trem lá” (bloqueador de sinal) será uma por dia (caminhonete roubada). Eduardo diz ainda
que não está conseguindo falar com o Bruno e que vai tentar contatá-lo através da mulher
dele. Eduardo pergunta para Walisson se Bruno ainda estava devendo para ele e se a dívida
é por causa do carro Veloster. Walisson responde que sim e que Bruno só lhe deu duas
(caminonetes roubados) para quitar a dívida, sendo que haviam combinado que seriam três,
mais uma S10, além do valor de R$ 6.000,00 de documento. Walisson reforça o pedido
acerca da “pretinha” para fazerem negócio (para Eduardo roubar uma caminhonete preta).”
(Relatório de interceptação telefônica índice 38855701 – Walisson Rodrigues de Oliveira X
Eduardo Lima dos Santos – 12/01/2017 – 20:28:46); “Walisson fala para Eduardo que está
tentando arrumar uma arma de fogo emprestada ou alugada. Walisson avisa Eduardo que
o dono do carro precisa encontrar com ele para pegar uma chave que ficou dentro do
veículo. Combinam de se falarem amanhã.” (Relatório de interceptação telefônica índice
38927845 – Walisson Rodrigues de Oliveira X Eduardo Lima dos Santos – 23/01/2017–
18:28:40).

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Por fim, não obstante os indícios de autoria tenham sido


suficientes para embasar a denúncia contra TAIRANY, a instrução processual, ou mesmo as
interceptações telefônicas, não foram suficientes para demonstrar a sua responsabilidade
criminal. Interrogada judicialmente, TAIRANY (mídia às fls. 2.677/2.682) afirmou que não
são verdadeiras as acusações que lhe são feitas, negando ter armas em sua casa, não tendo
nenhum conhecimento sobre os fatos. Disse que conheceu BRUNO na escola Juvenal José
Pedroso e às vezes o encontrava em festas. Afirmou também conhecer PAULO SÉRGIO
apenas de vista. Nenhuma prova foi contundente o bastante para demonstrar a autoria da
acusada neste crime. Veja que as conversas interceptadas supostamente atribuídas a ela são de
pequena duração, ao que a mulher responde com pequenas palavras, não sendo suficientes
para verificar semelhança entre as vozes. Outro ponto que gera dúvida é que a mulher é
tratada pelo apelido “Tata”, ao que TAIRANY disse extrajudicialmente que esse não é o seu
apelido. Ainda, extrajudicialmente, TAIRANY disse que o número interceptado não lhe
pertence, não tendo nenhuma prova que a vincule ao telefone interceptado. A denúncia imputa
que as armas do segundo núcleo eram guardadas na residência de TAIRANY. Entretanto, ao
cumprir o mandado de busca e apreensão, nada de ilícito foi encontrado no local. Portanto,
considerando as dúvidas existentes no caso, caminho resta senão a absolvição de
TAIRANY.

1.3 Núcleo Coordenado pelo denunciado MAIKO


JORGE RODRIGUES MACHADO, vulgo “Cueca”. Por fim, aduz a denúncia que o
terceiro núcleo (1.3) era liderado pelo acusado MAIKO JORGE, vulgo “Cueca”, bem como,
integrado pelos acusados FILIPE NASCIMENTO SILVA, DIEGO COTRIM MESSIAS,
EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO, MATHEUS LEOMAR COSME LOPES,
BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS, IGOR ANDRÉ VALENÇA DO
NASCIMENTO, THIERRY GLEYFFER GONÇALVES BORGES, JEOVÁ JOSÉ DA
SILVA, EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA, GENIVAL DA SILVA
FERRAZ, MATHEUS VIEIRA LIRA e pelo adolescente Marcos Regino de Souza Santos.
Este último núcleo era destinado aos roubos de veículos, encomendados por WALISSON.

De acordo com a motivação constante na análise do


primeiro núcleo (1.1), a participação de MAIKO JORGE na organização criminosa ficou
bem delineada, assim como a sua atuação como líder dos demais integrantes deste núcleo
(1.3). Nesta função ele coordenava as atividades criminosas, definindo qual dos integrantes
praticaria os roubos, bem assim, onde os veículos seriam guardados, além de fornecer o
armamento e veículos necessários para os assaltos. Também era incumbência de MAIKO
JORGE determinar a entrega dos veículos roubados para WALISSON, além de indicar e
pagar advogados para os integrantes do grupo que estavam presos. Em razão da coordenação
das atividades criminosas deste grupo, MAIKO JORGE evitava se expor durante a prática
dos roubos. Assim, a sua atuação era basicamente como condutor do veículo de apoio ou
ainda como autor intelectual dos crimes, ao que coordenava por telefone os demais
integrantes. Por tais motivos, o acusado MAIKO JORGE foi pouco reconhecido pelas
vítimas, visto que ele não figurava diretamente na cena do crime. De forma contrária, como
ele coordenava tudo por telefone, as interceptações telefônicas são fontes preciosas que
comprovam a autoria delitiva de MAIKO JORGE em todos os crimes que ele atuou como

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mandante ou no veículo de apoio.

Há que se ver também que este grupo foi responsável


pela prática de vinte e um crimes de roubo (Crimes 2.2, 2.3, 2.5, 2.7, 2.8, 2.10, 2.11, 2.12,
2.13, 2.14, 2.16, 2.17, 2.19, 2.20, 2.22, 2.25, 2.26, 2.27, 2.28, 2.29 e 2.30) e de seis crimes de
receptação (Crimes 2.3, 2.5, 2.18, 2.24, 2.27 e 2.28), conforme revela a interceptação
telefônica, sendo que o acusado MAIKO JORGE participou comprovadamente de treze
crimes narrados na denúncia, quais sejam: crimes 2.2, 2.3, 2.5, 2.11, 2.13, 2.17, 2.18, 2.19,
2.20, 2.26, 2.27, 2.28 e 2.29, referente aos veículos GM/S10, placas OMN-5818, cor branca
(vítima Etevaldo Alves Galvão); Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014,
placas ONN-5910 (vítima Elio Rodrigues de Freitas); VW/Amarok, placas NWF-0829, cor
prata (vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes); Toyota/Corolla, placas PQN-1208
(vitima José Divino da Silva); Ford/Ranger, cor cinza, placas PQY-3164 (vítima José Alberto
Ávila de Souza); Ford/Ranger, cor branca, placas PQQ-8012 (vítima José de Oliveira);
Toyota/Corolla, placas NLT-0389 (vítima João Cardoso Sudário); Toyota Hillux, cor cinza,
placas OLH- 1480 (vítima Arthur Emanuel Chaves de Dranco); Fiat/Toro, Freedom AT,
placas PQW-6856 (vítima Geraldo Simeão da Silva); Nissan/Frontier, placas OTP-8510
(vítima Mariana Palos Andrade Só); GM/S10, cor branca, placas ONN-4567 (vítima Gabriel
dos Santos Andrade); Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090 (vítima Paulo
Junior Sirino da Silva); Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361 (vítima Helder da
Silva); Ford/Ranger, placas ONB-8190 (vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da
Rocha). Ainda, conforme já visto, MAIKO JORGE mantinha contato direto com o acusado
WALISSON, de quem recebia as encomendas dos carros a serem roubados, bem assim,
determinava a entrega dos veículos encomendados para WALISSON.

O conjunto probatório evidenciou que o terceiro núcleo


(1.3) da organização criminosa era integrado pelos acusados FILIPE, DIEGO COTRIM,
EDIMILSON LUIS, MATHEUS LEOMAR, BRUNO REGINO, IGOR ANDRÉ,
THIERRY GLEYFFER, JEOVÁ JOSÉ, EVANDSON, GENIVAL, MATHEUS VIEIRA
e pelo adolescente Marcos Regino de Souza Santos, bem assim, pelos já falecidos Cleiber
Minaré Lacerda (Abel), Lucas Felipe de Sousa Fernandes (Limite), todos subordinados a
MAIKO JORGE.

Notório neste terceiro núcleo, a subordinação dos seus


integrantes à MAIKO JORGE, a quem alguns o tratavam por “pai”, conforme é possível
verificar nas ligações interceptadas: “ (...) Igor diz que passou perto da casa de Marcos e que
a blitz estava no mesmo lugar. Marcos diz que a blitz quer pegar Igor. Igor pergunta cadê o
“pai” de Marcos (refere-se a Maiko Jorge Rodrigues Machado). Marcos pergunta se Igor
não vai no corre (praticar roubos) hoje. Igor diz que vai, mais tarde, que de manhã não da
para ir. Marcos diz que Igor leva só os caras, os novos filhotes dele. Igor diz que vai levar
Marcos. Igor diz que os caras pagam certo e que Marcos pega os “trem” (carro) e não quer
pagar. (...) Igor fala com Maiko. Maiko pergunta cadê Igor. Igor diz que está voltando e que
daqui a pouco está na região. Maiko diz que combinou às 9 horas. Igor diz que ainda não são
9 horas e que já está chegando. Maiko questiona se Igor está é no corre (praticando roubos)
com outras pessoas. Igor diz que não, que está com a sogra dele e já está voltando.”

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(Relatório de interceptação telefônica índice 38140664 – Igor Andre Valença do Nascimento


X Marcos Regino de Souza Santos X Maiko Jorge Rodrigues Machado – 29/10/2016 –
08:22:39).

Analisando a atuação efetiva de cada participante da


organização criminosa, verifica-se que o acusado MATHEUS LEOMAR agia diretamente
no roubo de veículos. Veja que a denúncia atribui ainda ao acusado a prática de dois crimes
de roubo (2.3 e 2.5), referente aos veículos Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano
2013/2014, placas ONN-5910, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas; e
VW/Amarok, placas NWF-0829, da vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes, sendo que
ambos os crimes foram praticados junto com MAIKO JORGE. Conforme o registro das
interceptações telefônicas, no dia 16/07/16, logo pela manhã, MATHEUS LEOMAR e
MAIKO JORGE conversaram sobre a prática dos roubos e a necessidade de pegar “uma
grande”, referindo-se à camionete, ao que MAIKO JORGE estimulava MATHEUS
LEOMAR ao exercício da atividade criminosa: “Maiko fala para Matheus não dar mole e
pegar uma grande (caminhonete). Maiko fala que vai passar duas peças (droga) para
Matheus não ficar sem.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36891444 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes – 16/07/2016 –
07:46:39); “Matheus conta para Maiko que vai roubar uma senhora com uma caminhonete
no Jardim Oliveiras. Maiko fala para pegar a caminhonete e levar para o Supermercado
Bretas do anel viário, pois fica fácil entregar para o comprador.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36891745 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar
Cosme Lopes – 16/07/2016 – 08:35:07); “Maiko chama HNI para fazer os “corres” (sair
para roubar). Maiko fala que eles vão ver se pegam (roubam) uma grande (caminhonete).
Maiko fala que o Matheus vai enquadrar. Maiko diz que vai ele, HNI e Matheus. Maiko
está indo pegar o Matheus.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36900562 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes x HNI (R7)–
16/07/2016– 18:49:37).

Após praticarem o roubo do veículo Nissan/Frontier


SVATK 4x2, cor prata, também no dia 16/07/2016, MATHEUS LEOMAR e MAIKO
JORGE conversaram sobre a troca da placa da camionete roubada: “Maiko fala para Mateus
tirar a placa da caminhonete roubada logo. Maiko fala para Matheus ir para o mesmo local
que ele pegou o R7.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36902153 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes – 16/07/2016– 20:45:10).
Ademais, os acusados conversaram sobre outros veículos a serem roubados, conforme as
encomendas de WALISSON: “Matheus fala que tem um Space Fox lá no Parque
Trindade. Maiko fala que ninguém quer Space Fox não. Matheus pergunta se o cara não
quer uma. Maiko fala que o cara (Walisson) quer Cross Fox, branco, 14/15. Maiko ainda
diz que o cara quer uma Ranger prata, um Cruze, o “branco” (Golf) e a preta (Hilux).
Maiko fala que o Alben quer ir. Matheus fala que vai passar lá.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 37055623 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x HNI (R7) x
Matheus Leomar Cosme Lopes – 29/07/2016 – 18:18:08). Veja ainda, na ligação do dia
29/07/2016, MATHEUS LEOMAR fez referência ao roubo do veículo VW/Amarok, placas
NWF-0829, da vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (Crime nº 2.5): “Matheus fala

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que Bruno pegou uma “grande”, uma Amarok. Maiko fala que tem que levar para onde ele
está. Matheus fala que eles estão indo para Bela Vista e fala para Maiko ligar para Bruno.
Maiko fala que não tem o telefone do Bruno e manda Matheus ligar para o R7 (que está
com o Bruno na caminhonete roubada) no telefone 9355-1759.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 37056586 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar
Cosme Lopes – 29/07/2016– 19:25:36); “Maiko pede a placa da Amarok. Maiko diz que já
tem o “buraco” (local para guardar a caminhonete roubada), quando der “vermelho”
(vítima fizer a ocorrência de roubo), é para avisar o Luis Fernando, pois ele vai colocar na
casa que eles alugaram. Matheus pede pra R7 ir para sua frente para ele pode ver a placa
da Amarok. Matheus fala que a placa da Amarok é NWF-0829. R7 fala para Matheus que
a gasolina da Amarok acabou. Maiko pesquisa a placa da Amarok e fala que é do ano de
2010/2011.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37057035 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x R7 x Matheus Leomar Cosme Lopes – 29/07/2016 – 20:05:15).

Outra função de MATHEUS LEOMAR na organização


criminosa era entregar os veículos subtraídos para WALISSON, conforme se observa na
interceptação telefônica abaixo: “Maiko fala para Mateus que tem que entregar a Amarok
(roubada) amanhã às seis e meia, em frente ao Supermercado Bretas do anel viário. Maiko
diz que o comprador mora lá perto e vai estar esperando. Matheus pergunta se R7 vai levar a
caminhonete “crua” (sem trocar as placas por outras falsas). Maiko fala que não tem outro
jeito. Matheus diz que cruzou com policiais e achou que estavam atrás deles. Maiko e Mateus
conversam sobre a divisão do dinheiro da venda da Amarok roubada. Maiko diz que Bruno e
R7 devem para ele. Maiko pede para Matheus mandar a foto da Amarok para ele mandar
para o comprador.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37058464 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes – 29/07/2016– 23:20:21).

Veja, por fim, que após a prisão de MATHEUS


LEOMAR, no dia 23/09/2016, durante um roubo, seus familiares entraram em contato com
MAIKO JORGE, solicitando-lhe ajuda: “Bruno pede para Carol falar para o irmão dele
(Marcos Regino de Souza Santos) perguntar para Maiko (Maiko Jorge Rodrigues
Machado) se ele vai ajudar.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38871928 – Bruno
Regino de Souza Santos x Carol – 15/01/2017– 08:57:56). Portanto, restou plenamente
configurada a atuação de MATHEUS LEOMAR na organização criminosa.

Verifica-se também, que no citado crime do veículo


VW/Amarok, placas NWF-0829, da vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (Crime nº
2.5), BRUNO REGINO também teve uma atuação preponderante, ao abordar a vítima,
conforme restou confirmado nos autos. Assim, observa-se que BRUNO REGINO também
participava da organização criminosa, estando subordinado a MAIKO JORGE, dele
recebendo ordens de quais veículos deveriam ser roubados, bem assim, lhe emprestava a arma
de fogo para enquadrar as vítimas. Veja que nas interceptações telefônicas abaixo, MAIKO
JORGE mandou BRUNO REGINO roubar vários modelos de veículos, como Golf, Hilux,
Polo ou Polo Sedan, repassando os modelos, anos e cores, bem assim, o repreendeu a não
emprestar a arma de fogo para ninguém: “Maiko manda Bruno “pegar” (roubar) um
Sportline branco (Golf) ou uma Hilux preta ano 2009 até 2012 ou um Polo igual ao dele

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(do Maiko). Maiko diz que se não achar igual o dele, pode ser um “longo” (Polo Sedan),
mas tem que ser prata. Maiko fala que R7 sabe, que já “pegou” (roubou) igual.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 37045420 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
(HNI) R7 x Bruno Regino de Souza Santos – 28/07/2016 – 18:34:47); “Maiko fala para
Bruno que não é para emprestar o danado (arma de fogo) para ninguém. Bruno diz que
nem sai de casa. Maiko diz que se emprestar ele vai ver, vai arrumar problema.” (Relatório
de interceptação telefônica índice 37592921 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Bruno Regino de Souza Santos – 19/09/2016 – 13:16:24).

De igual forma, os investigados FILIPE, DIEGO


COTRIM e EDMILSON LUÍS também integravam a organização criminosa, todos atuando
no roubo de veículos. Neste ponto, segundo o resultado das interceptações telefônicas,
observa-se que FILIPE e DIEGO COTRIM participaram, comprovadamente, de pelo menos
três roubos a veículos (2.7, 2.8 e 2.10), referente aos veículos VW/Saveiro CD Cross MA, cor
vermelha, ano 2015/2015, placas ONW-8639, da vítima Erivelton Vieira Alvares;
Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, da vítima Igor Miranda Balduino; e Fiat/Strada Working,
cor vermelha, placas IWJ-4206, da vítima Jean Pitágoras Araújo, ocasião em que subtraíram
também os celulares e as carteiras das vítimas Raimundo e Igor, sendo que este último fato
também contou com a participação de EDMILSON LUÍS, que adentrou no salão junto com
DIEGO COTRIM, enquanto FILIPE aguardava dentro do veículo de apoio.

Veja que o contato deste trio com a coordenação do


terceiro núcleo da organização criminosa era de responsabilidade de FILIPE, o qual
contatava MAIKO JORGE, que, por sua vez, dava-lhe ordens, definindo os carros a serem
roubados, o local de guardá-los, bem assim, fornecia as armas de fogo para as empreitadas
criminosas: “Maiko fala para Filipe sair para “pegar” (roubar) duas “grandes”
(caminhonetes) amanhã. Maiko fala que não vai levar o Cleibinho, pois ele tem medo. Filipe
pede para levar o outro cara que estava com o “brinquedo” (arma de fogo). Maiko fala que
vai levar dois caras que sabe que pega (rouba). Maiko diz que vai levar os dois para o
interior onde ele mora, pois lá tem muitas caminhonetes. Maiko diz que vai pegar uma
caminhonete no interior e atravessar rápido. Maiko fala que está com a pistola Glock.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36881770 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Filipe Nascimento Silva – 15/07/2016– 14:36:44); “Maiko fala que vai para o
interior pegar uma grande (caminhonete) e quando voltar pega o “danado” (carro) e leva
para casa e dorme com ele lá. Maiko pede para Filipe avisar "Limite" (Lucas Felipe de
Sousa Fernandes) para ficar com o carro por perto para não ter problema ao buscar.
Maiko diz que vai arrumar (roubar) um Cruze 2.0, “chinelar” (colocar placas clonadas) e
já vai vender para o cara por R$ 2.000,00. Maiko fala que no dia anterior, Cleibio deu mole
duas vezes (não roubou). Filipe diz para Maiko levar o "Limite" (Lucas Felipe de Sousa
Fernandes). Filipe fala que o "Limite" está devendo uma caminhonete para ele.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36883847 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Filipe Nascimento Silva – 15/07/2016 – 16:41:36); “Maiko pergunta para Filipe
quanto foi o “chinelo” (placas clonadas). Filipe diz que foi R$ 500,00. Maiko fala que o
cara paga R$ 2.000,00 no “cavalo” (veículo roubado). Maiko diz que vai tirar os R$ 500,00
do chinelo e dividir entre três: Maiko, Filipe e o "Limite" (Lucas Felipe de Sousa

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9ª Vara Criminal

Fernandes). Maiko fala que se o moleque achar ruim, cada um deles dá R$ 100,00. Maiko
conta que o cara quer comprar um “cavalo” hoje. Filipe fala para Maiko levar o "Limite"
para pegar um (roubar um carro) e ficar os dois "chinelados" (com placas clonadas).”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36893623 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Filipe Nascimento Silva – 16/07/2016– 10:59:33); “Maiko conta para Filipe que
roubou um Voyage 1.6 para eles. Maiko pergunta se Filipe tem um buraco (local para levar
carros roubados/furtados) para guardar o carro. Filipe fala que quando aparecer à
ocorrência de roubo (no sistema) do veículo vai avisar um cara para guardar. Maiko conta
que roubou o carro perto da região dele, que tem que levar para o lado da Vila Brasília.
Filipe diz que vai arrumar.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36895604 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Filipe Nascimento Silva –16/07/2016 – 12:49:36);
“Filipe pergunta para Maiko sobre a arma. Maiko fala que está com ele. Filipe diz que
queria a arma para fazer um “corre” (roubo). Maiko pede para Filipe esperar, pois vai
passar na Vila Brasília e ver se encontra um carro igual o dele para “pegar” (roubar).
Maiko conta que o carro que pegou (Voyage) “pulou” (foi recuperado) no Parque das
Laranjeiras. Maiko fala que o cara colocou o Voyage na porta da casa.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 36900605 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Filipe
Nascimento Silva – 16/07/2016 – 18:53:01); “Maiko pergunta se a Amarok está no mesmo
local. Filipe fala que “pulou” (foi recuperada) à noite. Maiko fala que tinha um cara
querendo a Amarok. Filipe diz que “pegou” (roubou) duas (caminhonetes) no dia anterior,
mas uma não quiseram levar. Maiko pergunta se não tem um cavalo (carro) para levar os
meninos no corre (roubos). Filipe fala que não tem. (...)” (Relatório de interceptação
telefônica índice 37051252 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Filipe Nascimento
Silva – 29/07/2016– 10:58:10).

Verifica-se, ainda, que MAIKO JORGE se


disponibilizava a pagar os aluguéis das casas ou “buracos”, destinados a esconderem os
veículos subtraídos: “Maiko pergunta se Filipe arrumou o buraco. Filipe diz que não, que
inclusive perdeu o carro dele (carro foi recuperado). Maiko diz para arrumar o barraco
(casa para guardar os carros), pois vai pagar o aluguel. Maiko fala para arrumar em um
local de boa. Filipe diz que vai procurar um barraco e avisa.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 37623512 – Maiko Jorge Rodrigues Machado x Filipe Nascimento Silva –
22/09/2016 – 12:23:09).

A participação de DIEGO COTRIM e EDMILSON


LUÍS, os quais atuavam junto a FILIPE, também ficou evidenciada nos autos, nos citados
roubos, não havendo dúvidas de que eles eram um braço do núcleo coordenado por MAIKO
JORGE, sempre atuando no roubo de veículos. Ademais, verifica-se que FILIPE chama
DIEGO para praticar crimes: “Filipe chama Diego para dar o "pião" (dar uma volta para
procurar algum carro para roubar). Diego concorda. Filipe diz que vai até a casa de Diego
e liga quando estiver na porta.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37544445 –
Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias– 14/09/2016– 10:11:56). Veja, ainda, que
FILIPE sempre permanecia no veículo de apoio, razão pela qual não era reconhecido pelas
vítimas, dando as ordens de como os demais deveriam atuar: “Filipe fala para Diego passar
o "danado" (arma de fogo) para ele daqui a pouco. Filipe pergunta se é para pegar a BR.

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Diego diz que sim. Diego ri e diz que só viu o cara (vítima) correndo. Diego fala para
deixarem o carro no descanso (estacionado para verificar se não tem rastreador) e saírem
para pegar outro. Filipe concorda.” (Relatório de interceptação telefônica índice 37545753 –
Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias – 14/09/2016– 12:04:50).

No roubo ocorrido no dia 20/10/2016, do Fiat/Strada


Working, cor vermelha, placas IWJ-4206, pertencente à vítima Jean Pitágoras Araújo,
ocasião em que subtraíram também os celulares das vítimas Raimundo e Igor, a participação
de EDMILSON LUÍS foi evidenciada pelas ligações telefônicas, demonstrando que ele
também se juntava a FILIPE e a DIEGO COTRIM para atividades ilícitas:“[Diego Cotrim
Messias, utilizando o telefone de Edmilson Luis de Souza Filho, que está dirigindo o carro
roubado em que estão, conversa ao telefone com Filipe Nascimento Silva] Diego fala para
Felipe que tem um cara seguindo eles de moto. Filipe fala para Diego dar um “pipoco”
(tiro), caso o cara se aproxime.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38030969 –
Diego Cotrim Messias x Filipe Nascimento Silva – 20/10/2016– 18:12:05); “Edimilson fala
para Filipe que colocou o carro (roubado) perto do Hospital HDT.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38034193 – Edimilson Luis de Souza Filho x Filipe
Nascimento Silva – 20/10/2016– 22:32:58).

Após o roubo do veículo VW/Saveiro CD Cross MA, cor


vermelha, ano 2015/2015, placas ONW-8639, da vítima Erivelton Vieira Alvares, verifica-se
que FILIPE liga para EDIMILSON consultar a placa, demonstrando que além de praticar
diretamente os roubos, ele também prestava apoio nas ações em que ele não atuava
diretamente: “Filipe pede para Edimilson consultar a placa ONW-8639. Edimilson
pergunta se é uma Saveiro. Filipe confirma e pergunta se é 1.6. Edimilson diz que está de
boa ainda (sem registro de furto/roubo).” (Relatório de interceptação telefônica índice
37546190 – Filipe Nascimento Silva x Edimilson Luis de Souza Filho – 14/09/2016–
12:46:11).

De igual forma, os acusados THIERRY GLEYFFER e


IGOR ANDRÉ atuavam em um dos braços da organização criminosa, vinculado ao terceiro
núcleo, coordenado por MAIKO JORGE, sendo também responsáveis pelo roubo de
veículos, restando demonstrado, através das interceptações telefônicas, sua participação em
três crimes denunciados (2.12, 2.14 e 2.15), referente aos veículos Toyota Hillux, cor prata,
placas NLT-5139, da vítima Renato de Paula Rodrigues, ocasião em que subtraíram também
o aparelho celular da vítima Fábio Motta; Chevrolet/S-10, cor branca, placas ONP-6628, da
vítima Lúcio Alves Naves, e o aparelho celular Samsung Galaxy J7, da vítima Luca Costa
Naves; e Hyundai/HB20, placas ONC-7469, da vítima Irlon José de Oliveira.

Verifica-se que os acusados THIERRY GLEYFFER e


IGOR ANDRÉ atuavam em conjunto com os falecidos Cleiber Minaré Lacerda (Abel) e
Lucas Felipe de Sousa Fernandes (Limite), os quais mantinham contato direto com MAIKO
JORGE que, por sua vez, encomendava os veículos para repassar para WALISSON.
Conforme já mencionado, WALISSON era insaciável e sempre procurava mais e mais
veículos roubados, ao que MAIKO JORGE procurava de todos os meios atendê-lo, sempre

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9ª Vara Criminal

lucrando com a atividade criminosa, conforme se observa das interceptações telefônicas:


“Maiko fala que está tentando vender o “trem”, mas o cara (Walisson) só quer pagar na
sexta-feira. Maiko diz que é o mesmo cara que paga as “grandes” (compra as caminhonetes
roubadas). Cleiber pergunta o valor. Maiko fala que é R$ 2.500,00 com o “chinelo” (placas
clonadas). Maiko fala que o carro que roubaram é barato, não presta. Cleiber diz que vai dar
somente R$ 400,00 para cada um (que participaram do roubo). Maiko diz que tem que alugar
duas casas par “fazer o corre responsa” (roubar e levar o carro para as casas). Maiko diz
que tendo as casas, podem “pegar” (roubar) três caminhonetes que ele consegue vender as
três no mesmo dia para o mesmo cara (Walisson). Maiko fala que conhece um cara que tem
uma loja. Maiko fala que o cara compra (carros roubados) e “pica” (desmancha) tudo.
Maiko diz que em um dia o cara desmonta uma. Maiko diz que pode levar uma atrás da
outra que o cara (Walisson) paga em dinheiro na hora. Maiko fala que com o dinheiro dele
vai alugar uma casa. Maiko fala que tem que alugar duas, pois toda vez eles “pegam”
(roubam) mais de uma coisa (carros) por dia. Maiko conta que já mandou arrumar o carro
dele para levar os moleques para o “corre” (para roubar). Maiko fala que o Gol quadrado já
está pronto, motor 1.8, e vai dar R$500,00 para o cara, pois mandou arrumar as longarinas
do lado do passageiro. Maiko fala que dá para ir no “corre” (sair para roubar) todo dia no
Gol quadrado. Maiko pede para Cleiber levar o “cavalo” (carro roubado) e não deixar
“pular” (ser recuperado) até vender.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38048073
– Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Cleiber Minare Lacerda (Abel)– 21/10/2016–
19:54:08).

No roubo do veículo Toyota Hillux, cor prata, placas


NLT-5139, da vítima Renato de Paula Rodrigues, ocasião em que subtraíram também o
aparelho celular da vítima Fábio Motta, fato ocorrido no dia 27/10/2016 (Crime 2.12), fato
praticado por THIERRY GLEYFFER e IGOR ANDRÉ, em concurso com o falecido
Lucas, o qual manteve contato com MAIKO JORGE, informando-lhe que o veículo tinha
sido recuperado, ao que MAIKO JORGE orienta a não deixar o veículo “esfriando” por
muito tempo, que o ideal é no máximo 30 minutos. Ainda nesta ligação MAIKO JORGE
fala para Lucas levar Cleiber nos assaltos, ao que este resiste, detalhando acerca da atuação do
comparsa. Ao final MAIKO JORGE afirmou que Lucas só quer roubar junto com
THIERRY e o “outro moleque”: “Lucas fala que foi em uma missão para “buscar uma
grande” (caminhonete que tinham roubado*) e quando foram pegá-la para “emburacar”
(guardar em um local), pois tinha “dado vermelho” (vítima já tinha registrado a
ocorrência), a caminhonete havia sido recuperada e não estava mais no local que
deixaram. Maiko fala que Lucas deixa os carros roubados muito tempo no local. Maiko diz
que não pode passar de meia hora para levar para esfriar. (...). Maiko fala que agora Lucas
tem um carro quitado para usar nos roubos. Maiko pede para Limite colocar Cleiber
(Cleiber Minare Lacerda, vulgo Abel) no “corre” (sair para roubar) com ele para ajudar.
Lucas conta que enquadrou um cara em um GTI (Golf GTI) e pegou os ouros que a vítima
usava, mas na hora de revistar a vítima, Cleiber não fez direito. Lucas conta que já vendeu os
ouros que roubou. Lucas conta que Cleiber deixou a vítima sair correndo. Lucas conta que a
vítima apertou o controle do GTI e entrou em uma casa, mas não deu para eles entrarem.
Lucas conta que ele e Cleiber enquadraram uma “grande” (caminhonete), mas Cleiber não
conseguiu sair dirigindo. Lucas conta que Cleiber na hora do roubo não sabe o que faz.

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9ª Vara Criminal

Maiko pergunta se Lucas tem algum “buraco” (local para esfriar carro roubado). Lucas diz
que tem que ver. Maiko questiona onde Lucas vai guardar as “grandes” (caminhonetes) que
roubar. Maiko pergunta se “pegar” (roubar) uma “grande”, se dá para colocar no
“buraco”. Limite diz que tem que ver. Maiko fala que vai “buscar” (roubar) uma “grande”
hoje com os moleques. Lucas chama “Abel” (Cleiber Minare Lacerda) de “filho de Maiko”.
Lucas fala que sair para roubar com Cleiber não dá certo “nem atirando”. Maiko reclama
que Lucas só quer dirigir para os outros caras. Maiko diz para ir Lucas, o Tierry (Thierry
Gleyffer Gonaçalves Borges) e outro moleque para “pegar” (roubar) uma “grande”. Maiko
fala que arruma uma “380” (pistola calibre 380) para irem roubar. Maiko fala que já tem
o “buraco” para colocar uma “grande”. Maiko fala que uma mulher emprestou uma casa
para ele em troca do aluguel de R$ 500,00. (...).” (Relatório de interceptação telefônica
índice 38121455 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Lucas Felipe de Sousa
Fernandes ("Limite")– 27/10/2016– 17:48:54).

Veja, ainda, que MAIKO JORGE, em uma ligação com


IGOR ANDRÉ, o repreendeu por não ter levado seus comparsas para praticarem roubo no
dia anterior e, em seguida, o convoca para levar os comparsas “hoje”, mesmo tendo que faltar
à aula na faculdade. Ressalte-se que IGOR ANDRÉ é proprietário do veículo VW/Gol, placa
ONE-2691, sendo o responsável por levar seus comparsas até o local do crime em seu veículo
e permanecer nas imediações, dando a cobertura necessária: “Maiko fala que Igor não levou
os caras ontem (para sair para roubar). Maiko chama Igor para levar uns caras para
“pegar” (roubar) uma “grande” (caminhonete) hoje. Igor pergunta o horário. Maiko diz
que antes de Igor ir para a faculdade ou Igor falta a faculdade. Maiko diz que eles já
“pegam” hoje, colocam em um “buraco” (local para esfriar a caminhonete roubada) e no
outro dia cedo entrega no pagador (comprador). Maiko diz que está na casa de sua avó.
Igor pergunta se Maiko vai. Maiko diz que iria colocar Mateus e outro cara para irem com
Igor.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38121939 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x Igor André de Valença do Nascimento – 27/10/2016– 18:20:10). Em
outra ligação, MAIKO JORGE refere-se a IGOR ANDRÉ como o “Cara do G6” em
referência a seu veículo, afirmando que ele irá levar seus comparsas para praticarem
roubos:“(...) Maiko diz que o cara do G6 (refere-se a Igor André Valença do Nascimento,
proprietário do VW/Gol G6 utilizado por eles) disse que os leva às nove horas da manhã.
Maiko fala que está achando que Igor vai ás seis horas com o Thierry (Thierry Gleyffer
Gonaçalves Borges) e com o “Limite” (Lucas Felipe de Sousa Fernandes) e ir às nove
horas com ele. Marcos fala que conhece um “piloto” bom se Maiko quiser levar. (...).”
(Relatório de interceptação telefônica índice 38139405 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos – 28/10/2016– 22:30:09).

Observa-se, ainda, um desentendimento entre IGOR


ANDRÉ e Lucas, pois estava havendo desconfiança dentro do grupo: “Igor pergunta para
Lucas se o outro cara não fez foi “emburacar” (guardar) a “danada” (caminhonete) para
depois falar que pulou (foi recuperada). Lucas diz que não vai fazer corre (roubos) com
Igor, pois ele fica achando que eles querem dar “banho” (enganar) nele. Igor fala que
tinham combinado de irem todos juntos, mas o cara sumiu. Lucas manda Igor arrumar o
“buraco” (lugar para guardar o veiculo roubado) ou colocar na casa dele. Igor pergunta do

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outro “cavalo” (carro)**. Lucas diz que está no mesmo lugar, porque não tem lugar para
guardar, por isto eles estão esperando. Lucas fala para Igor colocar na casa dele, já que está
“acelerando” (apressando). (…) Lucas reclama de Igor ficar ligando e desconfiando deles.
Igor diz que vai ficar esperando eles ligarem. Lucas manda Igor ficar na contenção, que não
é para ele sumir, que o outro cara foi ver se aluga uma casa para colocar a “grande”
(caminhonete), porque eles não vão colocar ele no buraco que eles já possuem. Lucas diz que
vão ter lugar para guardar os dois carros, e que é para Igor ficar calmo, que eles não vão
dar “banho” (enganar) nele não.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38188665 –
Igor André Valença do Nascimento X Lucas Felipe de Sousa Fernandes (Limite) –
02/11/2016– 14:45:46).

Também integra a organização criminosa o acusado


JEOVÁ, que inicialmente atuava levando veículos subtraídos para WALISSON a mando de
MAIKO JORGE, fato evidenciado pelas interceptações telefônicas: “Maiko pede carona á
Jeová para ir até a Frontier roubada que está perto do Terminal Isidória. (Ligação em
conferência entre Jeová, Maiko e R7.) “R7” pede para Jeová levá-lo onde está a
caminhonete. Jeová pergunta se é a do “Cueca” (Maiko). “R7” diz que sim. Maiko conta
que roubaram a Frontier ontem, trocaram o “chinelo” (colocaram placas flasas), mas até
agora está dando verde (não tem ocorrência de roubo). Maiko fala para Jeová que o “R7”
quem deixou a Frontier no local. Jeová fala que vai com “R7”.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 36909072 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva
x “R7” – 17/07/2016– 15:21:17); “Jeová fala para Maiko que estão na BR (rodovia) com
“ela” (caminhonete). Jeová fala que “R7” está em chamada de conferência, atrás dele,
levando a caminhonete. Jeová fala que já estão chegando perto da Mabel. Jeová fala que
R7 está atrás dele na caminhonete e Jeová está na frente, em outro carro, escoltando ele.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 36914980 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Jeová José da Silva – 18/07/2016– 07:09:16); “Jeová fala para Maiko que a
missão está cumprida e que o cara (R7) já esta no carro com ele. Jeová diz que já estão
indo embora.” (Relatório de interceptação telefônica índice 36915127– Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva – 18/07/2016 – 07:45:06); “Jeová fala que
está no Bretas do anel viário. Walisson fala que não, que é no Bretas do “ferro velho”, da
Vila Mauá. Jeová fala que não vai ter gasolina. Maiko fala para Walisson dar R$ 20,00
reais para Jeová por gasolina e depois abatem no valor.” (Relatório de interceptação
telefônica índice 37026100 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva
x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão)– 26/07/2016– 18:21:03).

Ocorre que JEOVÁ, após conquistar a confiança dos


líderes, teve uma ascensão no grupo, assumindo outras responsabilidades, tais como levar os
comparsas para praticarem os roubos, utilizando o seu veículo VW/Golf, placa KES-1812,
bem assim, transportar os veículos subtraídos para o Paraguai, conforme evidenciado no
crime 2.18, ocasião em que JEOVÁ inclusive foi preso em flagrante na cidade de Camapuã-
MS, sempre obedecendo as ordens do líder MAIKO JORGE.

A denúncia aponta a prática de três crimes de roubo


(2.16, 2.22, 2.26); bem assim, a prática de cinco crimes de receptação (2.3, 2.18, 2.24, 2.27 e

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9ª Vara Criminal

2.28), todos imputados ao acusado JEOVÁ, referente ao roubo dos veículos Honda/Fit,
placas NLI-8900, da vítima Marcos Felipe; e Toyota/Corolla, cor cinza, placas NRN-2657, da
vitima Divina Lucia Rodrigues da Silva; à tentativa de roubo do veículo GM/S10, cor branca,
placas ONN-4567, da vítima Gabriel dos Santos Andrade; às receptações do veículo
Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014, placas ONN-5910, de propriedade da
vítima Elio Rodrigues de Freitas; do veículo Toyota Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480, da
vítima Arthur Emanuel Chaves de Dranco; dos documento da vitima Cézio Lopes de
Siqueira, roubados junto com o veículo Toyota/Hilux, placas OGM-1360; da cadeirinha de
criança da vítima Paulo Junior Sirino da Silva, roubada junto com o veículo Chevrolet/Cruze
LT NB, cor branca, placas ONP-2090; e do veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas
PGB- 3361, da vítima Helder da Silva. A autoria de tais crimes restou evidenciada pelo
conjunto probatório, conforme se verá adiante, demonstrando, assim, que JEOVÁ atuava
ativamente na organização criminosa, inicialmente com o transporte de veículos e,
posteriormente, participando ativamente de roubos e viagens longas para transportar os
veículos subtraídos.

Na viagem para o Paraguai, na qual JEOVÁ foi preso


em flagrante na cidade de Camapuã-MS, transportando o veículo de origem ilícita, também
foi preso o acusado EVANDSON, também transportando veículo roubado, qual seja,
Toyota/Corolla, placas NLT-0389, da vítima João Cardoso Sudário, roubado no dia 02 de
novembro de 2016 (Crime 2.18). EVANDSON também participava da organização
criminosa, vinculado ao núcleo liderado por MAIKO JORGE, atuando também no roubo de
veículos. O conjunto probatório, conforme se verá adiante, também evidenciou sua
participação em quatro crimes de roubo (2.16, 2.17, 2.20, 2.25), referente à subtração dos
veículos Honda/Fit, placas NLI-8900, da vítima Marcos Felipe, além de dois celulares, uma
televisão, óculos, notebook, bens que guarneciam a sua residência; Ford/Ranger, cor branca,
placas PQQ-8012, da vítima José de Oliveira; Nissan/Frontier, placas OTP-8510, da vítima
Mariana Palos Andrade Só; e Kia/Optima, cor prata, placas PQJ-7232, da vítima Almério
Marques Leão. Necessário destacar que dos cinco crimes em que EVANDSON foi
denunciado, três deles foram em concurso com MAIKO JORGE (Crimes 2.16, 2.17 e 1.18)
e dois em concurso com JEOVÁ (2.16 e 2.18).

Há que se falar também que no crime de receptação


(2.18) em que JEOVÁ e EVANDSON foram presos em flagrante em Camapuã-MS,
MAIKO JORGE se mobilizou a tirá-los da cadeia financiando uma advogada, fato que
demonstra claramente a sua posição de liderança, conforme demonstrado nas interceptações:
“(...) Maiko conta que precisa de dinheiro para comprar a droga para revender e ter
dinheiro para pagar a gasolina, a fim de mandar “descer” outros dois veículos (vender
carros roubados no Paraguai). Maiko reclama que “rodou” (foram presos) seus “dois
pilotos mais responsa” (os melhores motoristas que trabalhavam para ele).” (Relatório de
interceptação telefônica índice 38851100 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) X HNI–
12/01/2017– 12:07:10); “Maiko pede para MNI anotar um número e colocar crédito para
ele. Maiko fala que é o número da advogada e é para ela poder ligar ali para resolver o
problema dos dois meninos dele (Jeová e Evandson) que foram presos em Campo Grande-
MS levando os carros roubados. MNI pergunta o número. Maiko responde que é 9213-

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9ª Vara Criminal

7215 e pode colocar só R$ 20,00. Maiko explica que os caras desceram na Hilux* e no
Corolla* para trazer o brown (drogas), mas rodaram (foram presos) no Mato Grosso.”
(Relatório de interceptação telefônica índice 38853535 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) X MNI (62993744346) – 12/01/2017– 16:48:03); “(...) Maiko conta que está
tentando juntar R$ 2.000,00 para pagar a passagem de avião e os honorários da advogada
para tirar os meninos (Jeová e Evandson) que foram presos. Matheus pergunta onde eles
estão. Maiko diz que em Camapuã no Mato Grosso. Maiko fala que tem que pagar o avião
e honorários para a advogada ir lá.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38854775
– Maiko Jorge Rodrigues Machado x Matheus Vieira Lira – 12/01/2017 – 19:17:57).
Portanto, as circunstâncias confirmam que EVANDSON integrava a organização criminosa.

Veja ainda que em um dos roubos em que EVANDSON


foi o autor, ele contou com participação de MATHEUS VIEIRA (2.20), que também
integrava o terceiro núcleo da organização criminosa, e também exercia a função de roubar os
veículos. Neste ponto, insta mencionar que MATHEUS VIEIRA, comprovadamente,
participou de dois crimes (2.20 e 2.26), referente ao roubo do veículo Nissan/Frontier, placas
OTP-8510, da vítima Mariana Palos Andrade Só; e da tentativa de roubo do veículo GM/S10,
cor branca, placas ONN-4567, da vítima Gabriel dos Santos Andrade. Neste último fato,
MATHEUS VIEIRA foi alvejado na perna pela vítima Gabriel, policial militar, conforme
demonstrado nas interceptações telefônicas: “Maiko pergunta onde Matheus está. Matheus
diz que está dentro do mato, pois o cara era policial. Maiko orienta Matheus a sair na BR
sentindo cemitério e diz pra Matheus perguntar a Jeová se ele sabe sair do mato. Matheus
pede pra Maiko ligar para a família dele e informa o número 99481-5958.” (Relatório de
interceptação telefônica índice 39287960 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) – 01/03/2017 – 19:53:15); “Jeová diz que assim que chegar na rua irá
mandar a localização. Jeová diz que está carregando o “moleque” (Matheus), pois ele está
com dificuldade de andar (pois foi baleado na perna). Maiko diz que “Marcão” (Marcos
Regino de Souza Santos) está na Vila Brasília no “corre” (praticando roubos) e manda Jeová
enviar uma mensagem para Marcos ir resgatá-los.” (Relatório de interceptação telefônica
índice 39288467 – Jeová José da Silva x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) –
01/03/2017 – 20:30:36).

Destaca-se que no roubo do veículo Nissan/Frontier,


placas OTP-8510, da vítima Mariana Palos Andrade Só, fato praticado por MATHEUS
VIEIRA e EVANDSON, o primeiro reclamou da atuação do segundo para o líder MAIKO
JORGE, que determinava quem praticaria os roubos, ao que este disse que ele deveria se
contentar com o parceiro, pois não estava tendo outras pessoas para enviar: “Matheus avisa
Maiko que já comprou a gasolina e vai agora ver se a caminhonete* ainda está no local.
Maiko diz que Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) está chegando. Matheus conta que
roubou a caminhonete na Avenida Bela Vista e reclama do comparsa (Evandson Caetano
Campos Madureira) que “tem que ir na pressão”. Maiko diz que não está tendo piloto
(quem dirige o veículo roubado) e que só tem ele (Evandson) e o Marcão (Marcos Regino
de Souza Silva). Matheus fala para Maiko que conhece dois “pilotos” que sabem roubar e
que inclusive já desceram lá (levaram veículos roubados para o Paraguai). Conversam
sobre a caminhonete roubada e Matheus diz que vai mandar fotos.” (Relatório de

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9ª Vara Criminal

Interceptação Telefônica, índice 38844595 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x


Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:02:53).

Por fim, restou evidenciado que o acusado GENIVAL


também integrava a organização criminosa, tendo ingressado no núcleo coordenado por
MAIKO JORGE, para exercer a função de transportar os carros roubados, ao que,
posteriormente, passou a roubar veículos. Neste ponto, insta mencionar que a denúncia aponta
para a prática de seis crimes (2.19, 2.22, 2.27, 2.28, 2.29, 2.30), referentes ao roubo dos
veículos Fiat/Toro, Freedom AT, placas PQW-6856, da vítima Geraldo Simeão da Silva;
Fiat/Toro, Freedom AT, placas PQW-6856, da vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva;
Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090, da vítima Paulo Junior Sirino da
Silva; Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, da vítima Helder da Silva;
Ford/Ranger, placas ONB-8190, das vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da
Rocha; Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas OGM-2610, da vítima Mauro de Castro
Arantes, ocasião em que também foi subtraído o celular Samsung S6, da vítima Rafael de
Paula Castro Arantes, fatos cuja responsabilidade criminal de GENIVAL restou
comprovada, conforme se verá adiante, em face do conjunto probatório.

Insta, ainda, mencionar que, extrajudicialmente (fls.


635/638), GENIVAL, confessou a prática de alguns crimes que lhe foram imputados,
inclusive delatando alguns de seus comparsas, contando como funcionava a organização
criminosa, afirmando, verbis: “QUE é proprietário da linha telefônica 62.99381-2159 há
mais de um ano (…) QUE não conhece Igor André, Thierry, Evandson e Matheus Vieira;
QUE conheceu Marcos Regino, vulgo “Marcão”, há dois meses, em uma festa e ficaram
amigos; QUE também conheceu Maiko, vulgo “Cueca”, na mesma festa, porém não são
amigos e não possuem nenhum tipo de relacionamento; QUE nunca praticou crimes a mando
de Maiko e nem guardou objetos para ele; QUE conhece Jeová José da Silva apenas de vista
e sabe onde mora, mas nunca foi na casa dele, seja para buscar ou pegar algum objeto e nem
mesmo para conversarem; QUE conheceu Jeová através de Marcos Regino, pois eles são
amigos; QUE alguns dias após conhecer Marcos Regino, o declarante foi convidado por ele
para praticar um roubo de veículo; QUE na ocasião, Marcos Regino explicou que o
declarante apenas iria dirigir o veículo apoio, que era um VW/Polo, cor prata, pertencente
ao Maiko, vulgo “Cueca”; Que então saiu com Marcos Regino e roubaram um veículo
Fiat/Toro, cor preta; QUE utilizaram um revólver, calibre 32, para a prática do roubo, sendo
que essa arma foi emprestada por “Naninho”; QUE Marcos Regino foi quem abordou a
vítima, enquanto o declarante permaneceu aguardando sozinho no carro de Maiko; QUE
levaram a caminhonete para o Parque Santa Cruz, nesta capital e o deixaram em uma rua;
QUE no interior da caminhonete havia um revólver, calibre 38; QUE esse revólver ficou com
Marcos Regino, que posteriormente o deu para “Naninho”, acreditando que como forma de
pagamento pelo empréstimo da arma utilizada no roubo; QUE soube que “Naninho” foi
preso com o revólver roubado da vítima alguns dias depois; QUE não sabe qual destinação
que foi dada a Fiat/Toro; QUE o coldre em que estava a arma da vítima ficou na casa do
declarante, sendo o mesmo que foi apreendido hoje, durante o cumprimento do mandado de
busca em sua casa; QUE alguns dias depois, o declarante foi novamente convidado para
praticar outro roubo de veículo; QUE desta vez, foi juntamente com Marcos Regino e Maiko

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Jorge, vulgo “Cueca”, sendo que esse último foi conduzindo o veículo VW/Polo; QUE ao
avistarem um homem mexendo no porta malas de um GM/Cruze, cor branca, decidiram
realizar o roubo; QUE Marcos Regino portava um revólver, calibre 38 e abordou a vítima,
enquanto o declarante permaneceu próximo e Maiko ficou aguardando no carro dele. QUE o
declarante saiu conduzindo o veículo roubado e Marcos Regino foi para o VW/Polo, onde
Maiko o aguardava; QUE soube que Maiko vendeu esse veículo, mas não sabe maiores
detalhes; QUE não sabe o que tinha no interior do veículo roubado, mas alguns dias depois,
Maiko lhe entregou um Narguilé e um óculos de sol, afirmando que eram objetos que estavam
no carro e poderiam ficar com o declarante; QUE o Narguile apreendido em sua casa nesta
data é o roubado junto com o carro; QUE o declarante deu os óculos de sol para sua
namorada Isabela, não afirmando para ela a procedência, mas apenas que tinha comprado;
QUE posteriormente, o declarante, Marcos Regino e Maiko saíram novamente para roubar
carros; QUE mais uma vez foram no veículo VW/Polo do Maiko, que o conduziu; QUE
Marcos Regino abordou um homem que estava saindo de um Jeep Renegade, enquanto o
declarante ficou próximo; QUE após a vítima ser dominada, o declarante assumiu a direção
do veículo roubado, e Marcos Regino retornou para o VW/Polo em que Maiko estava; QUE o
Jeep tinha bloqueador e travou, sendo que o declarante o abandonou na rua e foi resgatado
por Maiko e Marcos Regino, QUE não sabe se Marcos Regino subtraiu algum outro pertence
da vítima durante esse roubo; QUE utilizaram o revólver, calibre 38, que era portado por
Marcos Regino; QUE alguns dias depois, o declarante saiu com Marcos Regino e Jonathan,
sendo esse último um adolescente que mora no Setor Santa Cruz; QUE não sabe maiores
informações sobre Jonathan, pois foi Marcos Regino quem o convidou; QUE saíram em um
veículo roubado, mas com placas trocadas, e foram para um bar no Parque das Laranjeiras;
QUE ao chegarem, viram um rapaz e um senhor sentados em uma mesa, instante em que o
declarante, Marcos Regino e Jonathan abordaram as vítimas e anunciaram o roubo; QUE
Marcos Regino era quem portava o revólver, calibre 38; QUE subtraíram o aparelho celular
e um veículo GM/Cruze, cor branca; QUE o declarante saiu conduzindo o veículo roubado,
enquanto os outros dois foram no veículo que utilizaram; QUE o declarante levou esse
veículo para uma casa no Setor Garavelo, Aparecida de Goiânia-GO, onde o deixou
guardado; QUE não sabe o atual paradeiro desse carro, mas acredita que Marcos Regino
possa estar com ele; QUE ficou com o aparelho celular de uma das vítimas, sendo o mesmo
objeto apreendido hoje em sua casa durante o cumprimento do mandado de busca; QUE sabe
que Marcos Regino já praticou alguns roubos com uma adolescente chamada Vitória, com
quem ele teve um relacionamento; QUE o declarante nunca participou de nenhum roubo com
essa garota; QUE não sabe maiores informações sobre ela; QUE nega participação no
roubo do veículo Toyota/Corolla, placa NRN-2657, ocorrido no dia 19/01/2017; QUE soube
do roubo desse veículo, sendo que Marcos Regino lhe contou que no interior do carro tinha
alguns perfumes; QUE Marcos Regino não contou quem foram os autores do roubo desse
carro; QUE tem conhecimento do roubo de um Hyundai/Veloster, mas não participado desse
crime; QUE apenas buscou esse carro em Bela Vista de Goiás-GO, a pedido de Maiko e
Marcos Regino; QUE o carro estava estacionado próximo a uma casa que era alugada por
Maiko; QUE o declarante o levou para o Parque Santa Cruz, nesta capital, o deixando
também na rua; QUE entregou a chave do Veloster para Marcos Regino; QUE foi Maiko que
o levou de Goiânia-GO para Bela Vista para buscar o carro; QUE não sabe o que foi feito do
Veloster; QUE não teve participação no roubo da caminhonete Ford/Ranger, placa ONB-

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

8190, ocorrido no dia 11/03/2017; QUE soube que essa caminhonete foi recuperada por
policiais do GRAER na casa que era alugada por Maiko, em Bela Vista de Goiás-GO; QUE
soube que a caminhonete estava na mesma casa onde o declarante buscou o
Hyundai/Veloster; QUE Marcos Regino apenas lhe contou sobre a apreensão da
caminhonete, não falando quem a roubou; QUE recebia o valor aproximado de R$ 1.000,00
por cada carro roubado, sendo que o valor era repassado por Marcos Regino que lhe
entregava; QUE os objetos que estavam no interior do veículo ficavam com os demais
autores, sendo que algumas vezes eles davam alguns pertences para o declarante; QUE
nunca participou de roubos com Jeová José da Silva e não sabe se ele guardava objetos
roubados na casa dele, pois nunca entrou lá; QUE os livros de medicina apreendidos em sua
residência são de sua propriedade, sendo que os comprou no colégio; QUE a máscara
também é sua e a ganhou da sua irmã, sendo que não as utilizava nos roubos; QUE possui
um veículo VW/Gol, cor prata, placa JRR-7489, financiado e registrado em seu nome; QUE
nunca utilizou esse carro para praticar roubos, mas já o emprestou para Marcos Regino, não
sabendo o que ele fez com o carro; QUE geralmente saiam para roubar no veículo VW/Polo,
cor prata, do Maiko”.

A confissão parcial de GENIVAL na fase inquisitiva foi


corroborada pelo reconhecimento de algumas vítimas e, sobretudo, pelas interceptações
telefônicas, confirmando o roubo do veículo Fiat/Toro (crime 2.19), inclusive da arma de fogo
que estava dentro do veículo, a qual GENIVAL não apresentou e foi severamente
repreendido pelo adolescente Marcos Regino: “(Marcos Regino de Souza Santos usando o
telefone de Genival da Silva Ferraz) Marcos fala para Maiko que acabou de “pegar”
(roubar) uma caminhonete Fiat/Toro* e seu comparsa foi deixar o carro próximo onde
ficou o Corolla**, para ver se vinga (se não é recuperado). Maiko fala que eles deveriam ter
levado para aqueles lados (sentido de Bela Vista de Goiás), pois estão perdendo tudo
(veículos sendo recuperados). Maiko pede para Marcos mandar o “chinelo” (placa) da
caminhonete roubada.” (Relatório de interceptação telefônica índice 38846676 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) X Marcos Regino de Souza Santos – 11/01/2017 – 16:12:30);
“Marcos pergunta onde Genival está. Genival responde que está perto de casa e fala para
Marcos ir para lá. Marcos fala para Genival que tem que apresentar tudo (exibir todos os
objetos roubados). Genival fala que está com dois celulares e outras coisas (roubadas).”
(Relatório de Interceptação Telefônica, índice 38904679 – Marcos Regino de Souza Santos x
Genival da Silva Ferraz, 19/01/2017 – 19:03:21); “Marcos avisa Genival que os caras estão
atrás dele. Genival fala que vai devolver esse trem (arma de fogo que estava na Fiat/Toro) e
que já avisou os caras para irem buscar. Marcos fala que Genival devia ter avisado, pois
ainda estava tentando aliviar com os caras, achando que nada tinha acontecido. Genival
reitera que vai devolver. Marcos fala que falou para os caras que Genival não tinha pego
nada, o que acabou ficando ruim para ele. Genival fala que não vai fazer isso mais não,
que os caras falaram em matá-lo. Marcos alerta que por conta disso, já “pularam”
(morreram) foram várias pessoas. Marcos diz que por conta do que Genival fez os caras
queriam matá-lo também, achando que está envolvido.” (Relatório de Interceptação
Telefônica, índice 38852336 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival da Silva Ferraz,
12/01/2017 – 14:25:58).

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9ª Vara Criminal

As interceptações revelam ainda que GENIVAL


combinava sair com seus comparsas para praticarem roubos: “Genival pergunta do
"Vandinho" (Evandson Caetano Campos Madureira). Marcos diz que ele foi preso
juntamente com Jeová e Serginho, mas Jeová e Serginho já saíram. Marcos diz que alugou
uma casa no Bela. Genival fala pra passar mais tarde lá no serviço dele. Marcos pergunta se
Genival vai mesmo (praticar roubos). Genival diz que sim e pergunta em que carro vão.
Marcos diz que irão com o cara do G6.” (Relatório de Interceptação Telefônica, índice
39270907 – Genival da Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos, 28/02/2017 –
11:43:31); “Marcos pergunta se Genival quer ir no corre (praticar roubos) agora. Genival
diz que não tem como ir no corre, pois a irmã dele irá pegar o carro. Marcos diz que não
tem problema, pois "Cueca" (Maiko Jorge Rodrigues Machado) vai levá-los. Genival
pergunta onde irão. Marcos diz que vão caçar (procurar) alguma coisa (carro). Genival
fala que pode ser. Marcos diz para Genival ficar pronto então.” (Relatório de Interceptação
Telefônica, índice 39324117 – Genival da Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos,
04/03/2017 – 08:47:59); “Maiko chama pra ir pro corre (roubar carros). Genival diz que
sim, mas tem que pegá-lo em casa. Maiko fala para Genival ir para o Santa, pois ainda vai
buscar o "Marcão" (Marcos Regino de Souza Santos), senão fica muito tarde. Maiko diz
que é pra Genival apenas "pilotar" e que quer pegar uma grande (caminhonete).”
(Relatório de Interceptação Telefônica, índice 39374660 – Genival da Silva Ferraz x Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 07/03/2017 – 18:43:41).

Por fim, durante a prática dos crimes, é possível perceber


a orientação expressa de MAIKO JORGE, sempre coordenando e orientando durante a
ocorrência dos roubos, consolidando, assim, a sua função de liderança: “Genival pergunta
onde Marcos está. Marcos diz que está atrás dele (Genival) e que pode "vazar", não precisa
esperar. Genival fala para Marcos ficar de olho, pois o carro (roubado) está falhando e
qualquer coisa precisam pegá-lo. Marcos ensina Genival a colocar o câmbio automático no
B1, que vai mais rápido. Genival alerta que a "Choque" (viatura do Batalhão de Choque)
está do lado. Marcos manda Genival correr, que a "Choque" colou (aproximou). Ao fundo é
possível ouvir Maiko mandando Genival já fazer o retorno e entrar no Bela, pois a Choque
"esticou" atrás. Maiko fala para Genival não dar mole. Genival pergunta como está.
Marcos diz que eles (policiais) passaram direto, mas para acelerar.” (Relatório de
Interceptação Telefônica, índice 39326338 – Genival da Silva Ferraz x Marcos Regino de
Souza Santos, 04/03/2017 – 11:14:50); “Genival fala para Marcos resgatá-lo, pois tem
bloqueador (na caminhonete roubada). Marcos avisa ao fundo para Maiko que tem
bloqueador. Maiko fala ao fundo que não tem. Marcos orienta Genival a desligar e ligar
novamente a caminhonete. Genival fala que já tentou, mas não liga mais. Marcos pergunta
onde Genival está. Genival diz que está na rua de cima e pede para buscá-lo logo. Marcos
diz que estão indo. Maiko fala para Genival voltar para a caminhonete, pois se tivesse
bloqueador a caminhonete nem teria saído do lugar. Genival diz para Maiko ir logo, pois as
pessoas estão lhe observando. Maiko briga com Genival e fala que ele está é com medo.
Genival justifica que não foi culpa dele e que realmente bloqueou.” (Relatório de
Interceptação Telefônica, índice 39270907 – Genival da Silva Ferraz x Marcos Regino de
Souza Santos x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 07/03/2017 – 19:51:01).

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9ª Vara Criminal

Portanto, as provas existentes nos autos demonstram que


os acusados formavam uma estruturada organização criminosa, estável e ordenada, com nítida
divisão de tarefas, com três núcleos de atuação, sendo o primeiro responsável pelo
desmanche, venda de peças e adulteração dos veículos subtraídos, e o segundo e terceiro
núcleos responsáveis pelos roubos, estruturalmente ordenado, havendo em cada um dos
núcleos um líder que comandava e coordenava todas as atividades ilícitas. Ademais, a
presente organização criminosa era composta de mais de quatro pessoas, todos com o objetivo
de obter, diretamente, vantagem de natureza pecuniária, praticando infrações penais cujas
penas são superiores a 04 (quatro) anos, consistente na prática de crimes de roubo majorado
pelo emprego de arma de fogo e concurso de agentes, além de outros crimes conexos, como a
adulteração de sinal identificador de veículo automotor e receptação, preenchendo, assim,
todos os requisitos legais para configuração do tipo penal.

Não há dúvida quanto ao emprego de armas de fogo na


presente organização criminosa, nos termos do § 2º do artigo 2º, da Lei 12.850/13. Veja que o
instrumento foi utilizado em todos os roubos, sendo que referido objeto era controlado pelos
líderes de cada núcleo, que emprestavam as armas de fogo para a prática de crimes, conforme
visto acima pelas transcrições das interceptações telefônicas. Verifica-se, ainda, que ao
cumprir mandado de busca e apreensão, foi apreendida em poder do acusado MAIKO
JORGE uma arma de fogo (auto de busca e apreensão fls. 520), fato que resultou um
processo autônomo. Ademais, a ausência da apreensão das outras armas de fogo e a
consequente falta de perícia não é empecilho ao reconhecimento da agravante, pois o decurso
de tempo entre a prática dos crimes e as prisões dos acusados, tornaram impossível a
realização da diligência, pois os agentes dos crimes tiveram tempo mais que suficiente para se
desfazerem dos instrumentos. Nesse sentido é o entendimento do STJ, 5º Turma, REsp
770.214. Rel. Min. Felix Fischer, j. 28-9-2005, DJ, 14-11-2005, p. 404. Por outro lado, a
potencialidade lesiva dos instrumentos foi suficientemente comprovada pelas interceptações
telefônicas, as quais evidenciaram que em todos os roubos eram utilizadas armas de fogo
municiadas.

De igual forma, restou claramente demonstrado que os


acusados WALISSON, BRUNO LIMA e MAIKO JORGE exerciam a função de líder em
cada núcleo, coordenando, em todas as circunstâncias, os demais integrantes de seu respectivo
núcleo, configurando, desde modo, em desfavor dos três acusados, a agravante prevista no §
3º do artigo 2º, da Lei 12.850/13.

Por fim, a instrução processual demonstrou com clareza


e riqueza de detalhes acerca da participação do adolescente Marcos Regino na organização
criminosa, incidindo, portanto, a causa de aumento de pena, nos termos do inciso I do § 4º do
artigo 2º, da Lei 12.850/13. Veja que ele teve uma rápida ascensão na organização criminosa,
após obter a confiança do líder MAIKO JORGE, participando ativamente de vários crimes
de roubo (crimes 2.11, 2.13, 2.17, 2.19, 2.22, 2.24, 2.27 e 2.28), conforme comprovado nos
autos, bem assim, pelo depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles e pelas
interceptações telefônicas autorizadas judicialmente.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Quanto ao pedido de TAIRANY (fls. 2.997/3.003),


DIEGO CONTRIM (fls. 3.004/3.012), MATHEUS LEOMAR (fls. 3.013/3.020), BRUNO
REGINO (fls. 3.021/3.027), THIERRY (fls. 3.028/3.036), EVANDSON (fls. 3.037/3.047),
MATHEUS VIEIRA (fls. 3.048/3.056), CLEITON (fls. 3.057/3.065), MAIKO JORGE
(fls. 3.262/3.279) e JEOVÁ (fls. 3.281/3.292), os primeiros pela aplicação do instituto
“mutatio libelli”, e os dois últimos pela aplicação do instituto “emendatio libelli”, ambos para
alterar a definição jurídica da organização criminosa para o crime previsto no artigo 288,
caput, do Código Penal (associação criminosa), vejo que razão não assiste à defesa.
Importante pontuar que a diferença entre a organização criminosa e a associação criminosa
reside no modo de constituição do grupo criminoso. A organização criminosa exige a reunião
de, pelo menos, quatro pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, sob um comando individual ou coletivo. A associação
criminosa é menos sofisticada, bastando três pessoas, não se exigindo estrutura ordenada, nem
divisão prévia de tarefas, como também prescinde de um líder. Na organização, há o objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais com penas máximas superiores a quatro anos. Na associação, a reunião de
pessoas para o cometimento de infrações não exige o objetivo de obtenção de uma vantagem,
podendo ocorrer com o simples fim de emulação, perversidade etc. Ademais, na organização
criminosa há agravante para quem exerce o comando, individual ou coletivo, ainda que não
pratique pessoalmente atos de execução (art. 2º, § 3º, da Lei nº 12.850/2013), o que já foi,
inclusive reconhecido acima, ao passo que para a associação criminosa não há tal previsão.

