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PSICOLOGIA Psicologia e Neurociência, 2010, 3, 2, 189 - 194


DOI: 10.3922/ j.psns.2010.2.008
NEUROCIÊNCIA

Teste Hayling – versão adulto: aplicabilidade na avaliação de funções


executivas em crianças
Larissa de Sousa Siqueira,1 Lilian Cristine Scherer,1 Caroline Tozzi Reppold2 and Rochele Paz Fonseca1, 3
1- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil

2-Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brazil

3- Universidade de Montreal, Montreal, QC, Canadá

Abstrato
A neuropsicologia infantil é uma área científica em crescimento no Brasil. Em relação à função cognitiva na infância, a função executiva (FE) tem sido foco
principal de diversos estudos devido à sua importância e complexidade na cognição e no comportamento humano.
As funções executivas podem ser consideradas um conjunto de processos cognitivos relacionados ao controle e integração dedicados à execução de
comportamentos direcionados a objetivos. A pesquisa mostrou que essas habilidades começam na infância e se desenvolvem progressivamente até a idade adulta.
Embora já tenham sido realizados alguns estudos sobre o desenvolvimento das FE em crianças, o nosso conhecimento sobre este tema ainda é incipiente.
Devido ao papel relevante da idade na cognição e no desenvolvimento da FE, o presente estudo investigou se existem diferenças entre crianças de 6 a 12
anos em relação ao desempenho no teste de Hayling – versão adulta, instrumento que avalia os componentes da FE de iniciação e inibição. São apresentados
dados piloto que verificam a aplicabilidade deste teste em crianças. Foram encontradas diferenças significativas entre faixas etárias comparáveis apenas em
três dos sete principais resultados do teste Hayling, sugerindo que a versão para adultos pode não ser apropriada para crianças, sendo necessária uma
adaptação do teste para avaliação infantil. O estudo poderá levar a uma reflexão inicial sobre o desenvolvimento desses componentes e assim contribuir
para melhorias no campo da neuropsicologia infantil. Palavras-chave: função executiva, avaliação neuropsicológica infantil, teste de Hayling, desenvolvimento
cognitivo.

Recebido em 30 de setembro de 2010; recebido em formato revisado em 16 de novembro de 2010; aceito em 18 de novembro de 2010. Disponível online em 28 de dezembro de 2010

Introdução interação com outras funções cognitivas (Marcovitch &


Zelaço, 2009; Matute, Chamorro, Inozemtseva, Rosselli, & Ardila,
Apesar dos avanços científicos e clínicos da neuropsicologia 2008).
no Brasil, o número de instrumentos neuropsicológicos Além disso, as FE podem ser consideradas um conjunto
desenvolvidos para avaliar a população infantil ainda é baixo. de processos cognitivos de ordem superior que organizam e
Para diminuir essa lacuna, uma opção é a utilização e adaptação ajustam o comportamento e a cognição humana para se
de testes amplamente aplicados na população adulta, adequarem a um contexto e aos objetivos do sujeito (Bielak,
acompanhados de padronização. Mansueti, Strauss, & Dixon, 2006). Esses componentes
Contudo, a infância apresenta características peculiares em executivos devem contar com a contribuição de diversos
termos de desenvolvimento cognitivo e emocional, e os testes componentes e subprocessos, como atenção, planejamento,
neuropsicológicos para adultos exigem cautela e formulação de iniciação e inibição de processos e informações, flexibilidade
critérios específicos para interpretação dos resultados em bebês cognitiva, monitoramento de múltiplas tarefas, memória de
(Ardila, 1996; Rosselli & Ardila, 2003). trabalho e controle de fluência verbal. Todos esses processos
As funções executivas (FE) têm se tornado cada vez mais o foco são direcionados à resolução de problemas e estão diretamente
de muitos estudos devido à sua importância para a cognição, o relacionados à gestão do pensamento e do comportamento
comportamento humano e a complexidade de seu funcionamento. (Chan, Shum, Toulopoulou, & Chen, 2008).

