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RESUMO
Navios são grandes embarcações que possuem o propósito de transportar, sendo responsáveis
por movimentar inúmeras cargas ao redor do mundo e tendo um importante papel na economia
dos países. Navios Panamax por sua vez são encarregados de movimentar um grande fluxo de
mercadorias no comércio exterior. A arqueação de navios é um método desempenhado por
profissionais especializados para determinar e apurar o peso e a quantidade de carga que uma
embarcação possui. Esta técnica baseia-se no princípio de Arquimedes e é realizada com base
na coleta de dados e posterior aplicação de cálculos matemáticos, onde a atividade é
desempenhada a bordo dos navios antes e após sua ação operacional para quantificação dos
volumes. O presente artigo abordará em especifico a relação entre navios da classe Panamax
com transporte de materiais a granel. A problemática apresentada abordará a situação
encontrada no Porto de Imbituba referente a divergência nos valores de arqueação de navios
Panamax carregados de ureia granulada, realizou-se um estudo sobre as variáveis decorrentes
do processo e também o acompanhamento da execução dos procedimentos juntamente a peritos
habilitados da Receita Federal do Brasil. Analogamente ao acompanhamento, foram levantados
cálculos, dados e informações necessárias para que fossem obtidos resultados passíveis de
análise. Evidenciou-se a influência que os materiais, as peças e a idade dos navios possuem em
relação aos cálculos, como também as características físico-químicas das substâncias que são
transportadas. Logo, foi elaborado um comparativo entre a idade de navios e a carga
transportada, evidenciando que navios com idade superior a 15 anos transportando ureia
granulada tendem a manifestar maiores discrepâncias nos resultados dos cálculos. Também foi
proposto um estudo de viabilização e implementação de melhorias ao processo, bem como a
atualização de procedimentos com o intuito de amenizar os prejuízos financeiros e zelar pela
continuidade da comercialização acerca desta atividade.
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Univinte
2
Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Univinte. E-mail:
guilherme.cramer@hotmail.com
3
Orientador docente do curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Univinte. E-mail:
mokotdm@gmail.com
2
1. Introdução
2. Fundamentação Teórica
Pode-se dizer que navio é uma grande embarcação construída com a finalidade de
transportar cargas ao redor do mundo. Logo, nota-se a importância do transporte marítimo na
comercialização internacional ficando responsável por movimentar inúmeras cargas de
importação e exportação dos países (TEIXEIRA, 2019).
Entre os vários tipos de embarcações, como exemplo navios petroleiros, porta-
containers, químicos e etc., há também a classe de graneleiros, que são destinados a conduzir
cargas homogêneas a granel, viabilizando o transporte de grandes volumes a um custo inferior
de frete quando comparado aos demais meios de transporte (VENTURA, 2012).
Levando em consideração que o Canal do Panamá é uma das obras mais importantes do
mundo para o comércio exterior, na qual permite a conexão entre os oceanos Atlântico e
Pacífico e é responsável por atravessar cerca de 14 mil navios ao ano, evidencia-se a
importância do transporte de grandes volumes de carga através dos navios Panamax no frete
marítimo (SAMARÃO, 2012).
4
Austeníticos: Liga Metálica Formada por Ferro e Cromo.
5
𝐸 𝑑. 𝑉 . 𝑔 Equação 1
6
Onde,
d: densidade do fluído (kg/m³)
V: volume do fluído (m³)
g: Aceleração da gravidade (m/s²)
E: Empuxo (N)
Fonte: Rodrigues (2019).
Assim sendo, a força empuxo precisa ser de maior intensidade que a força peso (P) para
que um navio consiga flutuar na superfície de um fluído.
A ureia granulada pode ser considerada uma espécie de fertilizante com fórmula química
configurada por CH4N2O (SOARES, 2014).
A figura 2 apresenta uma amostra de ureia coletada no Porto de Imbituba.
3. Procedimentos Metodológicos
Para alcançar-se um bom resultado na técnica de arquear deve-se obedecer aos seguintes
pontos:
Leitura de calados;
Sondagem dos tanques de lastro;
Determinar a densidade da água;
Efetuar o cálculo do calado correspondente;
Calcular o deslocamento real do navio;
Apurar os consumíveis;
Calcular o deslocamento líquido;
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A verificação dos calados é efetuada utilizando uma lancha de apoio com a finalidade
de visualizar em qual marcação do casco a superfície da água está em contato.
A figura 3 ilustra o processo de leitura de calados em uma embarcação.
