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UNIDADE 4 - PRODUÇÃO, PROCESSAMENTO E

BOAS PRÁTICAS DOS PRODUTOS DAS ABELHAS


 Serão abordados assuntos relacionados à obtenção dos produtos oriundos
das abelhas, tais como:
✓ Própolis: produção, extração, processamento e estrutura da unidade de
extração;
✓ Geleia real: produção, extração e beneficiamento.
PRÓPOLIS: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO, PROCESSAMENTO
E ESTRUTURA DA UNIDADE DE EXTRAÇÃO
“Produto oriundo de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas, colhidas pelas abelhas de
brotos, flores e exsudatos de plantas, nas quais as abelhas acrescentam secreções salivares,
cera e pólen para a elaboração do produto final”. (BRASIL, 2001, não paginado).

Própolis em seu estado natural (bruto)


Fotos: Mel
CONCEITUAÇÃO
 Própolis é uma mistura complexa, formada por
material resinoso e balsâmico coletado pelas abelhas dos
ramos, flores, brotos e exsudados de árvores; além
desses, as abelhas adicionam secreções salivares e cera
na colmeia.
Etimologia da palavra: Fonte: Pereira et al. (2002)

termos gregos “pro” = antes, em defesa


“pólis” = cidade (colmeia)
CURIOSIDADES...

✓A própolis já era utilizada pelos assírios, gregos, romanos, incas e egípcios;


✓No antigo Egito (1700 a.C., chamada “cera negra”) era utilizada para
embalsamar corpos;
✓Na África do Sul, na guerra ao final do séc. XIX, foi utilizada como cicatrizante;
✓Foi utilizada em clínicas soviéticas na 2ª guerra mundial;
✓Na antiga URSS, foi utilizada na Medicina Humana e Veterinária, no
tratamento de tuberculose;
CURIOSIDADES...

✓Em 1908, surgiu o 1º trabalho científico sobre suas propriedades químicas e


composição. (MARCUCCI, 1996).
✓A coloração da própolis depende de sua procedência;
✓Varia de marrom-escuro passando a uma tonalidade esverdeada até o
marrom-avermelhado;
✓Possui odor característico que pode variar de uma amostra para outra.
(MARCUCCI, 1996).
CLASSIFICAÇÃO
✓ Foram analisadas as origens botânicas da própolis:
 os tipos de própolis forem reunidos em 12 grupos;
 baseado nas características físico-químicas;
 5 grupos no Sul, 1 no Sudeste e 6 no Nordeste (PARK et al., 2002).
 resina do botão floral de Populus (Salicaceae);
 resina de folhas jovens de Hyptis divaricata (Lamiaceae) e Baccharis dracunculifolia
(Asteracea), segundo Park et al. (2002);
 exudato vermelho da superfície da Dalbergia ecastophyllum (L) Taub. (SOARES,
2012).
PRÓPOLIS VERDE

Origem Botânica:
Baccharis dracunculifolia
Família: Asteraceae
Alecrim do Campo

Fonte: Park et al. (2002)


PRÓPOLIS VERMELHA
Origem Botânica:
Dalbergia ecastophyllum
Família: Fabaceae

Coleta de exsudato resinoso avermelhado de D. ecastophyllum por Apis


mellifera africanizada:
A) Secreção de exsudato resinoso avermelhado em um buraco no tronco
da árvore;
B) Abelhas coletando o exsudato avermelhado;
Fonte: Soares (2012)
C) Exsudato coletado passado para as patas traseiras para fazer a própolis.
A COLETA DA PRÓPOLIS
✓ As abelhas coletoras, nas horas mais
quentes do dia, retiram as resinas das
plantas com as mandíbulas e patas
dianteiras, fixando-as nas corbículas.
✓ Após a coleta, deixam o material na
colmeia, onde as abelhas operárias Fonte: Breyer et al. (2016)

acrescentam cera e depositam no lugar


adequado.
PRÓPOLIS: FINALIDADES DE UTILIZAÇÃO
 PARA AS ABELHAS:
- envernizar os alvéolos, onde as rainhas depositam os ovos e
as larvas crescem;
- impermeabilizante antisséptico dos favos;
- vedar as entradas e frestas da colmeia, evitando corrente de
ar ou frio;
- evitar vibrações oriundas do ambiente externo;
- embalsamar invasores mortos dentro da colmeia;
- tem efeito bactericida, evitando a decomposição dos Fonte: Mel

invasores aniquilados, etc. (BREYER et al., 2016).


