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TERRENOS DE MARINHA - PREAMAR MÉDIO


- Critérios para determinação do preamar médio de
1831, para efeito da demarcação de te1'1'enos de marinha,

:\fINISTÉRIO DA FAZENDA

PROCESSO N,o 252,635-57

Vistos, relatados e discutidos os pre- de Saneamento da Cidade de Santos é


sentes autos, em que a Emprêsa Na- documento de autentici·jade irrecusável
cional de Industrialização Mineral Li- mais próximo do ano de 1831, tal como
mitada e outros, com fundamento no art, exige o art. 10 do Decreto-lei n.o 9.760,
14 do Decreto-lei n,o 9,760, de 5 de se- de 5 de setembro de 1946;
tembro de 1946, recorreram a êste Con- considerando que as restrições opostas
selho do despacho do Diretor do Ser- ao rigor técnico dêsse trabalho não pre-
viço do Patrimônio da União, que ne- valecem ante o estudo feito no relatório
gou provimento ao recurso interposto de fls. 387-397 do prúeesso;
contra a demarcação de terrenos de ma-
considerando que a altura do prea-
rinha, no trecho compreendido entre Ou-
mar médio, calculada pela C. D, S.
teirinhos e Ponta da Praia, no Canal
(1,924 m), é a que mais se aproxíma
de Santos; e
da média exata, porque se refere à mé-
considerando que nel'se trecho o lito-
dia das observações diárias em todo
ral sofreu deformações, em conseqüên-
ano, durante um período de 13 anos
cia do movimento das águas confinadas
(1944 a 1957); e é sensIvelmente igual
no canal e das obras executadas para
à altura do preamar médio obtida di-
construção da via férrea que serve ao
retamente pelo Serviço do Patrimônio
pôrto;
da União;
considerando que entre as peças do
processo encontra-se a planta topográfi- considerando que essa altura do prea-
ca dessa região, levantada em 1903 pela mar médio foi aceita pelo Serviço do
Comissão de Saneamento da cidade de Patrimônio da União e cor responde, na
Santos, que é um trabalho de alta pre- planta de 1903, da Comissão de Sanea-
cisão, desenhado nas escalas de 1/1.000 mento da Cidade de Santos, segundo o
e 1/2,000; gráfico de fls. 368 do processo, à curva
considerando que o relêvo do terre- de nível da cota 97.692, muito próxíma
no, antes das transformações que so- da curva de nível de cota 98, que re-
brevieram à costa, é perfeitamente re- presenta, na referida planta, a linha
presentado, nessa carta, por curvas de do litoral;
nível espaçadas de 20 em 20 centíme- considerando, finalmente, que deve ser
tros; facultado aos interessados acompanha-
considerando que nessa planta poderá rem os trabalhos técnicos para a deter-
ser traçada, pelos processos normais, e minação da posição da linha de prea-
com suficiente rigor, a linha de mari- mar médio, e conseqüente demarcação
nha, tal como é definida no art. 2. 0 do dos terrenos de marinha:
Decreto-lei n. o 9.760, de 5 de setembro Acorda o Conselho de Terras da
de 1946, uma vez que se conheça a al- União, por unanimidade de votos, em
tura do preamar médio de 1831 e a dar provimento, em parte, ao recurso,
correlação das cotas; para recomendar que, na determinação
considerando que, além dêsses mo- da posição da linha do preamar médio
tivos, a planta de 1903 da Comissão de 1931, no trecho de que se trata:
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a) seja tomada como base a planta Com o objetivo de demonstrar a con-


