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MANUAL DAS AULAS PRÁTICAS –

PARTE 1

ZOOTOXICOLOGIA

Professoras:
Rejâne Maria Lira-da-Silva (rejane@ufba.br)
Yukari Figueroa Mise (yukarimise@gmail.com)

Carga Horária: 60 h

Salvador – Bahia
2024.1
GUIA DE AULA PRÁTICA
AULA: “Ação miotóxica do veneno de serpentes”
Introdução:
A mionecrose é uma conseqüência do veneno de algumas espécies de serpentes,
responsável pelo aparecimento de danos teciduais locais. Este efeito é decorrente da
miotoxicidade do veneno que possui toxinas com habilidade para induzir necrose de
músculo esquelético.
Objetivos:
Esta prática objetiva permitir ao aluno identificar lesões características de lesões
mionecróticas, decorrente do envenenamento por serpente.
Metodologia:
a) Observe atentamente as lâminas e procure identificar:
• Balonização
• Lesões delta
• Vacuolização
• Hipercondensação da miofibrilas
• Mionecrose
b) Desenhe os diferentes tipos de lesão.
c) Caracterize cada uma delas

Leitura básica:
• CARDOSO, J.L.C., FRANÇA, F.O.S., WEN, F.H., MÁLAQUE, C.M.S. & HADDAD, V. Animais
Peçonhentos no Brasil. Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. São Paulo, Ed. Sarvier,
2009.540p.
• BARRAVIEIRA, B. Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais
peçonhentos. 1ª Edição, EPUB, 1999. 411 p.

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EXERCÍCIO 1
Casos Clínicos de Acidentes por Animais Peçonhentos
Objetivos:
• Conhecer os eventos principais da história do estudo sobre os venenos animais;
• Definir os conceitos básicos (veneno, peçonha e toxina) que fundamentam este assunto;
• Conhecer ao nível genérico a evolução dos venenos animais;
• Observar a variabilidade na composição dos venenos animais e seus constituintes;
• Reconhecer a importância do estudo dos venenos animais;
• Compreender a ação dos venenos animais (principalmente as ações proteolítica,
hemorrágica, coagulante e neurotóxica).
Casos Clínicos:

1. Uma menina de 9 anos perdeu o avô e o bisavô em um acidente de carro, em uma rodovia na
zona rural de Montanha, no Espírito Santo. A criança estava no veículo com os familiares quando
o avô perdeu o controle do carro e caiu em uma ribanceira. Após o acidente, quando a criança
conseguiu sair do veículo, ela foi picada por um enxame de animais. A criança foi socorrida por
testemunhas que presenciaram o momento em que ela chorava com dores. Felizmente, evoluiu
estável e consciente, mas ficou internada por 15 dias devido a insuficiência renal aguda mas
recuperou-se e teve alta médica.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

2. Paciente masculino, 7 anos, foi picado por animal peçonhento quando foi pegar um pano para
limpar pegadas de barro quando foi picado no dedo da mão em uma fazenda em Aparecida de
Goiânia, Goiás. A família levou o garoto para uma unidade de saúde da cidade, que o transferiu
para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) quando chegou com vômitos e dificuldade
respiratória. Criança previamente hígida, apresentava dor local irradiada. Evoluiu com
rebaixamento do nível de consciência necessitando de intubação orotraqueal. Recebeu soro
contra o veneno do animal, mas devido ao estado grave em que ele estava, foi levado para UTI,
mas não resistiu e foi a óbito.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

