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Química Orgânica Ambiental

Aula 16
A Química Orgânica e o impacto
ambiental

Prof. Dr. Leandro Vinícius Alves Gurgel


1. Introdução
• A importância da Química Orgânica:
• Plásticos;
• Nylon;
• Fármacos (remédios);
• Pesticidas: herbicidas, inseticidas;
• Alimentos: aroma;
• Combustíveis.
• Os processos industriais vão produzir rejeitos que serão
despejados no meio ambiente:
• Resíduos;
• Subprodutos;
• Solventes.
• Além das embalagens dos produtos contendo compostos
orgânicos:
• Plásticos: degradação lenta;
• Pesticidas: toxicidade.
2. Ciclo do carbono
• Esquema geral do ciclo do carbono, exemplificando o CO2 como a
principal forma de transporte de carbono para a atmosfera.
Unidades de massa Tg (Teragrama = 1012 g).
2. Ciclo do carbono
• O ciclo do carbono está intimamente relacionado com os seres vivos que
vivem sobre a superfície terrestre. Existem vários tipos de compostos de
carbono nas diversas etapas que compõem o ciclo. Esses compostos
podem ser sólidos, líquidos e gasosos. Muitos deles são sintetizados
pelos organismos vivos, com números de oxidação variando de +4 a -4.
Contudo, o transporte de carbono entre os vários compartimentos
(atmosfera, hidrosfera e litosfera) é feito, principalmente, pelo carbono
com número de oxidação (+4) na forma de CO2, carbonato (CO32-) ou
bicarbonato (HCO3-). As principais reações para formação ou modificação
do carbono +4 são as seguintes:
2. Ciclo do Carbono
• O ser humano interfere globalmente no ciclo do carbono
adicionando quantidades significativas de CO2 na atmosfera,
quando utiliza qualquer combustível contendo carbono proveniente
de fonte não renovável:

Combustível + O2(g) → CO2(g)↑ + H2O(g)

• Atualmente, as reações de combustão emitem grandes


quantidades de CO2 para a atmosfera. Estima-se que, no início de
1990, a emissão de CO2, apenas pelos processos de combustão,
foi da ordem de 6,2 Gt(C) (1 Gt(C) = 1012 kg(C) = 1.000 x 109 kg
(C)).
3. A Química Orgânica e o impacto ambiental
• Porque a Química Orgânica tem um impacto ambiental tão grande?
Cl
Cl
Cl
C
• Pesticidas: Compostos orgânicos - H
C Cl

A agricultura é o maior fator mundial de poluição; DDT

Cl
• HAPs: Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos:

Benzo[a]pireno

• Sabões e detergentes:
SO3Na

Alquilbenzeno Linear Sulfonato (LAS)


• Uso de combustíveis:
• Smog fotoquímico;
• Chuva ácida;
• Aumento do efeito estufa.
4. Uso de CFCs e derivados
• Destruição catalítica da camada de ozônio:
CFxCly
UV-C .Cl
Cl O Cl
• Dioxinas e Furanos:
Cl O Cl

Dioxina
• PCBs: Bifenilas policloradas: Cl

Cl

• Estrogênios ambientais: Cl Cl
5. Medidas governamentais
• Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes –
POPs:
• Iniciou-se em 1995, sob os auspícios da UNEP, as negociações para
controlar o uso, produção e liberação de POPs;
• Foi criado um grupo de especialistas que identificou, com base em
critérios científicos, os doze poluentes alvo da convenção:
• Oito pesticidas: aldrin, dieldrin, endrin, clordano, heptacloro, DDT, toxafeno e
mirex;
• Dois químicos de aplicação industrial: hexaclorobenzeno e PCBs;
• Dois resíduos (subprodutos não intencionais): dioxinas e furanos.
5. Medidas governamentais – Convenção de Estolcomo

• O texto da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos


Persistentes foi adotado em 22 de maio de 2001 e entrou em vigor
noventa dias após o depósito do qüinquagésimo instrumento de
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão de um país à Convenção de
17 de maio de 2004. O texto da Convenção foi também alterado em 2009
para incluir os nove novos POPs adicionados aos seus anexos A, B e C.
5.1. Oito pesticidas organoclorados

