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Espiritualidade, Liderança

e Gestão

FABAPAR
F A C U L D A D E S B A T I S TA D O P A R A N Á
Copyright©2017 por Capa:
Paulo Vicente Ferreira das Neves APS
Editoração:
Todos os direitos reservados por: Manoel Menezes
AD Santos Editora
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80410-070
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Reginaldo P. Moraes, Dr.; Gleyds Domingues, Dra.; Antônio Renato
Gusso, Dr.; Sandra de Fátima Gusso, Dra.; Priscila R. A. Laranjeira,
Editorial; André Portes Santos, Diretoria; Adelson Damasceno San-
tos, Diretoria; Adelson Damasceno Santos Jr., Diretoria.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


NEVES, Paulo Vicente Ferreira das
Espiritualidade, liderança e gestão: as marcas de um ministério pas-
toral eficaz / Paulo Vicente Ferreira das Neves – AD Santos Edi-
tora, Curitiba, 2017. 192 páginas.
ISBN – 978.85.7459-461-3
1. Bíblia, Teologia
CDD 234.12
1ª edição: Dezembro de 2017.

Proibida a reprodução total ou parcial,


por quaisquer meios a não ser em citações breves,
com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:
Sumário
Dedicatória......................................................................................................................... 4

Agradecimentos............................................................................................................... 5

Prefácio............................................................................................................................... 6

Resumo.............................................................................................................................. 8

Introdução.......................................................................................................................... 9

1. A Espiritualidade do Pastor..................................................................................... 14

1.1. Religiosidade versus espiritualidade................................................................17

1.2 As bases da espiritualidade cristã.....................................................................20

2. A Liderança do Pastor............................................................................................... 50

3. A Gestão do Pastor.................................................................................................... 101

3.1 Os desafios da sociedade em transformação à gestão do pastor........102

3.1.1 Os desafios impostos pela globalização ....................................................104

3.1.2 Os desafios impostos pelo pluralismo.........................................................110

3.1.3 Os desafios impostos pela secularização...................................................114

3.1.4 Os desafios impostos pela privatização......................................................117

3.2 A necessidade de um pastor gestor.................................................................119

3.2.1 A diferença entre líder e gestor........................................................................ 121

Considerações Finais..................................................................................................... 128

Referências ....................................................................................................................... 132


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Dedicatória
Dedico este trabalho ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, o maior
exemplo de liderança servidora do mundo.

Dedico-o também aos meus pais adotivos Pedro de Oliveira e


Andreline Decothè de Oliveira (in memoriam) por dedicarem o melhor de
suas vidas na minha formação pessoal, ética e espiritual.

Dedico aos meus amigos de caminhada que contribuíram


decisivamente na minha formação profissional: os Drs. Edgard Barreto
Antunes, João Augusto Pinheiro, Sueli David Salviano Costa, Luiz Carlos
Pancoti, Everaldo Souza Costa e o Pastor Major BM William Laureano
Machado (in memoriam).

De maneira toda especial, dedico este livro à minha esposa Berna, que
com certeza se orgulha comigo pela conclusão deste importante conteúdo.

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Agradecimentos
Minha gratidão inicial é ao Senhor Jesus Cristo, que me vocacionou
para o sagrado ministério da ministração de Sua palavra, para assim levar
Deus às pessoas e as pessoas a Deus.

Obrigado à Faculdade Teológica Batista de Campinas, à Igreja


Batista do Cambuí, à família Ferreira Rodrigues, aos amigos Adilson Teles
Menezes, Edmar Pedrosa, Sonia Maria da Rocha Abreu, Helena Teles
de Oliveira, Elias Neves, Antônio Lazarini Neto, Rubens Nery de Almeida,
Leandro Costa e Eduardo Reigada de Toledo e Silva, que contribuíram
pagando o meu curso de mestrado, passagens aéreas, estadia em hotel,
alimentação e livros, para que eu pudesse concluir um ciclo importante da
minha formação profissional.

Sou grato a tantos que, anonimamente, oram pela minha vida


profissional e pelo ministério concedido a mim pelo Senhor.

Obrigado à amada Primeira Igreja Batista em Hortolândia (SP).


Sou honrado em servir ao Senhor ao lado de vocês, pois me fazem sentir
completamente realizado em minha vida. Amo demais vocês.

Ao meu primeiro orientador Prof. Dr. Gerson Joni Fischer, que, com
maestria me deu toda liberdade para trabalhar o assunto em enfoque e
ao meu orientador definitivo, Prof. Dr. Antônio Renato Gusso, que me
abençoou com conselhos fundamentais para sua conclusão. Que aquele
que é, que era e que há de vir, possa recompensar grandemente suas vidas.

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Prefácio
O professor e pastor Paulo Vicente Ferreira das Neves, com mais
de trinta anos de experiência no ministério pastoral, escreve este livro,
como resultado do trabalho final de seu mestrado em teologia, a partir
de uma pergunta. Ele levantou a seguinte questão: “Quais devem ser
as marcas fundamentais de um ministério pastoral eficaz diante dos
desafios impostos pelas transformações sociais e pelas metamorfoses
da cultura contemporânea?”. Feito isso, partiu para a resposta, a qual foi
apresentada em três capítulos que formaram um ótimo roteiro para quem
deseja realizar um ministério pastoral que, realmente, tenha efetividade.
Como ele bem demonstrou, para que seja desenvolvido um bom ministério
pastoral, deve ser dada atenção especial à espiritualidade, à liderança e à
capacidade de gestão do pastor.

O autor poderia ter escrito um livro semelhante a este com base


apenas em sua experiência, a qual é mais do que suficiente para respaldar
as suas afirmações. Contudo, sendo um trabalho de mestrado, partiu para
a pesquisa bibliográfica aprofundada, como pode ser confirmado nas
referências ao final da obra, que passam de duas centenas. Isso valoriza
ainda mais o seu trabalho, pois é a experiência aliada à pesquisa que
aparecem como resultado final desta obra.

O assunto tratado é importante e necessário. Em nossos dias, muitas


vezes, o ministério pastoral tem sido confundido com a administração de
uma empresa. Assim, não são poucos os pastores que, na melhor das
boas intenções, empregam tempo precioso de seus ministérios na busca
de auxílio nas técnicas de administração, em especial pensando em como
fazer crescer o seu empreendimento, no caso a igreja que ele “administra”.
Contudo, fica claro que igreja, ainda que tenha até certo ponto também
que ser gerida como uma pessoa jurídica, é muito mais do que isso, é
agência do Reino de Deus. Como tal, precisa ser liderada por pessoas
espirituais, tendo Jesus como base desta espiritualidade, com o dom
espiritual de liderança e que saibam que estão dirigindo a Obra de Deus.
Como se vê, este ministério eficaz está baseado muito mais no servir,
seguindo o exemplo de Jesus, do que no chefiar, seguindo os modelos
dos bem-sucedidos no meio secular empresarial.

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O livro é importante, instigante e de leitura agradável. Diferente da


maioria que trata de assuntos semelhantes na atualidade, em especial
pela diferenciação clara que faz entre liderança cristã e liderança geral, o
que muitos não têm feito. Vale o investimento em sua leitura. Eu gostei e
indico. Leia com atenção. Aproveite das suas orientações claras, aplique-
as, e tenha sucesso no ministério que Jesus lhe confiou, para honra e
glória de nosso Deus.

Tenha uma ótima leitura!

Prof. Dr. Antônio Renato Gusso

Faculdades Batista do Paraná – FABAPAR

Pró-Reitor

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Resumo
O ministério pastoral cristão é uma atividade religiosa-espiritual de
importância fundamental na sociedade contemporânea. A presente obra
procura trazer à tona uma discussão que tem se intensificado nos últimos
vinte anos sobre os principais fatores que devem se tornar as marcas
de um ministério pastoral competente e eficaz numa sociedade em
transformação. O propósito principal é investigar sobre espiritualidade,
liderança e gestão no exercício do ministério pastoral eficaz. Mesmo
vivendo tempos novos e difíceis, este livro tem relevância científica porque
confronta as informações técnicas multidisciplinares, que tem ajudado
os pastores e líderes eclesiásticos a enfrentar os sintomas agressivos
da globalização, do secularismo, da privatização e do pluralismo que
tem atingido a sociedade e chegado às igrejas que estão sob os seus
cuidados. Por outro lado, ao analisar os princípios, estratégias e práticas
de liderança apresentados pela literatura organizacional e, confrontá-
los com a literatura que prima por valores e práticas bíblicas-cristãs, ela
visa destacar a ênfase que se tem dado à espiritualidade contagiante, a
liderança impactante e a gestão pastoral relevante presentes no estilo de
liderança servidora de Jesus.

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Introdução
O ministério pastoral cristão é uma atividade religiosa-espiritual
muito antiga e de importância fundamental na sociedade contemporânea.
Mesmo enfrentando novos desafios frente ao contexto de uma sociedade
em processo de transformação, muitos pastores cristãos têm procurado
cumprir com dedicação e esmero as suas responsabilidades ministeriais.
A função pastoral, segundo as Sagradas Escrituras, envolve supervisão,
pastoreio, pregação, ensino, aconselhamento, visitação, treinamento e
formação de líderes.1 Segundo Fisher, ser pastor nos dias de hoje é muito
mais difícil do que em qualquer outra época de que se tem lembrança,2 pois
a realidade atual tem apresentado desafios complexos e interessantes
para as igrejas cristãs e, principalmente, para os pastores.

De acordo com Stowell, dentro do propósito de exercer


eficientemente o ministério nesta nova época, os pastores precisam
entender a natureza das mudanças e os elementos da tarefa pastoral
que estão em questão.3 A prática do ministério na contemporaneidade
exige confiabilidade, honestidade, pureza e abnegação do pastor.4 O líder
pastoral é responsável diante de Deus pela vida das pessoas que precisam
do seu cuidado espiritual, pois parte dos seus deveres é guiar a igreja local
e fazê-la crescer na experiência espiritual.5

Vamos tratar de é “Espiritualidade, liderança e gestão: as marcas


de um ministério pastoral eficaz” e a investigação partiu da seguinte
problemática: “Quais devem ser as marcas fundamentais de um ministério
pastoral eficaz diante dos desafios impostos pelas transformações sociais
e pelas metamorfoses da cultura contemporânea?”

Tratamos especificamente, a espiritualidade do pastor, pois, segundo


Arrais, a eficácia do ministério pastoral está ancorada na espiritualidade

1 MACARTHUR JR., John et al, 1998, p. 14.


2 FISHER, 1999, p. 5.
3 STOWELL, 2000, p. 18.
4 ARRAIS, 2011, p. 14.
5 ARRAIS, 2011, p. 35.

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do líder6 e ainda aborda as várias teorias e modelos de liderança e de


gestão que podem contribuir para aperfeiçoar o conceito de liderança
servidora centrada em Jesus.

A metodologia usada foi a bibliográfica explicativa, pois


a preocupação central foi identificar os fatores que contribuem
decisivamente para um ministério pastoral eficaz. Segundo Gil, uma
pesquisa bibliográfica explicativa visa identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos,
ou seja, que aprofunda o conhecimento da realidade.7 A investigação
foi executada utilizando como fontes primárias os principais textos
publicados sobre o tema e previamente selecionados, e como fontes
secundárias os artigos científicos publicados em periódicos de
teologia e administração. Para fundamentação bíblica a respeito do
estilo de liderança e gestão de Jesus, foi utilizada a Bíblia Nova Versão
Internacional e vários comentários bíblicos.

Os objetivos específicos são confrontar as informações técnicas


multidisciplinares objetivas que têm ajudado os pastores e líderes
eclesiásticos a enfrentar os sintomas agressivos da globalização, da
secularização, do pluralismo e da privatização que têm atingido a sociedade
contemporânea e chegado às igrejas que estão sob os seus cuidados;
analisar as teorias, princípios e práticas de liderança apresentados pela
literatura organizacional e destacar o estilo de liderança servidora de
Jesus na prática pastoral do século XXI.

Este assunto tem relevância porque numa sociedade em processo


de transformação não é possível edificar uma igreja dinâmica, forte e
vigorosa sem uma liderança pastoral que priorize uma vida piedosa, um
caráter semelhante ao de Cristo e aptidões funcionais de líder-gestor dadas
pelo próprio Deus. Para a edificação de uma igreja centrada em Cristo e
que cause impacto na sociedade contemporânea, faz-se necessário um
tipo de pastor cristão que seja espiritual, líder e gestor, à luz das Sagradas
Escrituras, e não uma pessoa que adota práticas mercadológicas para
fazer a igreja crescer em número e sem consistência bíblico-espiritual.
6 ARRAIS, 2011, p. 42.
7 GIL, 2008, p. 28.

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Esta abordagem visa verificar as marcas principais de um ministério


pastoral eficaz a partir do estudo sobre a espiritualidade, a liderança
e a capacidade de gestão do pastor. O interesse pelo tema nasceu
paulatinamente nos trinta anos de exercício pastoral, à medida que
revistas e manuais de liderança e gestão organizacionais foram lidos e os
seus princípios, valores, estratégias e práticas confrontados com outros
textos de liderança cristã.

Com o passar dos anos, a leitura de literatura sobre liderança


desenvolveu a percepção de que boa parte das teorias e dos princípios
ensinados pelos autores, conferencistas e consultores organizacionais
promoviam muitas ideias e práticas relevantes que, aliadas às Sagradas
Escrituras, poderiam ajudar no desenvolvimento de uma liderança pastoral
eficiente e eficaz. Porém, a consciência da necessidade de um pastor que
tenha espiritualidade contagiante, liderança e capacidade de gestão foi
se tornando uma preocupação constante e aí surgiu a possibilidade de
analisar, compreender e relacionar esses princípios e práticas à liderança
espiritual competente de Jesus para aplicá-la no ministério pastoral
contemporâneo.

Para dar conta de abordar os fundamentos teológicos, sociológicos


e organizacionais, bem como explicitar os dados da pesquisa bibliográfica
realizada, a presente dissertação está dividida em três partes. Na primeira,
parte-se do processo de secularização que transmudou o conceito de
vocação pastoral e depois se investiga os efeitos da crise de espiritualidade
no meio pastoral protestante. Em seguida, investiga-se o conceito de
religiosidade e de espiritualidade; a diferença entre religião, religiosidade
e espiritualidade; a natureza, o desenvolvimento e as condições da
espiritualidade humana, a espiritualidade de Jesus e os elementos que
integram a espiritualidade do pastor.

Na segunda parte, expõe-se as bases conceituais da liderança


pastoral no Antigo e no Novo Testamento, do fenômeno da liderança a
partir das variáveis que o norteiam; as principais teorias e modelos de
liderança, a liderança servidora centrada em Jesus e o modelo pastoral
para a igreja do século XXI, o perfil de liderança cristã partindo da análise
do texto bíblico para confrontar as perspectivas organizacionais e as

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contribuições das teorias de liderança na ação ministerial do pastor na


igreja local.

Por fim, na terceira parte, o assunto desenvolvido refere-se à


capacidade de gestão do pastor diante dos vários desafios da sociedade
em transformação e ao conceito de gestão eficaz. Analisa-se os efeitos
da globalização, da secularização, do pluralismo e da privatização sobre o
mundo, as organizações, a sociedade, a família e a igreja; a necessidade de
um líder pastoral que conheça o seu tempo e que esteja em sintonia com
a sua época para promover mudanças importantes na igreja e no mundo.

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1. A Espiritualidade do Pastor
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1. A Espiritualidade do Pastor
Algo muito estranho está acontecendo no universo pastoral
protestante contemporâneo: parece que alguns líderes espirituais não
estão sendo mais as referências positivas em termos de conduta ética,
espiritual e teológica. O problema deles é o divórcio entre a academia e
a piedade, o discurso e a vida, a teoria e a prática, a fé e as obras.8 Eles
falam sobre integridade, mas não são exemplos de santidade e fé; pregam
sobre o novo nascimento, mas agem como ímpios; dão conselhos para
que pessoas tenham uma vida espiritual sadia, mas não sabem ou nem
tentam lidar com o pecado de forma prática.

Esse problema é antigo porque o Cristianismo oficial (a fé


institucionalizada) tem experimentado uma crise de espiritualidade que
não nasceu hoje.9 Tanto é verdade que Stowell confirma no seu texto
que desde a década de 1960 tem havido uma mudança radical nos
pressupostos espirituais da sociedade ocidental e um enfraquecimento
continuado da autoridade pastoral no mundo, pois com a secularização
da cultura a posição de liderança espiritual do pastor foi reduzida a
casamentos e funerais.10

O processo de secularização chegou a um estágio tal que


“transmutou a concepção de vocação sagrada do pastorado”, o que
começou a impactar negativamente os líderes espirituais das igrejas
tradicionais, históricas e pentecostais, pois a função social dos pastores
foi alterada por conta do surgimento de profissionais que ocuparam o
espaço anteriormente destinados a eles.11

A espiritualidade é a vivência prática e sensata de uma fé religiosa.


Uma espiritualidade genuína é aquela que capacita as pessoas a viverem
com profundidade o seu tempo e a sua realidade, ou seja, aquela que está
longe da desconexão com o mundo político, social, econômico e cultural
da sociedade contemporânea.12
8 LIDÓRIO, 2008, p. 7.
9 DROOGERS, 1983, p. 114.
10 STOWELL, 2000, p. 17-19.
11 OLIVEIRA, 2015, p. 514.
12 CARO, 2009, p. 2.

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Com o avanço da secularização na sociedade ocidental, muitos


pastores foram atingidos por um fenômeno mais específico chamado de
“secularização da consciência”, qual seja, passaram a encarar o mundo
e suas próprias vidas sem o recurso das interpretações religiosas ou
espirituais.13

Na prática, esses pastores perderam a consciência de missão


pastoral e passaram a não considerar a espiritualidade cristã como algo
relevante para o exercício de um pastorado produtivo. Eles foram afetados
pelos seis elementos secularizadores: o materialismo, o hedonismo, a
permissividade, a revolução sem projeto, o relativismo e o consumismo.14

Para melhor compreensão do processo dinâmico de transformação


da sociedade ocidental e da crise de espiritualidade que tem atingido o
Cristianismo e o universo pastoral protestante contemporâneo, faz-se
necessário buscar a contribuição do movimento da Espiritualidade Integral
(Regent College, Canadá), que é bem conhecido no Brasil por conta da sua
visão da espiritualidade holística.15

Brasileiro descreve com sobriedade os efeitos da crise de


espiritualidade no meio pastoral protestante e os seus desdobramentos
Muitas vezes nós olhamos a questão pastoral e perguntamos
o que está acontecendo com o nosso mundo pastoral [...] nós
convivemos hoje com uma situação chamada crise pastoral. O
pastorado está vivendo um dos períodos mais críticos de sua

13 SILVEIRA, 2004, p.106.


14 ROJAS, 1996, p.14.
15 O movimento da Espiritualidade Integral não é extensão do movimento Teologia
da Missão Integral, mas ganhou vulto a partir do Congresso de Lausanne, na Suíça, em
1974. A Espiritualidade Integral tem como ponto de partida a missão de Cristo, a sua
completa obediência aos propósitos de Deus e os elementos da sua espiritualidade.
Quando o Regent College foi idealizado e fundado em 1968, pelo Dr. James M. Houston,
o seu foco era fazer da instituição um polo de difusão da espiritualidade cristã integral e
não só um núcleo de formação de líderes cristãos leigos. Entre os seus representantes
estão: James M. Houston, Gerald McDermott, R. Paul Stevens, Michael Green, Antônio
Carlos Barro, Richard Forster, Roberto Brasileiro, Harold Segura, Hernandes Dias Lopes,
Manfred Grellert, Arival Dias Casimiro, John Stott, Rubens Ramiro Muzio, Ronaldo Lidório
e Ricardo Barbosa (ABRANTES, 2010, p. 6-8).

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história. Primeiro, nós não sabemos mais ser pastor no mundo


em que nós vivemos. Nós estamos perdendo os nossos modelos,
os nossos ideais, nossa razão de ser. Segundo, nós vivemos em
um momento em que a sociedade vê o pastorado como aqueles
que levam o dinheiro como ponto central de sua vida [...] Vivemos
também uma crise entre nós mesmos, disputando igrejas,
disputando espaço, disputando local, disputando auditórios e
nós muitas vezes nos perdemos nessas críticas.16

Lopes, depois de uma exaustiva investigação, consegue ir mais longe


ao apresentar elementos concretos da crise de espiritualidade que tem
assaltado o universo pastoral protestante contemporâneo. Ele consegue
sinalizar que há no ministério pastoral, hoje, pessoas não vocacionadas
por Deus; que muitos pastores são preguiçosos, relaxados, gananciosos
e instáveis emocionalmente; que há muitos pastores medrosos que são
líderes fracos e confusos teologicamente para o exercício do pastorado;
que há pastores despóticos no ministério, enquanto outros são vítimas de
líderes truculentos e manipuladores na igreja local; que existem pastores
mal casados, com lares destruídos, descontrolados financeiramente e
com a vida cheia de pecado exercendo o pastorado.17

Os desafios do ministério pastoral numa sociedade em


transformação são muitos, mas nenhum deles direciona os pastores de
uma maneira mais poderosa do que a secularização.18 Primeiro, porque
ela desperta no pastor um fascínio pelo dinheiro e pelo poder institucional
ou denominacional; segundo, porque desenvolve no pastor um profundo
senso de autossuficiência na sua busca pelo sucesso; terceiro, porque
estimula no pastor uma preocupação constante com a concorrência
ministerial; quarto, porque impõe uma produção desordenada de eventos
e atividades eclesiásticas que resultam em nenhum crescimento espiritual
para a igreja; quinto, porque desvia o foco do pastor da sua vida conjugal e
familiar, e sexto, porque faz o pastor se descuidar profundamente da sua
vida espiritual.19
16 BRASILEIRO, 2010, p.148.
17 LOPES, 2013, p.13-34.
18 A secularização, segundo Grenz, Guretzki e Nordling, é uma nova sensibilidade
social e cultural que se manifesta através de um sistema de crenças que nega a realidade
de Deus, da religião e da ordem sobrenatural, sustentando que a realidade se compõe
apenas deste mundo natural e visível (GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2000, p.122).
19 PONTES, 2012, p. 2.

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O fato é que a eficácia e a relevância do ministério cristão hoje


dependem muito de uma ação pastoral centrada numa espiritualidade
que brota do Evangelho de Jesus. Não só hoje, como em todas as épocas,
o sucesso do ministério pastoral ainda depende disto. Sobrinho resume
bem essa questão:
O sucesso de um pastor não pode ser previsto nem aferido por
critérios humanos. Não pode ser julgado pelo número de membros
da igreja, nem pelo tamanho ou beleza do templo construído,
nem pela fama ou pelo salário do pastor, nem pelo movimento
financeiro da igreja. Pelos critérios humanos, carnais, todos
esses fatores poderiam indicar um pastorado bem-sucedido [...]
O sucesso no pastorado depende do coração do pastor diante
de Deus, não importa o tamanho da igreja, nem do templo, nem
a fama do pastor. O sucesso no pastorado será julgado por Deus
pela santidade de vida, pelo caráter honesto, pela humildade e
acima de tudo pela fidelidade do pastor à vontade de Deus.20

1.1. Religiosidade versus espiritualidade


Apesar do tema espiritualidade estar sendo utilizado com mais
frequência na contemporaneidade para se referir a uma reação objetiva
contra as perspectivas materialistas da sociedade em transformação, ele
ainda é tratado com reserva pelas ciências humanas e sociais. Moreira
explica que
[...] desde Descartes a ciência impôs a si mesma um preconceito
absoluto: deixou de levar em conta tanto as realidades
morais quanto as espirituais [...] E, nessas últimas décadas, a
contribuição da pesquisa científica tem revelado que fé e prática
religiosa não podem ser ignoradas ou excluídas do estudo e
análise com profundidade, tampouco ser taxadas como um
componente irrelevante da práxis humana [...] O pensamento
da contemporaneidade parece ter entendido que a despeito das
barreiras levantadas contra a religião, na verdade, ela se constitui
mais do que um objeto de investigação científica; a religião e a
espiritualidade constitui fundamentalmente o próprio gênero
humano.21

20 SOBRINHO, 2011, p. 2-3.


21 MOREIRA, 2013, p.15-16.

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O maior problema para definição do termo espiritualidade22 é a


confusão feita entre religiosidade e espiritualidade. Droogers explica que
a espiritualidade é uma experiência subjetiva que, às vezes, é emocional,
o que atrapalha a construção de uma definição, que é uma atividade
racional e objetiva.23 No entanto, McGrath afirma que a espiritualidade
é a busca por uma vida autêntica e satisfatória, envolvendo a união de
ideias específicas de determinada religião com toda a experiência de vida
baseada em e dentro do âmbito dessa religião. 24

No meio acadêmico, a religiosidade é a disposição incondicional


que uma pessoa tem para a religião ou para as coisas sagradas, enquanto
a espiritualidade envolve a encarnação dos princípios, valores e práticas
dessa religião. Segundo Abdalla, a espiritualidade, não raras vezes,
[...] é confundida com um momento específico de nossa
vida, com uma dimensão possível de ser isolada para ser
desenvolvida com maior atenção e até com exclusividade. Essa
deve ser a razão pela qual a expectativa das pessoas, quando
há a proposta de trabalhar a espiritualidade, é de que se venha
a falar apenas de oração ou de momentos de meditação e
contato direto com Deus. Ocorre como se houvesse em nossa
vida duas dimensões distintas, independentes e até opostas:
uma espiritual e outra material [...] Essa concepção não se dá por
acaso. Somos herdeiros de uma cosmovisão dualista originada
na Grécia e reforçada pela filosofia moderna [...] Como seres
situados histórica e geograficamente, somos influenciados pela
visão de mundo predominante. Por isso, carregamos o dualismo
platônico e cartesiano em nossa consciência e acabamos por
reproduzi-lo em nossa vida religiosa25

Enquanto a sociedade contemporânea vive a ilusão constante de


que religiosidade e espiritualidade são palavras sinônimas, o bom senso

22 Segundo Albin, o termo espiritualidade usado atualmente pelo protestantismo não


tem nenhum equivalente nas Escrituras, pois é de origem católica francesa e surgiu como
ramo definido da teologia somente no século XVIII, quando o jesuíta Giovanni Scaramelli
(1687-1752) estabeleceu a teologia ascética e mística como ciência da vida espiritual
(ALBIN, 2011, p. 377).
23 DROOGERS, 1983, p. 112.
24 McGRATH, 2008, p. 20.
25 ABDALLA, 2004, p. 2-3.

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teológico ou científico esclarece que esses dois termos descrevem


realidades parecidas, mas bem distintas. A espiritualidade é uma
experiência humana universal com o sagrado, enquanto a religiosidade é
o condicionamento dessa experiência humana aos dogmas, ritos, códigos
morais e grupos de pessoas que acreditam nas mesmas coisas.26

Já a religiosidade envolve um sistema de culto e doutrina que é


compartilhado por um grupo, enquanto a espiritualidade está relacionada
com o transcendente, com questões definitivas sobre o significado
proposto da vida.27 Espiritualidade e religião se complementam, mas
não se confundem, pois a espiritualidade existe desde que o ser humano
irrompeu na natureza, enquanto as religiões são mais recentes. E mais: a
religião é a institucionalização da espiritualidade, da mesma forma que
existe espiritualidade institucionalizada sem ser religião, como o caso do
budismo, que é uma filosofia de vida.28

A religiosidade é a extensão na qual um indivíduo acredita, segue


e pratica uma religião, pois envolve, necessariamente, um sistema de
adoração, princípios, crenças e valores partilhados com um grupo,
enquanto a espiritualidade é uma busca por respostas compreensíveis
para questões existenciais sobre a vida, seu significado e a relação com
o sagrado ou transcendente que podem ( ou não ) levar a ou resultar de
desenvolvimento de rituais religiosos e formação de uma comunidade.29

A espiritualidade é uma experiência viva da fé, que impulsiona


e motiva uma pessoa a viver neste mundo crendo na intervenção do
controlador do universo. É na dinâmica da espiritualidade que uma pessoa
demonstra o que faz com o que crê. É no exercício pleno da espiritualidade
“que se plasmam as diferentes camadas da textura humana: a racional, a
psíquica, a física e a espiritual”.30

26 KIVITZ, 2006, p. 1.
27 SAAD; MASIERO; BATTISTELLA, 2001, p.108.
28 BETTO, 2014, p. 1-2.
29 PANZINI et al., 2007, p.106.
30 HOCH, 2010, p. 43.

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A grande dificuldade para definir o termo espiritualidade se encontra


nas ciências da religião, pois elas possuem uma perspectiva mais distinta
e procuram construir uma definição que possa valer para todas as religiões
em geral, o que não acontece dentro da teologia cristã. 31

Nas ciências da religião a espiritualidade envolve um conjunto de


símbolos que são significativos para os seguidores de uma determinada
fé religiosa, só que existe uma preocupação com a observação, com os
pressupostos avaliativos e a flexibilidade do fenômeno.32 Já na teologia
cristã a espiritualidade tem um significado mais particular, exclusivo e
absoluto, fundamentado na Bíblia; sua regra de fé e conduta.

É fundamental o pastor contemporâneo compreender duas questões


importantes quando o assunto é espiritualidade. A primeira, é que a sua
religiosidade é um sistema particular e coletivo que consiste de crenças
e práticas organizadas e fundamentadas na Bíblia; e a segunda, é que
a sua espiritualidade precisa ser uma experiência viva e transformadora
que reflita a fé cristã e os ensinos bíblicos. Essa espiritualidade dinâmica
precisa levar o pastor a apontar soluções e a apresentar respostas para
os desafios que inquietam a sociedade contemporânea.

1.2 As bases da espiritualidade cristã


O tema espiritualidade33 esteve presente na história da Igreja Cristã.
Foi Jesus Cristo, o Supremo Pastor, quem introduziu a primeira proposta
de espiritualidade objetiva no seio da Igreja, ao falar de uma vida, “mais
próxima do coração de Deus”,34 e ao desafiar os seus discípulos dizendo:

31 DROOGERS, 1983, p. 113.


32 DROOGERS, 1983, p.128.
33 Segundo Higuet, a espiritualidade é a vida de fé por inteiro e mesmo a vida da pessoa
no seu conjunto, incluindo as dimensões corporais, psicológicas, sociais e políticas;
relaciona-se com a parte constitutiva da pessoa humana que está à procura de um sentido
integral e de uma significação irrestrita para a sua vida particular e para a vida em geral. O
núcleo espiritual é o centro mais profundo da pessoa, pois é por meio dele que a pessoa
se abre à dimensão transcendente e experimenta a realidade última (HIGUET, 2001, p. 8).
34 McGRATH, 2008, p. 11.

20
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“Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o pai celestial de vocês”.35

Na realidade, essa espiritualidade significava a prática da presença


de Deus e visava à transformação da consciência e do caráter dos seus
discípulos. Tanto é verdade que o apóstolo Paulo demostrou a encarnação
desse ideal ensinando com a vida e a voz: “Tornem-se meus imitadores,
como eu sou de Cristo”.36

A palavra espiritualidade nunca apareceu na Bíblia, mas as ideias de


formação espiritual, saúde espiritual, autoridade espiritual e de disciplina
espiritual sempre estiveram presentes.37 Na condição de Pastor e Mestre,
Jesus nunca usou a palavra espiritual ou espiritualidade porque os seus
ensinos revolucionários visavam à espiritualidade das pessoas. “Para
Jesus, não havia uma vida espiritual; para Jesus, a espiritualidade era a
vida”38 Por extensão, o apóstolo Tiago compreendeu essa realidade e a
destacou nos seus ensinos: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas
ouvintes”.39

Na ação pastoral de Jesus uma verdade ficou patente, não havia


a possibilidade de uma espiritualidade plena sem arrependimento dos
pecados, pois ele iniciou o seu ministério dizendo: “Arrependei-vos, porque
é chegado o reino dos céus”.40 E o apóstolo Pedro seguiu a mesma linha
pastoral do seu mestre enfatizando a mesma verdade: “Arrependam-se,
pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados.”41

Na ação pastoral de Jesus havia a dependência de Deus. A sua


espiritualidade era demonstrada pela sua vida de oração,42 por intermédio
da sua consciência de missão43 e pela sua preocupação em formar líderes
35 Cf. Mt 5.48, Nova Versão Internacional (NVI, 2011).
36 Cf. 1Co 11.1.
37 HOUSTON, 1990, p. 60.
38 D’ARAUJO FILHO, 1992, p. 27.
39 Cf. Tg 1.22.
40 Cf. Mt 4.17.
41 Cf. At 3.19.
42 Cf. Mc 1.35.
43 Cf. Mt 4.23.