3. Paciente de 8 anos de idade, sexo masculino, foi picado 08/03/1995 em via pública na zona
rural de Camaçari (BA), às 16:00 e deu entrada no HGRS em Salvador (BA), às 22:25, cerca de
6:25 pós-picada. A acompanhante informou que a criança estava em via pública, colhendo fruta
(jamelão), vestindo short e descalça, quando foi picada no pé direito por serpente que levou morta
consigo. Antes de buscar auxílio médico, o paciente recebeu torniquete, passou alho no local,
ingeriu a língua da cobra que o picou, suco da folha de “jaca de pobre” e querosene. Ao exame,
apresentou dor, edema (++) e flogose locais, TC(tempo de coagulação)=12min (alterado). O caso foi
classificado como moderado e às 23:10 o paciente recebeu Hidrocortizona e Fenergan® antes da
soroterapia, cuja indicação foi a administração de 8 ampolas do soro antibotrópico,
observação/repouso, descontaminação cutaneo-mucosa, hidratação endovenosa, orientações
dadas pela equipe do CIATox/BA. No dia 09/03/1995 às 6:00, o resultado dos exames revelou
hemograma com valores de leucograma com leucócitos=9.100mm3, monócitos=5,5%,
linfócitos=1,0%, bastonetes=1,0%, segmentados=86,0%; o eritograma apresentou valores
normais de hematócrito=37,0% e hemoglobina=12,6g/dL. Às 06:05 apresentou um episódio
de vômito. Às 08:30 do mesmo dia, apresentou bom estado geral, eupneico, apirético,
TC=9min (normal), dor local de menor intensidade, edema (++) até o 1/3 inferior da perna,
com indicação de dieta livre, hidratação parenteral e tratamento sintomático e medição do TC. Às
10:50, sem reação ao soro, o paciente foi liberado com cura sem sequela e orientação do uso de
anti-inflamatórios e retorno médico caso haja sinais de infecção.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

4. Criança, de 11 anos, teve o pé perfurado por um ferrão venenoso de 7 cm de um peixe. A


menina se machucou enquanto nadava em um rio em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. A
mãe relata que a filha foi nadar e bateu o pé no ferrão de um peixe que estava morto e acabou
cravando o ferrão inteiro dentro do pé dela. Foi atendida pelos bombeiros que cortaram o ferrão
bem próximo à cabeça do peixe e a encaminharam ao Pronto Atendimento (PA) da cidade. Ao
chegar à emergência, apresentou febre, dor e edema no local da picada, cuja lesão evoluiu
para necrose. A conduta médica constou de anestesia no local para tentar tirar o ferrão, que não
conseguiu. Com isso, uma médica cirurgiã realizou um pequeno corte para ter espaço para o
ferrão sair. Evoluiu bem com a administração de antibiótico e anti-inflamatório e teve alta após 3
dias.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

5. M.A.A., 2 anos, foi internado depois de ser picado por uma aranha venenosa em Curitiba,
Paraná. A mãe refere que uma aranha marrom foi encontrada dentro do berço do menino que
chorava muito com dor. Inicialmente ele teve muita febre e foi diagnosticado com dengue. Os
familiares relataram que houve demora no diagnóstico do acidente, cuja lesão evoluiu para
necrose. No Hospital Estadual da Criança e do Adolescente a criança passou por uma cirurgia
para drenar a secreção do braço e seguiu internado com bom estado geral, hidratado, lúcido e
sem queixas de dor. Seguiu assistido por uma equipe de ortopedista, pediatra e infectologista, fez
uso de antibiótico e teve alta 1 semana depois. Após 3 meses, a família do menino iniciou uma
vaquinha para a cirurgia reparadora e fisioterapia, continuou com episódios de febre, dor local.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

6. Um homem morreu após ser mordido por uma cobra no bairro Ovídio Teixeira, na cidade de
Caetité, na Bahia. A vítima estava embriagada e brincava com a serpente, conforme o vídeo
publicado na internet
(https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=YN0wYwCK68Q&embeds_referring_euri=ht
tps%3A%2F%2Foeco.org.br%2F&source_ve_path=MjM4NTE&feature=emb_title). O caso
aconteceu quando o homem estava acompanhado de um amigo homem que lhe dava “instruções”
de como pegar a cobra. “Cuidado para ela não ferroar pelo cabo. Segura, segura, não deixa ela
torcer não”, dizia o colega. “Aí, mordeu! Mordeu!” afirmou a vítima que perdeu a consciência,
desenvolveu insuficiência respiratória, foi levando pela Polícia Militar para uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA), mas não resistiu.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