PRÓPOLIS: FINALIDADES DE UTILIZAÇÃO
 PARA O HOMEM:
✓ Usada como tratamento terapêutico “natural” com propriedades:
- anti-inflamatória; - anestésica local;
- antioxidante; - fungicida;
- antisséptica; - antiviral. (BREYER et al., 2016).
- bactericida;
- bacteriostática;
- cicatrizante;
PRÓPOLIS: FINALIDADES DE UTILIZAÇÃO
USO EXTERNO USO INTERNO

Prevenção e tratamento Trata:


de: • Amidalites;
• acnes; • Faringites;
• seborreia; • Bronquites;
• dermatites; • Úlcera gástrica;
• caspa; • Doenças autoimunes;
• psoríase; • Prostatite;
• úlceras varicosas; • Infecção viral.
• ferimentos; (BILHALVA, 2020).
• queimaduras.
PRÓPOLIS: FINALIDADES DE UTILIZAÇÃO

USO VETERINÁRIO USO ZOOTÉCNICO

▪ Trata a Mastite bovina; ▪ Composição de rações para coelhos.


▪ A borra de própolis verde tem sido ▪ Borra da própolis dieta de codornas.
utilizada como auxiliar no combate ao ▪ Alimentação de girinos de rã-touro.
mau cheiro das fezes, bem como no ▪ Alimentação de frangos de corte.
combate ao mau hálito da boca do ▪ Própolis na nutrição de ruminantes,
cachorro, segundo Loguercio et al. conforme Almeida (2019); Arauco et
(2006); Oliveira et al. (2005); Pinto et al. (2007); Coloni et al. (2007); Garcia
al. (2001). et al. (2004); Santos (2003).
COMPOSIÇÃO BÁSICA
✓ Sua composição química é complexa e variada, estando relacionada com a flora de cada região visitada
pelas abelhas e com o período de coleta da resina, mas temos umas substâncias que são relativamente
estáveis como:
* RESINAS E BÁLSAMOS AROMÁTICOS .................... 50 - 60%
* CERAS........................................................................... 25 - 40%
* ÓLEOS ESSENCIAIS .................................................... 5 - 10%
* GRÃOS DE PÓLEN ...................................................... 5%
MICROELEMENTOS:
-Minerais: alumínio, cálcio, estrôncio, ferro, magnésio, silício, titâneo, bromo e zinco principalmente;
-Vitaminas: provitaminas A, todas do complexo B, C e E. (FUNARI; FERRO, 2006).
COMPOSIÇÃO QUÍMICA

✓ As propriedades da própolis estão diretamente ligadas à sua composição


química;
✓ A composição pode ser alterada em função da:
- diversidade da flora;
- época de colheita;
- técnica empregada;
- espécie da abelha. (VARGAS et al., 2004.
CERCA DE 200 COMPONENTES DIFERENTES JÁ FORAM IDENTIFICADOS
NA PRÓPOLIS:
ácidos graxos e fenólicos;
➢ ésteres, ésteres fenólicos;
➢ flavonóides (flavonas, flavononas, flavonóis e dihidroflavonóis);
➢ terpenos;
➢ β-esteroides;
➢ aldeídos e álcoois aromáticos;
➢ sesquiterpenos;
➢ naftalenos. (VARGAS et al., 2004).
FLAVONÓIDES

 Ação direta sobre os capilares sanguíneos, potencializando a atividade do


ácido ascórbico e diminuindo estados inflamatórios, infecciosos e viróticos.
(VARGAS et al., 2004).
PRÓPOLIS: MÉTODOS DE OBTENÇÃO

RASPAGEM TELA ESPAÇADORES

Fonte: Mel
Fonte: Mel Fonte: Mel
COLETOR “TIRA E PÕE”

Fonte: Brighenti et al (2006)


CPI – COLETOR DE PRÓPOLIS INTELIGENTE

Fonte: Breyer et al. (2016)


COLETORES LATERAIS NAS MELGUEIRAS

Fonte: Breyer et al. (2016)


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº3, de 19/01/2001 do Dep. de Inspeção de
Produtos de Origem Animal, do MAPA.

