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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL

ANDRÉ FELIPE MUNIZ REIS


DIEGO SERRA DIAS MONTEIRO
JOÃO VITOR BARBOSA GALVÃO
JOQUEBEDE ALVES BATISTA
MARCUS VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

PORTO ANA BEATRIZ DO CANAL DO JANDIÁ

MACAPÁ - AP
2023
ANDRÉ FELIPE MUNIZ REIS
DIEGO SERRA DIAS MONTEIRO
JOÃO VITOR BARBOSA GALVÃO
JOQUEBEDE ALVES BATISTA
MARCUS VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

PORTO ANA BEATRIZ DO CANAL DO JANDIÁ

Trabalho apresentado à disciplina de Transporte


Aquaviário, do curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Amapá – Campus Marco Zero, como requisito
para obtenção de nota da avaliação final.

Orientador: Prof.(a) Ma. Cristina Maria Baddini Lucas

MACAPÁ - AP
2023
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 4
2.1. CONCEITOS GERAIS ............................................................................................. 4
2.1.1. TIPOS DE EMBARCAÇÕES E SUAS FINALIDADES ..................................... 4
2.1.2. TIPOS DE PORTOS ......................................................................................... 5
2.1.3. MODAIS HIDROVIÁRIOS .................................................................................... 5
2.2. LEI DOS PORTOS .................................................................................................. 6
2.3. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ) ................. 7
3. INFORMAÇÕES GERAIS .............................................................................................. 7
4. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................ 13
5. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................................. 16
5.1. ZONA INTERNA: TERMINAL ............................................................................... 17
5.2. ZONA INTERNA: ÁREA DE ANCORAGEM ......................................................... 18
5.3. ZONA EXTERNA: VIAS E ESTACIONAMENTO .................................................. 19
6. DIRETRIZES DE OPERAÇÃO DO PORTO ................................................................. 21
6.1. DIRETRIZES PARA OCUPAÇÃO E USO ............................................................. 21
6.2. PROIBIÇÕES ........................................................................................................ 22
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 24

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1. INTRODUÇÃO

A navegação foi essencial para o desenvolvimento de diversas civilizações ao longo


da história, promovendo encontro de culturas, descobertas de âmbito científico e outras
questões geopolíticas, e na atualidade esse cenário não seria diferente. Inúmeros países
necessitam e utilizam desse modal de transporte para fomentar sua economia e garantir uma
forma alternativa de transporte de bens e pessoas por longas distâncias, desafogando os
demais modais de transporte.
Com tudo isso em mente, o presente trabalho possui como objetivo realizar um
diagnóstico das condições físicas do porto Ana Beatriz, ponto de partida de algumas hidrovias
presentes no rio amazonas, que sustentam comunidades localizadas no estado do Amapá, e,
a partir disso, identificar as problemáticas e desenvolver suas respectivas propostas de
intervenção, visando fornecer um sistema aquaviário mais eficiente e dentro dos padrões
normativos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Um sistema aquaviário é um conjunto de infraestruturas, veículos e operações


que são projetados e utilizados para o transporte de pessoas, mercadorias e recursos
naturais através de corpos d'água, como oceanos, mares, rios e lagos. Esses sistemas
desempenham um papel fundamental no comércio internacional, na indústria
pesqueira, no turismo, na exploração de recursos naturais e em muitas outras
atividades motivadoras. O sistema aquaviário é composto por diferentes elementos
interligados. Isso inclui portos, que são pontos de acesso para embarque e
desembarque de cargas e passageiros, bem como para a realização de operações de
carga e descarga. Os portos geralmente possuem uma variedade de instalações,
como cais, docas, terminais de contêineres, armazéns e pátios de estocagem.
(MAGALHÃES, 2011; ALFREDINI, 2009)
Além dos portos, o sistema aquaviário engloba uma variedade de
embarcações e navios especializados para diferentes fins. Isso inclui navios de carga
geral, graneleiros, petroleiros, embarcações de pesca, barcaças, navios de
passageiros, embarcações de turismo e muitos outros tipos de embarcações. O
sistema aquaviário também abrange a infraestrutura necessária para permitir uma
navegação segura e eficiente, como canais, rios navegáveis, eclusas, pontes e
refluxos. Além disso, é necessário um sistema de gestão e controle do tráfego
aquaviário para garantir a segurança e a ordem nas vias navegáveis, bem como para
otimizar a utilização dos recursos disponíveis. (MAGALHÃES, 2011)