Larissa de Sousa Siqueira, Neuropsychology, Ministério da Educação/ do Rio Grande do Sul; Faculté de Médecine, Université de Montréal,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Clinical and Experimental Montréal, Québec, Canada. Caroline Tozzi Reppold, Universidade Federal
Neuropsychology Laboratory, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Department of Psychology.
do Sul. Lilian Cristine Scherer, Linguistics Faculty, Post-Graduation Program Correspondence regarding this article should be directed to: Rochele Paz
in letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Rochele Fonseca, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Av.
Paz Fonseca, Psychology Faculty, Post-Graduation Program in Psychology, Ipiranga, 6681, Prédio 11, 9º andar, Sala 932, Porto Alegre, RS, CEP
Human Cognition Area, Clinical and Experimental Neuropsychology 90619-900, Brazil. Phone/Fax: +55-51-3320-3500, ext. 7742.
Laboratory, Pontifícia Universidade Católica
E-mail: rochele.fonseca@gmail.com
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190 Siqueira et al

Estudos demonstraram que as FE surgem na infância e de pacientes com disfunção executiva. A teoria do Sistema
continuam a desenvolver-se na adolescência (Sun, Mohay, & Supervisório de Atenção, desenvolvida por Norman e Shallice
O'Callaghan, 2009). As idades de 5 a 8 anos e 11 a (1986), é a teoria mais aceita para explicar os processos cognitivos
12 anos parecem ser marcos no desenvolvimento dos componentes subjacentes à solução das Partes A e B do teste de Hayling (Chan
executivos. Além disso, a idade, a escolaridade, o nível et al., 2008).
socioeconômico e outros fatores desempenham papéis importantes Do ponto de vista do processamento de informações, Norman
no desenvolvimento dessas funções cognitivas (Ardila, 1996; e Shallice (1986) fizeram uma distinção entre o processamento
Rosselli & Ardila, 2003). automático e controlado necessário durante o processamento
A literatura refere-se à relação entre FE e o lobo frontal, cognitivo diário e situações de resolução de problemas. A teoria do
concluindo que a avaliação dos componentes cognitivos na infância Sistema Supervisório de Atenção é um modelo teórico dos
e na adolescência está relacionada com a maturação desta região processos cognitivos subjacentes ao comportamento
cortical. presumivelmente direcionado aos objetivos necessários em
No entanto, novas descobertas relacionaram a FE a outras regiões situações não comuns. Representa um conjunto de processos
do cérebro, como áreas mais posteriores (Tamnes et al., 2010). cognitivos que envolvem iniciação, geração de estratégia em
Alguns autores sugerem que as FE atingem a maturidade mais direção a um alvo e avaliação de desempenho necessária para
tarde em comparação com outras funções cognitivas. Segundo executar tarefas cognitivas complexas, não comuns e não
Romine e Reynolds (2005), por exemplo, esses processos aprendidas. Está envolvido sempre que esquemas de ação e
desenvolvem-se intensamente entre os 6 e os 8 anos de idade e pensamento, que representam rotinas capazes de atingir
continuam a desenvolver-se até o final da adolescência e início da efetivamente um objetivo, não podem ser selecionados por meio
idade adulta. de acionamento automático fornecido por dicas aprendidas. Este
No que diz respeito à avaliação dos componentes da FE na sistema desempenha um papel vital na resolução de problemas
prática clínica, diferentes instrumentos padronizados têm sido em situações em que comportamentos bem aprendidos ou
utilizados para complementar as observações clínicas (para raciocínio sequencial são insuficientes ou inadequados e quando