✓Anexo VII: fixa e descreve a composição, propriedades físicas e químicas,


características sensoriais, acondicionamento e demais condições a que um
extrato deve obedecer para ser considerado apto para comercialização e
consumo. (BRASIL, 2001).
LABORATÓRIO = LOCAL DE TRABALHO

Local onde se labora, e onde se trabalha.


Tamanho, complexidade e custo dependem do tipo de trabalho e volume de
atividades.
Um pequeno cômodo somente para esse fim.
Sala de extração: boas condições de isolamento, higiene, iluminação e
ventilação. (BREYER et al., 2016).
MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS
✓Mesa ou bancada de tampo em fórmica ou em inox (superfície resistente e
lavável), armário, pia, geladeira, freezer, balança (15 a 25Kg).
✓Prateleira; estufa para secar a própolis; pacotes, filmes plásticos com grau
alimentício; baldes plásticos herméticos; facas apropriadas; etiquetas de
identificação; jaleco, touca, máscara e luvas.
✓Frascos, beckers, provetas graduadas, mexedores, bombonas ou galões,
pipetador, tripé, funil e filtro.
O tamanho desses utensílios será de acordo com a quantidade de extrato a
preparar. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
 LIMPEZA
✓Realizada em ambiente limpo e higienizado;
✓A higiene dos operadores deve ser rigorosa para evitar contaminação microbiológica (equipados
com jaleco, touca, máscara, luvas);
✓Retirar por catação manual ou uso de pinça e faca todas as impurezas visíveis, tais como: pedaços
de madeira, abelhas e seus fragmentos, outros insetos, pedaços de favo, fragmentos de tinta,
plástico, própolis velha oxidada, etc.;
✓Se a própolis é proveniente da raspagem de componentes da colmeia, será necessário um processo
de separação com peneira, utilizando-se de 2 ou 3 malhas, para retirada do pó, separação e
classificação dos pedaços. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
 A CLASSIFICAÇÃO DEVE ATENDER ÀS PRINCIPAIS DEMANDAS DO MERCADO.
✓Classificar por tamanho dos pedaços de própolis.
Retirar pedaços maiores que 2 cm: são mais fáceis de inspecionar e separar para fins específicos. Os
fragmentos menores podem ser classificados por peneiras com malhas de aberturas gradativas.
Fragmentos menores são classificados como pó.
 Neste processo, devem ser separados os pedaços grudados ou embolados.
✓Classificar por características físicas, organolépticas e origem botânica (quando conhecida).
 Características físicas, como cor e consistência: própolis mais resinosa (grudenta) precisa ser separada;
 Características organolépticas: considerar principalmente o aroma, que é típico para certos tipos de
própolis. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
✓Classificar pela origem botânica!
Quando a origem botânica é conhecida, esta classificação torna-se particularmente
interessante pela sua valorização no mercado. Exemplos:
-Própolis de Baccharis: esverdeado, aroma característico e sabor picante;
-Própolis de Álamo: cor, consistência e aroma característicos;
-Própolis de Rabo de Bugio (gênero Dalbergia): cor avermelhada, sabor e aroma característicos.
✓O ideal ainda seria classificar a própolis por sua composição química, o que fica a cargo da
indústria. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
 SECAGEM DA PRÓPOLIS

✓Apesar da própolis ser composta basicamente por resinas, que praticamente não retêm a umidade,

precisa estar seca o suficiente para não propiciar o crescimento de microrganismos (principalmente fungos

ou bolores) e acelerar o processo de degradação, com a oxidação de seus componentes;