A sondagem é realizada inserindo uma trena metálica com marcações numéricas até o
fundo dos tanques, afim de quantificar o nível e altura em que a água se encontra.
A figura 4 demonstra o processo de sondagem dos tanques de água de lastro.
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Este nível irá indicar o peso que a água está exercendo sobre a embarcação e o mesmo
deve ser considerado ao concretizar os cálculos.
Pode-se dizer que densidade é a razão entre a massa de um material e o volume por ele
ocupado, significando que a densidade é uma propriedade específica de cada material.
A mesma pode ser calculada para líquidos, sólidos ou gases por meio da seguinte
fórmula:
𝑚 Equação 2
𝑑
𝑉
Onde,
d: densidade do fluído (kg/m³)
m: massa do material (kg)
V: volume do fluído (m³)
Fonte: Gomes (1986).
As amostras de água por sua vez devem ser coletadas onde o navio estiver localizado e
logo após inserido o densímetro para avaliar a densidade local.
Onde,
Média dos calados (m)
Calado 1 (m)
Calado 2 (m)
Fonte: Gomes (1986).
Após ser obter a mediana entre os calados de vante, meia nau e ré do navio, descobre-
se o chamado TRIM aparente, LBP e LBM.
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O TRIM significa a inclinação entre a proa (frente) e popa (ré) no eixo longitudinal do
navio, isto é, seu alinhamento quanto a superfície da água. No que diz respeito ao TRIM
aparente, é a diferença da média aritmética dos calados de ré e de vante, calculando um menos
o outro para encontrar o alinhamento do seguinte modo:
Onde,
TAP: trim aparente (m)
Média Calado de Ré (m)
Média Calado de Vante (m)
Fonte: Gomes (1986).
Onde,
LBM (m)
LBP (m)
Distância de vante (m)
Distância de ré (m)
Fonte: Gomes (1986).
Após identificado os valores acima, calcula-se a correção dos calados (vante, meia nau
e ré) afim de evitar possíveis equívocos através da seguinte equação:
𝑇𝐴𝑃 . 𝐷𝑉 Equação 6
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜
𝐿𝐵𝑀
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Onde,
Correção (m)
TAP: trim aparente (m)
DV: distância de vante (m)
LBM: distância entre as marcas do casco (m)
*DV pode ser substituído por DMN (distância de meia nau) ou DR
(distância de ré) para correção dos demais calados
Fonte: Gomes (1986).
6. 𝐶𝑀𝑁 𝐶𝑉 𝐶𝑅 Equação 7
𝑀𝑀
8
Onde,
MM: média das médias (m)
CMN: calado da meia-nau corrigido (m)
CV: calado de vante corrigido (m)
CR: calado de ré corrigido (m)
Fonte: Gomes (1986).
Onde,
TR: trim real (m)
LCF: distância ao centro de flutuação (m)
TPC: toneladas por centímetro de imersão (t/cm)
LBP: comprimento entre as perpendiculares (m)
Fonte: Gomes (1986).
Onde,
TR: trim real (m)
DMTC: diferença entre os momentos (t/cm)
LBP: comprimento entre as perpendiculares (m)
Fonte: Gomes (1986).
Logo após, calcula-se o deslocamento do navio para o trim corrigido conforme abaixo:
Onde,
Desloc. Inicial: deslocamento inicial do navio (Mt5)
1ª TRIM: primeira correção do trim (m)
2ª TRIM: segunda correção do trim (m)
5
Mt: Tonelada Métrica.
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Onde,
Desloc. para a Densidade: deslocamento real do navio (Mt)
Desloc. Trim: deslocamento do navio para trim corrigido (Mt)
Densidade: densidade encontrada através do densímetro (kg/m³)
Fonte: Gomes (1986).
3.1.6 Consumíveis
Os consumíveis são aqueles materiais cujo peso varia bastante a depender da situação
que o navio se encontra, porém podem ser bem determinados. Estes pesos são conhecidos como
óleo combustível, óleo diesel, óleo lubrificante, água doce e água de lastro.
Os pesos citados devem ser fornecidos pelo navio durante a atividade, exceto a água de
lastro que deve ser calculada. O cálculo da água de lastro é feito com o auxílio da tabela de
tanques de lastro, interpolando os valores encontrados da sondagem, previamente realizada,
com os indicados na tabela afim de certificar o peso que a água está exercendo sobre a
embarcação.