2) DOS CRIMES DE ROUBO, RECEPTAÇÃO E


ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR

Inicialmente, verifico que o crime de roubo do veículo de


placa NLQ-0845, imputado ao acusado WALISSON, o crime de receptação da camionete de
placas OLQ-0845, atribuído ao acusado SÍLVIO JOSÉ, e, por fim, o crime de roubo do
veículo de placas IWJ-4206, imputado ao acusado JEOVÁ, apesar de constarem na
capitulação da denúncia, tais fatos não foram narrados na peça acusatória, como muito bem
expôs o representante do Ministério Público. Portanto, não há medida a ser imposta que não
seja a absolvição do acusado WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, em relação à
acusação de roubo do veículo de placa NLQ-0845; do acusado SILVIO JOSÉ LONGO
FERREIRA, com relação à receptação da camionete de placas OLQ-0845; e do acusado
JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, em relação à acusação de roubo do veículo de placas IWJ-4206,
todos os casos por ausência de justa causa.

A denúncia aponta a prática de vinte e cinco crimes de


roubo (2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 2.5, 2.6, 2.7, 2.8, 2.9, 2.10, 2.11, 2.12, 2.13, 2.14, 2.15, 2.16, 2.17,
2.19, 2.20, 2.21, 2.22, 2.25, 2.26, 2.27 e 2.28); bem assim, a prática de nove crimes de
receptação (2.3, 2.4, 2.5, 2.13, 2.18, 2.23, 2.24, 2.27 e 2.28) e dois crimes de adulteração de
sinal identificador de veículo automotor (2.4 e 2.28), os quais serão julgados individualmente,
segundo a numeração descrita na denúncia.

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9ª Vara Criminal

2.1) Vítima Aparecida Marlei de Assis:

Aduz a denúncia que em 12 de maio de 2016, o veículo


Ford/Fiesta SD 1.6, cor branca, placas PQI-1186, foi subtraído, mediante grave ameaça com o
uso de arma de fogo e concurso de pessoas, nas proximidades da Escola Municipal Vicente
Rodrigues do Prado, situada na Rua Vieira da Cunha, Qd. 18, Parque das Amendoeiras, nesta
Capital, crime este praticado por dois indivíduos não identificados, junto com o acusado
BRUNO LIMA.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 699/703, bem assim, pelo índice nº 36060599 da interceptação, em
que o acusado BRUNO LIMA afirma que está na posse do veículo “New Fiesta de cor
branca”; e RAI nº 316044 (fls. 704/706).

Interrogado judicialmente, o acusado BRUNO LIMA


(fls. 2.734/2.736) negou a imputação. A negativa apresentada pelo acusado, contudo, se
encontra isolada nos autos, não fazendo frente as demais provas produzidas durante a
instrução processual e, também, na fase investigatória, as quais apontam ser ele o autor do
roubo denunciado.

A vítima Aparecida Marlei de Assis (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que foi vítima do crime de roubo do seu
veículo Fiesta, que o fato foi praticado por dois indivíduos, no momento em que estava
chegando na escola, ocasião em que viu duas pessoas entrando em um veículo Polo. Relatou
que adentrou a escola e posteriormente esses dois indivíduos também entraram na escola,
renderam o porteiro e colocaram diversas pessoas que estavam na escola dentro de uma sala, e
perguntaram quem seria o dono do veículo Fiesta, ao que a vítima se identificou e eles lhe
pediram a chave, tendo, então, subtraído o veículo. Disse reconhecer o acusado BRUNO
LIMA, com certeza absoluta, como sendo o autor do fato, descrevendo detalhes como cabelo
cortado e o formato da sobrancelha. Contou que o outro indivíduo, moreno, também estava
armado, mas não o reconheceu na Delegacia.

A testemunha Marlene Farias de Morais Santos


(depoimento gravado em mídia às fls. 2.503/2.511) relatou que presenciou o crime contra a
vítima Aparecida Marlei de Assis, na escola, ocasião em que foi levada o veículo da vítima,
mas que não tem condições de reconhecer ninguém, e ao visualizar as fotografias dos
acusados não os reconheceu.

A testemunha Vera Lúcia Cardoso (depoimento gravado


em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que presenciou o roubo contra a vítima Aparecida Marlei
de Assis, que viu o momento da abordagem, que dois indivíduos, ambos armados, apontaram
diretamente para a vítima e levaram apenas o seu carro. Informou, ainda, que ambos os
assaltantes eram magros e bem-vestidos, mas que nao conseguiu reconhecer nenhum dos
suspeitos que lhe foram apresentados por fotografia.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Segundo o Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


699/703), consistente nas gravações ocorridas no dia do fato, em que o acusado BRUNO
LIMA figura com um dos interlocutores: “HNI fala que (inaudível) está para a escola.
Chinês fala para chamar outro menino. HNI fala que vai chamar o Gabriel.” (índice
36059470 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6294959826), 12/05/2016 – 16:33:13);
“Chinês avisa que o New Fiesta está na mão, um de cor branca. HNI fala que vai ligar para
o cara. Chinês fala que acabou de pegar (roubar) e está indo guardar (o carro) agora.”
índice 36060599 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6292347670), 12/05/2016 –
17:47:06); “Chinês e HNI discutem sobre o local onde vão guardar o carro, se no
Flamboyant, no pesque pague (Santo Hilário) ou no Guanabara. Chinês pergunta se HNI
pegou (roubou) algum celular e fala para ele desligar. (É possível ouvir HNI perguntando
para Gabriel se pegaram algum celular) HNI fala para Chinês que não pegaram (roubaram)
celular.” (índice 36060604 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6294959826),
12/05/2016 – 17:47:48); “Chinês e HNI resolvem deixar o veículo no Guanabara. HNI avisa
Chinês que os P2 (policiais militares) estão atrás em um VW/Gol vermelho. Chinês fala para
ir para o Guanabara.” (índice 36060647 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI
(6294959826), 12/05/2016 – 17:50:26); “Chinês orienta HNI a deixar o veículo em frente o
hotel. Chinês fala que vai ver se não tem ninguém lá observando. Chinês orienta HNI a
descer de forma disfarçada e seguir para baixo. É possível perceber que Chinês segue em um
veículo logo a frente do carro roubado em que HNI e Gabriel estão.” (índice 36060682 –
Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6294959826), 12/05/2016 – 17:52:19); “Chinês
manda HNI guardar o carro “de boa” e avisa que já está esperando na rua de baixo.”
(índice 36060721 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6294959826), 12/05/2016 –
17:55:05); “HNI alega que foram vistos por uma pessoa e decide levar o carro para outro
lugar. Chinês fala para HNI segui-lo que irão para o rumo do Flamboyant.” (índice
36060730 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI (6294959826), 12/05/2016 – 17:56:02);
“HNI pergunta para Chinês se é Sedan ou Hatch. Chinês fala que é Sedan. HNI pergunta
qual a placa. Chinês pede para esperar, pois o carro está atrás dele, mas afirma que a placa
começa com a letra P. HNI combina amanhã às 5 horas da manhã. Chinês pergunta se já vai
passar o dinheiro amanhã. HNI fala que Chinês sabe como o cara é e fala para Chinês já
avisar para os meninos como ele é. Chinês fala que vai dar uma mixaria para HNI. Chinês
pergunta se HNI vai trabalhar. HNI fala que está indo agora. Chinês fala que vai trabalhar
mais também. HNI fala que Chinês está acelerado. Chinês fala que não pegou (roubou) nada
essa semana e que esse foi o primeiro.” (índice 36060831 – Bruno Lima dos Santos (Chinês)
x HNI (6292347670), 12/05/2016 – 18:02:21).

Conforme se denota das declarações da vítima, do


depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e
interceptações telefônicas, a instrução processual revelou, claramente, que o acusado BRUNO
LIMA, mediante grave ameaça, agiu imbuído do intuito de subtrair o veículo da vítima. Veja
que negativa apresentada pelo acusado se encontra isolada nos autos, não fazendo frente as
demais provas produzidas durante a instrução processual e, também, na fase investigatória, as
quais apontam ser ele o autor do roubo denunciado. A vítima Aparecida Marlei de Assis
(mídia às fls. 2.503/2.511) reconheceu o acusado BRUNO LIMA, com absoluta certeza,
como sendo ele o autor do fato, descrevendo, inclusive, detalhes de sua aparência. Ademais, a

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

prova consistente na interceptação revela, claramente, a autoria, quando o acusado afirma que
estava na posse do “New Fiesta de cor branca”, bem assim, demonstra a sequência de fatos
ocorridos logo após a subtração do veículo e o local em que foi guardado. Por fim, verifico
que o depoimento do delegado de polícia corrobora as declarações da vítima e a interceptação
telefônica. Ademais, o acusado GENIVAL, comparsa de BRUNO LIMA em outros crimes,
extrajudicialmente (fls. 635/638), relatou que o acusado BRUNO LIMA era proprietário de
um veículo VW/Polo, o qual era utilizado para a prática de crime, fato confirmado pela vítima
Aparecida Marlei judicialmente (mídia às fls. 2.503/2.511).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que o acusado agiu com consciência e vontade de realizar a conduta
criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel, mediante grave
ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria delitiva, em relação
ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando azo à condenação do
acusado, razão pela qual não prospera a tese absolutória levantada pela defesa.

Também não há dúvida sobre a ocorrência das causas de


aumento de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi evidenciado pela vítima e testemunha Vera Lúcia Cardoso
(mídia às fls. 2.677/2.682), a qual disse que presenciou o roubo contra a vítima Aparecida
Marlei de Assis, e viu o momento em que ela foi abordada por dois indivíduos, ambos
armados. A ausência da apreensão da arma e a consequente falta de perícia não é empecilho
ao reconhecimento da agravante, pois o decurso de tempo entre a prática do crime e a prisão
do acusado, tornou impossível a realização da diligência, pois o agente do crime teve tempo
mais que suficiente para se desfazer do instrumento. Nesse sentido é o entendimento do STJ,
5º Turma, REsp 770.214. Rel. Min. Felix Fischer, j. 28-9-2005, DJ, 14-11-2005, p. 404. De
igual forma, o concurso de agentes foi evidenciado pela vítima e pelas testemunhas,
corroborando as interceptações telefônicas, restando demonstrado que o crime foi praticado
por BRUNO LIMA junto com outros dois indivíduos não identificados. Desta forma,
evidente que o acusado e os seus comparsa agiram em acordo de vontades, tendo o mesmo
desígnio e consciência. Os comportamentos acima descritos, revelam o entrosamento entre o
acusado e seus comparsas, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade
ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a
agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida,
como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.2) Vítima Etevaldo Alves Galvão

Diz a denúncia que em 20 de maio de 2016, na Avenida


Anápolis, Jardim Santo Antônio, nesta Capital, foi subtraída, mediante grave ameaça com o
emprego de arma de fogo e concurso de pessoas, a Camionete GM/S10, placas OMN-5818,
cor branca, crime imputado ao acusado MAIKO JORGE junto com indivíduo não
identificado, cujo mandante seria WALLISSON.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo

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9ª Vara Criminal

Relatório policial de fls. 719/721, especificadamente pelos índices nºs 36180145, 36182800,
36186573 da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE informa para WALLISSON
ter roubado o veículo GM/S10, marcando um encontro para repassar a camionete; e RAI nº
384024 (fls. 722/725).

Interrogados judicialmente, os acusados MAIKO


JORGE (fls. 2.762/2.764) e WALLISSON (fls. 2.755/2.758) negaram a imputação. Não
obstante a negativa de autoria, a responsabilidade criminal dos acusados restou plenamente
configurada pelas provas produzidas durante a instrução processual, senão vejamos:

A vítima Etevaldo Alves Galvão (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que foi abordado por dois indivíduos que anunciaram o
assalto e subtraíram a sua camionete e celular e também o celular do seu filho. Disse que não
recuperou o veículo, bem assim, que foi na delegacia apenas para fazer o boletim de
ocorrência. Por fim, afirmou que ao visualizar as fotografias disse não reconhecer o acusado
MAIKO JORGE, dizendo que o assaltante que lhe abordou era magro e moreno.

A testemunha Eduardo Moraes Galvão (depoimento


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que foi vítima de roubo, ocasião em que
foram subtraídos a camionete e o celular do seu pai, a vítima Etevaldo, e a sua carteira, bem
assim, que praticaram o roubo duas pessoas, sendo um deles armado, que não foi na delegacia
para reconhecer os suspeitos, que o veículo não foi localizado. Descreveu os assaltantes como
sendo o primeiro com 1,85m, utilizando boné e o outro com 1,70 m, mais gordo, moreno.
Afirmou que vê semelhança com o acusado MAIKO JORGE, como sendo o indivíduo mais
baixo, que afirma ser 60% (sessenta por cento) de semelhança, explicando, ainda, que em
razão de o local dos fatos estar escuro, afirmou que os autores eram mais morenos.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 719/721), consistente nas gravações ocorridas no dia do fato e no dia posterior, em que
foram interceptados aos acusados MAIKO JORGE e WALLISSON: “Maiko fala que
pegou (roubou) uma S-10, 4x4, 14/15, branca LTZ e manual. Maiko diz que já arrancou a
chinela (placa) de outra pra por nela, mas conseguiu pegar só a da frente. Maiko diz que
quando foi arrancar a de trás o cara viu, mas está procurando outra. Maiko diz que já vai
colocar a caminhonete em uma garagem. Walisson diz que amanhã cedinho encontram.
Maiko diz que se der vermelho (for registrada a ocorrência) hoje, já podia pegar, pois está
morando no interior. Walisson fala que só pode de manhã, pois tem que dar um tempo. Maiko
fala que a placa e OMN-5818. Walisson pergunta de onde é. Maiko diz que é Goiânia ou
Aparecida.” (índice 36180145 – Walisson Rodrigues de Oliveira x Maiko Jorge Rodrigues
Machado, 20/05/2016 – 21:04:52); “Maiko avisa que está em frente ao supermercado onde
marcaram o encontro para a entrega da caminhonete roubada. Walisson diz que está no
viaduto quase chegando no Jardim Madri e assim que Maiko virar no viaduto vai vê-lo
parado. Maiko informa que o menino (comparsa que está conduzindo a caminhonete
roubada) está sozinho e pede para Walisson chamar um motoboy para levar o menino de
volta depois que entregar a caminhonete. Maiko fala que a caminhonete já está com o chinelo
(placa). Maiko fala para Walisson guardar esse chinelo (placa) após terminar o serviço

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9ª Vara Criminal

(desmanche), pois se no futuro pegar outra igual já pode usar essa mesma. Maiko pergunta
se vai passar parte do dinheiro hoje e o resto segunda-feira. Walisson diz que sim.” (índice
36182800 – Walisson Rodrigues de Oliveira x Maiko Jorge Rodrigues Machado, 21/05/2016
– 06:19:20); “Walisson reclama com Maiko, pois a caminhonete é a álcool e não a diesel.
Walisson pergunta o que eles colocaram no tanque dela. Maiko diz que colocou diesel, pois
por ser 4x4 achou que era diesel.” (índice 36186573 – Walisson Rodrigues de Oliveira x
Maiko Jorge Rodrigues Machado, 21/05/2016 – 12:35:15).

Conforme se denota das transcrições acima, consistente


nas declarações das vítimas Etevaldo Alves Galvão e Eduardo Moraes Galvão (mídia às fls.
2.503/2.511), no depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls.
2.503/2.511) e nas interceptações telefônicas, a instrução processual revelou, claramente, que
os acusados MAIKO JORGE e WALISSON, em concurso de pessoas, mediante grave
ameaça exercida com emprego de arma de fogo, agiram imbuídos do intuito de subtrair o
veículo da vítima Etevaldo, sendo que o primeiro atuou como executor do crime, junto com
um comparsa não identificado, e o segundo atuou como mandante do crime, haja vista ter
encomendado o veículo, o recebendo após ser subtraído. Veja que a vítima Eduardo Moraes
Galvão (mídia às fls. 2.503/2.511) afirmou que o acusado MAIKO JORGE guarda
semelhança de 60% (sessenta por cento) com um dos indivíduos que os abordaram, como
sendo o mais baixo. Ademais, conforme claramente demonstrado pelas interceptações
telefônicas, prova suficiente para embasar as condenações, o acusado MAIKO JORGE, após
subtrair o veículo, entra em contato com WALISSON informando ter roubado uma
camionete, inclusive mencionando a placa, e marcando local para encontrá-lo e entregar o
veículo encomendado. Posteriormente WALISSON reclama, pois o veículo subtraído não é a
Diesel: “... Maiko fala que a placa e OMN-5818...” (índice 36180145 – Walisson Rodrigues
de Oliveira x Maiko Jorge Rodrigues Machado, 20/05/2016 – 21:04:52); “Maiko avisa que
está em frente ao supermercado onde marcaram o encontro para a entrega da caminhonete
roubada. Walisson diz que está no viaduto quase chegando no Jardim Madri e assim que
Maiko virar no viaduto vai vê-lo parado...” (índice 36182800 – Walisson Rodrigues de
Oliveira x Maiko Jorge Rodrigues Machado, 21/05/2016 – 06:19:20); “Walisson reclama
com Maiko, pois a caminhonete é a álcool e não a diesel...” (índice 36186573 – Walisson
Rodrigues de Oliveira x Maiko Jorge Rodrigues Machado, 21/05/2016 – 12:35:15) (grifo
nosso).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi evidenciado pelas vítimas Etevaldo Alves Galvão e Eduardo
Moraes Galvão (mídia às fls. 2.503/2.511), as quais narraram que o roubo foi praticado por

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9ª Vara Criminal

dois indivíduos, estando um deles armados. Há que se ressaltar que não é empecilho para o
reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não terem sido
apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial,
poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o
crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC
183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. Por outro lado, tem-se que ao cumprir mandado
de busca e apreensão, foi apreendida em poder do acusado MAIKO JORGE uma arma de
fogo, possivelmente a mesma utilizada nesse crime (auto de busca e apreensão fls. 520), fato
que resultou um processo autônomo. De igual forma, o concurso de agentes foi evidenciado
pelas vítimas, bem como, pelas interceptações telefônicas, demonstrando que o acusado
MAIKO JORGE atuou como executor do crime junto com um comparsa não identificado,
enquanto que WALISSON atuou como mandante do crime. Desta forma, evidente que os
acusados e o comparsa agiram em acordo de vontades, tendo o mesmo desígnio e consciência.
Os comportamentos acima descritos, revelam o entrosamento entre os acusados e seu
comparsa, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se
responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no
crime, não só em razão do maior risco a que as vítimas foram submetidas, como, também,
devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.3) Vítimas Michael Silva de Araújo e Elio Rodrigues


de Freitas

Narra a denúncia que em 16 de julho de 2016, a


Camionete Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014, placas ONN-5910, de
propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas, bem assim, o aparelho celular e a quantia de
R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), da vítima Michael, foram subtraídos, mediante grave
ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, na Oficina de Lanternagem e
Pintura Mega Brilho, situada na Rua Purus, Qd. 83, Lt. 02, Jardim Maria Inês, Aparecida de
Goiânia-GO, crime imputado aos acusados MAIKO JORGE, MATHEUS LEOMAR,
“R7” (não identificado), e WALLISSON, que atuou como mandante do crime. Aduz a
denúncia que o acusado JEOVÁ receptou o veículo automotor.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 730/736, especificadamente pelos índices nºs 36900562, 36902058 e
36902153, da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE combina com MATHEUS
LEOMAR o roubo do veículo Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano 2013/2014, placas
ONN-5910; e índices 36909072, 36910735, 36914980, 36914987 e 36915127, da
interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE combina com JEOVÁ e WALLISSON
acerca do transporte e entrega do veículo roubado; RAI nº 830035 (fls. 737/739); CRLV do
veículo subtraído (fls. 742); fotografia da camionete subtraída com a placa já adulterada (fls.
743); bem assim o RAI nº 837813 (fls. 747/749), comunicando o furto das placas de uma
Nissan/Frontier NVV-2060, transplantadas para a camionete Nissan/Frontier subtraída.
Interrogados, judicialmente, os acusados MAIKO
JORGE (fls. 2.762/2.764), MATHEUS LEOMAR (fls. 2.725/2.727) e WALLISSON (fls.
2.755/2.758), negaram serem os autores do roubo, enquanto JEOVÁ (fls. 2.771/2.773) negou

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9ª Vara Criminal

a imputação referente à receptação do veículo automotor. A negativa apresentada pelos


acusados, entretanto, se encontra isolada nos autos, não fazendo frente as demais provas
produzidas durante a instrução processual e, também, na fase investigatória, as quais apontam
serem os três primeiros os autores do roubo denunciado, retando, também, demonstrada a
receptação do veículo atribuída a JEOVÁ.

A vítima Elio Rodrigues de Freitas (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) narrou que Michael é dono de uma oficina, local onde
deixou sua caminhonete por volta do meio-dia e, por volta de 20 horas, o dono da oficina
chegou em sua casa afirmando que a sua camionete tinha sido roubada. Narrou que como não
presenciou o fato, não pode reconhecer ninguém, que é o proprietário da camionete e que o
veículo não foi localizado. Disse, ainda, que seu veículo não tinha seguro e ficou no prejuízo
de R$ 75.000,00. Contou que a sua caminhonete tinha um adesivo na traseira, então era
sempre reconhecida no local onde estava, sendo que no mesmo dia do fato seu veículo foi
visto um colega e disse que a camionete estava com outra placa, já clonada, de número NVV-
2060, ao que procurou o veículo dessa placa original em Bela Vista, na expectativa de
encontrar o seu veículo, sendo que o proprietário do veículo de placa NVV-2060 disse que
subtraíram as placas do seu veículo.

A vítima Michael Silva de Araújo (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que é o proprietário da oficina mecânica, e que
adentraram a sua oficina duas pessoas, armadas, as quais pediram as chaves da camionete, de
propriedade da vítima Elio; e que além da camionete os indivíduos também levaram os
celulares de todos que estavam na oficina, inclusive o seu celular. Narrou que um dos
indivíduos era moreno, com barba fina, com cerca de 1,60m a 1,70m, que visualizou apenas
um dos assaltantes, e visualizando a fotografia de Matheus Leomar o reconheceu com certeza
de 90% (noventa por cento), afirmando que não tem condições de reconhecer o segundo
indivíduo, pois não o viu diretamente. Disse que durante a abordagem estava deitado embaixo
de um veículo, ocasião em que adentraram dois indivíduos, visualizou apenas um indivíduo se
aproximando do veículo onde estava, o qual estava armado, visualizando, inclusive, o reflexo
da arma de fogo, ocasião em que focou no assaltante, identificado como sendo Matheus
Leomar.

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 730/736)


demonstra, claramente, a autoria delitiva com relação aos acusados MAIKO JORGE,
MATHEUS LEOMAR, WALLISSON (quanto ao roubo) e JEOVÁ (quanto à receptação
do veículo): “Maiko chama HNI para fazer os “corres” (sair para roubar). Maiko fala que
eles vão ver se pegam (roubam) uma grande (caminhonete). Maiko fala que o Matheus vai
enquadrar. Maiko diz que vai ele, HNI e Matheus. Maiko está indo pegar o Matheus.” (índice
36900562 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes x
HNI (R7), 16/07/2016 – 18:49:37); “R7 está na caminhonete roubada atrás de Maiko. Maiko
instrui R7 onde vai estacionar a caminhonete. Maiko fala para R7 que após estacionar, é
para sair da caminhonete, desligar o farol, acionar o alarme e aguardar que vai buscá-lo lá.
Após R7 estacionar, Maiko pergunta se parou em frente ao portão de alguma casa. R7 diz
que não. Maiko orienta R7 a descer a rua e aguardar que já estão passando.” (índice

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

36902058 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x HNI (R7), 16/07/2016 – 20:35:21);
“Maiko fala para Mateus tirar a placa da caminhonete roubada logo. Maiko fala para
Matheus ir para o mesmo local que ele pegou o R7.” (índice 36902153 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes, 16/07/2016 – 20:45:10); “(...)
“R7” pede para Jeová levá-lo onde está a caminhonete. Jeová pergunta se é a do “Cueca”
(Maiko). “R7” diz que sim. Maiko conta que roubaram a Frontier ontem, trocaram o
“chinelo” (colocaram placas flasas), mas até agora está dando verde (não tem ocorrência de
roubo). Maiko fala para Jeová que o “R7” quem deixou a Frontier no local. Jeová fala que
vai com “R7” (índice 36909072 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da
Silva x “R7”, 17/07/2016 – 15:21:17); “Maiko pergunta se Jeová pode levar o R7 para trocar
a Frontier de lugar. Jeová diz que pode. Maiko fala que vai contar para Jeová onde está a
chave da Frontier para eles trocarem de lugar e ver se vinga até o dia seguinte. Maiko fala
que o cara só pega a Frontier quando der “vermelho” (for registrada a ocorrência de roubo
da caminhonete). Jeová pergunta se a Frontier é rastreada. Maiko fala que roubou no dia
anterior às sete da noite. Maiko fala que ficaram andando mais de hora após o roubo, que a
Frontier já esta “chinelada” (com placas clonadas). Maiko conta que arrancou a “chinela”
(placas) de outra caminhonete e colocou na Frontier. Maiko fala que a placa da Frontier
roubada é ONN-5910. Maiko diz que a placa que colocou na Frontier roubada é NVV. Maiko
fala que tem que tirar a Frontier do local e colocar na rua de cima ou de baixo. Maiko fala
que a Frontier já esta “chinelada” e é somente deixar na mão do pagador (comprador).
Maiko fala que vai comprar um revólver e colocar na mão de Jeová e dos outros meninos.”
(índice 36910735 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva,
17/07/2016 – 18:01:07); “Jeová fala para Maiko que estão na BR (rodovia) com “ela”
(caminhonete). Jeová fala que “R7” está em chamada de conferência, atrás dele, levando a
caminhonete. Jeová fala que já estão chegando perto da Mabel. Jeová fala que R7 está atrás
dele na caminhonete e Jeová está na frente, em outro carro, escoltando ele.” (índice
36914980 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva, 18/07/2016 –
07:09:16). “Maiko fala para Walisson que os caras já estão chegando. Maiko diz que o da
frente está em um VWGolf (Jeová) e o outro está na grande (caminhonete roubada), aí eles
vão seguir Walisson até onde deixar a caminhonete. Maiko fala para Jeová e Walisson
informarem o carro que estão, para facilitar o encontro. Jeová fala que está em um VW/Golf,
cor cinza grafite. Walisson fala que está em uma Amarok de cor branca. Walisson diz que
está esperando no Supermercado Bretas, no anel viário.” (índice 36914987 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Jeova José da
Silva x “R7”, 18/07/2016 – 07:11:30); “Jeová fala para Maiko que a missão está cumprida e
que o cara (R7) já esta no carro com ele. Jeová diz que já estão indo embora.” (índice
36915127 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva, 18/07/2016 –
07:45:06); “(...) Maiko fala que a de Walisson deu “vermelho” (ocorrência de furto/roubo no
Sistema), apareceu depois de duas semanas. Maiko diz que a placa é ONN-5910. Walisson
fala que tinha rastreador, mas não estava funcionando. (...)” (índice 36914980 – Walisson
Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado, 29/07/2016 – 10:52:31).
Conforme se denota das transcrições acima, consistentes
nas declarações das vítimas Elio Rodrigues de Freitas (mídia às fls. 2.503/2.511) e Michael
Silva de Araújo (mídia às fls. 2.677/2.682), sendo que este último reconheceu, com certeza de
90% (noventa por cento), o acusado MATHEUS LEOMAR como sendo o assaltante

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

moreno, com barba fina, com cerca de 1,60m a 1,70m, bem assim, o depoimento do Delegado
de Polícia Fábio Meireles Vieira (depoimento gravado em mídia às fls. 2.503/2.511) e,
sobretudo, as interceptações telefônicas, as quais evidenciaram com segurança e certeza que
os acusados MAIKO JORGE, MATHEUS LEOMAR e WALISSON, os primeiros
atuando como executores, e o último atuando como mandante do crime, subtraíram, para
todos, mediante grave ameaça, a Camionete Nissan/Frontier SVATK 4x2, cor prata, ano
2013/2014, placas ONN-5910, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas, bem
assim, o aparelho celular e a quantia de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), da vítima
Michael, fato ocorrido na oficina mecânica de Michael, sendo, posteriormente, referido
veículo transportado pelo acusado JEOVÁ.

Contrariando a negativa de autoria de todos os acusados,


observa-se, conforme já mencionado, que o acusado MATHEUS LEOMAR foi reconhecido
pela vítima Michael como sendo o assaltante que fez a abordagem, confirmando a
interceptação telefônica, na qual, antes mesmo de executarem o crime, MAIKO JORGE diz
que ele e MATHEUS LEOMAR vão sair para praticar crimes, pretendendo roubar veículos
grandes, e que este seria responsável por enquadrar, ou seja, abordar diretamente a vítima, tal
como ocorreu no fato ora em análise: “... Maiko fala que eles vão ver se pegam (roubam)
uma grande (caminhonete). Maiko fala que o Matheus vai enquadrar. Maiko diz que vai
ele, HNI e Matheus. Maiko está indo pegar o Matheus.” (índice 36900562 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes x HNI (R7), 16/07/2016 –
18:49:37).

Ademais, restou comprovado pelas interceptações


telefônicas, que um terceiro assaltante participou deste fato, agindo em conjunto com
MAIKO JORGE e MATHEUS LEOMAR, identificado nos autos apenas como R7, o qual
empreendeu fuga na direção do veículo subtraído, após a abordagem realizada por
MATHEUS LEOMAR, enquanto MAIKO JORGE seguia no veículo de apoio e repassava
ordens quanto ao local onde a camionete deveria ser deixada e que iria buscá-lo: “R7 está na
caminhonete roubada atrás de Maiko. Maiko instrui R7 onde vai estacionar a
caminhonete. Maiko fala para R7 que após estacionar, é para sair da caminhonete,
desligar o farol, acionar o alarme e aguardar que vai buscá-lo lá. Após R7 estacionar,
Maiko pergunta se parou em frente ao portão de alguma casa. R7 diz que não. Maiko orienta
R7 a descer a rua e aguardar que já estão passando.” (índice 36902058 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x HNI (R7), 16/07/2016 – 20:35:21).

Confirmando, portanto, a autoria imputada a MAIKO


JORGE, verifica-se que no dia seguinte ao fato, em uma conversa interceptada, ele confirma
o número da placa da camionete subtraída, informando que a substituiu por outra placa,
roubada de outra Nissan/Frontier, fato este confirmado pelo RAI nº 837813 (fls. 747/749),
comunicando o furto das placas de uma Nissan/Frontier NVV-2060: “...Maiko fala que a
placa da Frontier roubada é ONN-5910. Maiko diz que a placa que colocou na Frontier
roubada é NVV. Maiko fala que tem que tirar a Frontier do local e colocar na rua de cima
ou de baixo. Maiko fala que a Frontier já esta “chinelada” e é somente deixar na mão do
pagador (comprador). Maiko fala que vai comprar um revólver e colocar na mão de Jeová e

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

dos outros meninos.” (índice 36910735 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová
José da Silva, 17/07/2016 – 18:01:07).

Ainda, quanto ao crime de roubo, desta feita analisando a


conduta imputada ao acusado WALISSON, que atuou como mandante do crime, veja que,
contrariando a sua negativa de autoria, as interceptações evidenciaram claramente que ele
encomendou a camionete, sendo referido veículo entregue a ele no dia 18/07/2016, dois dias
após o fato. Nesse dia, é possível observar que WALISSON acompanhou e indicou o local
onde o veículo subtraído deveria ser guardado, ocasião que estava na direção de sua
camionete Amarok:“Maiko fala para Walisson que os caras já estão chegando. Maiko diz
que o da frente está em um VWGolf (Jeová) e o outro está na grande (caminhonete
roubada), aí eles vão seguir Walisson até onde deixar a caminhonete. Maiko fala para
Jeová e Walisson informarem o carro que estão, para facilitar o encontro. Jeová fala que
está em um VW/Golf, cor cinza grafite. Walisson fala que está em uma Amarok de cor
branca. Walisson diz que está esperando no Supermercado Bretas, no anel viário.” (índice
36914987 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) x Jeova José da Silva x “R7”, 18/07/2016 – 07:11:30).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição requerida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal), sendo que
tanto o emprego de armas de fogo como o concurso de agentes foram evidenciados pela
vítima Michael, que afirmou que o roubo foi praticado por dois indivíduos, armados, bem
assim, pela interceptação telefônica, sendo que a abordagem foi realizada por MATHEUS
LEOMAR, acompanhado dos comparsas R7 e MAIKO JORGE, tendo como mandante
WALISSON, que encomendou e recebeu o veículo. Há que se ressaltar que não é empecilho
para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de as armas de fogo não terem sido
apreendidas e periciadas, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial,
poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o
crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC
183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. Por outro lado, tem-se que, ao cumprir mandado
de busca e apreensão, foi apreendida em poder do acusado MAIKO JORGE uma arma de
fogo, possivelmente a mesma utilizada nesse crime (auto de busca e apreensão fls. 520), fato
que resultou um processo autônomo. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não
só em razão do maior risco a que a vítima Michael foi submetida, como, também, devido à
facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

Cumpre ressaltar, que embora tenham sido duas vítimas


neste fato, evidente a ocorrência de crime único, considerando que apenas a vítima Michael

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

foi abordada, ocasião em que foram subtraidos tanto o seu aparelho celular e a quantia de R$
1.200,00 (um mil e duzentos reais) como, também, a Camionete Nissan/Frontier SVATK 4x2,
cor prata, ano 2013/2014, placas ONN-5910, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de
Freitas, a qual se encontrava na oficina do primeiro.

Quanto ao crime de receptação, imputado ao acusado


JEOVÁ, veja que as interceptações telefônicas também lograram êxito em comprová-lo,
contrariando a sua negativa de autoria. Assim, restou confirmado que no dia 17/07/2016, um
dia após o roubo, JEOVÁ transportou o veículo subtraído, a pedido de MAIKO JORGE, o
qual repassou informações ao primeiro, dizendo que R7, o assaltante que conduziu o veículo,
o levaria até o local onde a camionete estava estacionada para trocá-la de lugar: “(...) “R7”
pede para Jeová levá-lo onde está a caminhonete. Jeová pergunta se é a do “Cueca”
(Maiko). “R7” diz que sim. Maiko conta que roubaram a Frontier ontem, trocaram o
“chinelo” (colocaram placas flasas), mas até agora está dando verde (não tem ocorrência
de roubo). Maiko fala para Jeová que o “R7” quem deixou a Frontier no local. Jeová fala
que vai com “R7” (índice 36909072 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José
da Silva x “R7”, 17/07/2016 – 15:21:17); “Maiko pergunta se Jeová pode levar o R7 para
trocar a Frontier de lugar. Jeová diz que pode. Maiko fala que vai contar para Jeová onde
está a chave da Frontier para eles trocarem de lugar e ver se vinga até o dia seguinte.
Maiko fala que o cara só pega a Frontier quando der “vermelho” (for registrada a
ocorrência de roubo da caminhonete). Jeová pergunta se a Frontier é rastreada. Maiko
fala que roubou no dia anterior às sete da noite. Maiko fala que ficaram andando mais de
hora após o roubo, que a Frontier já esta “chinelada” (com placas clonadas). Maiko conta
que arrancou a “chinela” (placas) de outra caminhonete e colocou na Frontier. Maiko fala
que a placa da Frontier roubada é ONN-5910. Maiko diz que a placa que colocou na
Frontier roubada é NVV. Maiko fala que tem que tirar a Frontier do local e colocar na rua
de cima ou de baixo. Maiko fala que a Frontier já esta “chinelada” e é somente deixar na
mão do pagador (comprador). Maiko fala que vai comprar um revólver e colocar na mão de
Jeová e dos outros meninos.” (índice 36910735 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Jeová José da Silva, 17/07/2016 – 18:01:07).

Por fim, a origem ilícita do veículo é fato amplamente


conhecido por JEOVÁ, conforme demonstrado na ligação para MAIKO JORGE,
oportunidade em que estava transitando pela BR, acompanhando R7, cada um na direção de
um veículo: “Jeová fala para Maiko que estão na BR (rodovia) com “ela” (caminhonete).
Jeová fala que “R7” está em chamada de conferência, atrás dele, levando a caminhonete.
Jeová fala que já estão chegando perto da Mabel. Jeová fala que R7 está atrás dele na
caminhonete e Jeová está na frente, em outro carro, escoltando ele.” (índice 36914980 –
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva, 18/07/2016 – 07:09:16).

2.4) Vítimas Reginaldo José dos Santos e Maikel


Vieira de Melo:

Aduz a denúncia que no dia 19 de julho de 2016, no


Setor Recanto das Minas Gerais, nesta Capital, foram subtraídos, mediante grave ameaça com

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9ª Vara Criminal

o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, uma camionete Chevrolet/S10, cor branca,
placas OLW-2165, da vítima Reginaldo e um celular Samsung Galaxy, pertencente à vítima
Maikel, fatos imputados aos acusados BRUNO LIMA, JOÃO PEDRO, PAULO SÉRGIO e
WALISSON, sendo o último o mandante do crime. Narra, ainda, que o acusado CLEITON
receptou e adulterou o sinal de veículo automotor.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 750/754, especificadamente pelos índices nºs 36941392 e 36941749,
da interceptação, em que o acusado BRUNO LIMA conversa com PAULO SÉRGIO acerca
do roubo do veículo Chevrolet/S10; índice 36950210, da interceptação, em que o acusado
BRUNO LIMA combina com JOÃO PEDRO acerca do transporte do veículo roubado;
índices 36949418 e 36949630, 36951422, 36952095 e 36952100, da interceptação, em que o
acusado BRUNO LIMA combina com WALISSON acerca da entrega do veículo roubado; e
índice 36950554, da interceptação, em que o acusado WALISSON combina com CLEITON
para colocar a caminhonete no box, para alteração da placa; e RAI nº 849751 (fls. 755/757).

Interrogados judicialmente, os acusados BRUNO LIMA


(fls. 2.734/2.736), JOÃO PEDRO (fls. 2.765/2.767), PAULO SÉRGIO (fls. 2.740/2.742) e
WALISSON (fls. 2.755/2.758) negaram a imputação referente ao roubo. Não obstante a
negativa de autoria, a instrução criminal foi suficiente para comprovar a participação de todos
os acusados. Senão vejamos:

A vítima Reginaldo José dos Santos (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.677/2.682) declarou que estava em um aniversário em uma
residência, ocasião em que um indivíduo adentrou o local e solicitou a chave da sua
camionete, e ao recebê-la a jogou por cima do muro, a repassando para outro indivíduo.
Narrou que o sujeito que adentrou na residência também levou o celular da vítima Maike,
sendo ele magro, com 1,80m, pardo, e, ao serem apresentadas fotografias aleatórias, apontou
o acusado JOÃO PEDRO como autor do fato, com convicção de 70% (setenta por cento).

A vítima Maikel Vieira de Melo (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que durante o assalto levaram o seu celular e a camionete
da vítima Reginaldo, bem assim, afirmou que um indivíduo adentrou na casa, sendo que o
assaltante era alto, magro, pardo, e ao visualizar fotografias aleatórias, apontou o acusado
JOÃO PEDRO, com convicção de 90% (noventa por cento), afirmando que na delegacia o
reconheceu apenas por fotografia.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 750/754), a autoria delitiva restou suficiente comprovada em relação aos acusados
BRUNO LIMA, JOÃO PEDRO, PAULO SÉRGIO e WALISSON: “Bruno fala que vai
colocar (a caminhonete) no Setor Vila Nova, em uns prédios. Paulo Sérgio conta que saiu um
carro subindo atrás de Bruno. Paulo Sérgio diz que ainda bem que Bruno fez a manobra e
pegou subindo para o lado do Ceasa e despistou. Paulo Sérgio conta que o carro não foi
atrás de Bruno. Paulo Sérgio fala para Bruno “chinelar” (colocar placas clonadas na
caminhonete roubada) para dar uma despistada.” (índice 36941392 – Bruno Lima dos

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9ª Vara Criminal

Santos (Chinês) x Paulo Sérgio Gomes dos Santos (PS), 19/07/2016 – 18:22:40); “Bruno e
Paulo conversam sobre o local para se encontrarem e deixar a caminhonete. Paulo fala que
os caras não conseguiram seguir Bruno. Bruno diz que colocou a caminhonete em um lugar
bom.” (índice 36941749 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Paulo Sérgio Gomes dos Santos
(PS), 19/07/2016 – 18:35:27); “João Pedro diz que a chave da caminhonete está na casa
dele. Bruno pergunta para João Pedro se ele sabe de alguém para levar a caminhonete. João
Pedro fala que vai ver. João Pedro conta que a caminhonete está no local, mas não tem
nenhum carro atrás. Bruno fala para João Pedro sair de lá.” (índice 36950210 – Bruno Lima
dos Santos (Chinês) x João Pedro Elias dos Santos, 20/07/2016 – 11:30:24); “Bruno conta
pra Walisson que arrumou o negócio (caminhonete). Bruno fala que é da mesma que levou da
última vez, das novas, LTZ, flex. Walisson fala que só pode pagar amanhã. Bruno diz que
pode ser. Walisson e Bruno marcam de se encontrarem ao meio dia.” (índice 36949418 –
Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão), 20/07/2016 –
10:32:51); “Walisson pergunta para Bruno qual a cor da caminhonete roubada. Bruno diz
que é da cor branca. Walisson pergunta qual o ano da caminhonete. Bruno fala que é 2013.
Walisson pergunta se a caminhonete está “bonitona”. Bruno diz que sim. Bruno fala que
passou e a caminhonete estava no mesmo local e que o menino vai passar lá novamente.”
(índice 36949630 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão), 20/07/2016 – 10:47:44); “Walisson fala que arrumou uma “namorada”
(caminhonete) e está levando para Cleiton. Walisson pede para Cleiton mandar tirar o Gol
do box e colocar aquela caminhonete para fora, que já vai tirar ela agorinha também.”
(índice 36950554 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim
(Peixinho), 20/07/2016 – 11:49:21); “Walisson pergunta se HNI está em casa. HNI diz que
sim. Walisson diz que HNI vai trabalhar agorinha (buscar a caminhonete roubada). HNI diz
que tudo bem e pergunta que horas. Walisson diz que agorinha passa lá.” (índice 36951018 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) X HNI (62995371176), 20/07/2016 – 12:16:39);
“Bruno fala que vai demorar trinta minutos e que quando estiver saindo com ela telefona.
Walisson diz para ligar quando pegar a “namorada” (caminhonete roubada) dele.” (índice
36951422 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão),
20/07/2016 – 12:46:13); “Walisson fala para Bruno que tem um “chinelo” (placas clonadas)
e oferece para Bruno colocar na caminhonete. Bruno diz que não tem uma casa (para trocar
as placas). Walisson fala que os outros moleques trocam isso na rua mesmo, são tudo doido.
Bruno fala que não faz isso não, mas que qualquer coisa avisa. Walisson sugere encontrar
uma casa de aluguel, quebrar o cadeado, trocar (a placa) e vai embora.” (índice 36952095 –
Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão), 20/07/2016 –
13:20:50); “Walisson fala para Bruno que tem um “chinelo” (placas clonadas) e oferece
para Bruno colocar na caminhonete. Bruno diz que não tem uma casa (para trocar as
placas). Walisson fala para trocar na rua mesmo. Bruno não quer. Bruno vai ver o que faz.”
(índice 36952100 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão), 20/07/2016 – 13:21:01).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


nas declarações das vítimas Reginaldo José dos Santos e Maikel Vieira de Melo (mídia às fls.
2.677/2.682), sendo que ambos apontaram, a partir de fotografias aleatórias de todos os
acusados juntadas aos autos, e reconheceram, com certeza de 70% (setenta por cento) e 90%

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9ª Vara Criminal

(noventa por cento), respectivamente, o acusado JOÃO PEDRO como sendo o assaltante
magro, com 1,80m, pardo, bem assim, o depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles
Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e, sobretudo, as interceptações telefônicas, as quais
evidenciaram com segurança e certeza que os acusados BRUNO LIMA, JOÃO PEDRO,
PAULO SÉRGIO e WALISSON, os três primeiros atuando como executores, e o segundo
atuando como mandante do crime, subtraíram a camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas
OLW-2165, da vítima Reginaldo e um celular Samsung Galaxy, pertencente à vítima Maikel.

Não procede a negativa de autoria alegada pelos


acusados BRUNO LIMA, JOÃO PEDRO, PAULO SÉRGIO e WALISSON. Veja que,
segundo as vítimas ouvidas e a interceptações telefônicas, JOÃO PEDRO abordou as
vítimas, oportunidade em que foi auxiliado por BRUNO LIMA, entregando-lhe a chave do
veículo por cima do muro, tendo BRUNO LIMA saído na direção do veículo, enquanto
PAULO SÉRGIO seguia no veículo de apoio. As vítimas Reginaldo e Maikel reconheceram
JOÃO PEDRO com certeza de 70% (setenta por cento) e 90% (noventa por cento),
respectivamente, reconhecimento corroborado pela interceptação telefônica, em que JOÃO
PEDRO conversa com BRUNO LIMA e diz que a chave da camionete está em sua casa:
“João Pedro diz que a chave da caminhonete está na casa dele. Bruno pergunta para João
Pedro se ele sabe de alguém para levar a caminhonete. João Pedro fala que vai ver. João
Pedro conta que a caminhonete está no local, mas não tem nenhum carro atrás. Bruno fala
para João Pedro sair de lá.” (índice 36950210 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x João
Pedro Elias dos Santos, 20/07/2016 – 11:30:24).

De igual forma, a autoria imputada aos acusados


BRUNO LIMA e PAULO SÉRGIO foi suficientemente comprovada pelas conversas
interceptadas entre eles, contrariando a negativa de autoria de ambos. Veja que após o roubo,
BRUNO LIMA saiu na direção do veículo subtraído, sendo seguido por PAULO SÉRGIO,
ao que ambos conversavam e comentavam sobre o local para guardar a camionete, bem assim,
comentando sobre uma perseguição e de como BRUNO LIMA despistou quem o perseguia:
“Bruno fala que vai colocar (a caminhonete) no Setor Vila Nova, em uns prédios. Paulo
Sérgio conta que saiu um carro subindo atrás de Bruno. Paulo Sérgio diz que ainda bem que
Bruno fez a manobra e pegou subindo para o lado do Ceasa e despistou. Paulo Sérgio
conta que o carro não foi atrás de Bruno. Paulo Sérgio fala para Bruno “chinelar” (colocar
placas clonadas na caminhonete roubada) para dar uma despistada.” (índice 36941392 –
Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Paulo Sérgio Gomes dos Santos (PS), 19/07/2016 –
18:22:40); “Bruno e Paulo conversam sobre o local para se encontrarem e deixar a
caminhonete. Paulo fala que os caras não conseguiram seguir Bruno. Bruno diz que
colocou a caminhonete em um lugar bom.” (índice 36941749 – Bruno Lima dos Santos
(Chinês) x Paulo Sérgio Gomes dos Santos (PS), 19/07/2016 – 18:35:27).

Com relação à atuação do acusado WALISSON como


mandante do crime, veja que, contrariando a sua negativa de autoria, as interceptações
demonstraram, de forma indubitável, que ele encomendou a camionete, sendo referido veículo
entregue a ele no dia 20/07/2016, um dia após o roubo: “Bruno conta pra Walisson que
arrumou o negócio (caminhonete). Bruno fala que é da mesma que levou da última vez,

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das novas, LTZ, flex. Walisson fala que só pode pagar amanhã. Bruno diz que pode ser.
Walisson e Bruno marcam de se encontrarem ao meio dia.” (índice 36949418 – Bruno
Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão), 20/07/2016 –
10:32:51); “Walisson pergunta para Bruno qual a cor da caminhonete roubada. Bruno diz
que é da cor branca. Walisson pergunta qual o ano da caminhonete. Bruno fala que é
2013. Walisson pergunta se a caminhonete está “bonitona”. Bruno diz que sim. Bruno fala
que passou e a caminhonete estava no mesmo local e que o menino vai passar lá novamente.”
(índice 36949630 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão), 20/07/2016 – 10:47:44).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição pretendida pelas defesas.

Também não há dúvida sobre a ocorrência das causas de


aumento de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi evidenciado pelas vítimas, que afirmaram, extrajudicialmente
(fls. 758 e 761), terem sido abordadas por um indivíduo que portava arma de fogo, fato
confirmado pelas interceptações telefônicas, que evidenciaram que todos os roubos foram
praticados com o emprego de arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da
aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois,
exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os
criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a
majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior
Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos
autos, conforme evidenciado pelas declarações das vítimas, as quais destacaram a ação
conjunta de agentes, evidenciando que JOÃO PEDRO adentrou na residência e, após subtrair
a chave do veículo, a entregou ao seu comparsa que ficou do lado de fora, bem assim, pelas
interceptações, que confirmaram que participaram do roubo, além de JOÃO PEDRO,
BRUNO LIMA, PAULO SÉRGIO e WALISSON, este como mandante. Os
comportamentos acima descritos, revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando
que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma
determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do
maior risco a que as vítimas foram submetidas, como, também, devido à facilitação do roubo
pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual demonstrou, também, que os


crimes de roubo foram praticados mediante concurso formal, eis que, apesar da unidade de
ação, atingiram bens distintos e juridicamente protegidos de duas vítimas distintas, ensejando
a aplicação da regra insculpida no artigo 70, do Código Penal, que trata do concurso
formal de crimes.
Quanto aos crimes de receptação e adulteração de sinal

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

de veículo automotor imputados ao acusado CLEITON, verifica-se que embora sejam fortes
os indícios de que ele realmente recebeu o veículo subtraído em sua oficina e realizou a
adulteração, trocando as placas originais por placas frias, a instrução não foi capaz de
comprovar as condutas. Veja que, de acordo com as interceptações transcritas, apenas uma faz
referência aos supostos crimes, em uma ligação de WALISSON para CLEITON, pedindo
para tirar um veículo do box pois chegaria com outro: “Walisson fala que arrumou uma
“namorada” (caminhonete) e está levando para Cleiton. Walisson pede para Cleiton mandar
tirar o Gol do box e colocar aquela caminhonete para fora, que já vai tirar ela agorinha
também.” (índice 36950554 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges
Gudim (Peixinho), 20/07/2016 – 11:49:21). Assim, na dúvida, hipótese resta senão a
absolvição do acusado CLEITON quanto aos crimes de receptação e adulteração de sinal de
veículo automotor da camionete Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165.

2.5) Vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes

Narra a denúncia que no dia 29 de julho de 2016, na Rua


1074, Qd. 80, Vila Redenção, nesta Capital, foi subtraído, mediante grave ameaça com o uso
de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, cor prata,
da vítima Ricardo Henrique, crime imputado aos acusados BRUNO REGINO, MATHEUS
LEOMAR, “R7” (não identificado), e MAIKO JORGE, mandante do crime, responsável
por coordenar as ações criminosas por telefone. Aduz, ainda que a camionete foi entregue
para o denunciado WALISSON, que a recebeu sabendo ser produto de crime.

A materialidade do crime de roubo restou evidenciada


pelo Relatório policial de fls. 764/768, especificadamente pelos índices nºs 37057035,
37057289 e 37057560, da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversa com
MATHEUS LEOMAR acerca do roubo do veículo VW/Amarok, bem assim, sobre o local
onde guardá-la quando a vítima registrar o roubo; índice 37057907, da interceptação, em que
o acusado MAIKO JORGE combina com WALISSON acerca da entrega do veículo
roubado; e RAI nº 925647 (fls. 769/772).

Interrogados judicialmente, os acusados BRUNO


REGINO (fls. 2.768/2.770), MATHEUS LEOMAR (fls. 2.725/2.727), MAIKO JORGE
(fls. 2.762/2.764) e WALISSON (fls. 2.755/2.758) negaram as imputações.

A vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes


(declarações gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511), segundo apontamentos pessoais durante
a audiência, visto que o áudio é inaudível na gravação, afirmou que, após visualizar a
fotografia dos acusados BRUNO REGINO e MATHEUS LEOMAR, não os reconheceu
como autores do fato, relatando que os autores do fato aparentavam ser bem mais novos. Não
obstante, o Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 764/768) demonstra, claramente, a
autoria delitiva com relação aos acusados BRUNO REGINO, MATHEUS LEOMAR e
MAIKO JORGE: “Matheus fala que Bruno pegou uma “grande”, uma Amarok. Maiko fala
que tem que levar para onde ele está. Matheus fala que eles estão indo para Bela Vista e fala
para Maiko ligar para Bruno. Maiko fala que não tem o telefone do Bruno e manda Matheus

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

ligar para o R7 (que está com o Bruno na caminhonete roubada) no telefone 9355-1759.”
(índice 37056586 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme
Lopes, 29/07/2016 – 19:25:36); “Maiko fala para Luiz Fernando ficar atento, pois
“pegaram” (roubaram) uma “grande” (caminhonete) e quando ficar “vermelho” (vítima
fazer ocorrência de roubo) tem que colocar no “buraco” (local para guardar carros
roubados). Maiko fala para Luiz Fernando já ir para o “buraco”. (índice 37056599 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Luiz Fernando Martins Rocha, 29/07/2016 – 19:27:52);
“Maiko pede para Luiz Fernando ir logo para o “buraco” (local para guardar carros
roubados). Maiko fala que vai pagar outro aluguel do barraco. Maiko pede para Luiz
Fernando ficar com a chave do “buraco”. (índice 37056852 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x Luiz Fernando Martins Rocha, 29/07/2016 – 19:46:35); “R7 está
dirigindo a Amarok roubada. Matheus fala para R7 ir para o mesmo local que deixaram a
outra (caminhonete). Matheus e R7 marcam de encontrar. Maiko pede a placa da Amarok.
Maiko diz que já tem o “buraco” (local para guardar a caminhonete roubada), quando der
“vermelho” (vítima fizer a ocorrência de roubo), é para avisar o Luis Fernando, pois ele vai
colocar na casa que eles alugaram. Matheus pede pra R7 ir para sua frente para ele pode ver
a placa da Amarok. Matheus fala que a placa da Amarok é NWF-0829. R7 fala para Matheus
que a gasolina da Amarok acabou. Maiko pesquisa a placa da Amarok e fala que é do ano de
2010/2011.” (índice 37057035 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x R7 x Matheus
Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 20:05:15); “Matheus está em Bela Vista. Matheus conta
onde parou a Amarok roubada. Maiko diz que quando der “vermelho” (vítima fizer a
ocorrência de roubo), tem que ligar no Luiz Fernando e ver onde é o “buraco” (local para
guardar carro roubado). Matheus fala que tem que pegar o “chinelo” (placas falsas). Maiko
fala para Matheus buscar Luiz Fernando para mostrar onde é o “buraco”. Maiko pergunta
se pegaram outras coisas, como celular. Mateus diz que sim, que pegaram pouco mais de R$
50,00. Matheus fala que a caminhonete é a diesel. Maiko fala para Matheus ir para Senador
Canedo e ver o “branco” (Golf branco para ser roubado)”. (índice 37057289 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 20:37:23);
“Maiko fala que quando entregarem a Amarok para o cara, “R7” já vai ter um dinheiro, vai
ganhar o Gol e Mateus vai comprar um Corolla. (R7 passa o telefone para Luiz Fernando)
Maiko fala sobre dinheiro a receber se der certo a venda da Amarok, pois será R$2.500,00.
Maiko diz para Luiz Fernando ir no outro dia cedo ajudá-lo. (…) Maiko fala para Matheus
colocar a caminhonete no “buraco” que no outro dia às cinco da manhã eles vão entregar no
Supermercado Bretas do Anel Viário. Maiko combina com Matheus de “pegarem”
(roubarem) duas “grandes” (caminhonetes) no dia seguinte, vender uma delas no dinheiro,
mandar fazer um “chinelo” (placas clonadas) e colocar nela.”(índice 37057560 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Luiz Fernando Martins Rocha x R7 x Matheus Leomar
Cosme Lopes 29/07/2016 – 21:08:16); “Walisson pergunta se vai dar certo a Amarok no
outro dia cedo. Maiko diz que sim. Maiko fala que tem que ir por volta das seis horas, pois
alugou um barraco (para guardar a Amarok) por um dia pelo valor de R$ 300,00. Maiko diz
que quem vai levar a Amarok só vai levá-la até o Supermercado Bretas do anel viário e de lá
segue Walisson. Maiko fala que vai entregar a Amarok na mão de Walisson e no outro dia
eles decidem o que irão fazer. Walisson fala que a Amarok pode ser a entrada na outra
(caminhonete). Walisson diz para Maiko que ele já pode ir arrumando um dele (roubar carro
igual ao de Maiko para montar outro), preto ou branco. Walisson fala que Maiko pode pegar

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

o Corolla com ele no outro dia. Maiko e Walisson marcam as seis e meia no Supermercado
Bretas no anel viário.” (índice 37057907 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Wallisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) 29/07/2016 – 21:48:40); “Maiko fala para Mateus
que tem que entregar a Amarok (roubada) amanhã às seis e meia, em frente ao
Supermercado Bretas do anel viário. Maiko diz que o comprador mora lá perto e vai estar
esperando. Matheus pergunta se R7 vai levar a caminhonete “crua” (sem trocar as placas
por outras falsas). Maiko fala que não tem outro jeito. Matheus diz que cruzou com policiais
e achou que estavam atrás deles. Maiko e Mateus conversam sobre a divisão do dinheiro da
venda da Amarok roubada. Maiko diz que Bruno e R7 devem para ele. Maiko pede para
Matheus mandar a foto da Amarok para ele mandar para o comprador.” (índice 37058464 –
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes 29/07/2016 –
23:20:21).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia, a
instrução processual revelou, claramente, que os acusados BRUNO REGINO, MATHEUS
LEOMAR e MAIKO JORGE, junto com R7 (não identificado), mediante grave ameaça,
agiram imbuído do intuito de subtrair o veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, cor prata, da
vítima Ricardo Henrique.

Não obstante a negativa de autoria apresentada pelos


acusados BRUNO REGINO, MATHEUS LEOMAR e MAIKO JORGE, verifica-se que a
responsabilidade criminal restou plenamente configurada. Restou confirmado, através das
interceptações telefônicas, que BRUNO REGINO abordou a vítima junto com o comparsa
identificado apenas por R7, enquanto que MATHEUS LEOMAR seguia no veículo de apoio,
e MAIKO JORGE atuou como sendo o mandante do crime, conforme demonstra a gravação
das conversas entre MATHEUS LEOMAR e MAIKO JORGE: “Matheus fala que Bruno
pegou uma “grande”, uma Amarok. Maiko fala que tem que levar para onde ele está.
Matheus fala que eles estão indo para Bela Vista e fala para Maiko ligar para Bruno.
Maiko fala que não tem o telefone do Bruno e manda Matheus ligar para o R7 (que está
com o Bruno na caminhonete roubada) no telefone 9355-1759.” (índice 37056586 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 19:25:36).

Posteriormente, MAIKO JORGE informou para


MATHEUS LEOMAR que o veículo deverá ser guardado na cidade de Bela Vista-GO,
enquanto MATHEUS LEOMAR informou-lhe a placa da camionete subtraída, e, após,
MATHEUS LEOMAR disse que já estava em Bela Vista, perguntando o local onde deveria
guardar o veículo. Por fim, MAIKO JORGE questionou se subtraíram outros bens:“R7 está
dirigindo a Amarok roubada. Matheus fala para R7 ir para o mesmo local que deixaram a
outra (caminhonete). Matheus e R7 marcam de encontrar. Maiko pede a placa da Amarok.
Maiko diz que já tem o “buraco” (local para guardar a caminhonete roubada), quando der
“vermelho” (vítima fizer a ocorrência de roubo), é para avisar o Luis Fernando, pois ele vai
colocar na casa que eles alugaram. Matheus pede pra R7 ir para sua frente para ele pode ver
a placa da Amarok. Matheus fala que a placa da Amarok é NWF-0829. R7 fala para
Matheus que a gasolina da Amarok acabou. Maiko pesquisa a placa da Amarok e fala que é

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

do ano de 2010/2011.” (índice 37057035 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x R7 x


Matheus Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 20:05:15); “Matheus está em Bela Vista.
Matheus conta onde parou a Amarok roubada. Maiko diz que quando der “vermelho”
(vítima fizer a ocorrência de roubo), tem que ligar no Luiz Fernando e ver onde é o “buraco”
(local para guardar carro roubado). Matheus fala que tem que pegar o “chinelo” (placas
falsas). Maiko fala para Matheus buscar Luiz Fernando para mostrar onde é o “buraco”.
Maiko pergunta se pegaram outras coisas, como celular. Mateus diz que sim, que pegaram
pouco mais de R$ 50,00. Matheus fala que a caminhonete é a diesel. Maiko fala para
Matheus ir para Senador Canedo e ver o “branco” (Golf branco para ser roubado)”. (ndice
37057289 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme Lopes,
29/07/2016 – 20:37:23).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, que afirmou, extrajudicialmente (fls.
773), ter sido abordada por dois indivíduos, sendo que somente um deles estava armado, com
um revólver, fato confirmado pelas interceptações telefônicas, que evidenciaram que todos os
roubos foram praticados com o emprego de arma de fogo. Não é empecilho para o
reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de as armas de fogo não terem sido
apreendidas e periciadas, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial,
poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o
crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC
183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou
suficientemente demonstrado nos autos, conforme demonstrou o relatório das interceptações
telefônicas, evidenciando a ação conjunta de agentes, em que BRUNO REGINO abordou a
vítima junto com o comparsa identificado apenas por R7, enquanto que MATHEUS
LEOMAR seguia no veículo de apoio, e MAIKO JORGE atuou como sendo o mandante do
crime. Os comportamentos acima descritos, revelam o entrosamento entre os acusados e seu
comparsa não identificado, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade
ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a
agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida,
como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

Quanto ao crime de receptação imputado ao acusado


WALISSON, veja que as interceptações telefônicas também lograram êxito em comprová-la,
contrariando a sua negativa de autoria. Assim, restou confirmado que WALISSON recebeu o
veículo subtraído, tendo o comprado, conforme bem especificado por MAIKO JORGE,
definindo que o transporte seria feito por MATHEUS LEOMAR, para entregar o veículo

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

para WALISSON no Supermercado Bretas do Anel Viário: “Walisson pergunta se vai dar
certo a Amarok no outro dia cedo. Maiko diz que sim. Maiko fala que tem que ir por volta
das seis horas, pois alugou um barraco (para guardar a Amarok) por um dia pelo valor de
R$ 300,00. Maiko diz que quem vai levar a Amarok só vai levá-la até o Supermercado
Bretas do anel viário e de lá segue Walisson. Maiko fala que vai entregar a Amarok na mão
de Walisson e no outro dia eles decidem o que irão fazer. Walisson fala que a Amarok pode
ser a entrada na outra (caminhonete). Walisson diz para Maiko que ele já pode ir
arrumando um dele (roubar carro igual ao de Maiko para montar outro), preto ou branco.
Walisson fala que Maiko pode pegar o Corolla com ele no outro dia. Maiko e Walisson
marcam as seis e meia no Supermercado Bretas no anel viário.” (índice 37057907 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Wallisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) 29/07/2016 –
21:48:40); “Maiko fala para Mateus que tem que entregar a Amarok (roubada) amanhã às
seis e meia, em frente ao Supermercado Bretas do anel viário. Maiko diz que o comprador
mora lá perto e vai estar esperando. Matheus pergunta se R7 vai levar a caminhonete “crua”
(sem trocar as placas por outras falsas). Maiko fala que não tem outro jeito. Matheus diz que
cruzou com policiais e achou que estavam atrás deles. Maiko e Mateus conversam sobre a
divisão do dinheiro da venda da Amarok roubada. Maiko diz que Bruno e R7 devem para ele.
Maiko pede para Matheus mandar a foto da Amarok para ele mandar para o comprador.”
(índice 37058464 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Leomar Cosme
Lopes 29/07/2016 – 23:20:21). Portanto, não há dúvida quanto à autoria e materialidade da
receptação atribuída ao acusado WALISSON, o qual recebeu o veículo, ciente de que se
tratava de um veículo roubado.

2.6) Vítima Márcio Cardoso Soares

Aduz a denúncia que no dia 12 de setembro de 2016, na


Rua SR 27, Qd. 34, Lt. 08, Recanto das Minas Gerais, nesta Capital, foi subtraído, mediante
grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo Toyota/Hilux,
placas PQM-0970, crime imputado aos acusados JOÃO PEDRO e BRUNO LIMA.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 750/754, especificadamente pelos índices nºs 36941392 e 36941749,
da interceptação, em que o acusado BRUNO LIMA conversou com Paulo Sérgio durante a
fuga com o veículo roubado; e do índice 36950210, da interceptação, em que o acusado
BRUNO LIMA combinou com JOÃO PEDRO acerca do transporte do veículo roubado;
RAI nº 849751 (fls. 755/757); RAI nº 1266889 (fls. 786/793), referente à localização do
veículo roubado e auto de prisão em flagrante (fls. 794/812), em que foram presos JOÃO
PEDRO e Paulo Sérgio, na posse da camionete.

Interrogados judicialmente, o acusado BRUNO LIMA


(fls. 2.734/2.736) negou a imputação, enquanto que o acusado JOÃO PEDRO (fls.
2.765/2.767) confessou a prática do crime, relatando que: “... confessa ser um dos autores do
roubo do veículo Toyota Hílux, ocorrido no Setor Recando das Minas Gerais, descrito no
item 2.6 da Denúncia; que na ocasião agiu com o indivíduo apelidado de “Índio da Mata”;
que o Paulo Sérgio e o Bruno não o acompanharam nesse dia; que a caminhonete subtraída

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

foi levada para casa da Lorrayne no Setor Recanto das Minas Gerais; que ao ser preso se
encontrava nessa casa junto com Paulo Sérgio; que o roubo ocorreu pela manhã e a prisão
ocorreu na parte da tarde; que o veículo apreendido na casa de Lorrayne é de fato a
caminhonete Toyota Hílux, subtraída em 12 de setembro de 2016, no Setor Recanto das
Minas Gerais.”