21
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que dariam continuidade à sua grande comissão.44 Existem pastores


que possuem uma mente brilhante, um forte senso de autoridade e uma
inteligência emocional impactante que contribui para a construção de
bons relacionamentos, mas que não necessariamente experimentaram
a ação do Espírito Santo em suas vidas, ou seja, não se aprofundaram
num relacionamento com Deus. Eles leem, ensinam, pensam e escrevem
sobre Deus, mas não possuem a menor ideia do que possa ser uma
espiritualidade cristã que possibilite ter uma experiência plena com Deus.45

Lopes e Casimiro, preocupados com essa crise de espiritualidade


no meio pastoral protestante brasileiro, destacam que:
Precisamos clamar para que o Senhor envie obreiros, líderes
espirituais vocacionados por ele mesmo. A maior crise da igreja
hoje é vocacional: pessoas não convertidas trabalhando no serviço
da igreja, homem sem vocação divina ocupando o pastorado
e liderando a igreja [...] Como é triste ver homens que se dizem
donos de ministérios ou proprietários de igrejas, manipulando e
explorando vidas aflitas e exaustas como se fossem ovelhas que
não têm pastor. Como é triste ver empresários eclesiásticos que
comercializam de forma impiedosa a fé.46

Nenhum pastor47 comprometido com os princípios, valores e


práticas do Reino de Deus poderá desenvolver uma espiritualidade cristã
sem compreender que a espiritualidade é uma necessidade intrínseca
de todo ser humano;48 sem ter em mente um conceito bem firmado
do Cristianismo evangélico; sem entender que um ministério pastoral
relevante e eficaz tem o propósito de buscar, antes e acima de tudo, a
glória do Deus Altíssimo.

44 Cf; Mc 1.16-20; At 9.3-6; At 26.14-18.


45 McGRATH, 2008, p. 24-25.
46 LOPES; CASIMIRO, 2011, p. 67-68.
47 Na Convenção Batista Brasileira (CBB), a ordenação de mulheres encontra-se em
debate desde o ano de 1976, mas a interpretação bíblica a esse respeito não é unânime.
Mesmo tendo 239 pastoras ordenadas pelas igrejas, a Ordem dos Pastores Batistas do
Brasil (OPBB), órgão da denominação que emite as carteiras pastorais, não aprova a
decisão das igrejas e não reconhece as mulheres pastoras (CINTRA, 2016, p. 1).
48 FILIPE, 2011, p. 2.

22
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Segundo Stott, “o Cristianismo evangélico é teológico em seu


caráter, bíblico em sua essência, original em sua história e fundamental
em sua ênfase”.49 Isto implica acrescentar que a espiritualidade cristã
está alicerçada no amor incondicional de Jesus Cristo pela humanidade,
na construção de uma identidade santa que reflita a glória de Deus, no
quebrantamento da pessoa que precisa do perdão e da restauração divina
e no exercício de uma fé que fortaleça a vida pessoal, ética e espiritual do
crente que lê e obedece as orientações de Deus nas Sagradas Escrituras.

Essas palavras, consequentemente, pontuam que a espiritualidade


cristã do pastor precisa ser vivencial, construída à luz da Bíblia e do exemplo
de Jesus Cristo; precisa ser consistente e coerente para fazer frente
aos grandes desafios socioculturais, filosóficos, teológicos e espirituais
de uma sociedade em transformação. Esse Cristianismo encarnado
pela espiritualidade viva só acontece no encontro entre fé, Evangelho e
cultura.50 A fé cristã é prática, no Novo Testamento existem mais de 230
textos bíblicos que falam das responsabilidades dos cristãos para com a
sociedade e o mundo. Os pastores e as igrejas precisam emergir como
o braço estendido de Deus, cheio de graça e misericórdia diante de um
mundo sem esperança, pois a chave para se mudar uma cultura é servir à
sociedade no Espírito de Jesus Cristo.51

1.2.1 A natureza da espiritualidade cristã


A espiritualidade cristã envolve um profundo compromisso do crente
em Cristo de ser parecido com Deus.52 Porém, esse compromisso espiritual
não pode se tornar uma realidade sem o direcionamento do Espírito Santo
na vida do cristão, que busca um relacionamento duradouro com Deus.53 A
espiritualidade cristã é um relacionamento do cristão com Deus e sua vida
no Espírito como membro da igreja de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo,

49 STOTT, 2015, p. 37.


50 MARRIEL, 2006, p. 73.
51 DRAPER, 1993, p. 94-95.
52 ERICKSON, 2011, p. 70.
53 ANDRADE, 1998, p.142.

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um compromisso que molda todas as dimensões da sua vida.54

Para explicar a natureza da espiritualidade cristã, destacamos cinco


verdades: a primeira, é que o ascetismo55 não define a espiritualidade do
cristão em toda a sua essência; a segunda, é que a revelação bíblica não
deixa dúvidas quanto à ideia de um Deus pessoal que se relaciona com
a humanidade e estabelece a sua vontade e propósitos nas Sagradas
Escrituras; a terceira, é que a espiritualidade cristã é cristocêntrica, ou seja,
subentende o crescimento e o dinamismo de Cristo no crente; a quarta,
é que a espiritualidade cristã é a operação da graça de Deus no interior
do homem, tendo o seu começo na conversão e o seu término na morte
ou na Segunda Vinda de Cristo; a quinta e última, é que a espiritualidade
cristã, necessariamente, produz o convívio fraternal e a comunhão dos
santos aprofunda o seu caráter.56

A natureza da espiritualidade cristã é tão impactante que Muzio


destaca os seus grandes pilares
Os dois grandes pilares da espiritualidade mais enfatizados
na história da Igreja são o conhecimento de Deus e o
autoconhecimento. Ou seja, o seu grau de vitalidade e
espiritualidade será diretamente proporcional ao progresso
nessas duas áreas. Toda genuína espiritualidade começará com
o conhecimento de Deus, a compreensão da sua presença e a
aceitação do seu amor paternal. O DNA da vida cristã se inicia
com o avanço do seu relacionamento com o Pai, com o Filho
e com o Espírito. Não serão as suas diversas experiências
espirituais e emocionais que o levarão a Deus, mas a profunda
compreensão de sua presença, sua realidade e seu caráter [...]
Além disso, a vida cristã autêntica será uma caminhada em
direção ao conhecimento de si mesmo; à real visão da alma
carente, solitária e pecaminosa [...] Este é o verdadeiro espírito da
vida cristã: o reconhecimento da natureza humana, da tendência
traiçoeira e impura do coração, do pecado residente que polui e
condena o homem diante de Deus. Por trás da complacente e
aparente bondade do ser humano, reside o mal que desonra o
Criador [...] A satisfação e o prazer de seguir Jesus – tornar-se
54 GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2000, p. 50.
55 O ascetismo é a prática da autodisciplina, especialmente a renúncia de certos
prazeres físicos. No entanto, Andrade explica que a ascese, à luz da Bíblia, não significa
necessariamente espiritualidade, pois é possível ser ascético e ao mesmo tempo
extremamente carnal, ou seja, refém consciente do pecado (ANDRADE, 1998, p. 55).
56 HOUSTON, 1990, p. 62.

24
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seu aprendiz e discípulo – devem ultrapassar toda e qualquer


satisfação diária trazida pelos prazeres do cotidiano e do mundo.57

A natureza da espiritualidade cristã exige um profundo conhecimento


de Deus e isto requer disposição para ler as Sagradas Escrituras e se
submeter aos seus princípios e práticas espontaneamente. Para o pastor
evangélico que deseja vivenciar uma espiritualidade que cause impacto
na vida das pessoas, é essencial não perder de vista que “a vida cristã
deve ser definida como uma busca sem fim de Deus”.58

Numa sociedade em transformação marcada pelas ondas de


pluralismo (culto das diferenças), de efemeridade (culto das emoções), de
fragmentaridade (culto das divisões), de alteridade (culto das mudanças),
de desconstrucionismo (culto à relatividade), de divergência (culto à
suspeita) e de instantaneidade (culto da superficialidade do momento),59
requer-se que o pastor compreenda que a sua espiritualidade (vida em
Deus e com Deus) se tornará uma grande referência para a igreja local e
para a comunidade onde ela está plantada.

A espiritualidade cristã vivenciada por um pastor fiel fará dele uma


referência de fé para uma sociedade enferma, desencorajada e sem
esperança; uma referência de sabedoria que o transformará num líder
com vida moral ilibada diante de Deus e dos homens. Essa espiritualidade
pode ser compreendida como uma ação impactante do Espírito Santo na
vida pessoal, eclesial e social desse pastor, de tal forma, que por meio dela
ele frutificará no mundo exercitando o poder da sua fé em Cristo.

1.2.2 As condições da verdadeira espiritualidade cristã


De acordo com o ensino bíblico, não existe espiritualidade verdadeira
sem a direção do Espírito Santo de Deus sobre os crentes em Cristo,60
pois essa espiritualidade engloba o corpo (porção limitada da matéria
e templo do Espírito Santo), e as três dimensões da alma: a mente (os
pensamentos), o coração (os sentimentos e as emoções) e a vontade.
57 MUZIO, 2011, p.12-14.
58 MUZIO, 2011, p. 21.
59 CARNEIRO, 2008, p. 3.
60 Cf. Rm 8.24; Gl. 5.18; Jo 16.13; 1Jo 2.20,27.

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Quem pretende vivenciar essa espiritualidade viva tem o


compromisso de não entristecer o Espírito Santo,61 e nem de extinguir a
sua ação,62 terá que andar no Espírito63 e enfrentar a dinâmica do pecado
(a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e o orgulho dos bens), num mundo
corrompido e corruptor.64

O mestre Jesus ensinou que o poder do Espírito Santo é uma


condição indispensável para o exercício do ministério pastoral.65 No entanto,
salienta-se que o exercício de uma santa vocação não tira do pastor a
responsabilidade de cultivar uma vida de santidade diante de Deus.66

A espiritualidade pastoral impõe um constante desafio de fazer


morrer as ambições e vaidades pessoais que atrapalham a expansão do
Reino de Deus, não pode ser uma farsa para o pastor. Ela precisa ser um
enfrentamento de contradições e de vulnerabilidades. A compreensão
da profundidade desse desafio é compreendida na seguinte explicação:
“hoje há um grande abismo entre o que falamos e o que fazemos; entre o
discurso e a vida; entre a doutrina e a prática”.67

O foco da espiritualidade cristã é a dependência do Espírito Santo


para o cumprimento dos propósitos de Deus neste mundo e neste tempo,
fator fundamental na vida do pastor. Sem essa dependência do Espírito
Santo ele não crescerá em direção a Cristo. Sousa confirma esta realidade
teológica declarando que,
O propósito da espiritualidade cristã é o nosso crescimento em
direção a Cristo, ser conformados à imagem de Jesus Cristo. Não
se trata de um ajustamento sociológico ou psicológico, de sentir-
se bem emocionalmente ou socialmente, mas de um processo
de crescimento e transformação [...] O fim de uma espiritualidade
cristã está numa humanidade madura e completa em Cristo [...]

61 Cf. Ef 4.30.
62 Cf. 1Ts 5.19.
63 Cf. Gl 5.16,25.
64 Cf. 1Jo 2.16.
65 FERNANDO, 2013, p. 29.
66 BAXTER, 1989, p. 59.
67 LOPES, 2013, p. 89.

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Portanto, a vida espiritual não é um processo de ajuste de valores


sociais dominantes, mas um caminho que envolve crise e
transformação onde a tensão entre a Palavra de Deus e o mundo
estarão sempre presentes [...] Sabemos que a leitura e meditação
nas Sagradas Escrituras nos consola, edifica e conforta, mas
também nos desafia, provoca e confronta. Este confronto exige
um diálogo constante entre a Palavra de Deus e o mundo que
vivemos. Paulo escreve aos romanos e roga para que não sejam
conformados com o mundo, mas transformados pela renovação
da mente. Noutra ocasião, ele fala da necessidade de termos a
mente de Cristo, ou seja, pensarmos com os mesmos critérios,
valores e princípios que Cristo pensava [...] É preciso deixar a
Palavra de Deus iluminar nosso mundo interior, transformá-lo
em Cristo, restaurar nossa vida à imagem de Deus e resgatar a
imagem do Deus revelado em Cristo Jesus.68

A espiritualidade do pastor fortalece o seu propósito de não amar


o mundo nem as coisas que nele há, conforme a orientação dada pelo
apóstolo João.69 Essa espiritualidade viva e transformadora faz o pastor
entender que amar a Deus de todo coração e acima de todas as coisas,
dentro da perspectiva de Jesus, implica em apaixonar-se (se interessar
vivamente) por Ele, ter intimidade com Ele, se comprometer com Ele e
com as coisas dEle.70

Para se constatar nas igrejas evangélicas contemporâneas uma


liderança pastoral trabalhadora, criativa, corajosa, piedosa, motivadora e
formadora de líderes,71 será necessário desenvolver uma vida devocional
(cultivo de uma relação íntima com Deus a partir da leitura bíblica e da
oração), a base de uma espiritualidade cristã sadia.

A base da espiritualidade pastoral contemporânea tem de ser Jesus


Cristo. A espiritualidade de Jesus foi fortemente marcada pela oração, pela
obediência incondicional ao Pai e pelo poder sobrenatural para desbaratar
as forças do inferno.72 E o apóstolo Pedro enfatiza que Jesus Cristo, o
Supremo Pastor, só exerceu um ministério pastoral de impacto, primeiro,
porque o Pai o ungiu com o Espírito Santo e poder e, segundo, porque o

68 SOUSA, 2013, p. 6-7.


69 Cf. 1Jo 2.15-17.
70 Cf. Mt 22.37.
71 PEREIRA, 2014, p. 76.
72 LOPES, 2000, p. 69-95.

27
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próprio Deus era com Ele em toda obra que realizava.73

Quando o pastorado cristão é exercido debaixo da ação do Espírito


Santo, compreende-se que não é normal que pastor se torne refém da
secularização,74 da imoralidade, das vaidades e do engano. “Aqueles que
estão cheios do Espírito terão cuidado em não deixar que qualquer sombra
moral afete suas vidas à luz de Jesus”,75 pois a verdadeira espiritualidade
depende, necessariamente, de uma atitude positiva de confiança na
presença e no poder do Espírito Santo que habita no crente.76

1.2.2.1 Não entristecer o Espírito Santo


“A primeira condição para uma espiritualidade cristã é não entristecer
o Espírito Santo”.77 O Espírito pode se entristecer quando o cristão é
direcionado por sentimentos e atitudes que ferem os relacionamentos e
que ameaçam a comunhão entre os crentes.

Ao analisar o quarto capítulo da epístola paulina aos Efésios, o


autor explica que é preciso abandonar seis atitudes pecaminosas que
entristecem o Espírito:
1. A amargura (ressentimento);
2. A indignação (explosão e acesso de cólera súbita);
3. A ira (atitude prolongada de hostilidade e ódio contínuo);
4. A calúnia (perpetuação da maledicência);
5. A gritaria (explosão súbita de cólera);
6. A maldade (desinteresse em ajudar alguém necessitado).78
A espiritualidade só se torna a marca de um ministério pastoral
eficaz, quando o pastor cristão compreende que não pode entristecer
73 Cf. At 10.38.
74 A secularização é o processo pelo qual ideias e instituições religiosas estão
perdendo sua significação social, com as ideias tornando-se menos significativas e as
instituições, mais marginalizadas (LAUSANNE, 2007, p. 110).
75 STEVENS; GREEN, 2008, p. 73.
76 CHAFER, 1986, p. 95.
77 CHAFER, 1986, p. 7.
78 MONTEIRO, 1994, p. 99-100.

28
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o Espírito Santo. De acordo com Stott, “entristecer o Espírito” significa


insultar o Espírito Santo com pensamentos, sentimentos, emoções e
atitudes carnais; implica ignorar os ensinos e orientações do Espírito de
Deus quanto à santidade da conduta; significa causar tristeza, dor, aflição
ou sofrimento ao Espírito de Deus por meio dos sentimentos e atitudes
que promovem dúvidas, revoltas, desunião e impureza no seio da igreja.79

Existem fatores que conspiram contra a espiritualidade do pastor


contemporâneo. Na medida em que a vocação pastoral vai sofrendo o
impacto da secularização, a espiritualidade do pastor vai sendo minada
pelo pragmatismo (abuso do que é prático e conveniente, mas nem sempre
ético), pela visão materialista do ministério, pela competição com outros
ministérios e pela perda do cultivo de um relacionamento com Deus,80 e
estas coisas entristecem o Espírito Santo.

A espiritualidade do pastor precisa refletir a manifestação


desimpedida do Espírito Santo que habita nele e isto impõe deveres
espirituais e morais que são desafiadores. Ele precisa ser humilde, manso,
e longânimo, terá de preservar a unidade do Espírito no corpo de Cristo81
e apresentar sinais de maturidade espiritual por meio da estabilidade
doutrinária, do amor incondicional e da fidelidade no cumprimento da
tarefa pastoral no corpo de Cristo.82

A falta de sensibilidade e de respeito do pastor pelas coisas de


Deus é um dos fatores que entristece o Espírito Santo. Um fato teológico
é verdadeiro: um pastor não experimentará um crescimento espiritual
genuíno sem romper com as práticas pecaminosas que marcaram a sua
vida antes do seu encontro com Cristo, pois a ausência de espiritualidade
cristã no pastor pode induzi-lo a uma vida de impiedade, impureza e
mundanalidade.83 “Um ministro mundano representa um perigo maior

79 STOTT, 1994, p.139.


80 ABREU, 2007, p. 1.
81 Cf. Ef 4.1-13.
82 VAUGHAN, 1986, p. 112-113.
83 Mundanalidade, segundo Ferreira, significa atitude mundana, não espiritual; tendência
para os gozos materiais; vida desregrada; libertinagem (FERREIRA, 1980, p. 1166).

29
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para a igreja do que falsos profetas e falsas filosofias.”84

Souza alertou às igrejas da década de 1930 para tomarem cuidado


com os falsos pastores, pois eles eram egoístas, covardes, gananciosos,
embrutecidos, faziam as ovelhas errarem o caminho da santidade e ainda
se escondiam por detrás de uma máscara de fingida piedade.85

Ao confrontar pastores e líderes cristãos da década de 1950, Orr


destacou que o caminho para agradar o Espírito Santo de Deus era sondar
o coração e os pensamentos, porque muitos crentes não conheciam a
vulnerabilidade dos seus sentimentos e nem reconheciam que cometiam
pecado no calor de suas afeições, desejos e paixões; não percebiam que o
homem era aquilo que pensava no seu interior, que o assassínio começava
no ódio; o roubo; na cobiça e o adultério, nos pensamentos impuros.86
Já Riggs orientou aos pastores da década de 1980 a desenvolverem
como características espirituais que alegram o Espírito Santo o profundo
amor por Deus e pela sua causa, uma fé centrada em Cristo, uma vida
de santidade, a prática da humildade e da paciência, além de um espírito
perdoador, mas ele destacou que a tentação de ganhar dinheiro ou adquirir
bens materiais poderia distrair o pastor e desviá-lo da fé e do exercício
correto da sua vocação.87

No final da década de 1990, Stowell insistiu com os pastores que o


caráter cristão ainda era levado em conta por Deus e que a melhor maneira
de agradar o Espírito Santo em tudo era exercerem uma liderança com
a vida (linguagem, conduta, sensibilidade, profundo amor, fé inabalável,
capacidade de perseverança e compromisso com a santidade).88 Na
primeira década do século XXI, Gomes reafirmou o pensamento paulino
para os pastores desta geração, declarando que é impossível agradar o
Espírito Santo “quando o ego, o orgulho e as ambições individualistas
ocupam algum espaço no coração do pastor”.89
84 LOPES, 2002, p. 21.
85 SOUZA, 1939, p.10-12.
86 ORR, 1952, p. 48-49.
87 RIGGS, 1986, p. 59-65.
88 STOWELL, 2000, p. 147-245.
89 GOMES, 2009, p. 2.

30
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Se Deus não permanecer no centro das idealizações e motivações


dos líderes cristãos, eles se tornarão vulneráveis e confusos, levando-os
a ceder às seduções da mentira e do engano, envolvendo-se em ilusões
e paixões, numa busca insana de falsas realizações, adoecendo a alma e
assassinando o corpo.90

Para que o líder pastoral tenha o seu coração fortalecido e atento


para vencer essas questões, são apontadas quatro maneiras a partir das
quais o Espírito Santo produz sua transformação nos vocacionados do
Reino de Deus.

Primeiro: muda o indivíduo a partir do mais profundo do seu ser;

Segundo: integra a mente, as emoções e a vontade desse líder;

Terceiro: capacita o obreiro para ser útil;

Quarto: ele desenvolve no pastor uma viva esperança.91

1.2.2.2 Não apagar a manifestação do Espírito Santo


A segunda condição de uma espiritualidade cristã saudável é não
impedir a manifestação do Espírito Santo no ministério pastoral. Existe
um forte chamado nas Escrituras para se manter a evidente ação do
Espírito no coração humano a fim de que as pessoas sejam sempre
cristãs devotas e abertas e compreendam o agir de Deus pela fé.92 Por
conta disto, o pastor contemporâneo será guiado em sua sensibilidade
e percepção para entender a inspiração do Espírito Santo e nunca fazer
oposição à obra do Espírito de Deus.

Marshall explica que em algumas igrejas cristãs primitivas havia


um uso abusivo dos dons espirituais e, principalmente, o de profecia,
razão pela qual muitos líderes se tornaram demasiadamente reservados,
céticos e não abertos à inspiração do Espírito Santo. Foi por causa desta
situação que o apóstolo Paulo escreveu à igreja de Tessalônica instruindo
90 SOUSA, 2013, p. 62.
91 ATIENCIA, 1999, p. 38-41.
92 HENDRIKSEN,1998, p. 206.

31
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tanto os crentes quanto os seus líderes sobre a necessidade de o Espírito


Santo edificá-los.93

É importante o pastor contemporâneo desenvolver uma relação


afetiva profunda com Deus, porque, sem perceber, ele pode agir de forma
a impedir a manifestação intensa do Espírito Santo no seio da igreja local,
tomando decisões importantes direcionado pelos efeitos correlativos do
pluralismo na cultura em que está inserido.

De acordo com Carson, os efeitos correlativos do pluralismo na


cultura são poderosos para confundir as igrejas e os pastores.94 Ele aponta
vários efeitos do pluralismo na cultura, mas destaca a secularização
acelerada, a ampla difusão da teosofia da Nova Era, o pragmatismo
crescente, a hegemonia da cultura pop, o fortalecimento do individualismo
narcisista, a transformação do modelo psicanalítico freudiano em cultura
terapêutica, o crescimento e a expansão do analfabetismo bíblico no seio
do protestantismo contemporâneo.95

A secularização é muito mais do que um fenômeno histórico-social


em que as pessoas negam a realidade de Deus, da religião e da ordem
sobrenatural; na realidade, ela é um sistema de crenças, uma atitude
e um estilo de vida que nega ou ignora a existência de Deus.96 Com a
secularização acelerada, o pragmatismo crescente passa a negar de
modo enfático as fontes transcendentais da verdade e dos valores que
orientam a sociedade.97

93 MARSHALL,1993, p. 187-188.
94 Para Carson, os correlativos do pluralismo na cultura se referem a uma variedade de
correntes sociais que, em parte, são causas e, em parte, são efeitos do próprio pluralismo.
Ele exemplifica que o analfabetismo ou desconhecimento bíblico contribuiu para a
expansão do pluralismo filosófico em praticamente todas as áreas do saber (história, artes,
literatura, antropologia, educação, filosofia, psicologia, ciências sociais ) e, cada vez mais,
até mesmo nas ciências difíceis, como a física e a astronomia (CARSON, 2013, p. 37,52).
95 CARSON, 2013, p. 37-51.
96 GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2000, p. 122.
97 CARSON, 2013, p. 45.

32
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A Nova Era ou Neopaganismo é um movimento religioso-filosófico


resultante da expansão do pluralismo na sociedade e que procura
ressuscitar as várias formas de gnosticismo da Antiguidade. A Nova
Era se apoia na teosofia, que é uma filosofia mística ligada ao budismo
e ao lamaísmo.98 Ela envolve um sistema de autossalvação (evolução e
reencarnações) que influencia e orienta a cultura popular,99 essa filosofia
enfraquece a percepção das pessoas sobre o Deus da Bíblia, dá outro
significado ao conceito de mal e desenvolve uma espiritualidade em que
não há necessidade de um mediador e nem de um sacerdote sofredor que
toma os pecados dos homens sobre si mesmo.100

A ampla difusão da teosofia da Nova Era gerou uma cultura


terapêutica centrada nos sentimentos e nas emoções, em que a
autorrealização individualista se tornou o principal bem, pois pode ser
alcançada por intermédio da autoexpressão. E mais: essa filosofia interfere
direta e indiretamente nos valores culturais da sociedade e perverte
o individualismo sadio (que produz coragem, espírito empreendedor,
heroísmo individual, negação de si mesmo, sentimento de obrigação,
honra e dedicação),101 para reforçar o narcisismo, a autoindulgência, a
gratificação instantânea, a autopromoção e a ganância.102

Indo mais longe, salientamos que os crentes em Cristo devem tomar


cuidado com o mundo (a cultura que ignora a soberania incondicional de
Deus sobre tudo e sobre todos), porque se consentirem com os afetos

98 CARSON, 2013, p. 41; FERREIRA, 1980, p. 1641.


99 ERICKSON, 2011, p. 196.
100 CARSON, 2013, p. 41.
101 CARSON, 2013, p. 47
102 CARSON, 2013, p. 47-49.

33
< voltar

e desejos carnais103 preocupando-se somente com as coisas terrenas


e temporais, esses fatores contribuirão para impedir a manifestação do
Espírito de Deus neles. Na verdade, essas coisas impedem o crescimento
espiritual deles porque acabam não percebendo e nem valorizando os
afetos espirituais produzidos pelo Espírito Santo em seus corações.104

No Novo Testamento Grego, a expressão “não apagueis o Espírito”


passa uma viva ideia de “não apaguem o fogo do Espírito”105, e para que
esta exigência das Sagradas Escrituras seja cumprida e se torne uma
realidade na vida do cristão contemporâneo e, principalmente, na vida do
pastor, quatro princípios precisam nortear o Cristianismo contemporâneo.
O primeiro, que Jesus é, em todo lugar e tempo, o paradigma perfeito
para a vida humana;106 o segundo, que o Espírito Santo é o arquiteto
da verdadeira vida cristã;107 o terceiro, que a espiritualidade cristã está
fundamentada em uma dimensão relacional e afetiva com Deus108 e o
quarto, que a substância da vida cristã consiste na assimilação e vivência
da Palavra de Deus no dia a dia.109

O verbo “apagar” no texto paulino110 não significava bíblica e


teologicamente que o Espírito Santo dado aos crentes possa ser extinto

103 Segundo McDermott, afetos (ou afeições) podem ser bons ou maus, pois no campo
da religião, há os afetos que aproximam as pessoas de Deus e outros que as afastam
de Deus. Os primeiros são chamados de afetos santos e outros de afetos profanos. Os
afetos são inclinações fortes que, às vezes, podem estar em conflito com emoções mais
momentâneas e superficiais. Outra questão são os desejos carnais, pois significam
desejos pecaminosos que tomam de assalto a mente, os sentimentos e vontade do
crente, mas que podem ser vencidos com o auxílio do Espírito Santo (MCDERMOTT,
1997, p. 32-33; 169-174).
104 HENRY, 2002, p. 1017.
105 HENDRIKSEN, 1998, p. 206.
106 ARANTES, 2005, p. 72.
107 DROOGERS,1983, p.121.
108 SOUSA, 2013, p. 4.
109 PADIN,1995, p. 4.
110 Cf. 1 Ts 5.19.

34
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ou retirado deles e, sim, que o cristão direcionado por Satanás,111 pelo


mal, pelo pecado ou pelo mundo, pode resistir ao Espírito Santo, o que
desagrada e entristece o coração de Deus.112

A ordem da Palavra de Deus é que o cristão se sujeite


incondicionalmente a Deus (a força desta incondicionalidade está na
graça de Deus) para poder resistir ao diabo, pois ele é mau e sempre tenta
assaltar os crentes desatentos.113

A espiritualidade que agrada a Deus é cristocêntrica, porque de


acordo com a Bíblia somente Jesus Cristo é o modelo perfeito de pessoa
que o cristão deve imitar; tem que ser centralizada na cruz, ou seja, tem
que exigir do crente em Cristo plena submissão à vontade de Deus, mesmo
que esta conduza à perseguição, ao sofrimento ou à morte;114 tem que
redirecionar o foco da vida cristã e ensinar uma obediência a Deus.

De acordo com Chafer, só existe uma maneira de não ser restringida a


manifestação do Espírito Santo no cristão, uma vida submissa à vontade de
Deus.115 Não é fácil para o pastor contemporâneo submeter-se plenamente
a Deus e, ao mesmo tempo, enfrentar as pressões de uma sociedade em
transformação, mas essa exigência básica das Sagradas Escrituras sempre
foi a regra áurea do Cristianismo bíblico para todas as épocas.

Será que a submissão à vontade de Deus é o único meio da


manifestação do Espírito Santo não ser extinta na vida do cristão? Será
que Jesus Cristo é mesmo o único paradigma perfeito de espiritualidade
bíblica para os cristãos contemporâneos? Chafer esclarece que
Uma das perfeições humanas do Senhor Jesus, foi a sua
absoluta submissão à vontade de seu Pai e disto dão as

111 Segundo Andrade, o termo hebraico “sãtãn” usado na Bíblia significa “adversário”,
razão pela qual Satanás é o nome dado ao adversário de Deus e de todo bem; ele é
o arquinimigo da raça humana que tem a tripla função de matar, roubar e destruir
(ANDRADE, 1998, p. 260).
112 Cf. Rm 7.14-24; 8.5-9.
113 Cf. Tg 4.7-8; 1 Pe 5.8.
114 Cf. 2 Tm 3.12.
115 CHAFER,1986, p. 85.

35
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Escrituras abundante testemunho [...] A submissão absoluta


do Filho para fazer a vontade do Pai, não é somente o exemplo
supremo de uma atitude normal de qualquer filho de Deus, para
com seu Pai, mas esta atitude tem de ser também comunicada e
mantida no coração do crente pelo Espírito, depois que o primeiro
ato de apresentação tenha sido realizado [...] A manifestação
divinamente produzida na vida do crente, será o sentimento de
Cristo; mas isto, assim nos asseguram as Escrituras, é realizado
pelo poder do Espírito [...] a submissão à vontade de Deus não se
prova com qualquer decisão em particular; é antes, uma questão
de se adotar a vontade de Deus como regra da vida. Estar na
vontade de Deus, é simplesmente desejar fazer a Sua vontade
sem referência a qualquer tarefa especial que Ele escolha. É
julgar Sua vontade como sendo soberana, mesmo antes de
saber o que Ele deseja que nós façamos. Portanto, não é apenas
uma questão de se desejar fazer qualquer coisa em especial;
mas é uma questão de se desejar fazer tudo quando, onde e
como parecer melhor ao Seu coração de amor [...] A submissão
à mente e à vontade de Deus, é um ato definido que abre as
portas ao caminho divinamente apontado no qual podemos
andar intimamente com Cristo e em plena atividade com Ele.
Um filho de Deus só pode considerar-se nesse caminho se, nos
limites da sua própria compreensão, tiver a consciência de estar
sujeito à vontade de Deus [...] Todo Filho de Deus deve, pois,
submeter-se, terminantemente, à vontade de Deus. Não com
respeito a uma só parte da vida diária apenas, mas como uma
atitude permanente para com Deus. Fora disto, não poderá haver
verdadeira espiritualidade.116

Imitar o caráter de Jesus Cristo e seguir os seus ensinos são duas


regras indispensáveis para que ninguém desagrade a Deus ou impeça a
manifestação do Espírito Santo em sua vida. O pastor contemporâneo
nunca se enganará com a pessoa de Jesus, pois “Jesus foi um mestre
que não apenas expunha as Escrituras e revelava a natureza do Pai, como
também expunha o espírito humano e revelava os segredos mais íntimos
do coração. Jesus era um santo, um sábio, um mestre, um mentor.”117
Na realidade, Jesus nunca escondeu a sua alegria de servir às pessoas e
atender as suas necessidades espirituais básicas.

116 CHAFER, 1986, p. 87-94.


117 SOUSA, 2013, p. 4.

36
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1.2.2.3 Andar no Espírito


A terceira condição de uma espiritualidade cristã saudável é andar
no Espírito. Segundo a epístola do apóstolo Paulo escrita aos gálatas,
capítulo 5, versículo 16, se o cristão continuar andando debaixo da
direção do Espírito de Deus não será escravizado por Satanás, pelo mal,
pelo pecado ou pelo mundo. Andar no Espírito significa comportar-se,
conduzir-se ou manifestar-se conforme a vontade e orientação do Espírito
Santo. Não é uma opção para os cristãos contemporâneos e nem para
os pastores e, sim, uma determinação das Sagradas Escrituras para os
crentes em Cristo de todas as épocas.