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7. F.S.M., sexo masculino, sete meses, procedente do bairro de Brotas, Salvador, Bahia, deu
entrada no setor de emergência do Hospital Central Roberto Santos, em 31/01/1990 às 21h20,
com queixa de ter sido picado na mão, há mais ou menos três horas, por um escorpião que trouxe
consigo. Ao exame, o paciente apresentava dor, edema e vermelhidão no local da picada,
quatro episódios de vômitos, tremores, contraturas, sudorese e hipersalivação. Com base
neste caso verídico, responda as questões abaixo:
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

8. J.S., 15 anos de idade, feminino, foi admitido no Hospital de Goiana-PE, com história de
envenenamento por animal marinho, placas lineares urticariformes. Os familiares afirmaram
que a jovem estava mergulhando na praia, no município de Goiana, Pernambuco, Brasil quando
sentiu forte queimação na coxa esquerda, com posterior dor intensa. O avô da menina pediu que
seu irmão urinasse imediatamente no local do envenenamento, mas mesma apresentou
sudorese, mal-estar e os pais a encaminharam imediatamente para o hospital.
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?

9. Em janeiro de 2017, um estudante de Biologia foi fazer coleta de animais na praia de Ondina.
Não seguiu a orientação da professora para usar calçado fechado, foi de sandália e decidiu
caminhar entre as rochas da praia para coletar uma esponja. Pisou em uma toca e sentiu dor
imediata no pé esquerdo. Com a ajuda dos colegas foi até a areia e observou cerca de 10
espinhos escuros na planta do pé. Logo começou uma discussão sobre que medidas tomar, uma
vez que ninguém tinha cursado Zootoxicologia.
Assim, responda:
(A) Explique os mecanismos de ação do veneno. Justifique sua resposta.
(B) Qual o agente etiológico mais provável?
Leitura básica:
• BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos.
Brasília, 1999, 131p.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância
em Saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, n. 22, 2009. 124p. Home page:
www.saude.gov.br/dab.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Manual de vigilância, prevenção e controle de zoonoses: normas técnicas e
operacionais. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doencas Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 121 p. Modo de acesso: World Wide Web:
<www.saude.gov.br/svs>.
• BARRAVIEIRA, B. Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos. 1ª
Edição, EPUB, 1999. 411 p.
• CARDOSO, J.L.C., FRANÇA, F.O.S., WEN, F.H., MÁLAQUE, C.M.S. & HADDAD, V. Animais Peçonhentos no
Brasil. Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. São Paulo, Ed. Sarvier, 2009.540p.

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GUIA DE AULA PRÁTICA
AULA: “Animais Aquáticos Portadores de Toxinas – Invertebrados”
GRUPO ESPÉCIES DE CARACTERÍSTICAS TOXINAS AÇÃO TRATAMENTO SIGNIFICADO
INTERESSE MÉDICO FISIOPATÓLÓGICA ECOLÓGICO

ESPONJAS

CNIDÁRIOS

MOLUSCOS

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GUIA DE AULA PRÁTICA
AULA: “Animais Aquáticos Portadores de Toxinas – Invertebrados”
GRUPO ESPÉCIES DE CARACTERÍSTICAS TOXINAS AÇÃO TRATAMENTO SIGNIFICADO
INTERESSE MÉDICO FISIOPATÓLÓGICA ECOLÓGICO