2.1. CONCEITOS GERAIS

2.1.1. TIPOS DE EMBARCAÇÕES E SUAS FINALIDADES

Na classificação dos navios, diversos são os parâmetros utilizados para se


categorizar uma embarcação, como o tipo de atividade desempenhada pelo
transporte, tais como: navios de carga, passageiros (turismo e locomoção), pesca,
apoio, dragagem, entre outros. Dentro do apresentado acima, também há a presença
de algumas subclassificações, a exemplo temos os navios cargueiros: (MAGALHÃES,
2011)
● Navio de Carga Geral ou General Cargo Ship: este possui algumas
especificidades, por exemplo: transporta cargas geralmente secas, embaladas

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e em volumes individuais ou paletizadas. A sua subdivisão interna se dá por
porões, podendo ter entre 9 e 20 desses compartimentos.
● Navio Porta Contêiner ou Full Container Ship: é um transporte especializado no
transporte de contêineres, comportando os variados tipos existentes. A
ramificação interna é identificada como baias, onde cada uma abrange a
largura total do navio.
● Navio Graneleiro ou Bulk Carrier: consistem em navios no translado de grãos.
Nesta classe é possível citar: soja, milho, fertilizantes e minérios.

2.1.2. TIPOS DE PORTOS

Segundo Alfredini (2009), os portos podem ser classificados conforme sua


natureza, localização e funcionalidade. Em relação ao primeiro, subdivide-se em
naturais, no qual é inexistente ou presentes de forma reduzida obras que garantem
acesso e abrigo às embarcações, pois a margem do corpo hídrico consegue garantir
sua estabilidade, as artificiais, onde são presentes construções de acesso e
acostagem dos navios.
Em relação à localização, podem se apresentar como interiores, presentes em
estuários, deltas e lagunas, exteriores, situados em costas, e ao largo, estando
distantes das costas, podendo ser desprovidos de qualquer tipo de abrigo. Por fim,
quanto à utilização, poderão ser utilizados para movimentação de cargas gerais ou
ser designado para movimentar tipos determinados de cargas. (ALFREDINI, 2009)

2.1.3. MODAIS HIDROVIÁRIOS

Os modais hidroviários oferecem várias vantagens, como capacidade de


transporte em grande escala, menor consumo de energia em comparação com os
outros modais, menor emissão de gases de efeito estufa, custos de transporte
relativamente baixos e acesso a áreas remotas. No entanto, eles também enfrentam
desafios, como a necessidade de infraestrutura adequada, como portos, canais e
eclusas, além de dependerem das condições naturais das vias navegáveis, como
níveis de água, correntes e profundidade. Segundo Magalhães (2011), os modais
hidroviários apresentam as seguintes subdivisões:
● Transporte fluvial: o transporte fluvial ocorre em rios e afluentes, permitindo o
deslocamento de cargas e passageiros ao longo das rotas fluviais. Esse modal

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é especialmente importante em regiões com rios navegáveis, onde as
embarcações podem transportar cargas em grandes volumes, como grãos,
minérios, combustíveis e contêineres.
● Transporte marítimo: ocorre em mares e oceanos e desempenha um papel
fundamental no comércio internacional. Grandes navios de carga, como
graneleiros e porta-contêineres, são utilizados para transportar grandes
volumes de mercadorias entre diferentes portos e países. O transporte
marítimo é eficiente, permitindo o transporte de grandes quantidades de carga
a longas distâncias. As rotas marítimas são vitais para a economia global,
permitindo o comércio internacional de matérias-primas, produtos
manufaturados, alimentos e muito mais. O transporte marítimo também é
utilizado para cruzeiros turísticos e transporte de passageiros em longas
distâncias.
● Transporte lacustre: acontece em lagos e represas, onde a água forma uma
via navegável. Embora as dimensões e as características dos lagos possam
variar amplamente, o transporte lacustre é semelhante ao transporte fluvial em
termos de embarcações utilizadas e tipos de carga transportada. Os lagos e
represas navegáveis são usados para transporte de mercadorias, como
minérios, madeira e produtos agrícolas, além de transporte de passageiros em
rotas lacustres. Algumas regiões dependem muito do transporte lacustre como
meio essencial de conexão e comércio.