elaborada em 1903 pela Comissão de vicção do nosso entendimento e voto,
Saneamento da cidade de Santos; impõe-52 um retros!lecto histórico não
b) seja adotada como linha do prea- ~ó da legislação pertinente à referida
mar médio de 1831 a cursa de nível da matéria, como ainda dos atos e decisões
quota de 1,924m em relação ao zero administrativos àquela vinculados, no
hidrográfico, admitida pelo Serviço do curso do tempo, com o precípuo objetivo
Patrimônio da União, à qual correspon- de apontar, afinal, as .. Instruções" bai-
de a curva de nível da quota de 97,692m xadas pelo competente órgão - o Ser-
daquela planta; viço do Patrimônio da União - , disci-
c) seja, de acôrdo vom o estabele- plinando a matéria objeto de contro-
cido nos itens anteriores, fixada a po- vérsia.
sição daquela linha, mediante as usuais Conceituando terrenos de marinha e
adaptações, que se impuserem, e sem acrescidos, arts. 2.° e 3.°, o Decreto-Iei
prejuízo das correções de erros que, n.o 9.760, de 1946, estabeleceu que a
comprovadamente, aquela planta por- determinação da posição da linha do
ventura apresente, facultada aos inte- preama;· médio de 1831, de competên-
ressados a assistência aos trabalhos. cia do S.P.U. (art. 9.°), será feita à
Sala das Sessões, 9 de outubro de vista:
1959. - José Soares de Matos, Presi- a) de documentos e plantas de au-
dente-Relator. - Ademar Barbosa de tenticidade irrecusável, relativos àquele
Almeida Portugal. Quanto à redação ano, ou, quando não obtidos à época,
do Acórdão, divirjo da forma de sua que, do mesmo se aproxime (art. 10);
fundamentação e, bem assim, de certos b) de plantas, documentos e outros
conceitos e afirmativas dêle constan- esclarecimentos concernentes aos terre-
tes, como me foi dado expor quando da nos compreendidos no trecho demarca-
apreciação, pelo Conselho, da minuta do, oferecidos pelos interessados (art.
respectiva. - Francisco Behrensdorf Jú- 11) .
nior. De acôrdo com o Relator e decra-
A seguir, o citado diploma legal, em
ração de voto em separado. - Jair To-
seu art. 13, dispõe que ° "chefe do ór-
varo - Manuel Martins dos Reis. -
gão local do S.P.U.", dE'terminará a po-
Jaime Poggi de Figueiredo Filho. Ma-
SIção da linha:
nifestei-me de acôrdo com a conclusão
do Acórdão, havendo adotado a ressal- a) de posse dêsses documentos (arts.
10 e 11 citados);
va constante da declaração acima for-
mulada pelo Conselheiro Portugal. b) de outros documentos, que se
Fui presente. - Nei da Costa Pal- esforçará por obter; e
meira, representante da Fazenda Na- c) após a realização odos trabalhos
cional. topográficos que se fizerem necessários.
Cumpre, preliminarmente, salientar
JUSTIFICAÇÃO-DE-VOTO que o Decreto-lei n. o 9.760 restabeleceu
disposições idênticas contidas no art. 29
o Sr. Conselheiro Dr. Francisco Beh- do Decreto-lei n.o 3.438, de 17 de julho
rensdorf Jr. - De acôroo com oRe· de 1941.
lator. A União, ante as dificuldades que se
Em face das razões invocadas pelos antepunham à determinação da posição
recorrentes, relativamente ao critério da linha do preamar médio de 1831,
seguido na determinação da posição da consolidando preceitos técnicos e práti-
linha do preamar médio de 1831, no Ca- cas administrativas até então vigentes,
nal de Santos, renova-se, no caso, pro- estabelecera no citado diploma legal de
blema que entendemos de há muito su- 1941 um processo demarcatório condu-
perado. cente à fixação daquela linha, respei-
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tando os interêsses das partes e res- nas investigaQÕes, tendo amplo conheci-
guardando os da Fazenda Nacional. mento do trabalho a realizar e da lniha
O Ministério da Fazenda, na Exposi- demarcanda, de modo que possa apre-
ção de Motivos n. o 915, de 4 de junho sentar os seus recursos em tempo há-
de 1941, ao justificar o então projeto, bil.
posteriormente converti·jo em lei, es- O convite de que trata o art. 11 do
clareceu que no art. 29 haviam sido Decreto-lei n. o 9.760 será feito, ou por
prescritas as normas do processo para edital ou pessoalmente. O convite pes-
a fixação da posição da linha do prea- soal, que deverá ser comprovado, será
mar médio do ano de 1831, dt! capital sempre conveniente quanto aos interes-
importância, segundo o critério adtodo sados que tenham residência notOria-
pela comissão incumbiáa de elaborá-lo. mente conhecida na localidade, indepen-
Esclarecendo ser certo que, na quase to- dentemente de convite porventura feito
talidade da costa bra»ileira, não se por edital (O. S. n.o 2, do S.P.U., de
apresentam sequer vestígios daquela li- 1948) .
nha, entendeu a Comissão: "Que o pro-
O Serviço do Patrimônio da União,
cesso dessa fixação tem semelhança, até
pelo seu Chefe do órgão local, está in-
certa altura, com a antiga ação fint~
vestido da competência de fixar a linha
ra regundlfrum, isto é, com a ação ju-
do preamar médio di! 1831 e conseqüente
diciária divisória, cujos vestígios hou-
delimitação dos terrenos e acrescidos de
vessem desaparecido, seja por fato do
marinha.
homem ou da natureza. Torna-se, pois,
imprescindível que as partes interessa- É admitido recurso para o próprio
das sejam ouvidas, garantindo-se-Ihes a chefe, a seguir para o Diretor do Servi-
defesa que naquelas ações compete aos ço (art. 13, parágrafo único) e, final-
confrontantes". mente, em última instância, na esfera
A propósito ainda do Decreto-lei n. o administrativa, para o Conselho de Ter-
3.438, o Dr. Agripino Gomes Veado, ras da União (art. 14), seja aquêle
então Procurador da Diretoria do Do- fundado em erros cometidos na demar-
mínio da União e integrante da cita- cação ou preterição de formalidades le-
da Comissão, salientou que a determi- gais.
nação da posição da linha do preamar Segundo os antecedentes históricos,
médio é a questão que mais interessa, observa-se que o legislador ou os atos
suscitando dúvidas e discussões que aca- do executivo tiveram sempre em vista
bavam, não raro, nos pretórios, porém, tomar como ponto de partida, para me-
em face do disposto no art. 29 >da nova dição das 15 braças craveiras (33 me-
lei e seus parágrafos, tudo se resolve- tros) um certo ponto atingido pelas
ria da melhor maneira possível. águas, um certo ponu> até onde chega
"A parte interessada colabora com a um preamar, a princípio um preamar
União nas investigações a respeito des- máximo e, a partir de 1932, um prea-
sa determinação. Esta há-de resultar mar médio (Instruções de 14 de novem-
de documentos, plantas de autenticida- bro), sendo estabelecido que nas medi-
de irrecusável relativas àquele ano ou, ções dos terrenos de marinha devia ser
quando não obtidos, de época que do observada:
mesmo mais se aproxime, o que lrigni- a) "a maior e menor enchente da
fica que, dada a inexistência dêsses maré de uma lunação e tomado o ponto
documentos, a posição daquela linha médio dêle, contar-se as 15 braças"
será a do atual preamar médio" (Jor- (Ordem de 12 de julho de 1833);
do Brasil de 22 de julho de 1941). b) .. na falta de mal'és regulares que
Instituiu a lei, assim, um processo produzam o preamar médio dentro de
em virtude do qual a parte interessa- uma lu nação" .,. "os pontos onde che-
da, se lhe convier, colabora com a União gam as águas na sua elevação média,
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no decurso ode um ano" (Ordem de 31 mente das embocaduras de tais igara-