O Novo Testamento Grego é objetivo: “[...] andai no Espírito” (que


pode ser traduzido “continuem andando em Espírito”)118 e o verbo andar
(stoicheo) impõe um comportamento normativo habitual e, não, esporádico.
Ele envolve o comportamento, o procedimento e o desenvolvimento dos
sonhos e projetos de uma pessoa.119

Em o Novo Testamento Grego existem vários verbos com a ideia de ir,


caminhar e andar, mas dois deles se destacam mais: peripateo e stoicheo.
O primeiro verbo tem um foco particular e individual, e significa andar com
o sentido figurado de conduta de vida, modo de vida, aquilo que direciona
e governa uma pessoa; enquanto o segundo verbo tem um sentido mais
coletivo e corporativo, ou seja, exige uma ação habitual de andar nas
pisadas de alguém, conforme as regras estabelecidas por este alguém.120

Este segundo verbo foi utilizado pelo apóstolo Paulo para ensinar
aos crentes da Galácia que eles tinham que andar debaixo das regras do
Espírito Santo e não de acordo com as suas paixões carnais ou motivações
particulares. Quem possibilita às pessoas a andar no Espírito é Cristo. A
obediência é graça.121
118 MCGORMAN, 1988, p. 147.
119 EBEL, 2002, p.135-139.
120 VINE; UNGER; WHITE JR., 2002, p. 397.
121 Segundo Grenz, Guretzki e Nordling, graça é o transbordar generoso do amor de
Deus-Pai por meio do Filho, Jesus Cristo. Esse amor foi mais claramente demonstrado
ao ser humano no fato de Deus, de livre vontade, ter dado seu Filho para que as pessoas
pudessem entrar num relacionamento de amor com Ele, movidas pelo Espírito Santo
(GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2000, p. 63)

37
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A espiritualidade do líder cristão é algo fundamental para o


sucesso do ministério pastoral contemporâneo. Se ele andar debaixo
das regras do Espírito Santo, cultivando uma vida devocional com
intensidade e temor de Deus, não será vencido pelos desejos da carne
e nem enganado pelas subversões culturais do seu tempo. Porém, se a
sua espiritualidade for esporádica, ele se tornará refém da sua própria
negligência para com as coisas de Deus e qualquer ação de Satanás, por
meio da cultura, poderá atingi-lo.

Andar no Espírito é um desafio real para os crentes em Cristo da


sociedade contemporânea, porque tanto o cristão que é liderado quanto o
pastor que lidera a igreja local são guiados verdadeiramente pelo Espírito
de Deus.122 Andar no Espírito implica dizer que o líder pastoral deve andar
em novidade de vida,123 segundo o Espírito,124 em honestidade,125 pela
fé,126 nas boas obras,127 em amor,128 em sabedoria,129 em verdade,130
como filho da luz131 e segundo os mandamentos do Senhor.132 Pastores
vocacionados por Deus não suportam andar segundo a carne,133 segundo
os padrões puramente humanos,134 com astúcia mundana,135 na vaidade
da mente (pensamentos fúteis)136 e nem indisciplinadamente.137
122 Cf. Rm 8.14.
123 Cf. Rm 6.4. Segundo Andrade, o termo “carne” no Novo Testamento descreve a
natureza humana direcionada pelo pecado, mas na doutrina do apóstolo Paulo “andar na
carne” significa dar inteira guarida ao pecado (ANDRADE, 1998, p. 76).
124 Cf. Rm 8.4.
125 Cf. Rm 13.13.
126 Cf. 2 Co 5.7.
127 Cf. Ef 2.10.
128 Cf. Ef 5.2.
129 Cf. Cl 4.5.
130 Cf. 2 Jo 4; 3Jo 4.
131 Cf. Ef 5.8.
132 Cf. Jo 14.15,21; 2 Jo 6.
133 Cf. Rm 8.4; Gl 5.19-21.
134 Cf. 1 Co 3.3.
135 Cf. 2 Co 4.2.
136 Cf. Ef 4.17.
137 Cf. 2 Ts 3.6.

38
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Andar no Espírito envolve duas dimensões básicas da espiritualidade


cristã: a experimental e a prática. A dimensão experimental apresenta duas
verdades axiomáticas que não podem ser ignoradas por nenhum pastor.
A primeira, é que o Espírito Santo é, necessariamente, o fundamento
de toda experiência cristã e, a segunda, é que a oração é o elemento
sustentador dessa espiritualidade.138 Por extensão, a dimensão prática
impõe três características marcantes: vida regenerada pelo Espírito Santo
de Deus, compromisso com a santidade de vida e serviço incondicional
à causa de Deus.139

A ideia da vida cristã como um andar é frequente no Novo Testamento,


razão pela qual ele garante que quando o cristão anda no Espírito não se
torna mais refém e nem escravo das paixões mundanas.140

Calvino, um dos Pais da Reforma Protestante, entendia que na Igreja


de Cristo do século XVI havia crentes carnais, destituídos do Espírito de
Deus e que viviam uma vida cristã indigna, igual a dos crentes da igreja
da Galácia.141

138 COSTA, 2012, p. 138.


139 COSTA, 2012, p. 274.
140 GUTHRIE,1992, p.173.
141 Segundo Guthrie, a igreja na Galácia, na Ásia Menor, era formada de judaizantes
que deturpavam tanto a orientação de Paulo quanto a dos apóstolos de Jerusalém.
Eles estavam condicionados a uma abordagem legalista das Escrituras, porém eram
indisciplinados moralmente, pois estavam sendo direcionados por suas paixões e
concupiscências, fazendo uso indevido da liberdade cristã (GUTHRIE, 1992, 49-52).

39
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Contudo, ele sabia que o cristão não era escravo do mal e se


esforçava para resistir o pecado em sua vida.

Calvino compreendia que o homem espiritual não estava isento das


concupiscências da carne e seus constantes apelos, porém, o mesmo não
permitia que elas reinassem sobre si.142 Este pensamento era reforçado pela
visão paulina de que todas as coisas eram permitidas ao crente em Cristo,
mas que nem todas eram proveitosas, razão pela qual o apóstolo Paulo
tinha o firme propósito de não se deixar dominar por nenhuma delas.143

1.3 Elementos que integram a espiritualidade do pastor


No Cristianismo, a espiritualidade só pode ser construída a partir
do Espírito Santo, porque o ser humano não tem condições de conhecer
Deus se não for por meio do Espírito. Se a espiritualidade do pastor
evangélico contemporâneo não for construída a partir de uma dimensão
relacional e afetiva com Deus, ela não resistirá às seduções da cultura.
É o Espírito Santo quem dá vida a essa relação afetiva do homem com
Deus. Droogers explica que,
O Espírito Santo é o arquiteto da comunhão: do homem com
Deus, do homem com o seu próximo. A espiritualidade por estas
razões é o domínio do Espírito Santo, é o encontro do Espírito
com o povo cristão. Ele nos guia em toda verdade e nos liberta.
Ele diminui a distância entre nós e Deus, constrói uma ponte
entre o sujeito humano e o objeto da sua atividade religiosa. O
Espírito Santo faz com que o homem se abra, se transcenda. Ele
age de maneira imprevisível, como o vento que sopra onde quer
[...]. Inspirados pelo Espírito Santo podemos ser criadores, tornar-
nos arquitetos de comunhão, ser autores de uma verdadeira
espiritualidade, com olhos abertos para o contexto em que
vivemos, sem perder a atitude crítica face a esta realidade. Esta
espiritualidade tem toda a criação como o seu campo, assim
como o Espírito Santo age na criação, já nas primeiras páginas
da Bíblia [...] No Cristianismo Deus é um Deus da aliança, que
expressamente quer manter uma relação com o homem, mesmo
se este homem não procura esta relação. Pelo Espírito Santo,
o homem vive em comunhão, em relação com Deus e com o

142 CALVINO, 1998, p. 166.


143 Cf. 1 Co 6.12.

40
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seu próximo. Nestas relações, o homem se realiza como ser


humano, como pessoa. A espiritualidade é a prática existencial
deste relacionamento duplo.144

Uma das razões pelas quais alguns pastores contemporâneos não


se preocupam muito em cultivar uma espiritualidade cristã significativa
e transformadora é porque a sociedade ocidental, no seu processo de
transformação, se secularizou demais e acabou se tornando muito
pragmática, utilitarista, materialista, fria e cética, priorizando o ter e o fazer
em detrimento do ser. O resultado imediato, na vida do pastor e do seu
ministério, foi o divórcio entre a teologia e a espiritualidade, entre a religião
e a vida do dia a dia. Essa avaliação pode até ser imperfeita, mas o pastor
sábio consegue compreender os fatores interferentes que podem minar a
sua espiritualidade.

Estranho é o levantamento histórico da espiritualidade cristã por


meio dos séculos elaborado por Sousa, em que ele deduz que até o
século XI a teologia emergia da oração, porém, no fim da Idade Média, por
causa do Escolasticismo, começou a surgir um divórcio entre a teologia
e a espiritualidade. Nos séculos XVI e XVII, segundo o autor, a teologia
se separou da vida espiritual até que o Iluminismo (movimento cultural
e sistema filosófico surgido entre o final do século XVII e início do século
XVIII) gerou um novo tipo de teólogo: aquele que não ora. No final do século
XX, por conta dos abusos do racionalismo e do misticismo, surgiram dois
desafios: primeiro, o de buscar uma teologia que motivasse o pastor a
orar; e segundo, o de construir uma espiritualidade mais teológica (bíblica,
analítica e contextual).145

A ponderação que precisa ser feita sobre o levantamento histórico


apresentado é a seguinte: primeiro, em todas as épocas houve altos e
baixos da espiritualidade cristã; segundo, não é possível traçar com
exatidão histórica uma época como a ideal em termos de espiritualidade
(o assunto é muito controvertido entre os historiadores da Igreja e os
cientistas da religião); terceiro, porque há riscos e possibilidades com
relação à espiritualidade em todas as épocas da história, pois Deus está
sempre doando a sua graça salvadora em Cristo.
144 DROOGERS, 1983, p. 121-123.
145 SOUSA, 2013, p. 3.

41
< voltar

Enquanto o racionalismo transformou o Cristianismo evangélico


num conjunto de doutrinas, dogmas, normas e ritos, o misticismo abusou
das experiências espirituais e induziu os místicos a ficarem apenas com as
suas experiências em detrimento dos princípios normativos das Sagradas
Escrituras.

Se por um lado não é científico reduzir a espiritualidade a um


fenômeno psicológico, sociológico ou antropológico, por outro também
não é sensato ignorar que, à luz do Cristianismo, a espiritualidade envolve
um sistema coerente de concepções, conduta, atitudes e ações de amor,
beneficência, santificação e pureza nos costumes, gerados pela fé, mas
amparados na Bíblia.146

À medida que o pastor contemporâneo se preocupa cada vez mais


com o seu desempenho religioso (motivação, propósito, tomada de
decisões e alcance de grandes metas), com a administração de conflitos,
a formação de líderes, a delegação eficiente de autoridade, o planejamento
estratégico da igreja, a gestão competente e eficaz, a construção do clima
eclesiástico-organizacional e a produtividade (visitação e preparação de
palestras, estudos bíblicos e sermões), cada vez menos sobra tempo
para cultivar uma vida devocional com Deus. E o resultado acaba sendo
previsível: a espiritualidade do pastor não é nutrida com constância e ele
acaba experimentando um esgotamento físico, emocional e espiritual, e o
seu ministério torna-se infrutífero.

Alguns pastores evangélicos contemporâneos, às vezes, não


conseguem compreender uma verdade existencial a respeito da
espiritualidade cristã: que os mais íntimos desejos da alma humana afetam
o comportamento e se não houver uma relação afetiva intensa com Deus,
a realização pessoal, familiar e ministerial será afetada negativamente.

A espiritualidade cristã tem de ser entendida de forma relacional


sempre porque ela é resultante da ação dinâmica do Espírito Santo na
vida pessoal, eclesiástica e social do pastor.147 Para a construção de uma
espiritualidade cristã relacional, dinâmica e significativa, o referencial do

146 LIMA, 1985, p. 46-47.


147 FLUCK, 1990, p. 110.

42
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líder pastoral será sempre a pessoa de Jesus Cristo. Abdalla ensina que,
O primeiro passo que devemos dar quando queremos construir
a nossa espiritualidade cristã é saber que, em seu fundamento,
ela se refere a nossa vida como um todo. Ao falarmos da
espiritualidade de Jesus Cristo, não estamos nos referindo
apenas aos seus momentos de oração no Horto das Oliveiras,
mas também as suas ações concretas: a partilha do pão, as curas,
a expulsão dos vendilhões do templo, a coragem de enfrentar o
terrível Herodes, Pilatos e o Sinédrio, as denúncias mordazes à
hipocrisia das autoridades políticas e religiosas, etc. A verdadeira
espiritualidade cristã é aquela que nos leva ao seguimento dos
passos de Jesus, aquela que converte a nossa vida também na
sua dimensão ativa, e não simplesmente contemplativa.148

A construção da espiritualidade do pastor envolve, necessariamente,


uma relação de proximidade e profundidade com Deus e essa relação
precisa ter três elementos fortes: a paixão, a intimidade e o compromisso.149
A paixão é o elemento motivador que impulsiona o cristão na direção de
Deus, ela o faz vibrar com os ensinos das Sagradas Escrituras, e o induz
a andar nos passos de Jesus. A intimidade é o elemento emocional da
relação que exige um conhecimento profundo de Deus e que leva o pastor
a ser conhecido do seu Criador. O compromisso é o elemento cognitivo
e voluntário da relação que leva o pastor a fazer um pacto de fidelidade
incondicional com Deus, independentemente das circunstâncias da vida.

A espiritualidade do pastor tem, pelo menos, quatro fortes elementos:


a leitura bíblica, a oração, o jejum e o serviço.150 Eles são fundamentais
para orientar a vida, o pensamento e a obra dos ministros do Evangelho
em qualquer época da história.

148 ABDALLA, 2004, p. 4.


149 GOYA, 2005, p. 22-25.
150 LOPES, 2002, p. 38, 52, 63 e 81.

43
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1.3.1 A prática da leitura bíblica


Quando o pastor aceita o desafio para desenvolver uma
espiritualidade cristã saudável, a primeira coisa que acontece em sua
vida é uma profunda fome pela Palavra de Deus, ou seja, ele passa a ler
diariamente a Bíblia, estudar o seu texto sistematicamente e a aplicar
os seus ensinos na vida pessoal e em seus relacionamentos. A leitura
diária e objetiva da Escritura concede instrução divina ao pastor e lhe
confere autoridade espiritual, vida irrepreensível e poder de Deus. A Bíblia
é a bússola da espiritualidade cristã porque toda atividade ou experiência
espiritual tem que estar fundamentada nela. Abdalla afirma que
A fonte da espiritualidade cristã é a Bíblia, principalmente os
Evangelhos. Nessa fonte é que encontramos a direção para a
qual o vento nos impele. A Sagrada Escritura funciona como
uma bússola, que nos indica para onde devemos ir, movidos pelo
sopro do Espírito. É ela que nos mostra, em diversas passagens,
que o contato com o divino e com o Espírito de Deus sempre
tem como consequência um engajamento histórico em favor
da libertação do povo. Nunca uma experiência de Deus na
Bíblia teve como consequência apenas a mudança individual,
o êxtase ou simplesmente um encantamento íntimo com o
sagrado. Este tipo de experiência só levaria as pessoas a ter,
no máximo, uma relação intimista e individualista com Deus. A
experiência espiritual, conforme a Bíblia nos mostra, sempre é
acompanhada de um compromisso coletivo de ação na história
da espiritualidade, como está expresso tanto no Antigo quanto
no Novo Testamento.151

A Bíblia é uma fonte eficaz de espiritualidade cristã porque é a


Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo, que apresenta a verdade
absoluta do Reino de Deus, exige santidade dos crentes em Cristo, impõe
um coração submisso à vontade de Deus, orienta a evangelização da
sociedade em que se vive, indica um engajamento social (assistencial,
terapêutico, político, jurídico e comunitário), orienta o cristão em situação
de pobreza e de injustiça social e interfere na transformação política e
econômica da sociedade com as suas diretrizes.152

151 ABDALLA, 2004, p. 7.


152 ABDALLA, 2004, p. 9-10

44
< voltar

A Bíblia é a fonte da pregação e do ensino pastoral, assim como,


também, do aconselhamento espiritual que o pastor precisa ministrar
em tempos de crise. Sem a leitura constante desse manual de referência
espiritual ficará difícil para qualquer pastor levar à frente um projeto de
espiritualidade dinâmica na igreja evangélica contemporânea brasileira,
pois não será possível cultivar a santidade, a piedade, uma vida cheia
do Espírito Santo, ganhar pessoas para Cristo e ver o agir de Deus na
sociedade em transformação.

A prática da leitura das Sagradas Escrituras só produz resultado


na vida espiritual do pastor quando ele exercita a reflexão e medita com
profundidade e sensibilidade sobre as várias questões da vida prática.
Quando o pastor faz uma leitura das Escrituras e medita sobre as suas
verdades pontuais e circunstanciais, ele ganha sensibilidade para perceber
como Deus está, constante e ativamente, presente na vida do seu povo ao
longo da História.153

1.3.2 A prática da oração


Se a oração é o elemento sustentador da espiritualidade cristã,
Jesus Cristo ainda é o modelo de pastor que não se descuidava da oração.
A Bíblia ensina que Jesus orava no início do dia,154 que Ele orou uma
noite inteira para escolher os seus discípulos;155 durante a ressureição de
Lázaro,156 quando Pedro precisou de proteção157, depois da multiplicação
dos pães,158 antes e durante a Ceia159 e antes de curar um surdo-mudo.160

A espiritualidade do pastor pode atingir a sociedade e o mundo por


meio da oração, mas a espiritualidade cristã transformadora não termina
153 SILVA, 2014, p. 3.
154 Cf. Mc 1.35.
155 Cf. Lc 6.12-13.
156 Cf. Jo 11.41.
157 Cf. Lc 22.32.
158 Cf. Mc 6.41.
159 Cf. Jo 17.
160 Cf. Mc 7.34.

45
< voltar

na oração e no jejum161, ela pode ser ampliada com as atitudes pastorais


que levam o mundo a reconhecer que Deus se preocupa em intervir na sua
estrutura social, econômica, política e cultural.

Quando o pastor ora com intensidade, o Espírito Santo lhe concede


mais sensibilidade para perceber o que Deus está fazendo na sua própria
vida, na sociedade e no mundo que tem enfrentado crises e momentos de
desesperança.162

Elias, o profeta de Israel, era um homem de oração. A Bíblia diz


que ele era humano e frágil, mas que orou com insistência para que não
chovesse em Israel e Deus ouviu a sua oração. Durante três anos e meio
não choveu em Israel, porém, depois ele orou ao Deus Altíssimo sete vezes
e o céu deu chuva e a terra produziu seu fruto.163

Segundo Lopes, os maiores pastores e pregadores da História


foram homens de oração: João Crisóstomo, Agostinho de Hipona,
Martinho Lutero, João Calvino, John Knox, Richard Baxter, Jonathan
Edwards, Charles Simeon, John Wesley, David Brainerd, Charles Finney,
Charles Spurgeon, R.A.Torrey, Robert McCheyne, foram apenas alguns
exemplos.164 Segura cita, entre as mulheres de oração, Sinclética, Teodora,
Alexandra, Asella, Macrina, Tecla de Icônio e Atanásia, conhecidas no
período patrístico como Mães do Deserto.165

1.3.3 A prática do jejum


À medida que muitos pastores evangélicos contemporâneos
percebem que não pode haver plenitude espiritual onde o ego e o orgulho
ocupam espaço, eles começam a buscar por uma verdade motivacional
que se chama temor de Deus e vontade de ser parecido com Cristo. A fome
por Deus faz toda diferença na vida desses pastores que desejam causar

161 ABDALLA, 2004, p. 8.


162 SILVA, 2014, p. 3.
163 Cf. Tg 5.17-18.
164 LOPES, 2002, p. 47-49.
165 SEGURA, 2007, p. 88.

46
< voltar

impacto na vida de alguém. Eles conseguem ser a encarnação da Palavra


de Deus, alguém cheio do Espírito Santo, comprometido com uma vida
de oração e jejum (mesmo sabendo que a prática do jejum é rara no meio
evangélico tradicional e sem discriminar os ministros que não o praticam).

Muitos pastores, ainda, são apaixonados (entusiasmados) por Deus


e pela Igreja de Cristo; sensíveis e conscientes da sua vulnerabilidade.
Eles sabem que não se vence as grandes batalhas espirituais da vida
cristã sem oração e jejum; que as vaidades e os desejos da carne
(idealizações e motivações direcionadas pelo pecado) não são vencidos
sem uma vida piedosa. O pragmatismo, a visão materialista do ministério
e a competição com outros ministérios são armadilhas que seduzem
e prendem o ministro do Evangelho com muita facilidade se ele não
repensar as motivações da sua vida.

O jejum é um instrumento para fortalecer a humanidade do pastor


com o poder divino, em face dos ataques continuados de Satanás, do
mundo, do mal e do pecado.166 Se o pastor tem fome de Deus e deseja
pregar com poder e autoridade, o jejum não será ignorado em sua vida
devocional. 167

Para vencer este mundo (a cultura que ignora a soberania


incondicional de Deus sobre tudo e sobre todos), as vaidades que
direcionam o coração e as ambições que pelejam nas mentes dos homens,
o pastor terá que aprender a depender da oração e do jejum. Sem oração
e jejum o pastor terá que confiar em si mesmo e seu trabalho será na sua
própria força e não no poder do Espírito.168

1.3.4 A prática do serviço cristão


A espiritualidade do pastor ganha visibilidade e causa impacto de
verdade na prestação do serviço cristão, pois a tarefa do pastor que adota
o modelo de liderança de Jesus é árdua: testemunhar do amor de Deus,
pregar, ensinar, aconselhar, visitar, evangelizar, discipular e acompanhar
166 LOPES, 2002, p. 54.
167 LOPES, 2002, p. 52.
168 SOBRINHO, 2011, p. 132.

47
< voltar

pessoas que enfrentam crises pessoais, morais, espirituais, existenciais,


conjugais, financeiras e outras mais.

É tarefa do pastor liderar ou participar das campanhas assistenciais


na sua comunidade eclesial ou na sociedade para que os esquecidos ou
excluídos sociais (pobres, viciados em drogas, prostitutas, desempregados,
sem tetos, famintos, doentes mentais, analfabetos, mendigos, moradores
de rua, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e idosos sem perspectivas)
sejam socorridos e atendidos em suas demandas urgentes. Eles precisam
ver a luz de Cristo brilhando na ação pastoral para reconhecerem que Deus
existe e se importa com as necessidades deles.169

A espiritualidade do pastor fica evidente quando ele encarna a figura


de servo de Cristo, de ministro de Deus e de instrumento do Espírito Santo
numa sociedade sem muita esperança; quando almeja ser instrumento da
graça divina, ou seja, servo, subordinado, empregado e escravo do Reino
de Deus;170 quando compreende que a igreja local é a base do seu serviço;
que precisa prestar serviço na igreja, na comunidade e na sociedade para
engrandecer o nome de Deus; que o seu serviço é uma forma de expressar
a sua adoração; que o seu serviço tem que ser motivado pelo seu amor
por Deus, pelas pessoas cristãs e não cristãs.

É tarefa do pastor conscientizar as pessoas dos seus direitos e


deveres; participar da discussão daqueles temas que inquietam a sociedade,
tais como: a ideologia de gênero, a união civil de pessoas do mesmo sexo,
a liberação do aborto, a pena de morte, a menoridade civil, a corrupção das
autoridades constituídas, a possibilidade da eutanásia, o preconceito racial,
a discriminação religiosa etc.; denunciar as injustiças sociais cometidas
pelas autoridades constituídas contra a população sofrida.

A tarefa do pastor nos dias de hoje não é fácil. No próximo capítulo,


serão estudadas as bases conceituais da liderança pastoral, à luz da
Bíblia, dos modelos de liderança e das perspectivas organizacionais.
Serão analisadas, também, as contribuições das teorias de liderança na
ação pastoral.

169 Cf. Mt 5.16.


170 WIERSBE; WIERSBE, 2013, p. 31.

48
2. A Liderança do Pastor
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2. A Liderança do Pastor
Se a espiritualidade do pastor é a marca mais importante do seu
ministério, com certeza a sua liderança será um fator decisivo para
enfrentar os desafios de uma sociedade em transformação. A liderança
pastoral eficaz é uma combinação entre motivos, ideias e ações, não
basta somente o direcionamento, é imprescindível a motivação espiritual
de servir, edificar e transformar a vida das pessoas que buscam a
orientação e o cuidado do ministro do Evangelho.171 Quais serão, então,
as competências para os líderes pastorais do século XXI?

Antes de abordar a tarefa do pastor enquanto líder espiritual, será


importante esclarecer a essência do papel pastoral a partir da Bíblia. Saber
o que significa ser pastor, quais as características, habilidades, atitudes e
o foco da missão pastoral, à luz do texto bíblico, ajudará na compreensão
do papel do líder pastoral nos dias de hoje.

Tanto o vocábulo hebraico “ro’eh” quanto o termo grego “poimên”,


na Bíblia, significam pastores que cuidam de ovelhas ou que cuidam de
homens.172 No texto do Antigo Testamento, o termo “ra’ã” (pastorear ou
apascentar) envolve as capacidades de conduzir, de cuidar e de alimentar,
ou seja, levar as ovelhas ao pasto, cuidar delas e protegê-las.173 No entanto,
Davis explica que o título de pastor, nas Escrituras, recebeu um significado
eletivo e de muita responsabilidade:
Todos que tinham posições de responsabilidade na teocracia, tais
como, os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados
pastores do povo israelita; e como tais repreendidos por causa de
suas negligências [...] Na Igreja Cristã, os anciãos ou presbíteros,
e pastores sob a direção do Príncipe dos pastores, que é Jesus
Cristo, são exortados a terem cuidado do rebanho de Deus...174

Na linguagem do Novo Testamento, o termo “poimainô” (pastorear


ou apascentar) significa cuidar diligentemente das pessoas que fazem

171 ARRAIS, 2011, p. 31-33.


172 STEWART, 1995, p. 1212.
173 KASCHEL; ZIMMER, 1999, p. 24.
174 DAVIS, 1990, p. 447.

50
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parte do rebanho de Deus, seja ensinando, aconselhando ou guiando no


conhecimento e no entendimento das verdades espirituais.175 E, por conta
disto, o vocábulo “poimên” (pastor) passou a significar ministro da igreja
e guia espiritual.176

Na perspectiva inicial do Antigo Testamento, o pastor era uma pessoa


encarregada de guardar rebanhos de ovelhas. Depois, o título de pastor
passou a ser dado “aos funcionários reais, anciãos do povo e juízes177,
porém, Jeová (Deus) sempre foi o único e verdadeiro Pastor de Israel”.178

Nas Sagradas Escrituras: Deus ainda é o Pastor Bondoso que cuida


de todos os homens, enquanto Jesus é o modelo de pastor para todos
os líderes espirituais cristãos. O vocábulo hebraico “ro’eh”, segundo Vine,
Unger e White Jr., aparece 62 vezes no Antigo Testamento e é aplicado
a Jeová, o Grande Pastor, enquanto o termo grego “poimên” aparece 19
vezes no Novo Testamento, sendo 8 vezes aplicado a Jesus, o Supremo
Pastor e 11 vezes aplicado aos que lideram.179

À luz dos textos de Ezequiel 34.1-6 e de Jeremias 23.1-4, são


identificadas seis tarefas básicas de um pastor, enquanto líder espiritual
no Antigo Testamento:

1ª) Fortalecer as pessoas enfraquecidas;


2ª) Curar as doentes e machucadas;
3ª) Procurar as desgarradas;
4ª) Visitar essas pessoas com constância;
5ª) Buscar as desorientadas e perdidas;
6ª) Conduzi-las com sabedoria, amor e justiça.180

175 BOYER, 1993, p. 474.


176 KASCHEL; ZIMMER, 1999, p. 126.
177 MCKENZIE, 1984, p. 697.
178 MCKENZIE, 1984, p. 698.
179 VINE; UNGER; WHITE JR., 2002, p. 42.
180 STEWART, 1995, p. 1212-1213.

51
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No entanto, o próprio Deus deixou bem claro que o seu juízo seria
implacável para com os pastores infiéis que não cuidassem bem do seu
povo, como atestam os comentaristas Taylor,181 Henry,182 Mesquita,183
Davidson,184 Walton, Matthews e Chavalas.185

No texto de Jeremias 23.1-4, os reis eram tratados como pastores


do povo, mas o rebanho era de Deus. Infelizmente, esses líderes eram
maus e ignoravam as necessidades das pessoas e elas se dispersavam
como ovelhas sem pastor. O Justo Senhor prometeu que socorreria o seu
povo, mas julgaria os pastores negligentes.

Em uma análise dos textos de Jeremias 23.1-4 e Ezequiel 34.1-6


enxerga-se a seguinte realidade: ovelhas (pessoas) que precisam de
cuidado e proteção pastoral e pastores infiéis (governantes negligentes)
que ignoram as necessidades das pessoas que Deus colocou sob os seus
cuidados. No entanto, o Pastor de Israel viria em socorro do seu povo e
condenaria os maus pastores.186

A palavra “pastor”, no texto de Ezequiel 34.1-6, sugere a liderança e o


cuidado que os governantes deveriam ter com o povo, que era rebanho do
Senhor. Se esses líderes fracassassem nas suas responsabilidades, não
teriam mais a permissão de Deus para continuar reinando.

Os textos de Ezequiel 34.1-6 e Jeremias 23.1-4 falam da mesma


responsabilidade pastoral dos governantes: liderança e cuidado de
pessoas. Aqueles que recebessem de Deus a incumbência de cuidar do
seu povo e agissem com negligência seriam repreendidos e punidos pelo
Bom Pastor.187

181 TAYLOR, 1996, p. 196-197.


182 HENRY, 2002, p. 627.
183 MESQUITA, 1980, p. 107.
184 DAVIDSON, 1997, p. 760.
185 WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2003, p. 743.
186 DAVIDSON, 1997, p. 759-760; 807-808.
187 HENRY, 2002, p. 627-628; 666-667.

52
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Há concordância entre vários comentaristas, afirmando que o texto


de Ezequiel 34.1-6 sugere as responsabilidades pastorais negligenciadas
pelos governantes e as ovelhas dispersas (o povo de Deus) que não
estavam sendo protegidas e nem alimentadas. Por conta de tudo isto, os
líderes pastorais negligentes seriam repreendidos e julgados.

O mais interessante é que o termo “poimainô” (pastorear), no Novo


Testamento e, principalmente, no texto de 1 Pedro 5.2, significa guiar,
guardar e conduzir o rebanho, além de levá-lo ao lugar de descanso para
a sua alimentação. A ação de pastorear ou apascentar exige boa vontade
para servir, dedicação espontânea, superintendência bem vigilante e
cuidado atento.188 É por esta razão que pastorear é um ministério e não
um cargo; é cuidar do estado espiritual daqueles que foram salvos por
Cristo, como destacam vários autores, entre eles, Unruh,189 Marchioli,190
Sousa,191 Barro192 e Stanko.193

Sousa194 e Barro195 enfatizam que a função do pastor não é um


cargo, mas cuidar do bem-estar espiritual das pessoas que fazem parte do
rebanho do Senhor, ensinando, aconselhando, acompanhando, guiando e
socorrendo.

Unruh196 e Marchioli197 enfatizam que o pastorado não é cargo,


mas um ministério determinado por Deus para que as pessoas recebam
a ministração do ensino bíblico, socorro espiritual, aconselhamento e
assistência em todos os momentos de sua vida.

188 STRONG, 2011, p. 2363.


189 UNRUH, 2016, p. 1.
190 MARCHIOLI, 2011, p. 2.
191 SOUSA, 1999, p. 85.
192 BARRO, 2015, p. 1.
193 STANKO, 2010, p. 28.
194 SOUSA, 1999, p. 87.
195 BARRO, 2015, p. 1.
196 UNRUH, 2016, p. 1-2.
197 MARCHIOLI, 2011, p. 2-3.