ANELÍDEOS

POLIQUETAS

CRUSTÁCEOS

EQUINODERMAS

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GUIA DE AULA PRÁTICA
AULA: “Escorpiões e Escorpionismo”
Introdução:
Os escorpiões são artrópodos quelicerados, membros da Classe Arachnida, Ordem
SCORPIONES e relativamente distantes de outros artrópodos tais como os
crustáceos, insetos, miriápodos e onycophora. Comparado com as aranhas, os
escorpiões compõem um modesto grupo que contém 2.500 espécies, em 20 famílias e
165 gêneros atuais válidos. O escorpionismo pode ser definido como o acidente
humano cujo agente etiológico é o escorpião, quando a ação do veneno é severa e
com importantes consequências para a saúde humana. Nas últimas décadas, este
agravo vem se constituindo problema de Saúde Pública em vários países em
desenvolvimento como Brasil, México, Marrocos, Tunísia e Venezuela, dada à
incidência e à gravidade com que ocorrem. No Brasil, o aumento do número de casos
nos últimos anos, está diretamente relacionado com a implantação de um sistema de
notificações pelo Ministério da Saúde desde 1988, estimando-se em 100.000
acidentes/ano no país.
Objetivos:
Esta prática objetiva capacitar ao aluno reconhecer as principais estruturas externas
de um escorpião, além de desenvolver habilidades de raciocínio que o leve a
compreender a relação entre estas estruturas e suas funções, dentro do contexto
biológico, particularmente o aparato venenífero e seu significado biológico. Além
disso, reconhecer as espécies de interesse médico no Brasil.
Material:
a) Exemplares de escorpiões conservados
b) Exemplares de escorpiões vivos
c) Placas de Petri
d) Cutelaria (pinças, tesouras, estiletes etc.)
e) Lupa (microscópio estereoscópico)
d) Bibliografias
Desenvolvimento da prática:
1. Observe um exemplar de escorpião conservado e procure identificar nele todas as
estruturas da morfologia externa.
2. Desenhe cada estrutura identificada, colocando legenda em um caderno de desenho.
3. Faça uma pesquisa bibliográfica sobre as explicações funcionais para cada estrutura,
especialmente a estrutura inoculadora.
4. Procure, através das chaves simplificadas abaixo, identificar o máximo de exemplares
que puder particularmente os de importância médica.
Aspectos da Biologia:
Observe os exemplares vivos à sua disposição, verifique as suas reações
comportamentais, estimulando-os para não machucá-los.
Identificação taxonômica:
A – FAMÍLIAS:
1. Escorpiões com esterno de forma triangular.............................................................BUTHIDAE
Escorpiões com esterno pentagonal ou sub-pentagonal..........................................................2
2. Esterno com forma línea, trasversal................................................................BOTHRIURIDAE
Esterno com forma pentagonal ou sub-pentagonal..................................................................3
3. Região anterior da placa prossomial côncava e com uma profunda escavação; presença de
uma protuberância (entre as garras dos tarsos) ............................................ISCHINURIDAE

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Região anterior da placa prossomial raramente côncava, às vezes, convexa; ausência de
uma protuberância (entre as garras dos tarsos) .................................................CHACTIDAE
B – PRINCIPAIS GÊNEROS DA FAMÍLIA BUTHIDAE:
1. Presença de fulcra nos pentes...................................................................................Isometrus
Ausência de fulcra nos pentes....................................................................................Ananteris
2. Gume do dedo móvel dos pedipalpos com 8-9 séries de grânulos; presença de fortes
grânulos acessórios nos adultos, ausentes nos imaturos......................................Rhopalurus
3. Gume do dedo móvel dos pedipalpos com 12-17 séries de grânulos; grânulos acessórios
sempre ausentes, em adultos e imaturos.......................................................................Tityus
Principais espécies de interesse médico no Brasil:
Tityus serrulatus (BUTHIDAE): colorido geralmente
amarelado, com manchas escuras confluentes no tronco e a
face ventral do último artículo da cauda enegrecida. 3 a 5
dentes maiores, formando uma serrilha no quarto segmento
caudal. Amarelo claro, com manchas escuras sobre o tronco e
na parte inferior do fim da cauda. Ocorre em todo o País, com
exceção da Amazônia.
Tityus stigmurus (BUTHIDAE): tronco amarelo-escuro,
apresentando triângulo negro invertido no cefalotórax, uma
faixa escura longitudinal e manchas laterais escuras nos
tergitos. Ocorre nos Estados do Nordeste do Brasil e em MG,
RJ e SP.
Tityus bahiensis (BUTHIDAE): Marrom avermelhado escuro,
braços (palpos) e pernas mais claros, com manchas escuras.
Segmento caudal liso no dorso. Quando adulto, chega a 7 cm
de comprimento. Ocorre nos Estados de Goiás, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