de outubro de 1833); pés e gamboas, que estiverem na beira-
c) quanto aos terrenos "em que a mar ou dos rios a que chega a maré
maré se não pode espraiar, que todos, ordinàriamente" .
de qualquer natureza e configuração Vasconcelos Paiva indica que tal era
que sejam, na margem do mar, são de a doutrina pacífica do Tesouro (Notas
marinha na extensão de 15 braças" sôbre Terrenos de Marinha, pág. 54,
(Portaria de 5 de setembro de 1836) ; ed.1925) e Tavares Bastos esposa igual
d) o ponto referido "ao estado do opinião, citando Teixeira de Freitas e
lugar no tempo >da execução da lei de Rodrigo Otávio (Terrenos de marinha,
15 de novembro de 1831, art. 51, § 14 págs. 31, 47 e 94, ed. 1923), salientan-
- (Instruções de 14 de novembro de do que tais terrenos não eram de ser
1832, art. 4.°), Decreto n.o 4.105, de compreendidos como de marinha.
22 de fevereiro de 1868, art. 1.0, § 1.0). O Decreto n. o 4.105, de 22 de feve-
Com relação aos mangues, terrenos reiro de 1868, veio consolidar as dispo-
alagadiços formados numa superfície sições eSllarsas então existentes, preva-
proximamente horizontal, cobertos dá- lecendo até o ano de 1940.
gua durante as enchentes e expostos, O Decreto-lei n.o 2.490, de 16 de agôs-
quase sempre, nas jusantes da maré, to de 1940, considerou, porém, como
assim denominados devido a certas ár- terenos de marinha "os que banhados
vores rasteiras que nêles florescem, pelas águas do mar e pelas dos rios e
existem as seguintes disposições: lagoas até onde alcance a influência
a) "sendo quI' êstes mangues eram das marés", caracterizada esta "uni-
de minha regalia, !l0r nascerem em sal- camente pela oscilação diária do nível
gaodo, onde só chega o mar e com a das águas".
enchente" (Ordem Régia de 4 de de- O Decreto-lei n.o 3.438, de 17 de ju-
zembro de 1678); lho de 1941, que esclareceu e ampliou
b) .. tudo o que toca a àgua do mar o citado Decreto-lei n.o 2.490, prescre-
e cresce sôbre êle é da Coroa, na for- veu, porém, que a .. influência das ma-
ma da ordenação do Reino" (Aviso de rés é caracterizada pela oscilação de
18 de novembro de 1818); cinco centímetros, pelo menos, do nível
c) "os mangues e lugares cobertos das águas (atração luni-solar) que ocor-
por água do mar são de propriedade ra em qualquer época do ano".
da Nação e de uso público" ( Aviso de Em substituição às normas legais vi-
9 de outubro de 1847). gentes, o Decreto-lei n.o 4.120, de 21
Segundo a Circular n. o 219 dE 20 de de fevereiro de 1942, completado pelo
agôsto de 1835, não estavam compreen- de n.o 5.660, de 15 de julho de 1943,
didos nos terrenos de marinha, enquan- restabeleceu a legislação vigente ante-
to o Poder Legislativo não ordenasse riomente ao ano de 1831, fixando o
o contrário - "as margens dos rios de preamar máximo como origem dos ter-
água doce, ainda que navegáveis sejam, renos de marinha, cuja posição seria
que ficarem fora do alcance das marés, fixada pela Diretoria do Domínio da
e as margens dos igarapés e gamboas, União, de acôrdo com as observações
sejam formaodas de água doce ou sal- e previsões de marés, feitas pelo De-
gada, sejam ou não sujeitas às marés partamento Nacional de Portos e Nave-
que e~tiverem introduzidas, e encrava- gação ou pela Diretoria de Navegação
das em terrenos de fazenda, chácara, do Ministério da Marir:ha.
ou quaisquer outras propriedades em A seguir, entretanto, o Decreto-Iei
que não haja pública servidão". n.o 9.760, de 5 de setembro de 1946,
AcreSCenta a referida Circular: "de- restabeleceu a conceituação anterior-
vende-se nesse caso incluir na me- mente fixada pelo diploma de 1941 -
dição para o aforamento a extensão sO- o Decreto-lei n.O '3.438 - esclarecendo,
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porém, que a "influência das marés é cada ao serviço que se tinha em vista
caracterizada pela oscilação periódica executar, processo êsse consubstanciado
de 5 (cinco) centímetros, pelo menos, no Aviso n.o 155, de 14 de setembro
do nível das águas, que ocorra em qual- de 1903, dirigido pelo Ministro orla Fa-
quer época do ano" (parágrafo único zenda ao Engenheiro Teodósio Silveira
do art. 2. 0 ). da Mota.
Convém salientar, a propósito, que o A Municipalidade da Capital Federal,
Decreto-Iei n.o 2.490, de 1940, declara- que tinha a faculdade de aforar os
ra, ainda, que "a União não reconhece terrenos 'de marinha mediante aprova-
e tem por insubsistentes e nulas quais- ção do Ministério da Fazenda, obser-
quer pretensões sôbre o domínio dos vava, na determinação da linha do prea-
terrenos de marinha", ao passo que o mar médio a já citada Ordem de 12
Decreto-Iei n.o 9.760, de 1946, repetin- de julho de 1833.
do idêntica disposição, veio prescrever:
Após a expedição do citado Aviso
"A União tem por insubsistentes e
ministerial, foi, no ano de 1904, solici-
nulas quaisquer pretensões sôbre o do-
tado o Conselho Diretor do Clube de
mínio pleno dos terrenos de marinha e
Engenharia a se pronunciar sôbre o as-
seus acrescidos, salvo quando origina-
sunto, sendo o mesmo longamente dis-
dos em títulos por ela outorgados na
cutido pelas nossas maiores autorida-
forma do presente decreto-lei".
des técnicas.
Consoante as "instruções" de 14 de
novembro de 1832 pretendia o Govêr- Estas definiram o preamar médio e
indicaram o processo científico mais
no se procedesse à medição e demar-
prático para determiná-lo com a neces-
cação dos terrenos de marinha, existen-
sária exatidão, que constituiria em ob-
tes no país, quer na capital, quer nas
servar os preamares consecutivos du-
demais cidades e vilas das Províncias
rante uma lunação, pelo menos, tôdas
do Império, levantando-se plantas ge-
as vêzes que o mar estiver em "condi-
rais orlos trabalhos, para por elas, de
ções normais" mediante estacas gradua-
então em diante, se fazerem as conces-
das ou marégrafos, conforme o caso.
sões.
A suspensão dêsses trabalhos e o A linha ou orla arenosa que as águas
abandono dêsse processo demarcatório do mar deixam asinaladas nl:'. praia,
na sistemática do Decreto n.o 4.105, de ou melhor ainda, em listas nos roche-
1868, deram já à época origem a difi- dos, constituiria o melhor critério para
culdades para que pudesse ser assina- avaliar orlo grau de rigor das observa-
lada a linha do preamar médio que cor- ções levadas a efeito pelo processo pre-
respondesse ao estado do lugar, no tem- conizado, tanto mais quanto o preamar
po da execução da lei de 15 de novem- méd;o é tanto mais provável de ser a
bro de 1831. média dos valores dos preamares, quan-
Ora, não se dispunha, então, não só to mais próxima fôr dos preamares co-
de registros e observações maregráfi- muns" (Terrenos de Marinha, M. Ma-
cas regulares, como também de plantas druga, págs. ns. 506-575).
daquela época em que fôsse indicado Não foi, porém, indicado, à época,
o estado do local, com detalhes de relê- processo para fixação da linha do prea-
vo topográfico e configuração do li- mar médio de 1831, quando existissem
toral. aterros naturais ou artificais.
Na impossibilidade de determinar-se Sàmente em 2 de maio de 1933, a Di-
o preamar médio em qualque!" lugar, retoria do Domínio da União veio in-
sem uma longa série de observações, dicar normas a respeito da fixação da
foi forçoso estabelecer, na época, um linha do preamar médio de 1831, ao
processo que satisfizesse não só as exi- expedir a circular n. o 2 -- Instruções
gências legais, como as da técnica apli- para os serivços técnicos de Diretoria.
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(Vide Terrenos de Marinha, de Jair quer período do ano de 1831 e em cada