revisão, ver Chan et al., 2008; Lezak, Howieson, & Loring, 2004; novos comportamentos precisam ser planejados e monitorados
Strauss, Sherman, & Spreen, 2006). Entre os mais amplamente para alcançar um desempenho satisfatório na tarefa.
adotados estão o Wisconsin Card Sorting Test, o Stroop Test, o Considerando essa relação neuropsicológica cognitiva, o
Trail Making Test e as medidas de fluência verbal. Vários testes teste de Hayling gera uma medida da capacidade do indivíduo em
que avaliam a FE devem ser vistos como ferramentas para avaliar desenvolver estratégias direcionadas ao cumprimento das
componentes específicos da FE e não o construto como um todo. demandas da tarefa. Segundo Burgess e Shallice (1996), a
Devido à multidimensionalidade da FE, alguns instrumentos medem incapacidade de gerar estratégias adequadas pode levar ao baixo
predominantemente o componente de planejamento, como o Teste desempenho no teste e contribuir para erros.
da Torre de Londres, enquanto outro instrumento pode medir a
inibição (Teste Stroop) e assim por diante (Andres & Van der O teste de Hayling tem sido utilizado internacionalmente para
Linden, 2000). diversas faixas etárias, mas principalmente com adultos (Frias,
Dixon, & Strauss, 2009), tanto na avaliação de componentes
O teste Hayling (Burgess & Shallice, 1997) é um instrumento inibitórios da FE em síndromes neurológicas, como no traumatismo
que pede ao sujeito que complete frases dizendo uma palavra final crânio-encefálico (Draper & Ponsford, 2008) , e em síndromes
para completar a frase. O objetivo da Parte A do teste é avaliar o psiquiátricas, como o exame de FE na esquizofrenia (Chan et al.,
processo de organização pré-programado, pois nesta fase os 2010). Por ser teórica e experimentalmente bem fundamentado,
construtos a serem examinados são atenção concentrada, iniciação este instrumento tem sido utilizado como ferramenta em estudos
verbal, velocidade de processamento e a estratégia de uma busca de neuroimagem que buscam uma compreensão mais profunda
bem-sucedida por palavras automatizadas relacionadas à pré- dos correlatos neurais dos processos inibitórios verbais (Allen et
ativação de redes semânticas. A Parte B avalia componentes mais al., 2008; Nathaniel-James, Fletcher, & Frith, 1997).
complexos das FE, como inibição verbal e planejamento, pois o
sujeito deve inibir o conteúdo da frase (semântica) e desenvolver No entanto, uma revisão da literatura produz poucos estudos
estratégias alternativas em sua busca lexical para completar o sobre o processamento de FE com uma perspectiva neuropsicológica
estímulo sintático (Chan et al., 2008). do desenvolvimento utilizando este instrumento preciso para medir
a iniciação verbal e a inibição. Estudos com crianças e adolescentes
foram realizados (Herba, Tranah, Rubia, & Yule, 2006; Robinson,
Embora utilizem a mesma estrutura para apresentação dos Goddarb, Dritschel, Wisley, & Howlin, 2009; Shallice et al., 2002),
estímulos, as duas condições de teste (Partes A e B) permitem a mas apenas com populações clínicas. Nenhum estudo focou
avaliação comparativa do funcionamento de dois componentes das crianças saudáveis com o objetivo de delimitar um padrão de
FE (iniciação e inibição) relacionados a uma única forma simbólica desempenho desenvolvimental. No Brasil, o teste Hayling foi
(verbal). Esta especificidade gera uma ferramenta clínica valiosa adaptado para avaliação neuropsicológica de adultos (Fonseca,
para a detecção de modificações potencialmente úteis para o Oliveira, Gindri, Zimmermann, & Reppold, 2010) e
diagnóstico e tratamento
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Teste de Hayling em crianças 191