O cálculo dos consumíveis é realizado por meio da soma da água de lastro, óleo
combustível, óleo diesel e água doce do seguinte modo:
Onde,
Lastro: água de lastro calculada através da sondagem (Mt)
Óleo C.: óleo combustível presente no navio (Mt)
Óleo D.: óleo diesel atual (Mt)
Óleo L.: óleo lubrificante presente no navio (Mt)
Água D.: água potável vigente (Mt)
Fonte: Gomes (1986).
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Onde,
Deslo. Real: deslocamento real para a densidade (Mt)
Consumíveis: valor dos consumíveis calculado (Mt)
Fonte: Gomes (1986).
Onde,
C: constante (Mt)
Deslo. Líquido Final: deslocamento líquido encontrado ao final da
operação do navio (Mt)
Peso Leve: peso da tara do navio (Mt)
Fonte: Gomes (1986).
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O peso da carga deve ser identificado com o auxílio do deslocamento líquido, peso leve
e a constante da embarcação.
O peso citado refere-se à quantidade de massa em toneladas métricas. Embora o peso
na física denomina-se uma grandeza de força (N), usualmente no meio marítimo o termo peso
informa a quantidade de massa de navios ou de suas cargas.
Estes dados irão demonstrar o valor de carga a bordo para conclusão do processo, como
representado na equação 15:
Onde,
Deslo. Líquido: deslocamento líquido (Mt)
Peso Leve: peso da tara do navio (Mt)
C: constante (Mt)
Fonte: Gomes (1986).
Logo, constata-se o peso da carga que uma embarcação possui através dos métodos de
arqueação, ao modo que se torna necessário a repetição do processo afins de comparação, antes
e após o término de qualquer atividade operacional.
4. Análises e Resultados
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Peso: Neste caso refere-se à quantidade de massa em toneladas métricas.
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A análise 1 é baseada nas etapas de arqueação envolvendo um navio Panamax com idade
superior a 15 anos e carregado de 63.847,741 toneladas de ureia.
A verificação de calados do navio 1 foi realizada com o auxílio de uma lancha e os dados
foram coletados para cálculos futuros. O quadro 1 demonstra os dados coletados durante a
checagem dos calados.
Identificação da Posição do navio Calado lado esquerdo (m) Calado lado direito (m)
Vante 10,80 10,88
Meia nau 11,03 11,25
Ré 11,26 11,38
Fonte: o autor, 2022.
Podem haver variações nas posições dos tanques de água de um navio, porém
normalmente os tanques de um navio Panamax são descritos com a numeração de 1 a 5 e
identificados pela posição de lado direito e lado esquerdo.
O quadro 2 identifica os resultados obtidos através da sondagem dos tanques de água.
Além destes tanques, também existem os chamados tanques de pico para vante e para
ré do navio. Neste caso, os mesmos também foram verificados.
O quadro 3 aponta os resultados obtidos através da sondagem dos tanques de pico.
Foi realizado a coleta de água do local em que o navio estava atracado e posteriormente
inserido o densímetro calibrado para identificar a densidade.
A figura 7 demonstra a apuração da densidade local utilizando a coleta de água.
O resultado encontrado para a densidade local foi de 1,0245g/cm³, significando que está
dentro dos valores de variação da água do mar, que é de 1,017g/cm³ até 1,030g/cm³.
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O cálculo para identificar os calados correspondentes foi realizado por meio da equação
3, conforme abaixo:
10,80 10,88
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑛𝑡𝑒 10,84𝑚
2
11,03 11,25
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑖𝑎 𝑛𝑎𝑢 11,14𝑚
2
11,26 11,38
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑅é 11,32𝑚
2
Logo após, foi realizado os cálculos para se identificar o TRIM aparente conforme
equação 4:
Após ser obtida o TRIM aparente, foi coletada nos documentos os valores para a
distância de vante, distância de meia nau, distância de ré e LBP do navio 1.
Os dados encontrados nos documentos foram:
Após identificado os valores acima, calculou-se a correção dos calados de vante, meia
nau e ré, através da equação 6:
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0,48 . 1,00
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝐶𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑛𝑡𝑒 0,002𝑚
218,00
0,48 . 0,50
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝐶𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑖𝑎 𝑁𝑎𝑢 0,001𝑚
218,00
0,48 .1,00
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝐶𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑅é 0,002𝑚
218,00
Com os valores dos calados corrigidos foi calculado o TRIM real (TR) do seguinte
modo:
Nota-se que a média dos calados verificados no navio 1 foi de 11,12 metros.
Com base no resultado obtido da equação 7 foi utilizada a tabela hidrostática do navio
e encontrado os valores necessários para proceder com o cálculo do deslocamento.