Cl Cl Cl Cl
Cl Cl
Cl Cl

Cl Cl
O Endrin
Cl Cl Cl
Cl
Cl
aldrin dieldrin C
C Cl
Cl Cl H
Cl Cl
Cl Cl DDT
Cl
Cl
Cl

Cl Cl
Cl Cl Cl
Cl Cl Cl
Clordano Cl
Cl
Cl

Heptacloro Cl
Cl
Cl2 Cl
Toxafeno Cl
(mistura de substâncias) Cl Mirex
Cl
Cl
Canfeno Cl
5.2. Dois químicos de aplicação industrial

• PCBs - Bifenilas policloradas:


• Características químicas: os PCBs constituem uma família de 209 compostos
cuja a estrutura consiste em anéis de benzeno ligados, em número variável,
anéis estes que podem estar substituídos por átomos de cloro;
• Resistem a altas temperaturas, não se inflamando com facilidade;
• São maus condutores elétricos e apresentam uma elevada estabilidade
química;
• Estas características tornam os PCB materiais apropriados para refrigeração,
lubrificação e insulantes;
• As propriedades descritas conferem aos PCBs uma periculosidade que põe
em risco a saúde de trabalhadores e a sustentabilidade dos ecossistemas;
• Pelo processo conhecido como “destilação global”, os PCBs são
progressivamente transportados em direção aos polos onde têm se
acumulado, formando um autêntico reservatório; Cl

Cl

Cl Cl
5.2. Dois químicos de aplicação industrial

• PCBs - Bifenilas policloradas – Produção e uso:


• Comercializados pela primeira vez em 1929, rapidamente os PCBs se
espalharam por todo o mundo devido às suas diversas aplicações;
• Têm sido largamente usados em transformadores e condensadores,
permutadores de calor, sistemas hidráulicos, óleos industriais, tintas, adesivos,
plásticos, retardadores de chama e mesmo para controle de poeira nas
estradas;
• A maior parte dos países proibiu a produção de PCBs nos anos 70, mas há
enormes quantidades em circulação;
• Calcula-se que cerca de 2/3 dos que já foram produzidos encontram-se em
uso ou no ambiente, de forma controlada ou não;
• Formas de exposição e efeitos na saúde e no ambiente:
• Os PCBs continuam a contaminar as águas subterrâneas, solos e atmosfera a
partir de inúmeras fontes;
• Mesmo os sistemas “fechados” podem liberar com o tempo grandes
quantidades de PCBs para o meio ambiente;
• Os PCBs tendem a se concentrar à medida que se sobe na cadeia trófica,
visto que se acumulam nos tecidos adiposos dos animais;
5.2. Dois químicos de aplicação industrial

• Virtualmente todas as pessoas têm PCBs nos seus corpos;


• A exposição crônica a baixas concentrações pode causar danos no fígado,
disfunções reprodutivas, depressão do sistema imunológico, desordens
endócrinas e neurológicos e desenvolvimento infantil e intelectual retardado;
• É considerado um carcinogênico humano provável;
• Alternativas:
• Já existem substitutos dos PCBs em diversos materiais, processos e produtos;
• Tecnologias de ponta não incineradoras podem eliminar os PCBs, conter todos
os resíduos resultantes e assim minimizar o risco a que trabalhadores e
ambiente estão sujeitos.
Cl
5.2. Dois químicos de aplicação industrial
Cl Cl
• Hexaclorobenzeno (HCB):
• Características químicas:
Cl Cl
• O HCB é um composto cristalino sintético produzido pela
primeira vez nos anos 40 e usado como fungicida; Cl