tem sido utilizado para avaliar os componentes da FE em adultos teste (Fonseca et al., 2010). A avaliação ocorreu na escola onde as
com lesão cerebrovascular direita (Gindri, Zibetti & Fonseca, 2008). crianças estavam matriculadas, em local tranquilo e sem influência
No entanto, ainda não foi utilizado para avaliação neuropsicológica de fatores externos. O teste consiste em duas partes, com duração
infantil no Brasil. Neste contexto, o presente artigo apresenta dados média de 15 min.
sobre o desempenho de crianças em idade escolar como estudo Na Parte A, o sujeito deve dizer uma palavra que complete de forma
piloto para verificação da aplicabilidade da versão adulta do teste coerente uma frase lida pelo examinador. Na Parte B, o sujeito deve
Hayling (Fonseca et al., 2010) na avaliação neuropsicológica infantil produzir uma palavra que não apresente qualquer relação lógica ou
para verificar a presença ou ausência de diferenças de desempenho significativa com a frase. Na Parte A, o contexto sintático e semântico
entre crianças de 6 e 12 anos. do estímulo (frase) leva à ativação de uma palavra coerente com o
contexto semântico da oração. Na Parte B, o sujeito deve inibir a
resposta dominante, que seja lógica e coerente, e buscar uma
Métodos palavra que não esteja relacionada ao contexto sintático e semântico
exigido pela oração.
Participantes
Vinte e quatro crianças participaram deste estudo (n A avaliação foi gravada em áudio e a medida do tempo foi
= 12, 6 anos, todos do primeiro ano do Curso Fundamental; n = 12, coletada, seguindo as instruções para aplicação e registro do teste.
crianças de 12 anos, sendo três da quinta série e nove da sexta A única adaptação feita para aplicação do teste de Hayling em
série). crianças foi nos exemplos para que ficassem mais acessíveis e de
Os sujeitos estavam regularmente matriculados em escolas públicas fácil compreensão.
da cidade de Porto Alegre, RS, Brasil. Os grupos foram pareados
por gênero, sendo quatro meninos no grupo de 6 anos e três no Em relação às pontuações, o teste Hayling pode gerar
grupo de 12 anos. Não foram encontradas diferenças nesta variável pontuações referentes ao tempo de resposta, acertos e erros em
entre os grupos (ÿ2 [1] = 0,756, p = 0,385). Quanto à situação ambas as partes. Os principais escores mais sensíveis foram os
socioeconômica segundo os critérios de classificação econômica da seguintes: Parte A (soma de erros relacionados ao número de
Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa no Brasil de 2008, a sentenças em que as respostas não foram inibidas; máximo = 15),
maioria das famílias das crianças pertencia à classe socioeconômica Parte B (o escore de erros foi calculado em função de os valores
B2. referentes às classificações qualitativas de acordo com as respostas
dadas pelas crianças, sendo o pior erro pontuado 3; máximo = 45).
Os critérios de inclusão foram os seguintes: (i) no primeiro ano Também foi calculada uma pontuação de erro mais geral na Parte B,
de escolaridade (para as crianças de 6 anos), (ii) a presença de com um máximo de 15 (ou seja, o número de possíveis respostas
capacidade de autorrelato, (iii) a ausência de repetência de anos incorretas).
escolares, ( iv) a ausência de relatos de déficits generalizados de
aprendizagem e linguagem oral, (v) a ausência de dificuldades Os tempos totais também foram pontuados a partir da soma do
sensoriais (visuais ou auditivas) não corrigidas, de comprometimentos tempo entre o estímulo e o início da resposta em cada parte. O
neurológicos e de síndromes psiquiátricas autorreferidas, e (vi) o tempo total de execução de cada parte é utilizado para comparar a
português brasileiro como língua materna. língua materna. Para velocidade de processamento e inibição de desempenho entre as
verificar a caracterização e os critérios de inclusão da amostra, foi Partes A e B. Foram feitos dois cálculos: uma subtração (Tempo B -
aplicado aos pais ou responsáveis das crianças um questionário que Tempo A) e um quociente (Tempo B / Tempo A).
incluía questões demográficas, culturais e de condições de saúde,
sendo que estas últimas consideravam aspectos relacionados à
gravidez, ao nascimento e ao desenvolvimento biopsicossocial. O Análise de dados
Teste de Matrizes Progressivas de Raven (Angelini, Alves, Custódio, Além da análise descritiva dos escores quantitativos de acurácia
Duarte, & Duarte, 1999) foi aplicado para excluir crianças com e tempo nas Partes A e B do teste de Hayling, foi utilizado o teste t
evidências de dificuldades intelectuais, e o Questionário Conners de Amostras Independentes para comparação dos dados do piloto
(Barbosa & Gouveia, 1993) foi respondido pelos professores das em 6 e 12 anos.
disciplinas para excluir sujeitos com sinais sugestivos de déficit de crianças de um ano. O nível de significância foi definido em p
atenção e transtorno de hiperatividade. ÿ 0,05. Todos os dados foram paramétricos de acordo com o teste
de Kolmogorov-Smirnov para uma amostra. Os dados foram
analisados no software SPSS versão 18.0.

