Você está na página 1de 57

MARTA CAMANHO LIMA UEMURA

UM ESPAÇO ACOLHEDOR E INCLUSIVO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL


Marta Camanho Lima Uemura

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade


São Judas Tadeu, como requisito exigido para obtenção do título
NEUROARQUITETURA E AUTISMO
de Bacharel do Curso de Arquitetura e Urbanismo. UM ESPAÇO ACOLHEDOR E INCLUSIVO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Orientadores: Prof. Maria Isabel Imbronito e Ricardo Andalaft

São Paulo, 2022

2 3
Agradecimentos

“ A ARQUITETURA
Para passarmos por um processo, é imprescindível vivenciarmos desa-
fios com os quais jamais tenhamos lidado anteriormente. Acredito que
tendo pessoas ao nosso lado essas limitações e barreiras podem ser
ultrapassadas mais facilmente. E é com muita alegria por conseguir rea- SÓ SE CONSIDERA
COMPLETA COM A
lizar mais uma etapa em minha vida, venho agradecer primeiramente a
Deus que me inspirou com seu infinito amor.
À minha família pelo papel fundamental nessa jornada, pois sem ela
seria impossível. INTERVENÇÃO DO


Ao meu marido Leandro Uemura, por toda compreensão. Ao meu filho
Jose Henrique, fonte de toda inspiração. SER HUMANO.
Aos professores, aos colegas de curso e de trabalho que durante nossa
jornada trocamos experiências e compartilhamos conhecimentos, em TADAO ANDO
especial aos orientadores Maria Isabel Imbronito e Ricardo Andalaft.

4 5
Resumo

O presente trabalho possui bito escolar. A abordagem da legal para um projeto de ar-
como objetivo desenvolver pesquisa foi qualitativa com quitetura inclusiva dentro de
um projeto de arquitetura caráter documental e biblio- um espaço escolar para crian-
escolar que contemple dife- gráfico. ças, sob a ótica de uma escola
rentes sentidos e percepções inclusiva pública e particular,
A pesquisa, num primeiro mo-
dos alunos com Transtorno do ancorada na neuroarquitetu-
mento, mapeou uma revisão
Espectro Autista (TEA). Para ra, quanto à ocupação do am-
bibliográfica sobre a arquite-
tanto, foi necessário conceber biente com qualidade para a
tura direcionada para cons-
a escola como um lugar de in- interação.
trução de espaços que pos-
teração, por meio de uma ar-
sam atender a criança com Concluiu-se, até o momen-
quitetura lúdica com redução
autismo. Foram salientados to, que a comunicação visual,
de detalhes que favorecem o
procedimentos técnicos e ins- neste projeto de arquitetura,
desenvolvimento e a aprendi-
trumentais para o desenvolvi- priorizou crianças com distin-
zagem de todos.
mento integral da criança por tos níveis de autismo e, por
Trata-se de um estudo teóri- meio do lúdico na Educação conseguinte, é uma prática
co, com vista a elaboração de Infantil. preponderante numa escola
um projeto de implantação inclusiva para o desenvolvi-
Num segundo momento, a
de uma arquitetura inclusiva mento e a aprendizagem.
pesquisa investigou o aporte
para criança com TEA no âm-

Imagem de Andrea Piacquadio com edições da Autora (desenhos a mão) 2022. PALAVRAS-CHAVE: Autismo. Arquitetura escolar. Neuroarquitetura. Escola inclusiva.

6 7
Abstract

This paper aims to develop a ASD in the school environment. contribution for an inclusive
school architecture project that The research approach was architecture project within a
contemplates different senses qualitative with a documental school space for children, from
and perceptions of students and bibliographic character. the point of view of an inclu-
with Autism Spectrum Disorder sive public and private school,
(ASD). Although, it was neces- The research, in a first moment, anchored in neuroarchitecture,
sary to conceive the school as mapped a bibliographic review regarding the occupation of the
a place of interaction, through about architecture directed environment with quality for in-
a playful architecture with a to the construction of spaces teraction. It was concluded, so
reduction of details that favor that can serve the child with far, that visual communication,
the development and learning autism. It highlighted technical in this architectural project, pri-
of all. and instrumental procedures oritized children with different
for the integral development of levels of autism and, therefore,
This is a theoretical study, in or- the child through play in Early is a preponderant practice in
der to develop a project for the Childhood Education. an inclusive school for develop-
implementation of an inclusive ment and learning.
architecture for children with In a second moment, the re-
search investigated the legal

