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UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE EMBARCAÇÕES NÃO TRIPULADAS

Rio de Janeiro
2019

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UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE EMBARCAÇÕES NÃO-TRIPULADAS

KAROLYNA GOMES DOS SANTOS

Projeto de graduação
apresentado, como requisito parcial para
obtenção do título de Tecnólogo em
Construção Naval da Universidade
Estadual da Zona Oeste.

Rio de Janeiro
2019

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Resumo
O trabalho apresentado tem por objetivo fazer uma breve abordagem sobre embarcações
não-tripuladas. Faz-se uma breve análise histórica sobre o surgimento das embarcações não-
tripuladas, seus conceitos, a diferença entre embarcação não-tripulada e embarcação
autônoma além da importância destas no cenário atual global. Destaca-se projetos de
embarcações não-tripuladas para diversos fins, incluindo pesquisas ambientais em região
costeira e transporte de cargas.

Palavras Chave: Embarcações Não-Tripuladas; Embarcações Autônomas;

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Sumário
1 - Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
1.1- Aspectos históricos --------------------------------------------------------------------------- 4

2 - Veículos Autônomos ------------------------------------------------------------------------------------- 5


2.1 - Veículos Submersíveis ----------------------------------------------------------------------- 5
2.2 - Embarcações de Superfície Não-Tripuladas ----------------------------------------------------- 5
3 - Embarcações Não -Tripuladas: Projetos e Concepções ----------------------------------------- 7

4 - Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
5 - Referências Bibliográficas -------------------------------------------------------------------------------9

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1 - Introdução

Compreendendo-se a evolução do homem sob a ótica da transformação da matéria que este


utiliza para interagir, realizar trocas comerciais, trocas de informação e conhecimento, que
são essenciais para sua manutenção e sobrevivência, observa-se a constante evolução na
integração entre a compreensão dos fenômenos da natureza, aplicação desses fenômenos,
alinhados ao processamento de materiais através do conhecimento de suas propriedades e
descobrindo novas possibilidades.
Toda essa cadeia de interação homem, fenômenos da natureza e transformação da matéria,
resultam na atualidade, em avanços tecnológicos muito esperados e de caráter irreversível.

Nesse ambiente de transformação e transporte de matéria, estão as embarcações de diversos


tipos, com diversos fins e atendendo e gerando demandas novas constantemente. As
embarcações sempre foram objeto de inovações tecnológicas e ao mesmo tempo sempre
agregaram tecnologias vindas de outras áreas.
1.1- Aspectos históricos

No decorrer da história do desenvolvimento industrial, surgem as chamadas Revoluções


Industriais. Em meados do século XVIII e início do século XIX, foram criadas as máquinas a
vapor e o carvão foi utilizado como combustível, resultando na Primeira Revolução Industrial
(Soares, pg. 4). O primeiro tipo de máquina principal utilizado em navios foi uma máquina
alternativa com pistão movido a vapor gerado a partir da queima de carvão (Martins, pg. 22),
o que demonstra já neste primeiro ciclo a agregação da tecnologia das máquinas às
embarcações no século XIX.
Ainda em Soares observa-se no meio do século XIX a descoberta do uso da eletricidade a
remodelação dos processos de fabricação com consequente motorização. Coincidentemente,
a primeira aplicação de propulsão elétrica no setor naval ocorreu também no século XIX, com
a construção e operação de uma pequena lancha movida a baterias para o transporte de
passageiros na Rússia [ARRINGTON ]. Dentro desse período que Dathein analisa como sendo
a Segunda Revolução industrial, houve intensa substituição do ferro pelo aço nas ferrovias,
na construção naval e nos armamentos, por exemplo (Landes, 1969a)
A terceira revolução industrial se caracteriza pela automatização dos processos em massa,
inserção de computadores e criação de microprocessadores (Soares) e a indústria marítima
considera que o primeiro navio construído com base no conceito de automatização foi o
cargueiro Kinkasan Maru, terminado em 1961 pelo estaleiro Mitsui Shipbuilding and
Engineering Co (FERRAREZ, pg. 22).
Pauta-se atualmente a “Quarta Revolução Industrial” que consiste na automatização de
trabalhos repetitivos e de alta precisão (Schwab). Dentro do contexto de automatização que
o mundo moderno possibilita, debate-se a autonomia que é, segundo o dicionário Michaelis

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a “capacidade de autogovernar-se, de dirigir-se por suas próprias leis ou vontade própria;
soberania.”. Logicamente, o conceito radical de autonomia coexiste com outros termos mais
apropriados para veículos terrestres ou marinhos que possuem maior independência nas suas
operações.
Com 90% e todo o comércio mundial relacionado à economia marítima (SOUZA; MIRANDA;
BRAGA) os países que obtém o domínio das melhores tecnologias, possuem maior vantagem
dentro desta economia.