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Bibliografia:
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais
peçonhentos. Brasília, 1999, 131p.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de controle de escorpiões. Fundação nacional de Saúde:
Brasília. 2009. 70p. (disponível em www.saude.gov.br/svs/publicações).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Vigilância em Saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Ministério
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, n. 22, 2009. 124p. Home
page: www.saude.gov.br/dab.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância, prevenção e controle de zoonoses: normas
técnicas e operacionais. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância das Doencas Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 121 p. Modo de acesso:
World Wide Web: <www.saude.gov.br/svs>.
BRAZIL, T.K.; LIRA-DA-SILVA, R.M.; PORTO, T.J; AMORIM, A.M.; SILVA, T.F. Escorpiões de
importância médica do estado da Bahia. Salvador: Gazeta Médica da Bahia, 79 (Supl.1):38-42. 2009.
BRAZIL, T.K.; PORTO, T.J. Os escorpiões. Salvador: EDUFBA, 2010. 84 p.
BRAZIL, T.K. (Org.). Catálogo da fauna terrestre de importância médica da Bahia. Salvador:
EDUFBA, 202p. 2011.
CARDOSO, J.L.C., FRANÇA, F.O.S., WEN, F.H., MÁLAQUE, C.M.S. & HADDAD, V. Animais
Peçonhentos no Brasil. Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. São Paulo, Ed. Sarvier,
2003.468p.

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GUIA DE AULA PRÁTICA
AULA: “Aranhas e Araneísmo”
Introdução:
As aranhas estão distribuídas por todo o mundo e têm conquistado todos os ambientes, com a
exceção do mar. A maioria das aranhas é relativamente pequena (2-10mm), ainda que
caranguejeiras possam chegar a 80-90 mm. Todas as aranhas são carnívoras e algumas
vivem em teias, outras são errantes e compõem um dos grupos zoológicos de maior
abundância e diversidade do planeta. Dentre os aracnídeos, a ordem Araneae é considerada
um táxon megadiverso, com 49.601 espécies descritas, agrupadas em 129 famílias. Esta
Ordem de aracnídeos, é subdividida em 3 sub-ordens: Mesothellae (caranguejeiras primitivas
com abdome pseudosegmentado), Mygalomorphae (caranguejeiras Ortognatha ou com
quelíceras paraxiais) e Araneomorphae (Labdognata ou com quelíceras diaxiais). O araneísmo
pode ser definido como o acidente humano cujo agente etiológico é a aranha, quando a ação
do veneno é severa e com importantes conseqüências para a saúde humana. Segundo dados
do Ministério da Saúde ocorrem cerca de 20.000 casos/ano.
Objetivos:
Esta prática objetiva capacitar ao aluno reconhecer as principais estruturas externas das
aranhas, além de desenvolver habilidades de raciocínio que o leve a compreender a relação
entre estas estruturas e suas funções, dentro do contexto biológico, particularmente o aparato
venenífero e seu significado biológico. Além disso, reconhecer as espécies de interesse
médico no Brasil.
Material:
a) Exemplares de aranhas conservadas
b) Exemplares de aranhas vivas
c) Placas de Petri
d) Cutelaria (pinças, tesouras, estiletes etc.)
e) Lupa (microscópio estereoscópico)
d) Bibliografia
Desenvolvimento da prática:
1.Observe um exemplar de aranha conservada e procure identificar nele todas as estruturas da
morfologia externa
2. Desenhe cada estrutura identificada, colocando legenda em um caderno de desenho
3. Faça uma pesquisa bibliográfica sobre as explicações funcionais para cada estrutura,
especialmente a estrutura inoculadora
4. Procure, através das chaves simplificadas em anexo, identificar o máximo de exemplares que
puder, particularmente os de importância médica.
Aspectos da Biologia:
Observe os exemplares vivos à sua disposição, verifique as suas reações comportamentais,
estimulando-os para não as machucar.