Procedimentos e instrumentos Resultados


Os procedimentos do estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética
Committee in Research of Pontifícia Universidade A Tabela 1 apresenta o desempenho no teste de Hayling nas
Católica do Rio Grande do Sul (protocolo 09/04864). Todas as duas faixas etárias. Diferenças significativas foram encontradas entre
crianças foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão os grupos neste estudo piloto comparativo apenas nas pontuações
e avaliadas pela versão adulta do Hayling que representam tempo e erros na Parte
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192 Siqueira et al

Tabela 1. Dados comparativos estatísticos descritivos e inferenciais das faixas etárias no teste de Hayling. Cada grupo foi composto por 12 sujeitos. DP
= desvio padrão.

GRUPO

Medição crianças de 6 anos crianças de 12 anos valor p

Significar SD Significar SD

Tempo(s)—Parte A 40,70 14h70 20h58 7,43 p < 0,001

Erros – Parte A 2,67 1,43 0,17 0,38 p < 0,001

Tempo(s)—Parte B 62,49 28.43 43,53 28.08 p = 0,115

Erros/15—Parte B 6,42 3,60 3,75 1,91 p = 0,034

Erros/45—Parte B 15,83 10,67 9,75 5.52 p = 0,094

Tempo B – Tempo A 21.79 26.33 22h95 24h00 p = 0,911

Hora B / Hora A 1,63 0,69 1,96 1.08 p = 0,379

A do instrumento e no número de sentenças preenchidas as frases. Na Parte B, a criança não precisa necessariamente utilizar
erroneamente na Parte B (p = 0,034; pontuação máxima = 15 redes semânticas, e completar as frases com palavras que não
pontos). Foi encontrada diferença na pontuação menos representativa necessitam de acesso lexical contextualizado é mais fácil para a
da Parte B, que foi o número de sentenças incorretas, mas não na criança.
pontuação que considerou a gravidade do erro (pontuação 45) ou A parte B do teste Hayling-versão adulto pode não ser um
na pontuação do tempo. O 12- instrumento eficiente para avaliação de FE em crianças de 6 e 12
O grupo de 6 anos pareceu ter maior heterogeneidade em seus anos porque os estímulos desta parte poderiam ter sido de difícil
resultados em comparação com o grupo de 6 anos. resolução por ambos os grupos quando considerados os estímulos
de linguagem complexos que devem ser inibidos , tornando suas
Discussão respostas finais mais fáceis de alcançar por acaso. Apesar das
diferenças significativas entre os grupos na Parte A do instrumento,
Apesar de a amostra ser composta por 24 participantes, este poderiam ser esperadas diferenças mais proeminentes na Parte B,
estudo piloto encontrou diferenças significativas entre os dois grupos o que não foi encontrado neste estudo. Assim, esse achado parece
(crianças de 6 e 12 anos) nos escores de tempo e erro na Parte A, refletir a necessidade de desenvolver uma versão adaptada do
demonstrando que a idade parece influenciar o desempenho em instrumento para bebês, com sentenças menos complexas e dentro
teste, principalmente na Parte A. Embora não tenha sido encontrada de um formato semântico e sintático que esteja mais relacionado ao
diferença significativa de idade no tempo de execução da Parte B, vocabulário e às estruturas sintáticas a que as crianças estão
os resultados mostraram uma diferença significativa no tempo de expostas e utilizam. sua vida diária.
execução da Parte A, demonstrando que os 12-