A vítima Márcio Cardoso Soares (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que o seu veículo foi roubado, fato praticado por dois
indivíduos, estando um deles armado. Disse que o veículo foi localizado no mesmo dia,
devido ao rastreador, ocasião em que foram presos dois indivíduos no momento da
localização, sabendo declinar o nome de pelo menos um dos presos como sendo Paulo Sérgio
Gomes, não se lembrando o nome do comparsa. Relatou que além da camionete, também
foram subtraídos o seu celular e a quantia de R$ 1.200,00, sendo que somente o veículo foi
recuperado, mas sem a chave. Contou que na Delegacia mencionaram o nome de BRUNO
LIMA, mas não foi ele quem o abordou, afirmando com certeza e segurança, após visualizar
as fotografias, que os autores do roubo foram Paulo Sérgio Gomes e JOÃO PEDRO,
afirmando que o acusado BRUNO LIMA não o abordou diretamente. Disse ainda ter certeza
absoluta que o acusado Paulo Sérgio Gomes estava portando um revolver prata cano longo,
bem assim, que reconhece JOÃO PEDRO, inclusive mostrando sua fotografia tirada no seu
celular. Quanto à BRUNO LIMA reafirmou que ele não foi um dos executores direto do fato,
contando, ainda, que a mãe deste acusado ligou para ele, tentando intimidá-lo, mas que apesar
dessa ligação não se sentiu intimidado.

Segundo o Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


750/754), a autoria delitiva imputada aos acusados JOÃO PEDRO e BRUNO LIMA, restou
confirmada, senão vejamos: “Bruno combina com João Pedro de irem amanhã ás 06:30.
Bruno fala que já vai dormir por aqui. João Pedro pergunta se ele vai dormir lá no setor.
Bruno diz que sim e fala que é para João Pedro acordar. João Pedro fala que está com um
(revólver) doido, mas não é dele, é de outra pessoa. Bruno fala que está com um também e
pergunta se quer levar os dois (revólveres). João Pedro fala que está com um de oito tiros,
reforçado. Bruno pergunta se vai ficar com ele até amanhã. João Pedro fala que não, que vai
devolver agorinha.” (índice 37525144 – João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos
Santos (Chinês), 11/09/2016 – 23:09:38); “Bruno avisa que vai colocar (a caminhonete) lá no
Guanabara. João Pedro fala que está atrás do Bruno.” (índice 37526809 – João Pedro Elias
dos Santos X Bruno Lima dos Santos, 12/09/2016 – 10:26:38); “João Pedro pede para HNI
arrumar alguém para buscar uma caminhonete ali e colocá-la em um buraco (casa onde
escondem carros).” (índice 37420941 – João Pedro Elias dos Santos X HNI (6291123341),
12/09/2016 – 15:03:07); “Bruno pergunta para João qual era o “chinelo” (placa) mesmo.
João fala que é PQM-0970.”(índice 37531680 – João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima
dos Santos, 12/09/2016 – 17:47:28); “Bruno pede para João Pedro tirar uma foto dela
(caminhonete roubada). João pergunta se agora. Bruno diz que sim. João Pedro pergunta
cadê aquela foto que havia mandado. Bruno diz que não ia deixar salva no celular. João
Pedro fala que lá está trancado. Bruno diz que não trancou quando saiu. Bruno fala para
João Pedro tirar foto da traseira e lateral, aí depois tranca o portão” (índice 37531738 –
João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos Santos, 12/09/2016 – 17:51:02).

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), do reconhecimento seguro realizado pela vítima,
corroborados pela confissão espontânea de JOÃO PEDRO, a instrução processual revelou,
claramente, que os acusados BRUNO LIMA e JOÃO PEDRO, mediante grave ameaça,
agiram imbuídos do intuito de subtrair o veículo Toyota/Hilux, placas PQM-0970, da vítima
Márcio Cardoso Soares.

Portanto, restou comprovado que JOÃO PEDRO


abordou a vítima junto com o comparsa identificado e reconhecido como sendo Paulo Sérgio,
o qual não foi denunciado por este crime neste processo, mas responde por fato semelhante
em outra ação penal, em trâmite neste juízo, enquanto que BRUNO LIMA permaneceu nas
proximidades dando apoio. A vítima Márcio Cardoso Soares (mídia às fls. 2.503/2.511), após
visualizar as fotografias juntadas aos autos, afirmou que os autores do roubo foram Paulo
Sérgio Gomes e JOÃO PEDRO, relatando, ainda, que o acusado BRUNO LIMA não o
abordou diretamente.

Não obstante a negativa de autoria apresentada pelo


acusado BRUNO LIMA, verifica-se que a responsabilidade criminal restou plenamente
configurada, conforme evidenciado no relatório das interceptações telefônicas, em que os
acusados JOÃO PEDRO e BRUNO LIMA conversam na noite anterior ao crime acerca de
armas, bem assim, de saírem no dia seguinte pela manhã às 06:30h: “Bruno combina com
João Pedro de irem amanhã ás 06:30. Bruno fala que já vai dormir por aqui. João Pedro
pergunta se ele vai dormir lá no setor. Bruno diz que sim e fala que é para João Pedro
acordar. João Pedro fala que está com um (revólver) doido, mas não é dele, é de outra
pessoa. Bruno fala que está com um também e pergunta se quer levar os dois (revólveres).
João Pedro fala que está com um de oito tiros, reforçado. Bruno pergunta se vai ficar com
ele até amanhã. João Pedro fala que não, que vai devolver agorinha.” (índice 37525144 –
João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos Santos (Chinês), 11/09/2016 – 23:09:38).
Assim, não convence a versão de JOÃO PEDRO ao tentar livrar o seu comparsa, o acusado
BRUNO LIMA, não passando de mera manobra defensiva.

No dia do crime, 12/09/2016, após a prática do roubo,


BRUNO LIMA avisa para JOÃO PEDRO onde vai guardar a camionete: “Bruno avisa que
vai colocar (a caminhonete) lá no Guanabara. João Pedro fala que está atrás do Bruno.”
(índice 37526809 – João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos Santos, 12/09/2016 –
10:26:38). Já no final da tarde ainda do dia 12/09/2016, BRUNO LIMA pergunta qual a
placa do veículo e pede para JOÃO PEDRO mandar um foto: “Bruno pergunta para João
qual era o “chinelo” (placa) mesmo. João fala que é PQM-0970.”(índice 37531680 – João
Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos Santos, 12/09/2016 – 17:47:28); “Bruno pede para
João Pedro tirar uma foto dela (caminhonete roubada). João pergunta se agora. Bruno diz
que sim. João Pedro pergunta cadê aquela foto que havia mandado. Bruno diz que não ia
deixar salva no celular. João Pedro fala que lá está trancado. Bruno diz que não trancou
quando saiu. Bruno fala para João Pedro tirar foto da traseira e lateral, aí depois tranca o

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9ª Vara Criminal

portão” (índice 37531738 – João Pedro Elias dos Santos X Bruno Lima dos Santos,
12/09/2016 – 17:51:02).

Ressalva-se que o fato de a vítima Márcio não ter


visualizado diretamente BRUNO LIMA e não tê-lo reconhecido, não o exime da prática do
crime, pois, conforme demonstrado, ele participou do crime. Ademais, há que se falar que a
vítima Márcio Cardoso Soares (mídia às fls. 2.503/2.511) afirmou que na Delegacia
mencionaram o nome de BRUNO LIMA, mas não foi ele quem o abordou, afirmando ainda,
que a mãe deste acusado ligou para ele, tentando intimidá-lo, mas que apesar dessa ligação
não se sentiu intimidado, sendo o fato sobejamente comprovado pelas interceptações
telefônicas.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi evidenciado pela vítima Márcio, bem como, pelas interceptações
telefônicas. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de as
armas de fogo não terem sido apreendidas e periciadas, pois, exigir-se, em tais situações, a
apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com
referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente
teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos, seja pelas informações da
vítima, seja pelo relatório das interceptações telefônicas, ambos demonstrando a ação
conjunta de agentes, em que JOÃO PEDRO abordou a vítima junto com o comparsa
identificado e reconhecido como sendo Paulo Sérgio, enquanto que BRUNO LIMA
permaneceu nas proximidades dando apoio. Os comportamentos acima descritos, revelam o
entrosamento entre os acusados e seu comparsa, evidenciando que toda a ação objetivava a
mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa.
Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a
vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos
agentes.

2.7) Vítima Erivelton Vieira Alvares

Diz a inicial acusatória que no dia 14 de setembro de


2016, na Rua 70, Jardim Goiás, nesta Capital, foi subtraído, mediante grave ameaça com o
uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo VW/Saveiro CD Cross MA, cor
vermelha, ano 2015/2015, placas ONW-8639, fato imputado aos acusados DIEGO
COTRIM, que portava uma arma de fogo e anunciou o assalto, e FILIPE NASCIMENTO,

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

que fazia parte da ação criminosa e permaneceu em um veículo de apoio.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 813/816, especificadamente pelos índices nºs 37545753, 37546439,
37546511 e 37545753, da interceptação, em que o acusado DIEGO COTRIM conversa com
FILIPE NASCIMENTO sobre o roubo do veículo NVW/Saveiro CD Cross MA,
mencionando, ainda, a arma de fogo, a atitude da vítima, o local onde o veículo seria
guardado, sobre o registro de roubo e sobre o celular esquecido dentro do veículo; e RAI nº
1278339 (fls. 817/819).

Interrogados judicialmente, os acusados DIEGO


COTRIM (fls. 2.731/2.733) e FILIPE NASCIMENTO (fls. 2.749/2.751) negaram a
imputação. Não obstante a negativa de autoria, a instrução criminal foi suficiente para
comprovar a participação de ambos no crime. Senão vejamos:

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 813/816), a autoria delitiva restou suficiente comprovada em relação aos acusados
DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO: “Filipe fala para Diego passar o "danado"
(arma de fogo) para ele daqui a pouco. Filipe pergunta se é para pegar a BR. Diego diz que
sim. Diego ri e diz que só viu o cara (vítima) correndo. Diego fala para deixarem o carro no
descanso (estacionado para verificar se não tem rastreador) e saírem para pegar outro.
Filipe concorda.” (índice 37545753 – Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias,
14/09/2016 – 12:04:50); “Filipe pergunta se HNI tem o "buraco". HNI diz que pode arrumar
e pergunta qual (carro) Filipe pegou (roubou). Filipe diz que foi uma Saveiro Cross. HNI
reclama que essa é só duas portas. Filipe diz que é 1.8. HNI diz que vai ver. Filipe diz que
estão no "corre" e vão ver se arruma outro. HNI diz que essa vai ser boa pra vender.” (índice
37545801 – Filipe Nascimento Silva x HNI, 14/09/2016 – 12:08:19); “Filipe pede para
Edimilson consultar a placa ONW-8639. Edimilson pergunta se é uma Saveiro. Filipe
confirma e pergunta se é 1.6. Edimilson diz que está de boa ainda (sem registro de roubo).”
(índice 37545753 – Filipe Nascimento Silva x Edimilson Luis de Souza Filho, 14/09/2016 –
12:46:11); “Diego diz que esqueceu o radinho (celular) dele dentro do carro de Filipe. Diego
diz que provavelmente caiu do bolso da sua calça. Filipe diz que está procurando, mas que
acredita que Diego possa ter esquecido dentro do "cavalo" (carro que roubaram). Filipe fala
que não achou dentro do carro dele. “(índice 37546439 – Filipe Nascimento Silva x Diego
Cotrim Messias, 14/09/2016 – 13:07:39); “Diego diz para Filipe que já deu "rb" (registro de
roubo) lá. Filipe diz que olhou e está "verdinho" (sem registro) ainda. Diego diz que acabou
de dar (ser registrado). Diego fala para irem lá. Filipe diz que tem que arrumar um local
para guardar ela (VW/Saveiro) primeiro.” (índice 37546511 – Filipe Nascimento Silva x
Diego Cotrim Messias, 14/09/2016 – 13:18:23); “Filipe pergunta para Diego se o celular
dele (do Diego) estava lá mesmo (dentro do carro roubado). Diego diz que sim, que estava
em cima do banco.” (índice 37545753 – Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias,
14/09/2016 – 14:53:13).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia Fábio

95
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que os
acusados DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO, mediante grave ameaça, agiram
imbuídos do intuito de subtrair o veículo VW/Saveiro CD Cross MA, cor vermelha, ano
2015/2015, placas ONW-8639, da vítima Erivelton Vieira Alvares.

Não obstante a negativa de autoria apresentada pelos


acusados, verifica-se que a responsabilidade criminal restou plenamente configurada. Restou
confirmado, através das interceptações telefônicas, que DIEGO COTRIM e FILIPE
NASCIMENTO após subtraírem o veículo da vítima conversaram sobre a arma de fogo e o
local aonde iriam guardá-lo, mencionando, ainda, acerca da reação da vítima: “Filipe fala
para Diego passar o "danado" (arma de fogo) para ele daqui a pouco. Filipe pergunta se é
para pegar a BR. Diego diz que sim. Diego ri e diz que só viu o cara (vítima) correndo.
Diego fala para deixarem o carro no descanso (estacionado para verificar se não tem
rastreador) e saírem para pegar outro. Filipe concorda.” (índice 37545753 – Filipe
Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 14/09/2016 – 12:04:50).

Posteriormente, FILIPE faz duas ligações, na primeira


afirmando ter roubado uma Saveiro e na segunda pedindo para consultar a placa: “Filipe
pergunta se HNI tem o "buraco". HNI diz que pode arrumar e pergunta qual (carro) Filipe
pegou (roubou). Filipe diz que foi uma Saveiro Cross. HNI reclama que essa é só duas
portas. Filipe diz que é 1.8. HNI diz que vai ver. Filipe diz que estão no "corre" e vão ver se
arruma outro. HNI diz que essa vai ser boa pra vender.” (índice 37545801 – Filipe
Nascimento Silva x HNI, 14/09/2016 – 12:08:19); “Filipe pede para Edimilson consultar a
placa ONW-8639. Edimilson pergunta se é uma Saveiro. Filipe confirma e pergunta se é
1.6. Edimilson diz que está de boa ainda (sem registro de roubo).” (índice 37545753 – Filipe
Nascimento Silva x Edimilson Luis de Souza Filho, 14/09/2016 – 12:46:11).

Por fim, DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO


conversaram sobre algum registro de boletim de ocorrência, e o primeiro afirma que esqueceu
o celular em cima do banco do veículo subtraído:“Diego diz para Filipe que já deu "rb"
(registro de roubo) lá. Filipe diz que olhou e está "verdinho" (sem registro) ainda. Diego
diz que acabou de dar (ser registrado). Diego fala para irem lá. Filipe diz que tem que
arrumar um local para guardar ela (VW/Saveiro) primeiro.” (índice 37546511 – Filipe
Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 14/09/2016 – 13:18:23); “Filipe pergunta para
Diego se o celular dele (do Diego) estava lá mesmo (dentro do carro roubado). Diego diz
que sim, que estava em cima do banco.” (índice 37545753 – Filipe Nascimento Silva x
Diego Cotrim Messias, 14/09/2016 – 14:53:13).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi confirmado através das interceptações telefônicas: “Filipe fala
para Diego passar o "danado" (arma de fogo) para ele daqui a pouco. Filipe pergunta se é
para pegar a BR. Diego diz que sim. Diego ri e diz que só viu o cara (vítima) correndo. Diego
fala para deixarem o carro no descanso (estacionado para verificar se não tem rastreador) e
saírem para pegar outro. Filipe concorda.” (índice 37545753 – Filipe Nascimento Silva x
Diego Cotrim Messias, 14/09/2016 – 12:04:50), bem assim, pelas declarações da vítima, a
qual relatou, extrajudicialmente (fls. 820), que foi abordada por um indivíduo que portava
arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de
as armas de fogo não terem sido apreendidas e periciadas, pois, exigir-se, em tais situações, a
apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com
referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente
teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado pelo relatório das interceptações
telefônicas, evidenciando a ação conjunta de agentes. Os comportamentos acima descritos,
revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma
finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto,
justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi
submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.8) Vítima Igor Miranda Balduino

Narra a denúncia que no dia 19 de setembro de 2016,


Rua Coronel Ernesto Garcia, Qd. 04, Lt. 03/04, Vila Maria José, nesta Capital, foi subtraído,
mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo
Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, crime imputado aos acusados DIEGO COTRIM, que
abordou a vítima, e FILIPE NASCIMENTO.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 823/825, especificadamente pelos índices nºs 37596713 e 37596760,
da interceptação, em que o acusado DIEGO COTRIM conversa com FILIPE
NASCIMENTO sobre o roubo do veículo Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, bem assim, a
localização da ERB que evidencia que FILIPE estava nas proximidades do local do roubo,
dando suporte ao crime; e RAI nº 1319140 (fls. 827/828).

Interrogados judicialmente, os acusados DIEGO


COTRIM (fls. 2.731/2.733) e FILIPE NASCIMENTO (fls. 2.749/2.751) negaram a
imputação.

A vítima Igor Miranda Balduino (declarações gravadas


em mídia às fls. 2677/2682) contou que foi abordada por dois indivíduos que chegaram em
uma moto, que era a noite, que o indivíduo que desceu da motocicleta estava armado, mas que
não visualizou diretamente os autores do fato e não tem condições de reconhecer, bem assim
que ao visualizar as fotografias de DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO não tem

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9ª Vara Criminal

condições de reconhecê-los como sendo os indivíduos que o abordaram.

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 823/825),


por outro lado, demonstra, claramente, a autoria delitiva com relação aos acusados DIEGO
COTRIM e FILIPE NASCIMENTO: “Filipe pergunta onde Diego está. Diego diz que
pegou (roubou) o Cruze. Diego diz que está no Flamboyant e fala para Filipe já ir para lá.
Filipe diz que estava preocupado com Diego. Filipe está preocupado se agora pode
"pinchar" (marcar) o carro dele. Filipe pergunta se pegou bolsa ou outras coisas. Diego diz
que veio só o radinho (celular da vítima). Diego diz que nem desligou o "radinho" (celular)
do "desgraçado" (vítima). Filipe fala para desligar logo e pergunta se não pegou anel ou
outras coisas. Filipe diz que Diego deveria ter revistado a vítima. Diego fala que o celular do
cara é Iphone e diz que vai jogar fora. Filipe fala para não jogar, mas apenas desligá-lo.”
(índice 37596713 – Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 19/09/2016 –
18:49:44); “Diego fala que o carro (Cruze) não tem chave, que é de botão. Diego fala que ia
pegar a Saveiro, mas os caras correram. Diego diz que viu o Cruze parando próximo a Filipe
e ai o pegou (roubou). Diego diz que foi bom, porque o carro (Cruze) é bom, é automático.”
(índice 37596760 – Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 19/09/2016 –
18:54:29).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que os
acusados DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO, mediante grave ameaça, agiram
imbuídos do intuito de subtrair o veículo Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, da vítima Igor
Miranda Balduino.

Verifico, por conseguinte que não prospera a negativa de


autoria apresentada pelos acusados, visto que a responsabilidade criminal restou plenamente
configurada, sobretudo, por meio do relatório das interceptações telefônicas, o qual foi capaz
de demonstrar o envolvimento de DIEGO COTRIM e FILIPE NASCIMENTO no crime.
A gravação da conversa entre os dois acusados revela que DIEGO COTRIM foi o agente
responsável por abordar a vítima, subtraindo-lhe o veículo. FILIPE, por sua vez, esteve na
cena do crime, apoiando a ação executada por DIEGO COTRIM, o que é revelado pela fala
deste acusado quando afirma: “Diego diz que viu o Cruze parando próximo a Filipe e ai o
pegou (roubou)”. O envolvimento de FILIPE é também revelado por trechos do diálogo,
quando ele busca informações sobre o produto do roubo e, em certo momento, quando
repreende DIEGO, dizendo que ele deveria ter revistado a vítima. Eis a transcrição do
diálogo: “Filipe pergunta onde Diego está. Diego diz que pegou (roubou) o Cruze. Diego diz
que está no Flamboyant e fala para Filipe já ir para lá. Filipe diz que estava preocupado
com Diego. Filipe está preocupado se agora pode "pinchar" (marcar) o carro dele. Filipe
pergunta se pegou bolsa ou outras coisas. Diego diz que veio só o radinho (celular da
vítima). Diego diz que nem desligou o "radinho" (celular) do "desgraçado" (vítima). Filipe
fala para desligar logo e pergunta se não pegou anel ou outras coisas. Filipe diz que Diego
deveria ter revistado a vítima. Diego fala que o celular do cara é Iphone e diz que vai jogar
fora. Filipe fala para não jogar, mas apenas desligá-lo.” (índice 37596713 – Filipe

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Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 19/09/2016 – 18:49:44); “Diego fala que o carro
(Cruze) não tem chave, que é de botão. Diego fala que ia pegar a Saveiro, mas os caras
correram. Diego diz que viu o Cruze parando próximo a Filipe e ai o pegou (roubou).
Diego diz que foi bom, porque o carro (Cruze) é bom, é automático.” (índice 37596760 –
Filipe Nascimento Silva x Diego Cotrim Messias, 19/09/2016 – 18:54:29).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi confirmado pela vítima. Não é empecilho para o reconhecimento
da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada,
pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os
criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a
majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior
Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos
autos, seja pelos informes da vítima, seja pelo resultado da interceptação telefônica, revelando
que DIEGO CONTRIM foi o agente que abordou a vítima, enquanto FILIPE lhe dava
apoio, visando se beneficiar do produto da infração. Os comportamentos acima descritos,
revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma
finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto,
justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi
submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual revelou, ainda, que os acusados


FILIPE e DIEGO COTRIM praticaram duas ações, contra as vítimas Erivelton Vieira
Alvares e Igor Miranda Balduino, referentes aos crimes 2.7 e 2.8, podendo se verificar entre
cada uma das ações a presença do crime continuado, pois desenvolvidas sob as mesmas
condições de tempo, lugar e maneira de execução, ensejando a aplicação da regra insculpida
no artigo 71, parágrafo único, do Código Penal.

2.9) Vítima Beatriz Miguel de Padua

Aduz a exordial acusatória que no dia 19 de setembro de


2016, na Rua Uberaba, Qd. 20, Lt. 08, Jardim Belo Horizonte, Aparecida de Goiânia-GO, foi
subtraído, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o
veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3480, fato imputado aos agentes BRUNO
LIMA e ANTÔNIO CARLOS.

Inicialmente, há que se registrar que a denúncia contém

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9ª Vara Criminal

um erro, visto que a placa do veículo subtraído é ONN-3484 e não 3480. Apesar do erro, há
que se ressaltar a inexistência de prejuízo para a defesa dos acusados, posto que se trata
apenas de erro material e insignificante, sem qualquer interferência no esclarecimento do fato.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 832/840, especificadamente pelos índices nºs 37591501, 37595129,
37596310, 37597481, 37601546, 37603603, 37604940 e 37607607, da interceptação, em que
o acusado BRUNO LIMA conversou com ANTÔNIO CARLOS sobre saírem para praticar
crimes de roubo, e logo após o roubo do veículo Ford EcoSport, eles procuraram um local
para guardá-lo e vendê-lo, bem assim, pela localização da ERB, que evidencia que BRUNO
LIMA estava nas proximidades do local do roubo. Também serve à materialização do crime
os dados de localização da tornozeleira eletrônica usada por ANTÔNIO CARLOS,
revelando que ele esteve no local do crime, bem assim, as filmagens da câmera de segurança
do local. Por fim, a RAI nº 1318234 (fls. 841/843).

Interrogados judicialmente, os acusados BRUNO LIMA


(fls. 2.734/2.736) e ANTÔNIO CARLOS (fls. 2.743/2.745) negaram a imputação.

A vítima Beatriz Miguel de Padua (declarações gravadas


em mídia às fls. 2503/2511) declarou que foi subtraído o seu veículo, mediante o uso de arma
de fogo, ocorrendo o fato numa segunda-feira, sendo que na sexta-feira, à tarde, foram
localizadas as rodas do veículo, o qual já estava todo desmanchado, em uma casa na Cidade
Jardim, segundo informação da polícia. Declarou que não sabe quem estava nessa residência,
pois a polícia não informou. Afirmou que o autor do roubo que estava com a arma de fogo era
mais alto, claro, com cabelo meio loiro, enquanto que o seu comparsa era mais baixo, uma
pele mais morena, o qual estava com a cabeça baixa. Relatou que foi até a delegacia e lá
visualizou a fotografia dos acusados, reconhecendo o BRUNO LIMA com segurança como
sendo o indivíduo que estava com a arma de fogo. Que não tem certeza quanto ao
reconhecimento do outro indivíduo, mas que guarda semelhança com o acusado ANTÔNIO
CARLOS.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 832/840), a autoria delitiva restou suficiente comprovada em relação aos acusados
BRUNO LIMA e ANTÔNIO CARLOS: “Antônio chama Bruno para irem trabalhar
(roubar). Bruno pergunta qual horário, se depois do almoço. Bruno combina de buscar
Antônio na casa da mãe dele, no setor Veiga Jardim. Antônio fala que a casa da mãe dele é
próximo a Mabel.” (índice 37591501 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos
Rodrigues de Sousa (Japa), 19/09/2016 – 11:05:25); “Antônio pergunta para Bruno se eles
procuram um lugar para deixar (o carro roubado) ou já levam para Senador Canedo. Bruno
fala para deixarem no “negócio de carne” (frigorífico) em Senador Canedo, pois é 24 horas.
Antônio fala que podem deixar lá. Bruno fala que está seguindo Antônio.”(índice 37595129 –
Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa), 19/09/2016 –
16:40:44); “Bruno oferece uma Ecosport (roubada) para HNI. Bruno fala que está com uma
na mão. HNI pergunta se é automática (câmbio). Bruno diz que é manual. HNI fala que vai
perguntar para alguém.” (índice 37596240 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI

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9ª Vara Criminal

(62981490968), 19/09/2016 – 18:11:06); “Antônio fala que está de boa lá (Ecosport roubada
continua no mesmo local). Bruno fala que vai chegar em casa e conversar com os caras
(compradores). Antônio fala que foi lá e viu que só tinha um carro ao lado dela. Bruno fala
que se tivesse rastreador, já tinham “rodado” (sido recuperada).” (índice 37596310 – Bruno
Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa),19/09/2016 –
18:15:22); “Bruno fala para Antônio que não da para entregar a Ecosport (para os
compradores) hoje, só amanhã. Bruno fala que precisavam de um buraco (local para
esconder carros roubados) para guardar ela hoje. Antônio fala que tem o local, mas não
pode sair de casa (pois usa tornozeleira eletrônica). Antônio explica sobre o funcionamento
da tornozeleira eletrônica. Antônio fala que vai pedir um menino para ir lá ver isso.” (índice
37597481 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa
(Japa),19/09/2016 – 19:59:14); “Bruno diz que o menino (comprador) falou que resolve até
meio dia. Antônio fala para entregarem esse trem logo para buscarem (roubarem) outra.
Antônio fala que está usando o WhatsApp 9400-0791.” (índice 37601546 – Bruno Lima dos
Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa),20/09/2016 – 10:50:52); “Bruno
pergunta se o negócio (Escosport roubada) continua lá. Antônio diz que lá estava com muitos
policiais e por isso levou o carro para a casa dele. Bruno fala que os caras (compradores)
são muito enrolados. Antônio fala para desenrolar logo, pois o carro não pode ficar muito
tempo na casa dele. Bruno diz que pegou (roubaram) por encomenda e os caras ficam
enrolando.” (índice 37603603 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos
Rodrigues de Sousa (Japa), 20/09/2016 – 13:26:32); “Bruno fala que o menino já pediu para
entregar na Vila Canaã. Bruno fala que HNI vai pagar R$ 2.500,00 nela (Ecosport roubada)
e vai transferir o dinheiro para a conta. Bruno comenta comenta que esse valor é bom. Bruno
fala que vai com Antônio. (índice 37604940 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio
Carlos Rodrigues de Sousa (Japa), 20/09/2016 – 15:14:47); “Bruno fala que HNI já mandou o
dinheiro (pagamento pela Ecosport roubada) na conta. Bruno fala que vai sacar e leva o
dinheiro para Antônio.” (índice 37607607 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio
Carlos Rodrigues de Sousa (Japa), 20/09/2016 – 19:12:35).

Não há dúvida, portanto, sobre a autoria atribuída aos


acusados, conforme se denota das transcrições acima, consistentes nas declarações da vítima
Beatriz Miguel de Padua (mídia às fls. 2503/2511), a qual reconheceu com segurança o
acusado BRUNO LIMA como sendo o assaltante que portava a arma de fogo, e, quanto ao
acusado ANTÔNIO CARLOS, afirmou que ele guarda semelhança com outro assaltante,
bem assim, pelo depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls.
2.503/2.511) e, sobretudo, pelas interceptações telefônicas, as quais evidenciaram com
segurança e certeza que os acusados BRUNO LIMA e ANTÔNIO CARLOS, subtraíram o
veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3484, de propriedade da vítima Beatriz.

Portanto, contrariando a negativa de autoria de ambos os


acusados, observa-se que, conforme já mencionado, os acusados BRUNO LIMA e
ANTÔNIO CARLOS, foram reconhecidos pela vítima, reafirmando o reconhecimento
fotográfico na delegacia, descrevendo o primeiro com sendo o assaltante que estava com a
arma de fogo, cor clara e com cabelo meio loiro, e o segundo assaltante com a cor da pele
mais morena e que ficou com a cabeça mais baixa. A interceptação telefônica também

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contraria a negativa apresentada pelos acusados, pois comprovou que antes de subtraírem o
veículo eles conversaram entre si e marcaram de se encontrar para praticar roubos: “Antônio
chama Bruno para irem trabalhar (roubar). Bruno pergunta qual horário, se depois do
almoço. Bruno combina de buscar Antônio na casa da mãe dele, no setor Veiga Jardim.
Antônio fala que a casa da mãe dele é próximo a Mabel.” (índice 37591501 – Bruno Lima
dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa), 19/09/2016 – 11:05:25).

Após o roubo, os acusados BRUNO LIMA e


ANTÔNIO CARLOS conversaram sobre o local onde deixariam o veículo, ao que BRUNO
LIMA disse para guardá-lo nas proximidades do frigorífico em Senador Canedo, por ser 24h:
“Antônio pergunta para Bruno se eles procuram um lugar para deixar (o carro roubado) ou
já levam para Senador Canedo. Bruno fala para deixarem no “negócio de carne”
(frigorífico) em Senador Canedo, pois é 24 horas. Antônio fala que podem deixar lá. Bruno
fala que está seguindo Antônio.”(índice 37595129 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x
Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa), 19/09/2016 – 16:40:44). Ainda, BRUNO LIMA
entra em contato com um dos seus parceiros da organização criminosa para oferecer o veículo
roubado: “Bruno oferece uma Ecosport (roubada) para HNI. Bruno fala que está com uma
na mão. HNI pergunta se é automática (câmbio). Bruno diz que é manual. HNI fala que vai
perguntar para alguém.” (índice 37596240 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x HNI
(62981490968), 19/09/2016 – 18:11:06).

Veja ainda que BRUNO LIMA e ANTÔNIO CARLOS


conversaram entre si sobre outro local para deixar o veículo subtraído, ocasião em que
ANTÔNIO CARLOS revelou não poder sair, pois estava sendo monitorado por tornozeleira
eletrônica, fato confirmado pelo relatório policial, que dispôs sobre sua localização nas
proximidades do local do crime, assim como a localização da ERB, evidenciando que
BRUNO LIMA também estava nas proximidades do local do roubo. Segundo as
interceptações, os acusados falaram ainda sobre os compradores do veículo, o preço e outro
local para deixar o veículo subtraído: “Antônio fala que está de boa lá (Ecosport roubada
continua no mesmo local). Bruno fala que vai chegar em casa e conversar com os caras
(compradores). Antônio fala que foi lá e viu que só tinha um carro ao lado dela. Bruno fala
que se tivesse rastreador, já tinham “rodado” (sido recuperada).” (índice 37596310 – Bruno
Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa (Japa),19/09/2016 –
18:15:22); “Bruno fala para Antônio que não da para entregar a Ecosport (para os
compradores) hoje, só amanhã. Bruno fala que precisavam de um buraco (local para
esconder carros roubados) para guardar ela hoje. Antônio fala que tem o local, mas não
pode sair de casa (pois usa tornozeleira eletrônica). Antônio explica sobre o funcionamento
da tornozeleira eletrônica. Antônio fala que vai pedir um menino para ir lá ver isso.”
(índice 37597481 – Bruno Lima dos Santos (Chinês) x Antônio Carlos Rodrigues de Sousa
(Japa),19/09/2016 – 19:59:14).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria

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delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando


azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal), sendo que
tanto o emprego de arma de fogo como o concurso de agentes foram evidenciados pela vítima
Beatriz, que afirmou que o roubo foi praticado por dois indivíduos, sendo que BRUNO
LIMA foi apontado como assaltante que estava armado, bem assim, pela interceptação
telefônica. Há que se ressaltar que não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa
de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em
tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a
que a vítima Beatriz foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação
conjunta dos agentes.

2.10) Vítimas Jean Pitágoras Araújo, Raimundo


Santana de Almeida e Igor Ribeiro de Almeida

Diz a denúncia que no dia 20 de outubro de 2016, no


RM Cabeleireiro, situado na Avenida Atlântica, Jardim Tropical, em Aparecida de Goiânia-
GO, foram subtraídos, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de
pessoas, o veículo Fiat/Strada Working, cor vermelha, placas IWJ-4206, da vítima Jean, bem
assim, os celulares das vítimas Raimundo e Igor, crimes imputados aos réus DIEGO
COTRIM e EDMILSON LUIS, que adentraram no comércio, e FILIPE NASCIMENTO,
que ficou em um veículo de apoio, fazendo a vigília.

A materialidade dos crimes restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 847/852, especificadamente pelos índices nºs 38030969, 38031001,
38031032 e 30031056, da interceptação, em que o acusado DIEGO COTRIM, usando o
celular de EDMILSON, conversou com FILIPE NASCIMENTO logo após o roubo do
veículo Fiat/Strada Working, sobre uma perseguição de um indivíduo em uma motocicleta e a
preocupação de terem anotado a placa do carro de FELIPE, utilizado no crime. Também
conferem materialidade aos crimes a localização da ERB, que evidencia que DIEGO
COTRIM e FILIPE NASCIMENTO estavam nas proximidades do local do roubo; RAI nº
1554724 (fls. 853/856) e RAI nº 1554672 (fls. 866/868), referente à localização do veículo
roubado.

Interrogados judicialmente, os acusados DIEGO


COTRIM (fls. 2.731/2.733), EDMILSON LUIS (fls. 2.746/2.748) e FILIPE
NASCIMENTO (fls. 2.749/2.751) negaram a imputação.

A vítima Jean Pitágoras Araújo (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que chegou ao salão pouco antes das 18h, parou seu

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9ª Vara Criminal

veículo, um Fiat/Strada, na frente do salão e como não tinha ninguém para ser atendido, o
dono do salão, a vítima Raimundo, começou a cortar o seu cabelo, ocasião em que entraram
dois rapazes no salão, sendo que um deles perguntou quanto ficaria para fazer um risco no
cabelo, mas a vítima percebeu que o seu cabelo já estava cortado, momento em que um dos
indivíduos tirou um revolver grande, cromado, dizendo que era um assalto. Na sequência,
pediu as carteiras de todos que estavam no local e a chave do veículo. Disse que nesse
momento estava com as mãos para cima e informou para o assaltante que a chave do veículo
estava em cima do balcão, mas o assaltante não o escutou, razão pela qual efetuou uma
coronhada em sua cabeça. Contou que o assaltante perguntou novamente onde estava a chave
do veículo, ao que respondeu baixo e levou nova coronhada. Afirmou que as coronhadas
foram fortes, razão pela qual tem certeza que a arma era verdadeira, devido ao peso do objeto.
Nisso, o outro assaltante viu a chave sobre o balcão e a pegou, ao que ambos saíram,
adentraram no veículo e foram embora. Relatou que os assaltantes levaram as carteiras e os
celulares do proprietário do salão, Raimundo, e de seu filho, o Igor. Contou que não viu outro
veículo dando apoio, mas ficou sabendo que eles chegaram em um veículo Gol roubado e
deixaram no local, levando apenas o seu veículo. Disse que o seu carro foi localizado no dia
seguinte, perto de uma clínica de olhos, sendo que o seu carro teve apenas alguns danos na
suspensão. Afirmou que o assaltante que lhe deu as coronhadas foi um indivíduo moreno,
alto, com 1,80m, 90 quilos, lábios grossos, cabelo bem curto e expressão cansada, como se
fosse um “bobo”, mas não o reconheceu ao visualizar as fotografias dos acusados, juntadas
aos autos. Disse que o outro assaltante, o qual ficou mais recuado, se parece bastante com o
acusado DIEGO COTRIM, tendo grande chance de ser ele o assaltante, afirmando, ainda,
que foi esse acusado que o revistou e viu que ele não estava armado e também foi ele que viu
a chave sobre o balcão, relatando que era o indivíduo mais calmo, visto que o indivíduo
armado parecia muito alterado. Afirmou, ainda que DIEGO COTRIM foi o indivíduo que
saiu na condução do veículo, enquanto que o indivíduo moreno seguiu no banco do
passageiro. Contou que não reconhece o EDMILSON LUIS como sendo o outro autor do
roubo, visto que era um indivíduo com o lábio grosso e mais moreno. Disse que não
reconheceu FILIPE, pois não estava em seu campo de visão.

A vítima Igor Ribeiro de Almeida (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que trabalha no salão de cabeleireiro do seu pai.
Informou que na ocasião Jean estava no local cortando o cabelo, momento que adentrou um
indivíduo perguntando quanto ficaria para fazer um risco no cabelo, e quando se levantou para
atendê-lo ele anunciou o assalto, determinando a entrega chave do veículo da vítima Jean.
Contou que primeiro indivíduo, que anunciou o assalto, era preto, magro, com cerca de
1,75m, e ao visualizar fotografias aleatórias apontou esse assaltante como sendo DIEGO
COTRIM, com certeza de 100% (cem por cento). Relatou que depois chegou um rapaz mais
forte, o qual fez um limpa, que era gordo, forte, preto, estava de boné, e ao visualizar a
fotografia de EDMILSON LUIS não o reconheceu como sendo o outro assaltante. Disse que
depois ficou sabendo sobre um veículo branco de apoio, o qual foi abandonado nas
proximidades.

A vítima Raimundo Santana de Almeida (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.677/2.682) disse ser o proprietário do salão e na ocasião do fato

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adentrou um indivíduo como se fosse cliente pedindo para fazer um risco no cabelo e na
sequência anunciou o assalto, colocando a arma de fogo na cabeça da vítima Jean, subtraindo
a chave do veículo, bem assim, os celulares e dinheiro seu e de seu filho, a vítima Igor.
Afirmou que ao visualizar as fotografias aleatórias dos autos reconheceu o acusado
EDMILSON LUIS, com certeza de 70% (setenta por cento), como sendo um dos assaltantes;
que não reconhece o DIEGO COTRIM como sendo um dos assaltantes.

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 847/852)


demonstra claramente a autoria delitiva com relação aos acusados DIEGO COTRIM,
EDMILSON LUIS e FILIPE: “Diego fala para Felipe que tem um cara seguindo eles de
moto. Filipe fala para Diego dar um “pipoco” (tiro), caso o cara se aproxime.” (índice
38030969 – Diego Cotrim Messias x Filipe Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:12:05);
“Diego fala que tem um cara atrás deles é que é para Filipe correr (Diego está com
Edmilson seguindo Filipe). Filipe manda Diego ir para outra direção e parar se segui-lo.
Diego fala que vai dar um tiro para o rumo do cara. Diego diz que o cara está sem capacete
em uma moto vermelha. Diego pede para Filipe correr. Filipe está receoso do cara ter
anotado a placa do carro dele” (índice 38031001 – Diego Cotrim Messias x Filipe
Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:14:35); “Diego fala que vai dar um tiro no cara que está
atrás dele. Diego diz que o cara está atrás dele.” (índice 38031032 – Diego Cotrim Messias x
Filipe Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:16:39); “Filipe fala que o pneu do carro dele furou
e pede para Diego pegar outra direção.” (índice 38031056 – Diego Cotrim Messias x Filipe
Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:18:09); “Filipe fala que acabaram de roubar o carro dele
e pede para Adriano comunicar a polícia. Filipe diz que acredita que tenham abandonado o
carro dele em algum lugar próximo. Adriano fala que Filipe mesmo pode registrar a
ocorrência. Filipe fala que para ele é complicado. Adriano diz que os policiais vão indagar
informações sobre o fato. Adriano pergunta sobre o bloqueador do carro. Filipe diz que não
estava funcionando.” (índice 38031633 –Filipe Nascimento Silva x Adriano, 20/10/2016 –
18:58:42); “Adriano pergunta se Filipe estava fazendo “fita” (roubo) com o carro. Filipe
fala que não estava. Filipe fala que roubaram o carro dele e como não estava armado, não
teve como reagir. Adriano fala que o boato é que o carro do Filipe estava sendo utilizado de
cavalo (carro de apoio) durante o roubo de uma Fiat/Strada. Adriano ainda fala que durante
a fuga, o carro teria batido e estourado o pneu. Adriano pergunta para Filipe se tem algo de
rolo dentro do carro, pois os policiais vão abrir o carro agora. Filipe fala que tem apenas o
aparelho celular dele, que é “tenso” (muitas informações comprometedoras).” (índice
38033279 – Filipe Nascimento Silva x Adriano, 20/10/2016 – 20:56:20).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


nas declarações das vítimas Jean, Raimundo e Igor, no depoimento do Delegado de Polícia
Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e nas interceptações telefônicas, a prova
produzida evidenciou, com segurança, que os acusados DIEGO COTRIM, EDMILSON
LUIS e FILIPE NASCIMENTO, foram os autores do roubo praticado no estabelecimento
RM Cabeleireiro, os dois primeiros na execução e o último no apoio, oportunidade em que
subtraíram o veículo Fiat/Strada Working, cor vermelha, placas IWJ-4206, da vítima Jean,
bem assim, os celulares e as carteiras das vítimas Raimundo e Igor.

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9ª Vara Criminal

Por conseguinte, não prospera a negativa de autoria


apresentada pelos três acusados, os quais negaram a prática do crime. Verifica-se que as
vítimas Jean e Igor reconheceram o acusado DIEGO COTRIM, enquanto que a vítima
Raimundo reconheceu o acusado EDMILSON. Senão vejamos: A vítima Jean Pitágoras
Araújo (mídia às fls. 2.503/2.511) afirmou que o assaltante que lhe deu as coronhadas foi um
indivíduo moreno, alto, com 1,80m, 90 quilos, lábios grossos, cabelo bem curto e expressão
cansada, como se fosse um “bobo”, mas não o reconheceu ao visualizar a fotografia dos
acusados juntada aos autos. Disse que o outro assaltante, o qual ficou mais recuado, se parece
bastante com o acusado DIEGO COTRIM, tendo grande chance de ser ele o assaltante,
afirmando, ainda, que foi esse acusado que o revistou e viu que ele não estava armado e
também foi ele que viu a chave sobre o balcão, relatando que era o indivíduo mais calmo,
visto que o indivíduo armado parecia muito alterado. Afirmou, ainda que o DIEGO
COTRIM foi o indivíduo que saiu na condução do veículo, enquanto que o indivíduo moreno
seguiu no banco de passageiro. A vítima Igor Ribeiro de Almeida (mídia às fls. 2.677/2.682)
disse que primeiro chegou um indivíduo que anunciou o assalto, preto, magro, com cerca de
1,75m, e ao visualizar fotografias aleatórias apontou esse assaltante como sendo DIEGO
COTRIM, com certeza de 100% (cem por cento). A vítima Raimundo Santana de Almeida
(mídia às fls. 2.677/2.682) afirmou que ao visualizar as fotografias aleatórias dos autos
reconheceu o acusado EDMILSON LUIS, com certeza de 70% (setenta por cento), como
sendo um dos assaltantes.

De igual forma, as interceptações telefônicas juntadas


aos autos também confirmam a autoria não só dos acusados reconhecidos pelas vítimas,
DIEGO COTRIM e EDMILSON, mas, também, de FILIPE, o qual não adentrou o salão,
mas permaneceu no veículo de apoio, participando, assim, ativamente do crime. Neste ponto,
insta mencionar que as interceptações revelam a preocupação dos acusados sobre uma
perseguição de um indivíduo em uma motocicleta, conforme evidenciado no Relatório
policial de fls. 847/852, fato confirmado extrajudicialmente pela vítima Raimundo (fls.
860/861) ao relatar: “...QUE logo depois da ação, JEAN pediu a moto de IGOR emprestada e
seguiu os autores por algum tempo, mas logo os perdeu de vista...”; bem assim, a
preocupação de FILIPE em terem anotado a placa do seu carro, utilizado no crime (gravação
de índice 38031001), fato posteriormente confirmado judicialmente pela vítima Igor, ao
afirmar que depois ficou sabendo sobre um veículo branco de apoio, o qual foi abandonado
nas proximidades. Seguem as interceptações telefônicas, ocorridas logo após a consumação
do roubo, entre FILIPE e DIEGO COTRIM sobre a perseguição: “Diego fala para Felipe
que tem um cara seguindo eles de moto. Filipe fala para Diego dar um “pipoco” (tiro), caso
o cara se aproxime.” (índice 38030969 – Diego Cotrim Messias x Filipe Nascimento Silva,
20/10/2016 – 18:12:05); “Diego fala que tem um cara atrás deles é que é para Filipe correr
(Diego está com Edmilson seguindo Filipe). Filipe manda Diego ir para outra direção e
parar se segui-lo. Diego fala que vai dar um tiro para o rumo do cara. Diego diz que o cara
está sem capacete em uma moto vermelha. Diego pede para Filipe correr. Filipe está
receoso do cara ter anotado a placa do carro dele” (índice 38031001 – Diego Cotrim
Messias x Filipe Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:14:35); “Diego fala que vai dar um tiro
no cara que está atrás dele. Diego diz que o cara está atrás dele.” (índice 38031032 – Diego
Cotrim Messias x Filipe Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:16:39); “Filipe fala que o pneu

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do carro dele furou e pede para Diego pegar outra direção.” (índice 38031056 – Diego
Cotrim Messias x Filipe Nascimento Silva, 20/10/2016 – 18:18:09).

Fato interessante foi que logo após essa perseguição ao


veículo de FILIPE, este tentou dissimular um suposto roubo, a fim de desvincular o seu
veículo de qualquer ligação com o roubo no estabelecimento RM Cabeleireiro, de forma a não
ser responsabilizado penalmente pelo fato que acabara de cometer. Tal hipótese ganha força,
ao se observar a interceptação telefônica, com a pessoa identificada como Adriano: “Filipe
fala que acabaram de roubar o carro dele e pede para Adriano comunicar a polícia. Filipe
diz que acredita que tenham abandonado o carro dele em algum lugar próximo. Adriano fala
que Filipe mesmo pode registrar a ocorrência. Filipe fala que para ele é complicado.
Adriano diz que os policiais vão indagar informações sobre o fato. Adriano pergunta sobre o
bloqueador do carro. Filipe diz que não estava funcionando.” (índice 38031633 –Filipe
Nascimento Silva x Adriano, 20/10/2016 – 18:58:42); “Adriano pergunta se Filipe estava
fazendo “fita” (roubo) com o carro. Filipe fala que não estava. Filipe fala que roubaram o
carro dele e como não estava armado, não teve como reagir. Adriano fala que o boato é que
o carro do Filipe estava sendo utilizado de cavalo (carro de apoio) durante o roubo de uma
Fiat/Strada. Adriano ainda fala que durante a fuga, o carro teria batido e estourado o
pneu. Adriano pergunta para Filipe se tem algo de rolo dentro do carro, pois os policiais
vão abrir o carro agora. Filipe fala que tem apenas o aparelho celular dele, que é “tenso”
(muitas informações comprometedoras).” (índice 38033279 – Filipe Nascimento Silva x
Adriano, 20/10/2016 – 20:56:20).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação aos crimes de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição pretendida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi confirmado pelas vítimas, as quais afirmaram que o primeiro
indivíduo que adentrou o salão empunhava arma de fogo. Não é empecilho para o
reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida
e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a
estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de
modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP,
do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente
demonstrado nos autos, conforme evidenciado pelas vítimas, as quais afirmaram que o roubo
foi praticado por pelo menos dois indivíduos, que adentraram o salão e anunciaram o assalto,
reconhecidos como sendo DIEGO CONTRIM e EDMILSON, bem assim, pelas
interceptações que revelaram também a participação de um terceiro elemento, que
permaneceu no veículo de apoio, como sendo FILIPE. Os comportamentos acima descritos
revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma

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finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto,
justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi
submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual demonstrou, também, que os


crimes de roubo foram praticados mediante concurso formal, eis que, apesar da unidade de
ação, atingiram bens distintos e juridicamente protegidos de três vítimas distintas, ensejando a
aplicação da regra insculpida no artigo 70, do Código Penal, que trata do concurso formal
de crimes.

2.11) Vítima José Divino da Silva

Narra a exordial acusatória que no dia 21 de outubro de


2016, na Rua Fortaleza, Qd. 06, Lt. 03, Jardim Esmeralda, Aparecida de Goiânia-GO, foi
subtraído, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o
veículo Toyota/Corolla, placas PQN-1208, fato imputado ao acusado MAIKO JORGE,
mandante do roubo, crime executado por Lucas Felipe de Sousa Fernandes e Cleiber Minaré
Lacerda, ambos já são falecidos, e pelo adolescente Marcos Regino de Souza Santos.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 869/873, especificadamente pelos índices nºs 38035695, 38035719,
38035719 e 38035743, da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversa com
seus comparsas executores do roubo, determinando que o carro subtraído fosse guardado
imediatamente. A interceptação revelou, também, detalhes do veículo subtraído e a
informação de que o adolescente Marcos Regino acabou colidindo o veículo subtraído e foi
resgatado. Também serve à materialização do crime a informação de que o falecido comparsa
Cleiber Minaré, usava tornozeleira eletrônica durante o roubo veículo. Finalmente, informa a
materialidade do crime a RAI nº 1557988 (fls. 874/876).

Interrogado judicialmente, o acusado MAIKO JORGE


(fls. 2.762/2.764), negou a imputação. Não obstante a negativa apresentada, o Relatório de
Interceptação Telefônica (fls. 869/873) demonstra, claramente, a autoria delitiva atribuída ao
acusado MAIKO JORGE: “Marcos fala para Maiko que está em um Corolla (roubado*),
dos novos. Marcos conta que também está com um celular novo, modelo Moto G. Marcos fala
que vai desligar o celular. Maiko fala para Marcos estacionar o Corolla rápido, para não
ficar muito tempo andando nele.” (índice 38035695 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos, 21/10/2016 – 08:32:32); “Maiko pergunta para
Lucas Felipe se Cleiber (Cleiber Minare Lacerda) já passou para o carro (se já está no carro
juntamente com Lucas Felipe). Lucas Felipe diz que sim e que já estão indo “emburacar” o
Corolla (deixar o carro roubado em algum local para verificar se tem rastreador). Lucas
Felipe conta que o Corolla tem a placa com inicial “P”. Lucas Felipe fala que além do
Corolla, também roubaram um “radinho” (aparelho celular) modelo Moto G. (...).” (índice
38035719 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Lucas Felipe de Sousa Fernandes
("Limite"), 21/10/2016 – 08:34:53); “(...) Ao fundo ouve-se Cleiber dizendo que o cara
(Marcos Regino de Souza Santos) bateu o carro (roubado). Lucas Felipe fala para Maiko que

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o cara bateu o Corolla no poste, fazendo gracinha. Lucas Felipe conta que arrebentou o
carro. Ouve-se discussão ao fundo.” (índice 38035719 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Lucas Felipe de Sousa Fernandes ("Limite"), 21/10/2016 – 08:34:53); “Cleiber fala
que já “resgatou” (pegou) Marcos. Maiko fala para Cleiber já entocar (esconder) o carro
(que usam para praticarem os assaltos) e para não ficar andando nele. [Cleiber passa o
celular para Marcos Regino].Maiko pergunta como Marcos bateu o Corolla. Marcos conta
que o volante travou. Maiko diz que além de bater, Marcos deixou o “rádio” (celular do
Marcos) dentro do Corolla. Marcos fala que ficou tudo dentro do Corolla. Marcos conta que
quando entrou na rotatória, o volante travou. Maiko fala para Marcos passar o celular para
Cleiber. Maiko manda Cleiber já entocar (esconder) e pergunta se alguém viu Marcos
entrando (no carro de apoio). Cleiber diz que acha que alguém viu e que já vão “entocar”.
Maiko fala para andar no “cavalo” (carro que usam para praticarem os crimes) somente a
noite. (índice 38035743 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Cleiber Minare
Lacerda (Abel) x Marcos Regino de Souza Santos, 21/10/2016 – 08:36:49).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que o
acusado MAIKO JORGE, atuou como mandante no roubo executado por Lucas Felipe de
Sousa Fernandes e Cleiber Minaré Lacerda, ambos já são falecidos, e pelo adolescente
Marcos Regino de Souza Santos, os quais agiram mediante grave ameaça, visando, todos,
subtrair o veículo Toyota/Corolla, placas PQN-1208, da vítima José Divino da Silva.

Verifico, por conseguinte, que não prospera a negativa


de autoria apresentada pelo acusado, visto que a sua responsabilidade criminal restou
plenamente configurada, sobretudo, por meio do relatório das interceptações telefônicas, o
qual foi capaz de demonstrar que MAIKO JORGE foi o mandante do roubo, repassando
ordens diretas aos executores do roubo, primeiro para o adolescente Marcos Regino, depois
para Lucas Felipe e, por fim, para Cleiber, demonstrando exercer liderança sobre os
comparsas: “Marcos fala para Maiko que está em um Corolla (roubado*), dos novos.
Marcos conta que também está com um celular novo, modelo Moto G. Marcos fala que vai
desligar o celular. Maiko fala para Marcos estacionar o Corolla rápido, para não ficar
muito tempo andando nele.” (índice 38035695 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Marcos Regino de Souza Santos, 21/10/2016 – 08:32:32); “Maiko pergunta para Lucas
Felipe se Cleiber (Cleiber Minare Lacerda) já passou para o carro (se já está no carro
juntamente com Lucas Felipe). Lucas Felipe diz que sim e que já estão indo “emburacar” o
Corolla (deixar o carro roubado em algum local para verificar se tem rastreador). Lucas
Felipe conta que o Corolla tem a placa com inicial “P”. Lucas Felipe fala que além do
Corolla, também roubaram um “radinho” (aparelho celular) modelo Moto G. (...).” (índice
38035719 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Lucas Felipe de Sousa Fernandes
("Limite"), 21/10/2016 – 08:34:53); “(...) Ao fundo ouve-se Cleiber dizendo que o cara
(Marcos Regino de Souza Santos) bateu o carro (roubado). Lucas Felipe fala para Maiko
que o cara bateu o Corolla no poste, fazendo gracinha. Lucas Felipe conta que arrebentou o
carro. Ouve-se discussão ao fundo.” (índice 38035719 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Lucas Felipe de Sousa Fernandes ("Limite"), 21/10/2016 – 08:34:53); “Cleiber fala

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que já “resgatou” (pegou) Marcos. Maiko fala para Cleiber já entocar (esconder) o carro
(que usam para praticarem os assaltos) e para não ficar andando nele. [Cleiber passa o
celular para Marcos Regino].Maiko pergunta como Marcos bateu o Corolla. Marcos conta
que o volante travou. Maiko diz que além de bater, Marcos deixou o “rádio” (celular do
Marcos) dentro do Corolla. Marcos fala que ficou tudo dentro do Corolla. Marcos conta
que quando entrou na rotatória, o volante travou. Maiko fala para Marcos passar o celular
para Cleiber. Maiko manda Cleiber já entocar (esconder) e pergunta se alguém viu Marcos
entrando (no carro de apoio). Cleiber diz que acha que alguém viu e que já vão “entocar”.
Maiko fala para andar no “cavalo” (carro que usam para praticarem os crimes) somente a
noite. (índice 38035743 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Cleiber Minare
Lacerda (Abel) x Marcos Regino de Souza Santos, 21/10/2016 – 08:36:49).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que o acusado e seus comparsas agiram com consciência e vontade
de realizar a conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia
móvel, mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a
autoria delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas,
dando azo à condenação do acusado, não prosperando a absolvição aduzida pela defesa.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, que afirmou, extrajudicialmente (fls.
877), ter sido abordada por dois indivíduos, sendo que ambos portavam armas de fogo, fato
confirmado pelas interceptações telefônicas, que evidenciaram que todos os roubos foram
praticados com o emprego de arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da
aludida causa de aumento o fato de as armas de fogo não terem sido apreendidas e periciadas,
pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os
criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a
majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior
Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos
autos, conforme evidenciado pelas interceptações, sendo certo que o crime foi praticado por
por Lucas Felipe de Sousa Fernandes e Cleiber Minaré Lacerda, ambos já são falecidos, e
pelo adolescente Marcos Regino de Souza Santos, atuando o acusado MAIKO JORGE como
mandante do roubo. Os comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre o
acusado e seus comparsas, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade
ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a
agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida,
como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.12) Vítimas Renato de Paula Rodrigues e Fábio


Motta

Diz a denúncia que no dia 27 de outubro de 2016, por


vola de 08h00min, na Rua da Perca, Qd. 32, Lt. 02, Jardim Atlântico, nesta Capital, foram
subtraídos, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o

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veículo Toyota Hillux, cor prata, placas NLT-5139, da vítima Renato, e o aparelho celular da
vítima Fábio, fatos imputado aos réus THIERRY e IGOR ANDRÉ, os quais estavam
acompanhados do falecido Lucas Felipe de Sousa Fernandes.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 880/884, especificadamente pelos índices nºs 38030969, 38031001,
38031032 e 30031056, da interceptação, em que o acusado IGOR ANDRÉ conversou com
THIERRY logo após o roubo do veículo Toyota Hillux, sobre a possibilidade de ter
rastreador, bem assim, a localização da ERB que evidencia que IGOR ANDRÉ estava nas
proximidades do local do roubo; e RAI nº 1557988 (fls. 885/887).

Interrogados judicialmente, os acusados THIERRY (fls.


2.728/2.730) e IGOR ANDRÉ (fls. 2.722/2.724) negaram a imputação.

A vítima Renato de Paula Rodrigues (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que foram subtraídos sua camionete e seu
celular, além de dois celulares de seu funcionário, a vítima Fábio, além de carteira e
documentos que estavam dentro do veículo. Relatou que o local do fato era sua casa e
escritório, e que o roubo ocorreu por volta de 8h; que foi abordado por dois indivíduos, os
quais não chegaram a adentrar na casa, sendo que o fato ocorreu na porta. Contou que tinha
um veículo dando suporte, um Gol ou Pálio de cor vermelha, e que saiu acompanhado o
veículo roubado, sendo que visualizou esse veículo de apoio após o assalto, durante a fuga.
Relatou, ainda, que foi abordado por dois indivíduos, sendo que um deles chegou pelas suas
costas, ocasião em que colocou a arma de fogo em sua costela, e pegou a chave do veículo
que estava no seu bolso. Disse que comunicou o fato a polícia, mas que posteriormente ele e o
seu funcionário localizaram o veículo no estacionamento de um hipermercado próximo ao
local, fato informado à polícia, o que possibilitou a recuperação do veículo. Informou que os
celulares subtraídos não foram recuperados. Afirmou que não teve como reconhecer os
assaltantes por ter sido abordado pelas costas.

A vítima Fábio Motta (declarações gravadas em mídia às


fls. 2.677/2.682) declarou que a vítima Renato foi o primeiro a ser abordado e que,
posteriormente, ele também foi abordado, ocasião em que subtraíram seus dois celulares.
Contou que trabalha para a vítima Renato. Ao visualizar fotografias aleatórias nos autos, a
vítima reconheceu com quase 100% (cem por cento) de certeza o acusado THIERRY como
um dos autores do fato, justamente aquele que estava armado. Relatou que praticamente
descarta o acusado IGOR ANDRÉ, como sendo um dos indivíduos que executaram o crime.
Afirmou que visualizou um veículo Gol geração 3, cor preto ou de cor escura, que estava
dando apoio no local do crime, que no veículo tinha três indivíduos. Afirmou, ainda, que
todos os assaltantes estavam com o rosto descoberto, tendo ficado de frente a eles.

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 880/884)


demonstra claramente a autoria delitiva com relação aos acusados THIERRY e IGOR
ANDRÉ: “Thierry pergunta onde Igor está e fala que está na Av. Rio Verde, no sinaleiro
próximo ao Terminal do Cruzeiro. Igor diz que está parado no sinaleiro. Thierry pergunta

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9ª Vara Criminal

para Igor quem “telou” (olhou) o “chinelo” (placa) na “danada” (caminhonete). Thierry
fala que entra lá com o Igor. Igor diz que é melhor voltarem daqui a pouco, pois pode ser que
seja rastreada. Thierry fala que é só passar para pegar o chinelo (placa) e vazar para a casa
do Igor.” (índice 38112898 – Igor Andre Valença do Nascimento x Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges, 27/10/2016 – 08:09:24); “Igor diz que agora não tem como ir buscar a
caminhonete. Thierry diz que se tiver como ir lá buscar para “emburacar” (guardar a
caminhonete roubada). Igor diz para pagar um moto boy para buscarem, que Igor foi lá e a
caminhonete estava no local que deixaram. Thierry diz que o Limite não vai lá sozinho de
motoboy. Igor diz que é para “telar” (ver) só um. Thierry diz que não, que é melhor passar lá
dentro, atrás da caminhonete para ver se não tem outros carros “telando” (vendo). Thierry
diz que os três que tem que ir “telar”, porque só um não consegue “telar” as costas, a frente
e tudo. Igor diz que foi lá sozinho e “telou” tudo. Igor diz que agora não pode. Thierry diz
que deu idéia para o Limite que se puder pegar, que o buraco está pronto para colocar a
caminhonete. Igor pergunta como vão fazer para vender. Thierry diz que tem que colocar no
buraco, que o “trem” (carro) já deu “RB” (roubado) e que o cara vai pagar (comprar).
Thierry diz para não deixarem o “trem” (caminhonete) “pular” (ser recuperada), que depois
que colocarem no buraco não tem mais jeito de “pular”. Thierry diz que se entrar no buraco,
só sai depois de vendido. Igor pergunta onde é o buraco. Thierry diz que é perto do terminal
do Veiga. Igor diz que vai ver se sai mais cedo do serviço para eles irem lá buscar a
caminhonete.” (índice 38117327 – Igor Andre Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges, 27/10/2016 – 13:16:09); “Thierry diz que acabou de ir lá onde deixaram a
caminhonete roubada e ela “pulou” (foi recuperada). Igor diz que não “pulou”, que ele
acabou de ir lá e viu a caminhonete. Thierry diz que pulou. Igor diz que viu a caminhonete lá
na hora do almoço. Igor pergunta se é certeza que ela “pulou”. Thierry diz que ela deu
“vermelha” (restrição de roubo no sistema do DETRAN), aí ele foi lá e não viu a
caminhonete. Igor diz que mais tarde está livre, que vai na faculdade agora. Igor diz que
quando sair do serviço vai passar lá para conferir se a caminhonete não está onde a
deixaram. Thierry diz que Igor pode ir que não tem nada lá, que acabou de chegar de lá.”
(índice 38118381 – Igor André Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves
Borges, 27/10/2016 – 14:24:41); “Lucas fala que foi em uma missão para “buscar uma
grande” (caminhonete que tinham roubado*) e quando foram pegá-la para “emburacar”
(guardar em um local), pois tinha “dado vermelho” (vítima já tinha registrado a ocorrência),
a caminhonete havia sido recuperada e não estava mais no local que deixaram. Maiko fala
que Lucas deixa os carros roubados muito tempo no local. Maiko diz que não pode passar de
meia hora para levar para esfriar. Lucas conta que deixou a caminhonete por cerca de 4
horas em um mercado. Maiko diz que Lucas é louco, pois com vinte minutos, meia hora já
aparece a ocorrência no Sistema da Polícia. Lucas fala que estavam pesquisando toda hora
no Sistema, mas só foi aparecer a ocorrência as 14 horas. Lucas fala que o roubo foi hoje.
Lucas conta que roubaram a caminhonete “sem cavalo” (não estavam em nenhum carro).
Maiko fala que agora Lucas tem um carro quitado para usar nos roubos. Maiko pede para
Limite colocar Cleiber (Cleiber Minare Lacerda, vulgo Abel) no “corre” (sair para roubar)
com ele para ajudar. (…) Maiko pergunta onde Lucas “pegou” (roubou) a “grande”*.
Limite diz que foi perto do Terminal das Bandeiras. Maiko pergunta quem estava dirigindo.
Lucas diz que era ele. Maiko fala para ele, Lucas e outro cara arrumarem um “cavalo” e
pegar o segurança (roubar arma de um segurança). Lucas conta que a caminhonete que

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9ª Vara Criminal

roubaram é uma Hilux de cor prata*. (índice 38121455 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Lucas Felipe de Sousa Fernandes ("Limite"), 27/10/2016 – 17:48:54).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


nas declarações das vítimas Renato e Fábio, no depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e nas interceptações telefônicas, a instrução
processual evidenciou, com segurança, que os acusados THIERRY, este agindo na execução
do crime, e IGOR ANDRÉ, agindo no apoio, subtraíram o veículo Toyota Hillux, cor prata,
placas NLT-5139, da vítima Renato, e os aparelhos celulares da vítima Fábio.