Um desafio marcante nesse contexto está relacionado aos países em desenvolvimento, que
precisam se planejar de modo a adequar sua produção, para acompanhar esse processo que
surge. (SOUZA; MIRANDA; BRAGA)

2 - Veículos Autônomos
Segundo Michaelis, Veículo (do latim vehiculum) é “ Qualquer meio mecânico de transporte
de pessoas ou coisas” e ainda segundo o mesmo, Marítimo é “dedicado a esse tipo de
navegação.”. Portanto, Veículo Marítimo, entende-se por meio mecânico de transporte que
opera no mar. Essa ampla categoria pode ser observada por diversos vieses, agregando os
veículos ao fim que se destinam, tipo de transporte principal, tipo de navegação, entre outros
aspectos. Pode-se subdividir também os veículos marítimos em embarcações de superfície
não-tripuladas e veículos submersíveis não-tripulados.
2.1 - Veículos Submersíveis

Segundo a literatura (EGESKOV, 1995), pode-se classificar os veículos submersíveis em:


submersíveis conectados á embarcações de apoio através de cabos, denominados umbilicais,
onde há transferência de dados e energia (ROV’s); quando no umbilical são transmitidos os
dados (TETHER); quando a transmissão é feita por ondas, sem a presença de umbilicais (UUV);
quando não existe a transmissão de dados entre o veículo e o submersível (AUV).
A diferença entre veículo-submersível e submarino é que o primeiro necessita de um intervalo
de tempo para sair da condição emersa e submersa, relativamente pequeno, enquanto o
segundo tem como forma principal de operação a submersa, possui velocidade relativamente
alta e maior autonomia Gabler (1978).
2.2 - Embarcações de Superfície Não-Tripuladas
A existência de embarcações não tripuladas é datada da segunda metade do século XX,
Ahvenjärvi explica, os navios de superfície controlados já existiam há décadas. Totalmente
automatizados, vasos dinamicamente posicionados tornaram-se comuns na indústria
offshore em 1970 e o uso de em navio de carga autônomo foi estudado e demonstrado no
Japão na década de 1980.
Fatores como a automatização irrestrita, necessidade de economia de energia, substituição
do petróleo como fonte de energia, impulsionam o debate sobre embarcações não-tripuladas
autônomas. Segundo Höyhtyä (2018, p. 1) “os navios não tripulados visam a aumentar a

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segurança das operações no mar, reduzir o consumo de combustível e transformar as funções
de trabalho no domínio marítimo. Um componente crítico capacitador do navio autônomo é
a conectividade”.

Schultze (pg. 14), divide as embarcações não-tripuladas em:


• USV’s (Unmanned Surface Vehicle);
• ASV’s (Autonomous Surface Vehicle);
Segundo Schultze os USV’s são embarcações de superfície não tripuladas com comando
humano realizado à distância e segundo Manley estes são amplamente utilizados em
pesquisa oceânica, guarda costeira e aplicações militares. Já o os ASV´s são embarcações de
superfície autônomas, que podem realizar uma ou mais tarefas para as quais foram
designadas, sem a necessidade de presença humana a bordo. (Shultze)

Como sintetiza Manley, o sistema de controle do próprio naviopode pedir ajuda pelo
operador remoto em taissituações em que o sistema de tomada de decisões a bordonão pode
resolver a situação por uma razão ou outra. Onavio autônomo pode, portanto, operar
totalmenteindependentemente ou pode ser em algumas situaçõesoperado remotamente.

3 - Embarcações Não -Tripuladas: Projetos e Concepções

Pelo mundo todo tem-se encontrado estudos, projetos e conceções de embarcações


autônomas, Manley (2008) cita a Unoned Ocean Vehicles (UOV) Inc. Que desenvolveu
protótipos de navios não tripulados. Equipado com velas rígidas e células solares para
alimentação a bordo UOV tem projetos que variam de 15 a 27 pés de comprimento. O
protótipo, Fig 1, demonstrou operação autônoma, sem fio, capacidade de comunicação,
geração de energia elétrica ecoleta de dados do sensor. Continua sendo uma cama de testes
para sistemas de integração e experimentação, incluindo a ala alternativa e configurações de
vela e mecanismos de controle.

