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Los Angeles sem carro: como visitar os cartões-

postais da cidade usando apenas o transporte público


oglobo.globo.com/boa-viagem/noticia/2023/08/10/los-angeles-sem-carro-como-visitar-os-cartoes-postais-da-
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Há muitas coisas gratuitas e baratas para fazer em Los Angeles. Como viajante, o
problema é chegar até elas. A partir do Aeroporto Internacional de Los Angeles, os
carros de aluguel custavam recentemente cerca de US$ 75 por dia, sem impostos e
gasolina. Os táxis e as viagens por aplicativos entre o aeroporto e o centro da cidade
custam de US$ 40 a US$ 70, dependendo da hora do dia. Além disso, há o
estacionamento noturno — de US$ 50 a US$ 60.

Mas há uma alternativa barata: o metrô, que custa US$ 1,75 por uma viagem, US$ 5 por
um passe diário ou US$ 18 por uma semana.

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Em Los Angeles, terra dos engarrafamentos, o veículo preferido é o carro. Mas, há


décadas, a autoridade de transporte público do Condado de Los Angeles, a Metro, vem
tentando afastar os moradores de seus automóveis, construindo mais de cem paradas
de trem em sete linhas desde 1990, incluindo a nova Linha K, inaugurada em outubro de
2022, que passa pelo sul de Los Angeles. Em junho deste ano, o Regional Connector
Transit Project consolidou as conexões no centro da cidade, possibilitando a viagem no
sentido leste-oeste entre East Los Angeles e Santa Monica, e no sentido norte-sul entre
Azusa e Long Beach sem transferência. Outra extensão, prevista para 2024, fará a
ligação com o aeroporto internacional, uma das nove futuras estações que serão
inauguradas antes de a cidade sediar os Jogos Olímpicos de 2028.

A utilidade do sistema para os residentes varia de acordo com o local onde eles moram.
Mas, disse Michael Juliano, editor de Los Angeles da Time Out Media, que escreveu
sobre o sistema, "Como turista, muitos lugares que você quer ir estão em uma rota do
metrô".

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Um trem chega na estação Expo Park/USC, da Linha E do metrô de Los Angeles, na Califórnia —
Foto: Beth Coller/The New York Times

Nada me faz sentir mais familiarizada com um destino do que navegar por ele com
sucesso. Na minha opinião, ir a lugares não é conhecer lugares a menos que eu consiga
me orientar usando os meios de transporte locais. Quando disse a amigos que estava
indo para Los Angeles para conhecer a cidade de metrô, um deles brincou dizendo que
seria "uma história muito curta". Uma angelena que admitiu nunca ter andado de trem me
aconselhou a levar spray de pimenta.

Mas três dias andando nos trilhos provaram que eles estavam errados. Além de o metrô
estar bem conectado a locais populares — das praias de Santa Monica aos museus de
Downtown — seus trens circulam com frequência. Embora minha experiência não tenha
sido ameaçadora, o sistema tem enfrentado dificuldades com um evidente fluxo de
pessoas sem-teto nas composições. Em várias ocasiões, viajei com os funcionários do
Metro que percorrem o sistema para educar o público e ajudar a garantir a segurança.

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após a pandemia

Em um condado que abrange mais de 10 mil quilômetros quadrados e 88 cidades, havia


lugares aos quais eu não conseguia chegar de metrô. Uma empresa de turismo que
oferece caminhadas guiadas até o icônico letreiro de Hollywood me disse que seu ponto
de partida não ficava perto do transporte público. As linhas de ônibus e os serviços de
carona podem preencher as lacunas, mas com uma exceção notável — o FlyAway Bus,

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que circula aproximadamente a cada meia hora entre o aeroporto e a Union Station no
centro da cidade (US$ 9,75) — eu me limitei aos trens para testar sua utilidade. Aqui
está o que encontrei.

Los Angeles sem carro: os cartões-postais na cidade que se pode visitar


usando apenas o transporte público

9 fotos

A ampliada rede de metrô da metrópole californiana leva os turistas a museus, parques e


até à praia de Santa Monica

Todas as linhas levam ao centro da cidade

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O FlyAway Bus me deixou na Union Station, uma joia moderna de 1939 que serve não
apenas como um terminal para os trens da Amtrak e para o serviço regional Metrolink em
Los Angeles e nos cinco condados vizinhos, mas também como o ponto de conexão de
três linhas de metrô, A, B e D.

