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O texto apresenta uma visão profunda da hermenêutica jurídica segundo Gadamer, destacando sua

relação com a compreensão existencial e sua importância na aplicação do direito. Aqui estão os
principais pontos abordados:

 Compreensão Existencial: Gadamer vê a hermenêutica jurídica como um exemplo acabado do


processo de compreensão existencial. Ele argumenta que o direito opera em um nível de interpretação
orientado à aplicação prática, o que contrasta com a visão moderna de interpretação como um ato de
saber especulativo.
 Relação com outras áreas: Gadamer não considera a hermenêutica jurídica como uma exceção na
interpretação, mas sim como o modelo geral de todos os atos hermenêuticos. Ele destaca a semelhança
entre a interpretação do historiador e a do jurista, ambos imersos em uma determinada expectativa de
sentido imediato.
 Aplicação da lei: Gadamer argumenta que a aplicação das leis não é um processo meramente formal,
mas sim uma compreensão voltada para o presente. Ele destaca a importância da epieikeia (equidade)
de Aristóteles, que é vista como a correção da lei para se adaptar às circunstâncias concretas.
 Primazia da hermenêutica sobre a dogmática: Gadamer sugere que a hermenêutica tem primazia
sobre a dogmática jurídica. Ele critica a ideia de uma dogmática perfeita baseada apenas na subsunção
de casos a normas, defendendo que a interpretação jurídica envolve uma compreensão mais profunda
do contexto existencial.
 Preconceitos e perspectiva dialética: Gadamer enfatiza que o intérprete está imerso em seu próprio
contexto existencial e opera com preconceitos. Ele argumenta que a compreensão do texto jurídico
deve considerar tanto o texto em si quanto a situação hermenêutica concreta do intérprete.
 Crítica ao juspositivismo: Gadamer critica a visão juspositivista que limita o direito à norma e à
técnica, defendendo uma abordagem mais ampla que leve em conta a compreensão existencial e a
aplicação prática das leis.
 Riscos e ambiguidades: O texto também aponta para os riscos de uma abordagem excessivamente
sacralizada da hermenêutica jurídica, que pode levar a uma espécie de conservadorismo. No entanto,
também reconhece a importância da crítica ao mundo presente e a necessidade de manter aberto o
campo de disputa na hermenêutica.
Em suma, Gadamer propõe uma visão da hermenêutica jurídica que enfatiza sua relação com a
compreensão existencial, a aplicação prática do direito e a necessidade de considerar o contexto
histórico e os preconceitos do intérprete. Ele critica o juspositivismo e defende uma abordagem mais
ampla e contextualizada da interpretação jurídica.

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