53
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Stanko enfatiza que o pastorado é um ministério concedido por


Jesus para que homens e mulheres recebam não só a ministração da
Palavra de Deus, mas, também, o cuidado e a assistência espiritual e
emocional constantes.198

Buckland esclarece que os pastores nos tempos bíblicos não


podiam negligenciar o cuidado pastoral senão as ovelhas se dispersariam
ou se perderiam. A tarefa crucial do pastor era prestar atenção nas ovelhas
fracas e enfermas do rebanho, estar sempre vigilante e atento, tanto de
dia quanto de noite, e se alguma se desgarrasse do rebanho era dever
desse pastor procurá-la até encontrar.199 O líder pastoral que tem atuado
na sociedade em processo de transformação cuida diligentemente das
pessoas que estão sob os seus cuidados (amando, protegendo, inspirando,
ensinando, aconselhando, visitando, buscando e acompanhando em
todas as circunstâncias da vida).

Da perspectiva do apóstolo Paulo, a liderança pastoral está focada


em cinco pontos relevantes: primeiro, no cuidado da igreja local;200
segundo, no ensino sistemático das Sagradas Escrituras;201 terceiro,
na pregação contínua do Evangelho de Cristo;202 quarto, no exercício
da piedade cristã203; e quinto, no modo irrepreensível do pastor agir em
público.204 Na epístola pastoral de 1 Timóteo, o termo “irrepreensível”
significa sem falha de caráter, de boa reputação, coerente, inacusável e
digno do respeito público.205

A orientação do apóstolo Paulo sobre o ministério pastoral está


fundamentada no exemplo de Cristo e é muito rigorosa, ou seja, o pastor
precisa ser temperante (domínio dos seus impulsos pessoais), sóbrio
(criterioso em seus pensamentos e cauteloso em suas atitudes), modesto
198 STANKO, 2010, p. 27-35.
199 BUCKLAND, 1993, p. 328.
200 Cf. 1 Tm 3.5.
201 Cf. 1 Tm 3.2.
202 Cf. 2 Tm 4.2.
203 Cf. 1 Tm 4.7.
204 Cf. 1 Tm 3.2-3.
205 STRONG, 2011, p. 2066-2067.

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(despojado de vaidade), hospitaleiro (de coração aberto), alguém que evita


contendas (sem inclinação para brigas ou disputas) e inimigo da avareza
(sem apego demasiado ao dinheiro).206 Cabe lembrar, também, que as
epístolas paulinas, principalmente as pastorais, iniciam com a descrição
da obra de Cristo, para só então discorrer sobre padrões éticos, inclusive
no que diz respeito ao exercício do ministério pastoral.207

O padrão bíblico para o exercício da função pastoral hoje é tão alto,


que não pode ser desconsiderado por quem se diz vocacionado para o
ministério pastoral num tempo de mudanças radicais. Tanto é verdade
que Stitzinger afirma com simplicidade o seguinte:
As Escrituras são claras quanto ao ofício e funções do pastor.
O padrão bíblico descreve o pastor como um homem cheio
do Espírito Santo que supervisiona, pastoreia, dirige, ensina
e admoesta, fazendo tudo com espírito de amor, consolo e
compaixão.208

Hoje, a função do pastor é ser um líder espiritual que cause impacto


na sociedade e na vida das pessoas, direcionando mentes, sentimentos,
atitudes e comportamentos para Cristo. E isto não é fácil, porque toda
liderança pastoral, segundo MacArthur Jr., se caracteriza pela sua
tenacidade, integridade, autoridade, responsabilidade e humildade.209 O
papel do pastor, em resumo, é ser um líder de alto impacto, que desenvolva
um ministério transformador, produtivo e cheio de poder, sem se esquecer
da sua vulnerabilidade humana e da sua total dependência da graça divina.

A liderança pastoral só se torna real e efetiva quando a ação do pastor


é marcada pela gratidão, pela verdade e pela ousadia.210 No exercício do
ministério pastoral, o líder espiritual precisa experimentar contentamento
em meio às crises, às decepções, aos conflitos, à solidão e à exaustão.
Na igreja e no mundo, o pastor precisa demonstrar conhecimento,
competência e transparência no seu modo de agir.

206 LOPES, 2014, p. 81-84.


207 CALVINO, 1998, p. 80-91; 220-234; 297-318.
208 STITZINGER, 1998, p. 60.
209 MACARTHUR JR., 1998, p. 46.
210 ALLENDER, 2015, p. 118-131.

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Se o papel de um pastor é ser líder espiritual, então qual será a grande


tarefa de quem exerce a função de liderança pastoral? A tarefa do pastor,
enquanto líder, engloba cinco ações importantes: alimentar as pessoas
com o conhecimento e temor de Deus, e o entendimento espiritual que
transformarão profundamente as suas vidas; restaurar e curar a mente,
o coração e as emoções das pessoas vulneráveis pelo pecado e pelas
circunstâncias da vida; guiar e liderar pessoas em situações normais,
críticas e desafiadoras, apontando soluções para as suas necessidades
religiosas, espirituais, psicológicas e práticas.211

Enquanto líder espiritual, o pastor tem quatro tarefas importantes


para cumprir nesta geração: a primeira, é capacitar e equipar a igreja local
para cumprir a sua missão evangelística; a segunda, é animar, despertar,
avivar e mobilizar a igreja para impactar a sociedade contemporânea com
a mensagem cristã; a terceira, é prover oportunidades de trabalho para que
cada crente em Cristo venha exercer o seu ministério na igreja, na sociedade
e no mundo, e a quarta, é ser mentor das mudanças transformacionais que
afetarão a sociedade e preencherão o vazio existencial na vida das pessoas.212

Será que os pastores desta sociedade em transformação possuem


uma consciência bíblica objetiva da sua função de liderança? Preocupado
com a construção de uma filosofia bíblica do ministério pastoral num mundo
em rápido processo de transformação cultural, Montoya destacou que,
A função da liderança pastoral é fornecer direção, cuidado e
supervisão à igreja, de modo que ela cumpra as ordens de Cristo:
evangelizar o mundo inteiro, crescer na semelhança de Cristo
e viver para a exaltação e adoração de Deus. Essa liderança é
composta de um grupo seleto de homens, isto é, de uma igreja
formada por crentes redimidos. 213

A eficácia da liderança pastoral está fundamentada essencialmente


na espiritualidade do pastor e não só no conhecimento, na competência
e na experiência deste.214 Ele precisa desenvolver uma filosofia bíblica de

211 HEWARD-MILLS, 2011, p. 73-90.


212 KOHL; BARRO, 2006, p. 106-120.
213 MONTOYA, 1998, p. 99.
214 ARRAIS, 2011, p. 32.

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ministério e, ao mesmo tempo, vivenciar uma espiritualidade dinâmica


que oriente a sua liderança de forma prática e produtiva. Se o pastor não
vivenciar uma espiritualidade transformadora, a sua liderança não causará
impacto na vida das pessoas e nem produzirá soluções ou respostas para
os desafios que inquietam a sociedade contemporânea.

2.1 A multiplicidade conceitual dos termos


relacionados com a liderança
Conceituar liderança é uma tarefa complexa, pois o mundo, a
sociedade e as organizações dependem das ações de um líder consciente,
corajoso, responsável, competente, inovador e com propósitos definidos.
Mas, como é formado esse líder? Quais são as características desse líder?
Quais são as variantes que interferem na eficácia da sua liderança? Um
líder nasce pronto ou é formado? Existe alguma teoria bem elaborada
que explica o fenômeno da liderança? Alguma teoria explica de maneira
compreensível a evolução dos estilos de liderança? Qual será o melhor
estilo de liderança para uma sociedade em processo de transformação?
Será que existe um modelo de liderança ideal que ajude os pastores desta
geração a conduzir as igrejas com mais eficiência e eficácia?

O fenômeno liderança é muito complexo para ser compreendido,


mas Silva e Cunha, fundamentados em Blecher,215 afirmam que existem
mais de 5 mil estudos específicos realizados por universidades norte-
americanas, afora as diversas teorias que procuram explicar os aspectos
essenciais da liderança, as características e habilidades do líder e os
estilos de liderança.216

A complexidade é tanta que Bennis e Nanus afirmam que na


década de 1980 mais de 350 definições de liderança já tinham passado
pela análise acadêmica das universidades norte-americanas.217 Fonseca,
Porto e Borges-Andrade confirmam que o tema liderança, além de ser
muito complexo, diversificado e desafiador, também “é proficuamente
215 BLECHER, 1998, p. XIII.
216 SILVA; CUNHA, 2013, p. 100.
217 BENNIS; NANUS, 1988, p. 4.

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pesquisado em âmbito internacional há aproximadamente um século”.218

Por conta das diferentes visões do que é liderança, tudo indica


que, dependendo da teoria adotada, o termo liderança pode significar
dom, talento, ação, atitude, vocação, chamado, perícia, arte, capacidade,
habilidade, processo, esforço, estilo de vida, autoridade, poder legítimo,
influência, iniciativa, competência e outras coisas mais.219

O termo liderança vem do vocábulo inglês “leader”, que significa


guia, chefe, alguém que exerce autoridade num grupo social.220 Esse
termo inglês foi introduzido na literatura científica, em 1900, por Alfred
Binet (1857-1911), destacado representante da psicologia experimental
clássica francesa, para designar a pessoa que tem comando e influência
em qualquer tipo de ideia ou ação.221

O termo “leader” significa que liderança é a capacidade de dirigir e


conduzir um grupo baseada nas qualidades pessoais do líder (autoridade
e prestígio);222 que o líder é um indivíduo que persuade, encabeça, chefia,
comanda, guia, conduz ou orienta qualquer tipo de ação e que a principal
característica de um líder verdadeiro é a existência de seguidores, como
afirmam Faria,223 Jordão,224 Campos,225 Haggai226 e Krause.227

Tanto Haggai, que é fundador e presidente do Haggai Institute


for Advanced Leadership Training, instituição que exerce um ministério
global de capacitação e aperfeiçoamento de líderes cristãos, quanto Faria,
Jordão, Campos e Krause, que atuam como acadêmicos e consultores
na área organizacional, reconhecem que não existe líder sem seguidores.
218 FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015, p. 291.
219 BRAUER et al, 2016, p. 239.
220 AVILA, 1972, p. 420.
221 DUSILEK, 1996, p.19.
222 WILLEMS, 1961, p. 200.
223 FARIA, 2010, p. 1.
224 JORDÃO, 2015, p. 1.
225 CAMPOS, 2014, p. 2.
226 HAGGAI, 1990, p. 21.
227 KRAUSE, 1999, p. 3.

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O termo “liderar” foi utilizado pela primeira vez no contexto da


literatura científica ocidental no ano 825 d. C.,228 porém, a liderança é uma
prática que existe desde o alvorecer da história da humanidade e que
tem demandado muitas pesquisas no mundo acadêmico. Muito embora
o líder dependa do seu carisma e do seu caráter para exercer a sua
liderança com sucesso duradouro,229 o ato de liderar exige conhecimento,
treinamento e discernimento, pois liderança significa a capacidade de
influenciar o comportamento das pessoas seja qual for o objetivo.230 O
que implica dizer que existe tanto a liderança positiva quanto a negativa,
ou seja, que a sociedade e as organizações podem ter líderes com boas
ou más inclinações.

Dentro do contexto eclesiástico-cristão, são identificadas as


características de um líder negativo e do líder positivo. Os líderes negativos
se caracterizam pela ambição e egoísmo (cuidam de si mesmo e de
suas necessidades), pela falta de diligência (agem descuidadamente),
brutalidade (comandam com dureza e insensibilidade os seus liderados)
e incapacidade de unir as pessoas. Os líderes positivos, primeiro, lideram
e depois aceitam ser liderados; em segundo, eles formam discípulos e
outros líderes; em terceiro, trabalham em equipe, e em quarto, servem aos
seus liderados.231

Um líder de verdade não precisa de imposição ou autodeterminação,


ele precisa, sim, ter qualidades que o diferencie dos demais, dando a ele
a oportunidade e a capacidade de influenciar um grupo, e de tomada de
decisões que levem o grupo a segui-lo.232 Ele sabe da responsabilidade
que tem em suas mãos, pois qualquer iniciativa do grupo será dada por
ele.233 A sua influência, não é simplória, aleatória ou ineficiente, mas,
acima de tudo, especial, propositiva e eficiente.234

228 LIMA; CARVALHO NETO, 2011, p. 5.


229 GONÇALVES DA SILVA, 2001, p. 19.
230 BETHEL, 1995, p. 22.
231 HABECKER, 1998, p. 14-20.
232 NESPOLI; PONTES; GOMES, 2014, p. 8.
233 SANTOS; ANTONELLO; KLIDÍZIO, 2012, p. 59.
234 BITTENCOURT, 2010, p. 4.

59
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O fenômeno liderança precisa ser considerado a partir das variáveis


que o norteiam e compreendido por meio das teorias que procuram
estudá-lo em seus aspectos tanto intrínsecos quanto extrínsecos. Os
desafios que cercam o ato de liderar precisam ser analisados e entendidos
à luz dos estudos científicos e das Sagradas Escrituras. Nenhum pastor
exercerá um ministério eficiente se não compreender o peso da sua
liderança na condução da igreja local e se ignorar os fatores que orientam
e que, muitas vezes, determinam o seu ato de liderar.

Apesar da complexidade do fenômeno liderança, alguns pontos


precisam ficar bem claros para o pastor sobre o assunto. Liderança é
a capacidade de influenciar e inspirar pessoas.235 Pastores são líderes
espirituais que influenciam e inspiram os seus discípulos com a visão do
reino de Deus, com palavras, ações e atitudes.

O líder é um indivíduo que, sem se impor, tem a habilidade de


sobressair-se perante o grupo, e que leva cada um dos liderados a
realizar-se dentro da equipe a partir da ação coordenada.236 Pastores
compreendem que liderar é uma tarefa difícil, desafiadora e extenuante.237
Os pastores são como qualquer ser humano na face da terra: imperfeitos,
limitados, pecadores, gente simples, e não máquina.238

A liderança gira em torno de quatro variáveis: o ambiente, as


características do líder, o comportamento do líder e as características dos
liderados.239 Por conta de tudo isto, o pastor da igreja local está sempre se
atualizando em relação ao fenômeno da liderança, que é, “muito complexo,
multifacetado e pouco compreendido”.240

Também existem, no mínimo, três estilos básicos de liderança: o


autocrático, o democrático e o liberal;241 que o autoconhecimento é a

235 FABOSSI, 2010, p. 35.


236 SCHETTINI FILHO, 1970, p. 13.
237 SILVA, 2006, p. 19.
238 REGA, 2015, p. 3.
239 BRITO et al, 2004, p. 3.
240 SANT’ANNA et al, 2009, p. 1.
241 MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI Jr., 1986, p. 339.

60
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peça-chave no processo de liderar; 242 que quanto maior for o alcance


de liderança de um líder, maior será o seu impacto no mundo que o
cerca243 e que a liderança não reconhece limites raciais ou religiosos,
nem étnicos ou culturais, e para onde as pessoas olharem encontrarão
exemplos de liderança.244

Nos últimos tempos tem havido uma crise de liderança na sociedade,


nas organizações e nas nações do mundo inteiro. Na década de 70 do
século passado, Robert Keifner Greenleaf (1904-1990), o pai da liderança
servidora, descreveu na sua obra magna “On Becoming a Servant Leader”
a grande inquietação da sua alma: que a sociedade do seu tempo vivia no
meio de uma crise de liderança, crise essa sem precedente, que afetava
todas as dimensões da vida.245 No início da década de 80, foi confirmado
que aquela geração estava muito confusa e era evidente a falta de
liderança forte, segura e carismática para atender às demandas daquele
momento.246 No final da mesma década, Haggai percebeu o seguinte:
A chamada de líderes é necessária porque estamos
experimentando uma crise de liderança em nosso mundo.
É semelhante à crise de liderança espiritual que a Europa do
século XVIII experimentou [...]. Assim como a Europa do século
XVIII precisava de líderes, o nosso mundo em mudança também
precisa [...]. Como será a liderança que esses novos cidadãos do
mundo terão? Será honesta ou corrupta? Estará se sacrificando ou
se enriquecendo? Será humilde ou arrogante? Como serão esses
novos líderes? [...] A explosão populacional é alarmante e real e
constitui uma das causas da crise de liderança. Outra causa dessa
crise de liderança é que muitos dos que se acham em posição
de liderança abdicaram de sua responsabilidade [...]. Essa crise de
liderança começa na presidência de grandes empresas, e passa
pelo governo dos estados, pelos púlpitos de igrejas, e chega até
as autoridades municipais. Há hoje uma crise de liderança na
família. Isso é mais pronunciado no Ocidente, mas as evidências
do aumento de casos de desmoronamento familiar cresce.247

242 ARANTES; DIÓGENES, 2016, p. 2.


243 FINZEL, 1997, p. 12.
244 KOUZES; POSNER, 2008, p. 13.
245 GREENLEAF, 1996, p. 144.
246 SANDERS, 1985, p. 7.
247 HAGGAI, 1990, p. 16-19.

61
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No final da década de 90, observou-se que bons líderes estavam se


tornando um produto raro e mesmo havendo muitas oportunidades cada
vez menos candidatos habilitados se apresentavam. Muitas organizações,
escolas e igrejas careciam de uma liderança firme e competente, mas os
líderes não se apresentavam.248

O século XXI chegou, mas a demanda por líderes aumentou porque


os desafios de hoje são maiores e mais graves que os de ontem.249 Stanko
manifesta a sua preocupação afirmando que a falta de liderança no
mundo de hoje chegou à igreja, política, educação, aos negócios e a todos
os setores da sociedade contemporânea.250 Existe um clamor e uma
necessidade urgente de líderes nos meios religiosos, sociais, industriais
e até mesmo no ambiente político.251 Esse clamor e necessidade urgente
de líderes têm relação com o mundo em transformação, com a crise de
espiritualidade citada no primeiro capítulo desta obra e com a necessidade
que os pastores têm de adquirir novas competências para encarar os
novos desafios do século XXI.

2.1.1 As principais teorias sobre liderança


Faz-se necessário apresentar, em sete subtópicos, um estudo
exaustivo sobre o desenvolvimento histórico das teorias de liderança para
a compreensão da evolução do conceito, do foco e das ideias centrais
da liderança, além das críticas e percepções das abordagens atuais.
Aproveitaremos vários aspectos dos tópicos, mesmo que criticamente,
submetendo-os à liderança servidora centrada em Cristo.

O conceito de liderança começou a ganhar importância na


sociedade e no mundo contemporâneo a partir do momento em que os
dirigentes das organizações perceberam que tanto a Teoria Científica

248 FINZEL, 1997, p. 12.


249 SILVA, 2006, p. 25.
250 STANKO, 2010, p. IX.
251 D’SOUZA, 1987, p. 20.

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da Administração252, desenvolvida nos Estados Unidos por Frederick


Winslow Taylor (1856-1915), quanto a Teoria Clássica253, iniciada por
Henri Fayol (1841-1925) na França, eram muito rígidas, inflexíveis, focadas
nas tarefas, na estrutura e na produtividade, sem levar em consideração
as necessidades básicas dos operários.

De acordo com Chiavenato, foi com o surgimento da Teoria das


Relações Humanas na década de 1930 que o tema liderança passou a
ser considerado, estudado, analisado e confrontado pelos pesquisadores
da academia, das organizações e da sociedade.254 E foi essa teoria
que constatou a enorme influência da liderança informal sobre o
comportamento das pessoas.

A Teoria das Relações Humanas255 foi a matriz de todas as demais


teorias sobre liderança. Ela foi uma iniciativa do cientista social George
Elton Mayo (1880-1949), fundamentado na filosofia pragmática de John
Dewey (1859-1952) e na psicologia dinâmica de Kurt Lewin (1890-1947)
para se evitar os abusos da abordagem mecanicista do trabalho proposta,
tanto pela Teoria Científica da Administração quanto pela Teoria Clássica,
e promover uma síntese racional do trabalho nas organizações, ou seja,
uma mescla das abordagens mecanicista e humanística.256

252 A Teoria Científica da Administração dava uma ênfase exagerada à tarefa, aos métodos
e processos de trabalho, porém não havia uma identidade de interesses entre empregados
e empregadores, razão pela qual ela nunca se preocupou com o tema liderança e nem com
as suas implicações no trabalho (CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 64-90).
253 A Teoria Clássica da Administração dava ênfase à estrutura que a empresa deveria
possuir para ser eficiente, produtiva e lucrativa, porém só considerava a chefia dos níveis
hierárquicos superiores sobre os níveis inferiores. O tema liderança e suas implicações
na produtividade da empresa nunca foi considerado objeto de estudo (CHIAVENATO,
1987, vol.1, p. 160).
254 CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 192.
255 A Teoria das Relações Humanas foi um movimento tipicamente norte-americano
que visava uma democratização dos conceitos administrativos. Ela surgiu, segundo
Chiavenato, com a necessidade de humanizar e democratizar a ciência da Administração
e para corrigir a aplicação de métodos rigorosos, científicos e precisos, aos quais os
trabalhadores deveriam forçosamente se submeter (CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 160).
256 MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR., 1986, p. 61-69.

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2.1.1.1 Teoria dos traços da liderança


A teoria dos traços de liderança foi a primeira abordagem que
procurou explicar o fenômeno da liderança. Ela surgiu nos anos de 1930 e
enfatizava que os líderes possuíam traços específicos de personalidade,
físicos, intelectuais e sociais, que os distinguiam das demais pessoas.
No entanto, as pesquisas nunca comprovaram a universalidade da eficácia
de tais traços, porque partiram do pressuposto básico que um líder já
nascia como tal, não sendo, portanto, possível desenvolver a habilidade de
liderar (influenciar ou direcionar) pessoas.257 E isto implica dizer que essa
abordagem focava, primeiro, o que o líder era; em segundo, enfatizava as
qualidades intrínsecas do líder, e em terceiro, destacava que a liderança era
fruto de características pessoais inatas.258 Na realidade, essa teoria era de
origem aristotélica, pois afirma-se que na obra “A Política” é reforçada a
ideia da liderança nata, ou seja, que desde o nascimento uns estavam
destinados para mandar e outros para obedecer, uns para reger e outros
para ser regidos.259

Na teoria dos traços de liderança sempre houve uma preocupação


de identificar a maioria dos traços constatados hoje como relacionados
à liderança efetiva, pois a meta final dos seus pesquisadores260 era
responder a alguns questionamentos, tais como: Existe diferença entre
líder, gerente e chefe? Todo gerente pode ser um bom líder? Existe a
possibilidade de um líder informal exercer mais autoridade do que um líder
formal? É possível avaliar a eficácia de uma liderança? Quais os traços
de personalidade que definem o líder competente? Existe um líder para
todo e qualquer tipo de liderado? A influência do líder é moral, psicológica,
intencional ou imposta?

257 FACCIOLI, 2008, p. 1.


258 MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR., 1986, p. 341.
259 HEUSELER; LEITE, 2011, p. 4.
260 A Teoria dos Traços de Liderança tem como seus principais pesquisadores: Ralph M.
Stogdill, Mervin Kohn, Cecil A. Gibb, Irving Knickerbocker, Eugene Jennings e Edwin Ghisselli
(MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR., 1986, p. 342; CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 194-196).

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Hoje, pela teoria dos traços de liderança, um líder precisa ser


inteligente e perceptivo, ter fluência verbal, habilidades técnicas,
administrativas e interpessoais, deve inspirar confiança, capacidade de
comando e poder de decisão como características principais. No entanto,
esse tipo de líder enfrenta qualquer tipo de situação? Ele lidera qualquer
tipo de pessoa? Ele lidera em qualquer ambiente?

Essa teoria trouxe contribuições importantes para o estudo da


liderança porque tentou descobrir e listar os traços característicos que
definem um líder competente e eficaz. Apesar dessa teoria ter sido muito
criticada nos anos 1930-1940, estudos foram retomados no início do
século XXI concluindo que “os traços pessoais influem na percepção
sobre a pessoa”.261

2.1.1.2 As teorias dos estilos comportamentais da


liderança
Originária do meado da década de 1930, esta era a abordagem que
se preocupava com o que o líder fazia e que enfatizava o trabalho em
equipe para o desenvolvimento de uma liderança eficaz. Como a teoria
dos traços de liderança não conseguira explicar cientificamente o que
causava a liderança efetiva, parte dos pesquisadores se direcionaram para
o comportamento dos líderes. Esta teoria, diferentemente da dos traços
de personalidade do líder, defendia que os comportamentos de liderança
eficaz podiam ser aprendidos a partir de estudos comparativos e muito
treinamento (condicionamentos e técnicas).262

Os pesquisadores desta abordagem263 sempre procuraram enfatizar


os comportamentos que diferenciavam os líderes eficazes dos ineficazes,

261 DELFINO; SILVA; ROHDE, 2010, p. 5.


262 FACCIOLI, 2008, p. 2.
263 Além de Rensis Lickert, Kurt Lewin, Gouglas McGregor, Ronald Lippitt, Ralph White,
Robert R. Blake e Jane S. Mouton, a Teoria dos Estilos Comportamentais de Liderança
tem representantes como: Alex Bavellas, Auren Uris, Robert Townsend, James J. Cribbin,
Anthony F. Buono, C.W. Bergamini, Keith Davis e Gary Yulk (CHIAVENATO, 1987, vol.1,
p. 197-199; LIMA; CARVALHO NETO, 2011, p. 7-8).

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razão pela qual se concentraram em investigar as funções e os estilos


de liderança. Eles descobriram que traços como inteligência, iniciativa e
autoafirmação estavam associados até certo ponto com altos níveis de
desempenho.264

A pesquisa e as teorias comportamentais mais populares que


contribuíram para o fortalecimento do conceito de estilos de liderança
foram: a Teoria Clássica Comportamental, de Kurt Lewin; a Teoria X e a
Teoria Y, de Douglas McGregor; a Teoria de Contabilização de Recursos
Humanos, de Rensis Lickert; a Teoria dos Estilos de Liderança, de Ralph
White e Ronald Lippitt e a Teoria da Liderança Gerencial, de Robert R. Blake
e Jane S. Mouton.265

Entre as muitas teorias comportamentais que estudam a liderança, a


que mais causou e tem causado impacto até hoje tem sido a que se refere
aos três estilos básicos de liderança iniciada por Kurt Lewin e concluída
por Ralph White e Ronald Lippitt, em 1939. Eles pesquisaram o impacto
dos estilos básicos de liderança (autocrático, democrático e liberal) nos
climas organizacionais e isto mudou as organizações, a sociedade e o
mundo, porque antes havia muita especulação sobre os estilos ideais de
liderança e a partir daquele momento houve uma publicação científica
relevante que deu origem a várias experiências, outras percepções e
novas abordagens.266

A liderança autocrática enfatiza o líder, que é chamado de chefe (ele


toma todas as decisões sem consultar o grupo), e evidencia o seu foco nas
tarefas e não nas relações humanas. A liderança democrática equilibra a
ênfase tanto no líder quanto nos liderados, uma vez que o líder incentiva
a contribuição de todos os membros da equipe no processo de decisão
e ainda ajuda a desenvolver a capacidade de toda a equipe; e a liderança
liberal enfatiza os liderados, pois geralmente o líder não se impõe e nem
é respeitado.267

264 CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 195-198.


265 MAGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR., 1986, p. 343-349.
266 DELFINO; SILVA; ROHDE, 2010, p. 4.
267 NOLASCO; AZEVEDO; CRUZ, 2015, p. 2-5

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A abordagem do estilo comportamental de liderança se manteve


forte até o final dos anos 1960, mas ainda faltava na academia cristã o
desenvolvimento de uma teoria de estilo de liderança centrada em Jesus.
E se engana quem pensa que o movimento da liderança servidora, surgido
nos anos 1970, cumpriu esse propósito, pois Robert Greenleaf, apesar
de ser evangélico quaker,268 tinha perspectiva espiritual ampla demais e
entendia que “a liderança servidora era para todas as pessoas de todos os
credos e de todas as instituições, seculares e religiosas”.269

2.1.1.3 As teorias contingenciais ou situacionais da


liderança
As teorias contingenciais-situacionais270 tiveram início no final da
década de 1950, mas ganharam força nas organizações, na sociedade
e no mundo contemporâneo a partir da década de 1980. Defendiam
que não há absolutos nos princípios de organização e nem nos estilos
de liderança. Elas ensinavam que os princípios universais e normativos
de administração devem ser substituídos pelo critério de ajuste entre
organização, ambiente e tecnologia.

As teorias contingenciais enfatizam que a incerteza é o grande desafio


atual da ciência da Administração, das organizações e dos líderes. O pastor
do século XXI tem uma missão desafiadora no tempo presente: ser um líder
espiritual submisso à vontade de Deus e um cristão pronto para servir às
268 Quaker ou quacre é um grupo cristão-evangélico informal que teve origem na
Inglaterra, na década de 1650, sob a liderança de George Fox (1624-1691), que leva
em consideração a espiritualidade profunda, o pacifismo, e que rejeita a hierarquia
eclesiástica (FERREIRA, 1980, p. 1401).
269 FRICK, 2009, p. 2.
270 A abordagem da Liderança Contingencial-Situacionista se destaca pela quantidade
e pela qualidade dos seus pesquisadores, tais como: Fred E. Friedler, Robert Tannenbaum,
Warren H. Schimidt, Irving Weschler, Fred Massarik, James D. Thompson, Jay W. Lorch,
Paul R. Lawrence, Mary Parker Follett, Paul C. Nystrom, Robert C. Vecchio, Patricia
Zigarmi, James E. Rosenzweig, Tom Burns, Paul Hersey, Herington Emerson, G.M. Stalker,
Joe Garcia, Kenneth Blanchard, George B. Graen, Victor Vroom, Philip Yetton, Arthur Jago,
Robert House, C.G. Cubero, C.L. Graeff, J. Shin, M.A. Glynn (CHIAVENATO, 1987, vol. 2,
p. 511-540; MCCLESKEY, 2011, p. 118; GRZESZCZESZY, 2011, p. 2-3).

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pessoas carentes da graça divina em qualquer situação;271 viver numa era


de incerteza convicto de que a presença de Jesus é uma realidade espiritual
constante;272 saber diagnosticar as dificuldades e possibilidades para
reinventar a vida e a comunidade cristã para um novo tempo;273 enxergar
tendências que estão para chegar e se antecipar a elas.274

As teorias contingenciais de liderança analisam como os fatores


situacionais alteram a eficácia do comportamento e o estilo de liderança
de um líder em particular. Essas teorias partem do pressuposto magno de
que nem as características do líder, nem o comportamento ou os estilos
formam líderes. A peça-chave dessas teorias é a adequação entre os
estilos de liderança e as situações enfrentadas pelos líderes.275

A partir da perspectiva objetiva de que os ingredientes fundamentais


na abordagem contingencial de liderança são o líder, o grupo e a situação,
Faccioli explica que
Esta teoria procura identificar qual dos fatores situacionais é mais
importante e prever o estilo de liderança que será mais eficaz em
determinada circunstância. Os teóricos da contingência defendem
a noção de que não existem estilos de liderança universalmente
adequados. Determinados estilos têm necessariamente impactos
sobre vários resultados em algumas situações, porém não em
outras, onde aumentaram as variáveis a serem estudadas. Eles
começaram a valorizar a ação do liderado, o aspecto motivacional
e o ambiente em si, como elementos cruciais dentro do processo
todo da liderança. Nas teorias mais modernas sobre a liderança,
tenta-se, a partir de esquemas preestabelecidos, encaixar
estilos, baseando-se na observação real das características da
personalidade ou no comportamento do dia a dia. O princípio
fundamental das teorias situacionais de liderança é que a eficácia
do líder reside na sua capacidade de responder ou ajustar-se à
determinada situação. Partindo deste princípio, e considerando os
estudos já realizados, resume-se que as pessoas podem nascer
com algumas características que, se trabalhadas adequadamente,

271 Cf. Jo 13.34-35.


272 Cf. Mt 28.20.
273 SINE, 2001, p. 7.
274 SWEET, 2009, p. 16.
275 LUNDGREN, 2015, p. 3.

68
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tendo consigo outras pessoas que também estejam buscando


um determinado objetivo, fazendo com que o mesmo seja
comum, buscando satisfazer uma necessidade e, sendo flexível
nas tomadas de decisões que resultarão em mais ações, forma-
se uma cadeia onde, acredita-se que a liderança possa e deva
ser eficaz [...] Quanto às pessoas que não nasceram com essas
determinadas características de liderança, resumimos que, diante
desses estudos, podem agir no sentido de criarem ambientes
favoráveis, conhecendo e sabendo abordar as pessoas no sentido
de conseguirem um objetivo comum e, desta forma, também
produzindo uma liderança eficaz [...] A eficácia organizacional e
grupal depende não só do treinamento do líder, como também
da perspectiva de proporcionar um ambiente no qual ele possa
sair-se bem. O enfoque situacional sustenta que tudo seja flexível
e possa adaptar-se às demandas das situações, inclusive o estilo
dos gerentes. 276

As abordagens contingenciais de liderança tiveram início com as


pesquisas de Auren Uris sobre liderança eficiente, em 1953, e ganharam
força com a Teoria do Padrão de Liderança, de Robert Tannenbaum e
Warren H. Schimidt, em 1958; a Teoria da Liderança Contingente, de
Fred E. Fiedler, em 1967; a Teoria do Ciclo de Vida de Liderança, de Paul
Hersey e Kenneth Blanchard, em 1969, e renomeada, em 1985, para
Teoria Situacional da Liderança; a Teoria da Contingência Organizacional,
de Paul R. Lawrence e Jay W. Lorsch, em 1972; a Teoria da Contingência
no Gerenciamento, de Fred Luthans, em 1973, e a Teoria da Liderança
Estratégica, de Alfred Chandler Jr., em 1976.277

As abordagens contingenciais-situacionais exerceram forte


influência entre os anos de 1960 a 1980. A partir de 1985, os estudos
sobre liderança foram influenciados pela visão da nova liderança e
aí surgiram vários tipos de abordagens, tais como: liderança integral,
liderança transacional, liderança transformacional, liderança carismática,
liderança servidora, ou apenas liderança.