2.2. LEI DOS PORTOS

Denominada como Lei 𝑛𝑜 12815 de 5 de junho de 2013, a lei dos portos regula
a exploração dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas
pelos operadores portuários, por parte do estado. Essa lei tem como objetivo principal
modernizar o setor portuário brasileiro, aumentar a eficiência operacional, atrair
investimentos privados e melhorar a competitividade dos portos brasileiros. Ela é um
marco na regulamentação do setor portuário no Brasil e trouxe mudanças
significativas na forma como os portos são administrados e operados. (BRASIL, 2022)

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2.3. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ)

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é uma autarquia


federal brasileira responsável pela regulação, fiscalização e promoção do setor de
transportes aquaviários no país. Foi criada pela Lei nº 10.233/2001, com o objetivo de
regular e desenvolver as atividades de navegação e exploração da infraestrutura
portuária e aquaviária no Brasil. A ANTAQ desempenha um papel importante na
regulamentação e supervisão do setor aquaviário no Brasil, buscando garantir a
eficiência, segurança e sustentabilidade do transporte aquaviário e da infraestrutura
portuária. Seu trabalho contribui para a promoção do comércio, a integração nacional
e a expansão das atividades econômicas relacionadas aos transportes aquaviários no
país. (ANTAQ, 2021).
A relação da ANTAQ com os marinheiros mercantes é conturbada, pois há uma
resistência dos marinheiros em cumprir as normas básicas de embarcações, (Se tem
rádio adequado, se tem radar, se a carga tá de acordo com o peso permitido e etc. e
como a maioria da tripulação de uma embarcação não é escolarizada, cumprir essas
exigências é algo complicado.
Uma das funções da ANTAQ é organizar a saída das embarcações do porto e
estas têm que ser registradas, pois quando uma linha entra em conflito com outra
pode haver brigas entre os donos.

3. INFORMAÇÕES GERAIS

3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL

O Porto Ana Beatriz é um porto de pequeno porte utilizado para atracar


embarcações que fazem o transporte de mercadorias e passageiros através das
comunidades de Anajás e Bailique para Macapá, capital do estado do Amapá.
Segundo fontes da região, o porto existe há cerca de 12 anos, quando no
governo do Camilo Capiberibe, a família Paz do bairro cidade nova foi a responsável
por barganhar o transporte da balsa que é usada como estrutura do porto, ela veio do
município de Santana e está devidamente regularizada perante a ANTAQ, recebendo
o total de 5 embarcações durante a semana.

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A família Paz é responsável pela organização do porto, incluindo toda a
infraestrutura e segurança do local e para tal fim cobra uma taxa que varia entre
R$200,00 e R$300,00 a diária.
De acordo com marinheiros mercantes da região, o Canal do jandiá tem duas
marés, atingindo seus pontos máximos a cada 13h contando com atrasos de ciclos
diários, como pode ser observado na tabela abaixo:

Tabela 1 - Exemplo de ciclo de maré do canal

DIA SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM

MANHÃ 8:00h 10:00h 12:00h 13:00h 15:30h 17:00h 19:00h


HORÁRIOS
MÁXIMOS
preamar
TARDE 21:00h 23:00h 01:00h 3:30h 5:00h 7:00h 9:00h

MANHÃ 14:30h 16:30h 18:30h 20:30h 22:30h 00:30h 02:30h


HORÁRIOS
MÍNIMOS
Reponta
TARDE 3:30h 5:30h 7:30h 9:30h 11:30h 12:30h 14:30h
Fonte: Acervo Pessoal

O nível do canal do jandiá com a “maré grande” na sua preamar é de 2,80m,


na qual as embarcações começam a entrar e atracar. Por conta do canal ter uma
profundidade razoável para o manejo de embarcações, é importante que a maré esteja
cheia para as embarcações ancorarem sem encalhar ou sofrer algum dano. O nível
mínimo, chamado de reponta, é de 50 cm, ele é alcançado cerca de 6,5h após a
preamar.
O porto atende a necessidade de transporte das pessoas da embarcação até
terra firme, porém tem muitos problemas por conta da administração da família paz
não cuidar de forma eficiente, o que está fazendo com que os barqueiros pensem em
parar de atracar nele. Porém o canal do jandiá é muito perigoso e a área não tem um
policiamento constante, pelo fato familia paz garantir essa segurança para as
embarcações os barcos continuam atracando na balsa Ana Beatriz, mesmo tento
estruturas de embarcações melhores pelo canal como a do porto anajás ou a do porto
angelim.