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A B
Morfologia externa das Aranhas. (A)Vista dorsal. (B)Vista ventral.

C D

Orientação das quelíceras das aranhas. (C) Paraxiais/Labdognatha (MYGALOMORPHAE).


(D) Diaxiais/Ortognatha (ARANEOMORPHAE).

Identificação taxonômica:
A – SUB-ORDENS:
1. Quelíceras paraxiais, Ortognatha, olhos reunidos em um cômoro
ocular.........................................................................................................MYGALOMORPHAE
2. Quelíceras diaxiais, Labdognata, olhos dispostos em diferentes modos
...................................................................................................................ARANEOMORPHAE

B – FAMÍLIAS DAS ARANHAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA


1. Disposição dos olhos 2:4:2..................................................................CTENIDAE (Phoneutria)
2. Disposição dos olhos 2:2:2................................................................SICARIIDAE (Loxosceles)
3. Disposição dos olhos 4:4...............................................................THERIDIIDAE (Latrodectus)

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Principais espécies de interesse médico no Brasil:
Aranha armadeira Phoneutria, CTENIDAE: Corpo coberto de pelos curtos de coloração marrom-
acinzentada; no dorso do abdome, desenho formado por faixa longitudinal de manchas pares mais claras e
faixas laterais oblíquas; quelíceras com revestimento de pelos avermelhados ou alaranjados. Disposição
dos olhos 2:4:2. Na Bahia: P. bahiensis, P. eickstedt, e P. nigriventer.

Aranha marrom Loxosceles, SICARIIDAE): Corpo revestido de pelos curtos e sedosos de cor marrom
esverdeada com pequenas variações; no cefalotórax: desenho claro em forma de violino ou estrela.
Disposição dos olhos 2:2:2. Na Bahia: Loxosceles amazônica, L. boqueirao, L. cardosoi, L. carinhanha, L.
chapadensis, L. karstica, L. similis e L. troglobia.

Aranha viúva-negra Latrodectus - THERIDIIDAE: Abdome com manchas de colorido vermelho vivo sob
fundo preto e patas negras. Disposição dos olhos 4:4. Na Bahia: Latrodectus gr. mactans, L. corallinus e L.
geometricus.

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Bibliografia:
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Brasília,
1999, 131p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em
Saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, n. 22, 2009. 124p. Home page: www.saude.gov.br/dab.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Manual de vigilância, prevenção e controle de zoonoses: normas técnicas e operacionais.
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doencas Transmissíveis. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 121 p. Modo de acesso: World Wide Web: <www.saude.gov.br/svs>.
BRAZIL, T.K.; PINTO-LEITE, C.M.; SILVA, L.M.A.; LIRA-DA-SILVA, R.M.; BRESCOVIT, A.D.. Aranhas de
importância médica do estado da Bahia. Salvador: Gazeta Médica da Bahia, 79 (Supl.1):38-42. 2009.
BRAZIL, T.K. (Org.). Catálogo da fauna terrestre de importância médica da Bahia. Salvador: EDUFBA, 202p. 2011.
CARDOSO, J.L.C., FRANÇA, F.O.S., WEN, F.H., MÁLAQUE, C.M.S. & HADDAD, V. Animais Peçonhentos no
Brasil. Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. São Paulo, Ed. Sarvier, 2003.468p.

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