✓A secagem pode ser efetuada em estufa, com circulação de ar seco, em temperatura ambiente (o ideal é

entre 20 e 30 ºC);

✓ A própolis é colocada em bandejas em camadas de no máximo 5cm em peneiras finas. Para secar

pedaços pequenos (menores que 2cm), diminuir a camada para no máximo 2cm. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
 ACONDICIONAMENTO
✓Uma vez classificada e seca, a própolis deve ser acondicionada em embalagens herméticas e de grau
alimentício;
✓O ideal é acondicionar a própolis em pacotes plásticos resistentes, atóxicos, transparentes (não utilizar
plástico reciclado), de grau alimentício, com espessura acima de 0,2 mm;
✓Retirar o máximo de ar possível, lacrando o pacote com equipamento próprio ou amarrando com fita
plástica;
✓Preferencialmente, colocar 5kg em cada pacote e acondicionar em caixas de papelão ao abrigo da luz e
umidade. (BREYER et al., 2016).
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
 CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO

A própolis pode ser conservada e armazenada de várias formas, destacando-se:

✓Em ambiente limpo e seco, ao abrigo da luz, acondicionada como descrito anteriormente, à

temperatura ambiente. No caso de não ser conservada em freezer, o ideal é que tenha sido

submetida por no mínimo 48 horas em temperatura abaixo de 10ºC, para eliminar eventual

presença de ácaros e traças (seus ovos e larvas). Neste processo de conservação, recomenda-se

que seja comercializado o mais breve possível;


LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, SECAGEM E
ACONDICIONAMENTO DA PRÓPOLIS
✓Conservar e armazenar à frio é o processo ideal para apicultores que pretendem aguardar

mais tempo para sua comercialização. Deverão ser utilizados equipamentos (freezer), com

capacidade proporcional à quantidade produzida, utilizados somente para este fim (não

armazenar com outros alimentos), localizados em ambiente limpo e seco. A temperatura deve

estar abaixo de -5ºC (cinco graus negativos). Não guardar em geladeira, pois pode desenvolver

mofo. Neste caso, a própolis acondicionada em sacos plásticos é armazenada diretamente no

freezer, sem as caixas de papelão, que são utilizadas somente na comercialização. (BREYER et

al., 2016).
PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS

✓Por mais que varie em teores de flavonóides, compostos fenólicos, aspecto,


coloração, etc., toda própolis, tal como preparada pelas abelhas, é boa.
✓Preocupação: processo de preparação do extrato para não deteriorar o
produto, segundo Silva (2013).
SOLVENTE
✓Para extrair a própolis, isto é, dissolver e separar a parte resinosa (que contêm os princípios
ativos) dos componentes insolúveis (com pequena ou nula atividade farmacológica), que forma
a “borra da própolis”, utiliza-se o SOLVENTE.
✓Álcool Etílico = ETANOL
presente na cachaça e outras bebidas;
podem conter aditivos e impurezas impróprias para o consumo, principalmente o METANOL
(mortal);
Por isso, usar álcool de grau alimentício. Ex.: álcool de cereais ou álcool neutro (cana +
purificado). (SILVA, 2013).
PREPARO DO SOLVENTE
O MAPA determina que:
✓ O álcool do extrato deve ter no máximo 70º GL
7 partes de álcool para 3 partes de água
70% de álcool absoluto. (BRASIL, 2001).
✓ Ex.: se o álcool comercializado for de 96º, contém 4% de água
 Adicionar + 26% de água = 30%
 Redução do grau para 70%
✓ Na prática:
 728ml de álcool (96%) + 272ml de água=1L
 Obs.: A água deve ser destilada ou filtrada. (SILVA, 2013).
PREPARO DA PRÓPOLIS BRUTA
✓Não embolar ou compactar os fragmentos.
dificulta ou inviabiliza sua limpeza e classificação.
✓Limpeza – remoção de impurezas (abelhas, pedaços de madeira, de favo, folhas,
traças, etc.)
a própolis obtida de coletores é + limpa que a obtida na raspagem. (SILVA, 2013).
Fonte: Mel
PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS
✓O MAPA determina que:
deve ter no mínimo 11% de Extrato Seco (ES) ou Sólidos Solúveis Totais (SST)
✓Com qual a quantidade de ES trabalhar?
Mercado  cor + escura, densidade
Rendimento  + baixo ES,  rendimento
Atividade farmacológica  melhor a 8%
Densidade padrão da marca  difícil, pois a solubilidade da própolis é variável.
(SILVA, 2013).
PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS
✓Considerando-se 50% de solubilidade da matéria-prima (própolis bruta).
obteremos um extrato de própolis com cerca de 15% de ES (acima do limite
do MAPA).