Imagem de Andrea Piacquadio com edições da Autora (desenhos a mão) 2022. KEYWORDS: Autism. School architecture. Neuroarchitecture. Inclusive school

8 9
Sumário 5 autismo - transtorno
do espectro autista
9 estudos de caso lista de siglas 13
9.1 Escola do Amanhã
(TEA) 9.2 Independence Spaces - Ha-
zelwood School Glasgow
5.1 Características do Autismo 9.3 Maison Pour Enfants Au-
5.2 Dados Estatísticos sobre o tistes
autismo no mundo e no Brasil

1 introdução 3 objetivos 7 comunicação visual 11 considerações


e a arquitetura finais
7.1 A comunicação visual
7.2 Teacch - Tratamento e
educação para crianças com
autismo e com distúrbios
correlatos da comunicação

8 arquitetura e a 12 referências
escola inclusiva
2 justificativa 6 desenvolvimento
8.1 Magda Mostafa
8.1.1 Projeto: Advance Special
10 o projeto
10.1 O Lugar 10.4 Setorização
integral da Needs Education Center
8.2 Neuroarquitetura e 10.1.1 Localização 10.5 Estudo Solar
criança Neurociência 10.1.2 Estudo do lugar 10.6 Plantas
6.1 Escola inclusiva e a 8.3 Comparativo do Layout 10.1.3 Estudo do lugar - usos 10.7 Cortes
contemporaneidade das salas de aula: Montessori - 10.1.4 Entorno 10.8 Elevações
6.2 ABA - Análise Aplicada Waldorf - Mostafa 10.1.5 Uso e ocupação do solo 10.9 Sistema Construtivo
do Comportamento – ZEU 10.10 Perspectivas
10.2 Memorial
4 metodologia 10.3 Programa de Necessi-
dades

10 11
1 Introdução

A proposta deste trabalho tem como finalida- transtorno tem uma sensibilidade muito gran-
de mostrar que os espaços físicos de uma es- de com o espaço onde se encontra, está sem-
cola inclusiva devem atender todas as crian- pre atenta a todas as informações ao mesmo
ças, proporcionando um ambiente saudável tempo e absorve tudo à sua volta.
e de bem-estar físico e mental. O aluno deve
perceber que aquele ambiente foi projetado Analisando essas pesquisas sobre autismo e
para ele, tanto na sua especificidade, quanto também que a educação de qualidade deve
na sua adequação, mesmo que não faça uso ser para todos, este projeto poderá ser utiliza-
contínuo. do ou adaptado em escolas públicas e parti-
culares que atendam a clientela de educação
Verificando vários estudos sobre Transtorno infantil, propiciando um ambiente favorável à
do Espectro Autista (TEA), a criança com esse aprendizagem de todas as crianças.

Imagem Original de Pixabay com edições da Autora (desenhos a mão) 2022.

12 13
2 Justificativa

Escolhi o tema neuroarquite- Assim, baseado em estudos trar a importância da escola de