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3.2. LOCALIZAÇÃO

Localizado no Bairro Cidade Nova na cidade de Macapá, capital do estado do


Amapá, o Porto Ana Beatriz está situado na foz do canal do jandiá, conhecido na
cidade por suas madeireiras e pontes de interligação da zona norte à zona central do
município. O porto fica a 4,5 km do centro da cidade e 1 km para a rota de transporte
público mais próxima. Abaixo segue uma imagem de sua localização.

Figura 1 - Localização do porto

Fonte - Google mapas

3.3. TIPOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO

Como mencionado anteriormente, um porto é uma área abrigada das ondas e


correntes, localizada à beira de um oceano, mar, lago ou rio, destinada à atracação
de barcos e navios. Quanto a sua tipologia, podem ser classificados conforme sua
natureza, localização e funcionalidade. Quanto à sua natureza, o porto deste trabalho
é artificial, pois o acesso e acostagem dos navios é feito através de uma estrutura de
ferro fundido, sendo tal estrutura de atracagem uma balsa. Em relação a sua
localização, ele é um porto interior, pois é um porto localizado no interior de um rio
(podendo também ser chamado de porto fluvial), e sobre a última classificação é de

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cargas gerais, pois no porto tem embarque e desembarque de mercadoria e cargas
que passam pelas embarcações.

3.4. PERFIL DE EMBARCAÇÕES E USUÁRIOS

3.4.1. PERFIL DE EMBARCAÇÕES

Nas Embarcações do Porto Ana Beatriz, por conta dos tipos de atividades que
são exercidas, classificam-se as embarcações como navios de carga, passageiros,
pesca e apoio, como se fosse navio geral, pois as cargas são geralmente secas,
embaladas e em volumes individuais ou paletizadas, como acontece com os materiais
de construção, transporte de comida e passageiros.

3.4.2. USUÁRIOS

O público do porto são pessoas que têm relações entre as comunidades Anajás
e Bailique (comunidades do estado), comerciantes, principalmente os de materiais de
construção civil, pois as comunidades estão crescendo estruturalmente - as casas
dessas regiões não são só de madeira e palha, a alvenaria para parede e telhados de
fibrocimento já são normais por lá- e de ambulantes de especiarias trazidas das
comunidades. Todo esse público está constantemente pela redondeza do porto e nos
dias que chegam as embarcações, os motoristas de aplicativos e taxistas são muito
relevantes.

3.5. DESIGN ATUAL

O porto tem 7 Locais de atracação para embarcações, e tem uma guarita que
é utilizada pelos guardas que fazem a segurança no local e cobertura para alguns
ambulantes. A estrutura de atracação é composta por dois cilindros, um de
aproximadamente 60 cm de diâmetro e 80 cm de altura, e outro comuns 65 cm de
diâmetro e com uma altura de 0,2 cm. A distância entre um ponto de atracação e outro
é de aproximadamente 3,5m. Abaixo pode-se observar imagens capturadas pelos
autores do trabalho em um dia sem embarcações atracadas no porto.

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Figura 2 - Estrutura de atracação

Fonte: Autores
Figura 3 - Distribuições de alguns atracadores

Fonte: Autores

3.6. LINHAS E ROTAS

As linhas de barco são:


● A da balsa Ana Beatriz (uma das embarcações tem o nome do porto)
que chega na primeira preamar de dias de terça e faz saída na preamar
de sexta feira a passagem custa R$120,00.
● O barco João Bruno chega no segundo preamar de dias de Domingo e faz
saída na preamar de sexta feira a passagem custa R$80,00.