Um modelo de liderança servidora centrado totalmente em Jesus


começou a se desenhar nos anos de 1980-1990, quando autores cristãos
como Michael Youssef, Anthony D’Souza, Henri Nouwen, J. Oswald

276 FACCIOLI, 2008, p. 3-5.


277 CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 199-223.

69
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Sanders, LeRoy Eims, Leighton Ford, D. A. Carson, John Stott, Eugene


Habecker e C. Gene Wilkes, entre outros, começaram a produzir uma
literatura mais focada na espiritualidade, no estilo e nas qualidades de
liderança de Jesus.278

2.1.1.4 Teoria da liderança transacional


A teoria da liderança transacional, na realidade, é uma teoria-modelo
de liderança gerencial, pois o seu foco é a supervisão, organização e o
desempenho do grupo. Ela julga importante os assuntos táticos, os estudos
de dados e os resultados a curto prazo implementados pelo líder.279

A base psicológica dessa abordagem é a Hierarquia das Necessidades,


desenvolvida pelo psicólogo Abraham H. Maslow, em 1954, na sua obra
intitulada “Motivação e Personalidade” e a Teoria Contingencial da Motivação,
proposta pelo cientista social Victor H. Vroom, em 1964, em seu estudo
intitulado “Trabalho e Motivação”.

O fundamento sociológico da teoria da liderança transacional foi um


extenso estudo, de Max Weber (1864-1920) sobre os estilos de liderança. Nesse
estudo Weber dividiu os estilos de liderança em três categorias: tradicionais,
carismáticos e burocráticos. Tempos depois ele identificou a liderança
racional-legal, estilo que exercia o controle com base no conhecimento, e que
mais tarde se tornaria conhecido como liderança transacional.280

278 As obras dos autores citados foram traduzidas para o português e ainda causam
impacto nos círculos evangélicos brasileiros até hoje como referência de liderança
servidora centrada em Jesus: Sanders com as suas obras “Liderança Espiritual” (1985) e
“Paulo, o Lider” (1988); D’Souza com “Como Tornar-se um Líder” (1987); Youssef com “O
Estilo de Liderança de Jesus” (1987); Ford com “Jesus, o Maior Revolucionário” (1994);
Eims com “A Formação de um Líder” (1998); Habecker com “Redescobrindo a Alma da
Liderança” (1998); Stott com “Os Desafios da Liderança Cristã” (1999) e “O Chamado
para Líderes Cristãos” (2005); Wilckes com “O Último Degrau da Liderança” (1999);
Nouwen com “O Perfil do Líder Cristão do Século XXI” (2002) e Carson com “A Cruz e
o Ministério Cristão” (2011). Hoje, tem surgido novos autores nacionais e estrangeiros
trazendo contribuições importantes nessa área de pesquisa.
279 LUNDGREN, 2015, p. 2.
280 SPAHR, 2014, p. 1

70
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A teoria da liderança transacional começou a ganhar forma no


meado da década de 1980281, quando reafirmou em um dos seus
princípios básicos que cabe ao líder motivar os seus liderados na direção
das metas estabelecidas por meio do esclarecimento dos papéis e das
exigências das tarefas.282

Na teoria da liderança transacional existe uma preocupação com


o líder, os liderados, as tarefas, as metas e a motivação, pois os líderes
precisam guiar e motivar seus liderados na direção de metas estabelecidas.
No exercício do ministério eclesiástico, o pastor precisa ter a consciência
de que ele é o líder espiritual que guia e motiva a equipe de trabalho que
Deus colocou sob a sua responsabilidade. Essa equipe, incentivada e
acompanhada por ele, trabalha juntamente com os demais membros da
congregação para alcançar as metas estabelecidas, em comum acordo,
visando o crescimento espiritual e numérico da igreja local.

A abordagem transacional descobriu que dentro da cultura das


organizações muitos líderes motivam os seus liderados por meio de
recompensas previamente negociadas e estabelecidas, ou seja, a partir
de uma troca (seja política, econômica, psicológica).283 Essa troca são
desejos específicos dos funcionários, tais como: salário melhor, promoção,
prêmios ou melhoria da satisfação profissional.

2.1.1.5 Teoria da liderança transformacional


A abordagem da liderança transformacional é muito utilizada
atualmente para se estudar o fenômeno da liderança, porque é a única, até
o presente momento, que consegue se situar no contexto das mudanças
contemporâneas no ambiente de negócios, e porque, até certo ponto, as
organizações estão se tornando menos hierárquicas, muito flexíveis e
mais orientadas para o trabalho em equipe.284
281 Alguns pesquisadores contribuíram com a abordagem da Liderança Transacional:
Ronald E. Riggio, Alice H. Eagly, D. J. Ware, Duane Schulz, Abraham Zaleznik, Paul
Kirkebride, Peter G. Northouse, Michael B. Hargis, Ian Hay, J. M. Beyer, Y. Berson, J. J.
Sosik, B. Yang, A. Sadeghi, J. J. Hater e R. Mahsud (MCCLESKEY, 2014, p. 122).
282 GRZESZCZESZYN, 2011, p. 4.
283 FACCIOLI, 2008, p. 4.
284 LIMA; CARVALHO NETO, 2011, p. 12.

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O termo “liderança transformacional” foi introduzido na literatura


científica, em 1968, pelo sociólogo James Victor Downton Jr., mas foi o
historiador e cientista político James McGregor Burns (1918-2014) que o
desenvolveu na sua obra magna “Leadership”,285 em 1978, e Bernard M. Bass
o aperfeiçoou em sua pesquisa, publicada em 1985.286 Os pesquisadores da
teoria da liderança transformacional têm se concentrado na motivação dos
líderes e liderados, e no cumprimento dos objetivos do grupo.287

O pressuposto da liderança transformacional, é que os líderes


transformam os seus seguidores a partir da sua natureza inspiradora
e personalidades carismáticas. A teoria da liderança transformacional
afirma que este processo acontece quando o líder interage com os seus
liderados e cria um relacionamento sólido que resulta, a princípio, numa
alta confiança; em seguida, o resultado será o aumento da motivação em
ambos, líderes e liderados.

Na teoria da liderança transformacional quatro fatores são


considerados. O líder serve sempre como referência e modelo ideal para
os seus liderados. O líder sempre tem a capacidade de inspirar e motivar o
grupo, independentemente das circunstâncias. O líder sempre demonstrará
a sua preocupação genuína com as necessidades e com os sentimentos dos
seus liderados. O líder sempre desafiará os seus liderados na melhora do seu
desempenho para que o grupo alcance resultados acima do esperado.288

Na teoria da liderança transformacional, o foco constante dos líderes é


conquistar as pessoas e inspirá-las a mudar suas percepções, expectativas
e motivações para trabalhar em função do grupo ou da organização da qual

285 A obra “Leadership”, de James McGregor Burns, com 530 páginas, foi editada pela
primeira vez em 1978, e desde então tem sido traduzida e reeditada em vários idiomas.
Ela deu origem a um campo acadêmico multidisciplinar chamado de Estudos de Liderança
(Liderologia), que se concentra na liderança em contextos organizacionais e na vida humana.
286 SALAZAR, 2006, p. 3.
287 Além de James Victor Downton Jr., James McGregor Burns e Bernard M. Bass, a
Teoria da Liderança Transformacional tem sido estudada por Mary Anne Devanna, K.
Sassemberg, Philip Sadler, B. Wisse, Noel N. Tichy, M.R. Hamstra, B.T. Hellessoy, J.
Antonakis e S. Raeder (MCCLESKEY, 2014, p. 121).
288 MARETTI, 2014, p. 4.

72
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fazem parte. Esses líderes são ousados e corajosos, agentes de mudança,


confrontadores de realidades, pessoas que aprendem constantemente
com os seus erros, que sabem lidar com a incerteza e a complexidade das
situações. Eles possuem um elevado conceito de moralidade, integridade,
honestidade e demonstram competência acima do comum.289

As propostas do modelo de liderança transformacional têm sido


adotadas em muitas igrejas, por muitos pastores e líderes, mas mesmo
com muitas virtudes ela não é cristocêntrica. Seus princípios são éticos e
poderosos e se aproximam bastante dos valores do reino de Deus, mas eles
são antropocêntricos demais, não são centrados biblicamente em Jesus.

2.1.1.6 Teoria da liderança carismática


A abordagem da liderança carismática enfatiza o apelo emocional
do líder ao grupo e o extraordinário compromisso por parte deles, pois
esse estilo de liderança depende muito da personalidade de ações do
líder.290 O líder carismático depende do seu carisma e do seu caráter para
exercer uma liderança eficaz e não só do seu conhecimento, treinamento
e experiência.291

A teoria da liderança carismática é oriunda dos estudos de Max


Weber (1864-1920) sobre os estilos de liderança. Ela foi desenvolvida nos
anos de 1970, nos Estados Unidos, partindo do pressuposto de que os
líderes carismáticos são imbuídos de uma visão que os leva a conduzir
uma multidão de seguidores, e que possuem a habilidade de inspirar os
liderados a darem a vida pela causa que defendem.292

A liderança carismática é uma extensão da teoria dos traços de


liderança, pois os liderados enxergam em seus líderes as capacidades
289 LIMA; CARVALHO NETO, 2011, p. 11.
290 MARETTI, 2014, p. 3.
291 Além das pesquisas de Max Weber (1864-1920), Robert House, Warren Bennis,
Don Ciampa e Pamela Spahr, a Teoria da Liderança Carismática tem sido estudada por
Ricky W. Griffin, Gregory Moorhead, John Hollenbeck, John A. Wagner, J. A. Conger, R. N.
Kanungo, S. T. Menon, C. Fiol, J. J. Sheehan e M. J. Howell (BELL, 2013, p. 83-88).
292 FACCIOLI, 2008, p. 6

73
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que desejam imitar, tais como: visão e autoconfiança, fortes convicções


em relação à visão, sensibilidade às limitações ambientais e necessidade
dos liderados, comportamento diferente da maioria dos líderes, inclinação
para correr riscos pessoais e a imagem de agentes de mudança.293

O interessante na abordagem da liderança carismática é que nas


suas pesquisas ela identifica os líderes carismáticos não apenas nas
instituições religiosas, mas também nas organizações empresariais, nos
movimentos políticos e sociais. Exemplos de líderes carismáticos: o pastor
Martin Luther King Jr. (1929-1968), a madre Teresa de Calcutá (1910-
1997), o papa João Paulo II (1920-2005), o presidente norte-americano
Ronald Wilson Reagan (1911-2004), o primeiro-ministro inglês Winston
Leonard Spencer Churchill (1874-1965), e os dois líderes empresariais Lee
Iacoca (nasc. 1924) e Jack Welsh (nasc.1935).294

O modelo de liderança carismática tem muitas práticas e valores


significativos, mas também tem alguns problemas que precisam ser
considerados pelos pastores. Ele é pragmático e valoriza mais a ética
da personalidade (aquilo que o líder precisa aparentar para os seus
liderados), do que a ética do caráter (aquilo que o líder precisa ser para
os seus seguidores). O carisma não pode ser mais importante do que o
caráter do líder, porque integridade é tudo na liderança cristã.

2.1.1.7 Teoria da liderança funcional


A teoria da liderança funcional, também chamada de teoria de liderança
centrada na ação, está focada naqueles comportamentos específicos do
líder que contribuirão decisivamente para a eficácia e unidade do grupo ou
da organização. Os termos mais comuns nessa abordagem são: líder, equipe,
tarefa, eficiência e eficácia. No entanto, como o ser humano e as organizações
estão sujeitos às contingências da vida, os seus pesquisadores estão cientes
de que nem sempre a eficiência (fazer corretamente as coisas) andará de
mãos dadas com a eficácia (atingir objetivos).295

293 GRZESZCZESZYN, 2011, p. 4.


294 SPAHR, 2014, p. 2-3.
295 CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 20.

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Os fundamentos da abordagem da liderança funcional são: a


Teoria Dinâmica da Personalidade, de Kurt Lewin, elaborada em 1935; a
Hierarquia das Necessidades, de Abraham Maslow, concebida em 1954;
a Teoria da Motivação no Trabalho, de Frederick Herzberg, publicada em
1959; a Teoria da Liderança Centrada na Ação, de John Adair, apresentada
em 1973; a Teoria dos Grupos de Trabalho Eficazes, desenvolvida por J.
Richard Hackman e R. E. Walton em 1986, e a Teoria do Comportamento
de Liderança, divulgada por J. E. McGrath, em 1962.296

A teoria da liderança funcional defende a tônica de que os líderes


são formados com conhecimento, treinamento e condicionamento para
motivar pessoas e cumprir tarefas com eficiência e eficácia por meio
delas. Tanto é verdade, que essa abordagem sustenta que são oito as
funções-chaves de uma liderança eficaz: definir a tarefa, planejar a ação,
instruir a equipe, controlar as ações do grupo, avaliar os resultados,
motivar os indivíduos, desenvolver pessoas e manter a imagem do líder
como referência para o grupo.297

A abordagem funcional da liderança está firmada num tripé


essencial: equipe, tarefa e indivíduos. O líder eficaz preocupa-se com as
necessidades da equipe e dos indivíduos para cumprir bem as tarefas
por meio do grupo que lidera.298 E para desenvolver a eficácia do líder
e da equipe, a teoria funcional de liderança preocupa-se em estudar
com profundidade os líderes de sucesso do passado e do presente
(políticos, militares, religiosos, professores, cientistas, empresários etc.),
identificando os comportamentos e ações que produziram resultados
bem-sucedidos.299

296 Apesar do seu embasamento em Maslow, Herzberg, McGrath, Walton e Hackman,


a Teoria da Liderança Funcional, hoje, está totalmente ancorada em John Adair, seu
principal expoente com mais de 40 obras publicadas e que desenvolveu um modelo
de liderança e gerenciamento conhecido pelo nome de Liderança Centrada na Ação
(SANTOS, 2016, p. 2; STONNER, 2016, p. 1).
297 STONNER, 2016, p. 2.
298 SANTOS, 2016, p. 1.
299 TERUCHKIN; BOLZAN; FAGHERAZZI, 2007, p. 1

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Muitos líderes cristãos adotam o modelo de liderança funcional em


tudo que fazem na igreja porque ele é extremamente prático, interessante,
motivador, focado no desempenho e nos resultados da equipe. Mas, este
modelo ainda não é o ideal para as igrejas e líderes porque não possui uma
proposta de espiritualidade tal qual o da liderança servidora de Greenleaf
e porque não está necessariamente centrado em Cristo e nem em suas
propostas de desenvolvimento e de aperfeiçoamento do caráter.300

2.1.2 O perfil de uma liderança cristã


Uma das maiores dificuldades para se traçar o perfil de uma
liderança cristã está no fato de que alguns pastores e líderes das igrejas
locais não possuem um discernimento bíblico objetivo sobre o tema e
por isso são guiados apenas pelos conceitos de liderança pesquisados
e desenvolvidos pelas universidades e difundidos pelas organizações
corporativas, mídias e redes sociais.301 Uma liderança cristã é centrada
no caráter de Jesus e nas Escrituras.

Muito embora a quantidade de literatura escrita sobre liderança


seja cada vez mais avançada em termos de qualidade teórica e prática, o
desafio dos pastores e líderes atuais ainda é discernir o que significa um
modelo de liderança estabelecido por Deus nas Sagradas Escrituras.302
Este discernimento é muito importante para que ninguém se iluda com
o modelo de liderança religiosa que o mercado gospel está impondo
às igrejas evangélicas, transformando muitos líderes espirituais em
superastros, eficientes gerentes de agências religiosas e animadores de
auditório,303 além de pastores de púlpito que ignoram o cuidado com os
membros da igreja.304

300 SHEDD, 2000, p. 58.


301 SAYÃO, 2011, p. 9.
302 BLACKABY; BLACKABY, 2011, p. 31.
303 QUEIROZ, 1999, p. 123.
304 MARCHIOLI, 2011, p. 3.

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As Sagradas Escrituras ainda são o fundamento que determina a


prática da liderança cristã, pois a Bíblia tem padrões de líderes que se deve
imitar e normas de liderança que se deve considerar.305 Por conta disto,
esclarece-se que a ordem para crer nesses padrões e normas é central na
Bíblia, pois o Cristianismo está fundamentado sobre certas verdades não
negociáveis, que uma vez conhecidas são traduzidas em crenças.306

Uma ponderação se faz necessária: as lideranças narradas na Bíblia


carecem ser avaliadas por um critério cristocêntrico. Davi não foi perfeito,
Abraão igualmente. É o Deus revelado nas Escrituras que possibilita a sua
melhor compreensão, não o livro pelo livro. Os líderes cristãos não são
adoradores de um livro, e sim do Deus que nele se revela.

Quando os pastores estudam o tema liderança na Bíblia e confrontam


todos os tipos de literatura que analisam e explicam o ato de liderar, à luz
das teorias clássicas e contemporâneas, começam a compreender a
magnitude do fenômeno liderança e, aí, surge a necessidade de traçar o perfil
de uma liderança cristã efetiva que faça frente a qualquer transformação
social e que conduza as igrejas cristãs no cumprimento da Comissão.307

2.1.2.1 Consciência do chamado da liderança


Uma das discussões mais interessantes que já teve lugar na
academia, na sociedade, no mundo e no seio do Cristianismo evangélico, foi
se o líder nasce pronto ou se pode ser formado. Outra questão interessante
é se existe o dom de liderança na Bíblia ou se estão transgredindo o texto
bíblico com o termo “liderança”, apenas para contextualizar a mensagem
bíblica nos dias de hoje.

O pastor possui uma viva consciência do seu chamado de liderança,


ele não tem dúvidas e nem se sente desorientado quanto a isto. O apóstolo
Paulo ensina e demonstra peremptoriamente que o dom de liderança
é uma realidade objetiva que direciona a ação pastoral em qualquer
circunstância e lugar. Nas suas epístolas, Paulo afirma que existe o dom
305 DUSILEK, 1996, p. 29.
306 MOHLER, 2014, p. 20.
307 KRAFT, 2013, p. 20-26.

77
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de presidir (ou governar)308, como, também, o de administrar309, ou seja,


Deus equipou o seu povo com todos os elementos necessários para o
exercício de uma liderança efetiva e bem-sucedida.

No texto de 1 Coríntios 12.28 (ARC), o apóstolo Paulo disse:


“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo,
profetas; em terceiro, doutores; depois milagres, dons de curar, socorros,
governos, variedade de línguas.” O vocábulo grego para o dom de
governos é “kubernesis”, que significa piloto ou timoneiro (aquele que está
encarregado de levar o navio a seu destino), ou seja, uma pessoa com
o dom de administração ou liderança administrativa,310 conceito este
confirmado por Souza Filho,311 Ferreira,312 D’Araújo Filho,313 Franklin314 e
Azevedo.315 Enquanto Franklin e Ferreira são cessacionistas (segmento
teológico evangélico que entende que muitos dons espirituais cessaram
e não existem na contemporaneidade), Souza Filho, Azevedo e D’Araujo
Filho defendem a posição contemporanista; ambos entendem que o “dom
de governos” envolve a administração ou a liderança administrativa.

Ribeiro informa que o termo usado em 1 Coríntios 12.28 para o dom


de governos significa administrar, servir como capitão, piloto. Ele envolve
a ideia de um capitão de time que tem a capacidade do Espírito Santo para
coordenar, planejar e liderar a execução dos planos para o crescimento e
expansão da igreja local.316

Prior endossa que o termo “kubernesis” envolve liderança


administrativa, pois o pastor ou líder que possui o dom de governos
tem os seus olhos no destino traçado pelo Espírito Santo, é responsável,
comunicativo, eficiente, visionário, não relaxa na vigilância, é confiante
308 Cf. Rm 12.8; 1 Ts 5.12; 1 Tm 5.17.
309 Cf. 1 Co 12.28.
310 WAGNER, 1995, p. 156.
311 SOUZA FILHO, 1995, p. 96
312 FERREIRA, 2000, p. 46.
313 D’ARAÚJO FILHO, 1997, p. 124.
314 FRANKLIN, 2001, p. 33.
315 AZEVEDO, 2010, p. 108.
316 RIBEIRO, 2001, p. 40.

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e não entra em pânico nas horas de crise.317 E Morris fecha a questão


esclarecendo que o dom de governos é uma função administrativa,
de direção318, ou seja, um trabalho para pastores da igreja que têm a
responsabilidade de planejar, organizar e executar as estratégias para o
crescimento da igreja e a expansão do Reino de Deus.319

Para pôr fim à controvérsia de que a palavra “liderança” é usada


indevidamente nos textos bíblicos mais contemporâneos, torna-se
necessário compreender que o apóstolo Paulo usa o vocábulo grego
“proistêmi, em Romanos 12.8, 1 Tessalonicenses 5.12 e em 1 Timóteo 5.17,
que significa presidir, governar ou ficar à frente em evidência por conta
de ações ou atitudes que impressionam. Ele transmite a ideia de alguém
capacitado por Deus para comunicar às pessoas determinada visão,
motivando-as e dirigindo-as para que alcancem o objetivo proposto.320 A
ideia de liderança é perceptível e nítida nos textos supracitados.

Calvino (1509-1564), o exegeta da Reforma Protestante do século XVI,


entendia que o dom de governos, em 1 Coríntios 12.28, fazia conexão com
o de presidir ou governar, em 1 Timóteo 5.17, e significava a capacidade que
os presbíteros (pastores) tinham de liderar a igreja local com sobriedade,
experiência e autoridade.321 A interpretação de Calvino faz sentido porque
liderança e administração são inseparáveis, pois nenhum líder eficaz pode
negligenciar a administração competente e eficiente.322

O pastor é um líder no Reino de Deus, vocacionado por Jesus para


orientar as pessoas e as suas circunstâncias, não pode ser tímido diante

317 PRIOR, 1993, p. 235.


318 Para confirmar este posicionamento, a Bíblia Nova Versão Internacional (NVI),
edição 2011, usa no texto de 1 Co 12.28 a expressão “os que têm dons de administração”,
enquanto a Bíblia Mensagem na Versão Linguagem Contemporânea, edição de 2011,
utiliza a expressão “gente com capacidade de administrar.”
319 MORRIS, 1992, p. 144.
320 COUSINS; POLING, 2000, p. 138.
321 CALVINO, 1996, p. 391.
322 MOHLER, 2014, p. 104.

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das adversidades da vida e nem medroso na hora de tomar decisões,323


pois as igrejas contemporâneas anseiam ser lideradas por homens ou
mulheres cheias do Espírito Santo que possuam uma notória capacidade
de presidir, governar e ensinar.324

Verdadeiramente, liderar é uma capacidade dada por Deus e nenhum


pastor vocacionado para exercer a liderança pode se esquivar desse
chamado. Essa capacidade é concedida pelo Espírito Santo que torna o
pastor e seus auxiliares aptos para realizar coisas significativas na igreja,
na sociedade e no mundo. O texto de Romanos 12.8 (ARA) apresenta o
seguinte desafio: “O que preside, faça-o com diligência”. Agir com diligência
significa trabalhar com dedicação, cuidado, zelo e seriedade.325

Ter consciência do chamado de liderança significa acreditar que


a liderança é um dom divino, mas isto não dá ao pastor a liberdade de
se enganar com o velho slogan da teoria dos traços de liderança, “os
líderes nascem líderes, não são feitos”.326 Isto não é verdadeiro, ninguém
nasce pronto. Os fatores determinantes da formação do líder cristão é a
maneira como Deus, em sua infinita sabedoria e amor, usa uma variedade
de circunstâncias, experiências e pessoas para formar e lapidar o caráter
daqueles que militam no seu reino.327

O dom da liderança deve ser desenvolvido, segundo a orientação


do Espírito Santo, como os demais. E para desenvolvê-lo, o pastor precisa
atualizar-se com constância, saber lidar com as mudanças, tentar novas
experiências e não ter vergonha de aprender coisas diferentes.328 Dentro
da teoria da liderança funcional, quem tem a capacidade de liderar se

323 O Novo Testamento na Versão Fácil de Ler (VFL), edição 1999, traduz o termo
“kubernesis” de 1 Co 12.28 usando a expressão “os que lideram”.
324 SOUZA FILHO, 1995, p. 98.
325 O texto bíblico de Rm 12.8 na Nova Versão Internacional (NVI), edição 2011, usa a
seguinte expressão: “se é exercer liderança, que exerça com zelo”, enquanto a Nova Bíblia
Viva na Versão Parafraseada Revisada (VPR), é mais enfática afirmando: “Se Deus lhe
deu capacidade administrativa de liderança, então exerça esse cargo com seriedade”.
326 MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI Jr., 1986, p. 341.
327 SILVA, 1999, p. 45.
328 DUSILEK, 1996, p. 4

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aperfeiçoa com conhecimento, treinamento e condicionamento para


motivar pessoas e cumprir as suas responsabilidades nas organizações,
na sociedade e no mundo com mais eficiência e eficácia.

Ter consciência do chamado de liderança implica servir


incondicionalmente na causa do reino de Deus; saber conviver com o
senso de angústia e sofrimento diante da tomada de decisões; lidar com a
incompreensão das pessoas quando o pastor mais se sente fragilizado
emocional e espiritualmente; conviver com a impopularidade por fazer as
coisas certas, pela motivação certa e no momento certo. Drucker, o pai da
administração moderna, ensina que o líder verdadeiro nem sempre será amado
e admirado,329 enquanto Uris confirma que popularidade não é liderança.330

2.1.2.2 Disposição para enfrentar desafios


A liderança cristã exige do pastor um compromisso com o reino
de Deus, para que o líder possa agir em favor das pessoas deste mundo
que carecem de amor, justiça, respeito e cuidado espiritual. O dom da
liderança, à luz do vocábulo grego “proistêmi”, presente no texto bíblico,
envolve a responsabilidade por outros e a proteção daqueles sobre os
quais alguém é colocado.331 Disposição para enfrentar desafios significa,
na prática, vontade de servir cada vez melhor àqueles que necessitam da
orientação espiritual e prática do pastor. Isto implica dizer que as palavras,
ações e atitudes de um pastor em favor dos desfavorecidos, injustiçados
e esquecidos pela sociedade, reforça a sua disposição para enfrentar
desafios em nome do Reino de Deus e do Deus do Reino, que o vocacionou
para cuidar das pessoas espiritual, emocional e socialmente.332

Para enfrentar os desafios da igreja, da sociedade e do mundo


contemporâneo, o pastor tem que nutrir a sua espiritualidade com a
leitura e a meditação bíblicas, a prática da oração e a prestação de um
serviço cristão de qualidade. Depois, então, ele irá capacitar-se e se

329 DRUCKER, 1996, p. 13.


330 URIS, 1972, p. 63.
331 KNIGHT, 1994, p. 139.
332 BARRETOS NETO, 2009, p. 2.

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reciclar constantemente para responder com fé, sabedoria, objetividade


e clareza às questões difíceis do seu tempo, em nome de Jesus.333 Mas,
quais são os desafios desta geração que precisam ser enfrentados pelo
líder pastoral?

Um líder pastoral preparado enfrenta, pelo menos, sete desafios


no mundo contemporâneo: o crescimento populacional mundial; as
complexidades sociais, culturais, econômicas, emocionais e espirituais
das cidades modernas; o crescimento do segmento da terceira idade; o
avanço do tráfico de drogas; o impacto crescente da pornografia virtual; a
expansão da violência na mídia televisiva; a globalização da economia e o
consequente desemprego em massa.334 Quanto mais complexo o mundo
se torna, mais difícil se torna a vida em sociedade; quanto mais complexa a
sociedade se torna os seus efeitos afetam as pessoas, o seu modo de vida,
as suas famílias e, consequentemente, as igrejas locais. Para o pastor ser
líder cristão num mundo em transformação constante é fundamental ter a
disposição contínua de enfrentar desafios, seja de que natureza for.

2.1.2.3 Competências diversificadas


O pastor que milita numa sociedade em transformação entende
que nenhum líder é completo, pois Deus está sempre capacitando o
líder cristão conforme o tempo, as circunstâncias, o ambiente e o lugar.
Alguns líderes têm excelentes competências técnicas (bom nível de
escolaridade, bons estágios e treinamentos, além dos conhecimentos
técnicos específicos), enquanto outros têm poucas competências sociais
(bons relacionamentos interpessoais, trabalho em equipe, capacidade
de gerenciar conflitos e preocupação com o meio ambiente). Alguns
líderes se destacam por conta das suas competências organizacionais
(compromisso com resultados, planejamento e organização, liderança e
ação estratégica, gerenciamento do tempo e de recursos), enquanto outros
são admirados ao extremo pelas suas competências comportamentais
(iniciativa, criatividade, adaptabilidade, consciência de qualidade, boa
ética e capacidade de gerência).
333 Cf. 1 Pe 3.15.
334 SILVA, 2006, p. 25-31.

82
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Existem três características interessantes que parecem estar


sempre presentes na história daqueles líderes que são formados por Deus.
Primeiro, demonstram nenhuma consciência da ação de Deus em suas
vidas; segundo, estão em permanente estado de pessoas inacabadas, ou
seja, estão em processo de formação; e terceiro, a graça de Deus os move
ao longo da vida, das raízes mais básicas (dos alicerces da herança familiar
e formação inicial até uma maior consciência da vocação histórica) à
maturidade ministerial.335

Alguns líderes cristãos não possuem competências intelectuais


completas (capacidade de aplicar, transferir e generalizar conhecimentos,
de definir problemas e propor soluções), contudo, destacam-se nas
sociais, muito importantes no exercício pastoral nas igrejas locais:
bom relacionamento interpessoal, capacidade de trabalhar em equipe
e de gerenciar conflitos. Outros líderes têm boas competências
comportamentais, como: iniciativa, criatividade, coerência e um bom
código de ética, mas não sabem se adaptar aos novos tempos e às
condições desfavoráveis. E é nessas horas que Deus intervém, criando as
circunstâncias e usando as pessoas que os ensinarão as competências
que precisam usar na causa D’Ele. O estudo das teorias da liderança
pode ser um caminho de Deus para ensiná-los, ainda que seja necessário
discernir tudo com base no testemunho das Escrituras.

Bom seria que o pastor, enquanto líder espiritual, possuísse todas as


competências técnicas, intelectuais, organizacionais, comportamentais
e sociais, para causar maior impacto na igreja local, na sociedade e no
mundo, mas ele é um ser humano em processo que está aprendendo,
na informalidade da vida e nos treinamentos formais, o valor de cada
uma das competências supracitadas. Por conta disto, a diversidade de
competências continua sendo um alvo constante do líder cristão no
cumprimento da sua missão pastoral, pois somente assim ele será mais
capacitado para comandar a equipe que lhe foi confiada por Deus para
tomar decisões sábias na igreja local.

335 SILVA, 1999, p. 45-47.

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2.1.2.4 Profundas virtudes morais


Uma das questões mais sérias no exercício da liderança cristã são
as virtudes morais, pois a maioria dos modelos de liderança que provêm
das organizações corporativas sempre priorizaram o compromisso
do líder com o desempenho (planejamento, organização, estratégias,
gerenciamento do tempo) e com os bons resultados. No entanto, alguns
modelos de liderança começaram a se preocupar com as questões morais
dos seus líderes e isto tem causado um grande impacto nas organizações,
na sociedade e no mundo.