Fórmula da infusão:
Própolis bruta = 30% 300g
Álcool 70% = 70% 700ml
Fonte: Bilhalva (2020)
PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS
✓ Como preparar 700ml de álcool 70%
509,6 ml de álcool 96% + 190, 4ml de água
✓ Como executar:
colocar a própolis no frasco
despejar o solvente (álcool 70%) sobre a própolis
fechar o frasco

Fonte: Bilhalva (2020)


PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS

✓Mexer ou agitar essa mistura a cada 3 dias por 30 a 45 dias ou +.


depende do tamanho dos fragmentos da própolis bruta.
✓A própolis bruta pode ser fragmentada num liquidificador industrial ou outro
equipamento.
Risco de alteração ou perda dos componentes ativos  temperatura do
atrito. (BILHALVA, 2020).
PREPARO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS
✓Após a última agitação, deixar decantar por 3 ou + dias;
✓Remover o sobrenadante com sifão.

✓FILTRAR ✓ENVASAR ✓ ROTULAR

Fonte: Bilhalva (2020)


GELEIA REAL: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO E
BENEFICIAMENTO
É um dos produtos apícolas mais valorizados, que pode ser utilizado tanto na
alimentação humana, como suplemento alimentar, quanto nas indústrias farmacêutica
e cosmética.
É produzida pelo sistema glandular cefálico em Apis mellifera, a partir das secreções
das glândulas hipofaringeanas e mandibulares de operárias jovens, denominadas
abelhas nutrizes, sendo essencial na alimentação das larvas para o desenvolvimento de
uma nova rainha. (OLIVEIRA et al., 2020).
GELEIA REAL: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO E
BENEFICIAMENTO
✓A Geleia Real é um produto dietético,
podendo ser utilizado por todas as pessoas.
✓Não é um remédio, é um preventivo para
quem deseja ter longevidade, beleza e bem-
estar, pois possui uma qualidade preventiva e
regeneradora. (OLIVEIRA et al., 2020).
GELEIA REAL: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO E
BENEFICIAMENTO
✓A geleia real possui como característica principal seu alto valor nutricional, podendo ser

utilizada tanto para o consumo humano como alimento, quanto na forma de suplementos

alimentares.

✓Além disso, tem diversas aplicações na indústria farmacêutica e de cosméticos, sendo

utilizada em formulações de cremes capilares e corporais, shampoos e cápsulas antioxidantes.

✓No entanto, a geleia real é produzida em pequenas quantidades e, por se tratar de um

alimento completo, representa um custo relativamente alto para as abelhas. (OLIVEIRA et al.,

2020).
GELEIA REAL: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO E
BENEFICIAMENTO
✓Sua composição pode variar de acordo com a época do ano, o clima, a florada disponível e o
modo de produção, embora seus constituintes se mantenham relativamente constantes.
✓Os principais constituintes da geleia real são:
água (60% a 70%);
açúcares (7% a 18%);
proteínas (12% a 15%);
lipídios (3% a 8%);
pequenas quantidades de minerais e vitaminas (LIU et al., 2008).
Fonte: Silveira Neto (2010)
GELEIA REAL: PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO E
BENEFICIAMENTO
✓Para garantir a identidade e autenticidade da geleia real, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece uma série de parâmetros que devem ser
analisados para atestar a qualidade do produto.
✓Esses parâmetros foram estabelecidos por meio da Instrução Normativa n°3 de 19 de
janeiro de 2001 (BRASIL, 2001), que traz a sua classificação, os requisitos de
composição e físico-químicos, bem como as exigências para o acondicionamento, a
estocagem, o transporte e a comercialização, além de critérios microbiológicos.
(SILVEIRA NETO, 2010).
GELEIA REAL: BENEFÍCIOS E PROPRIEDADES
Fonte: Silveira Neto (2010)
GELEIA REAL: BENEFÍCIOS E PROPRIEDADES