Por conseguinte, não prospera a negativa de autoria


apresentada pelos acusados. Verifica-se que a vítima Fábio Motta (mídia às fls. 2.677/2.682)
afirmou, ao visualizar fotografias aleatórias nos autos, reconhecer com quase 100% (cem por
cento) de certeza o acusado THIERRY como um dos autores do fato, justamente aquele que
estava armado, o qual abordou as vítimas junto com o comparsa Lucas Felipe (hoje falecido).
Por seu turno, segundo revelaram as interceptações telefônicas, IGOR ANDRÉ permaneceu
no veículo de apoio, razão pela qual também não prospera a sua negativa de autoria, pois,
mesmo não tendo sido ele reconhecido pelas vítimas, as interceptações telefônicas são
suficiente para demonstrar a sua participação. Senão vejamos:

Logo após o roubo THIERRY liga para IGOR


ANDRÉ, que disse estar na Av. Rio Verde, portanto, próximo ao local do assalto, e na
conversa mantida entre ambos fica claro que o assunto gira em torno da placa do veículo
subtraído: “Thierry pergunta onde Igor está e fala que está na Av. Rio Verde, no sinaleiro
próximo ao Terminal do Cruzeiro. Igor diz que está parado no sinaleiro. Thierry pergunta
para Igor quem “telou” (olhou) o “chinelo” (placa) na “danada” (caminhonete). Thierry
fala que entra lá com o Igor. Igor diz que é melhor voltarem daqui a pouco, pois pode ser
que seja rastreada. Thierry fala que é só passar para pegar o chinelo (placa) e vazar para a
casa do Igor.” (índice 38112898 – Igor Andre Valença do Nascimento x Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges, 27/10/2016 – 08:09:24).

Após deixarem o veículo aguardando registro de


ocorrência de roubo, no início da tarde, THIERRY e IGOR ANDRÉ conversaram,
novamente, sobre a necessidade de guardar a camionete subtraída em outro local, ao que
IGOR ANDRÉ disse não poder ir ao local naquele momento e quando saísse do serviço
estaria disponível para ir até lá:“Igor diz que agora não tem como ir buscar a caminhonete.
Thierry diz que se tiver como ir lá buscar para “emburacar” (guardar a caminhonete
roubada). Igor diz para pagar um moto boy para buscarem, que Igor foi lá e a caminhonete
estava no local que deixaram. Thierry diz que o Limite não vai lá sozinho de motoboy. Igor
diz que é para “telar” (ver) só um. Thierry diz que não, que é melhor passar lá dentro, atrás
da caminhonete para ver se não tem outros carros “telando” (vendo). Thierry diz que os três
que tem que ir “telar”, porque só um não consegue “telar” as costas, a frente e tudo. Igor
diz que foi lá sozinho e “telou” tudo. Igor diz que agora não pode. Thierry diz que deu idéia
para o Limite que se puder pegar, que o buraco está pronto para colocar a caminhonete. Igor
pergunta como vão fazer para vender. Thierry diz que tem que colocar no buraco, que o

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9ª Vara Criminal

“trem” (carro) já deu “RB” (roubado) e que o cara vai pagar (comprar). Thierry diz para
não deixarem o “trem” (caminhonete) “pular” (ser recuperada), que depois que colocarem
no buraco não tem mais jeito de “pular”. Thierry diz que se entrar no buraco, só sai depois
de vendido. Igor pergunta onde é o buraco. Thierry diz que é perto do terminal do Veiga.
Igor diz que vai ver se sai mais cedo do serviço para eles irem lá buscar a caminhonete.”
(índice 38117327 – Igor Andre Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves
Borges, 27/10/2016 – 13:16:09).

Ainda no período da tarde os acusados voltaram a se


falar, ocasião em que THIERRY informou que a camionete foi recuperada, enquanto IGOR
ANDRÉ afirmou ter acabado de vê-la no horário de almoço. Disse ainda que depois que sair
do serviço vai ao local conferir se a camionete não está no local onde a deixaram: “Thierry
diz que acabou de ir lá onde deixaram a caminhonete roubada e ela “pulou” (foi
recuperada). Igor diz que não “pulou”, que ele acabou de ir lá e viu a caminhonete. Thierry
diz que pulou. Igor diz que viu a caminhonete lá na hora do almoço. Igor pergunta se é
certeza que ela “pulou”. Thierry diz que ela deu “vermelha” (restrição de roubo no sistema
do DETRAN), aí ele foi lá e não viu a caminhonete. Igor diz que mais tarde está livre, que
vai na faculdade agora. Igor diz que quando sair do serviço vai passar lá para conferir se a
caminhonete não está onde a deixaram. Thierry diz que Igor pode ir que não tem nada lá,
que acabou de chegar de lá.” (índice 38118381 – Igor André Valença do Nascimento X
Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 27/10/2016 – 14:24:41).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi confirmado pela vítima Fábio Motta, a qual afirmou que
THIERRY era o assaltante que portava a arma de fogo. Não é empecilho para o
reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida
e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a
estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de
modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP,
do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente
demonstrado nos autos, conforme evidenciado pelas vítimas e pelas interceptações
telefônicas, revelando que o acusado THIERRY abordou as vítimas junto com o comparsa
Lucas Felipe, o qual veio a falecer, enquanto IGOR ANDRÉ permaneceu no veículo de
apoio. Os comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre os acusados,
evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se
responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no
crime, não só em razão do maior risco a que as vítimas foram submetidas, como, também,

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devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual demonstrou, também, que os


crimes de roubo foram praticados mediante concurso formal, eis que, apesar da unidade de
ação, atingiram bens distintos e juridicamente protegidos de duas vítimas distintas, ensejando
a aplicação da regra insculpida no artigo 70, do Código Penal, que trata do concurso
formal de crimes.

2.13) Vítima José Alberto Ávila de Souza

Aduz a inicial acusatória que no dia 29 de outubro de


2016, na Rua 20, Qd. R, Lt. 16, Vila Morais, nesta Capital, foi subtraído, mediante grave
ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo camionete Ford/Ranger,
cor cinza, placas PQY-3164, fato imputado aos réus WALISSON, mandante do crime, e
MAIKO JORGE, que junto com o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e um
indivíduo conhecido por Kennedy, são apontados como executores do crime.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 906/910, especificadamente pelo índice nºs 38143336, da
interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversa com seu comparsa que está na
direção do veículo subtraído, logo após o roubo do veículo Ford/Ranger, informando-lhe
acerca de uma viatura nas proximidades, e índice nºs 38144479, da interceptação, em que o
acusado MAIKO JORGE combina com WALISSON acerca da entrega da camionete, bem
assim, a localização da ERB que evidencia que MAIKO JORGE estava nas proximidades do
local do roubo; RAI nº 1623107 (fls. 911/914).

Interrogados judicialmente, os acusados WALISSON


(fls. 2.755/2.758) e MAIKO JORGE (fls. 2.762/2.764) negaram a imputação.

A vítima José Alberto Ávila de Souza (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que por volta das 11:15h, chegou em sua casa;
que após ultrapassar o portão, já sentiu a arma na sua cabeça e um indivíduo mandou abaixar
a cabeça e entregar os seus pertences. Disse que o indivíduo que estava armado chegou pelo
lado de motorista. Relatou que estava muito assustado, mas que uma senhora avisou a polícia.
Contou que o indivíduo que chegou do lado do motorista, armado, era preto, sendo que o
outro indivíduo era magro, branco, e mais baixo. Afirmou que ao visualizar a fotografia de
MAIKO JORGE não tem certeza da sua participação. Por fim, disse que o seu veículo não
foi recuperado.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 906/910), a autoria delitiva restou suficientemente comprovada em relação aos acusados
WALISSON e MAIKO JORGE: “[Kennedy está na caminhonete roubada]. Maiko fala
para Kennedy que está do outro lado da BR e uma viatura passou na rua da “grande”
(caminhonete). Maiko fala que está no acostamento da BR esperando o “Marcão” (Marcos
Regino de Souza Santos). Kennedy diz que está indo ao encontro de Maiko. Maiko pergunta

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se Kennedy deixou o povo trancado. Kennedy diz que sim. Maiko manda “Marcão” (Marcos
Regino) anotar o “chinelo” (placa da caminhonete que roubaram). Maiko manda Kennedy ir
com a caminhonete roubada para BR para colocá-la para o lado do Jardim Planície, rumo
da Fábrica Mabel, pois o “buraco” (local para esfriar carro roubado) é lá perto. Kennedy
está preocupado com a viatura que Maiko avistou. Maiko fala que a viatura foi para o lado
do Jardim Novo Mundo. Maiko pergunta (ao fundo) se a pistola está com HNI1 (que está
com Maiko no carro dele). Kennedy comenta que achava que o local onde roubaram a
caminhonete seria uma mansão, mas parece um depósito. Kennedy fala para o cara que está
dirigindo que pode passar a Fábrica Mabel. Maiko diz que está passando à frente de
Kennedy. Maiko fala com alguém ao fundo (pelo telefone) e conta que acabou de “pegar”
uma caminhonete. Kennedy comenta que a vítima mexe com cheque, pois tem muito cheque
na caminhonete roubada. Kennedy comenta sobre um aparelho celular Iphone 6.” (índice
38143336 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Kennedy, 29/10/2016 – 11:33:57);
“Marcos diz que daqui a pouco liga para Igor, pois está no corre de uma “grande”
(caminhonete).” (índice 38145007 – Igor Andre Valença do Nascimento X Marcos Regino de
Souza Santos, 29/10/2016 – 12:03:13); “(...) Igor pergunta se Marcos pegou a “grande”
(caminhonete). Marcos diz que pegou, que é uma Ranger 2017*. Igor pergunta se pegou
duas. Marcos diz que pegou só uma. Igor pergunta se é para o “pai” dele (refere-se a Maiko
Jorge Rodrigues Machado, líder do grupo). Marcos diz que sim, pois está devendo ele.”
(índice 38145007 – Igor Andre Valença do Nascimento X Marcos Regino de Souza Santos,
29/10/2016 – 13:06:51); “Maiko fala para Walisson que está com uma Ranger Limited, ano
2017/2017. Wallisson diz que 2017 “é doido”. Maiko fala que já colocou a Ranger no
“buraco” (local para esfriar) que não mora ninguém. Walisson diz que no dia seguinte pega
a caminhonete. Maiko diz que a Ranger é da cor grafite, do último modelo que saiu. Maiko
fala que se der certo (caminhonete não for recuperada), volta a ligar para Walisson.” (índice
38144479 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão), 29/10/2016 – 12:35:48); “Maiko fala para Kennedy buscar a caminhonete
roubada* e guardá-la, pois o cara (Walisson Rodrigues de Oliveira) só pega amanhã às
cinco da manhã. Maiko diz que tem que pegar a caminhonete agora, pois já combinou com o
“pagador” (Walisson). Maiko conta que todas às vezes entrega (os carros roubados) às cinco
horas da manhã em frente ao Bretas do Anel Viário, pois o comprador (Walisson) já vai estar
esperando. Maiko conta que a loja do comprador é perto do Bretas do Anel Viário. Maiko diz
que Kennedy vai seguir o comprador para guardar a caminhonete e na segunda-feira ele
saca o dinheiro e entrega para eles. Maiko conta que já vendeu mais de dez caminhonetes
(roubadas para esse comprador). Maiko conta que o cara (Walisson) desmancha a
caminhonete toda. Kennedy pergunta quanto o cara vai pagar. Maiko pergunta se R$
1.500,00 está bom para Kennedy. Maiko fala que só levou Kennedy para ele pilotar (a
caminhonete roubada) e ganhar R$1.000,00, mas vai dar R$1.500,00. Maiko diz que o
moleque (Marcos Regino) que estava com Kennedy deve três “grandes” para ele.
(...)”.(índice 38146182 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Kennedy Lira Pereira,
29/10/2016 – 14:27:26).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que o

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acusado MAIKO JORGE, junto com o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e um
indivíduo conhecido por Kennedy, participaram ativamente do crime, o primeiro no apoio, ao
passo que WALISSON atuou como mandante do crime, todos imbuídos do propósito de
subtrair a camionete Ford/Ranger, cor cinza, placas PQY-3164, pertencente à vítima José
Alberto Ávila de Souza.

Verifico, por conseguinte, que não prospera a negativa


de autoria apresentada pelos acusados, visto que a responsabilidade criminal restou
plenamente configurada, sobretudo, por meio do relatório das interceptações telefônicas, o
qual foi capaz de demonstrar que WALISSON foi o mandante do crime, enquanto MAIKO
JORGE participou da execução do crime, apoiando os demais comparsas, senão vejamos:
Primeiramente MAIKO JORGE conversou com seu comparsa identificado como Kennedy,
revelando que este estava na direção da camionete subtraída. Ainda é possível verificar que
MAIKO JORGE foi o responsável pela logística, pelo transporte e pelo apoio em outro
veículo: “[Kennedy está na caminhonete roubada]. Maiko fala para Kennedy que está do
outro lado da BR e uma viatura passou na rua da “grande” (caminhonete). Maiko fala que
está no acostamento da BR esperando o “Marcão” (Marcos Regino de Souza Santos).
Kennedy diz que está indo ao encontro de Maiko. Maiko pergunta se Kennedy deixou o
povo trancado. Kennedy diz que sim. Maiko manda “Marcão” (Marcos Regino) anotar o
“chinelo” (placa da caminhonete que roubaram). Maiko manda Kennedy ir com a
caminhonete roubada para BR para colocá-la para o lado do Jardim Planície, rumo da
Fábrica Mabel, pois o “buraco” (local para esfriar carro roubado) é lá perto. Kennedy está
preocupado com a viatura que Maiko avistou. Maiko fala que a viatura foi para o lado do
Jardim Novo Mundo. Maiko pergunta (ao fundo) se a pistola está com HNI1 (que está com
Maiko no carro dele). Kennedy comenta que achava que o local onde roubaram a
caminhonete seria uma mansão, mas parece um depósito. Kennedy fala para o cara que está
dirigindo que pode passar a Fábrica Mabel. Maiko diz que está passando à frente de
Kennedy. Maiko fala com alguém ao fundo (pelo telefone) e conta que acabou de “pegar”
uma caminhonete. Kennedy comenta que a vítima mexe com cheque, pois tem muito cheque
na caminhonete roubada. Kennedy comenta sobre um aparelho celular Iphone 6.” (índice
38143336 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Kennedy, 29/10/2016 – 11:33:57).

De igual forma, a atuação de WALISSON como


mandante foi revelada também pelas interceptações, ao que MAIKO JORGE liga para ele e
diz que estava com uma camionete Ranger, causando muita empolgação em WALISSON:
“Maiko fala para Walisson que está com uma Ranger Limited, ano 2017/2017. Wallisson
diz que 2017 “é doido”. Maiko fala que já colocou a Ranger no “buraco” (local para
esfriar) que não mora ninguém. Walisson diz que no dia seguinte pega a caminhonete.
Maiko diz que a Ranger é da cor grafite, do último modelo que saiu. Maiko fala que se der
certo (caminhonete não for recuperada), volta a ligar para Walisson.” (índice 38144479 –
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão),
29/10/2016 – 12:35:48).

Posteriormente, MAIKO JORGE manda Kennedy


buscar e entregar a camionete para WALISSON, avisando que todas as entregas de carros

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roubados são bem cedo, no Supermercado Bretas do Anel Viário, avisando que WALISSON
estará lá esperando, revelando, ainda, que WALISSON atuava no desmanche carros
roubados: “Maiko fala para Kennedy buscar a caminhonete roubada* e guardá-la, pois o
cara (Walisson Rodrigues de Oliveira) só pega amanhã às cinco da manhã. Maiko diz que
tem que pegar a caminhonete agora, pois já combinou com o “pagador” (Walisson). Maiko
conta que todas às vezes entrega (os carros roubados) às cinco horas da manhã em frente
ao Bretas do Anel Viário, pois o comprador (Walisson) já vai estar esperando. Maiko conta
que a loja do comprador é perto do Bretas do Anel Viário. Maiko diz que Kennedy vai
seguir o comprador para guardar a caminhonete e na segunda-feira ele saca o dinheiro e
entrega para eles. Maiko conta que já vendeu mais de dez caminhonetes (roubadas para
esse comprador). Maiko conta que o cara (Walisson) desmancha a caminhonete toda.
Kennedy pergunta quanto o cara vai pagar. Maiko pergunta se R$ 1.500,00 está bom para
Kennedy. Maiko fala que só levou Kennedy para ele pilotar (a caminhonete roubada) e
ganhar R$1.000,00, mas vai dar R$1.500,00. Maiko diz que o moleque (Marcos Regino) que
estava com Kennedy deve três “grandes” para ele. (...)”.(índice 38146182 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Kennedy Lira Pereira, 29/10/2016 – 14:27:26).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, que afirmou ter sido abordada por dois
indivíduos, sendo que um deles colocou uma arma de fogo em sua cabeça, fato confirmado
pelas interceptações telefônicas, que evidenciaram que todos os roubos foram praticados com
o emprego de arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de
aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais
situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos,
conforme evidenciado pela vítima, a qual disse que foi abordada por dois indivíduos, sendo
que o indivíduo que chegou do lado do motorista, armado, era preto, sendo que o outro
indivíduo era magro, branco, e mais baixo. Ademais, foi revelado pelas interceptações que
WALISSON foi o mandante do crime, enquanto MAIKO JORGE atuou no apoio aos
demais executores, ou seja, o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e um indivíduo
conhecido por Kennedy. Os comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre os
acusados e seus comparsas, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade
ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a
agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida,
como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

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2.14) Vítimas Lúcio Alves Naves e Luca Costa Naves e


2.15) Vítima Irlon José de Oliveira

Diz a denúncia que no dia 02 de novembro de 2016,


padaria próximo ao CT do Clube de Futebol do Goiás, na Rua Prudente de Morais, Parque
Anhanguera, nesta Capital, foram subtraídos, mediante grave ameaça com o uso de arma de
fogo e concurso de pessoas, o veículo Chevrolet/S-10, cor branca, placas ONP-6628, da
vítima Lúcio, e o aparelho celular Samsung Galaxy J7, da vítima Luca, crimes imputados aos
acusados IGOR ANDRÉ, que permaneceu no veículo de apoio, e THIERRY, que abordou
as vítimas junto com o falecido Lucas Felipe de Sousa Fernandes.

Aduz, ainda que, em continuidade delitiva, uma hora


após o roubo descrito acima, os acusados IGOR ANDRÉ e THIERRY, junto com o falecido
Lucas Felipe de Sousa Fernandes, subtraíram, mediante grave ameaça com o uso de arma de
fogo e concurso de pessoas, o veículo Hyundai/HB20, placas ONC-7469, pertencente à vítima
Irlon José de Oliveira, em frente a uma ferragista situada na Avenida Transbrasiliana, Setor
Nova Suíça, nesta Capital.

A materialidade do crime contra as vítimas Lúcio Alves


Naves e Luca Costa Naves restou evidenciada pelo Relatório policial de fls. 918/923,
especificadamente pelos índices nºs 3818633, 381883003 e 38189082, da interceptação, em
que o acusado THIERRY conversou com IGOR ANDRÉ logo após o roubo do veículo
Chevrolet/S-10, ocasião em que IGOR informou que ficou dando a volta no local do fato,
dando suporte ao roubo, e, posteriormente, conversaram sobre o local onde o veículo estava
guardado, bem assim, pela localização da ERB, que evidencia que IGOR ANDRÉ estava nas
proximidades do local do roubo; RAI nº 1653088 (fls. 924/926) e RAI nº 1669185 (fls.
933/936), referente à localização do veículo roubado.

A materialidade do crime em desfavor da vítima Irlon


José de Oliveira restou evidenciada pelo Relatório policial de fls. 918/923, especificadamente
pelos índices nºs 38186418, 38186446, 38187567 e 381883003, da interceptação, em que o
acusado THIERRY conversou com IGOR ANDRÉ antes do roubo do veículo
Hyundai/HB20, pedindo que ele virasse o carro de apoio, e, após o roubo, THIERRY diz que
estava na rua abaixo do local do roubo, bem assim, pela localização da ERB, que evidencia
que IGOR ANDRÉ estava nas proximidades do local do roubo; e RAI nº 1653390 (fls.
937/941).

Interrogados judicialmente, os acusados THIERRY (fls.


2.728/2.730) e IGOR ANDRÉ (fls. 2.722/2.724) negaram ambas as imputações.

A vítima Lúcio Alves Naves (declarações gravadas em


mídia às fls. 2.503/2.511) narrou que o roubo ocorreu no dia 02 de novembro do ano passado,
dia de Finados, quando foi subtraída a sua camionete S-10, branca, contendo documentos
particulares e pessoais. Disse que o fato ocorreu às 7:20 da manhã, enquanto levava o seu

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9ª Vara Criminal

filho para o treino no CT do Goiás. Esclareceu que parou em uma padaria próxima e quando
estava entrando no carro, foram abordados por dois indivíduos. Relatou que os dois
indivíduos se aproximaram, um armado e o outro sem arma, e, ao ser solicitado, entregou a
chave para um dos assaltantes. Aduziu que o outro assaltante abordou o seu filho, exigindo-
lhe o celular. Logo em seguida, os dois assaltantes evadiram no carro. Contou que comunicou
o fato à polícia e dois dias depois o seu veículo foi localizado na garagem de uma casa. Disse
que esteve na delegacia e manteve contato com o proprietário da casa, que disse que a casa
estava alugada, mas não foi possível identificar quem alugou a casa. Afirmou que reconheceu
os dois assaltantes na delegacia, afirmando que um deles era o acusado THIERRY, sendo ele
o assaltante que estava com a arma de fogo. Disse que na delegacia também reconheceu o
outro indivíduo (falecido).

A vítima Irlon José de Oliveira (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que estava chegando em uma ferragista, momento em
que adentraram dois indivíduos. Relatou que foi abordado pelos indivíduos, os quais pegaram
a chave do seu veículo e também a sua aliança. Explicou que pelo fato da aliança estar presa
em seu dedo, um dos indivíduos bateu com a arma no dedo, ameaçando atirar. Disse que um
dos indivíduos que o abordou era pequeno, de estatura baixa, com umas manchas no rosto.
Afirmou que ambos os indivíduos estavam de boné, mas de cara. Ao visualizar fotografias
aleatórias nos autos, apontou para Evandson como sendo o autor do fato, com 70% (setenta
por cento) de convicção.

Segundo o Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


918/923), consistente nas gravações ocorridas no dia dos fatos, em que foram interceptados
aos acusados THIERRY e IGOR ANDRÉ, a responsabilidade criminal de ambos restou
demonstrada: “Igor pergunta para Thierry cadê eles. Thierry diz que está chegando na casa
do Limite (Lucas Felipe de Sousa Fernandes). Thierry reclama que desse jeito não dá para
“trabalhar” (realizar roubos) com Igor. Igor diz que não viu Thierry. Thierry diz que Igor
viu, que avisou Igor que o “trem” é rapidão, que Igor deveria passar na hora e ver. Igor diz
que ficou lá dando a volta. Thierry pergunta se Igor passou lá na hora do fato (roubo). Igor
diz que na hora não. Thierry manda Igor ir para a casa do Limite (Lucas Felipe de Sousa
Fernandes).” (índice 38186333 – Igor André Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 08:21:23); “Thierry chama a atenção de Igor, para ele não
deixar o carro do jeito que está e colocar do outro lado, pois eles vão virar na rua embaixo.
Igor interrompe Thierry e diz que já virou o carro.” (índice 38186418 – Igor André Valença
do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 08:55:43); “Igor
pergunta onde HNI está. HNI diz que está na frente de Igor.” (índice 38186446 – Igor André
Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 09:03:29);
“Thierry diz que está na rua debaixo da que eles pegaram (roubaram) o “trem” (carro). Igor
diz que está em outra rua. Thierry explica como Igor chega onde ele está, e manda ele virar
na rua debaixo onde ele pegou (roubou) o “trem” (carro)”. (índice 38187567 – Igor André
Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 12:00:03); “Igor
pergunta que horas que o supermercado fecha. Thierry diz que só a noite, mas não sabe hoje,
pois é feriado. Igor diz que está perto do supermercado. Thierry fala para Igor passar
“telando” (olhando) para conferir se o carro está lá. Igor fala que passou e está tranquilo.

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9ª Vara Criminal

Igor diz que tem que ver com o bicho para eles já “emburacararem” (guardarem) a
“danada” (caminhonete). Thierry manda Igor ficar calmo. Igor diz que está com receio de
fechar o supermercado. Thierry diz que o supermercado fecha só a noite, e que os “bicudo”
(policiais) estão na rua.” (índice 381883003 – Igor André Valença do Nascimento X Thierry
Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 13:43:37); “Igor pergunta para Lucas se o outro
cara não fez foi “emburacar” (guardar) a “danada” (caminhonete) para depois falar que
pulou (foi recuperada). Lucas diz que não vai fazer corre (roubos) com Igor, pois ele fica
achando que eles querem dar “banho” (enganar) nele. Igor fala que tinham combinado de
irem todos juntos, mas o cara sumiu. Lucas manda Igor arrumar o “buraco” (lugar para
guardar o veiculo roubado) ou colocar na casa dele. Igor pergunta do outro “cavalo”
(carro)**. Lucas diz que está no mesmo lugar, porque não tem lugar para guardar, por isto
eles estão esperando. Lucas fala para Igor colocar na casa dele, já que está “acelerando”
(apressando).Igor fala que eles tinham combinado de irem juntos. Lucas diz que está em
casa, que se Igor quiser pode ir na casa dele que ele está com a chave dos dois “danados”
(carros). Lucas reclama de Igor ficar ligando e desconfiando deles. Igor diz que vai ficar
esperando eles ligarem. Lucas manda Igor ficar na contenção, que não é para ele sumir, que
o outro cara foi ver se aluga uma casa para colocar a “grande” (caminhonete), porque eles
não vão colocar ele no buraco que eles já possuem. Lucas diz que vão ter lugar para guardar
os dois carros, e que é para Igor ficar calmo, que eles não vão dar “banho” (enganar) nele
não.” (índice 38188665 – Igor André Valença do Nascimento X Lucas Felipe de Sousa
Fernandes (Limite), 02/11/2016 – 14:45:46); “Thierry diz para Igor que tem duas barcas
(carros da policia) passando devagar onde eles estão e que é para eles irem embora rápido.
Igor pergunta se a policia está ali por causa dela (da caminhonete roubada). Thierry diz que
não sabe.” (índice 38189082 – Igor André Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer
Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 16:13:45).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


nas declarações da vítima Lúcio, no depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles
Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e nas interceptações telefônicas, a instrução processual
evidenciou com segurança que os acusados IGOR ANDRÉ, este autuando no apoio, e
THIERRY, junto com o comparsa Lucas Felipe, já falecido, subtraíram primeiramente o
veículo Chevrolet/S-10, cor branca, placas ONP-6628, da vítima Lúcio, e o aparelho celular
Samsung Galaxy J7, da vítima Luca, e, em continuidade delitiva, o veículo Hyundai/HB20,
placas ONC-7469, da vítima Irlon.

Por conseguinte, não prospera a negativa de autoria


apresentada pelos dois acusados, os quais negaram a prática de ambos os fatos criminosos.
Veja que a vítima Lúcio Alves Naves (mídia às fls. 2.503/2.511) reconheceu dois assaltantes
na delegacia, afirmando que um deles era o acusado THIERRY, apontado como sendo aquele
que estava com a arma de fogo. Disse que na delegacia também reconheceu o outro indivíduo
(já falecido). Apesar de a vítima Lúcio não ter notado a presença de um veículo de apoio no
local do crime, no qual estava o acusado IGOR ANDRÉ, tal fato restou suficientemente
comprovado pelas interceptações telefônicas, as quais também comprovaram que tanto ele
como THIERRY também praticaram o roubo contra a vítima Irlon. Veja que no dia dos
fatos, dia 02/11/2016, feriado de finados, as vítimas Lúcio e Luca foram abordados por volta

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9ª Vara Criminal

das 7:20 e o primeiro contato entre os acusados THIERRY e IGOR ANDRÉ foi após as
8:20 (uma hora depois do primeiro roubo), ocasião em que IGOR ANDRÉ entrou em contato
com THIERRY perguntando onde ele estava, ao que este reclamou, chamando-lhe a atenção,
como se IGOR ANDRÉ não estivesse prestando atenção durante as abordagens, ressaltando
que as ações eram muito rápidas: “Igor pergunta para Thierry cadê eles. Thierry diz que
está chegando na casa do Limite (Lucas Felipe de Sousa Fernandes). Thierry reclama que
desse jeito não dá para “trabalhar” (realizar roubos) com Igor. Igor diz que não viu
Thierry. Thierry diz que Igor viu, que avisou Igor que o “trem” é rapidão, que Igor deveria
passar na hora e ver. Igor diz que ficou lá dando a volta. Thierry pergunta se Igor passou
lá na hora do fato (roubo). Igor diz que na hora não. Thierry manda Igor ir para a casa do
Limite (Lucas Felipe de Sousa Fernandes).” (índice 38186333 – Igor André Valença do
Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 08:21:23).

Poucos minutos antes de praticarem o roubo contra a


vítima Irlon, os acusados THIERRY e IGOR ANDRÉ conversaram novamente, ocasião em
que o primeiro novamente chamou a atenção do segundo, desta feita para estacionar o veículo
de apoio de forma que facilitasse a fuga: “Thierry chama a atenção de Igor, para ele não
deixar o carro do jeito que está e colocar do outro lado, pois eles vão virar na rua embaixo.
Igor interrompe Thierry e diz que já virou o carro.” (índice 38186418 – Igor André Valença
do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 08:55:43).

Logo após a prática do roubo contra a vítima Irlon, os


acusados THIERRY e IGOR ANDRÉ conversaram novamente, desta feita THIERRY e o
seu comparsa já estavam na posse do veículo subtraído, ao que IGOR perguntou aonde
estavam: “Igor pergunta onde HNI está. HNI diz que está na frente de Igor.” (índice
38186446 – Igor André Valença do Nascimento X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges,
02/11/2016 – 09:03:29).
No mesmo dia, no período da tarde, o acusado IGOR
ANDRÉ questionou o seu comparsa Lucas Felipe, afirmando que estava sendo enganado,
ocasião em que o comparsa disse que não, sugerindo que IGOR arrumasse um lugar para
guardar os veículos subtraídos, ao que Lucas disse ainda que não tem lugar para guardar os
dois veículos, quais sejam, a camionete Chevrolet/S-10, cor branca, placas ONP-6628, e o
veículo Hyundai/HB20, placas ONC-7469, ambos subtraídos no mesmo dia (dia 02/11/2016),
referindo-se à camionete como sendo “a grande”: “Igor pergunta para Lucas se o outro cara
não fez foi “emburacar” (guardar) a “danada” (caminhonete) para depois falar que pulou
(foi recuperada). Lucas diz que não vai fazer corre (roubos) com Igor, pois ele fica achando
que eles querem dar “banho” (enganar) nele. Igor fala que tinham combinado de irem todos
juntos, mas o cara sumiu. Lucas manda Igor arrumar o “buraco” (lugar para guardar o
veiculo roubado) ou colocar na casa dele. Igor pergunta do outro “cavalo” (carro)**. Lucas
diz que está no mesmo lugar, porque não tem lugar para guardar, por isto eles estão
esperando. Lucas fala para Igor colocar na casa dele, já que está “acelerando”
(apressando). Igor fala que eles tinham combinado de irem juntos. Lucas diz que está em
casa, que se Igor quiser pode ir na casa dele que ele está com a chave dos dois “danados”
(carros). Lucas reclama de Igor ficar ligando e desconfiando deles. Igor diz que vai ficar
esperando eles ligarem. Lucas manda Igor ficar na contenção, que não é para ele sumir, que

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9ª Vara Criminal

o outro cara foi ver se aluga uma casa para colocar a “grande” (caminhonete), porque eles
não vão colocar ele no buraco que eles já possuem. Lucas diz que vão ter lugar para
guardar os dois carros, e que é para Igor ficar calmo, que eles não vão dar “banho”
(enganar) nele não.” (índice 38188665 – Igor André Valença do Nascimento X Lucas Felipe
de Sousa Fernandes (Limite), 02/11/2016 – 14:45:46). Por fim, em outra conversa
interceptada, verifica-se que os acusados estavam nas proximidades do local onde deixaram a
camionete Chevrolet/S-10, a saber: nas imediações de um supermercado, ocasião em que
notaram a presença da polícia e se organizaram para irem embora rápido: “Thierry diz para
Igor que tem duas barcas (carros da policia) passando devagar onde eles estão e que é para
eles irem embora rápido. Igor pergunta se a policia está ali por causa dela (da caminhonete
roubada). Thierry diz que não sabe.” (índice 38189082 – Igor André Valença do Nascimento
X Thierry Gleyffer Gonçalves Borges, 02/11/2016 – 16:13:45).

Por fim, necessário mencionar que apesar de a vítima


Irlon José de Oliveira (mídia às fls. 2.503/2.511) ter reconhecido Evandson como sendo o
autor do fato, com 70% (setenta por cento) de convicção, após visualizar fotografias aleatórias
nos autos, é sabido que o reconhecimento da vítima não é seguro se considerado
isoladamente, bem assim, quando não embasado por qualquer outro elemento de prova
presente nos autos. Ademais, conforme evidenciado acima, as interceptações telefônicas
confirmaram, sem nenhuma dúvida, a autoria delitiva imputada aos acusados THIERRY e
IGOR ANDRÉ.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar as
condutas criminosas, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação aos crimes de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia nas duas ações (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código
Penal). O emprego da arma de fogo foi confirmado pelas vítimas Lúcio e Irlon, sendo que a
primeira relatou que durante a abordagem, THIERRY era o assaltante que portava a arma de
fogo, enquanto que a vítima Irlon afirmou que um dos assaltantes bateu com o revólver na sua
aliança, ameaçando atirar. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de
aumento o fato de a arma de fogo não tere sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais
situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado, nos termos das
declarações das duas vítimas inquiridas, sendo necessário pontuar que o primeiro fato ocorreu
em concurso formal. Restou apurado que a abordagem foi realizada por THIERRY, junto
com o comparsa Lucas Felipe (falecido), enquanto IGOR ANDRÉ permaneceu no veículo de
apoio. Os comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre os acusados,
evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se

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responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no


crime, não só em razão do maior risco a que as vítimas foram submetidas, como, também,
devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual revelou a presença da


continuidade delitiva entre o roubo praticado no dia 27 de outubro de 2016 (Crime nº
2.12), em que foram subtraídos o veículo Toyota Hillux, cor prata, placas NLT-5139, da
vítima Renato, e o aparelho celular da vítima Fábio; e os roubos praticados no dia 02 de
novembro de 2016, sendo que o primeiro fato (Crime nº 2.14) foram subtraídos o veículo
Chevrolet/S-10, cor branca, placas ONP-6628, da vítima Lúcio, e o aparelho celular Samsung
Galaxy J7, da vítima Luca, enquanto no segundo fato (Crime nº 2.15) foi subtraído o veículo
Hyundai/HB20, placas ONC-7469, da vítima Irlon. Veja, entretanto, que nos crimes nºs 2.12
e 2.14, atingiu-se o patrimônio de duas pessoas distintas em cada caso, a saber, no crime 2.12
foram subtraídos bens das vítimas Renato e Fábio, e no crime 2.14 foram subtraídos bens das
vítimas Lúcio e Luca. Não obstante a denúncia trate do concurso formal em relação aos
crimes praticados contra as vítimas Renato e Fábio e contra as vítimas Lúcio e Luca,
ocorridos, respectivamente, nos dias 27/10/2016 e 02/11/2016, fatos que lesaram o patrimônio
de quatro vítimas distintas, tem-se que a sua aplicação, no caso dos autos, prejudicaria os réus,
pois a regra, criada em princípio para beneficiar os agentes de crimes, resultaria num
agravamento excessivo, depois de se aplicar o aumento decorrente do crime continuado, pois
este aumento, segundo a regra do artigo 71 do Código Penal, é incidente sobre a maior pena
estabelecida, que no caso dos autos recairia sobre a pena resultante da aplicação do concurso
formal, circunstância, que, em última análise, resultaria numa indevida acumulação de
acréscimos, com grave prejuízo para os réus. Assim, o aumento de pena deve cingir-se apenas
à regra do crime continuado, conforme tem caminhado a jurisprudência e se firmado a melhor
doutrina. A respeito, escreve Julio Fabbrini Mirabete in Manual de Direito Penal, Parte Geral,
Editora Atlas, 4ª Edição, página 317: "Permanece, contudo, a dificuldade quando houver,
entre os componentes do crime deve incidir sobre a pena mais severa dos crimes
componentes, excluído o aumento decorrente do concurso formal, servindo os resultados
diversos destes apenas para a contagem do número de ilícitos praticados. Do contrário, o
reconhecimento do concurso formal, cujo tratamento é mais benigno que o do crime
continuado, trará uma aplicação mais severa da pena afinal aplicada do que se
reconhecesse, na conduta com vários resultados, uma continuidade delitiva."

2.16) Vítimas Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís


Henrique Silva Abreu

Narra a denúncia que no dia 27 de dezembro de 2016, na


residência situada Rua L-12, Qd. 04, Lt. 19, Papillon Park, Aparecida de Goiânia-GO, foram
subtraídos, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o
veículo Honda/Fit, placas NLI-8900, da vítima Marcos Felipe, além de dois celulares, uma
televisão, óculos, notebook, bens que guarneciam a residência, crime imputado aos réus
JEOVÁ e EVANDSON, além de um terceiro indivíduo não identificado.

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A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 946/947; RAI nº 2065406 (fls. 948/952) e termo de entrega (fls. 958)
de uma CNH e CPF em nome da vítima Luís Henrique Silva Abreu, documentos encontrados
na residência de JEOVÁ, conforme Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532 (item 23).

Interrogados judicialmente, os acusados JEOVÁ (fls.


2.771/2.773) e EVANDSON (fls. 2.777/2.779) negaram a imputação.

A vítima Marcos Felipe Yago Silva Abreu (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que o roubo ocorreu em dezembro, em
Aparecida de Goiânia, sendo praticado por três pessoas, oportunidade em que subtraíram um
veículo Honda/Fit, bem assim, outros bens que guarneciam a residência, como TV, notebook,
e objetos pessoais do seu irmão, a vítima Luiz Henrique. Relatou que foi sair de casa e ao
abrir o portão três indivíduos o abordaram e adentraram a residência. Contou que comunicou
o fato a polícia, relatando que dos bens subtraídos, foram localizados apenas os documentos
do seu irmão na casa de um dos acusados. Disse que foi até a delegacia, e ao visualizar
algumas fotos, dos três autores do crime, identificou dois, sendo que o indivíduo que mais
visualizou estava armado, era alto, com 1.80 m, moreno ou preto, não sabendo precisar a cor,
pois era noite, e magro, relatando, ainda que os outros dois assaltantes eram mais baixos e
brancos. Ao visualizar a fotografia de JEOVÁ, a vítima afirmou que parece bastante o
assaltante que estava armado, reconhecendo-o como sendo um dos autores do roubo, visto que
esse assaltante estava com blusão e capuz, mas o rosto estava descoberto. Ao visualizar a
fotografia de EVANDSON, a vítima disse que vê bastante semelhança com o assaltante que
adentrou a casa e recolheu os bens que lhe interessavam, passando várias vezes na sua frente.
Afirmou, ainda, que não tem condições de reconhecer o terceiro assaltante. Disse que o
veículo não era segurando e teve um prejuízo de cerca de R$ 21.900,00. Declarou que
visualizou as fotografias dos acusados na delegacia e os reconheceu com mais certeza, tendo
em vista ter sido mais recente. Contou que quando os assaltantes adentraram a casa, estava
claro, tendo eles permanecido cerca de 15 minutos dentro da residência.

A vítima Luís Henrique Silva Abreu (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que o roubo ocorreu em sua residência no
Papilon Park, em dezembro de 2016, sendo que adentraram três pessoas, sendo subtraídos
além do carro do seu irmão, a vítima Marcos Felipe, notebook, telefones celulares, e roupas
que lhe pertenciam, tendo os assaltantes permanecido na casa por cerca de 15 minutos. Aos
descrever as características físicas dos acusados, disse que um dos indivíduos era negro, com
1,80m, com um gorro na cabeça, enquanto o outro era branco, cabelo pintado de loiro e
magro, e o último assaltante também era magro e aparentava 17 ou 18 anos. Informou que o
veículo subtraído não foi encontrado e que os seus documentos foram encontrados na casa de
um dos assaltantes. Ao visualizar as fotografias dos acusados, disse reconhecer JEOVÁ com
certeza e segurança como o primeiro indivíduo que adentrou na residência, e estava armado.
Ao visualizar a fotografia de EVANDSON, a vítima disse não o reconhecer por conta da
atadura na cabeça, visto que se lembra mais das características do cabelo.

Necessário se faz a transcrição das declarações das

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vítimas Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís Henrique Silva Abreu na fase extrajudicial, a
fim de complementar as narrativas acima transcritas, visto serem esclarecedoras e ricas em
detalhes, principalmente quanto ao reconhecimento e descrição dos autores do fato.

A vítima Marcos Felipe Yago Silva Abreu, na fase


inquisitorial, afirmou (fls. 953/954): “QUE no dia 27/12/2016, por volta das 20:40, o
declarante abriu o portão de casa para sair com o veículo Honda/Fit, placa NLI-8900,
quando foi abordado por três rapazes que anunciaram o roubo; QUE foi abordado
inicialmente por um rapaz, alto, 1,80 de altura, moreno, forte e usa blusão que portava uma
arma de fogo; QUE logo seu irmão saiu na porta da casa e foi rendido por este rapaz; QUE
ele estava acompanhando de outros dois rapazes, sendo que o segundo era branco, 1,74m de
altura, de cabelo pintado de loiro, magro e o terceiro era branco, magro, cabelo liso de cor
preta, 1,74m, magro e parecia estar sob efeito de substâncias entorpecentes, pois estava
doidinho; QUE foram subtraídos: dois celulares, uma televisão, óculos, notebook, o referido
veículo e os documentos do declarante; QUE apresentadas as fotografias de JEOVÁ JOSÉ
DA SILVA, MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, MATHEUS VIEIRA LIRA, GENIVAL
DA SILVA FERRAZ e EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA, respondeu que
reconhece JEOVÁ como o autor que portava uma arma de fogo e era moreno, 1,80m de
altura, forte e usa blusão, bem como reconhece EVANDSON CAETANO CAMPOS
MADUREIRA como o terceiro rapaz que era branco, magro, cabelo liso de cor preta, 1,74m,
magro e parecia estar sob efeito de substâncias entorpecentes...”

A vítima Luís Henrique Silva Abreu, extrajudicialmente,


narrou (fls. 956/957): “QUE no dia 27/12/2016, por volta das 20:40, o irmão do declarante,
MARCOS FELIPE YAGO SILVA ABREU abriu o portão de casa e saía com o veículo
Honda/Fit, placa NLI-8900, quando foi abordado por três que anunciaram o roubo, momento
em que o declarante saiu de dentro de casa para fechar o portão e também foi rendido pelos
assaltantes; QUE esclarece que um deles portava arma de fogo e era moreno, 1,80m de
altura, forte e usa blusão, sendo que o segundo era branco, 1,74m de altura, de cabelo
pintado de loiro, magro e o terceiro era branco, magro, cabelo liso de cor preta, 1,74m,
magro e parecia estar sob efeito de substâncias entorpecentes; QUE foram subtraídos: dois
celulares, uma televisão, óculos, notebook, o referido veículo e os documentos do declarante;
QUE apresentadas as fotografias de JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, MAIKO JORGE RODRIGUES
MACHADO, MATHEUS VIEIRA LIRA, GENIVAL DA SILVA FERRAZ e EVANDSON
CAETANO CAMPOS MADUREIRA, respondeu que reconhece JEOVÁ como o autor que
portava uma arma de fogo e era era moreno, 1,80m de altura, forte e usa blusão, bem como
reconhece EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA como o terceiro rapaz que era
branco, magro, cabelo liso de cor preta, 1,74m, magro e parecia estar sob efeito de
substâncias entorpecentes...”
Conforme se denota das transcrições acima, a instrução
processual revelou, claramente, que os acusados JEOVÁ e EVANDSON, além de um
terceiro indivíduo não identificado, mediante grave ameaça, agiram imbuídos do intuito de
subtrair coisas alheias móveis, fato que foi narrado em juízo pelas vítimas Marcos Felipe
Yago Silva Abreu e Luís Henrique Silva Abreu, as quais reconheceram judicialmente o
acusado JEOVÁ como sendo um dos autores do roubo. Com relação ao acusado

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EVANDSON, veja que as vítimas o reconheceram na fase inquisitorial, com certeza e


segurança, ocasião em que também descreverem suas características físicas, sendo tal
reconhecimento ratificado em juízo pela vítima Marcos Felipe Yago Silva Abreu, mesmo que
por semelhança.

Verifico, por conseguinte, que não prospera a negativa


de autoria apresentada pelos acusados, pois, não faz frente as provas dos autos. Veja que a
vítima Marcos Felipe Yago Silva Abreu (mídia às fls. 2.503/2.511) narrou que o crime foi
praticado por três agentes, dos quais conseguiu reconhecer com segurança JEOVÁ, inclusive
descrevendo suas características físicas, e por semelhança o acusado EVANDSON,
ratificando, assim, o reconhecimento realizado perante a autoridade policial, inclusive mais
confiável, por ter ocorrido em data bem mais recente, considerando a data do crime. De igual
modo, a vítima Luís Henrique Silva Abreu (mídia às fls. 2.503/2.511) descreveu as
características físicas dos assaltantes, relatando que um dos indivíduos era negro, com 1,80m,
com um gorro na cabeça, apontando o acusado JEOVÁ com certeza e segurança como sendo
o primeiro individuo que adentrou a residência e que estava armado. Confirmando a autoria
delitiva imputada ao acusado JEOVÁ, veja que ao cumprir o mandado de busca e apreensão
em sua residência, foram encontrados parte da res furtiva em seu poder, especificamente a
CNH e o CPF em nome da vítima Luís Henrique Silva Abreu, conforme Auto de Busca e
Apreensão fls. 531/532 (item 23).

Importante registrar que o reconhecimento do acusado


EVANDSON em juízo acabou dificultado pelo fato de que a fotografia exibida o mostrava
com uma atadura na cabeça, diferentemente da imagem exibida durante a fase de inquérito,
em que ele aparecia sem o acessório. Não obstante, a semelhança apontada pela vítima
Marcos Felipe Yago Silva Abreu (mídia às fls. 2.503/2.511), acabou por ratificar, com
segurança, o primeiro reconhecimento.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia nas duas ações (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código
Penal). O emprego da arma de fogo foi confirmado pelas vítimas Marcos Felipe e Luís
Henrique, sendo que ambos relataram que durante a abordagem, JEOVÁ era o assaltante que
portava a arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento
o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações,
a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com
referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente
teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos, tendo as vítimas afirmado que

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9ª Vara Criminal

JEOVÁ era o indivíduo que estava armado e permaneceu vigiando-os enquanto estavam
sentados no sofá, e EVANDSON como sendo o assaltante que recolheu os objetos de seu
interesse que guarneciam a residência. Os comportamentos acima descritos revelam o
entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade
ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a
agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que as vítimas foram
submetidas, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

Cumpre ressaltar que, embora tenham sido duas vítimas


neste fato, ocasião em que foram subtraídos o veículo Honda/Fit, placas NLI-8900, além de
bens que guarneciam a residência das vítimas Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís
Henrique Silva Abreu, evidente a ocorrência de crime único, pois não ficou configurado nos
autos a possibilidade de os acusados individualizem a propriedade dos bens subtraídos.

2.17) Vítima José de Oliveira

Aduz a denúncia que no dia 06 de janeiro de 2017, na


Rua Idelfonso Dutra Alvim, Parque Trindade II, Aparecida de Goiânia-GO, foi subtraído,
mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo
Ford/Ranger, cor branca, placas PQQ-8012, crime imputado aos acusados EVANDSON, que
executou o crime junto com o adolescente Marcos Regino de Souza Santos, e MAIKO
JORGE, que agiu como mandante.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 959/962, especificadamente pelos índices nºs 38851100 e 38893858,
da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversou com seus comparsas acerca
da apreensão, no Parque Flamboyant (fls. 969/972), do veículo Ford/Ranger subtraído,
ocasião em que Allyson estava na sua direção, fato depois discutido entre eles; RAI nº
2125365 (fls. 963/966) e RAI nº 2150953 (fls. 969/972), referente à localização do veículo
roubado.

Interrogados judicialmente, os acusados MAIKO


JORGE (fls. 2.762/2.764) e EVANDSON (fls. 2.777/2.779) negaram a imputação.

A vítima José de Oliveira (declarações gravadas em


mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que foi abordada por duas pessoas com o rosto descoberto,
sendo que um deles estava armado. Disse que estava em um lote, ocasião em que chegaram os
dois indivíduos e determinaram a entrega da chave da camionete. Algum tempo depois, o
veículo acabou sendo localizado, não tendo informação se a polícia chegou a efetuar a prisão
de alguém. Contou que ao visualizar a fotografia de EVANDSON, o reconheceu, com
segurança, como sendo um dos autores do crime.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 959/962), a autoria delitiva restou suficientemente comprovada em relação aos acusados
MAIKO JORGE e EVANDSON: “Maiko pergunta para HNI se Túlio deixou o dinheiro lá.

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9ª Vara Criminal

HNI responde que não. Maiko pergunta se HNI não teria essa quantia para lhe dar, pois está
precisando do dinheiro para comprar droga para revender. Maiko diz que repassaria a
droga para HNI por um preço barato. Maiko conta que “rodou” (carros que foram
apreendidos) em duas caminhonetes e em um Corolla. Diz que há dois dias, quando “os
caras” (Jeová José da Silva e Evandson Caetano Campos Madureira) estavam “descendo em
bonde” (viajando em comboio com os veículos roubados), uma viatura apreendeu a
caminhonete Ranger* ainda no setor Parque Flamboyant, enquanto a Hilux** e o
Corolla*** foram apreendidos poucas horas antes de chegarem ao destino (Paraguai).
Maiko conta que precisa de dinheiro para comprar a droga para revender e ter dinheiro para
pagar a gasolina, a fim de mandar “descer” outros dois veículos (vender carros roubados no
Paraguai). Maiko reclama que “rodou” (foram presos) seus “dois pilotos mais responsa” (os
melhores motoristas que trabalhavam para ele). (índice 38851100 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x HNI (62993924145), 12/01/2017 – 12:07:10); “Alysson se identifica
como o “molequinho” que estava na Ranger. Alysson pergunta o que deu aquelas duas.
Maiko diz que perdeu (foram apreendidas). Alysson pergunta se foi Maiko quem mandou
aquela advogada. Maiko diz que sim. Alysson agradece. Alysson diz que vai pagar Maiko até
o dia 26. Allysson fala que pode pegar (roubar) outra caminhonete, caso Maiko queira levá-
lo. Maiko pergunta como que Allysson foi preso. Allysson explica que perdeu o “Marcão”
(Marcos Regino, que conduzia outro veículo roubado) de vista, e logo foi abordado pelos
policiais. Allysson diz que fugiu, mas o pneu estourou e foi capturado. Allysson pergunta se
Maiko desistiu de trazer os trem (droga). Maiko diz que não, mas que os outros caras (Jeová
e Evandson) também foram presos. Maiko fala que está gastando muito dinheiro para soltá-
los e que já vai buscar outra danada (arma de fogo) para colocá-los no corre (para
roubarem) quando voltarem.” (índice 38893858 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca)
x Allyson de Almeida Lima, 18/01/2017 – 13:10:37).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


das declarações da vítima, do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do
Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual
revelou, claramente, que o acusado EVANDSON foi um dos agentes que executou o roubo,
ao passo que o acusado MAIKO JORGE, agiu como mandante, o que é revelado pelas
escutas telefônicas, que o colocam na posição de articulador e destinatário do veículo
subtraído.

Confirmando as interceptações telefônicas, tem-se o


reconhecimento seguro realizado pela vítima José de Oliveira (mídia às fls. 2.677/2.682), a
qual narrou que foi abordada por duas pessoas com o rosto descoberto, sendo que um deles
estava armado, reconhecendo EVANDSON, com segurança e certeza, como sendo um dos
autores do crime.

Por outro lado, não há dúvida quanto a efetiva


participação, como mandante do crime, do acusado MAIKO JORGE. Veja que na conversa
interceptada de MAIKO JORGE com um de seus comparsas ele menciona que a camionete
Ford/Ranger foi recuperada pela polícia no Parque Flamboyant, fato confirmado pelo RAI nº
2150953 (fls. 969/972), referente à localização do veículo roubado, demonstrando que ele

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detinha o controle do veículo subtraído, inclusive do local onde ele foi deixado após o roubo,
atuando, assim, ativamente como mandante do crime: “... Maiko conta que “rodou” (carros
que foram apreendidos) em duas caminhonetes e em um Corolla. Diz que há dois dias,
quando “os caras” (Jeová José da Silva e Evandson Caetano Campos Madureira) estavam
“descendo em bonde” (viajando em comboio com os veículos roubados), uma viatura
apreendeu a caminhonete Ranger* ainda no setor Parque Flamboyant, enquanto a Hilux**
e o Corolla*** foram apreendidos poucas horas antes de chegarem ao destino (Paraguai)...
(índice 38851100 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x HNI (62993924145),
12/01/2017 – 12:07:10).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, que afirmou ter sido abordada por dois
indivíduos, estando um deles armado. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida
causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se,
em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos,
conforme evidenciado pela vítima, a qual disse que foi abordada por dois indivíduos, ao que a
vítima reconheceu o acusado EVANDSON como um dos executores diretos do crime, junto
com outro comparsa, enquanto que as interceptações telefônicas revelaram que MAIKO
JORGE foi o mandante do crime, não somente por ter encomendado o veículo, mas também
por determinar o local onde o veículo seria deixado e monitorá-lo constantemente. Os
comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que
toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma
determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do
maior risco a que a vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela
atuação conjunta dos agentes.

2.18) Vítimas Arthur Emanuel Chaves de Franco e


João Cardoso Sudário

Aduz a denúncia que MAIKO JORGE recebeu dois


veículos sabendo serem produtos de crime e determinou que os veículos fossem levados para
o Paraguai, sendo o primeiro veículo um Toyota/Corolla, placas NLT-0389, da vítima João
Cardoso Sudário, roubado no dia 02 de novembro de 2016, na Rua X8, Qd. X14, Lt. 14,
Jardim Brasil, nesta Capital; e o segundo veículo, uma camionete Toyota Hillux, cor cinza,

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placas OLH-1480, da vítima Arthur Emanuel Chaves de Franco, roubada no dia 07 de janeiro
de 2017, na Rua 05, Qd. 55A, Lt. 24, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, ambos os
crimes praticados por indivíduos não identificados. Na madrugada do dia 12 de janeiro de
2017, JEOVÁ e EVANDSON foram presos em flagrante na cidade de Camapuã-MS
enquanto transportavam os citados veículos, estando ambos com placas falsas. Durante o
cumprimento de mandado de busca e apreensão, foram encontradas na residência do
denunciado JEOVÁ as placas originais do veículo Toyota/Corolla.

Não obstante o flagrante tenha ocorrido na cidade de


Camapuã/MS, verifico que JEOVÁ e EVANDSON não foram denunciados naquela
Comarca, conforme certidão de fls. 3.233. Assim, considerando a conexão com o crime mais
grave, que também é apurado nestes autos, ou seja, o crime de Organização Criminosa, que é,
também, infração permanente, nada impede possam os agentes, JEOVÁ e EVANDSON,
responder pela receptação neste juízo, ainda mais que o fato foi narrado na denúncia.

Deste modo, buscando adequar a narrativa da denúncia,


à sua capitulação, nos termos do artigo 383, do Código de Processo Penal, atribuo aos fatos
descritos na denúncia, com relação ao crime de receptação contra os acusados JEOVÁ e
EVANDSON, a seguinte definição jurídica: artigo 180, caput, do Código Penal (em razão
da receptação dos veículos Toyota/Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480 e Toyota/Corolla,
placas NLT-0389, respectivamente).

Passando ao mérito, constato que a materialidade se


encontra demonstrada por meio do auto de prisão em flagrante (fls. 186/195); auto de exibição
e apreensão (fls. 196/198); ocorrência (fls. 206/209); consulta Rede Infoseg, evidenciando que
os veículos são de origem ilícita (fls. 210/211); Relatório policial de fls. 973/978,
especificadamente pelo índice nºs 38844945, da interceptação, em que o acusado MAIKO
JORGE combina com JEOVÁ e EVANDSON acerca do transporte dos veículos para o
Paraguai; RAI nº 2142594 (fls. 986/988), evidenciado o roubo do veículo Toyota/Corolla,
placas NLT-0389, da vítima João Cardoso Sudário, roubado no dia 09 de janeiro de 2017, na
Rua X8, Qd. X14, Lt. 14, Jardim Brasil, nesta Capital; RAI nº 2132477 (fls. 979/982),
evidenciando o roubo da camionete Toyota Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480, da vítima
Arthur Emanuel Chaves de Dranco, roubada no dia 07 de janeiro de 2017, na Rua 05, Qd.
55A, Lt. 24, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO.

Observa-se que a divergência da data referente ao roubo


do veículo Toyota/Corolla, placas NLT-0389, da vítima João Cardoso Sudário, narrada na
denúncia (02 de novembro de 2016) e a constante do RAI nº 2132477 (fls. 979/982) (09 de
janeiro de 2017), constitui erro material, que não causa prejuízo para a defesa dos acusados.

Interrogados judicialmente, o acusado MAIKO JORGE


(fls. 2.762/2.764) negou a imputação, enquanto JEOVÁ e EVANDSON confirmaram o
transporte dos veículos Toyota Hillux e Toyota/Corolla, ocasião em que JEOVÁ negou
conhecer a origem ilícita dos veículos, enquanto EVANDSON confessou saber que os dois
veículos eram roubados.

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JEOVÁ afirmou (fls. 2.771/2.773): “... que em relação


ao fato descrito no item 2.18, o interrogando confessa que transportou uma caminhonete
para o estado do Mato Grosso do Sul e foi preso em Camapuã-MS, mas não sabia que a
caminhonete era roubada; que nesse dia Evandson estava levando um Toyota Corolla; que
quem determinou que levassem o veículo era o Abel; que recebeu um mil e quinhentos reais
para conduzir o veículo; que não sabe informar maiores dados que possam identificar o Abel
...”

EVANDSON disse (fls. 2.777/2.779): “... que confirma


o narrado no item 2.18 da Denúncia, quando foi preso juntamente com Jeová, na cidade de
Camapuã-MS quando fazia o transporte do veículo Toyota Corolla; que Jeová transportava o
veículo Toyota Hílux; que sabia que os dois veículos eram roubados; que não sabe quem
roubou os veículos; que nunca foi intimado por tais fatos na cidade de Camapuã-MS; que
ficou conhecendo o Jeová no dia que foi levar o carro; que conhece o Abel e ele disse que
tinha uma pessoa que pagaria para levar os veículos até o Mato Grosso do Sul, tendo o
interrogando se candidatado para levar o veículo; que chegou a receber um mil e quinhentos
reais para levar o veículo; que recebeu o dinheiro das mãos do Abel; que não sabe o
sobrenome do Abel ...”

Em consonância aos interrogatórios transcritos, tem-se o


Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 973/978), que também confirma a autoria delitiva
imputada aos acusados MAIKO JORGE, JEOVÁ e EVANDSON, senão vejamos:
“Evandson fala para Maiko que está na casa de Jeová e que os outros rapazes foram buscar
o brinquedo (arma de fogo). Maiko pede para passar o telefone para o Jeová. Maiko convida
Jeová para “descerem” (irem para o Paraguai) hoje. Jeová diz que dá certo. Maiko fala que
Jeová vai em uma e Ferraz (Genival) em outra. Jeová diz que tudo bem. Maiko fala que
devem passar na última barreira (policial) às 07 da manha. Maiko conta que Ferraz aceitou
a proposta com a condição de pagarem o dia de serviço dele na empresa onde ele trabalha.
Jeová pergunta quem é Ferraz. Maiko responde que é o do G5 (VW/Gol). Jeová conta que
conhece ele pela alcunha de “pingo de gente”. Maiko diz ainda que enquanto um vai (fazer a
viagem com os carros), ele já leva os “meninos” para roubarem outros carros e
posteriormente esconde-os no “buraco” (esconderijo). Maiko diz que se der certo, pretende
trocar os carros em outras coisas (provavelmente droga) e que vai “jogar um oitão” (dar um
revólver calibre 38) na mão de Jeová. Maiko fala para Jeová que por enquanto pode ficar
usando o revólver dele (do Maiko). Maiko diz ainda que Jeová vai na caminhonete* e Ferraz
(Genival) vai no carro**.” (índice 38844945 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Evandson Caetano Campos Madureira x Jeová José da Silva, 11/01/2017 – 11:02:43);
“Interlocutor se identifica como Genival e diz que Marcão (Marcos Regino de Souza Santos)
não está. Maiko pergunta se Genival vai descer lá para ele (levar carros roubados para o
Paraguai) e esse diz que sim e que basta pagar o dia de trabalho dele que é R$ 100,00 (cem
reais). Maiko explica que Genival vai ficar fora somente o dia da viagem e que assim que
chegar no destino voltará de ônibus. Maiko ainda explica que Jeová vai levar a
caminhonete* e Genival o Corolla* e que Marcão deve ir com ele no carro. Maiko diz que
eles devem sair hoje, a fim de passarem pela última barreira por volta das 07:00 da manhã.

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9ª Vara Criminal

Genival diz que deve avisar a empresa onde trabalha e que vai dar a resposta mais tarde.”
(índice 38844967 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Genival da Silva Ferraz,
11/01/2017 – 11:06:33); “Maiko avisa para Genival deixar as coisas prontas, pois vão hoje.
Genival diz que está em casa, no setor Santa Cruz, e que Marcão (Marcos Regino de Souza
Silva) não está com ele. Genival certifica que vai ele (Genival), Jeová e Marcão. Maiko diz
que sim. Genival reclama que deveria ter um terceiro carro para levarem e não somente dois.
Maiko esclarece que eles vão voltar de ônibus e que quando regressarem, outros dois carros
já estarão prontos para serem levados. Genival pergunta pelo dinheiro, pois precisa pagar o
cara que está trabalhando para ele na empresa. Maiko diz que quando eles se encontrarem,
ele passa o valor. Maiko avisa que “a grande” (caminhonete) está no interior e que quando
ele, Jeová (Jeová José da Silva) e Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) forem buscar a
caminhonete, deverão ir no Corolla*. Maiko esclarece que na viagem, Jeová e Marcão vão
na caminhonete Hilux** e Genival no Corolla. Genival diz que por volta de 4 horas vai para
lá.” (índice 38845864 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Genival da Silva Ferraz,
11/01/2017 – 13:42:38); “Maiko pergunta para HNI se Túlio deixou o dinheiro lá. HNI
responde que não. Maiko pergunta se HNI não teria essa quantia para lhe dar, pois está
precisando do dinheiro para comprar droga para revender. Maiko diz que repassaria a
droga para HNI por um preço barato. Maiko conta que “rodou” (carros que foram
apreendidos) em duas caminhonetes e em um Corolla. Diz que há dois dias, quando “os
caras” (Jeová José da Silva e Evandson Caetano Campos Madureira) estavam “descendo em
bonde” (viajando em comboio com os veículos roubados), uma viatura apreendeu a
caminhonete Ranger* ainda no setor Parque Flamboyant, enquanto a Hilux** e o
Corolla*** foram apreendidos poucas horas antes de chegarem ao destino (Paraguai).
Maiko conta que precisa de dinheiro para comprar a droga para revender e ter dinheiro para
pagar a gasolina, a fim de mandar “descer” outros dois veículos (vender carros roubados no
Paraguai). Maiko reclama que “rodou” (foram presos) seus “dois pilotos mais responsa” (os
melhores motoristas que trabalhavam para ele).” (índice 38851100 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x Genival da Silva Ferraz, 12/01/2017 – 12:07:10); “Maiko pede para MNI
anotar um número e colocar crédito para ele. Maiko fala que é o número da advogada e é
para ela poder ligar ali para resolver o problema dos dois meninos dele (Jeová e Evandson)
que foram presos em Campo Grande-MS levando os carros roubados. MNI pergunta o
número. Maiko responde que é 9213-7215 e pode colocar só R$ 20,00. Maiko explica que os
caras desceram na Hilux* e no Corolla* para trazer o brown (drogas), mas rodaram (foram
presos) no Mato Grosso.” (índice 38853535 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
MNI, 12/01/2017 – 16:48:03).

Conforme evidenciado acima, a instrução processual


logrou êxito em confirmar as condutas atribuídas aos acusados MAIKO JORGE, JEOVÁ e
EVANDSON, sendo que os dois últimos foram flagrados conduzindo os veículos, cientes de
que se tratavam de produto de roubo. Além da confissão do acusado EVANDSON, que
declarou conhecimento sobre a origem ilícita dos veículos, bem assim, da confirmação do
acusado JEOVÁ, de que também transportava o veículo, as demais provas confirmam as
condutas dolosas dos três acusados, sobretudo o depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) e as interceptações telefônicas.