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● O barco “Deus nos Guie” vem de Bailique, chega no segundo preamar
de dias de Domingo e faz saída na preamar de sexta feira a passagem
custa R$80,00.
● O barco “Luiz Valter” é uma das maiores embarcações do porto, vem de
Anajás e chega na segunda preamar de quinta-feira e sai na primeira
preamar de quarta, fica bastante tempo no porto. passagem custa
R$70,00.
Diferente dos outros portos do canal do jandiá, do centro da cidade até o porto
Ana Beatriz tem uma boa rota que pode ser feita de 7min a 10 min.

Figura 4 - Rota do centro de Macapá para o porto

Fonte: Google mapas

Existe uma problemática no canal que é o acúmulo de lixo, no porto Ana Beatriz
podemos observar esse acúmulo de lixo provavelmente provocado pelos tripulantes e
passageiros das embarcações, mas além deles no decorrer de todo o canal tem esse
problema, pois as casas fazem o descarte de seus esgotos no canal.

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Figura 5 - lixo no canal

Fonte: Acervo pessoal

4. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico a seguir estará baseado no que está prescrito na Resolução N°


2390 da ANTAQ, no qual estabelece em seu Art. 8º diretrizes estruturais básicas a
serem seguidas pelas IP-4 (Instalações Portuárias de Pequeno Porte). Tendo como
base a resolução supracitada, foi aplicado um questionário aos moradores,
trabalhadores e passageiros a fim de obter as principais problemáticas que afetam
diretamente aqueles que utilizam a estação portuária. Dessa maneira, a partir do que
foi visualizado e relatado pelos usuários, as principais questões identificadas estão
relacionadas à infraestrutura local e de acesso.
No que diz respeito à estrutura do porto, diversos aspectos revelam
inadequações significativas. Primeiramente, a inexistência de um local apropriado
para abrigar cargas e passageiros é um fator preocupante, pois não há instalações
sanitárias e não há segregação adequada entre as áreas destinadas ao
embarque/desembarque de passageiros daquelas destinadas à movimentação e
armazenagem de carga. Além disso, a ausência de uma plataforma adequada com
guarda-corpos e piso antiderrapante, representa um risco tanto aos passageiros
quanto à possibilidade da perda material das cargas.

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Figura 6 - Porto sem abrigo e separação entre as cargas e passageiro

Fonte: Acervo pessoal

Figura 7 - Entulhos sobre o porto

Fonte: Acervo pessoal

Outro aspecto alarmante é a falta de acessibilidade, que vai de encontro com


às exigências estabelecidas na Lei N° 10.048. A ausência de adaptação e facilidades
às pessoas com deficiência prejudica a inclusão e o respeito aos direitos desses
indivíduos. Em consonância com essa problemática, fica-se evidente a inexistência de
estruturas que possam garantir o mínimo de segurança, tais como: rampas de acesso,
sistema de iluminação, sistema de segurança com guardas, câmeras de vigilância e
com fiscalização das cargas e dos passageiros e sem delimitação física para a área

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do porto, permitindo que a população residente ao redor do porto tenha livre a acesso
às áreas de embarque, sendo assim um risco a essas pessoas e aos trabalhadores,
por terem seus pertences suscetíveis a uma possível subtração.

Figura 8 - Rampa de acesso ao porto (à esquerda) e rampa utilizada para o acesso às embarcações
(à direita)

Fonte: Acervo pessoal

Figura 9 - Desnível entre as plataformas (balsas)

Fonte: Acervo pessoal


Em relação ao uso do solo há uma problemática que afeta o funcionamento do
porto, sendo ele o assoreamento do canal do Jandiá. Assoreamento é o processo pelo
qual o leito de um rio ou lago se eleva em função do acúmulo de sedimentos e detritos
levados para dentro dele pela água das chuvas, que retira esse material por erosão
de regiões desmatadas, próximas ou distantes, e pela ação antrópica, no qual polui

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constantemente vários tipos de corpos hídricos. Tal acúmulo de sedimentos é
responsável pelo encalhamento de embarcações no interior do canal que, de acordo
com o relato dos trabalhadores locais, exige que se espere a maré crescer sempre ao
máximo para poder ancorar.

Figuras 10 e 11 - Detritos e esgoto das madeireiras

Fonte: Acervo pessoal

Outro ponto negativo é a inexistência de uma área destinada à parada e


estacionamento de veículos. Dessa forma, os motoristas param sobre a via trafegável
e somado com o fato de a avenida ser estreita, torna o fluxo viário extremamente
precário, ocasionando pequenos engarrafamentos e acidentes na curva entre a
avenida Canal do Jandiá e a rua Antônio Pelais de Souza.

5. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O objetivo desta proposta é apresentar um conjunto de intervenções que visam
melhorar a eficiência operacional do porto, a fim de aumentar a sua capacidade de
movimentação de cargas e passageiros, reduzir o tempo de espera e garantir um fluxo
mais fluido dessas atividades. Essas melhorias contribuirão para aumentar a
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competitividade do porto, impulsionar o comércio e promover o desenvolvimento
econômico local. As melhorias propostas abrangem áreas como infraestrutura física,
tecnologia, gestão e sustentabilidade.

5.1. ZONA INTERNA: TERMINAL


A primeira intervenção a ser realizada seria a estrutura do terminal de
passageiros, junto a uma área destinada às cargas das embarcações, a fim de que
haja um direcionamento adequado ao fluxo de passageiros, garantindo conforto e
segurança aos mesmos. Tal abrigo deverá apresentar banheiros, assentos,
sinalização e guichês para vendas de passagens, além da porta de acesso à área de
embarque. Com a abundância de matéria prima no local, foi proposto uma edificação
simples, eficaz e econômica de madeira para enfrentamento à problemática,
substituindo a atual estrutura existente no local.

Figura 12 - Layout do terminal de passageiros

Fonte: Acervo pessoal

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5.2. ZONA INTERNA: ÁREA DE ANCORAGEM
Em relação a zona de ancoragem, como apresentado anteriormente, devido a
falta de concordância com as normas estabelecidas pela ANTAQ, o atual sistema de
balsas se torna incompatível com o que é preestabelecido para portos de pequeno
porte (IP4). Desse modo, está sendo proposto uma nova estrutura em concreto
armado para ancoragem de navios e embarque de pessoas e cargas, obedecendo o
máximo da preamar, possuindo todo um sistema de sinalização, iluminação e guarda
corpos.
Além disso, é imprescindível a implementação de rampas de acesso conforme
o modelo abaixo, visando a maior segurança aos passageiros durante o processo de
embarque, obedecendo aos critérios das normas vigentes (NR-29: Norma
Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário). Não só isso, o
serviço de dragagem ao redor da nova estrutura resolveria a problemática de
encalhamento das embarcações, mas devido ao efeito da maré e ao rio Amazonas
transportar muitos sedimentos, tal procedimento deverá ser realizado periodicamente.

Figura 13 - Rampas de embarque com guarda corpo e piso antiderrapante

Fonte: Acervo pessoal

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Figura 14: Esquematização do porto. Terminal (em vermelho) e cais (em laranja)

Fonte: Acervo pessoal

5.3. ZONA EXTERNA: VIAS E ESTACIONAMENTO

Por conta da via ser estreita e de mão dupla foi constatado que o
congestionamento de veículos é constante à margem do Porto Ana Beatriz. Tal
problema é uma das principais reclamações de usuários do porto, uma vez que,
constantes acidentes e discussões entre motoristas abalam a tranquilidade de quem
trafega pelo trecho.
Ao observar o mapeamento da via em questão, se constatou que ela se
encontra como um quarteirão isolado do restante do tráfego e com um simples sistema
binário pode amenizar o transtorno do trecho. A proposta seria de acordo com a
imagem abaixo, tornando a última parte da Av. canal do jandiá e 15 de novembro
binárias, e o último trechos da Antônio Pelais e início da Turibio Guimarães:

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Figura 15: Vias Binárias

Fonte: Acervo pessoal

Tendo um dos problemas do tráfego solucionado, a organização desses


veículos ainda pode ser um dilema, então um acostamento só para veículos que estão
fazendo busca de passageiros e cargas (em horários distintos) pode ser feito, como
na imagem abaixo, deixando uma via livre para o tráfico e uma para paradas (meio
quarteirão) e deixando uma parte do acostamento para estacionamento rotativo.

Figura 16: Vias Binárias e estacionamento/acostamento.

Fonte acervo pessoal.

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Figura 17: via ocupada com carro no estacionamento.