Essas linhas de metrô fazem várias paradas no centro da cidade, uma área repleta de
atrações culturais — incluindo o assentamento mexicano original na Olvera Street, em
frente à Union Station — e muitos hotéis, como o Freehand Los Angeles.

A cerca de quatro quarteirões da parada de metrô mais próxima do centro da cidade, o


hotel retrô ocupa o Commercial Exchange Building de 1924, oferecendo quartos no estilo
albergue com várias camas, populares entre os estudantes, bem como quartos
privativos, como o meu, com tapeçarias de macramê e arte eclética que lembra os
brechós (paguei US$ 150 por noite).

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Na manhã seguinte, reconheci outros hóspedes econômicos — uma família francesa que
estava na cidade para assistir aos jogos do Lakers, um casal de mochileiros
dinamarqueses e um grupo de estudantes irlandeses — na estação de metrô próxima.

— Os hóspedes pedem os horários e as paradas mais próximas, o que é um pouco


engraçado, pois dirigimos para todos os lugares — disse Rich Oken, gerente geral do
hotel, referindo-se à equipe.

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Os belos jardins atrás do prédio do Walt Disney Concert Hall fica perto de uma das estações de metrô
em Downtown Los Angeles, na Califórnia — Foto: Beth Coller/The New York Times

Entre o metrô e a caminhada, achei o centro da cidade fácil de navegar e rico para
explorar, começando pelo Broad Museum (gratuito), uma impressionante casa para a
coleção de arte contemporânea dos colecionadores Eli e Edythe Broad, repleta de obras
de Jean-Michel Basquiat, Roy Lichtenstein e Andy Warhol. No quarteirão seguinte, fiz
uma pausa nos jardins tranquilos atrás do Walt Disney Concert Hall, um marco de aço do
arquiteto Frank Gehry.

Perto dali, andei no trem mais curto de Los Angeles, o Angels Flight, um funicular de
1901 que sobe uma colina de um quarteirão por 50 centavos se você tiver um cartão do
metrô (US$ 1 se não tiver).

Com uma parada de metrô praticamente do outro lado da rua, o Grand Central Market,
uma praça de alimentação que data de 1917, me fez voltar várias vezes para comprar
sanduíches de ovos mexidos cremosos da Eggslut (US$ 9,75) e pupusas salvadorenhas,
ou bolos de milho recheados, da Sarita's Pupuseria (US$ 5,50).

Próxima parada: Hollywood

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A estação Hollywood and Highland, uma das cem paradas das sete linhas da rede de metrô de Los
Angeles, na Califórnia — Foto: Beth Coller/The New York Times

Do centro da cidade, a Linha B segue para noroeste até o coração de Hollywood. Chegar
à estação Hollywood/Highland foi como emergir em uma Times Square ensolarada e de
baixo custo. Atores vestidos de Homem-Aranha e Michael Jackson estavam posando
com turistas em troca de gorjetas. Os vendedores ambulantes estavam vendendo
passeios de ônibus da TMZ pelos locais de encontro das celebridades. Imediatamente
cruzei com a estrela de Groucho Marx na Calçada da Fama de Hollywood, onde Tom
Cruise divide a calçada com Weird Al Yankovic e fãs tiram selfies com a placa de Snoop
Dogg.

A rota estrelada passou pelo Grauman's Chinese Theater de 1927 (agora conhecido
como TCL Chinese Theater), onde comparei minha pegada com a de Robert De Niro
entre as muitas saudações de celebridades cimentadas na calçada antes de sua
entrada.

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A Linha B também oferece acesso a bairros menos frenéticos, incluindo Koreatown, onde
voltei para saborear o salmão banhado em óleo umami da esteira rolante de sushi Kura
(US$ 3,65 o prato).

A rota também oferece uma solução pronta para chegar ao Griffith Park, a exuberante
reserva das Montanhas de Santa Mônica, com vistas panorâmicas da cidade e várias
trilhas para caminhada. Da parada da Linha B em Vermont/Sunset, peguei um ônibus

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DASH gratuito da LADOT para o Griffith Park Observatory, popular por suas vistas do
telhado, e assisti a um emocionante show de estrelas no planetário (US$ 10).

Trem para a praia

Passageiros esperam pelo trem da Linha A do metrô na Union Station, o principal hub ferroviário de
Los Angeles — Foto: Beth Coller/The New York Times

Os visitantes de primeira viagem geralmente se surpreendem com o tamanho da região


metropolitana de Los Angeles, que abrange Long Beach no sul, Malibu no oeste e as
montanhas de San Gabriel no leste.