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Não procede a alegação de JEOVÁ quanto ao


desconhecimento da origem ilícita dos veículos. Veja que JEOVÁ afirmou ter recebido a
quantia de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para transportar o veículo, seguindo
ordem de Abel, suposta pessoa que não soube identificar. Entretanto, a provas, já referidas
acima, demonstraram que Abel é a alcunha do comparsa Cleiber Minaré Lacerda, pessoa já
falecida. Ora evidente que a conduta de JEOVÁ revela o seu conhecimento sobre a origem do
veículo. O simples fato de aceitar a incumbência de transportar o veículo para outro estado da
federação, sem qualquer explicação plausível, já torna o fato altamente suspeito.
Principalmente quando ele se nega a identificar a pessoa que o contratou, pessoa esta que a
escuta telefônica revelou, na verdade, tratar-se de MAIKO JORGE e não Abel, esta já
falecida. As conversas interceptadas, revelam que MAIKO JORGE e JEOVÁ combinam
acerca do transporte dos veículos, ao que o primeiro afirma que JEOVÁ deverá transportar a
camionete e que repassará para ele uma arma de fogo, demonstrando, ainda, preocupação com
a barreira policial e que o veículo transportado deverá ser trocado por droga:“Evandson fala
para Maiko que está na casa de Jeová e que os outros rapazes foram buscar o brinquedo
(arma de fogo). Maiko pede para passar o telefone para o Jeová. Maiko convida Jeová para
“descerem” (irem para o Paraguai) hoje. Jeová diz que dá certo. Maiko fala que Jeová vai
em uma e Ferraz (Genival) em outra. Jeová diz que tudo bem. Maiko fala que devem passar
na última barreira (policial) às 07 da manha. Maiko conta que Ferraz aceitou a proposta
com a condição de pagarem o dia de serviço dele na empresa onde ele trabalha. Jeová
pergunta quem é Ferraz. Maiko responde que é o do G5 (VW/Gol). Jeová conta que conhece
ele pela alcunha de “pingo de gente”. Maiko diz ainda que enquanto um vai (fazer a viagem
com os carros), ele já leva os “meninos” para roubarem outros carros e posteriormente
esconde-os no “buraco” (esconderijo). Maiko diz que se der certo, pretende trocar os carros
em outras coisas (provavelmente droga) e que vai “jogar um oitão” (dar um revólver
calibre 38) na mão de Jeová. Maiko fala para Jeová que por enquanto pode ficar usando o
revólver dele (do Maiko). Maiko diz ainda que Jeová vai na caminhonete* e Ferraz (Genival)
vai no carro**.” (índice 38844945 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Evandson
Caetano Campos Madureira x Jeová José da Silva, 11/01/2017 – 11:02:43). Portanto, não há
qualquer dúvida de que JEOVÁ sabia que o veículo por ele transportado era de origem ilícita.

De igual forma, a autoria delitiva imputada ao acusado


MAIKO JORGE restou suficientemente demonstrada. Não obstante a negativa de autoria, as
provas da interceptação telefônica foram suficientes para comprovar que ele recebeu os
veículos Toyota/Corolla, placas NLT-0389 e Toyota/Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480,
ciente da origem ilícita, repassando-os, posteriormente, aos acusados JEOVÁ e EVANDSON
para o transporte até o Paraguai, local onde os veículos deveriam ser trocados por droga,
conforme evidenciado pela conversa gravada no índice 38844945, na véspera da viagem (dia
11/01/2017) (Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Evandson Caetano Campos
Madureira x Jeová José da Silva, 11/01/2017 – 11:02:43)

A receptação dos citados veículo por MAIKO JORGE


também pode ser confirmada pelas conversas gravadas deste acusado com Genival, ao
combinarem o transporte do veículo Toyota/Corolla, que por algum motivo não se
concretizou, visto que EVANDSON é quem foi flagrado transportando o referido veículo.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Veja que nesta conversa MAIKO JORGE informa a Genival que a camionete está no interior
e que irão buscá-la no veículo Toyota/Corolla, demonstrando ter recebido tais veículos:
“Maiko avisa para Genival deixar as coisas prontas, pois vão hoje. Genival diz que está em
casa, no setor Santa Cruz, e que Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) não está com ele.
Genival certifica que vai ele (Genival), Jeová e Marcão. Maiko diz que sim. Genival reclama
que deveria ter um terceiro carro para levarem e não somente dois. Maiko esclarece que eles
vão voltar de ônibus e que quando regressarem, outros dois carros já estarão prontos para
serem levados. Genival pergunta pelo dinheiro, pois precisa pagar o cara que está
trabalhando para ele na empresa. Maiko diz que quando eles se encontrarem, ele passa o
valor. Maiko avisa que “a grande” (caminhonete) está no interior e que quando ele, Jeová
(Jeová José da Silva) e Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) forem buscar a
caminhonete, deverão ir no Corolla*. Maiko esclarece que na viagem, Jeová e Marcão vão
na caminhonete Hilux** e Genival no Corolla. Genival diz que por volta de 4 horas vai
para lá.” (índice 38845864 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Genival da Silva
Ferraz, 11/01/2017 – 13:42:38).

Veja, ainda, que MAIKO JORGE conversa com um de


seus comparsas relatando que os acusados JEOVÁ e EVADSON foram presos em flagrante,
quando estavam quase chegando ao Paraguai com os veículos Toyota/Corolla, placas NLT-
0389 e Toyota/Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480: “Maiko pergunta para HNI se Túlio
deixou o dinheiro lá. HNI responde que não. Maiko pergunta se HNI não teria essa quantia
para lhe dar, pois está precisando do dinheiro para comprar droga para revender. Maiko diz
que repassaria a droga para HNI por um preço barato. Maiko conta que “rodou” (carros
que foram apreendidos) em duas caminhonetes e em um Corolla. Diz que há dois dias,
quando “os caras” (Jeová José da Silva e Evandson Caetano Campos Madureira) estavam
“descendo em bonde” (viajando em comboio com os veículos roubados), uma viatura
apreendeu a caminhonete Ranger* ainda no setor Parque Flamboyant, enquanto a Hilux** e
o Corolla*** foram apreendidos poucas horas antes de chegarem ao destino (Paraguai).
Maiko conta que precisa de dinheiro para comprar a droga para revender e ter dinheiro para
pagar a gasolina, a fim de mandar “descer” outros dois veículos (vender carros roubados no
Paraguai). Maiko reclama que “rodou” (foram presos) seus “dois pilotos mais responsa”
(os melhores motoristas que trabalhavam para ele).” (índice 38851100 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca) x Genival da Silva Ferraz, 12/01/2017 – 12:07:10); “Maiko pede
para MNI anotar um número e colocar crédito para ele. Maiko fala que é o número da
advogada e é para ela poder ligar ali para resolver o problema dos dois meninos dele (Jeová
e Evandson) que foram presos em Campo Grande-MS levando os carros roubados. MNI
pergunta o número. Maiko responde que é 9213-7215 e pode colocar só R$ 20,00. Maiko
explica que os caras desceram na Hilux* e no Corolla* para trazer o brown (drogas), mas
rodaram (foram presos) no Mato Grosso.” (índice 38853535 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x MNI, 12/01/2017 – 16:48:03).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


receptação, restando evidente que os acusados receberam e transportaram os veículos cientes
de que se tratavam de produto de roubo. Importante destacar que no caso de MAIKO
JORGE deve ser reconhecida a continuidade delitiva, já que a proximidade de datas em que

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9ª Vara Criminal

os veículos foram roubados Toyota/Hillux, cor cinza, placas OLH-1480 (07/01/2017, fls.
979/982 ) e Toyota/Corolla, placas NLT-0389 (09/01/2017, fls. 986/988), permite a conclusão
de que os crimes de receptação foram praticados sob as mesmas condições de tempo, lugar e
maneira de execução, ensejando a aplicação da regra insculpida no artigo 71, caput, do
Código Penal, com reflexo na aplicação da pena.

2.19) Vítima Geraldo Simeão da Silva

Narra a inicial acusatória que no dia 11 de janeiro de


2017, na Igreja Santo Inácio de Loyola, situada na Rua 14A, Conjunto Riviera, nesta Capital,
foi subtraído, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o
veículo Fiat/Toro, Freedom AT, placas PQW-6856, crime imputado ao acusado GENIVAL,
que abordou a vítima junto com o adolescente Marcos Regino de Souza Santos, e MAIKO
JORGE, que atuou como mandante, coordenando as ações dos comparsas por telefone.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 989/999, especificadamente pelos índices nºs 38846676 e 38846683,
da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversou com o adolescente Marcos
Regino, logo após o roubo do veículo Fiat/Toro, repassando informações sobre o local onde o
veículo deveria ser guardado, e índices nºs 38851581 e 38852336, da interceptação, em que o
adolescente Marcos Regino diz que GENIVAL encontrou uma arma de fogo dentro do
veículo subtraído, fato que foi omitido por ele, o que poderia acarretar sua morte; RAI nº
2160598 (fls. 1.001/1.003); termo de entrega (fls. 1.011), evidenciando que o acusado
GENIVAL estava na posse do coldre subtraído junto com o veículo Fiat/Toro, Freedom AT,
placas PQW-6856, conforme Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630; e RAI nº 2207516 (fls.
1.012/1.016), referente à apreensão da arma de fogo subtraída junto com o veículo Fiat/Toro,
instrumento pertencente à vítima Geraldo Simeão da Silva; e laudo de exame de perícia
criminal – caracterização e eficiência de arma de fogo (fls. 1.017/1.024).

Interrogados judicialmente, os acusados MAIKO


JORGE (fls. 2.762/2.764) e GENIVAL (fls. 2.774/2.776) negaram a imputação.

A vítima Geraldo Simeão da Silva (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que foi subtraída uma camionete, além de uma arma e
a sua carteira, sendo que o fato foi praticado por uma pessoa, e que a arma de fogo subtraída
estava atrás do banco do veículo. Afirmou que seu carro era segurado e que a carteira foi
devolvida no dia seguinte no DP de Aparecida, não se sabendo por quem. Relatou que após
15 dias o seguro pagou o valor do veículo, mas que 60 dias depois o veículo foi localizado em
Redenção/PA, mas já não tinha mais interesse na localização do veículo, ocasião em que
informou ao corretor de seguros. Disse que não é capaz de reconhecer o acusado GENIVAL
como autor do roubo e que não foi falado na investigação sobre a pessoa de MAIKO
JORGE.

A testemunha Diomar Teixeira da Silva Lopes


(depoimento gravado em mídia às fls. 2.503/2.511) narrou que presenciou o roubo do veículo

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9ª Vara Criminal

da vítima Geraldo Simeão, porém não conseguiu fazer o reconhecimento do autor, posto não
tê-lo visto direito.

Não obstante a negativa de autoria dos acusados e a


ausência de reconhecimento da vítima e da testemunha presencial, as demais provas carreadas
aos autos são suficientes para embasar a condenação dos acusados GENIVAL e MAIKO
JORGE, senão vejamos:

GENIVAL DA SILVA FERRAZ, extrajudicialmente


(fls. 635/638) afirmou: “... QUE alguns dias após conhecer Marcos Regino, o declarante foi
convidado por ele para praticar um roubo de veículo; QUE na ocasião, Marcos Regino
explicou que o declarante apenas iria dirigir o veículo apoio, que era um VW/Polo, cor prata,
pertencente ao Maiko, vulgo “Cueca”; Que então saiu com Marcos Regino e roubaram um
veículo Fiat/Toro, cor preta; QUE utilizaram um revólver, calibre 32, para a prática do
roubo, sendo que essa arma foi emprestada por “Naninho”; QUE Marcos Regino foi quem
abordou a vítima, enquanto o declarante permaneceu aguardando sozinho no carro de
Maiko; QUE levaram a caminhonete para o Parque Santa Cruz, nesta capital e a deixaram
em uma rua; QUE no interior da caminhonete havia um revólver, calibre 38; QUE esse
revólver ficou com Marcos Regino, que posteriormente o deu para “Naninho”, acreditando
que como forma de pagamento pelo empréstimo da arma utilizada no roubo; QUE soube que
“Naninho” foi preso com o revólver roubado da vítima alguns dias depois; QUE não sabe
qual destinação que foi dada a Fiat/Toro; QUE o coldre em que estava a arma da vítima
ficou na casa do declarante, sendo o mesmo que foi apreendido hoje, durante o cumprimento
do mandado de busca em sua casa...”

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 989/999), a autoria delitiva restou suficiente comprovada em relação aos acusados
MAIKO JORGE e GENIVAL: “(Marcos Regino de Souza Santos usando o telefone de
Genival da Silva Ferraz) Marcos fala para Maiko que acabou de “pegar” (roubar) uma
caminhonete Fiat/Toro* e seu comparsa foi deixar o carro próximo onde ficou o Corolla**,
para ver se vinga (se não é recuperado). Maiko fala que eles deveriam ter levado para
aqueles lados (sentido de Bela Vista de Goiás), pois estão perdendo tudo (veículos sendo
recuperados). Maiko pede para Marcos mandar o “chinelo” (placa) da caminhonete
roubada.” (índice 38846676 – Maiko Jorge Rodrigues Machado x Marcos Regino de Souza
Santos, 11/01/2017 – 16:12:30); “(Marcos Regino de Souza Santos está utilizando o aparelho
celular de Genival da Silva Ferraz) Maiko pede para Marcos levar a caminhonete* para
onde ele está. Maiko diz para Marcos pegar R$ 50,00 com Jeová. Marcos diz que já telefonou
para Jeová, mas ele não atende. (…) Maiko fala para Marcos colocar a caminhonete
(Fiat/Toro) onde estava o Corolla e pergunta se a casa era alugada, o que esse responde que
sim. Maiko diz que “dando o vermelho manda fazer o chinelo dela” (registrada a ocorrência
policial ele manda fazer uma placa falsa).” (índice 38846683 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado x Marcos Regino de Souza Santos, 11/01/2017 – 16:14:26); “HNI conta para
Marcos que o cara do G5 (Genival da Silva Ferraz) achou um brinquedo (arma de fogo)
dentro da caminhonete. HNI conta que tinha um (arma de fogo) dentro dela, pois o cara que
ia comprar (a caminhonete roubada) consultou o Boletim de Ocorrência e viu que a vítima

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9ª Vara Criminal

era um policial civil aposentado, que relatou que a arma dele também foi subtraída. Marcos
fala que precisam verificar o carro direito, pois estava junto com ele (com Genival) e não o
viu pegando nenhuma arma de fogo. HNI fala que hoje Genival comentou que tinha pego
uma arma de fogo emprestada com o irmão dele, o que é mentira, pois nunca teve brinquedo.
Marcos fala que realmente viu esse brinquedo ontem na casa dele, um de três janelas.
Marcos pede para enviar uma foto da ocorrência, pois vai ligar para Marcos e vão verificar
o que está acontecendo.” (índice 38851581 – Marcos Regino de Souza Santos x HNI,
12/01/2017 – 13:06:27); “Marcos avisa Genival que os caras estão atrás dele. Genival fala
que vai devolver esse trem (arma de fogo que estava na Fiat/Toro) e que já avisou os caras
para irem buscar. Marcos fala que Genival devia ter avisado, pois ainda estava tentando
aliviar com os caras, achando que nada tinha acontecido. Genival reitera que vai devolver.
Marcos fala que falou para os caras que Genival não tinha pego nada, o que acabou ficando
ruim para ele. Genival fala que não vai fazer isso mais não, que os caras falaram em matá-lo.
Marcos alerta que por conta disso, já “pularam” (morreram) foram várias pessoas. Marcos
diz que por conta do que Genival fez os caras queriam matá-lo também, achando que está
envolvido.” (índice 38852336 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival da Silva Ferraz,
12/01/2017 – 14:25:58); “(...) HNI alega que vão pagar a parte dos outros dois comparsas e
ele e Naninho (José Ernanes de Oliveira Castro) vão ficar com o revólver 38.” (índice
38867251 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x HNI, 14/01/2017 – 12:28:05);
“Maiko pergunta para Matheus qual é o carro que o irmão do Albert usa. Matheus diz que
não se recorda, sabendo apenas que é branco. Maiko conta que Nanin (José Ernanes de
Oliveira Castro) estava conversando com Albert e marcaram encontro em frente ao salão do
Marcos. Maiko diz que enquanto Nanin esperava por ele, foi abordado pela polícia. Maiko
contou também que Nanin portava um revólver calibre 38 na cintura no momento da
abordagem. Matheus fala que precisam matar esse cara (Albert)”. (índice 38895913 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Vieira Lira, 18/01/2017 – 16:38:21); “HNI
pergunta para Marcos se já pode buscar a pickup. Marcos fala que o valor está pouco, pois
tem que repassar a parte dos outros dois comparsas. Marcos fala que os meninos estão com
raiva dele, achando que está jogando conversa fora. HNI fala que R$ 2.000,00 já está bom.
Marcos fala que com esse valor tem prejuízo. HNI pergunta para Marcos qual o ano dela.
Marcos fala que é 2016/2017, cor marrom. HNI oferece R$ 2.500,00 e Marcos aceita. HNI
pergunta se vai levar agora. Marcos diz que sim.” (índice 38878843 – Maiko Jorge
Rodrigues Machado x Marcos Regino de Souza Santos, 16/01/2017 – 14:16:15); “Jeová fala
que já está em casa, apesar do “desacerto” (ter sido preso em Camapuã-MS). Marcos
pergunta se Jeová tem o número do Pedrinho. Jeová fala que está sem celular, pois o dele
ficou apreendido e nada foi devolvido. Marcos fala que vai levar um Fiat/Toro agora na
Mabel, sendo que a vendeu por R$ 3.000,00 (três mil reais). Jeová fala que fala que conhece
um cara que compra uma caminhonete dessa por R$ 10.000,00 no dinheiro. Marcos fala que
está indo na casa do Jeová.” (índice 38879801 – Marcos Regino de Souza Santos x Jeová
José da Silva, 16/01/2017 – 16:08:20).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


do relatório das interceptações telefônicas, do depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), e da oitiva extrajudicial do acusado GENIVAL, o
conjunto probatório foi suficiente para comprovar a autoria atribuída aos dois acusados,

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9ª Vara Criminal

GENIVAL atuando no apoio ao adolescente Marcos Regino de Souza Santos, responsável


por abordar a vítima, e MAIKO JORGE, agindo como mandante do crime, não prosperando,
assim, a negativa de autoria sustentada por ambos.

Não há, neste contexto, dúvida quanto à efetiva


participação, como mandante do crime, do acusado MAIKO JORGE. Além da delação
extrajudicial do acusado GENIVAL, o qual informou que o veículo utilizado no crime era de
MAIKO JORGE, o qual planejou a ação criminosa, veja que na conversa interceptada de
MAIKO JORGE com o adolescente Marcos Regino, este utilizando o celular de GENIVAL,
diz que acabou de roubar um veículo Fiat/Toro, ao que MAIKO JORGE determina o local
onde o veículo deveria ser deixado após o roubo, passando a monitorá-lo, demonstrando,
assim, que ele detinha o controle de toda situação: “(Marcos Regino de Souza Santos usando
o telefone de Genival da Silva Ferraz) Marcos fala para Maiko que acabou de “pegar”
(roubar) uma caminhonete Fiat/Toro* e seu comparsa foi deixar o carro próximo onde ficou
o Corolla**, para ver se vinga (se não é recuperado). Maiko fala que eles deveriam ter
levado para aqueles lados (sentido de Bela Vista de Goiás), pois estão perdendo tudo
(veículos sendo recuperados). Maiko pede para Marcos mandar o “chinelo” (placa) da
caminhonete roubada.” (índice 38846676 – Maiko Jorge Rodrigues Machado x Marcos
Regino de Souza Santos, 11/01/2017 – 16:12:30); “(Marcos Regino de Souza Santos está
utilizando o aparelho celular de Genival da Silva Ferraz) Maiko pede para Marcos levar a
caminhonete* para onde ele está. Maiko diz para Marcos pegar R$ 50,00 com Jeová.
Marcos diz que já telefonou para Jeová, mas ele não atende. (…) Maiko fala para Marcos
colocar a caminhonete (Fiat/Toro) onde estava o Corolla e pergunta se a casa era alugada,
o que esse responde que sim. Maiko diz que “dando o vermelho manda fazer o chinelo
dela” (registrada a ocorrência policial ele manda fazer uma placa falsa).” (índice 38846683
– Maiko Jorge Rodrigues Machado x Marcos Regino de Souza Santos, 11/01/2017 –
16:14:26).

Na sequência das conversas interceptadas, merecem


destaque as ligações do adolescente Marcos Regino para outros comparsas de crime e
posteriormente para GENIVAL, ao que conversam acerca da arma de fogo também subtraída
junto com o veículo Fiat/Toro, contendo inclusive uma ameaça, pois GENIVAL não
informou acerca da arma de fogo subtraída: “HNI conta para Marcos que o cara do G5
(Genival da Silva Ferraz) achou um brinquedo (arma de fogo) dentro da caminhonete.
HNI conta que tinha um (arma de fogo) dentro dela, pois o cara que ia comprar (a
caminhonete roubada) consultou o Boletim de Ocorrência e viu que a vítima era um
policial civil aposentado, que relatou que a arma dele também foi subtraída. Marcos fala
que precisam verificar o carro direito, pois estava junto com ele (com Genival) e não o viu
pegando nenhuma arma de fogo. HNI fala que hoje Genival comentou que tinha pego uma
arma de fogo emprestada com o irmão dele, o que é mentira, pois nunca teve brinquedo.
Marcos fala que realmente viu esse brinquedo ontem na casa dele, um de três janelas.
Marcos pede para enviar uma foto da ocorrência, pois vai ligar para Marcos e vão verificar
o que está acontecendo.” (índice 38851581 – Marcos Regino de Souza Santos x HNI,
12/01/2017 – 13:06:27); “Marcos avisa Genival que os caras estão atrás dele. Genival fala
que vai devolver esse trem (arma de fogo que estava na Fiat/Toro) e que já avisou os caras

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para irem buscar. Marcos fala que Genival devia ter avisado, pois ainda estava tentando
aliviar com os caras, achando que nada tinha acontecido. Genival reitera que vai devolver.
Marcos fala que falou para os caras que Genival não tinha pego nada, o que acabou
ficando ruim para ele. Genival fala que não vai fazer isso mais não, que os caras falaram
em matá-lo. Marcos alerta que por conta disso, já “pularam” (morreram) foram várias
pessoas. Marcos diz que por conta do que Genival fez os caras queriam matá-lo também,
achando que está envolvido.” (índice 38852336 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival
da Silva Ferraz, 12/01/2017 – 14:25:58). Confirmando a autoria delitiva imputada ao acusado
GENIVAL, veja que durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua
residência, foi encontrado o coldre da arma de fogo subtraída junto com o veículo Fiat/Toro,
Freedom AT, placas PQW-6856, conforme Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, extrajudicialmente (fls. 1004), e pelas
imagens da câmera de segurança (fls. 995), corroboradas pelas interceptações telefônicas, as
quais evidenciaram que os crimes de roubo eram praticados mediante o uso de arma de fogo.
Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de
fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou
exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido
instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria
aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos através da confissão
extrajudicial de GENIVAL, a qual afirmou que estava na direção do veículo de apoio, este
pertencente ao acusado MAIKO JORGE, o qual também coordenou as ações por telefone,
enquanto que a abordagem foi realizada pelo adolescente Marcos Regino, circunstâncias
corroboradas pelas interceptações telefônicas. Os comportamentos acima descritos revelam o
entrosamento entre os acusados e o comparsa adolescente, evidenciando que toda a ação
objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada
tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a
que a vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação
conjunta dos agentes.
2.20) Vítima Mariana Palos Andrade So

Aduz a denúncia que no dia 11 de janeiro de 2017, na


Avenida Bela Vista, Qd. E, Lt. 19, Jardim Bela Vista, nesta Capital, foi subtraído, mediante
grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo Nissan/Frontier,
placas OTP-8510, fato imputado aos acusados MATHEUS VIEIRA, executor do crime,

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EVANDSON, atuando no apoio e cobertura, e MAIKO JORGE, agindo como mandante.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 1.025/1.038, especificadamente pelos índices nºs 38844595 e
38844745, da interceptação, em que o acusado MAIKO JORGE conversa com MATHEUS
VIEIRA, EVANDSON e o adolescente Marcos Regino, logo após o roubo do veículo
Nissan/Frontier, falando sobre o fato de ter acabado o combustível do veículo subtraído, bem
assim, sobre o local onde o veículo seria guardado. Conversaram, ainda, sobre o receio de
EVANDSON, que alegou conhecer as vítimas do setor onde morava, já que frequentavam a
mesma igreja. Também confirmam o fato, as imagens da câmera de segurança que mostra
claramente MATHEUS VIEIRA entrando no salão e abordando as vítimas, enquanto
EVANDSON aguardava do lado de fora; RAI nº 2157492 (fls. 1.039/1.041); auto de exibição
e apreensão (fls. 1.054); termo de entrega (fls. 1.055); cópia do CRV do veículo subtraído (fls.
1.056); e Laudo de exame de perícia criminal – identificação de veículo automotor (fls.
1.063/1.066).

Interrogados judicialmente, os acusados MATHEUS


VIEIRA (fls. 2.752/2.754), EVANDSON (fls. 2.777/2.779) e MAIKO JORGE (fls.
2.762/2.764) negaram a imputação.

A vítima Mariana Palos Andrade So (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que teve o seu veículo roubado, uma
camionete Nissan/Frontier, em janeiro de 2017, na porta do seu estabelecimento no Jardim
Bela Vista; que o fato foi praticado por duas pessoas; que foi levado o carro e tudo que estava
dentro. Disse que comunicou o fato à polícia e que o veículo, equipado com rastreador, foi
encontrado no final do Parque Atheneu, em uma rua, sem qualquer ocupante. Contou que foi
na delegacia e reconheceu os acusados MATHEUS VIEIRA e EVANDSON, confirmando o
reconhecimento em Juízo, com segurança e certeza, sem nenhuma dúvida, informando que foi
abordada por MATHEUS VIEIRA, o qual estava armado, esclarecendo, ainda, que viu o
cano de uma arma de fogo. Disse que o seu veículo não sofreu dano, mas que ficou com
prejuízo, visto que os acusados usaram os cartões de crédito, gastando cerca de R$ 4.000,00
em kit multimídia, televisão, caixa de ferramentas.

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


1.025/1.038), por sua vez, demonstra claramente a autoria delitiva com relação aos acusados
MATHEUS VIEIRA, EVANDSON e MAIKO JORGE: “Maiko conta que os caras
pegaram (roubaram) uma caminhonete*, mas a deixaram lá perto do Parque Atheneu, pois
acabou o combustível. Maiko manda Marcos comprar combustível, colocar na caminhonete e
levá-la para ele (Maiko) no interior (Bela Vista de Goiás). Maiko diz que a caminhonete está
com Jeová e pergunta se Marcos tem o número novo dele (do Jeová). Marcos pergunta se é o
95225290. Maiko diz que é o outro, sem ser o do WhatsApp. Marcos diz que vai lá. Maiko
pede para falar com o cara do G5 (Genival da Silva Ferraz). (Maiko fala com Genival da
Silva Ferraz) Maiko repete a mesma história, dizendo que é para levar o combustível para
colocar na caminhonete. Genival diz que vai lá, mas que antes precisa levar um celular ali
em Aparecia de Goiânia. Maiko fala para buscar a caminhonete primeiro, senão vai acabar

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

perdendo (sendo recuperada). (...)” (índice 38844580 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos, 11/01/2017 – 09:57:36); “Matheus avisa Maiko
que já comprou a gasolina e vai agora ver se a caminhonete* ainda está no local. Maiko diz
que Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) está chegando. Matheus conta que roubou a
caminhonete na Avenida Bela Vista e reclama do comparsa (Evandson Caetano Campos
Madureira) que “tem que ir na pressão”. Maiko diz que não está tendo piloto (quem dirige o
veículo roubado) e que só tem ele (Evandson) e o Marcão (Marcos Regino de Souza Silva).
Matheus fala para Maiko que conhece dois “pilotos” que sabem roubar e que inclusive já
desceram lá (levaram veículos roubados para o Paraguai). Conversam sobre a caminhonete
roubada e Matheus diz que vai mandar fotos.” (índice 38844595 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:02:53); “(...) Maiko pergunta se
Evandson colocou ela (caminhonete roubada) em um local de boa (tranquilo). Evandson diz
que sim e que lá estava cheio de carro e colocou atrás de um Ford/Focus. Evandson diz que
Matheus foi lá também e disse que (a caminhonete) não está lá, mas mesmo assim vão lá para
garantir. Maiko diz que Matheus não deve saber o lugar, pois ele mesmo falou que não sabia.
Evandson diz que vai lá para garantir. Maiko fala para irem lá e já ver o chinelo (placa)
para saber se ela é diesel, flex... Maiko pergunta se Evandson viu a primeira letra da chinela
(placa). Evandson diz que não, mas que a caminhonete é 2010 ou 2011. Evandson diz que
quando pegou ela (roubou a caminhonete), já saiu pela BR e depois entrou no Atheneu, mas
ai apitou o sinal da gasolina. Evandson diz que a mulher já estava andando com ela na
reserva. Maiko pergunta se era uma mulher. Evandson diz que era um monte de mulher.
Evandson explica que eles enquadraram (abordaram) e acharam que era só ela (a
condutora), mas aí a mulher gritou “desce dela que eles vão levar”. Evandson diz que aí
desceram mais duas mulheres da caminhonete e que elas moram na rua de cima da casa dele
e frequentam a mesma igreja. Evandson fala que está com receio da menina ter lhe
reconhecido e levar a polícia na casa dele. Maiko pergunta se quem enquadrou foi o outro.
Evandson diz que foi o Matheus quem enquadrou (abordou). (...)” (índice 38844745 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos x Evandson Caetano
Campos (Vandinho) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:28:35); “(...) Matheus fala que
passou lá e não viu ela (a caminhonete). Maiko fala que os caras já pegaram o Evandson e
vão passar no local certo. Evandson fala que vão passar lá para garantir. Matheus reclama
que Evandson deixou a caminhonete assim que entrou na reserva e que dava para rodar
muito ainda. Maiko justifica que as vítimas eram conhecidas do Evandson e por isso que ele
abandonou a caminhonete. Evandson e Matheus discutem. Maiko manda eles pararem de
brigar e afirma que se a caminhonete não estiver mais lá eles arrumam (roubam) outra.
Evandson afirma que realmente a caminhonete foi recuperada.” (índice 38844745 – Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos x Evandson Caetano
Campos (Vandinho) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:28:35).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


das declarações da vítima, do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do
Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual
revelou, claramente, que os acusados MATHEUS VIEIRA, EVANDSON e MAIKO
JORGE, este último atuando como mandante do crime, mediante grave ameaça, agiram
imbuídos do intuito de subtrair o veículo Nissan/Frontier, placas OTP-8510, da vítima

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Mariana Palos Andrade So.

Por conseguinte, não prospera a negativa de autoria


apresentada pelos acusados, visto que a responsabilidade criminal restou plenamente
configurada, sobretudo, por meio do relatório das interceptações telefônicas, o qual foi capaz
de demonstrar que MAIKO JORGE foi o mandante do crime, enquanto MATHEUS
VIEIRA e EVANDSON executaram diretamente o roubo. Confirmando as interceptações
telefônicas, tem-se o reconhecimento seguro realizado pela vítima Mariana Palos Andrade So
(mídia às fls. 2.503/2.511), a qual apontou com segurança os acusados MATHEUS VIEIRA
e EVANDSON, como sendo os dois indivíduos que subtraíram o veículo. Contou, ainda, que
foi na delegacia, oportunidade que reconheceu os acusados MATHEUS VIEIRA e
EVANDSON, reconhecimento que foi, com segurança, confirmando em Juízo.

Por outro lado, não há dúvida quanto à efetiva


participação, como mandante do crime, do acusado MAIKO JORGE. Nas conversas
interceptadas de MAIKO JORGE ele sempre repassa alguma determinação a um de seus
comparsas, revelando que mantinha o controle sobre a conduta dos demais comparsas. Veja
nas transcrições abaixo, MAIKO JORGE conta para o adolescente Marcos Regino sobre o
roubo da camionete e que o combustível acabou: “Maiko conta que os caras pegaram
(roubaram) uma caminhonete*, mas a deixaram lá perto do Parque Atheneu, pois acabou
o combustível. Maiko manda Marcos comprar combustível, colocar na caminhonete e levá-
la para ele (Maiko) no interior (Bela Vista de Goiás). Maiko diz que a caminhonete está com
Jeová e pergunta se Marcos tem o número novo dele (do Jeová). Marcos pergunta se é o
95225290. Maiko diz que é o outro, sem ser o do WhatsApp. Marcos diz que vai lá. Maiko
pede para falar com o cara do G5 (Genival da Silva Ferraz). (Maiko fala com Genival da
Silva Ferraz) Maiko repete a mesma história, dizendo que é para levar o combustível para
colocar na caminhonete. Genival diz que vai lá, mas que antes precisa levar um celular ali
em Aparecia de Goiânia. Maiko fala para buscar a caminhonete primeiro, senão vai acabar
perdendo (sendo recuperada). (...)” (índice 38844580 – Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos, 11/01/2017 – 09:57:36).

Na ligação posterior, MATHEUS VIEIRA avisa que


cumpriu as determinações de MAIKO JORGE, bem assim, reclama de seu comparsa, ao que
MAIKO JORGE justifica que não está tendo pilotos, evidenciando que ele planejou o crime,
inclusive determinando quem faria a abordagem e quem seguiria no veículo de apoio:
“Matheus avisa Maiko que já comprou a gasolina e vai agora ver se a caminhonete* ainda
está no local. Maiko diz que Marcão (Marcos Regino de Souza Silva) está chegando.
Matheus conta que roubou a caminhonete na Avenida Bela Vista e reclama do comparsa
(Evandson Caetano Campos Madureira) que “tem que ir na pressão”. Maiko diz que não
está tendo piloto (quem dirige o veículo roubado) e que só tem ele (Evandson) e o Marcão
(Marcos Regino de Souza Silva). Matheus fala para Maiko que conhece dois “pilotos” que
sabem roubar e que inclusive já desceram lá (levaram veículos roubados para o Paraguai).
Conversam sobre a caminhonete roubada e Matheus diz que vai mandar fotos.” (índice
38844595 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 –
10:02:53). MAIKO JORGE ainda liga para EVANDSON perguntando o local que ele

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

guardou a camionete, ocasião em que EVANDSON se mostra recesso, pois conhecia duas
mulheres que estavam com a vítima dentro do veículo subtraído, as quais moravam perto de
sua residência, inclusive frequentavam a mesma igreja: “(...) Maiko pergunta se Evandson
colocou ela (caminhonete roubada) em um local de boa (tranquilo). Evandson diz que sim
e que lá estava cheio de carro e colocou atrás de um Ford/Focus. Evandson diz que
Matheus foi lá também e disse que (a caminhonete) não está lá, mas mesmo assim vão lá para
garantir. Maiko diz que Matheus não deve saber o lugar, pois ele mesmo falou que não sabia.
Evandson diz que vai lá para garantir. Maiko fala para irem lá e já ver o chinelo (placa)
para saber se ela é diesel, flex... Maiko pergunta se Evandson viu a primeira letra da chinela
(placa). Evandson diz que não, mas que a caminhonete é 2010 ou 2011. Evandson diz que
quando pegou ela (roubou a caminhonete), já saiu pela BR e depois entrou no Atheneu, mas
ai apitou o sinal da gasolina. Evandson diz que a mulher já estava andando com ela na
reserva. Maiko pergunta se era uma mulher. Evandson diz que era um monte de mulher.
Evandson explica que eles enquadraram (abordaram) e acharam que era só ela (a
condutora), mas aí a mulher gritou “desce dela que eles vão levar”. Evandson diz que aí
desceram mais duas mulheres da caminhonete e que elas moram na rua de cima da casa
dele e frequentam a mesma igreja. Evandson fala que está com receio da menina ter lhe
reconhecido e levar a polícia na casa dele. Maiko pergunta se quem enquadrou foi o outro.
Evandson diz que foi o Matheus quem enquadrou (abordou). (...)” (índice 38844745 –
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos x Evandson
Caetano Campos (Vandinho) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:28:35).

Por fim, MATHEUS VIEIRA avisa a MAIKO


JORGE que o veículo subtraído não está mais no local, tendo sido, portanto, recuperado,
informação confirmada por EVANDSON: “(...) Matheus fala que passou lá e não viu ela (a
caminhonete). Maiko fala que os caras já pegaram o Evandson e vão passar no local certo.
Evandson fala que vão passar lá para garantir. Matheus reclama que Evandson deixou a
caminhonete assim que entrou na reserva e que dava para rodar muito ainda. Maiko justifica
que as vítimas eram conhecidas do Evandson e por isso que ele abandonou a caminhonete.
Evandson e Matheus discutem. Maiko manda eles pararem de brigar e afirma que se a
caminhonete não estiver mais lá eles arrumam (roubam) outra. Evandson afirma que
realmente a caminhonete foi recuperada.” (índice 38844745 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca) x Marcos Regino de Souza Santos x Evandson Caetano Campos
(Vandinho) x Matheus Vieira Lira, 11/01/2017 – 10:28:35).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima, que afirmou ter sido abordada por um

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

assaltante, reconhecido como MATHEUS VIEIRA, o qual estava armado. Não é empecilho
para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido
apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial,
poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o
crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC
183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou
suficientemente demonstrado nos autos, conforme evidenciado pela vítima, a qual disse que
foi abordada por MATHEUS VIEIRA, enquanto EVANDSON aguardava do lado de fora,
condutas que foram gravadas pela câmera de segurança instalada no local, enquanto que as
interceptações telefônicas revelaram que MAIKO JORGE foi o mandante do crime,
comandando as condutas dos demais comparsas. Os comportamentos acima descritos revelam
o entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma
finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto,
justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi
submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.21) Vítima Douglas Candido da Silva

Diz a denúncia que no dia 11 de janeiro de 2017, na Rua


Laguna, Jardim Novo Mundo, nesta Capital, foi subtraído, mediante grave ameaça com o uso
de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo VW/Kombi, cor branca, placas OGJ- 5465,
fato imputado aos acusados EDUARDO LIMA, junto com um indivíduo não identificado, e
WALISSON, que atuou como mandante do crime.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 1.067/1.073, especificadamente pelos índices nºs 38844836,
38845115, 38846101, 38846570, 38846645, 38846662, 38846740, 38846748, 38846790,
38846899 e 38847040, da interceptação, em que o acusado WALISSON conversa com
EDUARDO LIMA, este informando que estava na posse de uma VW/Kombi, ressaltando,
entretanto, que é mais nova que a encomendada. Posteriormente, WALISSON falou para
EDUARDO LIMA não mexer no veículo que depois eles dividiriam as mercadorias que
estavam em seu interior. Eles ainda conversaram acerca da localização do veículo e sobre
quem irá buscá-lo. Também contribui para a materialização do crime a localização da ERB,
que evidencia que EDUARDO LIMA estava nas proximidades do local do roubo; e RAI nº
2158726 (fls. 1.074/1.076).

Interrogados judicialmente, os acusados EDUARDO


LIMA (fls. 2.737/2.739) e WALISSON (fls. 2.755/2.758) negaram a imputação.

Não obstante a negativa de autoria, a responsabilidade


criminal dos acusados restou cabalmente demonstrada pelas interceptações telefônicas e pelo
depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), senão
vejamos:

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls.

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9ª Vara Criminal

1.067/1.073) demonstra claramente a autoria delitiva com relação aos acusados EDUARDO
LIMA e WALISSON: “Eduardo avisa Walisson que roubou uma Kombi* mais nova do que
a que foi encomendada. Eduardo fala que é ano 2001/2002 e que o veículo está cheio de
coisas. Walisson diz que vai telefonar para alguém separar o dinheiro e pede para Eduardo
“arrumar” outro veículo para eles trabalharem (desmancharem e venderem as peças).”
(índice 38844836 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos,
11/01/2017 – 10:45:31); “Eduardo fala para Walisson pegar logo aquele “trem” (Kombi
roubada)*. Walisson diz que agora não. Eduardo pergunta que horas, porque precisa avisar
o menino que vai levar (a Kombi roubada). Walisson diz que é mais tarde um pouquinho, por
volta das 16 horas. Walisson fala para Eduardo não mexer dentro (do veículo), que eles
combinam depois (dividem as mercadorias que estão dentro). Eduardo diz que tem muita
coisa dentro (do veículo). Walisson pergunta se é de supermercado. Eduardo diz que acredita
que seja de supermercado. Walisson diz que interessa nas mercadorias.” (índice 38845115 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 –
11:33:14); “Walisson pergunta sobre a “namorada” (Kombi roubado). Eduardo responde
que ela está no mesmo lugar. Walisson pergunta se Eduardo foi ao local. Eduardo diz que foi
há algum tempo, mas confirma que o veículo está no mesmo lugar. Walisson diz que está
contando com este veículo. Eduardo faz contas sobre valores que tem para receber de
Walisson, alegando que quer R$ 1.000,00 e os outros R$ 2.000,00 podem ser descontados.
Eduardo diz que assim sendo, R$ 6.000,00 estariam quitados. Eduardo diz ainda que tem
coisas dentro do carro (Kombi) e que podem conversar sobre isso posteriormente, para
abater na dívida. Walisson pede para Eduardo levar o carro até o setor BV (Buena Vista),
onde estava a VW/Saveiro, a fim de descarregarem as comrpas e somente depois levam para
a oficina. Walisson diz que ai já trocam o “chinelo” (placa) dela. Eduardo combina de
encontrarem no clube do Mané às 16:00 horas e a entrega do dinheiro para o mesmo dia
mais tarde. Eduardo pede para Walisson levar as “castanhas” (munições). Walisson diz que
cada uma custou R$ 10,00, sendo que são 15 munições. Eduardo diz que vai abater a
munição nas mercadorias que estão na Kombi.” (índice 38846101 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 14:32:16); “Eduardo fala para
Walisson que “os meninos” estão indo buscar a Kombi* e que quando estiverem com o
veículo vai avisar. Walisson pede para Eduardo o número de telefone dos “meninos”, pois
assim poderá falar com eles durante o trajeto. Eduardo pede para Walisson não conversar
sobre preço com os “meninos”. (índice 38846570 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão)
x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 15:50:08); “HNI fala para Walisson que está na
BR e já estão com a Kombi*. Walisson diz que já está a caminho e vai encontrá-lo em frente
a um determinado clube (Clube do Mané).” (índice 38846645 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 16:04:42); “Eduardo pergunta
se Walisson vai mandar o “rio” (dinheiro) com o menino (que vai entregar o veículo).
Walisson diz que Eduardo vai ter que pegar mais tarde. Eduardo diz que o menino que está
indo está doido por este dinheiro. Walisson pergunta se está indo só um menino ou dois.
Eduardo diz que estão indo dois meninos, o que está dirigindo e o que vai buscar o que está
dirigindo. Walisson diz que não queria que o menino fosse lá no local. Eduardo diz que os
dois meninos são de confiança. Walisson diz que é para não “embaçar” (tumultuar e
levantar suspeitas) lá na porta. (…) Eduardo diz que pode ser e que quando for lá já
combinam como ficará as mercadorias (que estão dentro da Kombi). Eduardo diz para

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9ª Vara Criminal

Walisson não falar em mercadoria para os meninos não, que as mercadorias Eduardo vai
pegar tudo para ele. Walisson diz que não vai falar, que vai chegar lá e mandar os meninos
irem embora, que nem vai descer as mercadorias naquela hora. (...)” (índice 38846662 –
Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 –
16:09:01); “Walisson fala para Eduardo que está na BR indo encontrar os “meninos”.
Eduardo diz que eles estão em um VW/Golf de cor prata antigo e em uma Kombi*, sendo que
está última está na frente. Walisson conta para Eduardo que vai telefonar para o “menino” e
pedir que ele não pare na porta do local quando chegar, para posteriormente pegar o
“menino”. (índice 38846740 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos
Santos, 11/01/2017 – 16:24:25); “Walisson fala para HNI que está esperando por ele
próximo a um depósito chamado Rede da Construção, próximo a “aquele clube” (Clube do
Mané). Walisson pede para HNI passar direto e não parar em frente ao local quando o outro
menino entrar com o veículo. Walisson esclarece que a cautela se da para que não chamem a
atenção.” (índice 38846748 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos
Santos, 11/01/2017 – 16:25:45); “Walisson pergunta para HNI se é ele quem está trazendo a
“namorada” (veículo roubado). Walisson explica para HNI o local exato onde estará
esperando por ele, qual seja: na calçada da Rede da Construção, próximo ao Clube do Mané.
Walisson diz que vai dar um sinal para que seja seguido. HNI pergunta sobre o dinheiro.
Walisson responde que vai ter somente mais tarde, por volta das 18:00 horas. Walisson avisa
que quando chegarem ao destino final, vai abrir o portão para HNI entrar com o veículo e
pede para que o “batedor” (pessoa que escolta o veículo roubado) passar direto e parar
mais a frente, a fim de não chamar atenção.” (índice 38846790 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 16:34:58); “Walisson fala para
Eduardo que o menino que foi entregar o carro quer receber o dinheiro, mas haviam
combinando que a quantia seria entregue mais tarde. Walisson diz ainda que dentro do carro
(Kombi*) só tem caixas vazias. Eduardo pede para falar com o menino que entregou o carro
(Walisson entrega o telefone para HNI) Eduardo manda HNI ir embora do local e fala que o
dinheiro será entregue mais tarde, conforme combinado. Eduardo fala para HNI pegar as 15
munições com Walisson.” (índice 38846899 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x
Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 16:51:17); “Eduardo pergunta se Walisson “soltou”
os meninos (mandou ir embora). Walisson diz que “soltou” (liberou) e que eles ficaram
bravos porque queriam receber o dinheiro. Eduardo diz que eles ficaram bravos porque
daquele outra (caminhonete roubada), não deu nada (nenhum dinheiro) para eles. Walisson
diz que os meninos perguntaram quanto iriam receber. Walisson diz que falou que era R$
2.000,00, mas eles argumentaram que Eduardo tinha dito que era R$ 3.000,00 para cada.
Walisson diz que falou para os meninos que então o problema era do Eduardo, porque havia
combinado R$ 2.000,00. Walisson fala que vai esperar o menino levar o dinheiro e entra em
contato com Eduardo. Walisson pergunta se Eduardo vai querer abater os R$ 2.000,00 do
carro. Eduardo diz que sim, que Walisson tem que passar só R$ 1.000,00 para ele. Walisson
diz que chegando o dinheiro entra em contato com Eduardo. Eduardo pergunta quanto ele
vai ficar devendo do carro. Walisson diz que vai dever R$2.000,00. Walisson comenta que no
veículo não tinha nada, era caixa de plástico de banana vazia. Eduardo diz que está
querendo quitar o carro e pede Walisson para avisar o cara que só falta R$2.000,00.
Eduardo pergunta se Walisson mandou os “negócios” (munição). Walisson diz que sim.
Walisson pede Eduardo para arrumar “uns trem” (veículos roubados) para trabalhar.

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Eduardo conta que pegou uma ontem, mas não “cantou” (foi recuperada porque tinha
rastreador). Eduardo diz que até pegou (roubou) alguns carro, mas como não deu certo e
foram recuperados, acabou pegando (roubando) a Kombi que Walisson havia
encomendado.” (índice 38847040 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo
Lima dos Santos, 11/01/2017 – 17:14:34); “Walisson pede para Eduardo buscar a quantia de
R$ 1.000,00. Eduardo fala que vai pedir alguém para pegar o dinheiro e pergunta onde
Walisson vai estar a noite. Walisson responde que no setor BV (Buena Vista).” (índice
38847097 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos,
11/01/2017 – 17:26:54).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que os
acusados EDUARDO LIMA, junto com outro indivíduo não identificado, e WALISSON,
mandante do crime, mediante grave ameaça, agiram imbuídos do intuito de subtrair o veículo
VW/Kombi, cor branca, placas OGJ- 5465, da vítima Douglas Candido da Silva.

Portanto, não prospera a negativa de autoria apresentada


pelos acusados, visto que a responsabilidade criminal restou plenamente configurada,
sobretudo, por meio do relatório das interceptações telefônicas, evidenciando que
WALISSON foi o mandante do crime, enquanto EDUARDO LIMA atuou na abordagem,
junto com outro indivíduo não identificado. Portanto, não há dúvida quanto a efetiva
participação, como mandante do crime, do acusado WALISSON, bem assim, de EDUARDO
LIMA como executor direto do roubo. Veja que logo após a prática da subtração do veículo,
EDUARDO LIMA liga para WALISSON afirmando que roubou uma Kombi mais nova que
a encomendada, confirmando, assim, que o primeiro atuou na abordagem, enquanto o
segundo foi o mandante do crime, visto ter encomendado o veículo. Ainda nesta ligação,
WALISSON afirmou que como o veículo é novo vai vendê-lo, encomendando outra Kombi
para que eles possam trabalhar, ou seja, desmanchar e revender as peças: “Eduardo avisa
Walisson que roubou uma Kombi* mais nova do que a que foi encomendada. Eduardo fala
que é ano 2001/2002 e que o veículo está cheio de coisas. Walisson diz que vai telefonar
para alguém separar o dinheiro e pede para Eduardo “arrumar” outro veículo para eles
trabalharem (desmancharem e venderem as peças).” (índice 38844836 – Walisson
Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Eduardo Lima dos Santos, 11/01/2017 – 10:45:31). Ainda,
conforme transcrições, EDUARDO LIMA e WALISSON mantiveram contato diversas
vezes nesse mesmo dia, combinando quanto cada um receberia pelo veículo, bem assim,
acerca da divisão da mercadoria que estaria no interior do veículo e, por fim, sobre o local
onde o veículo deveria ser guardado. Os acusados, segundo as interceptações, ainda
conversaram sobre a troca das placas do veículo e sobre a compra de munições.
Presentes, portanto, todos os elementos do crime de
roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição aduzida pelas defesas.

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9ª Vara Criminal

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pelas interceptações telefônicas, tendo o acusado
EDUARDO LIMA encomendado a WALISSON quinze munições, bem assim, pela vítima
(fls. 1.077), a qual disse, extrajudicialmente, ter sido abordada por dois indivíduos, um deles
armado. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a
arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a
apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com
referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente
teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos, conforme evidenciado pelas
interceptações telefônicas, as quais confirmaram a participação de EDUARDO LIMA como
sendo um dos executores direto do roubo, enquanto o acusado WALISSON atuou como
mandante do crime, participando ativamente do planejamento, ao determinar qual veículo
deveria ser subtraído, bem assim, determinando o destino do veículo, além de participar da
divisão do produto do crime, inclusive da mercadoria que julgava estivesse no veículo. Os
comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que
toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma
determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do
maior risco a que a vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela
atuação conjunta dos agentes.

2.22) Vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva

Narra a exordial acusatória que no dia 19 de janeiro de


2017, na Praça Comercial, Vila Redenção, nesta Capital, foi subtraído, mediante grave
ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo Toyota/Corolla, cor
cinza, placas NRN-2657, fato imputado aos acusados GENIVAL, que abordou a vítima junto
com o adolescente Marcos Regino de Souza Santos e uma mulher não identificada, e JEOVÁ,
que permaneceu no veículo de apoio, dando cobertura.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 1.078/1.083, especificadamente pelo índice nº 38904628, da
interceptação, em que o acusado JEOVÁ conversa com o adolescente Marcos Regino, este
pedindo para que JEOVÁ voltasse para buscá-lo, pois os outros comparsas já tinham saído na
direção do veículo Toyota/Corolla, ocasião em que perguntou aonde guardaram o veículo.
Também evidencia a ocorrência do crime, as conversas entre GENIVAL e o adolescente
Marcos Regino, conforme índices nºs 38904679, 38904772 e 37420941, da interceptação,
bem assim, a localização da ERB, demonstrando que o adolescente Marcos Regino estava nas
proximidades do local do roubo e, posteriormente, seguiu para a residência de GENIVAL; e
o RAI nº 2213754 (fls. 1.084/1.086).

Interrogados, judicialmente, os acusados JEOVÁ (fls.


2.771/2.773) e GENIVAL (fls. 2.774/2.776) negaram a imputação.

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9ª Vara Criminal

A vítima Divina Lúcia Rodrigues da Silva (declarações


gravadas em mídia às fls. 2503/2511) declarou que foi subtraído seu veículo Toyota/Corolla,
por volta das 18h, sendo que foi abordada por três pessoas, sendo dois rapazes e uma mulher.
Na ocasião disse que estava na rua com o porta-malas do carro aberto, mostrando cosméticos
para suas clientes, quando os assaltantes chegaram, ao que um deles deu voz de assalto, um
sujeito bem franzino, aparentando ser menor de idade, que anunciou o assalto por duas vezes,
mas como não percebeu, ele anunciou o assalto pela terceira vez, desta feita, mostrando-lhe
uma arma de fogo e determinando a entrega da chave do veículo. Declarou que na ocasião
também foi subtraído o celular de sua amiga. Afirmou que os outros dois assaltantes, um
homem e uma mulher, ficaram próximos, sendo que após se apossarem da chave, os três
adentraram o veículo e evadiram. Disse que conseguiu retirar sua bolsa de dentro do veículo,
mas que a mercadoria que estava no interior do veículo, cosméticos e semijoias, não foram
recuperados, apesar da localização do veículo, na cidade de Anápolis, três dias após o roubo,
ocasião em que seu carro estava sendo utilizado em outro crime. Afirmou não reconhecer
GENIVAL como sendo um dos autores do fato, descartando, ainda, a participação do
acusado JEOVÁ, depois de visualizar as fotografias dos acusados juntadas aos autos.

Não obstante a negativa de autoria por parte dos


acusados e a ausência de reconhecimento pela vítima, as demais provas carreadas aos autos
são suficientes para embasar a condenação dos acusados GENIVAL e JEOVÁ,
especificamente o Relatório de Interceptação Telefônica (fls. 1.078/1.083) e o depoimento do
Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511). Com efeito, as
interceptações em questão comprovaram, a autoria delitiva em relação aos acusados JEOVÁ
e GENIVAL: “Marcos pede para Jeová voltar para buscá-lo. Jeová pergunta onde Marcos
está e fala que não o viu. Marcos fala que está na quadra e manda Jeová voltar e pegá-lo.
Jeová fala que está voltando. Marcos fala que os meninos já saíram. Jeová pergunta onde
Marcos mandou os meninos colocarem (o veículo roubado nesse momento). Marcos não
especifica o local.” (índice 38904628 – Marcos Regino de Souza Santos x Jeová José da
Silva, 19/01/2017 – 18:56:15); “Marcos pergunta onde Genival está. Genival responde que
está perto de casa e fala para Marcos ir para lá. Marcos fala para Genival que tem que
apresentar tudo (exibir todos os objetos roubados). Genival fala que está com dois celulares
e outras coisas (roubadas).” (índice 38904679 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival
da Silva Ferraz, 19/01/2017 – 19:03:21); “Marcos pede dinheiro para Genival para colocar
combustível no carro, pois precisa deixar a menina em casa. Marcos fala que já deu
vermelho já (foi registrada a ocorrência de roubo do veículo). Genival fala que está com o
carro (roubado) e vai deixá-lo dentro da casa dele. Marcos reitera que precisa de dinheiro
para abastecer e deixar a menina em casa. Genival fala para Marcos pegar com a irmã
dele.” (índice 37420941 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival da Silva Ferraz,
19/01/2017 – 20:54:52).

Conforme se denota das transcrições acima, constantes


do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que os
acusados JEOVÁ, este participando com o veículo de apoio, e GENIVAL, junto com o

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9ª Vara Criminal

adolescente Marcos Regino de Souza Santos e uma mulher, estes três na execução do crime,
mediante grave ameaça, agiram imbuídos do intuito de subtrair o veículo Toyota/Corolla, cor
cinza, placas NRN-2657, da vítima Divina Lúcia Rodrigues da Silva.

Segundo as interceptações, o primeiro registro de ligação


ocorreu logo após o roubo, ocasião em que o adolescente Marcos Regino liga para JEOVÁ
solicitando que ele voltasse para buscá-lo, ao que conversaram ainda sobre o local onde o
veículo seria guardado: “Marcos pede para Jeová voltar para buscá-lo. Jeová pergunta
onde Marcos está e fala que não o viu. Marcos fala que está na quadra e manda Jeová
voltar e pegá-lo. Jeová fala que está voltando. Marcos fala que os meninos já saíram. Jeová
pergunta onde Marcos mandou os meninos colocarem (o veículo roubado nesse momento).
Marcos não especifica o local.” (índice 38904628 – Marcos Regino de Souza Santos x Jeová
José da Silva, 19/01/2017 – 18:56:15). Logo na sequência o adolescente Marcos Regino liga
para GENIVAL perguntando onde ele está, e ainda o avisa que deverá apresentar todos os
objetos subtraídos, visto que no crime contra a vítima Geraldo Simeão da Silva, ocorrido no
dia 11 de janeiro de 2017, referente ao roubo do veículo Fiat/Toro, Freedom AT, placas
PQW-6856 (Crime 2.19), GENIVAL não apresentou a arma de fogo que estava dentro do
veículo subtraído: “Marcos pergunta onde Genival está. Genival responde que está perto de
casa e fala para Marcos ir para lá. Marcos fala para Genival que tem que apresentar tudo
(exibir todos os objetos roubados). Genival fala que está com dois celulares e outras coisas
(roubadas).” (índice 38904679 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival da Silva Ferraz,
19/01/2017 – 19:03:21). Por fim, em outra ligação, aproximadamente duas horas após o
roubo, Marcos Regino liga para GENIVAL pedindo dinheiro para abastecer o veículo,
alegando que precisa levar a “menina” em casa, fazendo crer que se trata da mulher que
também participou da abordagem, a quem a vítima se referiu: “Marcos pede dinheiro para
Genival para colocar combustível no carro, pois precisa deixar a menina em casa. Marcos
fala que já deu vermelho já (foi registrada a ocorrência de roubo do veículo). Genival fala
que está com o carro (roubado) e vai deixá-lo dentro da casa dele. Marcos reitera que
precisa de dinheiro para abastecer e deixar a menina em casa. Genival fala para Marcos
pegar com a irmã dele.” (índice 37420941 – Marcos Regino de Souza Santos x Genival da
Silva Ferraz, 19/01/2017 – 20:54:52).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição pretendida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pela vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva (mídia
às fls. 2.503/2.511), a qual afirmou que um sujeito bem franzino, aparentando ser menor de
idade, anunciou o assalto por duas vezes, mas como não percebeu, ele anunciou o assalto pela
terceira vez, desta feita mostrando-lhe uma arma de fogo. Não é empecilho para o

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida
e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a
estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de
modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP,
do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente
demonstrado nos autos através das declarações judiciais da vítima, a qual afirmou que foi
abordada por três pessoas, sendo dois rapazes e uma mulher. Ademais, segundo comprovado
pelas interceptações telefônicas, um dos indivíduos que atuou na abordagem foi o acusado
GENIVAL, junto com o adolescente Marcos Regino, evidenciando também que o acusado
JEOVÁ estava na direção do veículo de apoio, inclusive voltando para buscar seu comparsa,
o menor Marcos Regino. Os comportamentos acima descritos revelam o entrosamento entre
os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se
responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no
crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida, como, também, devido à
facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

2.23) Vítima Allanio Ferreira Garcia

Diz a denúncia que os acusados WALISSON e


IVANILDO receptaram o veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, roubado no dia 24 de
janeiro de 2017, na Avenida Bela Vista, Qd. 27, Lt. 13, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-
GO, fato praticado por dois indivíduos não identificados, os quais agiram mediante grave
ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas. No dia seguinte após o roubo, a
camionete foi apreendida numa oficina mecânica por policiais militares, tendo o denunciado
IVANILDO informado ao denunciado WALISSON sobre a presença de policiais no local,
bem assim que tinha logrado êxito em empreender fuga.

A materialidade do crime de receptação restou


evidenciada pelo Relatório policial de fls. 1.090/1.097, especificadamente pelos índices nºs
38936919, 38937339, 38937360 e 38938043, da interceptação, em que o acusado
IVANILDO conversa com WALISSON, informando que a polícia chegou na oficina e que
chegou a persegui-lo, mas que conseguiu empreender fuga, bem assim, pela localização da
ERB que evidencia que IVANILDO estava nas proximidades da oficina; RAI nº 2243114
(fls. 1.098/1.100), evidenciando o roubo do veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, no dia
24 de janeiro de 2017, na Avenida Bela Vista, Qd. 27, Lt. 13, Vila Brasília, Aparecida de
Goiânia-GO; RAI nº 2248365 (fls. 1.113/1.116), referente à localização do veículo roubado; e
auto de prisão em flagrante (fls. 1.117).

Interrogados judicialmente, os acusados WALISSON


(fls. 2.755/2.758) e IVANILDO (interrogatório gravado em mídia às fls. 2.677/2.682)
negaram a imputação.

A vítima Allanio Ferreira Garcia (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.503/2.511) declarou que o seu veículo Ford Ranger foi roubado em janeiro
de 2017, em Goiânia, mas que não presenciou o crime, já que o fato ocorreu enquanto o

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

veículo estava em um Lava-jato. Informou que o veículo foi localizado, às 23h, no Jardim
Elvécia, não sabendo informar o nome do responsável pelo galpão, onde o veículo foi
encontrado.

A testemunha Jaqueline Menezes da Silva Militão


(depoimento gravada em mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que trabalha no lava-jato e que foi
deixada uma camionete pelo Cristiano, funcionário da vítima, proprietário da camionete.
Relatou que chegaram duas pessoas armadas, deram voz de assalto e subtraíram a camionete,
afirmou que não reconhece nenhum dos acusados como sendo os autores do roubo.

A testemunha Kennedy Araújo Guimarães (depoimento


gravada em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que trabalha no lava-jato e a vítima Allanio
deixou o seu veículo para lavar. Afirmou que estava presente no momento do roubo, sendo
que foi o primeiro a ser abordado por dois indivíduos, que estavam armados. Disse que foi na
delegacia e não teve como reconhecer ninguém, pois os assaltantes mandaram abaixar a
cabeça, bem assim, que não sabe dizer se a camionete foi localizada depois.

Não obstante a negativa de autoria, as provas dos autos


são suficientes para embasar a condenação em desfavor dos acusados WALISSON e
IVANILDO, senão vejamos:

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


1.090/1.097) demonstra, claramente, a autoria delitiva com relação aos acusados
WALISSON e IVANILDO: “Ivanildo fala que está tentando ligar desde cedo e Walisson
não atende. Walisson pergunta o que houve. Ivanildo fala que deu errado lá. Ivanildo fala
que quando chegou (na oficina), percebeu que o portão estava quebrado. Ivanildo fala que
imediatamente montou na moto, mas ai policiais já apontaram a pistola para ele e o
abordaram. Ivanildo disse que conseguiu fugir e está na casa da menina. Ivanildo fala que
eles (os policiais) estão lá dentro (da oficina) e a viatura preta na porta. Walisson pergunta
se é o preto. Ivanildo diz que é a ROTAM.” (índice 38936919 – Ivanildo de Morais Pessoa x
Walisson Rodrigues de Oliveira, 25/01/2017 – 08:07:04); “Ivanildo conta para Walisson que
ao chegar na oficina (onde funciona o desmanche) foi surpreendido pela polícia que já estava
no local e o abordou. Ivanildo conta ainda que conseguiu fugir e está escondido na casa de
uma garota (provavelmente esposa do Thiago).” (índice 38936928 – Ivanildo de Morais
Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira, 25/01/2017 – 08:09:30); “Ivanildo pergunta para
MNI por Thiago e essa responde que ele não está, que deve ter ido para o outro carinha.
Ivanildo pergunta se MNI e Thiago passaram na porta da oficina novamente. MNI conta que
“o negócio deu água” (a polícia esteve no local) e que o proprietário do local onde funciona
a oficina ligou para Thiago dizendo que havia batido o carro, mas ao passarem pela oficina
viram um veículo preto com uma pessoa no interior, bem assim o portão estava aberto,
todavia não viram viaturas policiais. Ivanildo diz que tal carro era um VW/Gol, modelo G5,
de cor preta e que dito veículo foi o mesmo “que correu atrás dele”. Ivanildo diz que está no
lava jato de um amigo lavando a moto que ele tem para vender, porque estava contando com
dinheiro do desmanche do veículo que acabara de ser recuperado. MNI diz que também
estava contando com este dinheiro.” (índice 38937339 – Ivanildo de Morais Pessoa x MNI,

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9ª Vara Criminal

25/01/2017 – 09:22:41); “Ivanildo fala que passou na porta da oficina e viu um VW/Fox, cor
preta, e que é o mesmo carro em que estavam os policiais. Ivanildo fala que foi perseguido
por algum tempo, mas conseguiu despistar os policiais. Walisson fala para Ivanildo ficar
esperto, pois os policiais podem ter anotado a placa da moto dele. Ivanildo fala que vai
vender a moto.” (índice 38937360 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues de
Oliveira, 25/01/2017 – 09:25:06); “Diego conta para Daniela que o “trem” (caminhonete
roubada pelos ladrões de Walisson) foi recuperada esta noite. Daniela pergunta se era do
Gordão (Walisson Rodrigues de Oliveira). Diego diz que sim, mas que a polícia não pegou
ninguém. Diego conta que eles colocaram o veículo para dormir (aguardar para verificar se
tem rastreador) para no outro dia trabalhar (desmanchar o veículo). Daniela pergunta se
acharam. Diego diz que passaram no outro dia cedo lá no buraco (local onde deixam
aguardando para verificar se tem rastreador) e estava estourado (arrombado) cheio de gente
lá dentro. Diego conta que com isso os caras perderam o lugar, as ferramentas, perderam
tudo. Daniela pergunta da casa, se o dono não vai contar para quem aluga. Diego reitera
falando que perderam tudo, e conta que quem aluga não deixa documento nestes locais.
Daniela diz que a policia vai atrás para saber quem é dono. Diego conta que nenhum dos
meninos colocam a cara (se identificam para alugar locais para atividades ilícitas). Diego
conta que os caras colocam um laranja para ir lá olhar o local e fechar o aluguel. Diego diz
que neste caso ninguém é dono. (...) Diego fala para Daniela que agora perdeu o emprego.
Daniela comenta que ele perdeu o emprego de hoje (referente ao carregamento do veículo
roubado). Diego diz que perdeu o emprego de “puxar esses trem” (carregar veículos
roubados e desmanchados). Daniela pergunta se Walisson não vai mexer mais com isso
(desmanche de veículos roubados). Diego diz que vai, mas por enquanto, até as coisas
acalmarem, ele vai ficar sem serviço junto ao Walisson. Daniela pergunta se Walisson e a
turma dele vão dar um tempo. Diego diz que sim. Daniela pergunta se a policia estava
investigando eles. Diego diz que acredita que foi o rastreador do veículo que entregou eles.
(...).” (índice 38938043 – Diego Hendrigo Lopes de Souza Gouveia X Daniela Sousa Pimenta
(esposa), 25/01/2017 – 11:02:38). “Ivanildo diz que está em Aparecida de Goiânia e não sabe
se vai embora hoje, pois teve um problema. Ivanildo explica que guardaram uma
caminhonete roubada lá (na oficina), mas ela era rastreada e a polícia foi lá.” (índice
38941472 – Ivanildo de Morais Pessoa x MNI, 25/01/2017 – 17:37:54).