Rezende, págs. 117-123). um dêsses locais" (Ofício n.O 2.877-43).
Inexistindo em 1831 regi~tro e obser- Apreciemos, agora, as diretrizes que
vações regulares de marés na costa do tivemos oportunidade de baixar quando
Brasil, somente em 1867, com a divul- na qualidade de Diretor do S. P. U. e
gação do método de análise harmônica que estão, ainda, vigendo, quanto à de-
das marés, idealizado por Lord Kelvin, marcação da linha do preamar médio
removeram-se as dificuldades técnicas 'de 1831, em eonformidad2 com o dispoô-
então existentes. to nos arts. 9 a 14 do Decreto-lei n.o
Tais observa,?ões, mediante o emprê- 9.760, de 1946.
go do referido métooo, já vêm sendo Deverão ser obsarvadas as normas
utilizadas há longos anos, para vários que se seguem, estabelecidas na Ordem
pontos ao longo do litoral do Brasil, de Serviço n.o 2, de 17-8-1948:
inclusive> no pôrto de Santos, cumpre "I - A demarcação será feita por
ser regsitrado. trechos, devidamente definidos, que
J á em 19Z·0, determinou o Govêrno apresentem uniformidade de caracterís-
fôssem pelos Ministérios da Viação e ticos;
Obras Públicas e da Marin1:la, através
dos seus órgãos especializados, forne- •. IH - Examinada a documentação
cidos todos os estudos já realizados, à fornecida pelos interessados, ou obtida
proporção que o fôssem, referentemen- de outras fontes, e executados os traba-
te ao levantamento da costa marítima, lhos topográficos que se fizerem neces-
o mesmo determinando o Govêrno no sários, pelo Chefe da Delegacia, será
tccante a todos os estudos que pudessem determinada a posição da linha demar-
facilitar ou interessar o estabelecimen- canda, que 'deverá ser locada em planta
to da linha do preamar médio. (Regu- deEenhada em escala não inferior a
lamento que acompanhou o Decreto n. o 11: 500, acompanhada de memorial que
14.595, de 1920, art. 20). justificará as razões de convicção";
Determinou o Decreto-Iei n.o 4.120, "IV - A planta de que trata o item
de 1942, que a linha do preamar máxi- anterior poderá ser elaborada com ele-
mo seria determinada, normalmente, mentos de outras já existentes, orga-
pela análise harmônica de longo perío- nizadas pela repartição ou por outro
do baseada em observações contínuas órgão, desde que merecedoras de con-
durante 370 dias, e, na falta destas, fiança quanto aos requisitos técnicos";
pela análise de curto período, baseada "V - No caso de inexistência de
em observações de, no mínimo, 30 dias plantas naquelas condições, a reparti-
consecutivos. ção deverá providenciar o levantamen-
Por outro lado, o Tide Predictol' to da zona objeto de demarcação";
permite fazer o cálculo mecânico dos
preamares pHra qu::.isquer épocas, uma x - Para posterior apreciação dos
vez conhecidas as constantes harmô- trabalhos, o memorial exporá minucio-
nicas das principais ondas na consti- samente as razões em que se fundamen-
tuição da maré, em um pôrto determi- tou a determinação da linha fazendo
nado. remissão a posição dos elementos de
O Departamento Nacional de Portos convicção que, identificados por núme-
e Navegação, em 1943, comunicou ao ros ou letras, deverão ser assinalados
Domínio da União que "já tem calcula- em cópia da planta";
das estas constantes para inúmeros ·XI - O edital pelo qual, na forma
pontos da costa, não sendo assim difí- do art. 13, será dado conhecimento da
cil obter no Observatório Nacional, e determinação da linha, mencionará ex-
com o auxílio do Tide Predictor, seja plícita e discriminadamente os imóveis
reproduzida a curva da maré em qual- que, em conseqüência, estejam localiza-
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dos em terrenos de marinha e de acres- tos e plantas de autenticidade ir recusá-