• Caracteriza-se pela sua toxicidade, por ser altamente persistente no meio


ambiente, e assim, pode viajar enormes distâncias, e significativamente
bioacumulado;
• Produção e uso:
• O HCB tem sido largamente usado como fungicida para proteger as sementes
de cebolas, trigo e sorgo;
• Tem sido ainda utilizado como solvente e como aditivo na produção de
borracha, plástico PVC, foguetes, munições, protetores de madeira e
corantes;
• A produção de HCB já foi proibida em muitos países;
• No entanto, é um subproduto da manufatura de vários solventes clorados,
pesticidas e de outros processos que envolvem o cloro;
• Já foi encontrado como contaminante em diversos pesticidas e é liberado
durante a queima de resíduos urbanos (incineração de lixo).
5.3. Dois resíduos (subprodutos não intencionais)

Cl O Cl Cl Cl

Cl O Cl Cl O Cl
dioxina furano

• Dioxinas e furanos:
• Características químicas:
• Os furanos e as dioxinas são constituídos por pares de anéis benzênicos
unidos por um ou dois átomos de oxigênio, respectivamente;
• Os compostos químicos que no conjunto são apenas conhecidos como
dioxinas encontram-se praticamente em todo o ambiente devido às suas
múltiplas fontes, persistência no ambiente e capacidade de percorrerem
enormes distâncias;
• São pouco solúveis em água, dado o seu caráter orgânico, sendo assim,
dificilmente excretáveis;
• Acumulam-se nas gorduras e bioacumulam-se ao longo da cadeia alimentar;
5.3. Dois resíduos (subprodutos não intencionais)

• Produção e uso:
• Não apresentam qualquer valor comercial;
• Surgem como resíduo de diversas reações químicas, sobretudo as que
envolvem a queima de substâncias cloradas;
• Fontes de dioxinas e furanos incluem:
• Resíduos hospitalares, municipais e industriais e incineração de resíduos
perigosos;
• Fornos de cimenteiras, especialmente aqueles que queimam resíduos perigosos;
• Fundição de metais e refinarias;
• Branqueamento de polpa de celulósica;
• Produção, processamento e deposição de plásticos clorados e de outros químicos;
• As dioxinas que se depositaram em árvores e campos ao longo tempo são
novamente liberadas para a atmosfera após um incêndio;
• A queima do lixo doméstico em casa bem como os escapes dos
automóveis são também fontes significativas.
5.3. Dois resíduos (subprodutos não intencionais)

• Formas de exposição e efeitos na saúde:


• Não existe um nível de dioxinas que possa ser considerado seguro, mesmo
concentrações da ordem de ppt (partes por trilhão) são potencialmente
perigosas;
• Alguns dos efeitos das dioxinas se fazem sentir em concentrações que
ocorrem comumente no ambiente;
• Entre elas problemas no sistema imunológico, na tireoide e no fígado, e maior
susceptibilidade a infecções;
• Foram associadas a concentrações elevadas de dioxinas defeitos congênitos,
atraso no crescimento de crianças, níveis reduzidos de hormônios masculinos,
alteração da razão de nascimentos entre machos e fêmeas, diabetes e câncer;
• As dioxinas são consideradas carcinogênicas;
• Alternativas:
• Uma transição global para materiais e processos industriais livres de cloro e o
desenvolvimento de sistemas de gestão de resíduos baseado na separação,
reutilização e não combustão reduziriam consideravelmente a produção de
dioxinas;
5.3. Dois resíduos (subprodutos não intencionais)

• São muitas as alternativas já conhecidas que na maior parte dos casos


representam uma vantagem competitiva para as empresas, enquanto outras
carecem de maior investigação;
• Alguns exemplos:
• Branqueamento de polpa celulósica ou papel livre de cloro, baseado em
oxigênio, ozônio ou peróxido de hidrogênio, alternativamente existem
fibras que não requerem branqueamento;
• Transição para plásticos não clorados como o polietileno e polipropileno
ou para materiais como o vidro e o aço em vez de PVC.
6. Anexo A da Convenção de Estocolmo
6. Anexo B e C da Convenção de Estocolmo
6.1. Os novos 9 POPs da Convenção de Estocolmo

http://chm.pops.int/Implementation/NewPOPs/The9newPOPs/tabid/672/language/en-US/Default.aspx

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