Conforme evidenciado acima, a instrução processual


logrou êxito em confirmar as condutas atribuídas aos acusados WALISSON e IVANILDO,
constantes do relatório das interceptações telefônicas e do depoimento do Delegado de Polícia
Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), demonstrando que ambos receberam o
veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, cientes da sua origem ilícita, visto ser produto de
roubo, ocorrido no dia 24 de janeiro de 2017, na Avenida Bela Vista, Qd. 27, Lt. 13, Vila
Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, fato praticado por dois indivíduos não identificados.

A interceptação telefônica permite a conclusão de que


WALISSON recebeu o veículo, possivelmente dos assaltantes, no mesmo dia do roubo, tendo
o repassado a IVANILDO também no mesmo dia, ou seja, 24/01/2017, que o recebeu em sua
oficina, local onde os veículos subtraídos eram desmanchados. Veja que a polícia localizou o
veículo subtraído no dia seguinte (25/01/2017), logo pela manhã, na oficina de IVANILDO,

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acompanhando o sinal do rastreador. A porta da oficina foi arrombada pela polícia,


oportunidade em que IVANILDO, percebendo a ação policial, conseguiu empreender fuga,
apesar de ter sido perseguido, tudo conforme evidenciado pelas interceptações telefônicas
entre WALISSON e IVANILDO: “Ivanildo fala que está tentando ligar desde cedo e
Walisson não atende. Walisson pergunta o que houve. Ivanildo fala que deu errado lá.
Ivanildo fala que quando chegou (na oficina), percebeu que o portão estava quebrado.
Ivanildo fala que imediatamente montou na moto, mas ai policiais já apontaram a pistola
para ele e o abordaram. Ivanildo disse que conseguiu fugir e está na casa da menina.
Ivanildo fala que eles (os policiais) estão lá dentro (da oficina) e a viatura preta na porta.
Walisson pergunta se é o preto. Ivanildo diz que é a ROTAM.” (índice 38936919 – Ivanildo
de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira, 25/01/2017 – 08:07:04); “Ivanildo
conta para Walisson que ao chegar na oficina (onde funciona o desmanche) foi
surpreendido pela polícia que já estava no local e o abordou. Ivanildo conta ainda que
conseguiu fugir e está escondido na casa de uma garota (provavelmente esposa do
Thiago).” (índice 38936928 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson Rodrigues de Oliveira,
25/01/2017 – 08:09:30); “Ivanildo fala que passou na porta da oficina e viu um VW/Fox,
cor preta, e que é o mesmo carro em que estavam os policiais. Ivanildo fala que foi
perseguido por algum tempo, mas conseguiu despistar os policiais. Walisson fala para
Ivanildo ficar esperto, pois os policiais podem ter anotado a placa da moto dele. Ivanildo
fala que vai vender a moto.” (índice 38937360 – Ivanildo de Morais Pessoa x Walisson
Rodrigues de Oliveira, 25/01/2017 – 09:25:06); “Ivanildo diz que está em Aparecida de
Goiânia e não sabe se vai embora hoje, pois teve um problema. Ivanildo explica que
guardaram uma caminhonete roubada lá (na oficina), mas ela era rastreada e a polícia foi
lá.” (índice 38941472 – Ivanildo de Morais Pessoa x MNI, 25/01/2017 – 17:37:54). Portanto,
todas as circunstâncias evidenciadas pela escuta telefônica, deixam claro que os dois acusados
receberam o veículo ciente de sua procedência ilícita. A fuga de IVANILDO revela, com
segurança, o seu conhecimento quanto à origem do veículo.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


receptação, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando plena ciência sobre a origem ilícita do veículo Ford/Ranger,
placas ONY-2504, no momento em que o receberam.

No caso específico de IVANILDO, a denúncia descreve


que ao receber o veículo, ele o fez no exercício de atividade comercial. Tal conclusão tem sua
lógica no contexto do fato. Afinal, IVANILDO era o proprietário da oficina e, nessa
condição, recebeu o veículo no intuito de desmanchá-lo, para que as suas peças fossem,
clandestinamente, comercializadas. É o que dá a entender o contexto das interceptações. Daí
não ser procedente o pleito desclassificatório da defesa.

2.24) Vítima Cézio Lopes de Siqueira

Narra a denúncia que no dia 08 de fevereiro de 2017, na


Rua Mossoró, Qd. 02, Lt. 22, Internacional Park, Aparecida de Goiânia-GO, foi subtraído,
mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo

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Toyota/Hilux, placas OGM-1360, fato praticado pelo adolescente Marcos Regino de Souza
Santos e outro indivíduo não identificado. Aduz, ainda, que o acusado JEOVÁ recebeu bens
subtraídos que estavam no interior do veículo, sabendo serem produtos de crime. A exordial
acusatória narra que referido crime de receptação, imputado ao acusado JEOVÁ, ocorreu em
continuidade delitiva com os crimes nºs 2.27 e 2.28, razão pela qual deixo para apreciá-lo
conjuntamente com os fatos descritos nas duas citadas séries.

2.25) Vítima Almério Marques Leão

Narra a denúncia que no dia 16 de fevereiro de 2017,


Rua Apiacas, Qd. 40, lt. 10, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, foi subtraído, mediante
grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo Kia/Optima, cor
prata, placas PQJ-7232, fato praticado pelo acusado EVANDSON.

A materialidade restou evidenciada pelo Relatório


policial de fls. 1.130/1.132; RAI nº 2410490 (fls. 1.133/1.135); termo de entrega (fls.
1.138/1.139) e documentos apreendidos no Auto de Busca e Apreensão, fls. 531/532 (item
19), evidenciando que o acusado Jeová estava na posse de documento e fotografia da vítima
Almério Marques Leão.

Interrogado judicialmente, o acusado EVANDSON (fls.


2.777/2.779) negou a imputação.

A vítima Almério Marques Leão (declarações gravadas


em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que estava na calçada, quando foi surpreendido por um
individuo com o rosto coberto, mas antes de cobrir o rosto foi possível visualizar o seu rosto.
Contou que seu veículo foi localizado em Campo Mourão-PR, bem assim, que na polícia
visualizou a fotografia do acusado EVANDSON e o reconheceu com 80% (oitenta por cento).
Ao visualizar novamente a fotografia do acusado, durante a audiência em juízo, a vítima
atestou, com absoluta certeza, o reconhecimento do acusado, apontando-o como autor do
crime. Disse que nas imagens das câmeras de segurança do local, foi identificado um veículo
Gol que deu suporte ao autor do crime. Afirmou que recuperou apenas a sua identidade e
umas fotografias, mas a polícia não informou onde foram localizadas e que ficou sabendo na
polícia que o acusado já estava preso. Relatou que o acusado habilitou três números de
telefone em seu nome, ao que foi na operadora para cancelar as linhas em seu nome.

Segundo o Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


1.130/1.132), a autoria delitiva imputada ao acusado EVANDSON restou suficientemente
comprovada: “NI diz que pegaram dois carros, um Cruze e um Corolla, mas o moleque que
estava no Cruze foi baleado. HNI pergunta se Maiko viu o moleque que foi baleado. Maiko
pergunta se é o "Vandinho" (Evandson Caetano Campos Madureira). HNI confirma. Maiko
diz que "Vandinho" era o mais "responsa" para ir no "corre" (melhor para praticar roubos).
HNI pergunta se era mesmo. Maiko confirma. HNI pergunta se o "Marcão" (Marcos Regino
de Souza Santos) também é (bom para praticar roubos). Maiko fala que "Marcão" é de boa.”
(índice 39261030 – Maiko Jorge Rodrigues Machado x HNI, 27/02/2017 – 10:22:29); “(...)

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Maiko fala que o único piloto que tinha era o cara (Evandson), mas ai ele foi trocar cavalo
(carro roubado) de lugar para os outros (e aí foi preso e baleado). Maiko diz que o cara mais
"responsa" era ele (Evandson Caetano Campos Madureira), pois todo dia ele buscava dois
(roubava dois carros) para Maiko. HNI fala que ainda orientou Evandson a não ir lá, mas ele
ainda assim foi. Maiko diz que Evandson foi baleado na perna, no braço e na cabeça. HNI
fala que ele ainda tá preso. (...).” (índice 39261089 –Maiko Jorge Rodrigues Machado x
HNI, 27/02/2017 – 10:26:31).

Conforme se denota das declarações da vítima e do


depoimento do Delegado de Polícia Fábio Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511) acima
transcritos, bem assim, de acordo com as interceptações telefônicas, a instrução processual
revelou claramente que EVANDSON agiu imbuído do intuito de subtrair coisa alheia móvel,
fato que foi narrado em juízo, de maneira clara e segura, pela vítima Almério Marques Leão
(mídia às fls. 2.677/2.682), a qual, com certeza absoluta, apontou EVANDSON como autor
do crime.

Nesse contexto, não restam dúvidas a respeito da autoria


do crime de roubo denunciado, bem assim, não procede a negativa de autoria sustentada pelo
acusado. Veja que os depoimentos mencionados, associados às demais provas circunstanciais,
inclusive as interceptações telefônicas, revelam que o acusado EVANDSON esteve na cena
do crime, subjugando a vítima de forma ameaçadora, de maneira a propiciar a subtração do
veículo pretendido, retratando, assim, o seu comportamento ativo, que tinha por objetivo o
assenhoreamento de coisa alheia móvel. Deste modo, deverá responder pelas penas do crime
de roubo. Observa-se que vítima foi convicta quanto ao reconhecimento, relatando de forma
detalhada a dinâmica do crime e procedendo ao reconhecimento do acusado, narrando,
inclusive, que o acusado chegou a habilitar três linhas telefônicas em seu nome, vez que
estava em posse dos seus documentos subtraídos junto com o veículo e encontrados na
residência de seu comparsa em outros crimes, Jeová, não sendo, entretanto, tal fato
denunciado. Veja que a narrativa apresentada extrajudicialmente pela vítima (fls. 1.136),
inclusive o reconhecimento de EVANDSON, são coincidentes e harmônicos. De igual forma,
o Delegado de Polícia narrou acerca das investigações e da participação do acusado no
esquema criminoso. Por fim, as interceptações telefônicas são indubitáveis ao demonstrar que
EVANDSON atuava no roubo de veículos, sendo considerado por Maiko Jorge como sendo
um bom assaltante, verbis: “Maiko diz que "Vandinho" era o mais "responsa" para ir no
"corre" (melhor para praticar roubos). HNI pergunta se era mesmo. Maiko confirma. HNI
pergunta se o "Marcão" (Marcos Regino de Souza Santos) também é (bom para praticar
roubos). Maiko fala que "Marcão" é de boa.” (índice 39261030 – Maiko Jorge Rodrigues
Machado x HNI, 27/02/2017 – 10:22:29). Ademais, conforme se observa no crime de nº 2.18,
o acusado também atuava no transporte de veículos para outros estados, daí a relevância da
informação de que o veículo foi localizado no estado do Paraná. O que se vê, portanto, é que a
autoria atribuída ao acusado EVANDSON se encontra delineada nos autos, através de provas
robustas.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que o acusado agiu com consciência e vontade de realizar a conduta

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criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisas alheias móveis, mediante


grave ameaça. Desta forma, a materialidade e a autoria delitiva, em relação ao crime de roubo,
encontram-se suficientemente comprovadas, dando azo à condenação do acusado
EVANDSON, razão pela qual não prospera a tese absolutória da defesa.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi evidenciado pelas interceptações telefônicas, já que os em todos
os crimes eram utilizados o instrumento visando intimidar as vítimas, fato confirmado pela
vítima extrajudicialmente (fls. 1.136), ao afirmar que o autor do crime portava uma pistola.
Não é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de
fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou
exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido
instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria
aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos através das declarações
judiciais da vítima, a qual afirmou que através das imagens de câmeras de segurança do local
foi identificado um veículo Gol que deu suporte ao autor do crime. Os comportamentos acima
descritos revelam o entrosamento entre o acusado e seu comparsa, evidenciando que toda a
ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma
determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do
maior risco a que a vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela
atuação conjunta dos agentes.

2.26) Vítima Gabriel dos Santos Andrade

Diz a denúncia que no dia 1º de março de 2017, na Rua


03, Qd. 06, Lt. 11, Vila São Joaquim, Aparecida de Goiânia-GO, MATHEUS VIEIRA
LIRA e JEOVÁ JOSÉ DA SILVA se aproximaram da vítima e anunciaram o assalto, no
intuito de subtrair o veículo GM/S10, cor branca, placas ONN-4567, sendo que MAIKO
JORGE RODRIGUES MACHADO permaneceu no veículo de apoio. Durante a
empreitada, a vítima, que é policial militar, sacou sua pistola, momento em que MATHEUS
e JEOVÁ também sacaram suas armas, tipo revólver, iniciando-se uma troca de tiros entre a
vítima e os denunciados. O denunciado MATHEUS acabou sendo atingido na perna o que fez
com que ele e JEOVÁ deixassem o local correndo, escondendo-se em um matagal. Diante da
reação da vítima, a camionete acabou não sendo roubada.

Analisando detidamente a denúncia, observo que a


definição jurídica do fato não está adequada à sua narrativa. Ao descrever o crime de roubo, a
denúncia não capitulou o tipo penal em desfavor do acusado JEOVÁ, apesar de descrever a
conduta a ela atribuída, verbis: “... 2.26) Vítima Gabriel dos Santos Andrade: No dia 01 de
março de 2017, por volta das 20h00min, a vítima Gabriel, acompanhada por seu primo
Leonardo Hittler Galdino da Silva, estacionou seu veículo GM/S10, cor branca, placas ONN-
4567, na Rua 03, Qd. 06, Lt. 11, Vila São Joaquim, Aparecida de Goiânia-GO. Na ocasião,
os denunciados Matheus Vieira Lira e Jeová José da Silva se aproximaram da vítima e

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9ª Vara Criminal

anunciaram o assalto. Enquanto Matheus e Jeová abordavam a vítima, o denunciado Maiko


Jorge Rodrigues Machado permaneceu no veículo de apoio. Imediatamente, a vítima, que é
soldado da polícia militar, sacou sua pistola, tendo os denunciados Matheus e Jeová também
sacado armas de fogo, tipo revólver. Nesse momento, houve troca de tiros entre a vítima e os
denunciados. A vítima conseguiu atingir a perna do denunciado Matheus e este,
acompanhado pelo denunciado Jeová, deixaram o local correndo, escondendo-se em um
matagal, e a camionete acabou não sendo roubada devido à ação da vítima.”. Portanto, a
narrativa da denúncia evidencia que JEOVÁ, supostamente, também tentou subtrair o veículo
GM/S10, cor branca, placas ONN-4567, pertencente à vítima Gabriel dos Santos Andrade.
Deste modo, feitas tais considerações e usando o permissivo do artigo 383, do Código de
Processo Penal, atribuo, também em relação ao denunciado JEOVÁ, a seguinte definição
jurídica do fato: artigo 157, § 2º, incisos I e II, c/c o artigo 14, inciso II, ambos do Código
Penal.

Passando ao mérito, verifico que a materialidade do


crime restou evidenciada pelo Relatório policial de fls. 1.140/1.144, especificadamente pelos
índices nºs 39287960 e 39288026, da interceptação, em que o acusado MATHEUS VIEIRA
conversou com MAIKO JORGE logo após a tentativa de roubo, afirmando que estava
escondido em um matagal, pois a vítima era policial, e a informação de que a mãe iria resgatá-
lo; e índices nºs 39288108 e 39288467, da interceptação, em que o acusado JEOVÁ
conversou com MAIKO JORGE pedindo resgate, informando que MATHEUS VIEIRA
estava com dificuldade para andar, ao que, posteriormente, entrou em contato telefônico com
sua esposa, relatando que MATHEUS VIEIRA levou um tiro na perna, conforme índice nº
39289653, da interceptação. Ainda, em contato telefônico de MATHEUS VIEIRA com
MAIKO JORGE, este afirmou que a arma de JEOVÁ falhou, enquanto que ele deu vários
tiros (índice 39289288, da interceptação), fato este também relatado pela autoridade policial,
visto ter um dos projéteis atingido o retrovisor da camionete. Ademais, a localização da ERB
evidencia que MATHEUS VIEIRA estava nas proximidades do local do crime; e prévia de
ocorrência (fls. 1.145/1.146).

Interrogados judicialmente, os acusados MATHEUS


VIEIRA (fls. 2.752/2.754), JEOVÁ (fls. 2.771/2.773) e MAIKO JORGE (fls. 2.762/2.764)
negaram a imputação.

A vítima Gabriel dos Santos Andrade (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.677/2.682) narrou que estava na porta da sua residência, lavando
as rodas da sua camionete, quando visualizou a aproximação de dois indivíduos. Nesse
momento, foi para trás do veículo, mas os assaltantes chegaram atirando, e, por ser policial,
revidou os disparos. Disse que os dois indivíduos estavam armados e que posteriormente o
delegado entrou em contato afirmando que, através das interceptações, soube que um dos
assaltantes havia sido atingido por disparo. Sustentou o reconhecimento do acusado
MATHEUS VIEIRA, ao visualizar fotografias aleatórias em Juízo, apontando-o, com certeza
absoluta, 100% (cem por cento), como sendo o indivíduo que o abordou. Afirmou, ainda, que
o outro indivíduo era moreno e baixo, e que foi reconhecido por seu primo, que também
estava no local, na pessoa do acusado JEOVÁ, como sendo o outro assaltante, que disparou a

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9ª Vara Criminal

arma de fogo e atingiu o retrovisor do seu veículo e a capota marítima. Afirmou que os
assaltantes correram para uma mata, mas não foram localizados pela polícia.

A testemunha Leonardo Hitler Galdino da Silva


(depoimento gravado em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que é primo da vítima Gabriel,
narrando que haviam acabado de chegar da “roça” e estavam na calçada da residência de
Gabriel, lavando as rodas do veículo, ocasião em que chegaram dois indivíduos, sendo que
aquele que chegou pelo seu lado era um indivíduo preto, que foi reconhecido por ele na
pessoa do acusado JEOVÁ, com fortíssimas semelhanças.

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 1.140/1.144), a autoria delitiva restou suficientemente comprovada em relação aos
acusados MATHEUS VIEIRA, JEOVÁ e MAIKO JORGE: “Maiko pergunta onde
Matheus está. Matheus diz que está dentro do mato, pois o cara era policial. Maiko orienta
Matheus a sair na BR sentindo cemitério e diz pra Matheus perguntar a Jeová se ele sabe
sair do mato. Matheus pede pra Maiko ligar para a família dele e informa o número 99481-
5958.” (índice 39287960 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado,
01/03/2017 – 19:53:15); “Maiko diz que a mãe de Matheus está na linha. Matheus fala para
a mãe que está no mato, na Vila Brasília e fala para Maiko mostrar para a mãe dele onde é o
lugar.” (índice 39288026 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado,
01/03/2017 – 19:59:47); “Maiko diz a Jeová que a mãe de Matheus irá resgatá-los. Maiko diz
que eles têm que atravessar o mato o mais rápido possível. Jeová pede pra Maiko colocar
alguém habilitado pra pegar o carro dele (Jeová) em casa e ir buscá-los. Maiko diz a Jeová
que quando eles saírem do mato, chegarão a avenida São Paulo e aí vai resgatá-los. Jeová
diz que já atravessou o córrego e que está do outro lado da mata. Maiko diz que irá fala com
“Santinho” pra resgatá-los no carro dele (Maiko). Jeová diz que o celular dele (Jeová) ficou
dentro do carro de Maiko.” (índice 39288108 – Jeová José da Silva x Maiko Jorge Rodrigues
Machado (Cueca), 01/03/2017 – 20:05:29); “Jeová diz que assim que chegar na rua irá
mandar a localização. Jeová diz que está carregando o “moleque” (Matheus), pois ele está
com dificuldade de andar (pois foi baleado na perna). Maiko diz que “Marcão” (Marcos
Regino de Souza Santos) está na Vila Brasília no “corre” (praticando roubos) e manda Jeová
enviar uma mensagem para Marcos ir resgatá-los.” (índice 39288467 – Jeová José da Silva x
Maiko Jorge Rodrigues Machado, 01/03/2017 – 20:30:36); “Marinez diz pra eles irem pro
lado da BR. Jeová diz que vai mandar a localização.” (índice 39288899 – Matheus Vieira
Lira x Marinez Vieira Lira (mãe), 01/03/2017 – 21:09:49); “(...) Matheus diz para Maiko que
não imaginou que o cara (vítima) que estava limpando a camionete era policial. Matheus fala
que a arma do Jeová não funcionou. Matheus diz que deu vários tiros.” (índice 39289288 –
Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 01/03/2017 – 21:42:22);
“Jeová diz que está cuidando de Matheus, pois ele levou um tiro na perna. Jeová diz que
entrou no mato carregando Matheus nas costas.” (índice 39289653 – Jeová José da Silva x
Ana Paula (esposa), 01/03/2017 – 22:10:33).

Conforme pode ser observado pelas transcrições acima, a


instrução processual revelou, claramente, que os acusados MATHEUS VIEIRA, JEOVÁ e
MAIKO JORGE agiram motivados pelo desejo de se assenhorearem de coisa alheia móvel,

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9ª Vara Criminal

só não logrando êxito por circunstâncias alheias às suas vontades. O fato foi narrado, em
juízo, de forma coerente e segura pela vítima Gabriel dos Santos Andrade (mídia às fls.
2.677/2.682), a qual reconheceu MATHEUS VIEIRA, com grau de certeza, como sendo um
dos assaltantes. De igual forma, a testemunha Leonardo Hitler Galdino da Silva (mídia às fls.
2.677/2.682), que presenciou toda a ação criminosa, afirmou que foram abordados por dois
indivíduos, sendo que o assaltante que chegou pelo seu lado era um indivíduo preto,
reconhecendo o acusado JEOVÁ, com fortíssimas semelhanças.

Por outro lado, não há dúvida quanto à efetiva


participação do acusado MAIKO JORGE, o qual permaneceu no apoio. Nas conversas
interceptadas, MAIKO JORGE conversa com seus comparsas MATHEUS VIEIRA e
JEOVÁ acerca do resgate, repassando todas as orientações para onde deveriam ir,
evidenciando, ainda, que a mãe de MATHEU VIEIRA foi até o local buscá-los,
demonstrando, ainda, que ambos estavam escondidos dentro de uma mata, tal como relatado
pela vítima: “Maiko pergunta onde Matheus está. Matheus diz que está dentro do mato,
pois o cara era policial. Maiko orienta Matheus a sair na BR sentindo cemitério e diz pra
Matheus perguntar a Jeová se ele sabe sair do mato. Matheus pede pra Maiko ligar para a
família dele e informa o número 99481-5958.” (índice 39287960 – Matheus Vieira Lira x
Maiko Jorge Rodrigues Machado, 01/03/2017 – 19:53:15); “Maiko diz que a mãe de Matheus
está na linha. Matheus fala para a mãe que está no mato, na Vila Brasília e fala para
Maiko mostrar para a mãe dele onde é o lugar.” (índice 39288026 – Matheus Vieira Lira x
Maiko Jorge Rodrigues Machado, 01/03/2017 – 19:59:47); “Maiko diz a Jeová que a mãe de
Matheus irá resgatá-los. Maiko diz que eles têm que atravessar o mato o mais rápido
possível. Jeová pede pra Maiko colocar alguém habilitado pra pegar o carro dele (Jeová) em
casa e ir buscá-los. Maiko diz a Jeová que quando eles saírem do mato, chegarão a avenida
São Paulo e aí vai resgatá-los. Jeová diz que já atravessou o córrego e que está do outro
lado da mata. Maiko diz que irá fala com “Santinho” pra resgatá-los no carro dele (Maiko).
Jeová diz que o celular dele (Jeová) ficou dentro do carro de Maiko.” (índice 39288108 –
Jeová José da Silva x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 01/03/2017 – 20:05:29).

Ademais, a vítima narrou ter revidado os disparos, sendo


que um dos assaltantes fora atingido, o que restou comprovado pelas conversas de JEOVÁ e
MAIKO JORGE: “Jeová diz que assim que chegar na rua irá mandar a localização. Jeová
diz que está carregando o “moleque” (Matheus), pois ele está com dificuldade de andar
(pois foi baleado na perna). Maiko diz que “Marcão” (Marcos Regino de Souza Santos) está
na Vila Brasília no “corre” (praticando roubos) e manda Jeová enviar uma mensagem para
Marcos ir resgatá-los.” (índice 39288467 – Jeová José da Silva x Maiko Jorge Rodrigues
Machado, 01/03/2017 – 20:30:36); “(...) Matheus diz para Maiko que não imaginou que o
cara (vítima) que estava limpando a camionete era policial. Matheus fala que a arma do
Jeová não funcionou. Matheus diz que deu vários tiros.” (índice 39289288 – Matheus
Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 01/03/2017 – 21:42:22); “Jeová diz
que está cuidando de Matheus, pois ele levou um tiro na perna. Jeová diz que entrou no
mato carregando Matheus nas costas.” (índice 39289653 – Jeová José da Silva x Ana Paula
(esposa), 01/03/2017 – 22:10:33).

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Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, pois os acusados, livre e conscientemente, tentaram subtrair, para todos, mediante
grave ameaça, exercida com emprego de arma de fogo e concurso de agentes, coisa alheia
móvel, razão pela qual não procede o pedido absolutório formulado pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego das armas de fogo foi evidenciado pela vítima e pela testemunha, as quais afirmaram
que ambos os assaltantes estavam armados e que chegaram atirando, tendo a vítima, por ser
policial militar, revidado os disparos. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida
causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se,
em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos através
das declarações judiciais da vítima e depoimento da testemunha, as quais relataram que o
acusado MATHEUS VIEIRA fez a abordagem pelo lado do motorista, enquanto que
JEOVÁ fez a abordagem pelo lado do passageiro. Ademais, as interceptações evidenciaram
que MAIKO JORGE estava apoiando a empreitada, providenciando o resgate dos
executores, o que demonstra a sua efetiva participação no crime. Os comportamentos acima
descritos revelam o entrosamento entre os acusados, evidenciando que toda a ação objetivava
a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada tarefa.
Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a que a
vítima foi submetida, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação conjunta dos
agentes.

A instrução processual revelou que a consumação do


crime foi evitada pela rápida reação da vítima que revidou os disparos efetuados, fazendo com
que os acusados MATHEUS VIEIRA e JEOVÁ empreendessem fuga, sem levar o veículo.
Tal situação caracteriza o delito tentado, na forma do artigo 14, inciso II, do Código Penal.

2.27) Vítima Paulo Junior Sirino da Silva e 2.28)


Vítima Helder da Silva

Aduz a exordial acusatória que no dia 04 de março de


2017, na Rua Marques de Olinda, Parque Real, Aparecida de Goiânia-GO, foi subtraído,
mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, em desfavor da
vítima Paulo Júnior Sirino da Silva, o veículo Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas
ONP-2090, crime imputado aos acusados GENIVAL, que junto com o adolescente Marcos
Regino de Sousa Santos atuou na execução, e MAIKO JORGE, que permaneceu no veículo
de apoio, sob vigília. A denúncia imputa, ainda, ao acusado JEOVÁ, a receptação de uma
cadeirinha de criança, instalada no veículo subtraído, a qual sabia ser produto de crime.

Diz, ainda, a denúncia, que no dia 04 de março de 2017,


Rua 29, Qd. 85A, Lt. 15, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, em continuidade delitiva,

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foi subtraído, mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, em
desfavor da vítima Helder da Silva, o veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB-
3361, roubo imputado aos acusados GENIVAL, que abordou a vítima junto com o
adolescente Marcos Regino de Souza Santos, MAIKO JORGE, que permaneceu no veículo
de apoio, exercendo vigília, e WALISSON, mandante do crime. Aduz, ainda, que no dia 06
de março de 2017, WALISSON telefonou para CLEITON, responsável pela desmontagem e
transplante dos carros, para organizarem o procedimento de transplante do veículo roubado.
No mesmo dia, o veículo foi transportado por JEOVÁ e, após adulterado, o veículo foi
entregue para WALISSON, sendo apreendido na residência deste, durante cumprimento de
mandado de busca e apreensão.

Analisando, inicialmente, o delito de roubo perpetrado


contra a vítima Paulo Junior Sirino da Silva, verifico que sua materialidade restou
demonstrada pelo Relatório policial de fls. 1.154/1.160, especificadamente pelos índices nºs
39326338, da interceptação, em que o acusado GENIVAL conversou com o adolescente
Marcos Regino, ocasião em que é possível ouvir a voz de MAIKO JORGE, dizendo que o
veículo estava falhando e avisando para Matheus Vieira que tinha acabado de roubar um
Chevrolet/Cruze de cor branca (índice 39326396 da interceptação). Ademais, a localização da
ERB evidenciou que GENIVAL estava nas proximidades do local do roubo; RAI nº 2515259
(fls. 1.161/1.164); termos de entrega de fls. 1.167 e 1.169, o primeiro referente à cadeirinha de
criança e o segundo constando um óculos de sol e um narguilé, objetos relacionados no Auto
de Busca e Apreensão fls. 531/532 (item 13), os quais foram subtraídos junto com o veículo
Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090. Também conferem materialidade ao
crime o Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630, evidenciando que a cadeirinha subtraída
estava na posse de JEOVÁ, e a fotografia de fls. 631, revelando que o narguilé subtraído
estava na posse de GENIVAL, assim como os óculos subtraídos se encontravam na posse de
Isabela Cristina Nascimento (fls. 642/643), sua namorada (auto de exibição e apreensão de
fls. 644. Finalmente, também deve ser mencionado na prova da materialidade do crime o RAI
nº 2594717 (fls. 1.170/1.172), referente à localização do veículo roubado.

Quanto ao roubo praticado em desfavor da vítima Helder


da Silva, sua materialidade restou comprovada pelo Relatório policial de fls. 1.174/1.181,
especificadamente pelo índice nº 39327691, da interceptação, em que o acusado MAIKO
JORGE conversa com WALISSON informando sobre o roubo do veículo Hyundai Veloster
e diz que vai guardá-lo. Posteriormente, MAIKO JORGE disse que já guardou o veículo
(índice nº 39329461, da interceptação), bem assim, WALISSON conversou com CLEITON
sobre a desmontagem e transplante dos carros (índices nºs 39353795, 39355393 e 39358724,
da interceptação) e, por fim, WALISSON conversa com JEOVÁ informando-lhe onde
encontrar o veículo para transportá-lo (índice nº 39353795, da interceptação); RAI nº
2515648 (fls. 1.182/1.184); Relatório policial às fls. 665/696, referente às conversas de
WhatsApp de GENIVAL, em que ele afirma ter comprador para o veículo Hyundai/Veloster,
roubado no dia 04 de março de 2017, bem assim, trata de assuntos referentes a outros crimes
com outros interlocutores que não foram denunciados, entretanto, citando o nome de JEOVÁ
e MAIKO JORGE; e laudo de exame de perícia criminal – identificação de veículo
automotor (fls. 1.521/1.526).

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Interrogados, judicialmente, os acusados GENIVAL


(fls. 2.774/2.776) e MAIKO JORGE (fls. 2.762/2.764), negaram as imputações referentes
aos dois roubos, enquanto WALISSON também negou a prática do roubo do veículo
Hyundai Veloster (fls. 2.755/2.758), apresentando a seguinte versão: “... que com relação ao
fato descrito no item 2.28 da Denúncia, o interrogando confirma que foi apreendido um
veículo Veloster em sua residência, tal veículo é de sua propriedade, pois tinha o adquirido a
pouco tempo; que não se lembra da placa; que não recebeu nenhum Veloster do Jeová, nem
determinou que tal veículo fosse roubado; que ao comprar o Veloster que estava batido não
conferiu o chassi para ver sua correspondência com a placa; que não se lembra qual era o
seu número de celular na época da investigação; que não se recorda atualmente qual era o
número do seu celular; que não conhece o Bruno, também não conhece o Maiko (…) que
conhece Cleiton Borges, pessoa que pintou o Veloster (...) Que pagou dezessete mil pelo
veículo Veloster, vez que o mesmo era “batido”; que é proprietário de uma distribuidora de
bebidas; que nunca teve oficina de veículos; que não foi reconhecido em procedimento
realizado na Delegacia (...) que não tem conhecimento se o veículo foi periciado; que
requereu a restituição do veículo (...)”

Não obstante a negativa de autoria dos acusados, quanto


aos roubos, a instrução criminal foi suficiente para comprovar a atuação de GENIVAL e
MAIKO JORGE nos dois roubos (2.27 e 2.28), bem assim, de WALISSON no segundo
roubo (2.28), atuando como mandante do crime. Senão vejamos:

O Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


1.154/1.160) demonstra, claramente, a autoria delitiva com relação aos acusados GENIVAL e
MAIKO JORGE referente ao roubo do veículo Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas
ONP-2090, pertencente à vítima Paulo Junior Sirino da Silva: “Genival pergunta onde
Marcos está. Marcos diz que está atrás dele (Genival) e que pode "vazar", não precisa
esperar. Genival fala para Marcos ficar de olho, pois o carro (roubado) está falhando e
qualquer coisa precisam pegá-lo. Marcos ensina Genival a colocar o câmbio automático no
B1, que vai mais rápido. Genival alerta que a "Choque" (viatura do Batalhão de Choque)
está do lado. Marcos manda Genival correr, que a "Choque" colou (aproximou). Ao fundo é
possível ouvir Maiko mandando Genival já fazer o retorno e entrar no Bela, pois a Choque
"esticou" atrás. Maiko fala para Genival não dar mole. Genival pergunta como está. Marcos
diz que eles (policiais) passaram direto, mas para acelerar.” (índice 39326338 – Genival da
Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos, 04/03/2017 – 11:14:50); “Maiko diz que está
no corre (roubando) e acabaram de pegar um Cruze. Maiko diz que achou que a "Choque"
(policiais do Batalhão de Choque) ia cair atrás do moleque. Maiko diz que conseguiram
despistar os policiais. Maiko fala que iriam pegar uma caminhonete, mas não encontraram e
pegaram um Cruze, cor branca, Hatch.” (índice 39326393 – Matheus Vieira Lira x Maiko
Jorge Rodrigues Machado (Cueca) Santos, 04/03/2017 – 11:17:27); “Maiko pergunta se tem
como guardar o Cruze* na casa onde Matheus morava, pois ele não vai ficar na casa mais
mesmo. Matheus diz que tem jeito, mas ficou de devolver a chave para o locatário hoje.
Maiko pergunta se Kennedy pode pegar a chave. Maiko diz que o trem já está no vermelho
(veículo roubado já com a restrição de roubo) numa rua tensa. Matheus diz que seria melhor

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9ª Vara Criminal

se uma mulher fosse buscar a chave, pois onde está morando na casa da tia e lá perto tem
muitos seguranças. Maiko diz que vai mandar Jeová ir com a esposa buscar a chave.
Matheus fala que é melhor ainda, pois a esposa do Jeová já olha como está o ferimento da
perna dele, já que é enfermeira. Maiko diz que pegou um Veloster** e que já está no
buraco.” (índice 39329461 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado
(Cueca) Santos, 04/03/2017 – 13:59:45); “Genival diz para Isabela que vai passar na casa
dela. Isabela pergunta de que. Genival diz que vai de carro. Isabela pergunta se Genival já
está com o carro dele (pois está na oficina). Genival diz que agora está de Cruze* e
Veloster** (roubados). Isabela fala para Genival conversar sério. Genival diz que é sério,
que ele está no Cruze e o Cueca (Maiko Jorge Rodrigues Machado) está no Veloster.” (índice
39329535 – Genival da Silva Ferraz x Isabela (namorada), 04/03/2017 – 14:03:40); “Marcos
diz para Genival passar na casa do Jeová e pegar a chave do Cruze. Genival pergunta cade o
Cruze. Marcos diz que vão lá buscar o carro. Genival diz que Jeová não está na casa dele.
Marcos fala que a esposa do Jeová está e basta Genival falar que o "Cueca" (Maiko Jorge
Rodrigues Machado) mandou pegar a chave, que ela entrega.” (índice 39448330 – Genival
da Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos, 12/03/2017 – 18:37:48); “Marcos fala
para MNI avisar Ana Paula que o Ferraz (Genival da Silva Ferraz) irá passar lá para buscar
a chave do Cruze. Marcos diz que foi "Cueca" (Maiko Jorge Rodrigues Machado) que
mandou.” (índice 39448349 – Marcos Regino de Souza Santos x MNI, 12/03/2017 –
18:40:28).

De acordo com o Relatório de Interceptação Telefônica


(fls. 1.174/1.181) a autoria delitiva também restou suficiente comprovada em relação aos
acusados GENIVAL, MAIKO JORGE e WALISSON, quanto ao veículo Hyundai
Veloster, cor branca, placas PGB- 3361 da vítima Helder da Silva: “Maiko pergunta se
Walisson vai ajudar ele no “corre” (transplante) do Veloster*. Walisson diz que vai ver o que
pode fazer. Maiko diz que “pegou” (roubou) um (Veloster), que é só esperar “dar vermelho”
(vítima registrar ocorrência). Walisson pede para Maiko levar o veículo para ele. Maiko diz
que ia “pagar” para ficar usando, para ver se arruma umas “mulheres diferentes”. Maiko
diz que vai levar o carro (Veloster) para o interior para aguardar “ficar vermelho” (ficar
com restrição de roubo), aí já faz o “chinelo” (placas falsas) e já vai ficar com o veículo.
(...)” (índice 39327691 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues
Machado, 04/03/2017 – 12:29:23); “(...) Maiko diz que vai mandar Jeová ir com a esposa
buscar a chave. Matheus fala que é melhor ainda, pois a esposa do Jeová já olha como está o
ferimento da perna dele, já que é enfermeira. Maiko diz que pegou um Veloster** e que já
está no buraco.” (índice 39329461 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado,
04/03/2017 – 13:59:45); “Genival diz para Isabela que vai passar na casa dela. Isabela
pergunta de que. Genival diz que vai de carro. Isabela pergunta se Genival já está com o
carro dele (pois está na oficina). Genival diz que agora está de Cruze* e Veloster**
(roubados). Isabela fala para Genival conversar sério. Genival diz que é sério, que ele está
no Cruze e o Cueca (Maiko Jorge Rodrigues Machado) está no Veloster.” (índice 39329535
– Genival da Silva Ferraz x Isabela (namorada), 04/03/2017 – 14:03:40); “Cleiton pergunta
se o carro está arrumado com o “chinelo” (placa) do original. Walisson diz que não, que eles
vão ter que trocar as placas depois. Cleiton diz que já tinha que ter trocado as placas.
Walisson diz que vai trocar o “chinelo” (placa). Cleiton pergunta que cor é o carro (veículo

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roubado que vão levar para ele). Walisson diz que é da cor branca. Cleiton pergunta se
depois Walisson vai mandar fazer o número. Walisson diz que não, que é para Cleiton tirar
de um veículo e colocar no outro (transplante do veículo, conforme conversa de índice
39327691). Cleiton pergunta para Walisson se ele quer o carro “arrumado” (transplantado)
para depois “fazer” (remarcar) os vidros. Walisson diz que os vidros eles vão pegar do outro
veiculo que é tudo original, somente o pára-brisa que eles vão ter que “fazer” (remarcar).
Cleiton diz que se fosse na oficina dele, ele já fazia todo o serviço para depois Walisson
montar só os vidros em outro lugar. Walisson diz que vai levar tudo para Cleiton para o
carro já sair pronto da oficina dele. Cleiton pergunta se Walisson tem alguma pessoa que
desmonta os vidros. Walisson diz que não tem, que teria que levar para um lanterneiro.
Cleiton diz que se Walisson tivesse quem tirasse os vidros do veículo original, que Cleiton
fazia a “parte dele” (transplantar as peças e os números identificadores) e levaria o carro
para Walisson somente colocar os vidros. Cleiton diz que está trabalhando na oficina dele,
do outro lado da cidade (fazendo referência a distância da Canãa a Vila Pedroso). Walisson
diz que o veículo está “guardado” (escondido) e que tem que levar ele inteiro, do jeito que
está, para quando chegar na oficina tirar as partes que lhes interessam. Cleiton pergunta se
o número (numeração do chassi) Walisson consegue tirar. Walisson diz que não, que precisa
ser um lanterneiro, porque é pontilhado. Cleiton pergunta onde está o veículo original.
Walisson refere ao veículo original como “o estragado” e diz que guardou em outro local,
que não é o local que Cleiton sabe, que este lugar deu “bode” (foi descoberto pela polícia).
Cleiton quer trocar o número do carro e pintá-lo. Walisson diz que quer fazer tudo na oficina
do Cleiton para o veículo já sair de lá completamente pronto. Cleiton diz que vai fazer como
Walisson quer. Walisson diz que o carro vai chegar por volta das 20 horas na oficina do
Cleiton, porque está vindo de longe. Cleiton insiste perguntando sobre a “chinela” (placa)
do outro carro. Walisson diz que vai levar par Cleiton quando ele for. Cleiton fala que tem
que organizar direito para não dar erro.” (índice 39353795 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim, 06/03/2017 – 13:39:21); “Cleiton diz para
Walisson que está montando o carro para poder entregar para o rapaz. Cleiton pergunta
para Walisson se o “trem” (carro roubado) está “frio” (foi verificado se não tem
rastreador). Walisson diz que desde a sexta-feira passada. Cleiton pede para Walisson levar
o veículo para ele. Walisson marca de encontrar para levar o carro (roubado) e diz que já
vai levar as placas (falsas) e os “trem” do carro (dados do veículo para transplante).”
(índice 39355383 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim,
06/03/2017 – 15:17:32); “Walisson fala que está saindo do boteco dele e indo para a oficina
de Cleiton. Walisson diz que em uma hora estará lá e acrescenta que o “menino” (Maiko)
também está saindo de outro local com o veículo. Walisson diz que vai esperar Cleiton na
Gameleira (faz referencia a uma árvore característica na entrada da região da Vila
Pedroso).” (índice 39358724 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges
Gudim, 06/03/2017 – 18:14:13); “Walisson explica para Jeová onde encontrá-lo com o carro
(Veloster roubado). Maiko também explica para Jeová, que está conduzindo o veículo
roubado, o local (Vila Pedroso).” (índice 39353795 – Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva, 06/03/2017 –
20:37:14); “(...) Walisson diz que esta ficando novo (o Veloster sendo transplantado).
Walisson fala que já lixou tudo. Maiko conta que quase fez isso (no carro roubado), mas o
cara cobrou o “oitão” (revólver de Maiko) para desmontar e montar. Maiko diz que iria

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pagar para pintar e fazer o serviço que Walisson tinha explicado (colocar as peças do
Veloster roubado branco no Veloster preto de Walisson). Maiko conta que ficaria mais de R$
5.000,00. (...).” (índice 39367873 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge
Rodrigues Machado (Cueca), 07/03/2017 – 11:59:36).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


no relatório das interceptações telefônicas e no depoimento do Delegado de Polícia Fábio
Meireles Vieira (mídia às fls. 2.503/2.511), a instrução processual revelou, claramente, que os
acusados GENIVAL e MAIKO JORGE, mediante grave ameaça, agiram imbuídos do
intuito de subtrair o veículo Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090,
pertencente à vítima Paulo Junior Sirino da Silva, bem como, em continuidade delitiva, o
veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, da vítima Helder da Silva. Também
restou clara a participação do acusado WALISSON no fato envolvendo o roubo do veículo
Hyundai Veloster.

Merece registro, pela riqueza de detalhes, reforçando,


por consequência, a responsabilidade criminal dos acusados GENIVAL e MAIKO JORGE,
a confissão extrajudicial de GENIVAL DA SILVA FERRAZ (fls. 635/638), quanto ao
roubo do veículo Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090, ocasião em que
delatou o seu comparsa MAIKO JORGE, relatando a sua participação no crime: “...QUE
alguns dias depois, o declarante foi novamente convidado para praticar outro roubo de
veículo; QUE desta vez, foi juntamente com Marcos Regino e Maiko Jorge, vulgo “Cueca”,
sendo que esse último foi conduzindo o veículo VW/Polo; QUE ao avistarem um homem
mexendo no porta malas de um GM/Cruze, cor branca, decidiram realizar o roubo; QUE
Marcos Regino portava um revólver, calibre 38 e abordou a vítima, enquanto o declarante
permaneceu próximo e Maiko ficou aguardando no carro dele. QUE o declarante saiu
conduzindo o veículo roubado e Marcos Regino foi para o VW/Polo, onde Maiko o
aguardava; QUE soube que Maiko vendeu esse veículo, mas não sabe maiores detalhes;
QUE não sabe o que tinha no interior do veículo roubado, mas alguns dias depois, Maiko lhe
entregou um Narguilé e um óculos de sol, afirmando que eram objetos que estavam no carro
e poderiam ficar com o declarante; QUE o Narguile apreendido em sua casa nesta data é o
roubado junto com o carro; QUE o declarante deu os óculos de sol para sua namorada
Isabela, não afirmando para ela a procedência, mas apenas que tinha comprado (...)”.

Veja que a confissão extrajudicial de GENIVAL está em


consonância com as interceptações telefônicas (fls. 1.154/1.160), demonstrando claramente
que ele e o comparsa MAIKO JORGE subtraíram o veículo Chevrolet/Cruze LT NB, cor
branca, placas ONP-2090, pertencente à vítima Paulo Junior Sirino da Silva. As
interceptações evidenciaram que, após a subtração do Cruze, GENIVAL seguiu na direção do
veículo subtraído, enquanto que o adolescente Marcos Regino e MAIKO JORGE seguiram
no veículo de apoio, ao que GENIVAL ligou para Marcos Regino e disse que o veículo
Cruze estava falhando. Nessa mesma ligação, GENIVAL alerta sobre a presença de uma
viatura do Choque nas proximidades, ao que Marcos Regino o manda correr, ocasião em que
é possível ouvir a voz de MAIKO JORGE ao fundo: “Genival pergunta onde Marcos está.
Marcos diz que está atrás dele (Genival) e que pode "vazar", não precisa esperar. Genival

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fala para Marcos ficar de olho, pois o carro (roubado) está falhando e qualquer coisa
precisam pegá-lo. Marcos ensina Genival a colocar o câmbio automático no B1, que vai
mais rápido. Genival alerta que a "Choque" (viatura do Batalhão de Choque) está do lado.
Marcos manda Genival correr, que a "Choque" colou (aproximou). Ao fundo é possível
ouvir Maiko mandando Genival já fazer o retorno e entrar no Bela, pois a Choque
"esticou" atrás. Maiko fala para Genival não dar mole. Genival pergunta como está. Marcos
diz que eles (policiais) passaram direto, mas para acelerar.” (índice 39326338 – Genival da
Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos, 04/03/2017 – 11:14:50).

Posteriormente, MAIKO JORGE ligou para outro


comparsa, Matheus Vieira, afirmando que acabara de roubar um veículo Cruze, cor branca,
Hatch, solicitando guardar o veículo na casa onde Matheus morava, obtendo o consentimento
do comparsa: “Maiko diz que está no corre (roubando) e acabaram de pegar um Cruze.
Maiko diz que achou que a "Choque" (policiais do Batalhão de Choque) ia cair atrás do
moleque. Maiko diz que conseguiram despistar os policiais. Maiko fala que iriam pegar uma
caminhonete, mas não encontraram e pegaram um Cruze, cor branca, Hatch.” (índice
39326393 – Matheus Vieira Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) Santos,
04/03/2017 – 11:17:27); “Maiko pergunta se tem como guardar o Cruze* na casa onde
Matheus morava, pois ele não vai ficar na casa mais mesmo. Matheus diz que tem jeito,
mas ficou de devolver a chave para o locatário hoje. Maiko pergunta se Kennedy pode pegar
a chave. Maiko diz que o trem já está no vermelho (veículo roubado já com a restrição de
roubo) numa rua tensa. Matheus diz que seria melhor se uma mulher fosse buscar a chave,
pois onde está morando na casa da tia e lá perto tem muitos seguranças. Maiko diz que vai
mandar Jeová ir com a esposa buscar a chave. Matheus fala que é melhor ainda, pois a
esposa do Jeová já olha como está o ferimento da perna dele, já que é enfermeira. Maiko
diz que pegou um Veloster** e que já está no buraco.” (índice 39329461 – Matheus Vieira
Lira x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) Santos, 04/03/2017 – 13:59:45). Importante
evidenciar que nessa ligação Matheus Vieira empresta uma casa para guardar o veículo Cruze
subtraído, mas pede para uma mulher buscar a chaves da casa, ao que MAIKO JORGE diz
que vai mandar a esposa de Jeová buscar a chave, ocasião em que Matheus Vieira diz que vai
aproveitar para a esposa de Jeová olhar o ferimento em sua perna, pois ela é enfermeira, se
referindo ao tiro que levou na tentativa de roubo (crime nº 2.26) do veículo GM/S10, cor
branca, placas ONN-4567, contra a vítima Gabriel dos Santos Andrade, ocorrido no dia 1º de
março de 2017, três dias antes dos fatos agora em análise. Conforme visto, MAIKO JORGE
ainda menciona nessa ligação sobre o roubo do veículo Hunday Veloster e diz que ele já está
no buraco (escondido), demonstrando que ele foi o autor dos roubos tanto do veículo Cruze
como do Veloster.

Também no mesmo dia, GENIVAL liga para sua


namorada, ocasião em que diz que irá buscá-la. Ela pergunta se ele já está com o seu carro, ao
que ele diz que agora está de Cruze e Veloster: “Genival diz para Isabela que vai passar na
casa dela. Isabela pergunta de que. Genival diz que vai de carro. Isabela pergunta se Genival
já está com o carro dele (pois está na oficina). Genival diz que agora está de Cruze* e
Veloster** (roubados). Isabela fala para Genival conversar sério. Genival diz que é sério,
que ele está no Cruze e o Cueca (Maiko Jorge Rodrigues Machado) está no Veloster.”

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(índice 39329535 – Genival da Silva Ferraz x Isabela (namorada), 04/03/2017 – 14:03:40).


Veja que nessa ligação GENIVAL afirma estar com os veículos Cruze e Veloster, referindo-
se aos dois veículos subtraídos nesse dia.

Por outro lado, não há dúvida quanto à efetiva


participação do acusado WALISSON, como mandante do roubo do veículo Hyundai
Veloster, cor branca, placas PGB- 3361 da vítima Helder da Silva. Veja que logo após o
roubo do Veloster, MAIKO JORGE ligou para WALISSON e disse que “pegou um
Veloster”, ao que WALISSON pediu para levar o veículo para ele, evidenciando que já tinha
encomendado o veículo para ser roubado: “Maiko pergunta se Walisson vai ajudar ele no
“corre” (transplante) do Veloster*. Walisson diz que vai ver o que pode fazer. Maiko diz
que “pegou” (roubou) um (Veloster), que é só esperar “dar vermelho” (vítima registrar
ocorrência). Walisson pede para Maiko levar o veículo para ele. Maiko diz que ia “pagar”
para ficar usando, para ver se arruma umas “mulheres diferentes”. Maiko diz que vai levar o
carro (Veloster) para o interior para aguardar “ficar vermelho” (ficar com restrição de
roubo), aí já faz o “chinelo” (placas falsas) e já vai ficar com o veículo. (...)” (índice
39327691 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado,
04/03/2017 – 12:29:23). Posteriormente, WALISSON combina com CLEITON detalhes do
transplante do Veloster subtraído, conforme índices nº39355383 e 39358724, da
interceptação.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo nos dois fatos (2.27 e 2.28), restando evidente que os acusados GENIVAL, MAIKO
JORGE e WALISSON agiram com consciência e vontade de realizar a conduta criminosa,
revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisas alheias móveis, mediante grave ameaça
e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria delitiva, em relação aos
crimes de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando azo à condenação dos
acusados GENIVAL, MAIKO JORGE e WALISSON, os dois primeiros nos roubos dos
veículos Cruze e Veloster, e o último apenas no roubo do Veloster, não prosperando a
absolvição aduzida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal) nos dois
crimes. O emprego de arma de fogo em ambos os roubos foi confirmado através das
interceptações telefônicas. Veja que os agentes sempre atuavam mediante o uso de arma de
fogo como forma de intimidar as vítimas. Tal fato foi confirmado pela vítima Paulo Júnior, a
qual informou extrajudicialmente que um dos assaltantes portava um revólver calibre .38 (fls.
1.165). De igual forma a vítima Helder, na fase inquisitorial, afirmou que o assaltante estava
portanto uma arma de fogo tipo revólver (fls. 1.185). Verifico que em ambas as condutas, não
é empecilho para o reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de as armas de fogo
não terem sido apreendidas e periciadas, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou
exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a desaparecerem com referido
instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em questão dificilmente teria
aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de Justiça. O concurso de
agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos nos dois fatos, conforme

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demonstrou o relatório das interceptações telefônicas, evidenciando a ação conjunta de


agentes, sendo a abordagem de ambos os crimes realizada por GENIVAL, junto com o
adolescente Marcos Regino, enquanto o acusado MAIKO JORGE permaneceu no veículo de
apoio dando suporte a ambas as ações criminosas. Ademais, restou cnfirmado que o acusado
WALISSON foi o mandante do roubo do veículo Hunday Veloster, contra a vítima Helder.
Os comportamentos acima descritos, revelam o entrosamento entre o acusado e seus
comparsas, evidenciando que toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se
responsabilizando por uma determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no
crime, não só em razão do maior risco a que a vítima foi submetida, como, também, devido à
facilitação do roubo pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual revelou ainda que os acusados


GENIVAL e MAIKO JORGE praticaram duas ações, contra as vítimas Paulo Junior Sirino
da Silva e Helder da Silva, podendo se verificar entre cada uma das ações a presença do crime
continuado, pois desenvolvidas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de
execução, ensejando a aplicação da regra insculpida no artigo 71, parágrafo único, do
Código Penal.

Com relação aos crimes de receptação, narra a denúncia


a ocorrência de três crimes, descritos nos itens 2.24, 2.27 e 2.28, sendo todos imputados ao
acusado JEOVÁ. Os crimes serão analisados conjuntamente em razão da continuidade
delitiva, conforme justificado no item 2.24.

Aduz a denúncia, no item 2.24, que o acusado JEOVÁ


recebeu objetos pessoais da vítima Cézio Lopes de Siqueira que estavam no interior do
veículo Toyota/Hilux, placas OGM-1360, como cartões bancários e documentos pessoais,
sabendo serem produtos de crime, qual seja, roubo ocorrido no dia 08 de fevereiro de 2017,
por volta de 21h58min, na Rua Mossoró, Qd. 02, Lt. 22, Internacional Park, Aparecida de
Goiânia-GO.

Diz a denúncia, no item 2.27, que o acusado JEOVÁ


recebeu uma cadeirinha de transporte de crianças, que estava no interior do veículo
Chevrolet/Cruze LT NB, cor branca, placas ONP-2090, pertencente à vítima Paulo Junior
Sirino da Silva, ciente de sua origem ilícita, qual seja, do roubo ocorrido no dia 04 de março
de 2017, por volta das 11h00min, na Rua Marques de Olinda, Parque Real, Aparecida de
Goiânia-GO.

Por fim, narra a denúncia, no item 2.28, que o acusado


JEOVÁ transportou/conduziu o veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361,
ciente de que era produto de roubo, ocorrido no dia 04 de março de 2017, por volta das
13h00min, na Rua 29, Qd. 85A, Lt. 15, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, em desfavor
da vítima Helder da Silva.

A comprovação da materialidade delitiva do crime de


receptação contra a vítima Cézio Lopes de Siqueira ficou demonstrada através do Relatório

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policial de fls. 1.119/1.1120; RAI nº 2354274 (fls. 1.121/1.124), evidenciando que o veículo
Toyota/Hilux, placas OGM-1360, foi roubado no dia 08 de fevereiro de 2017, na Rua
Mossoró, Qd. 02, Lt. 22, Internacional Park, Aparecida de Goiânia-GO, fato praticado pelo
adolescente Marcos Regino de Souza Santos e outro indivíduo não identificado; RAI nº
1554672 (fls. 866/868); e Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532, evidenciando que o
acusado JEOVÁ estava na posse de diversos documentos da vítima Cézio Lopes de Siqueira.

A materialidade do crime de receptação contra a vítima


Paulo Junior Sirino da Silva restou evidenciada pelo Relatório policial de fls. 1.154/1.160;
RAI nº 2515259 (fls. 1.161/1.164), referente ao roubo ocorrido no dia 04 de março de 2017,
por volta das 11h00min, na Rua Marques de Olinda, Parque Real, Aparecida de Goiânia-GO;
termo de entrega de fls. 1.167, referente à devolução da cadeirinha de criança, subtraída junto
com o veículo Cruze; e Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532 (item 13), evidenciando que
o acusado JEOVÁ estava na posse da cadeirinha de criança.

A materialidade do crime de receptação contra a vítima


Helder da Silva restou, igualmente, comprovada pelo Relatório policial de fls. 1.174/1.181,
especificadamente pelo índice nº 39353795, da interceptação; e RAI nº 2515648 (fls.
1.182/1.184), referente ao roubo, ocorrido no dia 04 de março de 2017, por volta das
13h00min, na Rua 29, Qd. 85A, Lt. 15, Vila Brasília, Aparecida de Goiânia-GO, em desfavor
da vítima Helder da Silva.

Interrogado judicialmente, o acusado JEOVÁ (fls.


2.771/2.773) negou as imputações referentes aos crimes de receptação, explicando ainda: “...
que não confirma a acusação de receptação descrita no item 2.27, inclusive pode informar
que a cadeirinha de bebê encontrada em sua casa era de sua propriedade e inclusive tinha
documento (...)”.
Não obstante a negativa de autoria, a responsabilidade
criminal do acusado restou plenamente configurada pelas provas produzidas durante a
instrução processual. Veja que as interceptações telefônicas lograram êxito em comprovar os
três crimes de receptação, imputados ao acusado JEOVÁ.

Verifica-se que a autoria imputada a JEOVÁ nos crimes


de receptação dos documentos pessoais da vítima Cézio Lopes de Siqueira e da cadeirinha de
criança da vítima Paulo Junior Sirino da Silva restou demonstrada, como adiante se vê.
Primeiramente há que se destacar que as investigações apontaram que o roubo contra a vítima
Cézio foi praticado pelo adolescente Marcos Regino junto com comparsa não identificado.
Evidente é a ligação criminosa existente entre Marcos Regino e JEOVÁ, visto terem atuado
em outros crimes de roubo, conforme se pode observar na análise do crime 2.22, referente ao
roubo do veículo Toyota/Corolla, em que foi vítima Divina Lúcia Rodrigues da Silva, fato
imputado ao acusado JEOVÁ em concurso com Marcos Regino. Ademais, outras
interceptações telefônicas demonstraram o vínculo estreito entre Marcos Regino e JEOVÁ.
Veja que em uma ligação de Marcos Regino, ele orienta Genival a pegar a chave do veículo
Cruze na casa de JEOVÁ, onde justamente a cadeirinha estava instalada. Ainda, não prospera
a versão apresentada por JEOVÁ de que a cadeirinha de criança pertencia ao seu filho. Há

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que se destacar, neste ponto, que o Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532, exibiu uma
cadeirinha de bebê e uma cadeirinha de criança, sendo esta última exatamente o bem que foi
receptado e que pertencia à vítima Paulo Junior, conforme demonstrado pelo termo de
entrega de fls. 1.167: “Marcos diz para Genival passar na casa do Jeová e pegar a chave do
Cruze. Genival pergunta cade o Cruze. Marcos diz que vão lá buscar o carro. Genival diz
que Jeová não está na casa dele. Marcos fala que a esposa do Jeová está e basta Genival
falar que o "Cueca" (Maiko Jorge Rodrigues Machado) mandou pegar a chave, que ela
entrega.” (índice 39448330 – Genival da Silva Ferraz x Marcos Regino de Souza Santos,
12/03/2017 – 18:37:48); “Marcos fala para MNI avisar Ana Paula (esposa de Jeová) que o
Ferraz (Genival da Silva Ferraz) irá passar lá para buscar a chave do Cruze. Marcos diz
que foi "Cueca" (Maiko Jorge Rodrigues Machado) que mandou.” (índice 39448349 –
Marcos Regino de Souza Santos x MNI, 12/03/2017 – 18:40:28). Todas as circunstâncias,
portanto, confirmam que JEOVÁ, ao receber os documentos da vítima Cézio e a cadeirinha
de criança, o fez ciente de sua origem ilícita.

Quanto ao crime de receptação do veículo Hyundai


Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, imputado ao acusado JEOVÁ, veja que as
interceptações telefônicas também lograram êxito em comprová-lo, contrariando a negativa de
autoria do réu. Neste ponto, há que se mencionar que segundo a ordem das interceptações,
JEOVÁ transportou/conduziu o veículo a mando de WALISSON, buscando-o na oficina do
CLEITON: “Cleiton pergunta se o carro está arrumado com o “chinelo” (placa) do
original. Walisson diz que não, que eles vão ter que trocar as placas depois. Cleiton diz que
já tinha que ter trocado as placas. Walisson diz que vai trocar o “chinelo” (placa). Cleiton
pergunta que cor é o carro (veículo roubado que vão levar para ele). Walisson diz que é da
cor branca. Cleiton pergunta se depois Walisson vai mandar fazer o número. Walisson diz
que não, que é para Cleiton tirar de um veículo e colocar no outro (transplante do veículo,
conforme conversa de índice 39327691). (...)” (índice 39353795 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim, 06/03/2017 – 13:39:21). Poucas horas depois,
CLEITON diz para WALISSON que já está montando o veículo para entregá-lo para o
rapaz: “Cleiton diz para Walisson que está montando o carro para poder entregar para o
rapaz. Cleiton pergunta para Walisson se o “trem” (carro roubado) está “frio” (foi
verificado se não tem rastreador). Walisson diz que desde a sexta-feira passada. Cleiton pede
para Walisson levar o veículo para ele. Walisson marca de encontrar para levar o carro
(roubado) e diz que já vai levar as placas (falsas) e os “trem” do carro (dados do veículo
para transplante).” (índice 39355383 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton
Borges Gudim, 06/03/2017 – 15:17:32). Por fim, MAIKO JORGE pega o veículo na oficina
de CLEITON e marca de encontrar-se com JEOVÁ nas proximidades da oficina de
CLEITON, na Vila Predoso, para transportá-lo até a residência de WALISSON, local onde o
veículo foi apreendido: “Walisson explica para Jeová onde encontrá-lo com o carro
(Veloster roubado). Maiko também explica para Jeová, que está conduzindo o veículo
roubado, o local (Vila Pedroso).” (índice 39353795 – Walisson Rodrigues de Oliveira
(Gordão) x Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x Jeová José da Silva, 06/03/2017 –
20:37:14). Portanto, todas as circunstâncias evidenciam que JEOVÁ, transportou o veículo
Hunday Veloster, ciente de sua origem ilícita.

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A instrução processual revelou, ainda, que o acusado


JEOVÁ praticou três crimes de receptação, contra três vítimas distintas, a saber: Cézio Lopes
de Siqueira (documentos), Paulo Junior Sirino da Silva (cadeirinha de criança) e Helder da
Silva (veículo Veloster), podendo se verificar entre cada uma das ações a presença do crime
continuado, pois desenvolvidas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de
execução, ensejando a aplicação da regra insculpida no artigo 71, caput, do Código Penal.

No que tange ao crime de adulteração de sinal


identificador de veículo automotor, aduz a denúncia que o acusado CLEITON, no dia 06
de março de 2017, desmontou e transplantou o veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas
PGB- 3361, a pedido de Walisson. A materialidade deste crime ficou comprovada pelo
Relatório policial de fls. 1.174/1.181, especificadamente pelo índice nº 39327691, da
interceptação, em que o acusado WALISSON conversou com CLEITON sobre a
desmontagem e transplante dos carros (índices nºs 39353795, 39355393 e 39358724, da
interceptação); RAI nº 2515648 (fls. 1.182/1.184); e laudo de exame de perícia criminal –
identificação de veículo automotor (fls. 1.521/1.526), em que os senhores peritos concluíram
que: “Houve transplante do NIV mediante substituição da superfície suporte (localizada na
travessa, sob o banco do carona) onde estava inserida a codificação original e soldagem de
uma outra superfície suporte a codificação KMHTC61CBDU060936; As etiquetas
autoadesivas e a etiqueta de identificação do veículo apresentavam evidentes sinais de
manuseio e transposição. A gravação da seção identificadora de alguns vidros apresentava
características de originalidade, pois houve substituição dos mesmos; A gravação da
numeração no bloco do motor, até a presente data não apresentava vestígio de adulteração;
Houve repintura do veículo, sendo branca sua cor original; Diante dos outros elementos
constatamos que o seu NIV original é: KMHTC61CBDU068351; As placas referentes ao
NIV anteriormente levantado e consignado são: PGB3361 (PE).”

Interrogado judicialmente, o acusado CLEITON negou


a imputação (interrogatório gravado em mídia às fls. 2.677/2.682), afirmando que é
proprietário de uma oficina na Vila Pedroso, especializada em pintura de veículos; que foi a
primeira vez que arrumou carro para o Walisson; que confirma que recebeu o veículo
Veloster na sua oficina para ser pintado; que o Veloster era prata e foi pintado por prata; que o
veículo estava amassado na lataria e no para-choque; que o veículo foi levado por guincho e o
motorista informou que quem havia mandado foi o Walisson; que cobrou pelo serviço a
importância de R$ 2.100,00; Que o serviço foi realizado no mês de maio deste ano.