— As pessoas vêm para a Califórnia e querem ir à praia, mas não percebem que Santa
Monica fica a cerca de 19km do centro de Los Angeles, e são longos 19km, seja
dirigindo ou usando o transporte público — disse Oken, gerente do Freehand.

Em uma quarta-feira, às 8h30, o Google Maps calculou que a viagem de trem na Linha E
do centro da cidade levaria pouco mais de uma hora, o mesmo tempo que a viagem de
carro, sem contar a busca por estacionamento.

A maior parte do percurso é feita acima do solo, e a Linha E oferece um passeio pelo
campus da University of Southern California até Culver City e, finalmente, Santa Monica.
Anúncios gravados identificavam as atrações próximas a cada parada, como o Museu de
História Natural do Condado de Los Angeles e o Exposition Park na parada Expo
Park/USC.

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A Linha E termina a algumas quadras do popular píer de Santa Monica, repleto de
brinquedos de parque de diversões e restaurantes, que estavam quase todos fechados
pela manhã, enquanto um guitarrista tocava o solitário clássico latino "Quizás, quizás,
quizás" para os pedestres que desfrutavam de uma vista tranquila.

Alugando uma bicicleta na Blazing Saddles (US$ 13 por uma hora), no píer, pedalei
cerca de 5km para o sul até o bairro de Venice, à beira-mar, onde patinadores faziam
piruetas e atraíam olhares.

Com seus hotéis butique bem cuidados e restaurantes da moda, Santa Monica parecia
exclusiva, uma impressão corrigida pelo colorido barracão jamaicano Cha Cha Chicken,
a apenas uma quadra da praia, que serve pratos de frango jerk apimentado (a partir de
US$ 11,95) em um pátio sombreado em meio a pinturas de Bob Marley.

'Conecte-se à criatividade'

Passageiros no vagão de uma das composições da Linha E do metrô de Los Angeles: rede tem se
expandido bastante nos últimos anos, de olho nas Olimpíadas de 2028 — Foto: Beth Coller/The New
York Times

A Metro anunciava a nova Linha K com pôsteres em todo o sistema incentivando os


passageiros a "Conectar-se à criatividade", uma referência às comunidades do sul de
Los Angeles que cultivaram artistas como Kehinde Wiley e a atriz Issa Rae e à arte
pública em cada estação.

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— A arte é um componente de uma introdução ao sistema — disse Maya Emsden, que
supervisiona os programas de arte pública do Metrô, incluindo o comissionamento de
arte para cada uma das sete estações atuais da Linha K. — É um abrir de olhos.

Na minha última tarde, viajei pela K, partindo de sua parada mais ao norte, em
Expo/Crenshaw, onde ela se encontra com a Linha E, passando pelas comunidades de
Crenshaw e Inglewood, onde fica o SoFi Stadium, onde jogam os Rams e Chargers da
NFL.

Em Crenshaw, algumas das obras de arte mais intrigantes da rota ainda não foram
reveladas. A organização de desenvolvimento econômico Destination Crenshaw está
encomendando obras de mais de cem artistas negros para serem instaladas em um
parque central e ao longo de 2km do Crenshaw Boulevard, ao lado dos trilhos do trem. O
projeto representará “o talento, a criatividade e a paixão que temos pela comunidade”,
disse Jason Foster, presidente e diretor de operações da organização, durante um café
no Hot & Cool Cafe, perto da parada Leimert Park.

A estação de metrô Leimert Park Station, na Linha K, inaugurada em outubro de 2022 e que conecta
o centro de Los Angeles à região sul da cidade — Foto: Beth Coller/The New York Times

Do café, caminhamos alguns quarteirões até o local do futuro Sankofa Park, um


quarteirão em forma de cunha com jardins e uma rampa de pedestres para um segundo
andar. Previsto para ser inaugurado em fevereiro, o parque, parte do projeto de US$ 100
milhões, exibirá uma escultura da série “Rumors of war” de Wiley e “Car culture”, uma
obra do artista Charles Dickson, baseado em Compton, Califórnia, que apresenta figuras
africanas coroadas por carros.

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— Quando a conexão com o aeroporto estiver concluída, essa será a primeira coisa que
as pessoas verão em Los Angeles — disse Foster, acrescentando sua esperança de que
o parque se torne uma atração de bairro nos moldes de Little Tokyo ou Mariachi Plaza,
ambos acessíveis por trem.

Em três dias, não cheguei a visitar o letreiro de Hollywood. Mas, onde quer que eu tenha
ido, economizei dinheiro, emissões de carbono e um estresse incalculável causado pelos
engarrafamentos.

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