cidos" ; vel. Como documentos, compreende-se os
estudos técnicos proceàidos em relação
"XII - As impugnações, porventura
à previsão das marés, à natureza do
apresentadas na forma do art. 13, deve-
solo, à vegetação, à localização de edi-
1'3.0 ser minuciosamente apreciadas, ob-
fícios ou obras públicas antigas, etc., e
servado o disposto no item X".
ainda, com fundamento em títulos, me-
Desnecessário se tornava expedir no- mórias, monografias e concesStÕes. E
vas normas técnicas para a realização servirão como documentos, também, não
dêsses trabalhos, tendo à vista já exis- só as plantas antigas propriamente di-
tirem as Instruções n.O 9, da D. C. R. tas, como os estudos realizados para o
~ ~,: aproveitamento.
da D. D. U., de 1943, aprovadas pelo
então diretor do Serviço, Engenheiro Após examinada a documentação bá-
Ulpiano de Barros, as quais por certo sica, obtida pelo órgão ou fornecida pe-
deveriam S[l' entendidas em consonân- los interessados, verificada a legahdade
cia com a norma legal vigente. dos mesmos e executados 05 trabalhos
Em 1942, o Ministério da Fazenda prévios de campo ou escritório que se
já havia exposto ao Exmo. Sr. Presi- fizerem necessários, o chefe do órgão
dente da República que não há razão local >do S.P.u., determinará a posição
para que se determinem tecnicamente da linha demarcada, que deverá ser
os preamares médio e máximo atuais, locada em planta, e fundamentará, mi-
e não se faça, também com a mesma nuciosemente, as razões de convicção
técnica e a mesma precisão, a deter- para posterior apreciação dos trabalhos.
minação dos de 1831" (E. M. n.o 1. 775-
42). A determinação da linha do preamar
médio constitui trabalho de engenharia
Por outro lado, não existe razão al- e é da competência privativa e indele-
guma para que não se fixe com a mes- gável do chefe do órgão local, segundo
ma precisão e a mesma técnica a po- preceito legal, entendimento, aliás, COD-
sição da linha do preamar médio de 6Ubstancia>do no item 111 da Ordem dt.
1831. Serviço do S.P.U. n.o 2, de 1948, já
É intuitivo que ° vulto e a extensão citada.
dos estudos e trabalhos técnicos para Para que tal trabalho e documenta-
a determinação da posição desta linha ção técnica tenham valor jurídico ou
não serão os mesmos, para cada em- possam ser submetidos a julgamento das
preendimento, mas dependerão, princi- autoridades competentes, deverão ser de
palmente, da existência ou não de ater- autoria de profissional habilitado, con-
ros naturais ou artificiais e do maior soante mandam o Decreto n.o 23.560,
ou menor número de documentos ou de 1933, Decreto-lei n.o 8.620, de 1946,
elementos técnicos a qu~ poderá recor- e atos complementares. (Decisão da
rer o órgão, em cada caso particular. CFEA de 14-7-58, Diário Oficial de
O estudo deve comprovar a recons- 29-7-58, ac. n.o 122, do C.T.U., de 21
tituição, a mais rigorosa possível, das de novembro de 1958, in D. O. de 5 de
condições locais existentes em 1831, ou dezembro de 1958).
pelo menos, em data posterior àquele Aliás, há dois séculos, início da le-
ano e o mais recuado possível, aten- gislação sôbre terrenos de marinha, tais
dendo aos relevantes interêsses da Fa- encargos já eram de competência dos
zenda. profissional da engenharia, nada ino-
Constituirão a documentação básica, vando a citada legislação quando pas-
para todos os efeitos legais, documen- sou a vigorar.
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Não cogitou, nem autoriza assim, o acôrdo com os preceitos da Topografia