Apesar de negar a autoria, a responsabilidade criminal


ficou devidamente comprovada pelas provas produzidas durante a instrução criminal, a saber:
o depoimento do Delegado de Polícia e as interceptações telefônicas, que confirmaram que
após receber o veículo Hunday Veloster, de cor branca, em sua oficina na Vila Pedroso,
CLEITON realizou a adulteração de sinais identificadores do veículo. Veja que na ligação
entre CLEITON e WALISSON são mencionadas todas as adulterações necessárias para que
o veículo roubado se tornasse outro veículo: “Cleiton pergunta se o carro está arrumado
com o “chinelo” (placa) do original. Walisson diz que não, que eles vão ter que trocar as
placas depois. Cleiton diz que já tinha que ter trocado as placas. Walisson diz que vai trocar

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o “chinelo” (placa). Cleiton pergunta que cor é o carro (veículo roubado que vão levar para
ele). Walisson diz que é da cor branca. Cleiton pergunta se depois Walisson vai mandar
fazer o número. Walisson diz que não, que é para Cleiton tirar de um veículo e colocar no
outro (transplante do veículo, conforme conversa de índice 39327691). Cleiton pergunta
para Walisson se ele quer o carro “arrumado” (transplantado) para depois “fazer”
(remarcar) os vidros. Walisson diz que os vidros eles vão pegar do outro veiculo que é tudo
original, somente o pára-brisa que eles vão ter que “fazer” (remarcar). Cleiton diz que se
fosse na oficina dele, ele já fazia todo o serviço para depois Walisson montar só os vidros
em outro lugar. Walisson diz que vai levar tudo para Cleiton para o carro já sair pronto da
oficina dele. Cleiton pergunta se Walisson tem alguma pessoa que desmonta os vidros.
Walisson diz que não tem, que teria que levar para um lanterneiro. Cleiton diz que se
Walisson tivesse quem tirasse os vidros do veículo original, que Cleiton fazia a “parte dele”
(transplantar as peças e os números identificadores) e levaria o carro para Walisson
somente colocar os vidros. Cleiton diz que está trabalhando na oficina dele, do outro lado
da cidade (fazendo referência a distância da Canãa a Vila Pedroso). Walisson diz que o
veículo está “guardado” (escondido) e que tem que levar ele inteiro, do jeito que está, para
quando chegar na oficina tirar as partes que lhes interessam. Cleiton pergunta se o número
(numeração do chassi) Walisson consegue tirar. Walisson diz que não, que precisa ser um
lanterneiro, porque é pontilhado. Cleiton pergunta onde está o veículo original. Walisson
refere ao veículo original como “o estragado” e diz que guardou em outro local, que não é
o local que Cleiton sabe, que este lugar deu “bode” (foi descoberto pela polícia). Cleiton
quer trocar o número do carro e pintá-lo. Walisson diz que quer fazer tudo na oficina do
Cleiton para o veículo já sair de lá completamente pronto. Cleiton diz que vai fazer como
Walisson quer. Walisson diz que o carro vai chegar por volta das 20 horas na oficina do
Cleiton, porque está vindo de longe. Cleiton insiste perguntando sobre a “chinela” (placa)
do outro carro. Walisson diz que vai levar par Cleiton quando ele for. Cleiton fala que tem
que organizar direito para não dar erro.” (índice 39353795 – Walisson Rodrigues de
Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim, 06/03/2017 – 13:39:21); “Cleiton diz para
Walisson que está montando o carro para poder entregar para o rapaz. Cleiton pergunta
para Walisson se o “trem” (carro roubado) está “frio” (foi verificado se não tem
rastreador). Walisson diz que desde a sexta-feira passada. Cleiton pede para Walisson levar
o veículo para ele. Walisson marca de encontrar para levar o carro (roubado) e diz que já
vai levar as placas (falsas) e os “trem” do carro (dados do veículo para transplante).”
(índice 39355383 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x Cleiton Borges Gudim,
06/03/2017 – 15:17:32); “(...) Walisson diz que esta ficando novo (o Veloster sendo
transplantado). Walisson fala que já lixou tudo. Maiko conta que quase fez isso (no carro
roubado), mas o cara cobrou o “oitão” (revólver de Maiko) para desmontar e montar. Maiko
diz que iria pagar para pintar e fazer o serviço que Walisson tinha explicado (colocar as
peças do Veloster roubado branco no Veloster preto de Walisson). Maiko conta que ficaria
mais de R$ 5.000,00. (...).” (índice 39367873 – Walisson Rodrigues de Oliveira (Gordão) x
Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca), 07/03/2017 – 11:59:36). Ademais, o laudo de
exame de perícia criminal – identificação de veículo automotor (fls. 1.521/1.526), demonstrou
que o veículo foi adulterado, com transplante de NIV, inclusive com a alteração da cor
original do veículo de branco para a cor prata. Vê-se, portanto, que a versão apresentada pelo
acusado não apresenta consonância com as demais provas produzidas nos autos. Por outro

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lado, tem-se que o delito de adulteração de sinal identificador de veículo automotor, crime
contra a fé pública, consuma-se com a simples adulteração da autenticidade do sinal de
identificação do veículo automotor, não se exigindo finalidade específica para a
caracterização da conduta delituosa, pouco importando a motivação do agente. Assim,
demonstrada a materialidade e autoria do crime, impõe-se a condenação do acusado
CLEITON.

2.29) Vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita


Mendes da Rocha

Diz a denúncia que no dia 11 de março de 2017, na Rua


dos Pássaros, Qd. 07/08, Lt. 11H, Expansul, Aparecida de Goiânia-GO, foi subtraído,
mediante grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo
camionete Ford/Ranger, placas ONB-8190, bem assim, outros bens que guarneciam a
residência, fato imputado aos acusados GENIVAL, que abordou a vítima junto com um
segundo elemento não identificado, e MAIKO JORGE, mandante do crime. Após o roubo, o
veículo foi levado para um imóvel situado na Rua Santo Antônio, Residencial Armando
Antônio, em Bela Vista de Goiás-GO, o qual foi alugado pelo denunciado MAIKO JORGE.

A materialidade do crime restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 1.196/1.199; RAI nº 2568466 (fls. 1.200/1.203); termo de entrega
(fls. 1.207/1.209), referente aos bens apreendidos no Auto de Busca e Apreensão fls. 531/532
(itens 20, 21 e 26), que estavam na posse de Jeová; e RAI nº 2568741 (fls. 1.214/1.216),
referente à localização do veículo roubado.

Interrogados judicialmente, os acusados GENIVAL (fls.


2.774/2.776) e MAIKO JORGE (fls. 2.762/2.764) negaram a imputação. Não obstante a
negativa de autoria, as provas dos autos foram suficientes para comprovar autoria delitiva
imputada aos acusados. Veja que extrajudicialmente, GENIVAL DA SILVA FERRAZ (fls.
635/638), apesar de não reconhecer a responsabilidade criminal por este fato, delatou o seu
comparsa MAIKO JORGE, ao afirmar que o veículo subtraído foi recuperado na casa
alugada por MAIKO JORGE em Bela Vista/GO: “... QUE não teve participação no roubo
da caminhonete Ford/Ranger, placa ONB-8190, ocorrido no dia 11/03/2017; QUE soube
que essa caminhonete foi recuperada por policiais do GRAER na casa que era alugada por
Maiko, em Bela Vista de Goiás-GO; QUE soube que a caminhonete estava na mesma casa
onde o declarante buscou o Hyundai/Veloster; QUE Marcos Regino apenas lhe contou
sobre a apreensão da caminhonete, não falando quem a roubou...”

A vítima Joselino da Silva Neves (declarações gravadas


em mídias às fls. 2503/2511) declarou que foi vítima de roubo de uma camionete Ranger, em
Aparecida de Goiânia-GO, fato praticado por duas pessoas. Contou que estava dentro de casa,
enquanto sua esposa lavava a calçada. Sua esposa foi abordada e levada para o interior da casa
pelos dois indivíduos. Na sequência, os assaltantes subtraíram a televisão e outros bens que
guarneciam a casa, colocando tudo dentro do veículo Ford/Ranger, de sua propriedade, o qual

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foi localizado, logo em seguida, em Bela Vista/GO. Disse que um dos assaltantes era moreno,
alto, magro, de 24 a 25 anos e que o outro era mais baixo. Ao visualizar a fotografia de
GENIVAL, a vítima disse ver bastante semelhança com um dos assaltantes, justamente
aquele que estava armado, pois foi ele que ficou vigiando, enquanto que o outro autor recolhia
os bens na casa. Afirmou que na polícia a certeza do reconhecimento de GENIVAL chegou a
90% (noventa por cento). Afirmou que ao visualizar a fotografia dos demais acusados nos
autos, não reconheceu os comparsas.

A vítima Elenita Mendes da Rocha (declarações


gravadas em mídias às fls. 2503/2511) declarou que o roubo ocorreu em sua residência,
quando estava lavando a calçada da rua, ao que foi abordada por duas pessoas, por volta de
meio dia, ocasião em que eles adentraram a casa e levaram os bens que guarneciam a
residência, além da camionete Ford/Ranger. Contou que cerca de quatro horas depois, o carro
foi encontrado em Bela Vista/GO, porém ninguém foi preso nessa ocasião. Disse que o
indivíduo que estava armado era moreno, alto e magro, e que vê semelhança com o acusado
GENIVAL, com 80% (oitenta por cento) de grau de certeza. Afirmou que na delegacia
também reconheceu o acusado GENIVAL como sendo um dos autores do roubo.

A testemunha Jeone Pinto Ferreira (depoimento


gravado em mídia às fls. 2.503/2.511) afirmou ser o proprietário do imóvel localizado na
cidade de Bela Vista/GO, local onde foram encontradas duas camionetes roubadas, relatando
que primeiro visualizou no local uma Nissan e, posteriormente, a polícia localizou uma
Ford/Ranger. Narrou que o imóvel foi locado para uma moça com cerca de 20 a 25 anos, que
estava com duas crianças, e não fez contrato. Disse que ela ficou no imóvel por cerca de 04
(quatro) meses. Disse, ainda, que quando esteve na Delegacia, conversou com o proprietário
da camionete Ford/Ranger, e que não teve contato com a vítima da camionete Nissan.

Conforme se denota das transcrições acima, a instrução


processual revelou, claramente, que os acusados GENIVAL e MAIKO JORGE, além de um
terceiro indivíduo não identificado, mediante grave ameaça, agiram imbuídos do intuito de
subtrair coisa alheia móvel, fato que foi narrado em juízo pelas vítimas Joselino da Silva
Neves e Elenita Mendes da Rocha, as quais reconheceram o acusado GENIVAL como sendo
um dos autores do crime, bem assim, pelas testemunhas Jeone Pinto Ferreira e Fábio
Meireles, que relataram que o veículo subtraído foi localizado na casa locada em Bela
Vista/GO, e, sobretudo, confirmando que a referida casa foi locada pelo acusado MAIKO
JORGE, que atuou como mandante em diversos crimes de roubo. Necessário mencionar que
no crime 2.5, referente ao roubo do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, cor prata,
pertencente à vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes, fato imputado a Bruno Regino,
Matheus Leomar, “R7” (não identificado), e MAIKO JORGE, que atuou como mandante do
crime, as interceptações telefônicas revelaram que MAIKO JORGE informou para Matheus
Leomar que o veículo deveria ser guardado no “buraco”, ao que seu comparsa afirmou que
está levando o veículo para a cidade de Bela Vista-GO, em uma casa alugada, local que
chama de “buraco”, verificando que eles usavam a mesma estratégia para esconder os
veículos subtraídos após o roubo: “Matheus fala que Bruno pegou uma “grande”, uma
Amarok. Maiko fala que tem que levar para onde ele está. Matheus fala que eles estão indo

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para Bela Vista e fala para Maiko ligar para Bruno. Maiko fala que não tem o telefone do
Bruno e manda Matheus ligar para o R7 (que está com o Bruno na caminhonete roubada)
no telefone 9355-1759.” (índice 37056586 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x
Matheus Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 19:25:36); “R7 está dirigindo a Amarok
roubada. Matheus fala para R7 ir para o mesmo local que deixaram a outra (caminhonete).
Matheus e R7 marcam de encontrar. Maiko pede a placa da Amarok. Maiko diz que já tem o
“buraco” (local para guardar a caminhonete roubada), quando der “vermelho” (vítima
fizer a ocorrência de roubo), é para avisar o Luis Fernando, pois ele vai colocar na casa
que eles alugaram. Matheus pede pra R7 ir para sua frente para ele pode ver a placa da
Amarok. Matheus fala que a placa da Amarok é NWF-0829. R7 fala para Matheus que a
gasolina da Amarok acabou. Maiko pesquisa a placa da Amarok e fala que é do ano de
2010/2011.” (índice 37057035 – Maiko Jorge Rodrigues Machado (Cueca) x R7 x Matheus
Leomar Cosme Lopes, 29/07/2016 – 20:05:15). Portanto, considerando todas as
circunstâncias mencionadas, não procede a negativa de autoria de ambos os acusados, visto
que não faz frente às provas dos autos.

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que os acusados agiram com consciência e vontade de realizar a
conduta criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel,
mediante grave ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria
delitiva, em relação ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando
azo à condenação dos acusados, não prosperando a absolvição pretendida pelas defesas.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego da arma de fogo foi confirmado pelas vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita
Mendes da Rocha, sendo que ambos relataram que durante a abordagem, GENIVAL era o
assaltante que portava a arma de fogo. Não é empecilho para o reconhecimento da aludida
causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida e periciada, pois, exigir-se,
em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a estimular os criminosos a
desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de modo que a majorante em
questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP, do Superior Tribunal de
Justiça. O concurso de agentes também restou suficientemente demonstrado nos autos, tendo
as vítimas afirmado que GENIVAL era o indivíduo que estava armado e adentrou à
residência acompanhado de outro comparsa não identificado. Além do que, MAIKO JORGE
atuou como mandante do crime, determinando que o veículo roubado fosse levado para uma
casa alugada por ele na cidade de Bela Vista-GO. Os comportamentos acima descritos
revelam o entrosamento entre os acusados e seu comparsa, evidenciando que toda a ação
objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma determinada
tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do maior risco a
que as vítimas foram submetidas, como, também, devido à facilitação do roubo pela atuação
conjunta dos agentes.

Cumpre ressaltar, que embora tenham sido duas vítimas


neste fato, ocasião em que foram subtraídos o veículo Ford/Ranger, placas ONB-8190, além

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de bens que guarneciam a residência das vítimas Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da
Rocha, evidente a ocorrência de crime único, pois não ficou configurada, nos autos, a
possibilidade de os acusados individualizem a propriedade dos bens subtraídos.

2.30) Vítimas Mauro de Castro Arantes e Rafael de


Paula Castro Arantes

Narra a denúncia que no dia 17 de março de 2017, num


bar situado na Rua B4, Parque das Laranjeiras, nesta Capital, foram subtraídos, mediante
grave ameaça com o uso de arma de fogo e concurso de pessoas, o veículo Chevrolet/Cruze
LT NB, cor branca, placas OGM-2610, da vítima Mauro, e o celular Samsung S6, da vítima
Rafael, fato imputado ao acusado GENIVAL, que agiu acompanhado de dois indivíduos,
identificados pelos nomes de Matheus e João Pedro. Durante cumprimento de mandado de
busca e apreensão, o celular supracitado foi encontrado na residência do denunciado
GENIVAL.

A materialidade dos crimes restou evidenciada pelo


Relatório policial de fls. 1.217/1.223, especificadamente pelos índices nºs 39511790,
39512014, 39514516, 39514611, 39515615. 39517114, 39518937, da interceptação, em que o
acusado GENIVAL conversou com seus comparsas sobre o roubo, bem assim, sobre a
recuperação do veículo. Ademais, a localização da ERB evidenciou que GENIVAL estava
nas proximidades do local do roubo; RAI nº 2618543 (fls. 1.224/1.226); termo de entrega (fls.
1.231/1.232), referente ao celular apreendido no Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630
(item 1 – segundo – IMEI 359591061832817/01), evidenciando que o acusado GENIVAL
estava na posse do celular subtraído; Relatório policial às fls. 665/696, referente às conversas
de WhatsApp de GENIVAL, em que ele afirma estar com o veículo Chevrolet/Cruze LT NB,
roubado no dia 17 de março de 2017.

Interrogado, judicialmente, o acusado GENIVAL (fls.


2.774/2.776) negou a imputação.

A vítima Mauro de Castro Arantes (declarações


gravadas em mídia às fls. 2.677/2.682) declarou que estava em um bar com o seu filho, a
vítima Rafael, ocasião em que passaram três rapazes e compraram um refrigerante. Logo
depois, retornaram, momento em que um deles, com emprego de arma, o abordou, subtraindo
o seu veículo, o celular de seu filho e a chave do veículo deste. Disse que localizaram o carro
em Mineiros, com traficantes, segundo informação da Delegada, ocasião em que já o havia
transferido para a seguradora. Relatou que a polícia recuperou o celular do seu filho. Relatou,
ainda, que posteriormente recebeu uma ligação ameaçando-o para não entrar em contato com
a polícia. Contou que todos os indivíduos eram jovens, mas não tem condições de reconhecer
ninguém, pois não olhou diretamente no rosto deles.

A vítima Rafael de Paula Castro Arantes (declarações


gravadas gravado em mídia às fls. 2.677/2.682) disse que estava em um bar junto com seu pai,
a vítima Mauro, ocasião em que visualizaram três jovens, os quais posteriormente voltaram e

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anunciaram o assalto no bar. Mencionou que foram abordados por um indivíduo pardo,
estatura mediana, que subtraiu a chave do veículo do seu pai. Afirmou que também teve a
chave do seu veículo subtraída, além do celular. Ao visualizar fotografias aleatórias, juntadas
aos autos, viu bastante semelhança do acusado GENIVAL com um dos assaltantes. Afirmou
que na delegacia de polícia também reconheceu GENIVAL. Informou que ao recuperar o
celular subtraído, verificou que nele constava a fotografia do acusado GENIVAL. Afirmou
que o veículo do seu pai foi localizado, posteriormente, bem assim, que o seu celular também
foi recuperado.

A testemunha Ricardo Pereira Filho (depoimento


gravado em mídia às fls. 2.677/2.682) disse ser o proprietário do bar onde ocorreu o assalto
contra a vítima Mauro. Informou que três pessoas abordaram o Mauro e seu filho. Justificou
que como os assaltantes pediram para deitarem-se no chão, não teve a possibilidade de
visualizar nenhum deles, não podendo, assim, reconhecê-los.

Segundo o Relatório de Interceptação Telefônica (fls.


1.217/1.223), a autoria delitiva imputada ao acusado GENIVAL foi comprovada: “Genival
fala que o “trem” (arma) está sem munição. HNI pergunta como vai sem munição. Genival
diz que se for mulher (a vítima) não dá nada, que só dá algum problema se for homem.
Genival fala que é só não “pegar” (roubar) homem. Genival diz que mulher e velho não
acreditam (que a arma está sem munição). HNI comenta que está tendo muita polícia.
Genival fala que não vai roubar longe. Genival pede para HNI ver se João Pedro vai, pois se
não for ele desce e “pega” (rouba). Genival diz que João Pedro só leva (o carro roubado).
HNI pergunta se Genival vai descer para realizar o roubo com o “trem” (arma). HNI diz que
vai ver com João Pedro. Genival diz que João Pedro quem tem que descer, pois é ele quem
vai levar o carro (roubado). HNI pergunta quem vai dirigir o outro carro, pois o Jadson
sumiu. Genival diz que vai deixar seu carro na esquina e sair para roubar. Genival propõe
HNI descer com João Pedro para roubar e ele ficar em seu carro. Genival diz que se for
mulher (a vítima) não dá problema, pois é fácil. Genival pergunta se HNI tem munição de
revólver calibre 32. HNI diz que não. Genival marca de pegar HNI e mais um cara para
saírem para roubar.” (índice 39511790 – Genival da Silva Ferraz x HNI, 17/03/2017 –
19:16:12); “(HNI passa o telefone para João Pedro). Genival pergunta se João Pedro vai
(sair para roubar). João Pedro pergunta como será. Genival explica que vão dar uma volta
pelas ruas para ver se acha alguma mulher (vítima) em carro e se achar eles “pegam”
(roubam) o carro. Genival diz que mulher não acredita que a arma não tem munição.
Genival diz que na hora de buscar o carro (após deixarem para esfriar) eles mandam outra
pessoa ir. Genival diz que vão roubar perto de onde João Pedro está. Genival está indo ao
encontro de João Pedro. João Pedro diz que se não der certo eles “pegam” (roubam) outra
coisa. Genival manda João Pedro vestir calça e uma blusa que não chame a atenção. Genival
comenta que quer “pegar” (roubar) pelo menos algo para eles irem para o “frevo” (festa) no
dia de hoje.” (índice 39512014 – Genival da Silva Ferraz x HNI, 17/03/2017 – 19:27:20);
“Ao fundo o barulho do momento após o roubo) Ao fundo Genival pergunta onde João Pedro
está. João Pedro diz que está subindo a avenida. Genival diz que já está com o carro
(roubado). Genival fala para João Pedro que está indo para Aparecida de Goiânia-GO. João
Pedro diz que está na rotatória do Setor Parque das Laranjeiras. Genival manda João Pedro

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ir para o rumo do Supermercado Bretas. (Ao fundo ouve-se que Genival está no veículo
roubado com outra pessoa) João Pedro diz que está em frente ao Hospital HDT. Genival
pergunta se tem alguma viatura vindo atrás. João Pedro fala que não. Genival (mexendo nos
pertences da vítima) comenta ao fundo que acha que a vítima do roubo deve ser advogado.”
(índice 39514516 – Genival da Silva Ferraz x João Pedro, 17/03/2017 – 21:48:04); “João
Pedro diz que está na BR. Genival fala que está perto da Fábrica Mabel. Genival comenta
que o velho (vítima do roubo) só tem cartão e está preso ao aparelho celular*. Genival pede
calma para Matheus (está dentro do carro roubado com ele). Genival comenta que o “velho
desgramado” (vítima) não tem nem R$ 5,00 dentro do carro. Genival comenta sobre um
controle de uma casa (da vítima). Genival explica para João Pedro onde está. João Pedro
chega ao encontro de Genival. Genival pergunta para Matheus se ele já pegou o que tinha
para pegar dentro do carro roubado. Genival pergunta se Matheus olhou debaixo do banco.
Genival manda Matheus pegar tudo.” (índice 39514611 – Genival da Silva Ferraz x Matheus,
17/03/2017 – 21:55:38); “Genival pergunta para HNI onde irá deixar o tablet. Genival
pergunta se pode deixar o revólver na casa de HNI. HNI pede para deixar na casa de João
Pedro. HNI propõe a Genival passar na casa dele e deixar o revólver na casa de um
moleque. Genival comenta que o carro roubado já deu “vermelho” (vítima fez ocorrência de
roubo). Genival diz que eles têm que pegar o carro roubado cedo (do local que deixaram)
para guardá-lo em uma casa, senão irão perdê-lo (carro será recuperado).” (índice
39515615 – Genival da Silva Ferraz x HNI, 17/03/2017 – 23:32:50); “Genival fala para HNI
que está com um Cruze (roubado) e pergunta se HNI sabe quem compra. HNI pede para
mandar as fotos do veículo e dos “chinelos” (placas). Genival diz que só tirou foto das
placas. Genival fala que o Cruze está no Setor Expansul e que tem que colocar no “buraco”
(local para guardar carro roubado).” (índice 39517114 – Genival da Silva Ferraz x HNI,
18/03/2017 – 08:03:49); “Genival conta que tinha sumido uns tempos, pois uns caras
atiraram em seu carro. Genival conta que o Marcão (Marcos Regino de Souza Santos) tinha
feito graça com o seu carro. Genival conta que agora voltou a ativa, pois pegou outro carro.
Genival pergunta quanto HNI cobra para fazer um “chinelo” (placas clonadas) e o
“verdinho” (documento veicular) para ele. HNI diz que em que ver com o menino. Genival
fala que quer fazer para andar no carro. Genival conta que está com um carro (Cruze
roubado). HNI reclama que Genival não leva o carro até ele. Genival fala que se fizer o
“chinelo” ele leva. Genival conta que “pegou” (roubou o Cruze) no dia anterior á noite e vai
“emburacar” (guarda em um local). Genival pergunta se HNI tem algum revólver para
trocar no Cruze. HNI diz que está sem arma.” (índice 39518937 – Genival da Silva Ferraz x
HNI, 18/03/2017 – 10:31:17).

Conforme se denota das transcrições acima, consistentes


nas declarações das vítimas Mauro de Castro Arantes e Rafael de Paula Castro Arantes, nos
depoimentos das testemunhas Ricardo Pereira Filho e Fábio Meireles, sobretudo, nas
interceptações telefônicas, a instrução processual revelou, claramente, que o acusado
GENIVAL, em concurso de pessoas, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma
de fogo, agiu imbuído do intuito de subtrair o veículo da vítima Mauro, e o celular da vítima
Rafael. Veja que a vítima Rafael reconheceu, tanto em Juízo como na Delegacia, o acusado
como sendo um dos assaltantes, bem assim, afirmou que o seu celular foi encontrado em
poder de GENIVAL, constando, inclusive a sua fotografia, fato este evidenciado pelo termo

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de entrega (fls. 1.231/1.232) e Auto de Busca e Apreensão fls. 629/630 (item 1 – segundo –
IMEI 359591061832817/01).

Corroborando a prova produzida em Juízo, verifica-se


que, extrajudicialmente, GENIVAL confessou a prática delituosa referente a este fato,
relatando todas as minúcias do crime, inclusive quem foram seus comparsas, afirmando (fls.
635/638): “... QUE alguns dias depois, o declarante saiu com Marcos Regino e Jonathan,
sendo esse último um adolescente que mora no Setor Santa Cruz; QUE não sabe maiores
informações sobre Jonathan, pois foi Marcos Regino quem o convidou; QUE saíram em um
veículo roubado, mas com placas trocadas, e foram para um bar no Parque das Laranjeiras;
QUE ao chegarem, viram um rapaz e um senhor sentados em uma mesa, instante em que o
declarante, Marcos Regino e Jonathan abordaram as vítimas e anunciaram o roubo; QUE
Marcos Regino era quem portava o revólver, calibre 38; QUE subtraíram o aparelho celular
e um veículo GM/Cruze, cor branca; QUE o declarante saiu conduzindo o veículo roubado,
enquanto os outros dois foram no veículo que utilizaram; QUE o declarante levou esse
veículo para uma casa no Setor Garavelo, Aparecida de Goiânia-GO, onde o deixou
guardado; QUE não sabe o atual paradeiro desse carro, mas acredita que Marcos Regino
possa estar com ele; QUE ficou com o aparelho celular de uma das vítimas, sendo o mesmo
objeto apreendido hoje em sua casa durante o cumprimento do mandado de busca...”

Em que pese GENIVAL ter retratado, em juízo, a


confissão extrajudicial, observa-se que a primeira versão por ele apresentada é coerente e
minuciosa e corrobora as declarações das vítimas ouvidas durante a instrução processual, bem
assim, as informações da autoridade policial, Fábio Meireles, em juízo. De igual forma, a
confissão de GENIVAL com relação aos crimes 2.19 e 2.27, referente aos veículos Fiat/Toro,
Freedom AT, placas PQW-6856, da vítima Geraldo Simeão da Silva; e Chevrolet/Cruze LT
NB, cor branca, placas ONP-2090, da vítima Paulo Junior Sirino da Silva, ambas retratadas
em Juízo, conforme mencionado acima, também são mais coerentes e se aproximam mais da
verdade.

Com efeito, segundo o entendimento jurisprudencial, a


confissão extrajudicial, ainda que retratada em juízo, mostra-se hábil a embasar o decreto
condenatório, quando em consonância com outros elementos probatórios produzidos nos
autos. Verifica-se que os elementos colhidos no inquérito policial se encontram em harmonia
com as provas posteriormente produzidas em Juízo, sob o crivo do contraditório, nos termos
do artigo 155, do Código de Processo Penal. O acusado GENIVAL, perante a autoridade
policial, relatou a ocorrência do crime de forma detalhada, apresentando minúcias que
somente poderiam ser repassadas por quem estivesse na cena do crime. Evidencia-se que tais
declarações não colidem com os demais elementos de convicção jurisdicionalizados, pelo
contrário, os confirmam.
Ademais, conforme claramente demonstrado pelas
interceptações telefônicas, prova suficiente para embasar a condenação, GENIVAL
conversou com seus comparsas antes de saírem para a prática de crimes, ocasião em que
mencionaram estar sem munição, ao que GENIVAL disse que vítimas mulher ou velho é
“fácil”, pois tais vítimas não acreditam que a arma esteja desmuniciada (índices 39511790 e

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

39512014). Após a prática do roubo ora em análise GENIVAL entrou em contato com seu
comparsa, reclamando da vítima, a chamando de “velho”, pois não tinha dinheiro dentro do
veículo, e ainda falou para o comparsa verificar se tinha qualquer outro bem dentro do
veículo:“Ao fundo o barulho do momento após o roubo) Ao fundo Genival pergunta onde
João Pedro está. João Pedro diz que está subindo a avenida. Genival diz que já está com o
carro (roubado). Genival fala para João Pedro que está indo para Aparecida de Goiânia-
GO. João Pedro diz que está na rotatória do Setor Parque das Laranjeiras. Genival manda
João Pedro ir para o rumo do Supermercado Bretas. (Ao fundo ouve-se que Genival está no
veículo roubado com outra pessoa) João Pedro diz que está em frente ao Hospital HDT.
Genival pergunta se tem alguma viatura vindo atrás. João Pedro fala que não. Genival
(mexendo nos pertences da vítima) comenta ao fundo que acha que a vítima do roubo deve
ser advogado.” (índice 39514516 – Genival da Silva Ferraz x João Pedro, 17/03/2017 –
21:48:04); “João Pedro diz que está na BR. Genival fala que está perto da Fábrica Mabel.
Genival comenta que o velho (vítima do roubo) só tem cartão e está preso ao aparelho
celular*. Genival pede calma para Matheus (está dentro do carro roubado com ele). Genival
comenta que o “velho desgramado” (vítima) não tem nem R$ 5,00 dentro do carro. Genival
comenta sobre um controle de uma casa (da vítima). Genival explica para João Pedro onde
está. João Pedro chega ao encontro de Genival. Genival pergunta para Matheus se ele já
pegou o que tinha para pegar dentro do carro roubado. Genival pergunta se Matheus olhou
debaixo do banco. Genival manda Matheus pegar tudo.” (índice 39514611 – Genival da
Silva Ferraz x Matheus, 17/03/2017 – 21:55:38).

Em outro contato de GENIVAL com seus comparsas,


ele afirmou que o carro roubado já deu vermelho, em referência ao registro da ocorrência de
roubo, afirmando, também, acerca da necessidade de se trocar a placa e guardar o carro
roubado em outro local: “Genival pergunta para HNI onde irá deixar o tablet. Genival
pergunta se pode deixar o revólver na casa de HNI. HNI pede para deixar na casa de João
Pedro. HNI propõe a Genival passar na casa dele e deixar o revólver na casa de um
moleque. Genival comenta que o carro roubado já deu “vermelho” (vítima fez ocorrência
de roubo). Genival diz que eles têm que pegar o carro roubado cedo (do local que deixaram)
para guardá-lo em uma casa, senão irão perdê-lo (carro será recuperado).” (índice
39515615 – Genival da Silva Ferraz x HNI, 17/03/2017 – 23:32:50); “Genival fala para HNI
que está com um Cruze (roubado) e pergunta se HNI sabe quem compra. HNI pede para
mandar as fotos do veículo e dos “chinelos” (placas). Genival diz que só tirou foto das
placas. Genival fala que o Cruze está no Setor Expansul e que tem que colocar no
“buraco” (local para guardar carro roubado).” (índice 39517114 – Genival da Silva Ferraz
x HNI, 18/03/2017 – 08:03:49);

Por fim, GENIVAL perguntou ao seu comparsa se tem


algum revólver para trocar pelo Cruze: “Genival conta que tinha sumido uns tempos, pois uns
caras atiraram em seu carro. Genival conta que o Marcão (Marcos Regino de Souza Santos)
tinha feito graça com o seu carro. Genival conta que agora voltou a ativa, pois pegou outro
carro. Genival pergunta quanto HNI cobra para fazer um “chinelo” (placas clonadas) e o
“verdinho” (documento veicular) para ele. HNI diz que em que ver com o menino. Genival
fala que quer fazer para andar no carro. Genival conta que está com um carro (Cruze

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9ª Vara Criminal

roubado). HNI reclama que Genival não leva o carro até ele. Genival fala que se fizer o
“chinelo” ele leva. Genival conta que “pegou” (roubou o Cruze) no dia anterior á noite e vai
“emburacar” (guarda em um local). Genival pergunta se HNI tem algum revólver para
trocar no Cruze. HNI diz que está sem arma.” (índice 39518937 – Genival da Silva Ferraz x
HNI, 18/03/2017 – 10:31:17).

Presentes, portanto, todos os elementos do crime de


roubo, restando evidente que o acusado agiu com consciência e vontade de realizar a conduta
criminosa, revelando nítida intenção de assenhorear-se de coisa alheia móvel, mediante grave
ameaça e concurso de pessoas. Desta forma, a materialidade e a autoria delitiva, em relação
ao crime de roubo, encontram-se suficientemente comprovadas, dando azo à condenação do
acusado, não prosperando a absolvição aduzida pela defesa.

Não há dúvida sobre a ocorrência das causas de aumento


de pena aduzidas na denúncia (§ 2º, incisos I e II, do artigo 157, do Código Penal). O
emprego de arma de fogo foi evidenciado pela vítima Mauro, a qual afirmou que o roubo foi
praticado por três indivíduos jovens, estando um deles armado. Ademais, as interceptações
revelaram o uso da arma de fogo. Há que se ressaltar que não é empecilho para o
reconhecimento da aludida causa de aumento o fato de a arma de fogo não ter sido apreendida
e periciada, pois, exigir-se, em tais situações, a apreensão ou exame pericial, poderia vir a
estimular os criminosos a desaparecerem com referido instrumento logo após o crime, de
modo que a majorante em questão dificilmente teria aplicação, nesse sentido HC 183.169-SP,
do Superior Tribunal de Justiça. De igual forma, o concurso de agentes foi evidenciado pelas
vítimas, bem como, pelas interceptações telefônicas, demonstrando que o acusado GENIVAL
agiu junto com outros dois comparsas. Desta forma, evidente que o acusado e o comparsa
agiram em acordo de vontades, tendo o mesmo desígnio e consciência. Os comportamentos
acima descritos, revelam o entrosamento entre o acusado e seus comparsas, evidenciando que
toda a ação objetivava a mesma finalidade ilícita, cada qual se responsabilizando por uma
determinada tarefa. Portanto, justificada a agravação da pena no crime, não só em razão do
maior risco a que as vítimas foram submetidas, como, também, devido à facilitação do roubo
pela atuação conjunta dos agentes.

A instrução processual demonstrou, também, que os


crimes de roubo foram praticados mediante concurso formal, eis que, apesar da unidade de
ação, atingiram bens distintos e juridicamente protegidos de duas vítimas distintas (Mauro e
Rafael), ensejando a aplicação da regra insculpida no artigo 70, do Código Penal, que trata
do concurso formal de crimes.

Não prospera a tese de menor participação proposta pelas


defesas dos acusados GENIVAL (fls. 3.200/3.228), DIEGO HENDRIGO (fls. 3.293/3.322),
BRUNO LIMA (fls. 3.323/3.353), PAULO SÉRGIO (fls. 3.354/3.983), JOÃO PEDRO
(fls. 3.984/4.013) e WALISSON (fls. 4.053/4.085), visto que restou devidamente
comprovado nos autos que todos os acusados praticaram os crimes a eles imputados de
maneira ativa, e não apenas como mero partícipes, sendo todos beneficiados pela atividade
ilícita, devendo responder pelas penas previstas para cada tipo penal. Veja, ainda, que mesmo

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9ª Vara Criminal

os acusados que atuaram apenas na direção dos veículos de apoio ou como mandantes dos
crimes tiveram atuações que culminaram na decisão de se praticar o crime, sendo
fundamentais para o acontecimento de cada fato criminoso.

Após a análise detida de todos os crimes de roubo,


verifica-se que alguns fatos, embora tenham ocorrido em datas relativamente próximas, ou até
no mesmo dia, não configuram a continuidade delitiva, mas sim o concurso material. Senão
vejamos: os crimes descritos nos itens 2.2, 2.3 e 2.4, imputados ao acusado WALISSON,
ocorreram aos 20/05/2016, 16/07/2016 e 19/07/2016, respectivamente. Apesar da
proximidade das datas, há que se falar que os crimes não foram praticados segundo o mesmo
modo de execução, visto que no crime 2.2, a abordagem se deu em via pública. No crime
descrito no item 2.3, por sua vez, os agentes adentraram uma oficina mecânica para efetuar o
roubo e, por fim, no fato descrito no item 2.4, os agentes invadiram uma residência. Os
roubos descritos nos itens 2.13, 2.21 e 2.28, ocorridos aos 29/10/2016, 11/01/2017 e
04/03/2017, por sua vez, foram praticados em circunstâncias de tempo e modo de execução
diversas, assim como as receptações descritas nos itens 2.5 e 2.23, estas ocorridas aos
29/07/2016 e 24/01/2017. Veja que além diversidade de modo de execução, referidos crimes,
imputados ao acusado WALISSON, foram praticados com comparsas diferentes, além de
denotar uma verdadeira habitualidade criminosa e não mera continuidade delitiva.

De igual forma, quanto aos crimes atribuídos ao acusado


BRUNO LIMA, verifica-se que o crime descrito no item 2.1 ocorreu em 21/05/2016, quando
ele adentrou em uma escola para subtrair a chave do veículo Fiesta, enquanto que o crime
descrito no item 2.4, em 19/07/2016, os agentes invadiram uma residência. Já os crimes
descritos nos itens 2.6 e 2.9, ocorridos aos 12/09/2016 e 19/09/2016, respectivamente, apesar
de ambas as abordagens terem sido na rua, os comparsas de BRUNO LIMA eram diferentes.
Ademais, há se destacar a habitualidade criminosa do acusado, o que afasta a continuidade
delitiva, prevalecendo o concurso material de crimes.

Ao acusado JOÃO PEDRO foram imputados dois


crimes, 2.4 e 2.6, ocorridos em 19/07/16 e 12/09/2016, sendo que o primeiro ocorreu em uma
residência e o segundo na via pública, caracterizando, indubitavelmente, o concurso material.
Da mesma forma, ao acusado MATHEUS LEOMAR também foram atribuídos dois crimes,
2.3 e 2.5, praticados nos dias 16/07/16 e 29/07/16, respectivamente, sendo que o primeiro foi
praticado no interior de uma oficina mecânica e o último na via pública. Neste caso, além do
distanciamento de datas, a diferença de local e forma de execução, impedem o
reconhecimento da continuidade e reforçam a ocorrência do concurso material. Em relação
aos acusados FILIPE NASCIMENTO e DIEGO COTRIM (crimes 2.7, 2.8 e 2.10), se
observa a ocorrência do crime continuado entre as condutas 2.7 e 2.8, pois ambas as
abordagens ocorreram em via pública com apenas cinco dias de diferença, enquanto que no
crime descrito no item 2.10, restou demonstrada a ocorrência do concurso formal. Todavia,
entre os crimes descritos nos itens 2.7 e 2.8, praticados em continuidade delitiva, e aqueles
praticados no item 2.10, em concurso formal, nota-se, claramente, entre eles a existência do
concurso material.

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9ª Vara Criminal

Dos crimes de roubo imputados ao acusado JEOVÁ


(2.16, 2.22 e 2.26), aos 27/12/16, 19/01/2017 e 1º/03/2017, o primeiro ocorreu em uma
residência, o segundo e o terceiro na rua. Portanto, todos os fatos citados não ocorreram da
mesma forma de execução, circunstância que impede o reconhecimento do crime continuado.
Nesse mesmo contexto, veja que a receptação de nº 2.18, também atribuída a JEOVÁ, apesar
da proximidade de datas com outras receptações em continuidade delitiva (2.24, 2.27 e 2.28),
também não configura o crime continuado, pois o transporte do veículo de origem ilícita se
deu para outro estado da federação, ocasião em que ele foi preso em flagrante em Camapuã-
MS, em direção ao Paraguai. Também impede o reconhecimento da continuidade delitiva, em
favor do acusado JEOVÁ, nos casos já referidos, a habitualidade criminosa, visto que oito
crimes, seja roubo ou receptação, foram a ele imputados (Crimes nº 2.3, 2.16, 2.18, 2.22, 2.24,
2.26, 2.27 e 2.28). Nos citados casos, evidente, portanto, o concurso material.

Também há proximidades de datas e, até mesmo,


coincidências de datas, nos crimes imputados ao acusado MAIKO JORGE. Veja que o
roubo 2.2, na data de 20/05/2016, aconteceu na rua; o crime 2.3, de 16/07/16, em uma oficina;
o crime 2.5, de 29/07/16, também aconteceu na rua; o crime 2.11, de 21/10/16, dentro de um
estacionamento; o crime 2.13, de 29/10/16, em uma residência; o crime 2.17, de 06/01/2017,
ocorreu na rua; os crimes 2.19 e 2.20 ocorreram na mesma data, em 11/01/2017, o primeiro
no estacionamento de uma igreja e o segundo em um salão de beleza, sendo que em ambos os
fatos MAIKO JORGE foi o mandante dos crimes, mas os comparsas que os executaram
eram diferentes. Os crimes descritos nos itens 2.26 e 2.29, ocorridos, respectivamente, em
1º/03/2017 e 11/03/2017, apresentam modo diverso de execução, pois o primeiro, referente a
uma tentativa de roubo, se deu em via pública e, o segundo, em uma residência. Como se não
bastasse a maneira de execução diferente, a jurisprudência tem entendido que a continuidade
delitiva não se confunde com a habitualidade delitiva, visto que o crime continuado é um
benefício penal e só pode ser aplicado quando não configurada a habitualidade criminosa,
restando, assim, a aplicação do concurso material de crimes. Nesse sentido:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO


DE RECURSO PRÓPRIO.INADEQUAÇÃO. ROUBOS.
DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. PENA-
BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. MOTIVAÇÃO
IDÔNEA DECLINADA. CONCURSO MATERIAL.
HABITUALIDADE DELITIVA EVIDENCIADA. AUSÊNCIA
DE LIAME SUBJETIVO ENTRE AS CONDUTAS.
MAIORES INCURSÕES SOBRE O TEMA QUE
DEMANDARIAM REVOLVIMENTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPROPRIEDADE NA VIA DO WRIT.
ORDEM NÃO CONHECIDA. (…) 4. O crime continuado é
benefício penal, modalidade de concurso de crimes que, por
ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes
parcelares que o formam, para fins específicos de aplicação
da pena. Para a sua aplicação, a norma extraída do art. 71,
caput, do Código Penal, exige, concomitantemente, três

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9ª Vara Criminal

requisitos objetivos: I) pluralidade de condutas; II)


pluralidade de crime da mesma espécie; III) condições
semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes (conexão temporal, espacial, modal e
ocasional); IV) e, por fim, adotando a teoria objetivo-
subjetiva ou mista, a doutrina e jurisprudência inferiram
implicitamente da norma um requisito da unidade de
desígnios na prática dos crimes em continuidade delitiva,
exigindo-se, pois, que haja um liame entre os crimes, apto a
evidenciar de imediato terem sido esses delitos subsequentes
continuação do primeiro, isto é, os crimes parcelares devem
resultar de um plano previamente elaborado pelo agente.
Em verdade, não se pode confundir continuidade delitiva
com habitualidade delitiva, o que afasta a possibilidade de
reconhecimento da hipótese do art. 71 do CP. 5. Se o
Colegiado a quo, de forma motivada, reconheceu não restarem
configurados os requisitos necessários para que se entenda o
segundo roubo como continuidade do primeiro, notadamente
por não ter sido demonstrado o liame subjetivo entre as
condutas, para infirmar tal conclusão seria necessário o reexame
detido com conjunto fático-probatório dos autos, o que não se
coaduna com a via do writ. 6. Habeas corpus não conhecido.
(HC 410.772/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 25/10/2017). (destaque
não original).

PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO. CONTINUIDADE


DELITIVA AFASTADA. AUSÊNCIA DE UNIDADE DE
DESÍGNIOS. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO. 1. Ao interpretar o art. 71 do Código Penal,
adotou esta Corte a teoria mista, ou objetivo-subjetiva,
segundo a qual, caracteriza-se a ficção jurídica do crime
continuado quando preenchidos tanto os requisitos de
ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e modo
de execução do delito -, quanto o de ordem subjetiva - a
denominada unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre
os eventos criminosos, a exigir a demonstração do
entrelaçamento entre as condutas delituosas, ou seja,
evidências no sentido de que a ação posterior é um
desdobramento da anterior. 2. Incontroversos os fatos no
acórdão recorrido, não se verifica continuação delitiva entre
roubos sucessivos e autônomos, se diversos os desígnios
motivadores da prática dos delitos. 3. Recurso especial provido
para, afastada a continuidade delitiva, reconhecer o concurso
material dos delitos perpetrados, determinando o retorno dos

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9ª Vara Criminal

autos ao juízo das execuções para somatória e readequação das


penas. (REsp 1535243/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,
SEXTA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 13/06/2017)
(destaque não original).

Veja, ainda, que os crimes imputados aos acusados


EVANDSON (Crimes 2.16, 2.17, 2.20 e 2.25) e GENIVAL (Crimes 2.19, 2.22, 2.29 e 2.30),
apesar de apresentarem datas aproximadas, também não foram realizados no mesmo contexto,
visto que restou comprovada a ocorrência de crimes em residência, na via pública, em
estabelecimento comercial, em estacionamento de igreja e em um bar. Como se não bastasse,
restou evidenciada a habitualidade criminosa com relação aos agentes, o que afasta qualquer
possibilidade de reconhecimento do crime continuado, preponderando, nos citados casos, o
concurso material.

Portanto, a instrução processual demonstrou que os


acusados WALISSON, BRUNO LIMA, MAIKO JORGE, IVANILDO, CLEITON,
EDUARDO LIMA, PAULO SERGIO, JOÃO PEDRO, ANTÔNIO CARLOS, FILIPE,
DIEGO COTRIM, EDIMILSON LUIS, MATHEUS LEOMAR, BRUNO REGINO DE
SOUZA, IGOR ANDRÉ, THIERRY GLEYFFER, JEOVÁ, EVANDSON, GENIVAL e
MATHEUS VIEIRA, mediante duas ou mais ações distintas, praticaram os crimes de roubo
e/ou receptação e de organização criminosa, ensejando a aplicação da regra insculpida no
artigo 69, do Código Penal, que trata do concurso material de crimes, com reflexo na
aplicação da pena, com exceção dos crimes de roubo e receptação cuja continuidade delitiva
ou concurso formal foram reconhecidas durante a análise de cada conduta.

Em conclusão, portanto, o réu WALISSON


RODRIGUES DE OLIVEIRA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por cinco vezes – Crimes 2.2, 2.3, 2.13, 2.21 e 2.28), art. 157,
§ 2º, I e II, c/c o artigo 70 (Crime 2.4), art. 180, caput (por duas vezes – Crimes 2.5 e 2.23),
todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu BRUNO LIMA DOS
SANTOS está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e
II (por três vezes – Crimes 2.1, 2.6 e 2.9), art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (Crime 2.4),
todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu MAIKO JORGE
RODRIGUES MACHADO está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por nove vezes – Crimes 2.2, 2.3, 2.5, 2.11, 2.13, 2.17, 2.19,
2.20 e 2.29), art. 157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II (Crime 2.26), art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo
71 (por duas vezes – Crimes 2.27 e 2.28), art. 180, caput, c/c o artigo 71, (por duas vezes –
Crime 2.18), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu IVANILDO
DE MORAIS PESSOA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art.
180, § 1º (Crime 2.23), c/c o artigo 69, ambos do Código Penal; o réu DIEGO HENDRIGO
LOPES DE SOUZA GOUVEIA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13; o réu CLEITON BORGES GUDIM está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I
da Lei 12.850/13, e art. 311, caput (Crime 2.28), c/c o artigo 69, ambos do Código Penal; o
réu SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da
Lei 12.850/13; o réu EDUARDO LIMA DOS SANTOS está incurso nas penas do art. 2º, §§

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9ª Vara Criminal

2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.21), c/c o art. 69, ambos do Código
Penal; o réu PAULO SERGIO GOMES DOS SANTOS está incurso nas penas do art. 2º, §§
2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (por duas vezes – Crime 2.4),
c/c o artigo 69, todos do Código Penal; o réu MATEUS COSTA DE LIMA está incurso nas
penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13; o réu JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS
está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, c/c o
artigo 70 (por duas vezes - Crime 2.4), e art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.6), todos combinados
com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DE
SOUSA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II
(Crime 2.9), c/c o artigo 69, ambos do Código Penal; o réu FILIPE NASCIMENTO SILVA
está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, c/c o
artigo 71 (por duas vezes - Crime 2.7 e 2.8), e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (por três
vezes - Crime 2.10), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; DIEGO
COTRIM MESSIAS está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art.
157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por duas vezes - Crime 2.7 e 2.8), e art. 157, § 2º, I e II, c/c o
artigo 70 (por três vezes - Crime 2.10), todos combinados com o artigo 69, todos do Código
Penal; o réu EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º
e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (por três vezes – Crime 2.10),
todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu MATHEUS LEOMAR
COSME LOPES está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, §
2º, I e II (por duas vezes – Crimes 2.3 e 2.5), todos combinados com o artigo 69, ambos do
Código Penal; o réu BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS está incurso nas penas do art.
2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.5), c/c o artigo 69, ambos do
Código Penal; o réu IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO está incurso nas
penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por cinco
vezes – Crimes 2.12, 2.14 e 2.15), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal;
o réu THIERRY GLEYFFER GONÇALVES BORGES está incurso nas penas do art. 2º,
§§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por cinco vezes – Crimes
2.12, 2.14 e 2.15), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal; o réu JEOVÁ
JOSÉ DA SILVA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, §
2º, I e II (por duas vezes – Crimes 2.16 e 2.22), art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 14, II (Crime
2.26), artigo 180, caput (por duas vezes – Crimes 2.3 e 2.18), artigo 180, caput, c/c 71 (por
três vezes – Crimes 2.24, 2.27 e 2.28), todos combinados com o artigo 69, todos do Código
Penal; o réu EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA está incurso nas penas do
art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por quatro vezes – Crimes 2.16,
2.17, 2.20, 2.25), e art. 180, caput (Crime 2.18), todos combinados com o artigo 69, todos do
Código Penal; o réu GENIVAL DA SILVA FERRAZ está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º
e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por três vezes – Crimes 2.19, 2.22, 2.29), art.
157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por duas vezes – Crimes 2.27 e 2.28), e art. 157, § 2º, I e II,
c/c o artigo 70 (por duas vezes – Crime 2.30), todos combinados com o artigo 69, todos do
Código Penal; o réu MATHEUS VIEIRA LIRA está incurso nas penas do art. 2º, §§ 2º e 4º,
I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.20), e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 14, II
(Crime 2.26), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do


Código Penal:

01) Crime nº 2.2 - Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo GM/S10, placas OMN-5818, ocorrido em 20 de maio de
2016, contra a vítima Etevaldo Alves Galvão (WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgado aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-
los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá
ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da
ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a
respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu
pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias:
constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento
como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie,
nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada
contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente,
fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de
diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos
incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães -
POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código
Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à
época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.3- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Nissan/Frontier SVATK 4x2, placas ONN-5910, ocorrido em
16 de julho de 2016, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas (WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em


julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime:
desfavoráveis, considerando o elevado prejuízo da vítima (R$ 75.000,00), já que o veículo
não foi recuperado e não era segurado; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a
prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base
em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Considerando a presença da agravante
da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 05 (cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Não ocorrem causas de
diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos
incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
em definitivo, em 07 (sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães -
POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código
Penal, ao pagamento de 30 (trinta) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente
à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo
Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a
vítima Reginaldo José dos Santos (WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos
49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular Samsung
Galaxy, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a vítima Maikel Vieira de Melo
(WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são
normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Oldenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do


salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de dois atos distintos - prática de dois crimes de roubo (itens 3 e 4 -
2.4), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para WALISSON RODRIGUES
DE OLIVEIRA, a pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá
pagar 40 (quarenta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução.

05) Crime nº 2.13- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas PQY-3164, ocorrido dia 29 de outubro
de 2016, contra a vítima José Alberto Ávila de Souza (WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são
normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária


Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos
49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

06) Crime nº 2.21- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo VW/Kombi, placas OGJ- 5465, ocorrido no dia 11 de janeiro
de 2017, contra a vítima Douglas Candido da Silva (WALISSON):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são
normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos
49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

07) Crime nº 2.28- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, ocorrido no
dia 04 de março de 2017, em desfavor da vítima Helder da Silva (WALISSON):

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Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;
circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são
normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos
49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

08) Crime nº 2.5- Receptação (art. 180, caput, do


Código Penal) do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, fato ocorrido entre os dias 29 e 30
de julho de 2016, vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (WALISSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois,
apresenta a condição de reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos
crimes de furto, receptação, associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças
condenatórias transitadas em julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora
desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para análise; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual

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9ª Vara Criminal

deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva; circunstâncias: sem relevância a


ser destacada; consequências: não ultrapassaram as elementares do tipo; comportamento da
vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve ela nenhuma influência na decisão do
acusado de praticar o crime. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a
pena base em 01 (um) ano de reclusão. Considerando a presença da agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 04 (quatro) meses, fixando-a,
definitivamente, em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, à míngua de outras
causas modificadoras de pena, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, em razão da
reincidência, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu,
ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15
(dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

09) Crime nº 2.23- Receptação (art. 180, caput, do


Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, roubado no dia 24 de janeiro de
2017, contra a vítima Allanio Ferreira Garcia (WALISSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois,
apresenta a condição de reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos
crimes de furto, receptação, associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças
condenatórias transitadas em julgados aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora
desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para análise; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva; circunstâncias: sem relevância a
ser destacada; consequências: não ultrapassaram as elementares do tipo; comportamento da
vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve ela nenhuma influência na decisão do
acusado de praticar o crime. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a
pena base em 01 (um) ano de reclusão. Considerando a presença da agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 04 (quatro) meses, fixando-a,
definitivamente, em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, à míngua de outras
causas modificadoras de pena, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, em razão da
reincidência, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu,
ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15
(dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

10) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º, 3º

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e 4º, I da Lei 12.850/13) (WALISSON):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.475/1.481), pois, apresenta a condição de
reincidente, com três condenações transitadas em julgado, pelos crimes de furto, receptação,
associação criminosa e falsidade ideológica, com sentenças condenatórias transitadas em
julgado aos 30/03/2010, 14/02/2012 e 09/04/2012. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-
los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá
ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da
ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a
respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram
declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um
pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do
crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA - STJ - julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a
agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 07 (sete) meses,
fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Considerando,
ainda, a presença da agravante prevista no § 3º do artigo 2º da Lei 12.850/2013 (liderança),
agravo a pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 07 (sete)
meses de reclusão. Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista
no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no
mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, 05 (cinco) anos, 04 (quatro) meses e
05 (cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da
reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda,
em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15
(quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo, receptação e organização criminosa), resultando, definitivamente, para
WALISSON RODRIGUES DE OLIVEIRA, a pena privativa de liberdade de 48 (quarenta
e oito) anos e 25 (vinte e cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado,
na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena

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privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, porque a pena não é
adequada ao benefício e, também, por se tratar de acusado reincidente em crime doloso. Além
do que, a maior parte dos crimes que integram o concurso foi praticada com grave ameaça.
Pelos mesmos motivos também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma,
resulta em 195 (cento e noventa e cinco) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


BRUNO LIMA DOS SANTOS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.1- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford/Fiesta SD 1.6, placas PQI-1186, ocorrido no dia 12 de
maio de 2016, em desfavor da vítima Aparecida Marlei de Assis (BRUNO LIMA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo
Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a
vítima Reginaldo José dos Santos (BRUNO LIMA):

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Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular Samsung
Galaxy, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a vítima Maikel Vieira de Melo (BRUNO
LIMA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática

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do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04


(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de dois atos distintos - prática de dois crimes de roubo (itens 2 e 3 -
2.4), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para BRUNO LIMA DOS
SANTOS, a pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de
Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 40 (quarenta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

04) Crime nº 2.6- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Toyota/Hilux, placas PQM-0970, ocorrido no dia 12 de
setembro de 2016, em desfavor da vítima Márcio Cardoso Soares (BRUNO LIMA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena

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9ª Vara Criminal

previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.9- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3484, ocorrido no dia
19 de setembro de 2016, em desfavor da vítima Beatriz Miguel de Padua (BRUNO LIMA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º, 3º


e 4º, I da Lei 12.850/13) (BRUNO LIMA):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.469/1.474), pois contra o acusado consta uma

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condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (16/05/2013), com
sentença transitada em julgado aos 17/01/2017 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados
pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 04 (quatro) anos de reclusão, acima do mínimo legal,
porque foram considerados desfavoráveis os antecedentes e as consequências do crime
(participação de adolescente). No caso da participação de adolescente, embora causa de
aumento, servirá para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, permanecendo a
outra causa de aumento (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira
fase da dosimetria da pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, STJ, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a
presença da agravante prevista no § 3º do artigo 2º da Lei 12.850/2013 (liderança), agravo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses
de reclusão. Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º
(emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de
1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, em 05 (cinco) anos e 03 (três) meses de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em
Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para BRUNO LIMA
DOS SANTOS, a pena privativa de liberdade de 31 (trinta e um) anos, 07 (sete) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, levando-se em conta que a pena não é
adequada ao benefício. Além do que, os crimes que integram o concurso foram praticados
com grave ameaça. Por tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa,
operada a soma, resulta em 115 (cento e quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em
julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado

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MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, em conformidade com os artigos 59 e 68, do


Código Penal:

01) Crime nº 2.2 - Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo GM/S10, placas OMN-5818, ocorrido em 20 de maio de
2016, contra a vítima Etevaldo Alves Galvão (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.3- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Nissan/Frontier SVATK 4x2, placas ONN-5910, ocorrido em
16 de julho de 2016, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta

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9ª Vara Criminal

fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: desfavoráveis, considerando o elevado
prejuízo da vítima (R$ 75.000,00), já que o veículo não foi recuperado e não era segurado;
comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos e 09
(nove) meses de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 05
(cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 07
(sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 30 (trinta) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.5- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, ocorrido em 29 de julho de
2016, de propriedade da vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do


art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.11- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Toyota/Corolla, placas PQN-1208, ocorrido em 21 de
outubro de 2016, de propriedade da vítima José Divino da Silva (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.
05) Crime nº 2.13- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e
II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas PQY-3164, ocorrido dia 29 de outubro
de 2016, contra a vítima José Alberto Ávila de Souza (MAIKO JORGE):

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9ª Vara Criminal

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

06) Crime nº 2.17- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas PQQ-8012, ocorrido no dia 06 de janeiro
de 2017, contra a vítima José de Oliveira (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se

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9ª Vara Criminal

valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

07) Crime nº 2.19- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Fiat/Toro, Freedom AT, placas PQW-6856, ocorrido dia 11
de janeiro de 2017, contra a vítima Geraldo Simeão da Silva (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança

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9ª Vara Criminal

através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

08) Crime nº 2.20- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Nissan/Frontier, placas OTP-8510, ocorrido no dia 11 de
janeiro de 2017, contra a vítima Mariana Palos Andrade So (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: graves, visto que após o crime foram
gastos elevada quantia de dinheiro no cartão da vítima, a qual ficou no prejuízo;
comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos e 09
(nove) meses de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 05
(cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 07
(sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 30 (trinta) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

09) Crime nº 2.26- Roubo Majorado Tentado (art.


157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II, ambos do Código Penal) do veículo GM/S10, cor branca,
placas ONN-4567, ocorrido no dia 1º de março de 2017, contra a vítima Gabriel dos Santos
Andrade (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma

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9ª Vara Criminal

de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta


fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em provisoriamente, em
06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão. Finalmente, considerando a causa de
diminuição de pena referente à tentativa, inserta no art. 14, II do CP, e levando em conta, no
caso, o iter criminis, com abordagem à vítima e troca de tiros, tornando próxima a
consumação do crime, reduzo em 1/3 a pena privativa de liberdade, fixando-a, em definitivo,
em 04 (quatro) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos
do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

10) Crime nº 2.27- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Chevrolet/Cruze LT NB, placas ONP-
2090, ocorrido em 04 de março de 2017, contra a vítima Paulo Junior Sirino da Silva
(MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não

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incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

11) Crime nº 2.28- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB-
3361, ocorrido em 04 de março de 2017, contra a vítima Helder da Silva (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61,
I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena.
Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do
art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06
(seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em
razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser

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9ª Vara Criminal

recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


dois itens acima (10 e 11 - 2.27 e 2.28) foram praticados de forma continuada (artigo 71,
parágrafo único, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de liberdade,
que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/6, levando-se em
conta o número mínimo de infrações, totalizando para MAIKO JORGE a pena de 07 (sete)
anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães – POG.
Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 40 (vinte) dias-multa, esta fixada
em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

12) Crime nº 2.29- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas ONB-8190, bem assim, outros bens que
guarneciam a residência, ocorrido no dia 11 de março de 2017, em desfavor das vítimas
Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da Rocha (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: desfavoráveis,
visto que, para praticar o crime, o acusado violou o domicilio das vítimas, fato, por si só,
considerado ilicito; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento das vítimas: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Considerando a presença da agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 05 (cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Não ocorrem causas de
diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena previstas nos
incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
em definitivo, em 07 (sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães -
POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código
Penal, ao pagamento de 30 (trinta) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente
à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da

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9ª Vara Criminal

sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

13) Crime nº 2.18- Receptação (art. 180, caput, c/c art.


71, ambos do Código Penal) do veículo Toyota/Corolla, placas NLT-0389, roubado no dia 02
de novembro de 2016, da vítima João Cardoso Sudário (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime
de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo
de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para análise; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
próprios da espécie delitiva; circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências:
não ultrapassaram as elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância
neutra, pois não teve ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de
reclusão. Considerando a agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a
pena em 04 (quatro) meses, fixando-a, definitivamente, em 01 (um) ano e 04 (quatro)
meses de reclusão, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, em razão da reincidência, na Colônia Agroindustrial, em
Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

14) Crime nº 2.18- Receptação (art. 180, caput, c/c art.