as crianças de um ano exibiram maior velocidade acompanhada de A utilização de estratégias que favoreçam a recuperação de
maior precisão no preenchimento correto do teste em comparação palavras não relacionadas (por exemplo, utilizar como resposta a
com os participantes de 6 anos. um estímulo objetos encontrados no ambiente de avaliação) não foi
Esses resultados podem refletir características de imaturidade investigada neste estudo. Porém, a observação clínica dessas
no desenvolvimento de FE em crianças de 6 anos, como atenção ocorrências pode justificar os resultados apresentados pelos grupos
sustentada, velocidade de processamento e iniciação, que são no desempenho na Parte B do teste de Hayling.
conhecidos por serem preditores do desenvolvimento de inibição As crianças mais novas apresentaram tendência ao menor
(Reck & Hund, 2010). Uma possível explicação para a diferença desempenho quando o teste exigia maior demanda inibitória, com
entre os grupos na Parte A do teste é que a dificuldade de iniciação aumento no número de sentenças completamente erradas. Assim,
nas crianças de 6 anos pode estar relacionada ao desenvolvimento o menor desempenho das crianças mais novas na Parte B pode
lexical e semântico, fazendo com que elas cometam mais erros e refletir dificuldades em inibir respostas automáticas ou uma
necessitem de mais tempo na busca. para uma palavra completar estratégia para completar cada frase de acordo com as instruções
dadas.
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Teste de Hayling em crianças 193

Este estudo piloto comparativo baseou-se numa amostra Anderson, V. (1998). Avaliando funções executivas em crianças:
relativamente reduzida de participantes e constituiu uma fase considerações biológicas, psicológicas e de desenvolvimento.
Reabilitação Neuropsicológica, 8, 319-349.
importante na pré-adaptação do instrumento de exame de FE Andrés, P. e Van der Linden, M. (2000). Diferenças relacionadas à idade nas
para crianças dos 6 aos 12 anos. funções do sistema de supervisão atencional. Revista de Gerontologia:
Série B. Ciências Psicológicas e Ciências Sociais, 55B, P373-P380.
Além disso, algumas crianças demonstraram dificuldades na
Angelini, A.L., Alves, I.C.B., Custódio, E.M., Duarte, W.F., & Duarte, J.L.M.
compreensão de alguns estímulos do teste, demonstrando que (1999). Matrizes progressivas coloridas de raven: escala especial. Manual.
instrumentos destinados a adultos devem ser adaptados para São Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisa em Psicologia - CETEPP.