Os modelos de liderança visionária, transacional, carismática,


funcional, transformacional, integral, situacional e servidora, que são
organizacionais, têm enfatizado nas suas publicações uma preocupação
extrema com os valores morais e éticos. Isto não significa que antes não
houvesse preocupação com essa questão, mas, talvez, porque não fosse
a sua ênfase destacar os fatores morais ou éticos, que sempre ficaram
subentendidos, enquanto se preocupavam com o desempenho e com os
resultados dos seus líderes no desenvolvimento das questões funcionais.

O caráter do líder é a fonte da inspiração e da influência que ele


exerce sobre os seus liderados, porém, eles destacam que sem a presença
orientadora do Espírito Santo, o líder pode assumir qualquer cargo, mas
não será um líder espiritual idôneo. E mais: o Espírito Santo não confirmará
sua autoridade sobre os seus seguidores.336

As virtudes morais de um líder cristão vêm do seu caráter santo,


da sua motivação de fazer as coisas certas sempre para agradar o seu
criador, mesmo sendo humano e totalmente dependente da graça de Deus.
Talvez, por conta disso, Mohler tenha listado seis virtudes morais que
todo líder cristão precisa ter: a honestidade, a confiabilidade, a lealdade, a
determinação, a humildade e um constante bom humor.337

Só o caráter e as virtudes morais dão sustentabilidade à integridade


do líder cristão, porém, se ambos não forem nutridos com a leitura
bíblica, com a meditação nas Sagradas Escrituras, a prática da oração e
336 BLACKABY; BLACKABY, 2011, p. 114.
337 MOHLER, 2014, p. 134-141.

84
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a motivação santa, com certeza o pastor poderá corromper a integridade


da sua visão, da sua influência e da sua vida diária, e, consequentemente,
será seduzido pela autonomia, pelo poder e pelas riquezas do mundo.338

Hoje, a preocupação com os valores morais faz parte da rotina


de treinamento dos mais variados modelos. Na liderança 360º, a
integridade pessoal do líder é questão fundamental;339 na liderança
integral, existe uma preocupação constante com a dimensão intencional
do líder (motivação, valores individuais e prioridades);340 na liderança
carismática, medidas são tomadas para se evitar o uso abusivo das
habilidades carismáticas do líder, mas a principal delas é a ênfase no
autoconhecimento dirigido (treinamento da autoliderança centrado na
personalidade e na consciência do líder).341

O autoconhecimento é um dos elementos da autoliderança. Ele


começa com algumas perguntas básicas, tais como: “eu sei quem sou?
Quais são os meus objetivos? Eu sei aonde quero chegar? Quais são
os meus pontos fortes e as minhas fragilidades? Eu sei ir à luta? Eu sei
aprender enquanto estou caminhando em direção ao futuro?”.342

A autoliderança desenvolve-se a partir de três elementos básicos:


autoconhecimento, autocontrole e automotivação. Primeiro, a pessoa
conhece os seus pontos fortes e fracos; depois, ela desenvolve a
capacidade de comandar suas atitudes comportamentais e, por fim, ela
se incentiva para realizar as coisas idealizadas ou desejadas.343

Apenas a partir do autoconhecimento, o líder torna-se habilitado


para confrontar as quatro sombras que ameaçam o seu trabalho: o medo,
a dúvida, o sofrimento e a raiva. O líder do século XXI que passa pelo
treinamento da autoliderança centrada na personalidade e na consciência
lidera pensamentos, emoções e ações, não fica refém deles.344
338 LIDÓRIO, 2008, p. 77-100.
339 HYBELS, 2009, p. 219-255.
340 FARIA, 2011, p. 3.
341 CIAMPA, 2016, p. 5.
342 FARIA, 2004, p. 2.
343 CAPELAS, 2011, p. 1.
344 SILEXI, 2016, p. 1-2.

85
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Na liderança visionária existe uma preocupação constante com


a motivação ética do líder, enquanto na liderança situacional é dada
uma ênfase acentuada na maturidade psicológica, profissional e ética
do líder.345 Já na liderança cristã, que não é um modelo empresarial, a
preocupação com a ética do caráter, ensinada por Jesus e pelos seus
apóstolos, continua sendo o fator decisivo do poder de influência do
pastor e dos seus liderados. Contudo, o ponto forte da liderança cristã
ainda é o modelo de liderança servidora centrada em Cristo, um modelo
que pode revolucionar o modo de ser do líder pastoral e da igreja local.

2.2 O pastor e a liderança servidora de Jesus


Uma das dificuldades de muitos pastores é escolher um modelo de
liderança ideal para adotar no seu dia a dia ministerial, pois ao adquirir
uma literatura sobre liderança, a sua única curiosidade é saber se o livro
é cristão ou secular.346 Geralmente, por falta de tempo, nem acessam
a internet para obter alguma informação sobre as teorias da liderança
contemporânea, via de regra, eles fazem uma leitura urgente do texto
sobre liderança com o intuito de aprender a liderar melhor, mas nem se
dão conta de que as abordagens de liderança são muito diferentes entre si
e que as suas ênfases organizacionais ou gerenciais podem chegar perto
das propostas bíblicas e não serem genuinamente cristãs,347 o que não
impede que se tire proveito das mesmas.

Hoje, ainda existe uma dúvida no seio das igrejas evangélicas


contemporâneas: existe uma teoria ou modelo de liderança
verdadeiramente cristã? Esta pergunta é feita porque teologicamente
toda literatura também carrega a marca do pecado, pois foram escritas
por seres humanos. Por mais bíblicas que sejam as afirmações de um
texto religioso, todos carregam esta realidade. A liderança servidora é
totalmente cristã e evangélica nos seus princípios, valores e práticas?
Na verdade, toda literatura sobre liderança cristã que está no mercado
345 MARETTI, 2014, p. 3-4.
346 Geralmente o termo “secular” tem o significado de não cristão, mundano, profano ou
não religioso (FIGL, 1993, p. 816).
347 BLACKABY; BLACKABY, 2011, p. 9-11.

86
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editorial evangélico carece passar por um processo de discernimento,


com a ajuda permanente do Espírito Santo.

2.2.1 Breve histórico da liderança servidora


Ao fazer uma investigação histórica rigorosa, os pastores
descobrirão que a liderança servidora é tanto uma filosofia antiga de
liderança quanto um conjunto de princípios e práticas de liderança que
transcendem a qualquer tradição religiosa particular. Esse modelo de
liderança pode e deve ser praticado na igreja local? Segundo Gill, as ideias
por detrás dessa liderança não são novas, pois muitas filosofias antigas e
religiões influentes refletem o espírito do que hoje se chama de liderança
servidora.348 Tanto é verdade que Keith afirma que os seus princípios têm
sido praticados em todo mundo por mais de dois mil anos.349

No entanto, é fundamental enfatizar que o movimento de liderança


servidora foi lançado por Robert Keifner Greenleaf, em 1970, com a
publicação do seu ensaio clássico “O servo como líder” (The servant as
leader). Foi nesse ensaio que ele cunhou os termos “liderança servidora” e
“líder-servo”, que até hoje têm impactado as organizações corporativas, as
instituições sem fins lucrativos e educacionais, a sociedade e o mundo.350

As ideias de Greenleaf deram origem ao movimento moderno


de liderança servidora. Este autor nasceu no Estado de Indiana, nos
Estados Unidos, em 1904, no momento em que a sua cidade natal estava
participando significativamente na Revolução Industrial. No início da sua
juventude começou a estudar engenharia em Indiana, mas se transferiu
para o Carleton College, no Minnesota, onde se formou em matemática
em 1926, com 22 anos de idade. Imediatamente conseguiu um emprego
na American Telephone and Telegraph Company, mais conhecida como
AT&T, uma das maiores organizações corporativas do mundo.351

348 GILL, 2015, p. 2.


349 KEITH, 2016, p.1.
350 FRICK, 2009, p. 2.
351 FRICK, 2009, p. 1.

87
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Em 1929, ele foi transferido para a sede da AT&T, na cidade de Nova


York. Nesta empresa ele cresceu, foi promovido rapidamente e trabalhou
durante 38 anos de sua vida, chegando a diretor de desenvolvimento de
gestão da organização. Foi lá que ele criou o primeiro centro de avaliação
de empresas do mundo, desenvolveu um programa de treinamento
continuado em gestão e aprofundou as suas pesquisas nas áreas de
gestão, desenvolvimento e educação.352

Em 1934, aos 30 anos de idade, Greenleaf descobriu o quakerismo,


denominação cristã informal (grupo fraternal evangélico), mais conhecida
hoje pelo nome de Sociedade dos Amigos da Verdade,353 que teve origem
na Inglaterra, em 1652, com George Fox (1624-1691). A fé dos quakers
propagou-se por muitos países da Europa e chegou aos Estados Unidos,
onde, em 1681, por iniciativa de William Penn, se estabeleceu e fundou a
colônia da Pensilvânia. Foi essa fé religiosa de Greenleaf que influenciou
os seus pensamentos sobre a natureza do serviço e o impacto de uma
liderança autêntica nas organizações.354

Em 1964, com 60 anos, Greenleaf se aposentou na AT&T. Ele foi


considerado um dos maiores especialistas no desenvolvimento de
liderança corporativa dos Estados Unidos, enquanto militou no mundo
empresarial.355 Introduziu a espiritualidade na vida organizacional levando
teólogos e psicólogos para falar sobre as implicações mais amplas de
decisões corporativas, além de desenvolver um programa inovador de
352 FRICK, 2009, p. 1.
353 O quakerismo é um movimento evangélico de origem inglesa que sempre se
preocupou com a restauração da fé cristã original e se caracterizou por costumes rígidos,
normas éticas-espirituais inegociáveis, disciplina férrea, espontaneidade na adoração
religiosa, pacifismo extremo, filantropia constante e comprometimento com as verdades
de Jesus ministradas pelo Espírito Santo ao coração dos homens. Seguidores da fé
quaker que se tornaram personagens históricos de destaque: Frederick W. Taylor, o pai
da Administração Científica; Richard Nixon, ex-presidente dos Estados Unidos da América
do Norte; Johns Hopkins, fundador da Universidade Johns Hopkins; John Raleigh Mott,
ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1947; Arthur Stanley Eddington, astrofísico inglês;
John Boyd Orr, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1949, e John Dalton, autor da Teoria
Atômica de Dalton (FERREIRA, 1980, p. 1401; ANDRADE, 1998, p. 247; GOMES, 2013, p. 1).
354 SMITH, 2005, p. 10.
355 GILL, 2015, p. 2.

88
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gestão continuada que possibilitou a promoção de mulheres e negros


para cargos não braçais.356

No mesmo ano de 1964, ele iniciou uma nova carreira profissional


como consultor, palestrante, escritor e professor do Massachusetts
Institute Technological (MIT) e das universidades de Harvard e de Duke.
Por causa da sua preocupação com a gestão corporativa, deu assistência
especial à Fundação Americana para a Investigação da Gestão e fundou
o Centro de Ética Aplicada, que em 1985 mudou o seu nome para Centro
Robert K. Greenleaf de Liderança Servidora, na cidade de Atlanta, no
Estado da Geórgia.357

O conceito de liderança servidora de Robert Keifner Greenleaf


nasceu depois do seu contato, em 1932, com a obra “Viagem ao Oriente”
do novelista alemão Hermann Hesse (1877-1962), que recebeu o Prêmio
Nobel de Literatura em 1946.358 O conto é narrado em primeira pessoa
por um músico, membro do Círculo, uma liga secreta formada por artistas,
filósofos, escritores, poetas, entre muitos, que se dedicam a participar de
uma jornada, sem um destino certo, numa peregrinação rumo ao Oriente.
Mas, existe uma exigência: todos os homens que vão empreender a
jornada precisam ter um objetivo particular e devem perseverar na fé, ter
coragem frente ao perigo e amar os semelhantes. Leo é o protagonista
da história, que serve como guia dos viajantes. Leo é um criado sábio,
fiel, amável e de belo rosto. Os viajantes chegam a ele para pedir todos
os tipos de favores e para fazer todo tipo de reclamação. Ele é um criado
extremamente dedicado, pois além de fazer as tarefas rotineiras, canta, dá
conselhos sábios e mantém a motivação do grupo em alta. Tudo corre bem,
até que Leo desaparece de forma misteriosa. Foi, então, que perceberam
a importância dele para o grupo. Todos se dispersam e abandonam a
viagem, pois não podem continuar a jornada sem a sua orientação.359

O narrador, que é um dos peregrinos, depois de muito perambular


e navegar, encontra Leo e este o ajuda a chegar ao lugar onde está o
356 FRICK, 2009, p. 2.
357 SMITH, 2005, p. 11.
358 SMITH, 2005, p. 11.
359 SEGURA, 2007, p. 54.

89
< voltar

Superior dos Superiores da Ordem que havia patrocinado a viagem


inicial. O narrador chega muito receoso perante o Grande Assento dos
Superiores, pois temia ser acusado de ter abandonado a viagem e ter
revelado os segredos do Círculo. No entanto, qual não é a sua surpresa
quando se encontra frente a frente com a maior das autoridades da Ordem
e descobre, espantado, que é o mesmo Leo, o antigo criado e carregador
das bagagens. E aí o narrador descobre que o antigo servo é o maior dos
Superiores e, como o Superior, é o maior servo de todos.360

A partir da leitura desse texto, Greenleaf foi impactado


profundamente, o que lhe causou um longo processo de reflexão de
doze anos. Depois, ele desenvolveu uma proposta de liderança em que a
atitude de servo era imprescindível para que as coisas acontecessem nas
instituições e estas não perdessem a sua viabilidade existencial.361 Ele
finalmente entendeu que a verdadeira liderança emergia de um profundo
desejo de ajudar, primeiro, os outros. Mas qualquer pastor pode adotar
esse modelo de liderança na igreja local?

Em 1970, Greenleaf escreveu o ensaio “The servant as leader” (O


servo como líder); em 1972, “The instituition as servant” (A instituição
como serva); em 1974, “Trustees as servants” (Curadores como servos);
em 1975, “Advices to servants” (Conselhos para os servos); em 1977,
“Servant leadership” (Liderança servidora); em 1978, “Servant, leader and
follower” (Servo, líder e seguidor); 1979, “Teacher as servant: the parable”
(O professor como servo: a parábola); 1982, “The servant as religious
leader” (O servo como líder religioso). Em 1990, Greenleaf morreu com 86
anos, mas suas ideias continuam sendo difundidas pelo mundo por meio
do centro de liderança servidora que leva o seu nome.362

A liderança servidora incorporou propostas dos modelos


contingencial-situacional, transacional, transformacional, funcional e
carismático, mas adquiriu uma identidade mais humanística. Para se ter
uma ideia, o foco da liderança funcional é a equipe, a tarefa e os indivíduos,
pois o líder funcional se preocupa com as necessidades individuais
360 KEITH, 2016, p. 1.
361 SEGURA, 2007, p. 54-55.
362 SMITH, 2005, p. 11.

90
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dos seus liderados, com a motivação da equipe e com as ações que


produzem resultados bem-sucedidos.363 Já na liderança servidora é o
líder que enfatiza o trabalho em equipe, a capacitação dos seus liderados
e a flexibilidade das estruturas organizacionais para o cumprimento das
metas estabelecidas.364

Na liderança transacional, o líder preocupa-se em guiar, desafiar,


motivar e atender às necessidades dos seus liderados, mas o seu foco
está na supervisão, na organização, no desempenho e nos resultados de
curto prazo do seu grupo.365 Na liderança servidora ocorre o inverso, o líder
procura cuidar individualmente de cada um dos seus liderados atendendo,
primeiro, as suas necessidades pessoais, emocionais, espirituais e
profissionais, para depois se importar com o desempenho e resultados da
equipe, que sempre superam as expectativas.366

Na liderança transformacional, o líder é referência em tudo e usa o


seu carisma, integridade, autoridade e respeito para mudar a percepção,
expectativa e motivação dos seus liderados para que o desempenho e os
resultados do grupo sejam acima do esperado.367 Na liderança servidora,
a espiritualidade do líder determina a qualidade dos seus pensamentos,
das suas palavras, ações e atitudes. A visão, a influência, a credibilidade, a
confiança e o serviço desse líder desafia e inspira o trabalho de qualidade
da sua equipe.368

Dentro da liderança transformacional, o desenvolvimento pessoal e


a capacitação dos liderados são abordados como meios para alcançar a
meta organizacional, enquanto na liderança servidora esse desenvolvimento
pessoal e a capacitação dos funcionários sempre foi o objetivo.369

363 TERUCHKIN; BOLZAN; FAGHERAZI, 2007, p. 2.


364 MELO, 2016, p. 2..
365 SPAHR, 2014, p. 2.
366 SMITH, 2005, p. 8.
367 LUNDGREN, 2015, p. 1.
368 SMITH, 2005, p. 9.
369 SMITH, 2005, p. 10.

91
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2.2.2 Características da liderança servidora


O problema da liderança servidora é que até hoje os estudiosos não
conseguiram chegar a um acordo sobre o que ela é. Ela é uma filosofia
de liderança, uma perspectiva ética de liderança, uma teoria de liderança
ou um movimento renovador dentro das abordagens de liderança?
De acordo com alguns autores, a liderança servidora não é uma teoria,
porque cientificamente ela tem uma sistemática indefinida e não possui
apoio empírico, ou seja, suas propostas não se enquadram dentro da
perspectiva das modernas ciências comportamentais.370

Keith afirma convicto que a liderança servidora é uma filosofia de


liderança desenvolvida por Robert Greenleaf, não uma teoria.371 Smith
entende que a liderança servidora é uma abordagem holística do trabalho,
em que se promove um sentido de comunidade e se partilha o poder na
tomada de decisões, mas que carece de uma confirmação empírica no
desempenho organizacional.372

Qual é o grande diferencial da liderança servidora? Ela foi concebida


nos anos 1960 e 1970, mas ainda hoje encontra espaço no mundo
organizacional, nas instituições religiosas e educacionais.373 Tanto é
verdade que a liderança servidora enfatiza a capacitação dos liderados,
o trabalho em equipe e a flexibilidade das estruturas organizacionais,
além das crenças e características pessoais acompanhadas de técnicas
específicas de liderança. Mas, será que esse modelo de liderança se

370 STONE; RUSSELL; PATTERSON, 2003, p. 358.


371 KEITH, 2016, p. 2.
372 SMITH, 2005, p. 15.
373 O catálogo no site do Center Greenleaf mostra que o movimento Liderança Servidora
centrado em Robert Greenleaf tem como expoentes: Larry Spears, Joseph M. Patrychak,
Annie McKee, Shann Ray Ferch, Laurie Beth Jones, Ken Halstead, Jack Mitchell, Peter
Senge, Kent M. Keith, Ken Jennigs, Izabel Lopez, Jim Boyd, James Autry, John Renesh,
Trevor M. Hall, Michael Comer, Eric J. Russell, John W. Sullivan, Scott Ward, Mary Miller,
Michelle Lawrence e Marwyn A. Hayes, entre outros. Porém, Avolio, Walumbwa e Weber
reconhecem como pesquisadores da Liderança Servidora os autores E. E. Joseph,
B. E. Winston, R. R. Washington, C. D. Sutton, J. E. Barbuto e D. W. Wheeler (AVOLIO;
WALUMBWA; WEBER, 2009, p. 436-437).

92
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aplica à igreja local? O pastor que usar esse modelo de liderança na sua
congregação contribuirá para o seu crescimento espiritual e numérico?

O diferencial da liderança servidora é que seus princípios não podem


funcionar plenamente sem o exercício da espiritualidade do líder.374 Os
princípios da liderança servidora funcionam ou falham dependendo dos
valores pessoais de quem os emprega, pois os líderes infundem os seus
valores pessoais em toda a organização por meio de um processo de
ações demonstradas e observáveis.375

Os atributos da liderança servidora podem ser divididos em


funcionais e de acompanhamento. Os funcionais são: a visão, a
honestidade, a integridade, a confiança, o serviço, a modelagem,
o pioneirismo, o apreço e o empoderamento dos liderados. Os de
acompanhamento são: a comunicação, a credibilidade, a competência,
a gestão, a visibilidade, a influência, o ouvir, o encorajamento, o ensino, a
persuasão e a delegação.376

Ao redefinir a maneira do líder pensar sobre gestão, Greenleaf


identificou cinco importantes qualidades de liderança (visão, influência,
credibilidade, confiança e serviço), juntamente com as dez características
fundamentais para o sucesso de um líder servidor (escuta, empatia,
cura, conscientização, conceituação, persuasão, compromisso com
o crescimento das pessoas, previdência, mordomia e edificação da
comunidade).377

Tanto as qualidades de liderança servidora quanto as características


fundamentais do líder servidor, idealizados por Greenleaf, devem ser
desenvolvidos com espiritualidade, e esta é a parte a ser discutida que
poucos autores da área de liderança gostam de abordar. Frick esclarece
que Greenleaf nunca escondeu que era um cristão evangélico de confissão
quaker e que adotava a ética judaico-cristã como norma de vida. O
referido biógrafo, inclusive, destaca a declaração de Greenleaf de que “a

374 SMITH, 2005, p. 9.


375 RUSSELL, 2001, p. 81.
376 RUSSELL; STONE, 2002, p. 146-147.
377 PODSADA, 2016, p. 2-4.

93
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liderança servidora era para as pessoas de todos os credos e de todas as


instituições, seculares e religiosas.”378

2.2.3 Jesus, a encarnação perfeita da liderança


servidora
A liderança servidora desenvolvida por Greenleaf tem uma excelente
proposta porque em primeiro lugar, introduz a espiritualidade de forma
prática e eficaz na cultura corporativa; em segundo, valoriza o trabalhador
individualmente, procurando responder às suas necessidades espirituais,
profissionais e econômicas; em terceiro, oferece segurança e estabilidade
psicológica, além de um senso de fundamentação moral e ética; em
quarto, trabalha no empoderamento do liderado e no seu crescimento
pessoal; em quinto, enfatiza as características pessoais, as crenças e
técnicas específicas de liderança.379

Na liderança servidora, o líder que pensa em servir primeiro aos


outros evita, necessariamente, as armadilhas do poder, construindo
consenso, empoderamento do liderado e igualdade no local de trabalho.
Com esse gesto, ele cria uma força de trabalho mais motivada e
competente, partilhando o poder na tomada de decisões, o que causa um
grande impacto na cultura e no desempenho da organização.380

Mas, por que Jesus é a encarnação perfeita da liderança servidora? O


que agora se chama liderança servidora teve a sua verdadeira origem na vida
e nos ensinamentos de Jesus. Na realidade, foi Ele quem proclamou que a
liderança não existe à parte do serviço, e que quem quiser se tornar importante
entre as pessoas deverá antes ser servo. “A única novidade é o tratamento
técnico ou formato acadêmico com os quais querem apresentá-la”.381

Jesus usou técnicas infalíveis de liderança: escolheu bem a sua


equipe de trabalho; delegou autoridade aos seus discípulos; comunicou-

378 FRICK, 2009, p. 2.


379 SMITH, 2005, p. 4-9.
380 SMITH, 2005, p. 8.
381 SEGURA, 2007, p. 55.

94
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se bem, pois sabia ouvir e conversar sábia e pacientemente com o povo


e os seus discípulos; deu ênfase aos recursos humanos (treinou os seus
apóstolos, motivou-os e capacitou-os para o serviço cristão); organizou e
planejou as suas atividades.382 Jesus encarnou perfeitamente a liderança
servidora porque tinha um forte senso de missão, de autoridade e de
dependência do Pai.

O serviço que Jesus prestou foi de excelente qualidade: pregou o


Evangelho do reino de Deus, ensinou nas sinagogas e curou enfermidades
e moléstias;383 libertou os cativos e oprimidos;384 curou os quebrantados
de coração e evangelizou os pobres;385 confrontou cuidadosamente as
pessoas nos seus erros;386 expulsou demônios;387 intercedeu pelos seus
discípulos;388 interpretou os seus ensinos;389 demonstrou disposição de
perdoar pecados;390 morreu na cruz por todos os pecadores.391

Jesus encarnou qualidades pessoais da liderança servidora que


fizeram dele o maior líder da humanidade. Jesus foi leal (não se desviou
do propósito de fazer a vontade do Pai), fiel (seu compromisso com o
reino de Deus era inegociável), honesto, franco, humilde, desprendido,
devotado, compassivo, tolerante, manso, perseverante e esperançoso.392

A liderança servidora de Jesus era ética ao extremo. Ele nunca


iludiu ninguém com falsas promessas e sempre disse às pessoas aquilo
que elas precisavam ouvir, sem ser grosseiro. Sabia ser gentil de espírito,
tolerante, brando e carinhoso com as pessoas. Jesus visou sempre o

382 CAVALCANTI, 2012, p. 1-4.


383 Cf. Mt 9.35.
384 Cf. Lc 4.19.
385 Cf. Lc 4.18.
386 Cf. Mt 22.29.
387 Cf. Mc 9.25.
388 Cf. Jo 17. 11.
389 Cf. Mt 18.21-35.
390 Cf. Lc 23.34.
391 Cf. Rm 5. 8.
392 MACRI, 2015, p. 1-2.

95
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benefício dos seus seguidores, sabia conviver com todo tipo de gente e
amava as pessoas, mesmo quando elas não mereciam.

Romão afirma que liderança para Jesus não era uma declaração e,
sim, uma ação transformadora.393 E isto só era possível, segundo Azevedo,
porque Jesus tinha consciência de si mesmo, compreensão da sua missão
e conhecimento das suas ovelhas (as pessoas alvo do seu pastoreio).394

Todo pastor que deseja imitar a liderança de Jesus, nos dias de


hoje, primeiro, conhece muito a si mesmo; em segundo, compreende
o que significa ser pastor numa sociedade em transformação e, em
terceiro, identifica com profundidade as pessoas que estão debaixo da
sua orientação e que aguardam um cuidado pastoral transformador (que
instrui, edifica, salva, restaura e cura).

Por que Jesus encarnou perfeitamente a liderança servidora? Porque


Jesus Cristo foi o líder que Deus deu à sua igreja, e os cristãos primitivos
tinham a consciência de Jesus como um Senhor vivo, com quem estavam
em contato de momento a momento por meio do Espírito Santo.395 Com
isto, o autor deixou bem evidenciado que Jesus era a encarnação da
verdade e que a sua ética era absoluta.

Jesus encarnou a liderança servidora perfeitamente porque o seu


modelo de liderança não era empresarial; porque, segundo Gimenez, a
metodologia de Jesus na liderança era traduzida pela palavra “pastoreio”,
ou seja, Jesus sempre exerceu a sua liderança como um pastor que cuida
de suas ovelhas e, por conta de tudo isso, o seu modelo de liderança era,
na realidade, uma liderança por pastoreio.396

393 ROMÃO, 2005, p. 3.


394 AZEVEDO, 2013, p. 2.
395 O pensamento do Dr. Karl Heim (1874-1958) foi bem analisado por BAILLIE, 1983,
p. 114-121.
396 GIMENEZ, 2009, p. 2-4.

96
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O modelo de liderança servidora centrado em Jesus397 é


essencialmente pastoral e os pastores necessitam tomar cuidado com
os vários modelos de liderança e seus métodos para não se desviarem
da essência da igreja que são os ensinos de Cristo e sua metodologia.
Essa liderança pastoral envolve dar direção à igreja local, prover suas
necessidades e segurança e nutrir relacionamento com as pessoas que
fazem parte dessa congregação.

É importante que os pastores tenham cuidado com os modelos de


liderança empresariais que são aplicados à igreja local, pois muitas vezes
eles utilizam métodos de liderança orientados pela lógica de mercado, e
esses métodos podem ser métodos que causam mais prejuízos do que
benefícios.398 Observa-se que “as igrejas e denominações que não atentam
para o ensino de Jesus e nem seguem os seus princípios de liderança hoje,
cortejam o juízo e a condenação de Deus, mesmo que estejam prosperando
de acordo com a avaliação dos padrões deste mundo”.399

O melhor modelo de liderança pastoral ainda é aquele apresentado


por Jesus nos Evangelhos e nos escritos apostólicos: liderar servindo,
sendo exemplo na palavra e na conduta.

2.2.4 Princípios da liderança servidora centrada


em Jesus
A maior evidência de que a liderança servidora centrada em Jesus
precisa ser uma meta para os pastores desta geração está no Novo
Testamento. Nos Evangelhos Sinóticos Jesus é apontado como o pastor;
no Evangelho de João, Jesus se revela como pastor; na Epístola aos
397 O movimento Liderança Servidora centrado em Jesus tem crescido no Brasil, nos
dias de hoje, por meio de obras que têm enfatizado a pessoa, a espiritualidade, o estilo de
liderança e as qualidades pastorais de Jesus. As obras “Além da Utopia: Liderança Servidora
e Espiritualidade Cristã” (2007), de Harold Segura; “Liderar é Servir” (2007), de Antônio Renato
Gusso; “A Liderança Espiritual” (2011), de Henry e Richard Blackaby; “Ministério Dirigido por
Jesus” (2013), de Ajith Fernando; “Líderes que Permanecem” (2007), de Dave Kraft; “A Arte de
Apascentar” (2011), de Dag Heward-Mills; “Líderes como Jesus” (2007), de Ken Blanchard e
Phil Hodge; “O Líder que Brilha” (2009), de David Kornfield; “Como Ovelhas que têm Pastor”
(2015), de João Cavalcante, são alguns exemplos.
398 FERNANDO, 2013, p. 90.
399 SHEDD, 2000, p. 57.

97
< voltar

Hebreus existe uma releitura da figura messiânica do pastor do Antigo


Testamento e na Primeira Epístola de Pedro, Jesus é apresentado como
o supremo pastor.400

Entende-se que o modelo de liderança de Jesus possuía um padrão


definido, pois, segundo a sua concepção, liderar para Jesus era edificar a
mente das pessoas com ideias vindas diretamente de Deus. Na sua escola
de líderes havia uma filosofia pastoral fundamentada em três princípios: a
formação do caráter, da lealdade e do serviço ao Senhor.

E mais: Ele enfatizava uma nova mentalidade (conversão espiritual


como a descrita nos capítulos 5-7 do Evangelho de Mateus); exigia que
os seus discípulos morressem para este mundo (renunciando a sua
própria vontade e abraçando a vontade de Deus); ensinava a relevância
da compaixão (ficava condoído com a situação das viúvas e das crianças,
dos pobres e miseráveis, dos desprezados sociais e dos enfermos);
orientava o uso sábio e comedido do dinheiro e por último, mas não menos
importante, enfatizava que todos os seus discípulos permanecessem nele
(permanecer em Cristo significava intimidade pessoal e espiritual com Ele,
além da obediência incondicional aos seus ensinos).401

Ao analisar os modelos de liderança que a literatura especializada


tem colocado a disposição dos pastores é fundamental fazer algumas
pontuações que servirão de orientação para os líderes espirituais que
atuam na sociedade em processo de transformação. Jesus é o alicerce e
o Senhor da Igreja.402 O modelo da Igreja é o próprio Cristo.403 O modelo de
mensagem e da estrutura da Igreja é Cristo.404 A metodologia de liderança
pastoral ideal para a igreja local é ensinada por Cristo na Escritura.405

Tem havido uma busca incessante entre líderes da Igreja Cristã, em


especial pastores, por modelos empresariais que possam ser aplicados

400 GIMENES, 2009, p. 3.


401 SHEDD, 2000, p. 58-66.
402 Cf. Hb 12.2; Gl 2.20-22.
403 Cf. Fp 2.5-11.
404 GIMENEZ, 2009, p. 2.
405 Cf. Jo 10.

98
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nela.406 Isso não é de todo ruim, mas pode desviar o líder espiritual da
metodologia idealizada por Jesus. O mesmo autor ainda afirma que a
liderança do pastor contemporâneo tem que ser identificada com Jesus:
“Quando lideramos na Igreja manifestamos um modelo que precisa
necessariamente apontar para Cristo”.407

Em tempos de transformações sociais, os líderes espirituais


precisam ter em mente um princípio norteador: “Jesus Cristo é a verdade
última da humanidade, do universo e da história”.408 O modelo ideal de
liderança da igreja tem que ser cristológico, pois a vontade de Cristo é que
os seus pastores deixem uma marca no mundo que aponte para Ele.409 Se
Jesus Cristo não for Senhor dos pastores, eles não serão referência para a
membresia da igreja local e nem para a equipe de auxiliares que foi posta
por Deus sob a sua liderança.410

O modelo de liderança centrado em Jesus impõe submissão


incondicional ao senhorio Dele.411 Jesus espera dos pastores desta
geração não só habilidade e talento, inteligência e capacidade de decisão,
mas também disponibilidade, disposição e prontidão para servir.412 “Servir
é adotar uma nova atitude frente a Deus, frente ao próximo e frente a nós
mesmos [...] o que se necessita é uma nova liderança caracterizada pelo
serviço amoroso e desinteressado”.413 Esta é a espiritualidade servidora e
a liderança pastoral que tem grande identificação com Cristo.