Fonte: Oliveira et al (2020)


GELEIA REAL: BENEFÍCIOS E PROPRIEDADES
✓No início do ano de 1954, o Papa Pio XII encontrava-se gravemente doente!
Porém, após certo tempo, soube-se de sua rápida melhora, atribuindo-se os
louros à Geleia Real.

“A Geleia Real é um alimento concedido


por Deus para conservar a jovialidade
eternamente”.
Papa Pio XII
Fonte: https://www.geleiareal.com/geleia-real-1954-papa-pio-xii/
GELEIA REAL

 Pode ser consumida:  Características:

• Fresca, in natura – • Dissolve-se em água,


coletada em estado álcool e no mel;
natural de dentro das • Altera-se quando exposta
realeiras; ao sol e à luz forte;
• Congelada; • Conserva-se a
• Liofilizada; temperatura de 0 a 4ºC.
• Misturada ao mel. (SILVEIRA NETO, 2010).
FORMAS DE CONSUMO DE GELEIA REAL
Fonte: Silveira Neto (2010)
GELEIA REAL: CONSERVAÇÃO

✓Após retirada quando pura, guardar na geladeira em baixas temperaturas (menos de


10º C) em frasco escuro (âmbar), bem fechado, por cerca de 18 meses;
✓Quando misturada com mel, pode ser guardada em ambiente natural, sem colocar na
geladeira, em lugar fresco e escuro;
✓A melhor técnica para conservação é a liofilização ou sua transformação em pó;
✓Fatores que prejudicam a conservação da geleia real são: luz, calor excessivo, ar e
processamento inadequado. (SILVEIRA NETO, 2010).
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL

 EXISTEM TRÊS MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL:


✓De realeiras encontradas durante as revisões;
✓Puxada Natural – orfanando-se uma colônia;
✓Transferência larval (“enxertia”) – para cúpulas artificiais. (SILVEIRA NETO,
2010).
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL
De realeiras encontradas
Puxada Natural – orfanando-se uma colônia
Ou então, orfane uma boa colônia de abelhas, retirando
Examine as colmeias mais populosas que mostram
a sua rainha e mantendo-a aprisionada e guardada em
sintomas de enxameação próxima para localizar e tirar a
outra colmeia para posterior devolução à matriz, em
geleia real das eventuais realeiras em formação.
três ou quatro dias.
Fonte: Silveira Neto (2010)

PRODUÇÃO
Depois de três ou quatro dias de orfandade da colmeia,
A colmeia orfanada deve conter favos com ovos ou, de
fazer uma revisão para coletar a geleia real encontrada
preferência, larvas bem novas para viabilizar a criação
nas realeiras em desenvolvimento. Após coletada,
de novas rainhas e a consequente produção de geleia
alimentar a colônia e devolver-lhe a rainha que foi
real.
retirada e guardada no banco.
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL

TRANSFERÊNCIA LARVAL
✓Os sistemas de produção da geleia real mais utilizados são baseados no método de produção
de rainhas descrito por Doolittle em 1889, utilizando-se, para isso, colmeias especiais:
Recrias = utilização de um ninho;
Minirrecrias = utilização de um núcleo.
✓As realeiras naturais puxadas pelas abelhas são substituídas por cúpulas feitas de cera ou
então de plástico ou acrílico, que são as mais utilizadas no mercado brasileiro. (OLIVEIRA et al.,
2020).
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL

✓O objetivo é reproduzir as condições necessárias para o desenvolvimento de uma


nova rainha, que incluem a escolha de uma colmeia forte e populosa, com pelo menos
seis quadros de cria no ninho e a redução dos feromônios da rainha circulantes, o que
pode ser atingido por meio de sua retirada da colmeia ou pelo uso de tela excluidora.
(SOUZA, 1998).
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GELEIA REAL
✓Após 72 horas da transferência, as larvas são eliminadas e a geleia real é extraída (SILVEIRA NETO, 2011);

✓A extração da geleia de dentro das cúpulas pode ser feita com o auxílio de espátula inoxidável passada

contra a parede da célula, raspando-se o material, ou com o uso de pequenas bombas de sucção;

✓A idade das larvas no momento da transferência também interfere na aceitação das larvas e,

consequentemente, na quantidade e qualidade de geleia real depositada nas cúpulas;

✓Além disso, outros fatores importantes a serem considerados são o tempo de transferência, o período

de coleta após a transferência, a cor, o material da cúpula e o manejo correto das colônias. (TOLEDO et al.,

2010).
CÚPULAS
✓São realeiras artificiais, onde será produzida a Geleia Real;
✓Podem ser confeccionadas com cera (naturais), ou de plástico e/ou acrílico
(artificiais).
Fonte: Silveira Neto (2010)
TRANSFERÊNCIA LARVAL (“ENXERTIA”)
✓São selecionadas larvas de até 72h;
✓E transferidas para cúpulas, fixadas em sarrafos de quadros porta-cúpula.

Fonte: Silveira Neto (2010)


QUADROS PORTA-CÚPULAS LEVADO PARA
COLMEIA (RECRIA OU MINIRRECRIA)

Fonte: Silveira Neto (2010)


COLHEITA DA GELEIA REAL (PROD. MÉDIA DE 250
MG/CÚPULA)

Sarrafo com as Retirada da cera Larva e geleia


cúpulas da realeira expostas Fonte: Silveira Neto (2010)

Descarte da Colheita da Armazenamento


larva Geleia Real vidro âmbar
REFERÊNCIAS
ALBARRACIN, V.N.; FUNARI, S.R.C.; ARAUCO, E.M.R. et al. Aceitação de larvas de diferentes grupos genéticos de Apis mellifera na
produção de abelhas rainhas. Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, v.14, n.2, p.33-41, 2006.
ALMEIDA, J.R.S. de. Resíduo do extrato de própolis vermelha em dietas para codornas na fase de cria e recria criadas em gaiolas. 2019.
51f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Zootecnia) - Universidade Federal de Alagoas, Arapiraca.
ARAUCO, L.R.R.; STÉFANI, M.V. de; NAKAGHI, L.S.O. Efeito do extrato hidroalcoólico de própolis no desempenho e na composição
leucocitária do sangue de girinos de rã-touro (Rana catesbeiana). Acta Scientiarum Animal Sciences, v.29, n. 2, p.227-234, 2007.
BILHALVA, D.B.; CELLA, I.; CUNHA, R.D. da. A importância da Própolis para a saúde humana. Apis On-Line Boletim. Epagri, 2020.
Disponível em: https://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/apicultura/boletins/18ExtratoPropolis. Acesso em: 12 abr. 2022.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa nº 03, de 19 de janeiro de 2001. Regulamentos Técnicos de
Produtos Apícolas. Brasília: Diário Oficial da União, 2001. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-
br/assuntos/suasa/regulamentos-tecnicos-de-identidade-e-qualidade-de-produtos-de-origem-animal-1/rtiq-mel-e-produtos-apícolas.
Acesso em: 12 abr. 2022.
BREYER, H.F.E.; BREYER, E.D.H.; CELLA, I. Produção e beneficiamento da própolis. Boletim Didático, EPAGRI. 28p. 2016.
BRIGHENTI, D.M.; SANTOS, F.C. dos; BRIGHENTI, C.R.G. Método para intensificar a produção de própolis: o quadro coletor "tira e põe".
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