71, ambos do Código Penal) do veículo Toyota Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480, roubado
no dia 07 de janeiro de 2017, da vítima Arthur Emanuel Chaves de Dranco (MAIKO
JORGE):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime
de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo
de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para análise; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:

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9ª Vara Criminal

próprios da espécie delitiva; circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências:


não ultrapassaram as elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância
neutra, pois não teve ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de
reclusão. Considerando a agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a
pena em 04 (quatro) meses, fixando-a, definitivamente, em 01 (um) ano e 04 (quatro)
meses de reclusão, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, em razão da reincidência, na Colônia Agroindustrial, em
Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de receptação analisados


nos dois itens acima (13 e 14 - 2.18) foram praticados de forma continuada (artigo 71,
caput, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de liberdade, que no caso
foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/6, levando-se em conta o número
mínimo de infrações, totalizando para MAIKO JORGE a pena de 01 (um) ano, 06 (seis)
meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, em razão
da reincidência, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Sendo a pena
de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 30 (trinta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

15) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º, 3º


e 4º, I da Lei 12.850/13) (MAIKO JORGE):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.463/1.468), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, em 01/07/2013. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta
fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados
pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um
pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do

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crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 07 (sete) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Considerando, ainda, a
presença da agravante prevista no § 3º do artigo 2º da Lei 12.850/2013 (liderança), agravo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 07 (sete) meses
de reclusão. Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º
(emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de
1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, em 05 (cinco) anos, 04 (quatro) meses e 05
(cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da
reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda,
em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15
(quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo, receptação e organização criminosa), resultando, definitivamente, para
MAIKO JORGE RODRIGUES MACHADO, a pena privativa de liberdade de 78 (setenta
e oito) anos, 06 (seis) meses e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, levando-se em conta que a pena não é adequada ao benefício e, também, por se
tratar de acusado reincidente em crime doloso. Além do que, a maior parte dos crimes que
integram o concurso foi praticada com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo
o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 308 (trezentos e oito) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez
dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


IVANILDO DE MORAIS PESSOA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código
Penal:

01) Crime nº 2.23- Receptação (art. 180, § 1º, do


Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas ONY-2504, roubado no dia 24 de janeiro de
2017, contra a vítima Allanio Ferreira Garcia (IVANILDO):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: São favoráveis, pois, apesar de constar

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a instauração de ação penal por crime de receptação, não há informação sobre condenação
com trânsito em julgado (fls. 1.459/1.461); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie
delitiva; circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram
as elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos de reclusão, a
qual torno definitiva, à míngua de causas modificadoras de pena, a ser cumprida no regime
inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os
artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (IVANILDO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: São favoráveis, pois, apesar de constar a instauração de ação penal por
crime de receptação, não há informação sobre condenação com trânsito em julgado (fls.
1.459/1.461) conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação;
personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente,
razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado;
circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além
da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino;
comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja,
aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer
influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente,
fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do
mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do crime
(participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a presença da
causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei
12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, em
04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida

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dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de receptação e organização criminosa), resultando, definitivamente, para
IVANILDO DE MORAIS PESSOA, a pena privativa de liberdade de 07 (sete) anos e 01
(um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia
Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, considerando que a soma
das penas tornou inadequado o benefício. Pelo mesmo motivo não lhe concedo o sursis. A
pena de multa, operada a soma, resulta em 22 (vinte e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


DIEGO HENDRIGO LOPES DE SOUZA GOUVEIA, em conformidade com os artigos
59 e 68, do Código Penal:
01) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e
4º, I da Lei 12.850/13) (DIEGO HENDRIGO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.457/1.458);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de
fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-
a, definitivamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, tendo em vista que a pena não é adequada ao benefício. Pelo mesmo motivo

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não lhe concedo o sursis. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


CLEITON BORGES GUDIM, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.28- Adulteração de Sinal Identificador


de Veículo Automotor (art. 311, caput, do Código Penal) do veículo Hyundai Veloster, cor
branca, placas PGB- 3361, fato ocorrido após o dia 06 de março de 2017, em desfavor da
vítima Helder da Silva (CLEITON):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, pois, apesar de figurar em outros procedimentos
penais, não consta sentença penal condenatória, com trânsito em julgado (fls. 1.452/1.454);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: são normais à espécie, não ultrapassando as
elementares do tipo; comportamento da vítima: sujeito passivo do crime é o Estado, não
exercendo, assim, qualquer influência para a ocorrência do crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos de reclusão.
Não ocorrem agravantes e atenuantes. Inexistem causas de aumento ou diminuição de pena,
motivo pelo qual torno a pena definitiva em 03 (três) anos de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado, nos termos do artigo 33, § 1º, “c”, artigo 36,
ambos do Código Penal. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

02) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (CLEITON):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, pois, apesar de figurar em outros procedimentos
penais, não consta sentença penal condenatória, com trânsito em julgado (fls. 1.452/1.454);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual

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deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de
fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-
a, definitivamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de adulteração de sinal identificador de veículo automotor e organização criminosa),
resultando, definitivamente, para CLEITON BORGES GUDIM, a pena privativa de
liberdade de 07 (sete) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal,
considerando que a soma das penas tornou inadequado o benefício. Pelo mesmo motivo não
lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 22 (vinte e dois) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código
Penal:

01) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (SÍLVIO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.455/1.456);

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conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:


poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de
fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-
a, definitivamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, tendo em vista que a pena não é adequada ao benefício. Pelo mesmo motivo
não lhe concedo o sursis. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


EDUARDO LIMA DOS SANTOS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código
Penal:

01) Crime nº 2.21- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo VW/Kombi, placas OGJ- 5465, ocorrido aos 11 de janeiro de
2017, contra a vítima Douglas Candido da Silva (EDUARDO):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.444/1.451), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de homicídio tentado, em
06/04/2016. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta
que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da
aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação;
personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente,
razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão


pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem;
consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator
extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista
destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de
reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código
Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e
09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a
presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do
Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04
(quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da
reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda,
em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20
(vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (EDUARDO):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.444/1.451), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de homicídio tentado, em
06/04/2016. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta
que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da
aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação;
personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente,
razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado;
circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além
da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino;
comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja,
aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer
influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente,
fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do
mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do crime
(participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 07 (sete) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Considerando, por fim, a

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo


2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a,
definitivamente, em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel
Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para EDUARDO
LIMA DOS SANTOS, a pena privativa de liberdade de 11 (onze) anos, 01 (um) mês e 05
(cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da
reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser
o réu reincidente em crime doloso, bem assim, ter sido o crime praticado com grave ameaça.
Além do que, a pena estabelecida não é adequada ao benefício. Por tais motivos, também não
lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 33 (trinta e três) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


PAULO SÉRGIO GOMES DOS SANTOS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do
Código Penal:

01) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo
Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a
vítima Reginaldo José dos Santos (PAULO SÉRGIO):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.440/1.443), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (10/09/2015), com
sentença transitada em julgado aos 22/08/2016 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular Samsung
Galaxy, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a vítima Maikel Vieira de Melo (PAULO
SÉRGIO):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.440/1.443), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (10/09/2015), com
sentença transitada em julgado aos 22/08/2016 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem agravantes e atenuantes, nem
causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de dois atos distintos - prática de dois crimes de roubo (itens 1 e 2 -
2.4), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para PAULO SÉRGIO GOMES
DOS SANTOS, a pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a
ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de
Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 40 (quarenta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

03) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (PAULO SÉRGIO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.440/1.443), pois contra o acusado consta uma
condenação, também pelo crime de roubo, praticado em data anterior (10/09/2015), com
sentença transitada em julgado aos 22/08/2016 (posterior ao crime em julgamento), a qual,
embora não caracterize a reincidência, deve ser valorada nesta fase, por ser fato anterior,
evidenciando os maus antecedentes do réu; conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados
pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 04 (quatro) anos de reclusão, acima do mínimo legal,
porque foram considerados desfavoráveis os antecedentes e as consequências do crime
(participação de adolescente). No caso da participação de adolescente, embora causa de
aumento, servirá para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, permanecendo a
outra causa de aumento (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira
fase da dosimetria da pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a
presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo
2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a,
definitivamente, 04 (quatro) anos e 08 (oito) meses de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo em concurso formal e organização criminosa), resultando, definitivamente,
para PAULO SERGIO GOMES DOS SANTOS, a pena privativa de liberdade de 12 (doze)
anos e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ter sido o crime
praticado com grave ameaça. Além do que, a pena estabelecida não é adequada ao benefício.
Por este último motivo, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma,
resulta em 52 (cinquenta e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à
época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença,
sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


MATEUS COSTA DE LIMA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

01) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (MATEUS COSTA):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.438/1.439);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um
pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do
crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a presença da
causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei
12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, em
04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da
pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, tendo em vista que a
pena não é adequada ao benefício. Pelo mesmo motivo não lhe concedo o sursis. Condeno o

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


JOÃO PEDRO ELIAS DOS SANTOS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do
Código Penal:

01) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo
Chevrolet/S10, cor branca, placas OLW-2165, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a
vítima Reginaldo José dos Santos (JOÃO PEDRO):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.430/1.432); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.4- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular Samsung
Galaxy, ocorrido em 19 de julho de 2016, contra a vítima Maikel Vieira de Melo (JOÃO
PEDRO):

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9ª Vara Criminal

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.430/1.432); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de dois atos distintos - prática de dois crimes de roubo (itens 1 e 2 -
2.4), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para JOÃO PEDRO, a pena de 06
(seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO.. Sendo a pena de
multa cumulativa, o acusado deverá pagar 30 (trinta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

03) Crime nº 2.6- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Toyota/Hilux, placas PQM-0970, ocorrido no dia 12 de
setembro de 2016, em desfavor da vítima Márcio Cardoso Soares (JOÃO PEDRO):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade

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normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.430/1.432); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença das atenuantes da menoridade relativa e
da confissão espontânea (artigo 65, incisos I e III, d, do Código Penal), deixo de atenuar a
pena, posto ser vedado reduzi-la, nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ).
Não ocorrem agravantes, nem causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença
das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código
Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05
(cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º,
“b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em
Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (JOÃO PEDRO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.430/1.432);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.

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9ª Vara Criminal

Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.


Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para JOÃO PEDRO
ELIAS DOS SANTOS, a pena privativa de liberdade de 15 (quinze) anos e 20 (vinte) dias
de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao benefício e, também,
por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos, também não lhe
concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 57 (cinquenta e sete) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, em conformidade com os artigos 59 e 68,
do Código Penal:

01) Crime nº 2.9- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford EcoSport, cor branca, placas ONN-3484, ocorrido no dia
19 de setembro de 2016, em desfavor da vítima Beatriz Miguel de Padua (ANTÔNIO
CARLOS):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.433/1.437), pois, apresenta a condição de
reincidente, com duas condenações transitadas em julgado, pelos crimes de roubo, tráfico de
drogas, receptação, e posse irregular de arma de fogo, com sentenças condenatórias
transitadas em julgado aos 10/07/2014 e 13/10/2014. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:

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9ª Vara Criminal

se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva;


circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las
neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do crime: são
normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima:
em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão. Considerando a
presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das causas de aumento
de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no
mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos
49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação
financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito
em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (ANTÔNIO CARLOS):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.433/1.437), pois, apresenta a condição de
reincidente, com duas condenações transitadas em julgado, pelos crimes de roubo, tráfico de
drogas, receptação, e posse irregular de arma de fogo, com sentenças condenatórias
transitadas em julgado aos 10/07/2014 e 13/10/2014. Embora desfavoráveis, deixo de
considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e,
assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável,
diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram
coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos:
não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências
do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do
adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se
de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não
exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de
reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as
consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de
pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra
(emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da
pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando a agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em

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9ª Vara Criminal

07 (sete) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.


Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 05 (cinco) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para ANTÔNIO
CARLOS RODRIGUES DE SOUSA, a pena privativa de liberdade de 11 (onze) anos, 01
(um) mês e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão
da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser
o acusado reincidente em crime doloso, além da pena não ser adequada ao benefício. Por tais
motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 33
(trinta e três) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a
ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


FILIPE NASCIMENTO SILVA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código
Penal:

01) Crime nº 2.7- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo VW/Saveiro CD Cross MA, placas ONW-8639, ocorrido em
14 de setembro de 2016, contra a vítima Erivelton Vieira Alvares (FILIPE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do

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9ª Vara Criminal

crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.8- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, ocorrido em 19 de
setembro de 2016, contra a vítima Igor Miranda Balduino (FILIPE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias

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9ª Vara Criminal

depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


dois itens acima (1 e 2 - 2.7 e 2.8) foram praticados de forma continuada (artigo 71,
parágrafo único, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de liberdade,
que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/6, considerando o
número mínimo de infrações (duas), totalizando para FILIPE NASCIMENTO SILVA a
pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães – POG. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 40
(quarenta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a
ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

03) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo Fiat/Strada
Working, placas IWJ-4206, ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Jean
Pitágoras Araújo (FILIPE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias

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9ª Vara Criminal

depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Raimundo Santana de Almeida
(FILIPE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Igor Ribeiro de Almeida (FILIPE):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de três atos distintos - prática de três crimes de roubo (itens 3, 4 e 5 -
2.10), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para FILIPE NASCIMENTO
SILVA, a pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel
Odenir Guimarães - POG. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 60
(sessenta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a
ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (FILIPE):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.423/1.427), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 14/09/2015.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:


poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois, além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando a agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em
07 (sete) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 05 (cinco) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para FILIPE
NASCIMENTO SILVA, a pena privativa de liberdade de 19 (dezenove) anos, 06 (seis)
meses e 15 (quinze) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser o acusado
reincidente em crime doloso, tratar-se de crimes cometidos com grave ameaça e a pena não
ser adequada ao benefício. Por tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de
multa, operada a soma, resulta em 113 (cento e treze) dias-multa, fixados em 1/30 do
salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


DIEGO COTRIM MESSIAS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.7- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo VW/Saveiro CD Cross MA, placas ONW-8639, ocorrido em

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9ª Vara Criminal

14 de setembro de 2016, contra a vítima Erivelton Vieira Alvares (DIEGO COTRIM):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes
de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis,
deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a
reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta
social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos
elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de
valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie
delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de
valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.8- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Chevrolet/Cruze, placas ONS-6830, ocorrido em 19 de
setembro de 2016, contra a vítima Igor Miranda Balduino (DIEGO COTRIM):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes
de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis,
deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a
reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta
social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos
elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de
valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie
delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


dois itens acima (1 e 2 - 2.7 e 2.8) foram praticados de forma continuada (artigo 71,
parágrafo único, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de liberdade,
que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/6, considerando o
número mínimo de infrações (duas), totalizando para DIEGO COTRIM MESSIAS a pena
de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães – POG. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 40
(quarenta) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a
ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

03) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo Fiat/Strada
Working, placas IWJ-4206, ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Jean
Pitágoras Araújo (DIEGO COTRIM):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes
de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis,
deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a
reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta
social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos
elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de
valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie
delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Raimundo Santana de Almeida (DIEGO
COTRIM):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes
de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis,
deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a
reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta
social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos
elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de
valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie
delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de
valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações


sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Igor Ribeiro de Almeida (DIEGO
COTRIM):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois,
apresenta a condição de reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes
de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis,
deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a
reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta
social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade: poucos
elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual deixo de
valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie
delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo de
valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de três atos distintos - prática de três crimes de roubo (itens 3, 4 e 5 -
2.10), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para DIEGO COTRIM MESSIAS,
a pena de 07 (sete) anos, 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida no

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir


Guimarães - POG. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 60 (sessenta)
dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (DIEGO COTRIM):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.420/1.422), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelos crimes de tráfico de drogas e
porte ilegal de arma de fogo, aos 17/05/2016. Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los
nesta fase, levando-se em conta que a situação caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser
valorada na segunda fase da aplicação da pena; conduta social: favorável, diante da ausência
de elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados
pelo acusado; circunstâncias: integrantes do tipo penal; consequências do crime:
desfavoráveis, pois, além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um
pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do
crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Considerando a agravante da
reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em 07 (sete) meses, fixando-a,
provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Considerando, por fim, a
presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo
2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a,
definitivamente, em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel
Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para DIEGO

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

COTRIM MESSIAS, a pena privativa de liberdade de 19 (dezenove) anos, 06 (seis) meses e


15 (quinze) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser o acusado reincidente em crime
doloso, tratar-se de crimes cometidos com grave ameaça e a pena não ser adequada ao
benefício. Por tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a
soma, resulta em 113 (cento e treze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente
à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


EDIMILSON LUIS DE SOUZA FILHO, em conformidade com os artigos 59 e 68, do
Código Penal:

01) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do veículo Fiat/Strada
Working, placas IWJ-4206, ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Jean
Pitágoras Araújo (EDMILSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.417/1.419); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

02) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Raimundo Santana de Almeida
(EDMILSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.417/1.419); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.10- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70, ambos do Código Penal), do celular e da carteira,
ocorrido em 20 de outubro de 2016, contra a vítima Igor Ribeiro de Almeida (EDMILSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.417/1.419); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do


delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de três atos distintos - prática de três crimes de roubo (itens 1, 2 e 3 -
2.10), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/5,
considerando o número de três infrações, resultando, para EDIMILSON LUÍS DE SOUSA
FILHO, a pena de 06 (seis) anos, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 60 (sessenta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

04) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (EDMILSON):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.417/1.419);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa

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9ª Vara Criminal

de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,


enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para EDIMILSON
LUIS DE SOUZA FILHO, a pena privativa de liberdade de 09 (nove) anos, 10 (dez) meses
e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser
adequada ao benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por
tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
57 (cinquenta e sete) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


MATHEUS LEOMAR COSME LOPES, em conformidade com os artigos 59 e 68, do
Código Penal:

01) Crime nº 2.3- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Nissan/Frontier SVATK 4x2, placas ONN-5910, ocorrido em
16 de julho de 2016, de propriedade da vítima Elio Rodrigues de Freitas (MATHEUS
LEOMAR):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.414/1.416); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de

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9ª Vara Criminal

obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas


de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: desfavoráveis, considerando o elevado prejuízo da
vítima (R$ 75.000,00), já que o veículo não foi recuperado e não era segurado;
comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos e 09
(nove) meses de reclusão. Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do
Código Penal), reduzo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04
(quatro) anos de reclusão. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.5- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, roubo ocorrido no dia 29 de
julho de 2016, vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (MATHEUS LEOMAR):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.414/1.416); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por

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9ª Vara Criminal

inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (MATHEUS LEOMAR):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.414/1.416);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para MATHEUS
LEOMAR COSME LOPES, a pena privativa de liberdade de 14 (quatorze) anos e 02
(dois) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao
benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos,

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 42 (quarenta
e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


BRUNO REGINO DE SOUZA SANTOS, em conformidade com os artigos 59 e 68, do
Código Penal:

01) Crime nº 2.5- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo VW/Amarok, placas NWF-0829, roubo ocorrido no dia 29 de
julho de 2016, vítima Ricardo Henrique Veloso Fernandes (BRUNO REGINO):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.407/1.409); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (BRUNO REGINO):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.407/1.409);

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:


poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para BRUNO
REGINO DE SOUZA SANTOS, a pena privativa de liberdade de 08 (oito) anos e 10 (dez)
meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel
Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos
termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao benefício e,
também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos, também não
lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 27 (vinte e sete) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


IGOR ANDRÉ VALENÇA DO NASCIMENTO, em conformidade com os artigos 59 e 68,
do Código Penal:
01) Crime nº 2.12- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e
II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Toyota Hillux, cor prata, placas NLT-
5139, ocorrido em 27 de outubro de 2016, contra a vítima Renato de Paula Rodrigues (IGOR
ANDRÉ):

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Comarca de Goiânia
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Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.405/1.406); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.12- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), dos celulares, ocorrido em 27 de outubro de
2016, contra a vítima Fábio Motta (IGOR ANDRÉ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.405/1.406); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser

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9ª Vara Criminal

cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.14- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Chevrolet/S-10, cor branca, placas
ONP-6628, ocorrido em 02 de novembro de 2016, contra a vítima Lúcio Alves Naves (IGOR
ANDRÉ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.405/1.406); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.14- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do aparelho celular, ocorrido em 02 de novembro
de 2016, contra a vítima Luca Costa Naves (IGOR ANDRÉ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa

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9ª Vara Criminal

circunstância (fls. 1.405/1.406); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos


para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.15- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Hyundai/HB20, placas ONC-7469,
ocorrido em 02 de novembro de 2016, contra a vítima Irlon José de Oliveira (IGOR
ANDRÉ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.405/1.406); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem

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9ª Vara Criminal

informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


cinco itens acima (1, 2, 3, 4 e 5 - 2.12, 2.14 e 2.15) foram praticados de forma continuada
(artigo 71, parágrafo único, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de
liberdade, que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/3,
considerando o elevado número de infrações (cinco), totalizando para IGOR ANDRÉ
VALENÇA DO NASCIMENTO a pena de 07 (sete) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em
Aparecida de Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 75
(setenta e cinco) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução. Importante registrar que os delitos praticados em concurso formal (2.12 e 2.14)
também tiveram reconhecida a continuidade delitiva, para se evitar o acúmulo de acréscimos,
conforme justificativa feita durante a análise dos crimes. Também merece destaque a
conclusão de que o reconhecimento da continuidade delitiva se deu, principalmente, pela
coincidência e proximidade de datas em que os crimes foram praticados: três no mesmo dia
(02/11/2016) e os demais seis dias antes (27/10/2016), circunstância que, somada às demais
condições, ou seja, de lugar e maneira de execução, tornam evidente a ocorrência da
continuidade.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (IGOR ANDRÉ):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.405/1.406);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de

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arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para IGOR ANDRÉ
VALENÇA DO NASCIMENTO, a pena privativa de liberdade de 11 (onze) anos, 02 (dois)
meses e 10 (dez) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser
adequada ao benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por
tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
87 (oitenta e sete) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos,
a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


THIERRY GLEYFFER GONÇALVES BORGES, em conformidade com os artigos 59 e
68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.12- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Toyota Hillux, cor prata, placas NLT-
5139, ocorrido em 27 de outubro de 2016, contra a vítima Renato de Paula Rodrigues
(THIERRY):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar
sentença condenatória em desfavor do acusado, não há informação sobre o trânsito em
julgado da sentença (fls. 1.401/1.404); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,

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nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.12- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), dos celulares, ocorrido em 27 de outubro de
2016, contra a vítima Fábio Motta (THIERRY):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar
sentença condenatória em desfavor do acusado, não há informação sobre o trânsito em
julgado da sentença (fls. 1.401/1.404); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.14- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Chevrolet/S-10, cor branca, placas
ONP-6628, ocorrido em 02 de novembro de 2016, contra a vítima Lúcio Alves Naves

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(THIERRY):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar
sentença condenatória em desfavor do acusado, não há informação sobre o trânsito em
julgado da sentença (fls. 1.401/1.404); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.14- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do aparelho celular, ocorrido em 02 de novembro
de 2016, contra a vítima Luca Costa Naves (THIERRY):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar
sentença condenatória em desfavor do acusado, não há informação sobre o trânsito em
julgado da sentença (fls. 1.401/1.404); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa

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(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.15- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Hyundai/HB20, placas ONC-7469,
ocorrido em 02 de novembro de 2016, contra a vítima Irlon José de Oliveira (THIERRY):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar
sentença condenatória em desfavor do acusado, não há informação sobre o trânsito em
julgado da sentença (fls. 1.401/1.404); conduta social: favorável, diante da ausência de
elementos para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo
desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se
em causas de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não
incorrer em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se
valorar como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática
do delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Não ocorrem agravantes, nem
causas de diminuição de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de
pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo
de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


cinco itens acima (1, 2, 3, 4 e 5 - 2.12, 2.14 e 2.15) foram praticados de forma continuada

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(artigo 71, parágrafo único, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de
liberdade, que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/3,
considerando o elevado número de infrações (cinco), totalizando para THIERRY
GLEYFFER GONÇALVES BORGES a pena de 07 (sete) anos, 01 (um) mês e 10 (dez)
dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial
em Aparecida de Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar
75 (setenta e cinco) dias-multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução. Importante registrar que os delitos praticados em concurso formal (2.12 e 2.14)
também tiveram reconhecida a continuidade delitiva, para se evitar o acúmulo de acréscimos,
conforme justificativa feita durante a análise dos crimes. Também merece destaque a
conclusão de que o reconhecimento da continuidade delitiva se deu, principalmente, pela
coincidência e proximidade de datas em que os crimes foram praticados: três no mesmo dia
(02/11/2016) e os demais seis dias antes (27/10/2016), circunstância que, somada às demais
condições, ou seja, de lugar e maneira de execução, tornam evidente a ocorrência da
continuidade.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (THIERRY):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: favoráveis, pois, apesar de constar sentença condenatória em desfavor
do acusado, não há informação sobre o trânsito em julgado da sentença (fls. 1.401/1.404);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; consequências do crime:
desfavoráveis, pois além da paz pública, houve violação à integridade moral do adolescente
Marcos Regino; comportamento da vítima: prejudicado, considerando tratar-se de crime
vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do crime é a coletividade, não exercendo,
assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À vista destas circunstâncias, analisadas
individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, um
pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas desfavoráveis as consequências do
crime (participação de adolescente), sendo referida causa de aumento de pena utilizada para
aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria, enquanto a outra (emprego de arma de
fogo), também presente neste caso, na terceira fase da dosimetria da pena, como causa de
aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017. Presente a atenuante da
menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a pena em 06 (seis) meses,
fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão. Considerando, por fim, a presença
da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de arma de fogo) do artigo 2º da Lei
12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto), fixando-a, definitivamente, em
03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial aberto, na
Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos
do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-

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mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para THIERRY
GLEYFFER GONÇALVES BORGES, a pena privativa de liberdade de 10 (dez) anos, 07
(sete) meses e 10 (dez) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser
adequada ao benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por
tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
87 (oitenta e sete) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos,
a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.16 - Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I


e II, do Código Penal), do Honda/Fit, placas NLI-8900, da vítima Marcos Felipe, e demais
bens que guarneciam a residência, ocorrido em 27 de dezembro de 2016, contra as vítimas
Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís Henrique Silva Abreu (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)

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dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem


informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.22- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Toyota/Corolla, placas NRN-2657, ocorrido em 19 de janeiro
de 2017, de propriedade da vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes, agravantes, nem causas de diminuição
de pena. Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos
I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a,
definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser
cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime inicial semiaberto,
na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em
conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem
informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através
das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.26- Roubo Majorado Tentado (art.


157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II, ambos do Código Penal) do veículo GM/S10, cor branca,
placas ONN-4567, ocorrido no dia 1º de março de 2017, contra a vítima Gabriel dos Santos
Andrade (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de

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9ª Vara Criminal

obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas


de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não ocorrem atenuantes nem agravantes. Levando-se em conta a
presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do
Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, provisoriamente, em 05 (cinco) anos e
04 (quatro) meses de reclusão. Finalmente, considerando a causa de diminuição de pena
referente à tentativa, inserta no art. 14, II do CP, e levando em conta, no caso, o iter criminis,
com abordagem à vítima e troca de tiros, reduzo em 1/3 a pena privativa de liberdade,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 03 (três) anos, 06 (seis) meses e 20 (vinte)
dias de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com
os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.3- Receptação (art. 180, caput, do


Código Penal) do veículo Nissan/Frontier SVATK 4x2, placas ONN-5910, roubo ocorrido no
dia 16 de julho de 2016, vítima Elio Rodrigues de Freitas (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com
os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

05) Crime nº 2.18- Receptação (art. 180, caput, do


Código Penal) do veículo Toyota Hillux, cor cinza, placas OLH- 1480, roubo ocorrido no dia

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07 de janeiro de 2017, da vítima Arthur Emanuel Chaves de Dranco (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, a ser cumprida no regime inicial aberto, na Casa do Albergado.
Deixo, neste caso, de considerar a atenuante da confissão espontânea (artigo 65, inciso III, d,
do Código Penal), posto ser vedado reduzir a pena abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do
STJ). Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código
Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à
época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

06) Crime nº 2.24- Receptação (art. 180, caput, c/c o


art. 71, ambos do Código Penal) dos documentos que estavam no interior do veículo
Toyota/Hilux, placas OGM-1360, roubo ocorrido dia 08 de fevereiro de 2017, contra a vítima
Cézio Lopes de Siqueira (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com
os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação

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relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

07) Crime nº 2.27- Receptação (art. 180, caput, c/c o


art. 71, ambos do Código Penal) da cadeirinha de criança que estava no interior do veículo
Chevrolet/Cruze LT NB, placas ONP-2090, roubo ocorrido em 04 de março de 2017, contra a
vítima Paulo Junior Sirino da Silva (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com
os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

08) Crime nº 2.28- Receptação (art. 180, caput, c/c o


art. 71, ambos do Código Penal) do Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB- 3361, roubo
ocorrido em 04 de março de 2017, contra a vítima Helder da Silva (JEOVÁ):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.390/1.391); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, à míngua de outras causas modificadoras de pena, a ser cumprida no
regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade com
os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua

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9ª Vara Criminal

situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de receptação analisados


nos três itens acima (6, 7 e 8 – 2.24, 2.27 e 2.28) foram praticados de forma continuada
(artigo 71, caput, do Código Penal), aplico somente uma das penas privativas de liberdade,
que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em 1/5, levando-se em
conta o número de três infrações, totalizando para JEOVÁ JOSÉ a pena de 01 (um) ano, 02
(dois) meses e 12 (doze) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial aberto, na Casa
do Albergado. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 30 (trinta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

09) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (JEOVÁ):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.390/1.391);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

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Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo, receptação e organização criminosa), resultando, definitivamente, para
JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, a pena privativa de liberdade de 21 (vinte e um) anos e 05
(cinco) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao
benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos,
também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 102 (cento e
dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


EVANDSON CAETANO CAMPOS MADUREIRA, em conformidade com os artigos 59 e
68, do Código Penal:

01) Crime nº 2.16 - Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I


e II, do Código Penal), do Honda/Fit, placas NLI-8900, da vítima Marcos Felipe, e demais
bens que guarneciam a residência, ocorrido em 27 de dezembro de 2016, contra as vítimas
Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís Henrique Silva Abreu (EVANDSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.392/1.394); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da

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Fazenda Pública.
02) Crime nº 2.17- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e
II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas PQQ-8012, ocorrido no dia 06 de janeiro
de 2017, contra a vítima José de Oliveira (EVANDSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.392/1.394); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

03) Crime nº 2.20- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Nissan/Frontier, placas OTP-8510, ocorrido no dia 11 de
janeiro de 2017, contra a vítima Mariana Palos Andrade So (EVANDSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.392/1.394); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do


delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.25- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Kia/Optima, placas PQJ-7232, ocorrido em 16 de fevereiro
de 2017, contra a vítima Almério Marques Leão (EVANDSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.392/1.394); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

05) Crime nº 2.18- Receptação (art. 180, caput, do


Código Penal) do veículo Toyota/Corolla, placas NLT-0389, produto de roubo ocorrido no
dia 02 de novembro de 2016, da vítima João Cardoso Sudário (EVANDSON):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.392/1.394); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para análise; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: próprios da espécie delitiva;
circunstâncias: sem relevância a ser destacada; consequências: não ultrapassaram as
elementares do tipo; comportamento da vítima: é uma circunstância neutra, pois não teve
ela nenhuma influência na decisão do acusado de praticar o crime. À vista destas
circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 01 (um) ano de reclusão, a
qual torno definitiva, a ser cumprida no regime inicial aberto, na Casa do Albergado.
Deixo, neste caso, de considerar a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do
Código Penal), posto ser vedado reduzir a pena abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ).
Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao
pagamento de 10 (dez) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do
fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância
apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

06) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (EVANDSON):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.392/1.394);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.

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9ª Vara Criminal

Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.


Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para EVANDSON
CAETANO CAMPOS MADUREIRA, a pena privativa de liberdade de 25 (vinte e cinco)
anos e 10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser
adequada ao benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por
tais motivos, também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
82 (oitenta e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


GENIVAL DA SILVA FERRAZ, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código
Penal:

01) Crime nº 2.19- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Fiat/Toro, Freedom AT, placas PQW-6856, ocorrido dia 11
de janeiro de 2017, contra a vítima Geraldo Simeão da Silva (GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04


(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença das atenuantes da menoridade relativa e da
confissão espontânea, ainda que extrajudicial (artigo 65, incisos I e III, d, do Código Penal),
deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la, nesta fase, abaixo do mínimo legal
(Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.22- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal), do veículo Toyota/Corolla, placas NRN-2657, ocorrido em 19 de janeiro
de 2017, de propriedade da vítima Divina Lucia Rodrigues da Silva (GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

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03) Crime nº 2.27- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do veículo Chevrolet/Cruze LT NB, placas ONP-
2090, ocorrido em 04 de março de 2017, contra a vítima Paulo Junior Sirino da Silva
(GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença das atenuantes da menoridade relativa e da
confissão espontânea, ainda que extrajudicial (artigo 65, incisos I e III, d, do Código Penal),
deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la, nesta fase, abaixo do mínimo legal
(Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

04) Crime nº 2.28- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, c/c o artigo 71, ambos do Código Penal), do Hyundai Veloster, cor branca, placas PGB-
3361, ocorrido em 04 de março de 2017, contra a vítima Helder da Silva (GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do


delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa
(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

Tendo em vista que os delitos de roubo analisados nos


dois itens acima (3 e 4 - 2.27 e 2.28) foram praticados de forma continuada (artigo 71,
parágrafo único, do Código Penal), inclusive no mesmo dia, aplico somente uma das penas
privativas de liberdade, que no caso foram fixadas em patamares idênticos, aumentando-a em
1/6, considerando o número mínimo de infrações (duas), totalizando para GENIVAL DA
SILVA FERRAZ a pena de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a
ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 30 (trinta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

05) Crime nº 2.29- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Ford/Ranger, placas ONB-8190, bem assim, outros bens que
guarneciam a residência, ocorrido no dia 11 de março de 2017, em desfavor das vítimas
Joselino da Silva Neves e Elenita Mendes da Rocha (GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença da atenuante da menoridade relativa

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

(artigo 65, inciso I, do Código Penal), deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la,
nesta fase, abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do
Código Penal, no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do
Código Penal, ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a
importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da
sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

06) Crime nº 2.30- Roubo Majorado em Concurso


Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c art. 70, ambos do Código Penal), do veículo Chevrolet/Cruze
LT NB, placas OGM-2610, ocorrido em 17 de março de 2017, de propriedade da vítima
Mauro de Castro Arantes (GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença das atenuantes da menoridade relativa e da
confissão espontânea, ainda que extrajudicial (artigo 65, incisos I e III, d, do Código Penal),
deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la, nesta fase, abaixo do mínimo legal
(Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

07) Crime nº 2.30- Roubo Majorado em Concurso

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1
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Formal (art. 157, § 2º, I e II, c/c art. 70, ambos do Código Penal), do celular Samsung S6,
ocorrido em 17 de março de 2017, de propriedade da vítima Rafael de Paula Castro Arantes
(GENIVAL):

Culpabilidade: aqui entendida como medida de


censurabilidade/reprovabilidade da conduta, constato que o acusado agiu com culpabilidade
normal à espécie, nada tendo a valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro
anterior de qualquer condenação definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa
circunstância (fls. 1.395/1.396); conduta social: favorável, diante da ausência de elementos
para avaliação; personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade
do agente, razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituíram pelo desejo de
obtenção de lucro fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas
de aumento, razão pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer
em bis in idem; consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar
como fator extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do
delito. À vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão. Não obstante a presença das atenuantes da menoridade relativa e da
confissão espontânea, ainda que extrajudicial (artigo 65, incisos I e III, d, do Código Penal),
deixo de atenuar a pena, posto ser vedado reduzi-la, nesta fase, abaixo do mínimo legal
(Súmula 231 do STJ). Levando-se em conta a presença das causas de aumento de pena
previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3,
fixando-a, definitivamente, para este crime, em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, a ser cumprida, nos termos do artigo 33, § 2º, “b”, do Código Penal, no regime
inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia-GO. Condeno o
réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso formal de crimes,


previsto no artigo 70, do Código Penal, frente à existência de uma única ação, a qual se
desdobrou na execução de dois atos distintos - prática de dois crimes de roubo (itens 6 e 7 -
2.30), os quais tiveram suas penas individuais devidamente dosadas em patamares idênticos,
aplico somente uma das penas privativas de liberdade, aumentando-a no patamar de 1/6,
considerando o número mínimo de infrações, resultando, para GENIVAL DA SILVA
FERRAZ, a pena de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial em Aparecida de
Goiânia-GO. Sendo a pena de multa cumulativa, o acusado deverá pagar 30 (trinta) dias-
multa, esta fixada em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

08) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (GENIVAL):

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9ª Vara Criminal

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: são favoráveis, não existindo registro anterior de qualquer condenação
definitiva por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância (fls. 1.395/1.396);
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.
Presente a atenuante da menoridade relativa (artigo 65, inciso I, do Código Penal), reduzo a
pena em 06 (seis) meses, fixando-a, provisoriamente, em 03 (três) anos de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida
no regime inicial aberto, na Casa do Albergado. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para GENIVAL DA
SILVA FERRAZ, a pena privativa de liberdade de 31 (trinta e um) anos, 11 (onze) meses e
10 (dez) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao
benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos,
também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 117 (cento e
dezessete) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Passo à dosagem das penas a serem impostas ao acusado


MATHEUS VIEIRA LIRA, em conformidade com os artigos 59 e 68, do Código Penal:

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9ª Vara Criminal

01) Crime nº 2.20- Roubo Majorado (art. 157, § 2º, I e


II, do Código Penal) do veículo Nissan/Frontier, placas OTP-8510, ocorrido no dia 11 de
janeiro de 2017, contra a vítima Mariana Palos Andrade So (MATHEUS VIEIRA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.397/1.400), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 12/09/2016.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
personalidade: poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente,
razão pela qual deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro
fácil, próprio da espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão
pela qual deixo de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem;
consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator
extrapenal; comportamento da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista
destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de
reclusão. Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código
Penal), agravo a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e
09 (nove) meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a
presença das causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do
Código Penal, aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em definitivo, em 06 (seis) anos e 04
(quatro) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da
reincidência, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda,
em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 20
(vinte) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

02) Crime nº 2.26- Roubo Majorado Tentado (art.


157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II, ambos do Código Penal) do veículo GM/S10, cor branca,
placas ONN-4567, ocorrido no dia 1º de março de 2017, contra a vítima Gabriel dos Santos
Andrade (MATHEUS VIEIRA):

Culpabilidade: analisada, neste contexto, como


censurabilidade /reprovabilidade da conduta, observa-se que o acusado tinha consciência que
infringia uma norma penal e agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.397/1.400), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 12/09/2016.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

deixo de valorá-la; motivos: se constituiu pelo desejo de obtenção de lucro fácil, próprio da
espécie delitiva; circunstâncias: constituem-se em causas de aumento, razão pela qual deixo
de valorá-las neste momento como forma de não incorrer em bis in idem; consequências do
crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar como fator extrapenal; comportamento
da vítima: em nada contribuiu para a prática do delito. À vista destas circunstâncias,
analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
Considerando a presença da agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo
a pena em 09 (nove) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 09 (nove)
meses de reclusão. Não ocorrem causas de diminuição de pena. Considerando a presença das
causas de aumento de pena previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 157, do Código Penal,
aumento-a no mínimo de 1/3, fixando-a, em provisoriamente, em 06 (seis) anos e 04 (quatro)
meses de reclusão. Finalmente, considerando a causa de diminuição de pena referente à
tentativa, inserta no art. 14, II do CP, e levando em conta, no caso, o iter criminis, com
abordagem à vítima e troca de tiros, reduzo em 1/3 a pena privativa de liberdade, fixando-a,
em definitivo, em 04 (quatro) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na Penitenciária Coronel
Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60,
ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-
mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua situação financeira,
devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado
da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública.

03) Crime de Organização Criminosa (art. 2º, §§ 2º e


4º, I da Lei 12.850/13) (MATHEUS VIEIRA):

Culpabilidade: acusado tendo plena consciência de que


infringia uma norma penal proibitiva, agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a
valorar; antecedentes: desfavoráveis (fls. 1.397/1.400), pois, apresenta a condição de
reincidente, com uma condenação transitada em julgado, pelo crime de roubo, em 12/09/2016.
Embora desfavoráveis, deixo de considerá-los nesta fase, levando-se em conta que a situação
caracteriza a reincidência e, assim, deverá ser valorada na segunda fase da aplicação da pena;
conduta social: favorável, diante da ausência de elementos para avaliação; personalidade:
poucos elementos foram coletados a respeito da personalidade do agente, razão pela qual
deixo de valorá-la; motivos: não foram declinados pelo acusado; circunstâncias: integrantes
do tipo penal; consequências do crime: desfavoráveis, pois, além da paz pública, houve
violação à integridade moral do adolescente Marcos Regino; comportamento da vítima:
prejudicado, considerando tratar-se de crime vago, ou seja, aquele em que o sujeito passivo do
crime é a coletividade, não exercendo, assim, qualquer influência para a sua ocorrência. À
vista destas circunstâncias, analisadas individualmente, fixo a pena base em 03 (três) anos e
06 (seis) meses de reclusão, um pouco acima do mínimo legal, porque foram consideradas
desfavoráveis as consequências do crime (participação de adolescente), sendo referida causa
de aumento de pena utilizada para aumentar a pena-base, na primeira fase da dosimetria,
enquanto a outra (emprego de arma de fogo), também presente neste caso, na terceira fase da
dosimetria da pena, como causa de aumento de pena. Nesse sentido STJ HC 364.246/DF, Rel.

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017.


Considerando a agravante da reincidência (artigo 61, I, do Código Penal), agravo a pena em
07 (sete) meses, fixando-a, provisoriamente, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Considerando, por fim, a presença da causa de aumento de pena prevista no § 2º (emprego de
arma de fogo) do artigo 2º da Lei 12.850/2013, aumento a pena no mínimo de 1/6 (um sexto),
fixando-a, definitivamente, em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 05 (cinco) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, em razão da reincidência, na
Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Condeno o réu, ainda, em conformidade
com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 13 (treze) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações
sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

Cumprindo a regra do concurso material de crimes,


previsto no artigo 69, do Código Penal, aplico cumulativamente as penas cominadas (pelos
crimes de roubo e organização criminosa), resultando, definitivamente, para MATHEUS
VIEIRA LIRA, a pena privativa de liberdade de 15 (quinze) anos, 03 (três) meses e 25
(vinte e cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser o acusado reincidente em crime
doloso, tratar-se de crimes praticados com violência e grave ameaça e a pena não ser
adequada ao benefício. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o sursis. A pena de multa,
aplicada apenas para o crime de roubo, resulta em 46 (quarenta e seis) dias-multa, fixados
em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

Pelo exposto, julgo parcialmente procedente os pedidos


contidos na denúncia para, em conformidade com o artigo 383, do Código de Processo Penal:

CONDENAR o réu WALISSON RODRIGUES DE


OLIVEIRA, vulgo “Gordinho”, brasileiro, união estável, comerciante, nascido aos 23 de
setembro de 1978, natural de Bela Vista de Goiás-GO, filho de Divino Rodrigues de Oliveira
e Maria José de Oliveira, residente na Rua João Máximo Borges, Qd. 56, Lt. 04, Residencial
Buena Vista III, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei 12.850/13, art.
157, § 2º, I e II (por cinco vezes – Crimes 2.2, 2.3, 2.13, 2.21 e 2.28), art. 157, § 2º, I e II, c/c
o artigo 70 (Crime 2.4), e art. 180, caput (por duas vezes – Crimes 2.5 e 2.23), todos
combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 48
(quarenta e oito) anos e 25 (vinte e cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser
o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao benefício e, finalmente,
por se tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo
o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 195 (cento e noventa e cinco) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro

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9ª Vara Criminal

de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu BRUNO LIMA DOS SANTOS,


brasileiro, casado, instalador de alambrados, nascido aos 19 de fevereiro de 1995, natural de
Goiânia-GO, filho de Ilson José dos Santos e Elinalda Lima Pinheiro dos Santos, residente na
Avenida Couto Magalhães, Qd. 26, Lt. 02, Jardim das Aroeiras, nesta Capital ou Rua 11, Qd.
21, Lt. 20, Parque Alvorada, Senador Canedo-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da
Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por três vezes – Crimes 2.1, 2.6 e 2.9), art. 157, § 2º, I e II,
c/c o artigo 70 (Crime 2.4), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena
privativa de liberdade de 31 (trinta e um) anos, 07 (sete) meses e 20 (vinte) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, por ser o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena
inadequada ao benefício e, finalmente, por se tratar de crimes praticados com grave ameaça.
Pelos mesmos motivos não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
115 (cento e quinze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos
fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena
de execução;

CONDENAR o réu MAIKO JORGE RODRIGUES


MACHADO, vulgo “Rato Branco”, brasileiro, casado, instalador de som automotivo,
nascido aos 16 de novembro de 1992, natural de Goiânia-GO, filho de Aldeci Machado e
Divino Jorge Rodrigues Santos, residente na Rua Arruda Camara, Qd. 85, Lt. 09, Jardim
Mariliza, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º, 3º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º,
I e II (por nove vezes – Crimes 2.2, 2.3, 2.5, 2.11, 2.13, 2.17, 2.19, 2.20 e 2.29), art. 157, § 2º,
I e II, c/c o art. 14, II (Crime 2.26), art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por duas vezes –
Crimes 2.27 e 2.28), art. 180, caput, c/c o artigo 71, (por duas vezes – Crime 2.18), todos
combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 78
(setenta e oito) anos, 06 (seis) meses e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de
fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal,
por ser o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao benefício e,
finalmente, por se tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não
lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 308 (trezentos e oito)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu IVANILDO DE MORAIS


PESSOA, brasileiro, solteiro, serviços gerais, nascido aos 31 de agosto de 1980, natural de
Rubiataba-GO, filho de Justino de Morais Pessoa e Maria de Lourdes Vital Pessoa, residente
no Residencial Maria Oliveira, Qd. 17, Lt. 26, Abadia de Goiás-GO, por infração ao art. 2º,
§§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 180, § 1º (Crime 2.23), c/c o artigo 69, ambos do Código
Penal, à pena privativa de liberdade de 07 (sete) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de
Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

artigo 44, do Código Penal, considerando que a soma das penas tornou inadequado o
benefício. Pelo mesmo motivo não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma,
resulta em 22 (vinte e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época
dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob
pena de execução.

CONDENAR o réu DIEGO HENDRIGO LOPES DE


SOUZA GOUVEIA, brasileiro, casado, motorista, nascido aos 16 de agosto de 1988, natural
de Goiânia-GO, filho de Eliete Lopes de Souza e Edson Gouveia da Silva, residente na Rua
José Luiz Curado, Qd. 27, lt. 18, Casa 02, Bairro Jardim São José, nesta Capital, por infração
ao art. 2º, §§ 2ºº e 4º, I da Lei 12.850/13, à pena privativa de liberdade de 04 (quatro) anos e
01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia
Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da pena
privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, tendo em vista que a pena
não é adequada ao benefício. Pelo mesmo motivo não lhe concedo o sursis. Condeno o réu,
ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12
(doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública;

CONDENAR o réu CLEITON BORGES GUDIM,


brasileiro, casado, pintor de automóveis, nascido aos 12 de junho de 1972, natural de Goiânia-
GO, filho de Ernesto Alves Gudim e Creusa Borges Gudim, residente na Rua SR 33, Qd. 75,
Lt. 02, Recanto das Minas Gerais, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 311, caput (Crime 2.28), c/c o artigo 69, ambos do Código Penal, à pena
privativa de liberdade de 07 (sete) anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no
regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, considerando que a soma das penas tornou inadequado o benefício. Pelo
mesmo motivo não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 22
(vinte e dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a
ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução. Ao mesmo tempo, ABSOLVÊ-LO da acusação de ter infringido as disposições dos
artigos 180, caput, e 311, ambos do Código Penal, em relação ao veículo Chevrolet/S10,
placas OLW-2165 (crimes descritos no item 2.4), com fundamento no artigo 386, inciso VII,
do Código de Processo Penal.

CONDENAR o réu SILVIO JOSÉ LONGO


FERREIRA, brasileiro, solteiro, comerciante, nascido aos 24 de setembro de 1973, natural de
Birigui-SP, filho de Alberto Ferreira Primo e Santina Irene Longo Ferreira, residente na Rua
Valdir L. Costa, Qd. 12, Cora Coralina, Goianira-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da
Lei 12.850/13, à pena privativa de liberdade de 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão,
a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia Agroindustrial, em Aparecida de
Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

artigo 44, do Código Penal, tendo em vista que a pena não é adequada ao benefício. Pelo
mesmo motivo não lhe concedo o sursis. Condeno o réu, ainda, em conformidade com os
artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12 (doze) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por inexistirem informações sobre sua
situação financeira, devendo a importância apurada ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança através das normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública;

CONDENAR o réu EDUARDO LIMA DOS


SANTOS, brasileiro, casado, motorista, nascido aos 24 de dezembro de 1990, natural de
Goiânia-GO, filho de Ilson José dos Santos e Elinalda Lima Pinheiro dos Santos, residente na
Avenida Couto Magalhães, Qd. 26, Lt. 02, Jardim das Aroeiras, nesta Capital ou Rua 11, Qd.
21, Lt. 20, Parque Alvorada, Senador Canedo-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.21), c/c o art. 69, ambos do Código Penal, à pena
privativa de liberdade de 11 (onze) anos, 01 (um) mês e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, por ser o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao
benefício e, finalmente, por se tratar de crime praticado com grave ameaça. Pelos mesmos
motivos não lhe concedo o sursis. A pena de multa, aplicada apenas para o crime de roubo,
resulta em 33 (trinta e três) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época
dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob
pena de execução;

CONDENAR o réu PAULO SÉRGIO GOMES DOS


SANTOS, brasileiro, solteiro, vendedor, nascido aos 02 de agosto de 1994, natural de
Porangatu-GO, filho de Antônio Rosa dos Santos e Ionice Gomes de Miranda, residente na
Rua Bélgica Alvorada, Senador Canedo-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (por duas vezes – Crime 2.4), c/c o artigo 69,
todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 12 (doze) anos e 20 (vinte) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, por ter sido o crime praticado com grave ameaça. Além do
que, a pena estabelecida não é adequada ao benefício. Por este último motivo, também não lhe
concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 52 (cinquenta e dois) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu MATEUS COSTA DE LIMA,


brasileiro, estado civil e profissão ignorados, nascido aos 06 de dezembro de 1994, natural de
Aparecida de Goiânia-GO, filho de Mauro Sérgio de Lima e Ana Acácia da Costa Lima,
residente Avenida Cristiano Machado, Qd. 02, Lt. 11, Vila Pedroso, nesta Capital; por
infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, à pena privativa de liberdade de 04 (quatro)
anos e 01 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, na Colônia
Agroindustrial, em Aparecida de Goiânia-GO. Deixo de fazer a substituição da pena

27
9
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, tendo em vista que a pena
não é adequada ao benefício. Pelo mesmo motivo não lhe concedo o sursis. Condeno o réu,
ainda, em conformidade com os artigos 49 e 60, ambos do Código Penal, ao pagamento de 12
(doze) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época do fato, por
inexistirem informações sobre sua situação financeira, devendo a importância apurada ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de cobrança
através das normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública;

CONDENAR o réu JOÃO PEDRO ELIAS DOS


SANTOS, brasileiro, solteiro, auxiliar de serviços gerais, nascido aos 05 de junho de 1996,
natural de Goiânia-GO, filho de Edmilson Moreira dos Santos e Rosana Conceição Elias dos
Santos, residente na Rua Valparaíso, Qd. 154, Lt. 24, Jardim Novo Mundo, Goiânia-GO, por
infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (Crime
2.4), art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.6), todos combinados com o artigo 69, todos do Código
Penal, à pena privativa de liberdade de 15 (quinze) anos e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao benefício e, também, por se tratar de
crimes cometidos com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o sursis. A
pena de multa, operada a soma, resulta em 57 (cinquenta e sete) dias-multa, fixados em 1/30
do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois do
trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu ANTÔNIO CARLOS


RODRIGUES DE SOUSA, brasileiro, solteiro, auxiliar de motorista, nascido aos 23 de
outubro de 1981, natural de Imperatriz-MA, filho de Pedro Alves de Sousa e Francinete
Rodrigues de Sousa, residente na Rua Damasco, Qd. 10, Lt. 08, Parque das Nações,
Aparecida de Goiânia-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, §
2º, I e II (Crime 2.9), c/c o artigo 69, ambos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de
11 (onze) anos, 01 (um) mês e 05 (cinco) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição
da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser o acusado
reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao benefício e, finalmente, por se
tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o
sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 33 (trinta e três) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois
do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu FILIPE NASCIMENTO SILVA,


brasileiro, estado civil e profissão ignorados, nascido aos 18 de janeiro de 1992, natural de
Imperatriz-MA, filho de Francinaldo Pereira Silva e Maria de Lourdes Nascimento Silva,
residente na Rua 06, Lt. 18, Unidade 101, Parque Atheneu, nesta Capital, por infração ao art.
2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II c/c o artigo 71 (por duas vezes – Crimes
2.7, 2.8), e art. 157, § 2º, I e II c/c o artigo 70 (por três vezes – Crimes 2.10), todos
combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 19

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0
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

(dezenove) anos, 06 (seis) meses e 15 (quinze) dias de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser
o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao benefício e, finalmente,
por se tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo
o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 113 (cento e treze) dias-multa, fixados
em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu DIEGO COTRIM MESSIAS,


brasileiro, casado, jardineiro, nascido aos 18 de abril de 1995, natural de Goiânia-GO, filho de
Sandro Vinicius Coutrim da Silva e Elmara Célia Messias, residente na Avenida Parque
Atheneu, Qd. 06, Lt. 07, Unidade 301, Setor Parque Atheneu, nesta Capital, por infração ao
art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II c/c o artigo 71 (por duas vezes –
Crimes 2.7, 2.8), e art. 157, § 2º, I e II c/c o artigo 70 (por três vezes – Crimes 2.10), todos
combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 19
(dezenove) anos, 06 (seis) meses e 15 (quinze) dias de reclusão, a ser cumprida no regime
inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a
substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por ser
o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao benefício e, finalmente,
por se tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos motivos não lhe concedo
o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 113 (cento e treze) dias-multa, fixados
em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu EDIMILSON LUIS DE SOUZA


FILHO, brasileiro, solteiro, ajudante de serralheiro, nascido aos 09 de janeiro de 1997,
natural de Goiânia-GO, filho de Edimilson Luis de Souza e Silvania Vasco Antunes, residente
na Rua T-2, esquina com a T-7, Qd. 04, Lt. 01, Setor Parque Atheneu, nesta Capital, por
infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70 (por
três vezes – Crime 2.10), todos combinados com o artigo 69, ambos do Código Penal, à pena
privativa de liberdade de 09 (nove) anos, 10 (dez) meses e 24 (vinte e quatro) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça e, além
do mais, a pena não é adequada ao benefício. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o
sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 57 (cinquenta e sete) dias-multa,
fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez
dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu MATHEUS LEOMAR COSME


LOPES, brasileiro, solteiro, estudante, nascido aos 28 de dezembro de 1997, natural de
Goiânia-GO, filho de Leomar Oliveira Lopes e Maria Celineide Comes, residente na Rua dos
Amarilis, Qd. 11, Lt. 19, Jardim Cerrado I, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I
da Lei 12.850/13, e art. 157, § 2º, I e II (por duas vezes – Crimes 2.3 e 2.5), todos combinados

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Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

com o artigo 69, ambos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 14 (quatorze) anos
e 02 (dois) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por se tratar de crimes cometidos com
grave ameaça e, além do mais, a pena não é adequada ao benefício. Pelos mesmos motivos
não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 42 (quarenta e dois)
dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida
dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu BRUNO REGINO DE SOUZA


SANTOS, brasileiro, solteiro, pintor de automóveis, nascido aos 20 de abril de 1998, natural
de Goiânia-GO, filho de Patricia Regina de Souza Santos e Fernando Francisco dos Santos,
residente na Rua 126, Qd. 74, Lt. 20, Casa 2, Jardim Miramar, Aparecida de Goiânia-GO, por
infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.5), c/c o artigo
69, ambos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 08 (oito) anos e 10 (dez) meses
de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça e, além
do mais, a pena não é adequada ao benefício. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o
sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 27 (vinte e sete) dias-multa, fixados em
1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias depois
do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu IGOR ANDRÉ VALENÇA DO


NASCIMENTO, brasileiro, divorciado, office boy, nascido aos 24 de março de 1984, natural
de Goiânia-GO, filho de Leila Valença do Nascimento, residente na Rua 11, Lt. 18, Unidade
101, Parque Atheneu, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art.
157, § 2º, I e II, c/c o artigo 71 (por cinco vezes – Crimes 2.12, 2.14 e 2.15), todos
combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 11
(onze) anos, 02 (dois) meses e 10 (dez) dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição
da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, por se tratar de
crimes cometidos com grave ameaça e, além do mais, a pena não é adequada ao benefício.
Pelos mesmos motivos não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em
87 (oitenta e sete) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos,
a ser recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de
execução;

CONDENAR o réu THIERRY GLEYFFER


GONÇALVES BORGES, brasileiro, estado civil e profissão ignorados, nascido aos 27 de
maio de 1997, natural de Goiânia-GO, filho de Felisberto Gonçalves Reis e Ana Maria
Fernandes Borges Gonçalves, residente na Rua Martins, Qd. 63, Lt. 06, Jardim Marilisa, nesta
Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo
71 (por cinco vezes – Crimes 2.12, 2.14 e 2.15), todos combinados com o artigo 69, todos do
Código Penal, à pena privativa de liberdade de 10 (dez) anos, 07 (sete) meses e 10 (dez) dias

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2
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir


Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça e, além
do mais, a pena não é adequada ao benefício. Pelos mesmos motivos não lhe concedo o
sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 87 (oitenta e sete) dias-multa, fixados
em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro de dez dias
depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu JEOVÁ JOSÉ DA SILVA,


brasileiro, união estável, musicista, nascido aos 25 de novembro de 1990, natural de Goiânia-
GO, filho de Sonia Maria da Silva, residente na Rua 1º de Janeiro, Qd. 22, Lt. 14, Setor
Parque Santa Cruz, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art.
157, § 2º, I e II (por duas vezes – Crimes 2.16 e 2.22), art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 14, II
(Crime 2.26), artigo 180, caput, do Código Penal (por duas vezes – Crimes 2.3 e 2.18) e
artigo 180, caput, c/c 71 (por três vezes – Crimes 2.24, 2.27 e 2.28), todos combinados com o
artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 21 (vinte e um) anos e 05
(cinco) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao
benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos,
também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 102 (cento e
dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

CONDENAR o réu EVANDSON CAETANO


CAMPOS MADUREIRA, brasileiro, solteiro, pintor de automóveis, nascido aos 23 de
dezembro de 1997, natural de Aparecida de GoiâniaGO, filho de Edilson da Silva Madureira e
Eliete Pereira Campos, residente na Rua X024, Qd. 16, Lt. 36, Jardim Olímpico, Aparecida de
Goiânia-GO, atualmente recolhido na Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia-
GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei 12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por quatro
vezes – Crimes 2.16, 2.17, 2.20 e 2.25), art. 180, caput (Crime 2.18), todos combinados com
o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 25 (vinte e cinco) anos e
10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária
Coronel Odenir Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de
liberdade, nos termos do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao
benefício e, também, por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos,
também não lhe concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 82 (oitenta e
dois) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução;

CONDENAR o réu GENIVAL DA SILVA FERRAZ,


brasileiro, solteiro, eletricista, nascido aos 22 de março de 1996, natural de Ico-BA, filho de
Antônio Peixoto Ferraz e Selvina Maria da Silva, residente na Rua dos Cedros, Qd. 35, Lt. 18,
Retiro do Bosque, Aparecida de Goiânia-GO, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (por três vezes – Crimes 2.19, 2.22 e 2.29), art. 157, § 2º, I e II,

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3
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

c/c o artigo 71 (por duas vezes – Crimes 2.27 e 2.28), e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 70
(por duas vezes – Crime 2.30), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à
pena privativa de liberdade de 31 (trinta e um) anos, 11 (onze) meses e 10 (dez) dias de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir
Guimarães - POG. Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos
do artigo 44, do Código Penal, em razão da pena não ser adequada ao benefício e, também,
por se tratar de crimes cometidos com grave ameaça. Por tais motivos, também não lhe
concedo o sursis. A pena de multa, operada a soma, resulta em 117 (cento e dezessete) dias-
multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser recolhida dentro
de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução; e

CONDENAR o réu MATHEUS VIEIRA LIRA,


brasileiro, solteiro, desempregado, nascido aos 12 de outubro de 1995, natural de Goiânia-
GO, filho de José Antônio Portilho Vieira e Marinez de Oliveira Lira, residente na Rua 242,
nº 423, Setor Leste Universitário, nesta Capital, por infração ao art. 2º, §§ 2º e 4º, I da Lei
12.850/13, art. 157, § 2º, I e II (Crime 2.20), e art. 157, § 2º, I e II, c/c o artigo 14, II (Crime
2.26), todos combinados com o artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de
liberdade de 15 (quinze) anos, 03 (três) meses e 25 (vinte e cinco) dias de reclusão, a ser
cumprida no regime inicial fechado, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães - POG.
Deixo de fazer a substituição da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 44, do
Código Penal, por ser o acusado reincidente em crime doloso, por ser a pena inadequada ao
benefício e, finalmente, por se tratar de crimes praticados com grave ameaça. Pelos mesmos
motivos não lhe concedo o sursis A pena de multa, operada a soma, resulta em 46 (quarenta
e seis) dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser
recolhida dentro de dez dias depois do trânsito em julgado da sentença, sob pena de execução.

ABSOLVER a acusada TAIRANY NEVES DO


NASCIMENTO, brasileira, solteira, profissão ignorada, nascida aos 20 de maio de 1994,
natural de Goiânia-GO, filha de Gilvan Neves de Oliveira e Ada Alves do Nascimento Neves,
residente na Avenida Paracatu, Qd. R1, Lt. 01, Vila Pedroso, nesta Capital, em relação à
acusação de integrar o Crime de Organização Criminosa, com fundamento no artigo 386,
inciso VII, do Código de Processo Penal.

ABSOLVER, ainda, os acusados WALISSON


RODRIGUES DE OLIVEIRA, em relação à acusação de roubo do veículo de placa NLQ-
0845; SILVIO JOSÉ LONGO FERREIRA, com relação à receptação da camionete de
placas OLQ-0845; e JEOVÁ JOSÉ DA SILVA, em relação à acusação de roubo do veículo
de placas IWJ-4206, todos por ausência de justa causa, já que os fatos não foram narrados na
denúncia.

Condeno, ainda, os acusados:

a) MAIKO JORGE, MATHEUS LEOMAR e


WALLISSON, solidariamente, a reparar o prejuízo da vítima Elio Rodrigues de Freitas
(crime 2.3), no prazo de 60 (sessenta) dias, que arbitro em R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil

28
4
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

reais);

b) JOÃO PEDRO e BRUNO LIMA, solidariamente, a


reparar o prejuízo da vítima Márcio Cardoso Soares (crime 2.6), no prazo de 60 (sessenta)
dias, que arbitro em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais);

c) JEOVÁ e EVANDSON, solidariamente, a reparar o


prejuízo das vítimas Marcos Felipe Yago Silva Abreu e Luís Henrique Silva Abreu (crime
2.16), no prazo de 60 (sessenta) dias, que arbitro em R$ 21.900,00 (vinte e um mil e
novecentos reais);

d) MATHEUS VIEIRA, EVANDSON e MAIKO


JORGE, solidariamente, a reparar o prejuízo da vítima Mariana Palos Andrade So (crime
2.20), no prazo de 60 (sessenta) dias, que arbitro em R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

Deixo de condenar os demais acusados à reparação de


danos nos outros crimes, tendo em vista a ausência de parâmetros para avaliação dos prejuízos
suportados pelas vítimas, devendo a questão ser dirimida na esfera cível.

Mantenho a prisão dos sentenciados WALISSON,


MAIKO JORGE, DIEGO COTRIM, EDIMILSON LUIS, MATHEUS VIEIRA,
JEOVÁ, IGOR ANDRÉ, ANTÔNIO CARLOS, BRUNO LIMA, BRUNO REGINO,
EDUARDO LIMA, EVANDSON, JOÃO PEDRO, MATHEUS LEOMAR, PAULO
SERGIO, GENIVAL, THIERRY GLEYFFER e FILIPE, considerando que subsistem os
motivos autorizadores da prisão preventiva, conforme já declinados em decisão de fls.
173/184 dos autos de protocolo nº 201700593557 e fls. 356/367, determinando, em
consequência, e em caso de recurso, a expedição de guia provisória para execução das penas.
Mantenho a liberdade dos sentenciados DIEGO HENDRIGO, CLEITON BORGES,
IVANILDO e SÍLVIO JOSÉ nesta fase processual, tendo em vista a inocorrência dos
requisitos autorizadores da prisão preventiva.

Os acusados WALISSON (fls. 392), MAIKO JORGE


(fls. 407), DIEGO COTRIM (fls. 411), EDIMILSON LUIS (fls. 414), MATHEUS
VIEIRA (fls. 417), JEOVÁ (fls. 420) e IGOR ANDRÉ (fls. 423), encontram-se presos
desde 22 de março de 2017; os acusados ANTÔNIO CARLOS (fls. 434), BRUNO LIMA
(fls. 435), BRUNO REGINO (fls. 436), EDUARDO LIMA (fls. 437), EVANDSON (fls.
438), JOÃO PEDRO (fls. 439), MATHEUS LEOMAR (fls. 440), PAULO SERGIO (fls.
441), encontram-se presos desde 24 de março de 2017; e os acusados GENIVAL (fls. 624),
THIERRY GLEYFFER (fls. 2.249) e FILIPE (fls. 2.256), encontram-se presos desde 28 de
março de 2017; 20 de abril de 2017 e 29 de junho de 2017, respectivamente. Considerando
que a detração do tempo de encarceramento não ensejará, neste momento, a progressão de
regime, deixo sua oportuna análise ao Juízo da Execução Penal. Por outro lado, o tempo de
prisão provisória cumprido pelos acusados DIEGO HENDRIGO, CLEITON BORGES,
IVANILDO e SILVIO JOSÉ, os quais se encontram em liberdade atualmente, também não
é suficiente para ensejar a progressão de regime, de forma que eventual benefício deverá ser
analisado, oportunamente, pelo Juízo da Execução Penal.
28
5
Comarca de Goiânia
9ª Vara Criminal

Transitada em julgado, expeçam-se guias para execução


definitiva das penas, comunicando-se ao Tribunal Regional Eleitoral para suspensão dos
direitos políticos e ao SINIC para cadastro da sentença. Ficam os acusados cientes de que
terão o prazo de 15 (quinze) dias para comprovarem a propriedade dos bens constantes
dos termos de depósito de fls. 1.660/1.663 e 1.831, visando a restituição, sob pena de ser
autorizada a doação dos equipamentos. Oficie-se ao depósito público, determinando a
destruição do colete balístico, da balança de precisão e das placas constantes dos termos
de depósito de fls. 1.660 e 2.034. De igual forma, o acusado WALISSON fica ciente de
que terá o prazo de 30 (trinta) dias para comprovar a propriedade e a procedência lícita
do veículo VW SAVEIRO 1.8, ano modelo 2001/2001, placas KEL-5097, inclusive do
motor, que não é componente original do veículo, conforme laudo de veículo automotor
juntado às fls. 1.688/1.691.

Condeno os acusados WALISSON, BRUNO LIMA,


MAIKO JORGE, IVANILDO, DIEGO HENDRIGO, SILVIO JOSÉ, EDUARDO
LIMA, PAULO SERGIO, MATEUS COSTA, JOÃO PEDRO, ANTÔNIO CARLOS,
FILIPE, EDIMILSON LUIS, IGOR ANDRÉ, JEOVÁ JOSÉ e GENIVAL, por fim, ao
pagamento das custas processuais.

Isento os acusados DIEGO CONTRIM, MATHEUS


LEOMAR, BRUNO REGINO, THIERRY, EVANDSON, MATHEUS VIEIRA e
CLEITON do pagamento das custas processuais, por serem beneficiários da Assistência
Judiciária.

Sem custas para a sentenciada TAIRANY, em razão da


sua absolvição.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Goiânia, 09 de fevereiro de 2018.

Marcelo Fleury Curado Dias


Juiz de Direito

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