406 GIMENEZ, 2009, p. 2.


407 GIMENEZ, 2009, p. 4.
408 MIRANDA, 2009, p. 31.
409 BLANCHARD; HODGES, 2007, p. 13.
410 Cf. Fp 3.17; 1 Co 11.1; Fp 4.9.
411 Cf. Jo 15.12,14,17.
412 SHEDD, 2000, p. 32.
413 SEGURA, 2007, p. 57.

99
3. A Gestão do Pastor
< voltar

3. A Gestão do Pastor
Uma das maiores dificuldades que o ministério pastoral enfrenta nos
dias de hoje é o sentimento de incapacidade para reagir aos novos desafios
desta geração. Não é fácil compreender as questões contingenciais que
atingiram a sociedade e o mundo. Hoje, o mundo quer e precisa, de um
novo tipo de líder cristão que seja eficaz, que conheça o seu tempo, que
esteja em sintonia com a sua época e que consiga discerni-la.1

Hoje o mundo está enfrentando mudanças tão rápidas e radicais


que elas estão afetando o modo de ser, pensar e agir das empresas, das
instituições educacionais e sem fins lucrativos, das igrejas, famílias e
lares. E essas mudanças requerem dos líderes o máximo de competência,
objetividade e eficiência. É nessas horas que os pastores compreendem
que a sua espiritualidade faz toda diferença, porque o próprio Deus que
os vocacionou, também prometeu capacitá-los com conhecimento e
discernimento.2

A membresia das igrejas clama por pastores que sejam líderes e


gestores, por homens e mulheres que saibam enfrentar desafios e resolver
os problemas que têm atingido as pessoas, famílias, comunidades,
instituições e sociedade.3 Esses líderes precisam de uma estratégia
que não pode ser construída sem discernimento, sensatez e coragem.
“A estratégia não é um destino nem solução; não é um problema a ser
resolvido, é uma jornada, e precisa de liderança permanente; precisa
de um estrategista”.4 Os pastores precisam ser líderes estrategistas,
gestores competentes e solucionadores do Reino de Deus num tempo de
mudanças radicais.

1 SILVA, 2006, p. 20.


2 Cf. Jr 3.15.
3 SOUZA FILHO, 1995, p. 98.
4 MONTGOMERY, 2012, p. 21.

101
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3.1 Os desafios da sociedade em transformação


à gestão do pastor
Geralmente as pessoas não refletem que estão vivendo numa
sociedade em processo de transformação e que essa realidade as afeta
diretamente. Via de regra, as transformações que ocorrem na sociedade são
consequências de mudanças que vão acontecendo e se consolidando com
o passar dos tempos. A mudança social ocorre pela influência das ações
dos indivíduos sobre a sociedade, dos grupos significativos de indivíduos
e de instituições, além de forças exteriores (ambientais e circunstanciais).
O autor também lista as várias causas das mudanças sociais que estão
por detrás das transformações radicais que a sociedade contemporânea
tem experimentado: os cataclismas naturais, as alterações demográficas,
as guerras e invasões, as descobertas científicas, as invenções técnicas,
as ideias filosóficas, o contato entre diferentes povos e culturas, os
movimentos de ideias religiosas, o aperfeiçoamento e a multiplicação dos
meios de comunicação e a globalização.5

O problema surge quando muitos pastores não sabem lidar com


as novas realidades. Existem três formas diferentes dos líderes lidarem
com as mudanças sociais. A primeira é a forma reativa, quando a maioria
reage às mudanças depois que elas chegam ou acontecem; a segunda, é
a responsiva, em que alguns reagem às mudanças enquanto elas estão
acontecendo e procuram saber a direção que elas estão tomando. Já a
terceira é a redentiva, quando conseguem decifrar com discernimento os
indícios e sinais de uma mudança que está para chegar e procuram se
antecipar a mesma. São poucos os líderes que lidam com as mudanças
desse modo.6

Vive-se num tempo em que as pessoas envolvidas nas organizações,


instituições educacionais e sem fins lucrativos, igrejas, famílias e lares,
desejam ser conduzidas por uma liderança que consiga decifrar com
discernimento os indícios, tendências e sinais da mudança que estão

5 LIMA, 2001, p. 164-165.


6 SWEET, 2009, p. 16.

102
< voltar

para chegar e procure se antecipar às mesmas.7 As igrejas, em particular,


precisam ser conduzidas por líderes como os homens da tribo de Issacar,
“que sabiam como Israel deveria agir em qualquer circunstância”.8 Eles
eram perceptivos, sabiam distinguir as coisas, tinham discernimento e
eram estrategistas.

Vive-se numa sociedade sem esperança que necessita de pastores


que saibam comunicar as verdades do reino de Deus com atitude,
objetividade, clareza, firmeza, fidelidade e compaixão. A sociedade tem
vivido uma época de desilusão, de crise e indefinição.9 Esta é uma época
que exige do pastor mais conhecimento do mundo e discernimento da
natureza humana e das suas necessidades profundas; mais treinamento e
habilidade interpessoal para se resolver conflitos nas mais diversas áreas.

Este é o tempo, do pastor sentir a pulsação do mundo à sua


volta e traçar uma estratégia certa para vencer os desafios que estão
se apresentando à congregação local,10 pois toda sociedade em
transformação enfrenta, necessariamente, uma fase de mudança e
muita instabilidade.11 E é nesse período de baixas expectativas que o
pastor precisa planejar e preparar mensagens bíblicas, ações pastorais e
comunitárias que ofereçam uma alternativa para essa geração.

O século 21 é um grande desafio para a imaginação e talento de


todos os líderes de organizações, ou seja, torna-se imperativo líderes de
visão que se preocupem com o bem-estar das pessoas; organizações
com uma missão; líderes com algo mais no coração além do desejo
de sucesso; líderes que reconheçam que não entendem tudo e que
precisam de assessoria; a busca de recursos nas mais diversas fontes;
o aproveitamento dos recursos nos mínimos detalhes; saber o que as
pessoas precisam e procurar atender as suas necessidades; planejamento
e previsão, além de uma comunicação eficiente.12
7 SINE, 2001, p. 37-58.
8 Cf. 1 Cr 12.32 Nova Versão Internacional (NVI, 2011).
9 ATIENCIA, 1999, p. 29.
10 BEAUSAY, 2005, p. 26.
11 ATIENCIA, 2000, p.11.
12 CAMPANHÃ, 2013, p. 63-65.

103
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O século 21 está sendo um tempo de grandes desafios para


os pastores e igrejas, pois não tem sido fácil interpretar a época de
grandes transformações e mudanças que o mundo e a sociedade estão
experimentando. Se por um lado os pastores precisam conhecer bem
os elementos da pós-modernidade (um fenômeno cultural que acontece
em nível mundial, de modo especial no Ocidente),13 por outro, não devem
ignorar a força dos tentáculos da globalização (que é um fenômeno de
mundialização do espaço geográfico por meio da interligação tecnológica,
econômica, política, social e cultural).14

3.1.1 Os desafios impostos pela globalização


O que é a globalização? A globalização não é apenas uma mudança
de ordem econômica que afeta a sociedade e o mundo. Na realidade, é um
fenômeno histórico-sócio-cultural de grande amplitude e complexidade,
pois, é um processo dinâmico de âmbito mundial que procura unificar
procedimentos políticos, econômicos, financeiros, empresariais,
científicos, tecnológicos, culturais e religiosos, nas relações de trabalho,
na justiça e nos meios de comunicação, de modo que as diferenças sejam
administradas e vencidas.15

A cada dia que passa, as marcas da globalização ficam evidentes


no mundo em que se vive. A velocidade das mudanças tem trazido um
impacto tão grande sobre a sociedade que se torna difícil reconhecer e se
adaptar às transformações constantes. A era global gerou uma sociedade
do conhecimento e da informação, guiada pela velocidade, inovação,
tecnologia, flexibilidade, qualidade de trabalho e produtividade.16

O pastor que atua nesta sociedade em transformação, necessita


ser sábio e dinâmico, estar sempre lendo, se informando, estudando, se
qualificando e aprendendo coisas novas para alcançar o coração das
pessoas e preencher suas necessidades espirituais, emocionais, éticas

13 MARTINS, 2002, p. 46.


14 RIBEIRO, 2016, p. 2.
15 LIMA, 2001, p. 173-175.
16 RIFKIN, 1996, p.63-73.

104
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e ministeriais. Ele não se esquecerá que é um líder servo, 17 e, também


um profissional do Reino de Deus que sabe combinar devoção com
organização e ação. 18

Os membros das igrejas esperam que os pastores tenham as


competências de um líder eficiente, tais como: ser curioso para aprender
coisas novas e corajoso para correr riscos na implementação das mesmas;
criativo diante das mudanças de paradigmas e de situações inesperadas;
capaz de trabalhar em equipe e se contextualizar constantemente. Tal
como aconteceu com Neemias, as pessoas que integram as igrejas
esperam que os seus pastores estejam motivados a cumprir uma tarefa
para Deus, mesmo que ela seja cercada por várias circunstâncias difíceis.19

Os tentáculos da globalização são fortes e variados, mas quatro


deles são perceptíveis: a internet, que transforma o mundo numa aldeia
global e possibilita a universalização da informação, da notícia e do
conhecimento; 20 a centralização do capital em escala mundial; o império
do neoliberalismo (redução do papel do Estado na esfera econômica e a
prática de direitos e deveres em contratos) e o impacto da cultura global
21. Na sociedade global não existe espaço para pastores desatentos

ou alienados, pois a pobreza, as injustiças sociais, a ignorância, a


desqualificação para o mercado de trabalho e o batalhão de doentes e
inativos são uma realidade constante, ainda que nem sempre visíveis.22

A cultura global implica o domínio universal da língua inglesa,


o estabelecimento de uma economia de mercado, as necessidades
universais comuns, a mundialização das marcas, o intercâmbio cultural
contínuo, a funcionalidade da educação superior ao mercado de trabalho,
a orientalização do Ocidente, a expansão do pluralismo ideológico, político
e religioso, e o cultivo da multiculturalidade.23 E isto torna o ministério do

17 DUSILEK, 1996, p. 43-47.


18 FRESTON, 1993, p. 25.
19 SWINDOLL, 2004, p. 12.
20 SCHMIDT; COHEN, 2013, p. 11-12.
21 ANDRIOLI, 2003, p. 1-3.
22 ESPIN, 2009, p. 242.
23 ANDRIOLI, 2003, p. 4.

105
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pastor cada vez mais dinâmico e desafiador, pois ele necessita aprender
a conviver com todos os tipos de pessoas, temperamentos, culturas,
religiões, espiritualidades e tendências diversas, sem comprometer a sua
identidade cristã e a sua missão de líder servo.

Não é fácil identificar todos os efeitos da globalização (bons ou


maus), contudo, alguns podem ser percebidos, tais como: a popularização
do uso da internet,24 a reengenharia administrativa, a redução da força
global de trabalho, a tirania da urgência, o aumento das desigualdades
sociais, a onda de desemprego em massa advindo da tecnologização no
mercado de trabalho,25 o crescimento desenfreado do crime organizado,
da prostituição, do tráfico de drogas e de pessoas, da violência urbana e
da população carcerária.26

Outros efeitos da globalização são o processo de urbanização


das nações e o rápido crescimento populacional; a expansão das ideias
filosóficas e o ressurgimento das ideologias radicais; a rápida difusão dos
movimentos religiosos de todas as matizes;27 e o avanço crescente da
pornografia virtual nas classes sociais média e alta.28 Se o pastor não estiver
bem próximo das pessoas oprimidas e afetadas pelas consequências
dessa realidade desumana e cruel, como elas poderão se aproximar de
Deus e solucionar as suas decepções, angústias e desesperanças?

Outro efeito da globalização é a secularização do Cristianismo


evangélico, enquanto sistema de fé religiosa e de conduta ética-espiritual
do mundo ocidental,29 que não conseguiu salgar a sociedade, perdeu o
seu sabor e conformou-se em ser raso. 30

Outro efeito da globalização, é a formação de um mercado financeiro


global, a transnacionalização das tecnologias, o aumento da taxa de

24 SCHMIDT; COHEN, p 11-19.


25 RIFKIN, 1996, p. 4-14.
26 ALMEIDA; TOLEDO, 2015, p. 2-3.
27 LIMA, 2001, p. 174-175.
28 SILVA, 2006, p. 28.
29 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 17.
30 GONDIN, 2000, p. 17.

106
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obsolescência das inovações tecnológicas, a supercompetição entre as


nações e a emergência de uma cultura consumista global.31

A sociedade mundial vivenciou quatro estágios antes de experimentar


o fenômeno pleno da globalização. O primeiro foi o da sociedade agrícola;
o segundo, da sociedade industrial; o terceiro, da sociedade da informação
e o último, está sendo o da sociedade do conhecimento.32 E esse último
estágio tem sido caracterizado pelas sofisticadas mídias eletrônicas e pela
forte influência das redes sociais. Pastores e igrejas que não souberem
usar estrategicamente as mídias eletrônicas e as redes sociais perderão a
chance de chegar à mente e ao coração das pessoas desta geração.

A globalização que se conhece hoje, se fundamenta em quatro


grandes transformações: a criação de uma sociedade informatizada, a
internacionalização do capital financeiro, a emergência de novos países
industriais e a contínua influência cultural norte-americana no resto do
mundo.33 A globalização é uma nova forma de produzir riquezas, mas
também é (concomitantemente) uma nova forma de produzir pobreza.34
Tanto é verdade que Ribeiro, na sua análise de caráter sociológica afirma
que a globalização produziu o aumento da miséria e da desigualdade social,
além da intolerância religiosa e social.35 O desemprego e a precarização
das relações de trabalho são os dois tipos de exclusão social que assola o
mundo globalizado e quem mais sofre é a população de mão-de-obra não
especializada.36 Essa gente precisa de assistência espiritual dos pastores
e de ajuda prática das igrejas (cursos para geração de renda familiar).

O impacto da globalização sobre o modo de vida das pessoas foi


extremo com o surgimento do forno de microondas, do CD, do DVD, do MP3
player, do telefone celular comum, dos cartões magnéticos com chip, dos
notebooks, dos QRcodes (códigos de barra bidimensionais que podem ser
escaneados por um celular), dos caixas eletrônicos 24 horas, dos satélites

31 FRANCO, 2001, p. 97-98.


32 MENEZES; MOMM; BARBIERI, 2008, p.6.
33 TOURAINE, 1996, p. 5-6.
34 ESPIN, 2009, p. 242.
35 RIBEIRO, 2016, p. 2.
36 BAGETTI, 2009, p. 10.

107
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de grande precisão, da TV digital de alta definição,37 do iPad (tablet com


tela de alta definição e internet de alta velocidade), do smartphone (celular
inteligente de última geração, com tela de alta resolução, capacidade de
processamento, acesso à internet e câmera de alta precisão) e do iPod
(tocadores de áudio digital de última geração).38

A globalização possibilitou o surgimento do Facebook, a maior rede


social do mundo, que possui mais de um bilhão e 500 mil usuários 39 e
que, em 2012, chegou a ter 65 milhões de usuários no Brasil;40 do Google,
o maior site de procura de informação da web, com mais de dois bilhões
de usuários no mundo e cerca de 100 milhões no Brasil;41 da Wikipedia,
a maior enciclopédia da web com 50 milhões de leitores mensais e 17
milhões de artigos em 270 idiomas;42 do You Tube, o site que hospeda
a maior quantidade de filmes, documentários, vídeo-aulas, videoclipes,
transmissões ao vivo e vídeos caseiros do mundo virtual, além de ser o
terceiro site mais acessado da web depois do Google e do Facebook.43

A globalização, também, possibilitou o surgimento do WhatsApp,


o mais famoso aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas
e chamadas de voz para smartphones, que tem um bilhão de usuários
em todo mundo; do Instagram, uma rede social criada em 2010 para
compartilhamento de fotos e vídeos, com 400 milhões de usuários; do
Messenger, um serviço de mensagem instantânea com fotos e vídeos,
com 900 milhões de usuários;44 do Tweeter, uma rede social para
microblog, criada em 2006, com 500 milhões de usuários,45 e o GPS,
tecnologia criada em 1973 para facilitar os sistemas de navegação aérea,
marítima e automotiva, muito usado em motocicletas, carros, caminhões,

37 PALHARES, 2010, p. 5.
38 PENA, 2015, p. 1.
39 CORREIA; MOREIRA, 2014, p. 168.
40 POSSOLI; NASCIMENTO; SILVA, 2015, p. 3
41 POSSOLI; NASCIMENTO; SILVA, 2015, p. 1-4.
42 KLEINA, 2015, p. 2
43 OLHAR DIGITAL, 2013, p. 2
44 FONTANA, 2016, p. 2
45 MANSUR, 2012, p. 1.

108
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ônibus, barcos motorizados, navios e aviões. Hoje, o número de usuários


chega a 50 milhões no mundo, sendo 6 milhões no Brasil.46

O líder pastoral jamais se enganará pensando que o mundo global


é somente progresso tecnológico. A globalização faz parte da realidade
de um mundo que vive um tempo fértil de crises e desafios. Ano após
ano o fosso que separa os incluídos dos excluídos tem aumentado: as
desigualdades entre os países ricos e pobres está sendo cada vez maior
no processo de globalização.47

O mundo global tem sido marcado pela insegurança e pelo medo,


pela luta da sobrevivência e pelo individualismo. Ele é um mundo sem
fronteiras, muito vulnerável e direcionado pelo império da perplexidade.48
A globalização pressupõe economia de mercado, competitividade,
desigualdade, capitalismo, mudanças de paradigmas educacionais,
qualificação profissional, evolução tecnológica, mas exige um debate
contra a discriminação e a injustiça social.49

O mundo do século 21 é um mundo cheio de desafios, possibilidades


e oportunidades, mas exige um novo tipo de liderança pastoral.50 O pastor
precisa ser um gestor sensível, com inclinação para correr riscos pessoais
e ser um agente de mudança. Ele precisa estudar e conhecer a realidade
que engloba a igreja local (o contexto); instruir e formar uma equipe
de trabalho (os liderados) para alcançar as pessoas da comunidade;
planejar uma ação inteligente (estratégia) para impactar a comunidade e
identificar os comportamentos e ações (táticas) que produzirão resultados
bem-sucedidos na comunidade.

As famílias, as igrejas, a sociedade e o mundo afetados pelos efeitos


positivos e negativos da globalização, esperam que os pastores sejam
pessoas sensíveis, espirituais e saudáveis, dispostas a servir, com clara
visão de futuro, de iniciativa, com capacidade empreendedora e habilidade

46 MACHADO, 2013, p. 1.
47 BAGETTI, 2009, p. 9.
48 STEUERNAGEL, 1999, p. 14-29.
49 PINTO, 2010, p. 1-7.
50 STEUERNAGEL, 1999, p. 17.

109
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estratégica para impactarem muitas vidas, pessoalmente ou através das


mídias eletrônicas e redes sociais diversas.

3.1.2 Os desafios impostos pelo pluralismo


O pluralismo parece um termo bonito e atraente, mas, segundo
Martins, ele é o elemento principal e a característica central da expressão
cultural pós-moderna.51 O pluralismo é um fenômeno tanto da realidade
sensível quanto da consciência correspondente, ele impõe a necessidade
de fazer escolhas a todo instante, mas, principalmente, as mais agradáveis,
porque às pessoas foi dado o direito líquido e certo de fazer opções. No
pluralismo existe o império das diferenças para quem sente a necessidade
de fazer escolhas. Amorese explica que
[...] com os meios de comunicação de massa trazendo
informações, ângulos, alternativas, de toda parte do mundo,
sobre todos os temas da existência; com o contato com vizinhos
de porta, de origens diferentes, que vivem costumes diferentes,
pensam diferente, explicam o mundo de forma diferente – têm
uma cosmovisão diferente, enfim –, começa-se a conviver
com a ideia de que há alternativas para tudo. Do tipo de fralda
para o bebê à cor do olho; da cor da pele do filho que vai ser
concebido à opção sexual; do meio de transporte que o levará
à cidade, ao tipo de computador que deverá comprar, tudo é
escolha, tudo tem alternativas. Isso é a pluralidade. Pluralidade
de escolha sempre existiu. Mas nunca antes com a intensidade
tal que pudesse produzir tal consciência de eleição: um processo
inconsciente pelo qual entendo que sempre posso escolher,
eleger, manifestar minha preferência; como se eu passasse a
viver numa sociedade-supermercado, repleta de variedades. Se
um produto é oferecido por um só fabricante, não gosto, reclamo.
Opção é a palavra chave. Mesmo sobre assuntos sobre os quais
não há alternativas, eu quero poder escolher. Essa consciência
de eleição de tal modo impregna a mente do homem moderno,
que ele se torna revoltado com a simples falta de alternativas.
Ele passa a evitar os absolutos, as afirmações categóricas, os
axiomas e coisas semelhantes. Afirmações de natureza moral,
por exemplo, em qualquer área do conhecimento, da religião à
física, são recebidas com desdém e impaciência.52

51 MARTINS, 2002, p. 51.


52 AMORESE, 1993, p. 47-48.

110
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O pluralismo tem se apresentado na sociedade de diversas


configurações, e Campos identifica com facilidade, pelo menos quatro:
o intelectual, o religioso, o teológico e o ético-moral.53 O pluralismo
intelectual também é conhecido por pluralismo filosófico ou hermenêutico
e é extremamente impactante porque estimula na sociedade uma cultura
da descrença, cultiva a subjetividade e desenvolve a hermenêutica da
suspeição.

O seu foco é abordar a diversidade cultural sustentada e apoiada


pela pós-modernidade usando o método da desconstrução54, idealizado
por Jacques Derrida (1930-2004).55 Se o pastor não ficar atento ao uso
do método de Derrida no meio teológico cristão, o caos será uma palavra
pequena para o estrago grande que o mesmo trará na preparação de
estudos bíblicos-doutrinários ou na apresentação dos sermões bíblicos-
expositivos. É importante que o pastor analise com objetividade e clareza
as propostas de Derrida para não corromper a interpretação e exposição
do texto bíblico. O método da desconstrução ensina que a tarefa do
intérprete é descontruir o texto, porque o sentido da linguagem é oculto e
evasivo, e a intenção do autor irrelevante.56

No pluralismo religioso entende-se que existe uma relação entre


o Cristianismo e as outras religiões não cristãs, pois todas elas, apesar
das abordagens diferentes a respeito de Deus, falam a mesma coisa sob
perspectivas diferentes. Segundo Campos, o pluralismo religioso tem
difundido que todas as religiões do mundo possuem aspectos reveladores
de Deus. Não se pode afirmar que Jesus é a única forma do ser humano
alcançar salvação, porque isto afrontaria as outras perspectivas religiosas.
O mesmo autor afirma que para os cristãos, Deus se revelou em Jesus
Cristo, seu Filho, o único meio de salvação; para os judeus, somente
Yahweh é o verdadeiro Deus salvador que se revelou através da Torá; para
53 CAMPOS, 1997, p. 7-13.
54 O desconstrucionismo é um método crítico do texto, desenvolvido por Jacques
Derrida,que visa dissolver a linguagem textual para que esta dê lugar a escritura (a
identidade e as intenções do autor), que, talvez, produza um significado racional ou não
(JAPIASSU; MARCONDES, 1996, p. 66).
55 CARSON, 2013, p. 19-23.
56 LOPES, 2013, p. 220-222.

111
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os hindus, somente Brahma é a principal divindade infinita que merece


veneração de todos; para os muçulmanos, somente Allah é o Deus grande
e realidade final ensinada por Maomé; para os budistas, o nirvana é o
caminho da libertação plena pregada por Buda;57 para os sikhis, somente
o Vero Nome (nome dado à Deus) tem o poder criador e salvador que está
revelado no Granth, o seu livro sagrado.58

O ponto forte do pluralismo religioso é que todas as religiões sérias


levam os seres humanos a Deus; o aspecto problemático é que não existe
nenhuma religião verdadeira ou exclusiva, e nem uma verdade absoluta.
Para um pastor comprometido com o Cristianismo bíblico essa questão
é desafiadora porque exige muita sabedoria, bom senso e prudência
no ensino bíblico, na pregação expositiva das Escrituras Sagradas e no
discipulado cristão.

Já no pluralismo teológico as questões cruciais ainda são a doutrina


sobre a pessoa e obra de Jesus e o conceito bíblico de salvação. Os
questionamentos inquietam porque provar a suficiência de Jesus para a
salvação do mundo contemporâneo não é coisa fácil, mas que carece ser
feita com urgência por um pastor-teólogo responsável e capaz.

Os questionamentos são: como pode o Deus de amor do


Cristianismo excluir da salvação todos os não cristãos pelo simples fato
deles não serem cristãos? Como pode a fé em Cristo ser o único meio
para a humanidade ser salva dos seus pecados? Como pode Jesus Cristo
ser a única revelação de Deus no sentido da salvação da humanidade
depender somente dele? Será que não há outras formas de salvação que
não são concentradas na pessoa de Jesus?59

O pastor que deseja ser um líder servo centrado em Jesus se


preparará para responder a esses e outros questionamentos feitos por
uma geração desorientada em suas perspectivas teológicas e que não
entende que fora de Jesus Cristo não há salvação. Segundo Azevedo, a
tarefa do líder pastoral é fundamental para, primeiro, anunciar a unicidade

57 CAMPOS, 1997, p. 9.
58 LANDERS, 1986, p. 74.
59 CAMPOS, 1997, p. 10.

112
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exclusiva de Jesus (Jesus é o único caminho salvífico para a humanidade);


segundo, para analisar a unicidade inclusiva de Jesus (Jesus é o único,
na medida em que ele é normativo para toda salvação); terceiro, para
confrontar a unicidade relacional de Jesus (Jesus é o caminho definitivo
para a salvação ao lado de muitos outros).60

A unicidade relacional de Jesus é um posicionamento cristológico


pluralista, defendido pelos teólogos católicos progressistas Raimon
Panikkar e Michael Amaladoss. Eles defendem que é possível haver várias
manifestações ou revelações crísticas nas outras tradições religiosas, pois
Jesus é o Cristo, mas Cristo não é só Jesus. Nessa linha de pensamento
da mesma forma que Cristo é o caminho para os cristãos, assim também
são Buda para os budistas e Krishna para os hindus. Os defensores desse
posicionamento não aceitam que Jesus Cristo é a essência da graça de
Deus manifestada na história, ou seja, que fora dele não há como perceber
quem de fato é Deus e em que situação se encontra a raça humana. A
unicidade relacional não considera a encarnação, a cruz, a ressurreição e
a glorificação do Cristo como sendo o ápice da obra redentora do Filho.61

E, como se não bastasse, é no pluralismo ético-moral que também está


uma das maiores dificuldades dos pastores que militam numa sociedade
em processo de transformação. Primeiro, porque os adeptos do pluralismo
ético-moral entendem que cada sociedade tem a sua política de verdade
que serve aos seus interesses pessoais;62 segundo, porque a sociedade
contemporânea tem um verdadeiro desprezo pela ética deontológica, ou
seja, despreza os padrões normativos gerais de comportamento e as leis
objetivas de moral, o que a leva a crer que todo homem foi criado para ser
amoral63 e, em terceiro, porque quando uma sociedade é direcionada pela
ausência de padrões comportamentais objetivos que determinam o que
é certo ou errado, não aceita ser confrontada pelo Evangelho de Cristo, e
60 AZEVEDO, 2015, p. 191.
61 AZEVEDO, 2015, p. 192-195.
62 CAMPOS, 1997, p. 11.
63 Segundo Japiassu e Marcondes, um ser amoral, necessariamente, é desprovido
não somente de moralidade como de qualquer senso moral. Isto implica dizer que uma
pessoa pode rejeitar ou desconhecer plenamente o valor dos imperativos éticos e das
práticas morais (JAPIASSU; MARCONDES, 1999, p.8-9).

113
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como consequência, experimentará um enorme caos moral.64

O pluralismo vem gerando nos dias de hoje uma preocupante aversão


aos padrões morais pré-estabelecidos pela sociedade e até mesmo
aversão às leis morais, gravadas por Deus no coração dos homens.65 Uma
questão de ordem urge na mente e no coração do pastor deste tempo: ser
um agente de Deus para preservar, na medida do possível, os princípios
morais da sociedade onde atua e também o seu conjunto de valores.

Amorese esclarece que as consequências do pluralismo no


comportamento social são impactantes: primeiro, porque provoca
uma ausência de consenso entre as pessoas e instituições; segundo,
porque estimula o peso das opções pessoais; terceiro, porque enfatiza
a ausência de absolutos ( a moralidade é relativizada pelas motivações
e razões particulares); quarto, porque gera na sociedade uma onda
de superficialidade (a ausência da constância, da fidelidade e da
permanência conspiram contra a profundidade dos relacionamentos e dos
compromissos religiosos, morais, sociais e espirituais); quinto, porque gera
uma sociedade sem raízes (as pessoas não têm um elemento regulador
e integrador das consciências, não são solidárias e nem comprometidas
com ninguém).66

3.1.3 Os desafios impostos pela secularização


O que é a secularização? Por que o fenômeno da secularização
desafia tanto os pastores e as igrejas locais nesta época de grandes
mudanças sociais? Por que será que a secularização é um tema que
preocupa tanto a Sociologia da Religião? Talvez, porque a secularização é
como se fosse um combustível inflamável que alimenta com o seu poder
de incêndio a crise de valores religiosos, a crise de conceitos espirituais, a
crise da crença em Deus e na sua providência, e a crise de atitudes cristãs,
até que tudo vire cinza, e as pessoas deixem de viver os valores inspirados

64 CAMPOS, 1997, p. 12.


65 CARVALHO et al, 2002, p. 9.
66 AMORESE, 1993, p. 48-51.

114
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pela fé cristã e passem a viver de desilusões.67

A secularização, é um processo por meio do qual o espiritual deixa


de ter valor para as pessoas e Deus é retirado do centro da existência
humana, ou seja, as pessoas que se dizem cristãs começam a se
conformar com o mundo e a assimilar o seu modo de ser, pensar e agir de
tal forma que acabam incorporando ao seu cotidiano um padrão de vida
que as leva para longe de Deus. 68

Sociologicamente a secularização é um elemento pós-moderno,


que se desenvolve assim: em primeiro, ocorre a decadência da religião
(as pessoas começam a perder o respeito e o temor pelo sagrado);
em segundo, ocorre uma conformidade com a sociedade profana (as
pessoas passam a ser, pensar e agir conforme os princípios e valores do
mundo sem consideração pela pessoa de Deus); em terceiro, acontece
a dessacralização do mundo (o conceito de Deus e do sagrado é banido
efetivamente da vida em sociedade); em quarto, ocorre uma transposição
de crenças e de modelos de comportamento religioso para o secular
(pessoas se tornam totalmente alienadas e insensíveis aos princípios
e valores religiosos que seguiam antes e passam a viver de forma
mundana).69

O que todo pastor necessita entender é que a alienação cultural ou


espiritual, gerada pela secularização, tira a sensibilidade e o senso crítico
das pessoas que antes eram atuantes na igreja local e as torna alguém
sem compromisso com a fé cristã, que não prioriza mais as coisas do reino
de Deus e nem o Deus do reino. Elas não se incomodam com a injustiça
social, com o sofrimento dos outros, com o aumento da corrupção pública
ou privada, da prostituição ou da criminalidade, nem com as tragédias que
afligem a sociedade de um modo geral. Na condição de líder e gestor,
o pastor precisa orar e planejar a melhor forma de abordagem dessas
pessoas para recuperá-las e reintegrá-las na vida da igreja local.

67 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 17.