Fig 1: Um protótipo de vela USV (cortesia Unmanned Ocean Vehicles, Inc.)

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Shultze lembra o projeto da Yamaha Motor Corporation Ltd., o qual está desenvolvendo um veículo
não tripulado marinho, para pesquisas ambientais na região costeira japonesa. O veículo da Yamaha
está equipado com um sonar uma câmera para pesquisas subaquáticas, um receptor GPS para
localização, software e hardware para controle (Yamaha, 2009).

Embarcações de verificação de águas, batimetria, dentro outros tipos de funções são


realidade, discute-se atualmente dois projetos de embarcação com dimensões maiores e
mais ousados. A parceria entre as empresas Yara e Konsberg deu origem á um projeto ousado,
o navio autônomo Yara Birkeland, apresentado pelo próprio site oficial como “a primeira
embarcação de contêineres autônoma e sem emissões do mundo. Pronta para o lançamento
em 2020, a Yara Birkeland passará gradualmente de uma operação tripulada para uma
operação totalmente autônoma até 2022”
Outro projeto anunciado foi o do estaleiro Cingapura Keppel Offshore & Marine (Keppel O &
M), o desenvolvimento de um rebocador autônomo, através de sua subsidiária Keppel
Singmarine Pte Ltd (Keppel Singmarine), que será operado pela Keppel Smit Towage. Como
informado pelo prórpio site oficil do estaleiro “O projeto envolverá a modificação de um
rebocador de 65 MT por sistemas avançados de adaptação, como manobras de posição, visão
piloto digital, bem como detecção e evitação de colisão. Um centro de comando em terra
também será configurado para controlar remotamente o rebocador.”

4 -Conclusão
As vantagens de veículos não tripulados ou autônomos de superfície são percebidas quando
a obtenção dos dados deve ser feita em zonas muito poluídas ou perigosas e durante longos
e monótonos períodos de medições, nas quais a presença humana deve ser evitada ou pode
levar a erros especialmente em condições extremas de tempo.
O transporte autônomo é visto como uma possibilidade para o transporte marítimo para
enfrentar os desafios de amanhã. Os argumentos mais importantes são a melhoria em

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segurança e redução de custos, ou seja, melhoria em competitividade. Investigação e
investigação europeias recentes

5 - Referências Bibliográficas
Ahvenjärvi, S. 2002b. Audible Feedback for Monitoring of Critical Signals on Ships, Conference
paper at Nordic Ergonomics Society ‐ 34th Annual Congress ʺHumans in Complex
Environment. Innovate, Integrate, Implement” Linköping, Sweden

Ahvenjärvi, S. 2009. Safety of the Integrated Navigation System of a Ship in Fault Situations,
Doctoral thesis, Tampere University of Technology, Tampere.
Manley, A. Marsh, W. Cornforth, and C. Wiseman, “Evolution of the Autonomous Surface
Craft AutoCat,” Proceedings of Oceans 2000, MTS/IEEE Providence, RI, October, 2000.

Rosario, R. V. C. e Cunha, J. P. V. S. (2016), “Experimentos de rastreamento de trajetória de


uma embarcação de superfície utilizando linearização por realimentação e controle a
estrutura variável”. in: Anais do XXI Congresso Brasileiro de Automática, Vitória. pp. 3034-
3039.
Rosario, R. V. C. e Cunha, J. P. V. S. (2017), “Experimental variable structure trajectory tracking
control of a surface vessel with a motion capture system”. in: Proc. of the 43rd Annual
Conference of the IEEE Industrial Electronics Society (IECON), Beijing, China., pp. 2864-2869.
Schultze, Hendrik Jürgen. Projeto e construção de uma embarcação teleoperada / Hendrik
Jürgen Schultze. – 2012. 83 f

The Navy Unmanned Surface Vehicle (USV) Master Plan (2007). Disponível em
http://www.navy.mil/navydata/technology/usvmppr.pdf.
Keppel to develop its first autonomous vessel for operations in Singapore. Disponível em
http://www.keppelom.com/en/news_item.aspx?sid=2605&aid=9475

Yara Birkeland press kit.

Disponível em https://www.yara.com/news-and-media/press-kits/yara-birkeland-press-kit/

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