diploma legal vigente - D.L. n. o 9.760, e que se faça a justa equivelência en-
citado - para que se procedesse, como tre as quotas do preamar médio e aque-
ocorreu no caso vertente, à prévia de- las que serviram de base à preparação
terminação da linha, por engenheiro da dessas plantas, a partir de zeros de
Delegacia, para ser submetida à apro- nivelamento perfe:tamente re!acioná-
vação (ratificação ou sanção) do che- veis.
fe do órgão local do S.P.U., em São
As determinações das linhas que se
Paulo, cabendo, apenas, ao referido au-
fizerem pelo processo direto, no terre-
xiliar a "realização dos serviços topo-
no, obedecerão, de um modo geral, ao
gráficos que se fizeram necessários"
princípio da transferência de uma quo-
nêles compreendidos, quer trabalhos de
ta constante, equivalente à do preamar
campo ou de escritório, quer os "estu-
médio local, em curva de nível marca-
dos prévios" de que fôsse incumbido
da por pontos topográficos.
por aquela autoridade, para que a mes-
ma procedesse, então, àquela determi- Quando se tratar de zonas edifica-
nação. das, para as quais se torna impraticá-
vel qualquer marcação corrida da linha
Atende-se que o "visto" ou "aprova-
no terreno, pode ser adotado o método
ção" em trabalho feito por subordina-
da utilização de perfís sucessivos, le-
dos implica em responsabilidade solidá- vantados no terreno ou em plantas que
ria, da chefia, inclusive sob o ponto de contenham dados de nivelamento, espa-
vista técnico, uma vez que, para o exer- çados no máximo de 250 metros, com a
cício do cargo é exigioda habilitação pro- interpolação dos elementos topográficos
fissional (Decisão do CFEA, cit.). necessários à determinação (le linha no
A determinação da posição da linha espaço intermediário (desde que. nesse
do preamar médio, quando reconheci- espaço, tôdas as inidicações aparentes
da a inexistência de aterros naturais comprovem o desenvolvimento regular
ou artificiais, nenhuma dificuldade téc- do terreno de uma seção até a seguin-
nica oferece. Deverá e~sa linha corres- te), a qual deverá constar de plantas
ponder à interseção da superfície de e ser oportunamente amarra'do a pontos
nível do preamar médio com o terreno fixos do terreno, de acôrdo com as in-
que existir na época de sua determi- dicações já mencionadas.
nação. Reconhecida a existência de aterros
naturais ou artificiais formados depois
Duas hipóteses se apresentam: as
de 1831, a fixação da posição da linha
Instruções -da D.D.U., de 1943 e a Or-
do preamar médio torna-se mais com-
dem de Serviço n. o 2, de 1948, indicam
plexa.
os processos a serem seguidos.
Inexistindo plantas com a superfície
Obtida a altura do preamar médio,
do terreno dada por levantamentos ter-
torna-se indispensável se obtenha tam-
restres precisos e, por outro lado, re-
bém a superfície do terreno, dada por
gistro e observações regula:-es ode ma-
levantamento terrestre preciso. rés, o Ministério da Fazenda procurou
Desde que existam plantas locais, em harmonizar sempre as recomendações
escala de redução de grandezas do ter- da L'~i com a realidade, sem qualquer
reno na proporção de 1: 1000, com cur- preter.são absolutista, dl> procurar mar-
vas de nível espaçadas de metro e meio, car, ainda hoje, no litoral, a linha teó-
podem essas piantas servir d2 fixação rica, ideal do preamar médio de 1831,
de linha, mediante trabalhos de escri- isto é, a que corresponderia ao traço
tório, de,de que mereçam fé pela per- ela superfície de nível de quota igual
feição de sua elaboração técnica, de à do preamar médio (como média das
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altura" dos val'!OS preamares de todo E isso porque não está o c:lefe do
o ano de 1831), com a superfície do ter- órgão regional adstrito à aceitação
reno que existia naquela época no lo- pura e simples do indicado em planta,
cal (in Revista de Direito Administra- porquanto, pela obtenção dêsses e de
tivo, junho de H145, pág. 291 (parecer "outros documentos", que se esforçará
do Diretor da DCR-DDU, Engenheiro por conseguir, determinará a posição da
Armando Godói Filho). citada linha (Decreto-lei n.O 9.760, cit.,
O intuito do Ministério da Fazenda no seu art. 13).
foi sempre de encontrar uma linha tan- f; com êsse sentido, entendo, terem
to quanto possível próxima da reco- sido emanadas as determinações ou pro-
mendada pelas leis, e harmonizar, sen- nunciamentos do órgão ou de seus téc-
satamente, as recomendações da lei com nicos.
a realidade numa matéria que, pela sua Para a utilização de plantas antigas,
natureza, não pooe comportar soluções de épocas próximas do ano de 1831,
rígidas (víde parecer cit.). que façam referência ao contôrno ma-
Os documentos constituídos por me- rítimo do litoral dêss3 tempo e, como
mórias, monografias e eSCrIturas rela- tal, possam servir de compl"ovação da
tivas ao ano de 1831, ou que do mes- formação de acrescidos, a partir dessa
mo se aproximem, quando obtidos, são, época, devem ser atendidas as seguin-
em geral, imprecisos. Subsídios valio- tes condições, consoante instruções já
sos, como cartas de aforamento de ter- citadas:
renos de marinha, outorgados no tem- a) pela redução ou ampliação des-
po do Império, são encontrados com re- sas plantas para a escala padrão dese-
lativa facilidade apenas nas Capitais nhadas em papel vegetal, e superposi-
ou grandes cidades litorâneas. ção respectiva de plantas modernas,
tecnicamente perfeitas, da mesma re-
As plantas relativas ao ano de 1831,
gião, desenhadas nessa escala, devem os
ou que do mesmo se aproximem, pas-
pontos fixos do terreno, nelas repre-
sam a constituir, em geral, a documen-
sentados (pontos êsses que, indiscuti-
tação "básica" para a fixação da li-
velmente, não possam ter sofrido alte-
nha do preamar médio daquele ano,
rações de posição durante o tempo de-
Ora, naquele tempo poucos e defi- corrido entre os levantamentos que ser-
cientes eram os levantamentos do lito- viram de base, respectivamente, à pre-
ral, feitos por processos expeditos, pou- paração dessas plantas) coincidir, exa-
co precisos e desenhados em pequena ta ou aproximadamente, com uma mar-
escala, com o fim especial de navega- gem de tolerância de 1/20 da distância
ção, indicando tão-somente o contôrno entre êles, tendo-se em vista, por ana-
do litoral, sem levantamento hipsomé- logia, o que estabelece o parágrafo
trico e, por outro lado, a superfície do único do art. 1.136 do Código Civil;
litoral vem sofrendo contínuas transfor- b) reconhecida a validade dessas
mações, alterando completamente o re- plantas antigas, por êsse processo, deve
lêvo topográfico. o contôrno do litoral que elas indica-
Assim, a orla marítima indicada em rem, devidamente amarrado aos pontos
plantas antigas ou modernas pode não fixos já referidos, ser tecnicamente
corresponder à do preamar médio re- t"ansferiojo para as plantas recentes,
lativo ao ano de sua feitura, mas po- ela mesma região, elaboraras pela re-
derá, no entanto, como ob3ervado ini- partiç20 ou por outro órgão, desde que
cialmente, a vír representar, em últi- merecedores de confiança quanto aos
ma hipótese, a linha do preamar médio rcc;uisitos técnicos;
de 1831 quando esta por prova técnica c) essa linha do litoral, assim tra-
ou documental não po~sa ser restabele- çada, desde que, em relação à situação
ci·da. 2tual do preamar médio e do terreno
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existente, se coloque em posição tal Em tôrno dessa planta e da linha do