Fonte: acervo pessoal

6. DIRETRIZES DE OPERAÇÃO DO PORTO

6.1. DIRETRIZES PARA OCUPAÇÃO E USO

Além da execução das propostas acima, será necessário seguir determinadas


diretrizes quanto ao uso da edificação e eles estão listados a seguir:

I. Deverá ser realizada, a cada 2 anos, a dragagem da região ao redor do porto,


obedecendo o calado das embarcações que atracam no local.
II. A movimentação de cargas deverá ocorrer em momento distinto ao processo
de embarque e desembarque de passageiros, preferencialmente, quando os
mesmos estiverem embarcado ou no interior do terminal.
III. É necessário que os passageiros aguardem no terminal, em local indicado,
para evitar aglomerações e situações de risco no cais flutuante.
IV. A embarcação deve fornecer a estimativa de tempo de ocupação do espaço de
atracação.
V. A embarcação deve informar ou solicitar à IP4 os recursos necessários para
sua operação, como assistência de amarração e autorização de
carregadores/estivadores.
VI. A permanência de qualquer embarcação atracada por mais de 12 horas não é
autorizada.

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VII. É necessário realizar o planejamento prévio e obter autorização do
representante da IP4 para a manobra e o horário de atracação.
VIII. Obedece-se um limite de velocidade de até 9 nós para todas as embarcações
quando estiverem a uma distância de 300 metros da instalação portuária, salvo
autorização prévia da Autoridade Marítima.
IX. É preciso incluir no manual um modelo de documento que siga a padronização,
referente à solicitação de atracação de embarcações de órgãos públicos, com
prazos definidos de permanência na IP4.
X. Preparar uma placa ou um documento circular para fornecer informações sobre
o posicionamento adequado das atracações, com ênfase na proibição de
atracação a contrabordo e outros tipos de atracação que possam representar
riscos à segurança e ao patrimônio público.
XI. Em caso de cargas perigosas ou sensíveis, siga as diretrizes específicas para
o manuseio e verificação desses materiais. Certifique-se de estar ciente dos
regulamentos e requisitos de segurança aplicáveis a essas cargas.
XII. Comunique qualquer irregularidade, suspeita de violação ou preocupação de
segurança às autoridades competentes e às partes envolvidas no transporte da
carga.

6.2. PROIBIÇÕES
Segundo o DNIT (2022) são proibidos:

I. Comércio por vendedores ambulantes nas dependências das estruturas navais


da IP4, especialmente nos casos de vendedores que transitam entre as
embarcações;
II. Pernoitar nas instalações da IP4 (Usuários e embarcações);
III. Cobrar por serviços da IP4 em nome do DNIT / Governo Federal;
IV. Cobrar por atracação e desatracação;
V. Cobrar por prioridades nas filas de acesso;
VI. Cobrar por prioridades de atracação e desatracação;
VII. Exercer qualquer tipo de cobrança por serviços prestados pela IP4;
VIII. Trafegar com veículos com peso acima da capacidade da ponte;
IX. Trafegar com veículos com dimensões acima da capacidade da ponte;
X. O transbordo de cargas de embarcação para embarcação (Ship-to-Ship);
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XI. O transporte de cargas ilegais;
XII. O transporte de cargas perigosas de qualquer natureza nas dependências da
IP4 (Ref.: Resolução ANTT 5.232/16) *.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão


responsável pela infraestrutura de transportes no país, determina que os produtos de
natureza perigosa são todos aqueles de origem química, biológica ou radiológica que
são nocivos ao meio ambiente, à população e aos seus bens.

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7. REFERÊNCIAS

MAGALHÃES, Petrônio Sá Benevides. Transporte Marítimos - Cargas, Navios, Portos


e Terminais. Editora Aduaneiras, São Paulo, 2011.
ALFREDI Paolo; Arasaki, Emilio. Engenharia Portuária. 2 edição, Editora Blucher,
2009.
BRASIL. Lei 12.815/2013. Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de
portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos
operadores portuários. Brasília, DF, 2013.
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ). [S. l.], 7 de
maio de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/antaq/pt-br. Acesso em: 24 maio
2023.
NORMA REGULAMENTADORA. NR-29: - Norma Regulamentadora de Segurança e
Saúde no Trabalho Portuário. Rio de Janeiro, 2022
BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretrizes para
Elaboração de Manual de Operação e Manutenção de IP4. Brasília, 2022. p.76

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