O quadro 4 identifica os valores obtidos da tabela hidrostática.
LCF 1,82 m
DMTC 4,57 t/cm
Deslocamento Inicial 75.458,516 Mt
Fonte: o autor, 2022.
Em posse dos valores acima, foi efetuada a primeira correção do TRIM com o auxílio
da equação 8.
0,48² 𝑥 4,57 𝑥 50
2ª 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑜 𝑇𝑅𝐼𝑀
220,00
Logo após, o deslocamento do navio para o trim corrigido foi calculado conforme
equação 10.
Os valores dos consumíveis foram fornecidos pelo navio 1 para consideração dos
cálculos.
O quadro 5 identifica os valores informados dos consumíveis.
Percebe-se com base nos valores fornecidos acima que o navio estava com baixo nível
de óleo e água doce a bordo.
Para os cálculos dos consumíveis do navio 1, foi necessário aferir também os valores de
água nos tanques de lastro, conforme sondagem previamente realizada.
O quadro 6 demonstra os valores da sondagem dos tanques de água de lastro juntamente
aos equivalentes da tabela.
Logo, o cálculo dos consumíveis foi realizado por meio da soma da água de lastro, óleo
combustível, óleo diesel e água doce conforme equação 12.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚í𝑣𝑒𝑖𝑠 838,400𝑀𝑡
Logo, não se tornou necessário utilizar a equação 14 nos cálculos para determinar a
constante do navio 1.
Por fim, determinou-se o peso da carga a bordo do navio 1 com o auxílio da equação
15.
Constata-se que quando possuído um navio com idade superior a 15 anos contendo ureia
granulada existe uma grande diferença de peso, variando de 400 de 600 toneladas.
Observa-se que quando possuído um navio com idade inferior a 15 anos contendo ureia
granulada existe uma diferença de peso, variando de 200 de 400 toneladas.
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Percebe-se que quando possuído um navio com idade superior a 15 anos contendo
milho, existe uma diferença de peso variando de 150 de 250 toneladas.
Verifica-se que quando possuído um navio com idade inferior a 15 anos contendo milho,
existe uma diferença de peso variando de 50 de 100 toneladas.
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4.5 Resultados
Figura 8 – Demonstrativo da diferença de peso com relação a carga e idade dos navios
700
600
Diferença em toneladas
500
400
300
200
100
0
Superior a 15 anos Inferior a 15 anos Superior a 15 anos Inferior a 15 anos
Ureia Ureia Milho Milho
Idade do navio
Carga
A figura 8 demonstra que navios com idade superior a 15 anos contendo ureia
apresentam maiores divergências nos pesos encontrados, bem como navios com idade inferior
a 15 anos contendo milho apresentam as menores divergências.
De acordo com os apuramentos levantados, navios com idade superior a 15 anos ou
aproximadamente 130.000 mil horas de trabalho tendem a apresentar resultado com maior
divergência quando comparado a navios mais jovens, idade inferior a 15 anos.
Navios com mais de 15 anos apresentam essa dificuldade de exatidão em cálculos pelo
fato de que já passaram por diversas manutenções, trocas de peças e as deformações que
ocorrem na estrutura devido ao ambiente marítimo. Este acontecimento sucede de inúmeras
modificações realizadas ao longo do tempo, observando que temos um ambiente extremamente
agressivo envolvido, maiores cuidados seriam necessários nos reparos para manter as boas
condições. Infelizmente a manutenção nem sempre é realizada da forma correta pelo fato de
existir uma certa urgência nos consertos, afim de que evite a paralização do navio nas
negociações de frete marítimo. Diante disso, é comum encontrar peças e pesos sobressalentes
não declarados a bordo das embarcações com a intenção de tornar a manutenção mais
conveniente, impactando diretamente no processo de arqueação.
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5. Considerações Finais
Segundo as evidências expostas no presente artigo, conclui-se que os navios com idade
superior a 15 anos ou aproximadamente 130.000 mil horas de trabalho ocasionam erros na
coleta de dados e divergências nos cálculos matemáticos de arqueação devido a deformação
dos materiais e pela existência de pesos sobressalentes a bordo. É compreendido que a vida útil
de um navio pode variar de 20 a 25 anos a depender dos cuidados tomados, no entanto na prática
os cuidados são efetuados em extrema necessidade, a realização dos reparos é praticada, na
maioria das vezes, o mais rápido possível e originando o abandono das peças substituídas a
bordo da própria embarcação, acarretando em pesos sobressalentes. Os reparos ainda quando
realizados são referentes a segurança náutica, envolvendo a mecânica, elétrica e equipamentos
essenciais para a navegação, ao qual a manutenção das partes estruturais que influenciam a
arqueação se torna esquecida pelo fato que os proprietários desejam gastar o mínimo possível.