capaz de indicar a formação de acres- litoral nela figurado, o Engenheiro-Che-
cidos, dEve ser tida como linha -do prea- fe da Seção de Cadastro da D. S. P . U.
mar médio de 1831, para todos os efei- em São Paulo, Eng. Eduardo Batista da
tos legais. Costa, teceu longas considerações (fls.
Desde que existam plantas locais an- 249) .
tigas, com o relêvo do solo, e pelas Ante o trabalho do S. P . U. e o con-
quais possa ser reconhecida a inexis- teúdo do recurso dos interessa-dos, tive
tência de aterros naturais ou artificiais, ocasião de me pronunciar em justifica-
a fixação da linha não oferece dificul- ção de voto que acompanha o acórdão
dade, como já exposto: deverá a mes- n. O 43, de 9 de maio de 1958, pelo qual
ma corresponder à interseção da linha êste Conselho converteu o julgamento
do preamar médio com o terreno, obser- em diligência, para que oS. P . U. (Diá-
vando-se as demais disposições antes ci- rio Oficial de 7 de julho de 1958):
tadas. a) fizesse "no processo uma demons-
Finalmente: quando não fôr possí- tração pormenorizada, gráfica e do-
vel o justo reconhecimento técnico dos cumentadamente, da maneira pela qual
aterros, naturais ou artific'lis, forma- foram extraroos das plantas antigas os
dos depois de 1831 nas zonas antes atin- elementos básicos para fixação da linha
gidas pelas marés, e assim não possa do preamar médio de 1.831, bem como
ser comprovada a sua existência, de- da correlação existente entre as referên-
verá a linha do preamar médio de 1.831 cias de nível consideradas";
corresponder à interseção da superfí- b) informasse .• se são exatos ou não
cie de nível do preamar méodio com o os elementos numéricos citados pelos re-
terreno que existir na época de sua de- correntes, nas fls. 184 (item 17) e 301
terminação. do processo, com relaçãl) à cota da linha
Os processos suscetíveis de emprêgo do preamar médio traçada pela Compa-
serão os já indicados, mediante traba- nhia Docas de Santos e a cota obtida
lhos de escritório ou de campo. com os dados coligados no Observatório
Quanto ao caso dos v.utos, cumpre-nos Nacional, com referência ao zero hidro-
por derradeiro, frisar que, segundo apu- gráfico, e in-dicasse .• a cota correspon-
rado nos mesmos, a planta mais anti- dente à linha do preamar médio de 1.831,
ga do local é a de 1.876, do Almirante na demarcação atual e anteriormente
Barão de Teffé, existindo, porém, plan- aprovada para a Ponta da Praia, to-
ta -de 1.903, da Comissão de Saneamen- dos com referência ao mesmo zero hidro-
to de Santos e da qual foi engenheiro gráfico".
Chefe o Dr. José Pereira Rebouças, Prestadas as informações e comprova-
apresentando esta última a situação ri- dos o trabalho e a documentação pelo
gorosa das condições locais em 1831, isto S. P. U., o aspecto técnico da relevante
é, inexistência de acrescidos até aquela matéria objeto de exame e julgamento
data no local demarcando, com levan- foi a seguir perquerido sob 0<; mais va-
tamento terrestre preciso, curvas de ní- riados ângulos, pelo Relator Sr. Con-
vel de 20 em 20 cms., que permitem lo- selheiro Engenheiro José Soares de Ma-
car com a devida precisão a linha do tos, dispensando-nos, assim, de maiores
preamar médio de 1831. comen tários.
Não oferecendo a citada planta hi- Essa, as razões que sustentam nosso
drográfica de 1.876 tais condições técni- voto, secundando não só as conclusões
cas, passou a de 1.903, evidentemente, a do emitido pelo Sr. Conselheiro Relator,
constituir a ., documentação básica" para como ainda guardando conformidade cOm
o procedimento. as próprias -diretrizes técnicas sôbre a
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matéria traçadas pelo Serviço do Patri- tido desta nossa justificação de voto.
mônio da União, qual se infere do sen- Francisco Behrensdorf Júnior.