68 CARVALHO et al, 2002, p. 16.
69 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 16.

115
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Essas pessoas vivem em função de si mesmas, buscam tudo que


lhes dê prazer e se envolvem em relacionamentos rápidos e superficiais.
“Os valores que norteiam as ações agora são outros: são determinados
e ditados pelas novelas, pela lógica do mercado, pelos novos padrões de
sucesso, prestígio, poder, buscados e absorvidos com fervor e devoção”. 70

A ética da secularização é extrema: se não existe verdade


absoluta, eticamente tudo é possível ou tolerável.71 O maior instrumento
de secularização cultural ainda são as mídias eletrônicas e as redes
sociais. O relacionamento dos evangélicos com as mídias tem sido de
passividade, submissão e escravidão, pois crentes secularizados ou em
estágio de secularização não percebem três coisas: a primeira, que a mídia
aliena as pessoas; a segunda, que a mídia manipula os pensamentos,
sentimentos e decisões das pessoas e a terceira, que a mídia conforma
(formata) a mente das pessoas desavisadas ou descuidadas.72 Cristãos
secularizados carecem ser discipulados, acompanhados e aconselhados
cuidadosamente pelo pastor ou pastora. 73

No entanto, a secularização também afeta os pastores, pois muitas


vezes eles são vítimas das suas ambições e vaidades e não percebem os
riscos da profissionalização ministerial. Gondin explica que,
Grande ameaça aos pastores é permitir que o mercado também
defina suas funções ministeriais. Como a igreja, para sobreviver,
necessita entender o mercado, o grande risco do pastor é o
de também se entender como um businessman. Já que a
sociedade lhe menospreza como um religioso, ele passa a
buscar sua afirmação como um astuto agente de marketing. A
literatura que lhe seduz é a de gerenciamento, posicionamentos
no mercado e estratégias de administração. Chegamos ao
ponto de pastores não mais preencherem fichas de hotel como
pastores, e sim como executivos. Essa atitude não é apenas
uma maneira de se firmarem diante dos funcionários do hotel,
mas também de não ser vistos com desdém por aqueles que
lhes servem. Creem que serão melhor servidos como executivos
do que como pastores (o que geralmente pode ser verdade).

70 AMORESE, 1993, p. 59.


71 CAMPOS, 1997, p. 12-13.
72 CARVALHO et al, 2002, p. 32.
73 LAUSANNE, 2007, p. 118-123.

116
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Nos Estados Unidos, os pastores das megaigrejas sentem-se


diretores de grandes empresas. São inacessíveis aos membros,
ganham salários astronômicos, moram em casas dentro de
condomínios fechados e possuem uma bateria de assessores,
secretárias e conselheiros que impedem os pobres mortais
de se achegar a eles. No Brasil, já há casos de megapastores
com guarda-costas armados que os acompanham por onde
vão. Esses sentem-se que, como qualquer empresário, são
sequestráveis. As igrejas não ligam para essa atitude porque
para elas também é fundamental essa imagem do pastor
profissionalizado. Ele reforça o desejo aburguesado dos seus
membros de serem reconhecidos como uma igreja de elite [...].
Isso gera um processo de inflação do ego do pastor que pode ser
absolutamente catastrófico. Seduzido pelo mundo e sua riqueza,
ajoelha-se no altar de Mamom pensando que cultua a Jeová. E a
igreja, querendo impressionar o mundo com sua riqueza, passa
pelo constrangimento de receber pedradas do próprio mundo
que desejaria vê-la como agência do reino e não como espaço
de ostentação e futilidade. Aqueles que sucumbem a esse risco
passam a crer que o desempenho é mais importante que o seu
caráter e que a encenação sob holofotes do palco vale mais do
que seus posicionamentos diante de Deus. 74

A secularização, segundo o autor citado, afeta a consciência servidora


do pastor, reforça a sua vaidade pessoal e diminui a sua motivação para
ser um líder humilde e produtivo. Quando o pastor se seculariza, ele se
esquece que ser líder-servidor não diminui o seu prestígio.

3.1.4 Os desafios impostos pela privatização


O último elemento da pós-modernidade, mas não menos importante,
é a privatização ou individualização. A privatização é o estado de espírito
que leva as pessoas a pensarem que são indivíduos absolutos, não tendo
que prestar nem dar explicações para ninguém das suas vidas, muito
menos consultar a quem quer que seja sobre a possibilidade de fazerem
algo que estejam idealizando.75

74 GONDIM, 1996, p. 103-104.


75 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 38.

117
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A privatização é o exercício pleno da autonomia humana, porém, na


medida em que o homem se sente totalmente absoluto na sua liberdade
e na sua individualidade, ele se vê distanciado das outras pessoas e do
convívio social salutar. Primeiro, porque a privatização se escora no
subjetivismo (uma tendência cada vez mais comum de considerar todas as
coisas segundo um ponto de vista subjetivo e pessoal)76; segundo, porque
esse subjetivismo direciona a moral das pessoas (o seu conceito de bem e
mal, além da construção dos seus valores) 77; terceiro, porque a liberdade
de pensar e de agir diferente dos outros, de concordar ou discordar das
coisas, sem dar satisfação a ninguém, acaba virando um modo de vida e
quarto, porque as pessoas vão se acostumando a viver num mundo onde a
única regra é o respeito as opções dos outros (as escolhas são um assunto
privado, de exclusiva responsabilidade das pessoas).78
A cada dia que passa as pessoas estão se voltando para o seu
mundo privado, e cabe aos pastores tomar cuidado com essa onda, porque
ela produz isolamento existencial, solidão, desumanização, fragmentação
da verdade, instabilidade relacional e fragilidade moral. A filosofia da
privatização é sem alma, “cada um na sua”, e as pessoas que adotam
esse modo de vida acabam impondo a sua lógica fria, a sua moralidade
estranha, a sua falta de sensibilidade, o seu não comprometimento com
nada e com ninguém.
Os pastores necessitam combater com sabedoria, prudência, bom
senso e autoridade espiritual a onda do “ninguém tem nada com isso” ou a
moda do “da minha vida cuido eu”, que são efeitos práticos da privatização,
pois elas geram a rebeldia, um relacionamento superficial (utilitarista e
descartável) e dificultam a exortação sadia na igreja local. 79
Pastores que são líderes servos centrados em Jesus Cristo
demonstram pelo exemplo que o relacionamento fraternal ensinado pelo
Espírito Santo à Igreja Primitiva precisa ser continuado nos dias atuais.
Somente um relacionamento transformador entre irmãos em Cristo
possibilita uma exortação sadia que faça as pessoas crescerem na
direção de Deus, dos outros e delas mesmas.
76 JAPIASSU; MARCONDES, 1999, p. 254.
77 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 39.
78 AMORESE, 1993, p. 52.
79 DUSILEK; SOLDATI, 1999, p. 41.

118
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3.2 A necessidade de um pastor gestor


Geralmente os membros das igrejas evangélicas idealizam um
pastor que não seja apenas líder espiritual, mas também um gestor. O
grande problema é que eles não sabem definir o que é competência e nem
identificar as competências adequadas tanto de um líder pastoral quanto de
um gestor eclesiástico. E mais: via de regra, elas não sabem que existe uma
dificuldade séria na identificação e qualificação de determinados pastores
para a função de gestão eclesiástica. Por isso, que o ideal, primeiro, é definir
com clareza o que significa o termo competência e depois identificar as
competências ideais de um líder pastoral e de um gestor.

Competência, dentro da perspectiva da ciência da Administração,


é um conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos e
aptidões que possibilitam maior probabilidade de obtenção de sucesso na
execução de determinadas atividades.80 Por conta disto, um líder carece
ter competências básicas conhecidas tecnicamente por competências
comportamentais (iniciativa, criatividade, adaptabilidade, consciência de
qualidade, ética e coerência) e competências sociais (bom relacionamento
interpessoal, trabalhar em equipe, gerenciar conflitos, administrar
interesses e consciência ambiental).

Quando a igreja local é simples e com uma estrutura mínima, sua


membresia procura um pastor que seja líder a altura dos desafios que a
sociedade e o mundo lhes impõem, ela espera, no mínimo, que ele tenha
aquelas competências básicas que uma empresa cobra dos seus chefes.
E isto é bom e ruim. É bom porque ele precisa ser bem treinado para
se tornar um líder qualificado; é ruim porque geralmente ele não recebe
esse treinamento na sua formação pastoral nas instituições teológicas,
e a igreja ficará refém de um líder espiritual sem muita visão da prática
eclesiástica-administrativa.81

Quando a igreja local é mais antiga, com uma estrutura administrativa


mais eficiente e um nível sócio-cultural mais exigente, a expectativa se
torna mais clara: sua membresia prefere um pastor que seja um gestor
80 GABY; GABY, 2012, p. 36.
81 WAGNER, 2003, p. 26-37.

119
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eclesiástico experimentado e qualificado,82 ou seja, que tenha competências


técnicas (nível de escolaridade, treinamentos e conhecimentos técnicos
atualizados), competências intelectuais (capacidade de aplicar, transferir
e generalizar conhecimentos, definir problemas, propor soluções) e
competências organizacionais (compromisso com resultados, planejar e
organizar, liderar, atuar estrategicamente, gerenciar tempo e recursos).83

Na medida em que o tempo passa, algumas perguntas têm sido


feitas por vários segmentos da Igreja Evangélica no Brasil e no mundo:
essas expectativas das igrejas atendem as orientações das Sagradas
Escrituras? Os tipos de competências apontadas pela ciência da
Administração se enquadram nas perspectivas do reino de Deus? Os
pastores que são mais gestores do que líderes espirituais estão sendo
guiados por modelos empresariais ou pelas Escrituras? Não existe o risco
de algumas igrejas locais morrerem se os pastores continuarem adotando
modelos de liderança focado nas empresas?

Essa preocupação não é nova, pois deixa bem clara a visão de


que o Reino de Deus precisa promover mudanças no mundo através da
igreja local, porém, os líderes não podem aparecer ou brilhar mais do que
Jesus, considerando que possuem acentuada capacidade mobilizadora,
gerenciando a igreja para o crescimento, a influência e o sucesso.84
Gondim fica apreensivo e denuncia a forte tendência de certos pastores
(líderes ou gestores) de transformar a igreja em um grande negócio
de lazer espiritual.85 Ramos se revolta e reclama da ganância de maus
pastores (gestores) que usam as igrejas como trampolim para a riqueza,
a fama e o poder, seguindo a lógica do mercado.86

Uma coisa é certa: existem princípios e práticas de liderança e


gestão que são universais e até podem ser úteis no Reino de Deus, mas
existem outros que são fundamentados na pura lógica do mercado e
fazem contraposição aos ensinos das Escrituras e que, produzem um
82 WAGNER, 2003, p. 28-30.
83 CATHO, 2012, p. 1-5.
84 STEUERNAGEL, 1999, p. 35.
85 GONDIN, 2000, p.17.
86 RAMOS, 2002, p. 20.

120
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verdadeiro desastre nas igrejas, gerando injustiças miseráveis, abusos de


poder, manipulações e exclusões.87

Para por fim a essa tentação irresistível de procurar usar métodos,


princípios e práticas de liderança e gestão, segundo as regras do mercado,
Wagner faz uma ponderação sensata para os líderes das igrejas do
tempo presente: “A igreja pode produzir uma abundância de líderes e
administradores, pregadores, presidentes e visionários, mas ela vai continuar
falhando se não colocar na direção pastores que anseiam profundamente
consultar o Senhor”.88 Isto significa que a espiritualidade do pastor ainda é
relevante e fundamental na liderança e gestão da igreja local.

3.2.1 A diferença entre líder e gestor


Qual é a diferença entre um líder e um gestor? O líder cuida de
pessoas, enquanto o gestor gerencia coisas, muito embora nem todo
líder seja gestor e nem todo gestor seja líder. 89 Todos os líderes são, por
natureza, empreendedores90 e todo empreendedor precisa ser criativo,
inovador, quebrar paradigmas, correr riscos e provocar o surgimento de
valores adicionais.91

No entanto, D’Souza insiste que os bons líderes se destacam porque


são muito responsáveis e competentes; inspiram confiança, valorizam a
sua equipe de trabalho e dão liberdade aos seus auxiliares; se preocupam
com altos padrões de realização e são inovadores; têm iniciativa, são
corajosos e possuem uma comunicação fluente; são conciliadores,
corrigem os seus erros e sempre incentivam os seus auxiliares tímidos a
serem pessoas melhores.92

Um gestor é um gerente por excelência e deve estar sempre se

87 SEGURA, 2007, p. 56-57.


88 WAGNER, 2003, p. 46.
89 FABOSSI, 2010, p. 111.
90 MENDES, 2012, p. 1.
91 MUNIZ, 2010, p. 14.
92 D’SOUZA, 1987, p. 20-21.

121
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aperfeiçoando, contudo, um gestor de pessoas, tem que ser um líder de


grande impacto, primeiro, porque o líder é sempre o espelho da sua equipe;
segundo, porque um líder executivo (um gestor em ação) precisa ter
autocontrole das suas emoções; terceiro, porque quem lidera uma equipe
precisa se aprimorar pessoalmente através de seminários, simpósios,
palestras, vídeos instrucionais, cursos, livros e manuais especializados.93

A diferença entre o líder e o gestor está claramente demonstrado


na própria Bíblia. Segundo Kornfield, o dom da liderança (que todo pastor
precisa ter), é apresentado pelo apóstolo Paulo nas suas epístolas de
Romanos 12.8, 1Tessalonicenses 5.12 e 1 Timóteo 5.17, através do termo
grego “proistêmi”, que significa uma motivação dada pelo Espírito Santo
ao pastor ou outro membro do corpo de Cristo, para que este possa ajudar
um grupo a perceber os propósitos (e visão) de Deus e mobilizar-se a
realizá-los.

Já o dom de administração (que é a área de atuação do gestor)


é apresentado pelo apóstolo Paulo na sua epístola de 1Coríntios 12.28
através do termo grego “kubernesis” e que significa uma habilidade dada
pelo Espírito Santo a alguém que possibilita planejar e coordenar as
atividades de outros para alcançar alvos predeterminados que edificam a
igreja local ou o Reino de Deus. Na perspectiva das Sagradas Escrituras, o
líder estabelece a visão; o administrador mantém essa direção.94

Para ser um líder respeitado na igreja local, o pastor precisa ter


uma filosofia de ministério bem clara e objetiva para não se perder ou se
desviar no meio da sua jornada. A liderança pastoral precisa se assentar
em quatro pilares: na produção de discípulos, na pregação expositiva da
Palavra de Deus, no treinamento e capacitação de pessoas para a obra do
Reino de Deus e no apascentamento adequado das pessoas conforme as
suas necessidades.95

93 MARTINS, 2013, p.3.


94 KORNFIELD, 1997, p.145.
95 ROSA, 2010, p. 1-2.

122
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Para ser gestor, o pastor precisa ser visionário, proativo, participativo,


consultivo e capaz de assumir riscos.96 No entanto, não poderá se
esquecer de que liderar significa dirigir um grupo na condição de líder
e que liderança, segundo Kohl, implica envolvimento pessoal.97 O que o
Reino de Deus espera de um pastor, na verdade, é que ele seja um líder
servo, um amigo das pessoas, alguém que inspire os seus liderados e que
forme mais líderes.98

3.2.2 O conceito de gestão eficaz na prática pastoral


O conceito de gestão eficaz nasceu entre a segunda e terceira
década do século 20. Na verdade, a gestão eficaz é uma terminologia da
ciência da Administração, fruto das propostas de Frederick Winslow Taylor
(1856-1915) no seu livro “Princípios da Gestão Científica” (1911) e de Henri
Fayol (1841-1925) na sua obra “Teoria Geral da Administração” (1916). O
primeiro autor se tornou o pai da Administração Científica, enquanto o
segundo se tornou o pai da Moderna Teoria da Gestão.99

O conceito de gestão eficaz envolve as cinco funções importantes


de uma liderança administrativa: prever ou planejar (visualizar o futuro e
traçar um programa de ação); organizar (providenciar recursos humanos
e materiais para a execução); comandar (dirigir, orientar o pessoal,
fortalecer o espírito da equipe e manter a disciplina); coordenar (ligar, unir,
harmonizar todos os esforços coletivos) e controlar (verificar que tudo
ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas).100

Um gestor eficaz é fácil conhecer, porque, via de regra, ele precisa


saber o que fazer, por que fazer, como fazer, quando fazer, onde fazer,
com quem fazer e quanto fazer. E acima de tudo, como fazer acontecer.101
Em gestão duas coisas são essenciais: desempenho e resultado. Esta é a
96 LUCAS, 2015, p. 2.
97 KOHL, 1993, p. 14.
98 STANLEY, 2008, p. 119-127.
99 COSTA, 2010, p. 2.
100 CHIAVENATO, 1987, vol.1, p. 105.
101 ANDRADE SILVA, 2012, p. 1.

123
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razão pela qual as igrejas clamam por um pastor que seja líder espiritual
coerente e um gestor eficaz que cuide bem do desenvolvimento, do
crescimento e da expansão da igreja local.

No exercício ministerial é fundamental o papel de gestor executado


pelo pastor, pois ele sabe que precisa ser um estrategista do Reino de
Deus. Na prática pastoral ele precisa vencer alguns desafios com muita
inteligência, sobriedade e competência. Os desafios são geográficos (as
regiões densamente povoadas no entorno da igreja), urbanos (as tribos e
segmentos populacionais da cidade), sociais (moradores de rua, prostituição,
vítimas de doenças), ideológicos (militantes políticos, filosóficos e religiosos)
e espirituais (satanismo, religiões mágico-religiosas).

Quando o pastor exerce o papel de gestor precisa exercitar a sua


espiritualidade e liderança com muita sabedoria e objetividade. Deve
estabelecer prioridades nas ações ministeriais da igreja, treinar pessoas
para áreas específicas, formar equipes, acompanhar o desenvolvimento de
novos líderes e supervisionar os resultados de curto prazo de toda a igreja.

Quais devem ser as qualificações de um líder pastoral que deseja


ser bem-sucedido diante dos seus liderados num tempo de mudanças
sociais? Segundo Couto, é imprescindível o pastor ter convicção, caráter,
capacidade de agregação, poder de articulação, clareza de propósitos,
visão da coletividade, capacidade de servir, ser exemplo de conduta,
poder de decisão e capacidade estratégica.102 Porém, segundo Carvalho,
a melhor maneira de exercer liderança é respondendo a quatro perguntas
importantes: O que tenho feito enquanto líder? Como estou tratando a
minha equipe de trabalho? Estou incentivando o grupo a buscar soluções
inovadoras? Estou conseguindo cumprir com o meu discurso?103 A
reflexão sempre melhora a atuação do líder.

O conceito de gestão eficaz tem se tornado muito importante nos


dias de hoje porque vive-se numa época de mudanças intransigentes, de
situações problemáticas variadas e complexas, além de muita instabilidade,
que exigem soluções objetivas, inteligentes, criativas, inovadoras e

102 COUTO, 2009, p. 4.


103 CARVALHO, 2016, p. 1.

124
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práticas. Porém, o pastor tomará cuidado para não deixar de desenvolver


a sua vocação pastoral por conta das exigências administrativas do seu
ministério na igreja local. É fundamental lembrar que o pastor não é um
executivo da fé.104

Nos momentos de crise, o pastor precisa ter consciência das suas


responsabilidades, enquanto líder pastoral e gestor eclesiástico. Enquanto
líder pastoral e espiritual na igreja local, ele não se esquecerá, de que os
aspectos basilares da sua vocação são: a prática da oração, o ensino da
Palavra de Deus, a visitação, o discipulado, o aconselhamento e a pregação
expositiva.105 O caráter (integridade e coragem) é muito importante, mas
a consciência da vocação confirma se o pastor está bem direcionado por
Deus para cumprir a sua missão numa sociedade em transformação.

Enquanto gestor eclesiástico, o pastor exercitará três virtudes em


momentos de crise: primeiro, assumirá a total gestão da crise; segundo,
desenvolverá a sua capacidade de incentivar, motivar e despertar no liderado
a força necessária para vencer as crises e, terceiro, terá a capacidade de
indicar alternativas viáveis para a solução dos problemas.106 Isto significa
competência (visão clara, pensamento sistêmico, maturidade, boa
comunicação e autocontrole).

3.2.3 Os princípios da gestão eficaz na prática pastoral


Quando a membresia das igrejas reclama a necessidade de um
pastor que seja gestor, na realidade ela imagina um líder espiritual que
conheça bem os elementos básicos da gestão eficaz. Para resolver essa
questão inquietante, o pastor precisa compreender, em primeiro lugar,
quais são as principais funções da igreja local e não pode ignorar que a
palavra “função” significa a ação natural dessa igreja numa comunidade,
na sociedade e no mundo.

104 GABY; GABY, p. 18.


105 CRUZ, 2009, p. 2.
106 GIMENEZ, 2014, p. 1-2.

125
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Segundo Gaby e Gaby, a igreja possui quatro funções essenciais:


a comunhão (koinonia), a pregação (kerigma), o serviço (diakonia) e o
testemunho público (marturia). Na koinonia, o pastor atuará como líder
espiritual para conscientizar a sua congregação da necessidade da igreja
expressar união, unidade, amor profundo e companheirismo. Ele enfatizará
que através da comunhão bíblica, a igreja aprende qual é a sua herança
comum (o que deve ser compartilhado), qual o seu serviço cooperativo
(seus valores compartilhados no mundo) e qual a sua responsabilidade
recíproca (como cuidar uns dos outros).107

Na pregação, a igreja local será instruída e conscientizada, pelo


pastor, da necessidade de proclamar o Evangelho do Reino de Deus a
todos os homens, em todas as partes do mundo. A pregação continuará
cristocêntrica, confrontadora, clara, objetiva e urgente. Já na função
do serviço, a igreja se expressará através de gestos de bondade e
generosidade, do cuidado com os de dentro e com os de fora.108

O pastor levará a igreja a se envolver e atender, na medida do possível,


as demandas sociais da sua comunidade como forma de testemunhar
do amor e do cuidado de Deus. A igreja só poderá testificar do poder e
do amor de Deus, só se for agente e instrumento dessa graça, para que
as pessoas alcançadas nas suas necessidades espirituais, emocionais e
materiais possam confirmar que o Altíssimo existe e as socorreu através
da sua congregação, aqui, neste mundo.109

Se o pastor quiser ser instrumento de Deus para o crescimento da


igreja local, primeiro, ele imitará o caráter santo de Jesus (desenvolver
uma espiritualidade que visa maior proximidade com o Pai);110 em seguida,
compreenderá que o planejamento e a gestão são consequências de uma
vida em sintonia com a vontade de Deus e que esses instrumentos estão
a disposição do pastor e da igreja para serem usados criteriosamente;111
em terceiro, ele perceberá que o próprio Espírito de Cristo o levará a
107 GABY; GABY, 2012, p. 14-15.
108 GABY; GABY, 2012, p. 16.
109 RAMOS, 2002, 77-81.
110 MCGRATH, 2008, p. 23.
111 GABY; GABY, p. 60.

126
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cruzar fronteiras geográficas, culturais, religiosas e relacionais para que o


nome de Deus Pai seja exaltado, engrandecido e reconhecido através da
instrumentalidade da sua igreja.112

Depois que o pastor compreender quais são as principais funções


da igreja local, ele aprenderá a ser criterioso no planejamento. Planejará
o que irá ensinar a igreja (história do Cristianismo, doutrinas, princípios
da ética bíblica e práticas denominacionais), o que irá pregar (sermões
evangelísticos, devocionais, doutrinários, exortativos e discipuladores),
quando e a quem vai visitar, quando e como as atividades evangelísticas
da igreja serão realizadas, como será a ação do ministério do ensino
durante o ano, o que acontecerá nos cultos dominicais matutinos e
noturnos, etc. Planejamento e organização precisam fazer parte da vida
do pastor gestor.

Quando o pastor entender que a igreja local precisa de gestão, o


seu ministério irá mudar. Ele saberá influenciar e guiar as pessoas nos
caminhos de Deus, irá se envolver mais com a igreja, incluirá a igreja no
seu trabalho pastoral, desejará fazer coisas criativas e inovadoras com a
igreja, pagará o preço de um trabalho inovador, desenvolverá um trabalho
em equipe, aprenderá a treinar e a envolver as pessoas nas atividades
da igreja, confiará mais na competência das pessoas, fará a sua equipe
se apaixonar pelo trabalho realizado na igreja e irá investir cada vez mais
tempo no treinamento e aperfeiçoamento da sua equipe.

Fazendo tudo isto, o pastor desenvolverá a liderança (avaliando,


ponderando e buscando a solução certa para as necessidades da igreja),
a gestão (exercitando a liderança na direção da missão, com foco em
pessoas), a eficiência (fazendo bem e corretamente as coisas), a eficácia
(atingindo objetivos e resultados), a efetividade (fazendo a coisa certa
com regularidade, durabilidade e constância) e a produtividade (fazendo a
coisa para obter resultados frutíferos continuados), sem ficar escravo da
lógica fria do mercado.113

112 RAMOS, 2002, p. 33-34.


113 GABY; GABY, 2012, p. 35-37.

127
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Algumas teorias de liderança têm aspectos que podem fortalecer


a disciplina do pastor, enquanto gestor: a liderança transacional,
enfatiza a organização, a supervisão e os resultados a curto prazo; a
transformacional, destaca a integridade pessoal, o carisma, a motivação,
o desenvolvimento das pessoas e a busca das metas elevadas a médio
e longo prazo; a carismática, se preocupa em ser visionária, inspirativa,
pragmática, mobilizadora e comprometida com mudanças radicais
a curto e médio prazo e a servidora, que considera a espiritualidade, o
caráter, o carisma, a empatia, o serviço, o desenvolvimento de pessoas, o
estabelecimento de metas e os resultados a curto, médio e longo prazo.

Enquanto gestor é fundamental o pastor se preocupar com o


planejamento das ações da igreja local, com a motivação da equipe de
trabalho que Deus lhe confiou, com o estabelecimento de metas e com
os resultados idealizados. Enquanto líder espiritual convém não esquecer
que Jesus Cristo é o servo de Deus que viveu plena e obedientemente sua
vocação.114

Considerações Finais
Vive-se em uma sociedade em metamorfose permanente. Pastorear
hoje é algo extremamente desafiador, pois os padrões de excelência das
Sagradas Escrituras são difíceis de satisfazer e porque a espiritualidade
do pastor interfere na qualidade do seu serviço. Mesmo sabendo que a
função pastoral envolve cuidado espiritual, aconselhamento, visitação,
pregação, ensino, treinamento e formação de líderes, o grande desafio do
pastor hoje é ser mais do que fazer.

Convém iniciar as considerações ressaltando que o tema


espiritualidade esteve presente na história da Igreja Cristã e que Jesus
Cristo foi a pessoa que introduziu a primeira proposta de espiritualidade
objetiva no seio da Igreja ao falar de uma vida mais próxima do coração
de Deus. Na ação pastoral de Jesus havia proximidade e dependência
de Deus, amor incondicional pelas pessoas, vontade intensa de servir
aos carentes e necessitados da graça divina. A espiritualidade do pastor

114 AZEVEDO, 2015, p. 193.

128
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contemporâneo necessita ser vivencial, construída em cima do exemplo


de Jesus e à luz das Sagradas Escrituras, pois caso ela não seja coerente
e consistente, não fará frente aos grandes desafios socioculturais,
filosóficos, teológicos e espirituais de uma sociedade em transformação.

A espiritualidade cristã é a operação da graça de Deus no interior


do homem, tendo o seu começo na conversão e o seu término na morte
ou na Segunda Vinda de Cristo. A igreja local carece de um líder espiritual
que seja agente de mudança, flexível e inovador, porque necessariamente
a chave de qualquer ministério eclesiástico é a qualidade da vida espiritual
do pastor que lidera. A espiritualidade cristã vivenciada pelo pastor fará
dele uma referência de fé para uma sociedade enferma, desencorajada,
sem alegria e sem esperança.

A base da espiritualidade pastoral contemporânea precisa ser Jesus,


pois quando o pastorado cristão é exercido debaixo da ação do Espírito
Santo nenhum pastor se torna refém da secularização, da imoralidade,
das vaidades e do engano. Para a construção de uma espiritualidade
cristã significativa e dinâmica, o referencial do líder pastoral será sempre
a pessoa de Jesus Cristo. Ele não se descuidava da oração, pois fazia
parte da sua espiritualidade. Para Jesus, o amor, a gentileza, o respeito,
a longanimidade e a paciência eram manifestações da sua profunda
espiritualidade.

A espiritualidade do pastor fica evidente quando ele encarna a figura


de servo de Cristo, de ministro de Deus e de instrumento do Espírito Santo
numa sociedade em processo de transformação. A espiritualidade de
Jesus sempre foi o ponto forte da sua ação pastoral. Jesus ainda é a
referência de liderança espiritual para que o pastor possa responder aos
sinais dos tempos e à mudança de época. A ação de pastorear, segundo
Jesus, ainda exige boa vontade para servir, dedicação espontânea,
supervisão vigilante e cuidado atento do pastor. Esta é a visibilidade da
espiritualidade cristã na prática pastoral.

Observou-se ainda através de levantamentos bibliográficos que


o conceito de liderança é muito mais complexo e multifacetado do que
parece, razão pela qual é pouco compreendido pelas organizações, pela
sociedade e pela igreja. O conceito de liderança veio do termo inglês
“leader” que significa guia ou chefe. Hoje, a palavra líder significa um
129
< voltar

indivíduo que persuade, encabeça, chefia, comanda, guia, conduz ou


orienta qualquer tipo de ação de um grupo ou de uma organização. À
medida que a sociedade se torna mais complexa o ato de liderar exige
mais conhecimento, treinamento e discernimento do líder.

Por conta da complexidade do fenômeno liderança, esta dissertação


buscou esclarecer três pontos importantes. Primeiro, que a liderança gira
em torno de quatro variáveis significativas: o ambiente, as características
do líder, o comportamento do líder e as características dos liderados;
segundo, que a liderança não reconhece limites raciais ou religiosos,
étnicos ou culturais, e terceiro, que a incerteza resultante das grandes
transformações sociais é o maior desafio das organizações e dos líderes
na contemporaneidade.

Algumas teorias sobre liderança destacaram uma verdade


importante: que o líder ideal precisa ter competências técnicas,
intelectuais, organizacionais, comportamentais e sociais, porém, só
Deus pode qualificar por completo o pastor que é um líder servidor. A
liderança servidora incorporou propostas dos modelos transacional,
transformacional, contingencial-situacional, funcional e carismático,
porém, o seu grande diferencial foi a inclusão da espiritualidade como
elemento determinante da sua visão, influência, credibilidade, confiança
e qualidade no serviço.

O líder servidor sempre demonstrará a sua preocupação genuína


com as necessidades e com os sentimentos dos seus liderados. Ele
sempre desafiará os seus liderados na melhora do seu desempenho,
para que o grupo alcance resultados acima do esperado. Uma liderança
servidora necessita estar centrada no caráter de Jesus e nas Sagradas
Escrituras, pois ela é direcionada por um elevado conceito de moralidade,
integridade, honestidade e competência. O pastor é um líder servidor
no reino de Deus, porque foi vocacionado por Jesus para lidar com as
pessoas e as suas circunstâncias, jamais agirá com timidez diante das
adversidades da vida e nem será medroso na hora de tomar decisões.

O pastor que imita o caráter de Cristo tem consciência do seu


chamado. Ele sabe que foi convocado para ser um líder servidor no reino

130
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de Deus, que conviverá com o senso de angústia e sofrimento diante da


tomada de decisões; que lidará com a incompreensão das pessoas e
com a impopularidade; que enfrentará os muitos desafios, nutrindo a sua
espiritualidade com a leitura bíblica, a meditação das Escrituras, a prática
da oração e a prestação de um serviço de qualidade.

Na liderança servidora de Jesus as coisas só podem funcionar com


o exercício da espiritualidade do líder, porque liderar requer motivação,
visão, coragem, determinação, capacidade de decisão e resultados. O
estilo de gestão de Jesus era fortemente pessoal e paciente; ele recebia as
pessoas com carinho e irradiava a sua serenidade com muita intensidade.
Ele reunia as habilidades necessárias para se relacionar com as pessoas
e para treinar, capacitar e formar equipes de trabalho.

Outra consideração importante a ressaltar é que Jesus era um


gestor eficaz. Ele usou técnicas infalíveis de liderança em todo tempo;
sabia decifrar com discernimento os indícios e sinais de uma mudança
que estava para chegar e procurava se antecipar a mesma. Era perceptivo,
sabia distinguir as coisas, tinha discernimento e era um estrategista de
primeira (combinava devoção com organização e ação), conhecia o seu
tempo, estava em sintonia com a sua época e conseguia discerni-la muito
bem. Jesus demonstrava na prática que era pastor, líder e gestor, porque
tinha um compromisso apaixonado com a causa que abraçara, olhava
o mundo e as pessoas como sua responsabilidade, deixava marcas na
vida dessas pessoas e envolvia a sua equipe no trabalho, interpretava a
realidade e as circunstâncias, e tomava decisões corajosamente.

Por fim, é fundamental afirmar que a espiritualidade, a liderança e


a capacidade de gestão são fatores decisivos no exercício do ministério
pastoral eficaz numa sociedade em processo de transformação. Igrejas
fortes têm líderes competentes, maduros na fé e cheios do Espírito Santo.
Esses líderes são gestores que trabalham em equipe e que sabem planejar,
organizar, comandar, coordenar, controlar e lidar com as mudanças
radicais, situações problemáticas variadas, complexas e instáveis. Eles
são capacitados pelo próprio Deus para trazerem soluções objetivas,
inteligentes, criativas, inovadoras e práticas para o seu reino.

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