crianças devido à complexidade dos estímulos. Com o teste de Ardila, A. (1996). Rumo a uma neuropsicologia transcultural. Jornal de
Hayling, algumas sentenças podem não ter ativado algumas Sistemas Sociais e Evolutivos, 19, 237-248.
Argollo, N., Bueno, O.F.A, Shayer, B., Godinho, K., Abreu, K., Durán, P., ...
redes semântico-sintáticas nas crianças, o que pode ter auxiliado
Capovilla, A.G.S. (2009). Adaptação transcultural da Bateria NEPSY:
na precisão e na velocidade inibitória. avaliação neuropsicológica do desenvolvimento—estudo-piloto. Avaliação
Os resultados deste estudo sugerem falta de sucesso em Psicológica, 8, 59-75.
Barbosa, G.A., & Gouveia, V.V. (1993). O fator hiperatividade do Questionário
encontrar diferenças relacionadas à idade no desempenho dos de Conners: validação conceptual e normas diagnósticas. Temas: Teoria
grupos em uma tarefa que analisa o componente executivo da e Prática do Psiquiatra, 23, 188-202.
inibição, sugerindo que a natureza do desenvolvimento das FE Bielak, AAM, Mansueti, L., Strauss. E., & Dixon, RA (2006).
Desempenho nos testes Hayling e Brixton em idosos. normas e correlatos.
permanece estável durante o período da segunda infância. Arquivos de Neurospsicologia Clínica, 21, 141-149.
Além disso, os resultados sugerem que a versão adulta do teste Burgess, PW e Shallice, T. (1996). Supressão de resposta, iniciação e uso
de estratégia após lesões do lobo frontal. Neuropsicologia, 34, 263-273.
de Hayling parece não ter discriminado os escores clínicos mais
importantes (ou seja, déficits no processo inibitório), indicando a Burgess, PW e Shallice, T. (1997). Os testes de Hayling e Brixton.
necessidade de adaptação do teste para crianças. Tal versão Edmunds, Reino Unido: Thames Valley Test Company.
Chan, RCK, Huang, J., Guo, L., Cao, X., Hong, X., & Gao, Z.
será desenvolvida com base nos resultados encontrados no (2010). Controle executivo na esquizofrenia em tarefas envolvendo
presente estudo e nas versões infantis existentes de outros inibição semântica e memória de trabalho. Pesquisa Psiquiátrica, 179,
259-266.
instrumentos, como o teste Junior Hayling (Shallice et al., 2002).
Chan, RCK, Shum, D., Toulopoulou, T., & Chen, EYH (2008).
Avaliação das funções executivas: revisão de instrumentos e identificação de

Estudos sobre transtornos autistas já utilizam uma versão questões críticas. Arquivos de Neuropsicologia Clínica, 23, 201-216.

do teste Hayling adaptada para crianças para avaliação de FE Draper, K. e Posnford, J. (2008). Funcionamento cognitivo dez anos após
(Robinson et al, 2009). Esses estudos relatam correlação lesão cerebral traumática e reabilitação.
significativa entre idade e desempenho na Parte A do instrumento Neuropsicologia, 22, 618-625.
Fonseca, R.P., Oliveira, C., Gindri, G., Zimmermann, N., & Reppold, C.
em crianças com diagnóstico de Síndrome de Asperger ou (2010). Teste Hayling: um instrumento de avaliação de componentes das
autismo. Conforme sugerido por Anderson (1998), o funções executivas. In C. Hutz (Ed.), Avaliação psicológica e
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desenvolvimento de medidas de avaliação válidas e bem
364). São Paulo: Casa do Psicólogo.
padronizadas especificamente para crianças é importante e Frias, CM, Dixon, RA e Strauss, E. (2009). Caracterizando o funcionamento
deve basear-se numa compreensão profunda do desenvolvimento executivo em populações especiais mais velhas: da elite cognitiva aos
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cerebral e cognitivo na infância. A necessidade de adaptação de Gindri, G., Zibetti, M.R., & Fonseca, R.P. (2008). Funções executivas pós-
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Psico, 39, 181-190.
crianças menores de 6 anos, foi sugerida por Argolo et al. (2009).
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na adolescência: três domínios de inibição e efeito de género.
O teste de Hayling é um instrumento eficiente para Neuropsicologia do Desenvolvimento, 30, 659-695.
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além de contribuir para o nosso conhecimento sobre os
processos envolvidos nestas funções, permitirá aos investigadores Nathaniel-James, DA, Fletcher, P. e Frith, CD (1997). A anatomia funcional
da iniciação e supressão verbal usando o teste de Hayling. Neuropsicologia,
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194 Siqueira et al

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