ACôRDO INTERNACIONAL - ADMINISTRAÇÃO


- A entidade mista executiva de acôrdo entre o Govêrno
brasileiro e o de outro país não se confunde com os serviços
administrativos da União.

PRESID~NCIA DA REPúBLICA

PROCESSO P. R. N.o 8.140-59

Presidência da República. Consulto- Agricultura (E. T .A.), chefiada conjun-


ria-Geral da República. E. M. n.o 200, tamente por um co-Diretor brasileiro e
de 6 de outubro de 1959. Encaminha um co-Diretor americano.
o Parecer n.O 572-Z, da mesma data, O Escritório, nos têrmos do Acôrdo,
sôbre contratos entre serviços do Minis- possui patrimônio próprio, fornecido pe-
tério da Agricultura e o Escritório Téc- los dois Governos, e sua atuação se pro-
nico de Agricultura (Brasil-Estados cessa por intermédio de uma série de
Unidos). - .• Aprovo o parecer do Con- projetos, cujo objeto, recursos e nor-
sultor-Geral da República. Publique-se mas reguladoras constam de cada con-
na Íntegra. Em 23-10159 (Rest. Froc. tra to assinado pelo E. T . A. com o ór-
ao M. Ag. em 24-10-59). gão da Administração pública brasileira
interessado.
* Alega a Divisão de Orçamento do Mi-
PARECER nistério da Agricultura que a aplicação
das contribuições daquele Ministério
I - A presente consulta visa ao exa- para o E. T. A. se regem pela Lei n.o
me de certos aspectos jurídicos de con- 1.489, de 10-12-51, sendo, portanto, ile-
tratos avença dos entre dependências do gais, e suscetíveis de revisão, diversas
Ministério da Agricultura e o Escritó- normas constantes do Acôrdo, das Di-
rio Técnico de Agricultura (Brasil-Es- retrizes, e dos contratos, no que tange
tados Unidos), cuja ilegalidade foi ar- à designação do Executor do Projeto
güida pela Divisão de Orçamento da- estranho aos quadros ministeriais, à
quela Secretaria de Estado. prestação de contas e à fiscalização da
Em conformidade com o Acôrdo Ge- execução do projeto.
ral de Cooperação Técnica, firmado por Em bem elaborada exposição de mo-
troca de notas entre os Governos bra- tivos, o Departamento Administrativo
sileiro e norte-americano, os dois países do Serviço Público, chamado a opinar,
concluíram, em 26 de junho dp 1953, o n[(o só acentua a difere!lça entre o Fun-
Acôrdo para o Programa de Agricultu- do Conjunto Geral do E.T.A. e o Fun-
ra e Recursos Naturais aprovado pelo do Conjunto do Projeto, como também
Congresso Nacional at! avés do Decreto espanca as dúvidas suscitadas, concluin-
Leg:slativo n.O 20, de 8 de mélio de 1956. do no sentido 'de que basta à quitação,
O Acôrdo instituiu, como órgão admi- aludida na citada Lei n.O 1.489, a decla-
nistrador do referido Programa, uma ração de recolhimento da contribuição,
entid2.de mista de cooperação internacio- fornecida pelo E. T .A. ao servidor que
nal denominada Escritório Técnico de expedir a ordem de pagamEnto.

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