A fabricação de um novo navio envolve fatores econômicos e tempo de fabricação, que
gira em torno de 12 meses, fazendo com que os proprietários utilizem seus navios por mais
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tempo independente da situação precária que apresentam, afim de continuar lucrando em suas
atividades. Embora os afretadores tenham conhecimento deste problema, o fator financeiro e a
demanda de embarcações disponíveis influenciam na tomada de decisão de qual navio fretar,
uma vez que navios com menos tempo de fabricação possuem maior valorização no mercado.
Muitas vezes o afretador7 acaba esgotando suas possibilidades e recorrendo a um navio com
maior tempo de fabricação por possuir melhor disponibilidade e menor custo envolvido.
No que se refere a carga mencionada, a ureia granulada é submetida a temperaturas
extremas pois seu carregamento inicia no Irã, região com clima árido subtropical com pouca
intensidade de chuva e temperaturas que podem chegar até 39°C. A carga é transportada ao
Brasil por meio marítimo, com translado de 30 dias em média, encontrando diferentes
temperaturas e climas ao decorrer do tempo em que é transportada, o que acaba gerando seu
empedramento como observado diversas vezes no Porto de Imbituba. Conforme apresentado
no decorrer do estudo, a higroscopicidade é uma característica intrínseca da ureia, não podendo
ser manipulada.
Pode-se afirmar que a arqueação é uma atividade mundialmente conhecida uma vez que
é realizada em qualquer região. Por ser uma ação bem conhecida no meio marítimo, os
parâmetros aceitos para as divergências de valores giram em torno de 0,5% do peso total da
carga, ou seja, se o navio possuir o valor de 63.800,000 toneladas de ureia a diferença máxima
de carga aceitável é de 319 toneladas. No entanto, a Receita Federal do Brasil admite que até
1% de diferença do peso total da carga é um valor admissível para fins de tributação, sendo
neste caso o valor máximo de 638 toneladas. Diante do que foi abordado no capítulo 4, item
4.4, os navios que apresentam variação de até 100 toneladas possuem resultados satisfatórios.
Os cálculos de arqueação são realizados seguindo um método e procedimento teórico
pré-estipulado, tendo como variação apenas as características do navio apurado. Ao passo que,
cada navio possui sua particularidade em relação a materiais e quantidade de carga carregada,
há também fatores externos que seriam passiveis de inclusão na análise, por conta da ação que
podem gerar em relação ao levantamento de dados. As condições climáticas, por exemplo,
interferem na coleta das informações, dias chuvosos, com fortes ventos e o período noturno são
agravantes que tendem a gerar informações mais duvidosas.
Tendo em vista que atuo como agente marítimo durante os últimos 6 anos, tive a
oportunidade de presenciar algumas situações como as apresentadas neste artigo, ao qual posso
7
Afretador: Empresa que aluga a embarcação para o transporte de sua carga.
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afirmar que as empresas nacionais importadoras da ureia quase sempre ficam com o prejuízo
pela falta de carga. Aliás, outros envolvidos também são afetados como operadores portuários
e ao Porto de Imbituba, por acabar não movimentando os valores esperados e desprestigiando
a capacidade das empresas locais. Existe um real interesse de melhoria neste processo de
importação, principalmente quando tratado da ureia, afim de que amenize os prejuízos gerados
por essa discrepância de carga.
O estudo realizado através deste artigo, pode demonstrar as evidências que comprovam
a relação entre idade dos navios e o tipo de carga transportada, deixando como próxima ação o
estudo de viabilização e implementação de melhorias de processo e atualização de
procedimentos que reflitam diretamente no interesse financeiro e de produtividade que existe
acerca desta atividade.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus e aos meus familiares pelo auxílio e carinho prestado,
bem como a minha namorada, Andressa, por me apoiar e auxiliar nos momentos mais difíceis.
Agradecimento especial ao orientador Gabriel Siqueira Sombrio que teve uma atribuição de
enorme valor durante o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço também aos peritos de
arqueação do Porto de Imbituba, bem como os professores da instituição Univinte FUCAP pela
atenção e ensinamento proporcionado.
Referências