tura e autismo, pois tendo um para promover o aprendizado educação infantil ter espaços
filho em fase de avaliação e em ambientes lúdicos e senso- projetados que ofereçam mo-
diagnóstico de autismo, encon- riais, pretendo realizar um pro- mentos de pausa para reinte-
trei dificuldade para achar uma jeto destinado a um espaço in- gração corporal, tanto para a
escola que oferecesse um espa- clusivo e que atenda os alunos criança com TEA, como tam-
ço apropriado para atendê-lo. com TEA, mas também crianças bém para outros alunos que
Acredito que toda criança pre- neurotípicas. sentirem necessidade de uti-
cisa de um ambiente acolhedor, lizar esse ambiente, pois ele é
reservado e gradualmente inte- As pessoas neurotípicas (ou tí- para todos.
rativo que propicie condições picas) são aquelas que não pos-
de aprendizagem. suem problemas de desenvol- Acredito que este projeto de
vimento neurológico, podendo Neuroarquitetura possa servir
A Declaração de Salamanca, do- ser chamadas também de não como modelo de espaço para
cumento elaborado em 1994, autistas (AUTISMO E REALIDA- escolas públicas e particulares
na Espanha, e também um DE, 2020b). que queiram oferecer uma in-
marco importante na inclusão clusão com responsabilidade
de crianças com necessidades Já as pessoas neuroatípicas (ou do aluno com TEA, onde o am-
educativas especiais, menciona atípicas) lidam com diferen- biente, aliado às intervenções
que esses educandos tes alterações relacionadas ao terapêuticas e de ensino, será
desenvolvimento neurológico. propício para ele aprender e
“[...] devem ter acesso à escola As pessoas com Transtorno do também se sentir seguro e fe-
regular, que deveria acomodá- Espectro Autista (TEA) fazem liz, favorecendo uma melhor in-
-los dentro de uma Pedagogia parte do grupo de pessoas atí- teração, vínculo e benefícios a
centrada na criança, capaz de picas (AUTISMO E REALIDADE, todos os educandos.
satisfazer a tais necessidades” 2020b).
(UNESCO, 1994, p. 1).
Imagem da Autora (2022). A proposta deste estudo é mos-

14 15
3 Objetivos

Arquitetura Inclusiva para Escolas


Esse estudo busca desenvolver um projeto interativo de arqui-
tetura escolar baseado na linguagem de comunicação visual e
lúdica para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e
Comunicação Visual também para crianças sem o referido transtorno (neurotípicas),
possibilitando alguns objetivos.
Inclusão O objetivo geral é desenvolver um projeto de arquitetura inclu-
siva para escolas de educação infantil, públicas e particulares,
adaptado às condições do lugar, contemplando diferentes senti-
Individualidade dos e percepções dos alunos com TEA e acolhendo também a
individualidade de cada educando da instituição e a sua real ne-
cessidade .
Crianças com Transtorno do Espectro Autista Quanto aos objetivos específicos, além de pensar na escola como
(TEA) e crianças neurotípicas um lugar de convivência dos alunos e interação com o corpo, a
arquitetura lúdica deve estar atenta à simplicidade e redução de
detalhes, criando ambientes que favoreçam o desenvolvimento e
o bem-estar físico e mental dos educandos, partindo da premissa
de que os espaços beneficiem a aprendizagem de todos.

Diagrama feito pela Autora

16 17
4 Metodologia

O estudo teórico para elabora- recionada para construção de bém com as análises e procedi-
ção do projeto de implantação espaços que possam atender mentos técnicos de arquitetura
Escola Inclusiva de uma escola inclusiva de edu- a criança com autismo e tam- inclusiva, assim como o espaço
de Educação cação infantil será direciona- bém todos que necessitarem físico contemplado pela escola,
Infantil do pela abordagem qualitativa desse ambiente. os ambientes propiciadores da
com caráter documental e bi- comunicação visual, o lúdico
bliográfico. Os aspectos teóricos far-se-ão e os benefícios das interações
por análises de pesquisa biblio- sociais no desenvolvimento,
Por meio da abordagem quali- gráfica por meio de artigos, li- serão não só para a criança
Estudo do tativa, os aspectos teóricos do vros, jornais, revistas, monogra- com autismo, mas para a escola
Local e sua estudo, terão como ponto de fias, teses, dissertações, sites e como um todo.
Legislação partida a revisão bibliográfica outros instrumentos que pos-
Critérios de sobre o TEA, desenvolvimento sam complementar o estudo. Os procedimentos técnicos de
Design para integral da criança e a impor- arquitetura inclusiva serão em-
tância da comunicação visual O estudo será embasado nos basados em levantamento de
autismo critérios de design para autis-
em uma escola inclusiva, assim dados, legislação e consultas
por Magda como estudos de caso e pes- mo, pesquisados pela arquiteta necessárias para a implantação
Mostafa quisa sobre a arquitetura di- Magda Mostafa, e contará tam- do projeto da escola inclusiva.
Revisão
Bibliográfica
Documentos, Teses,
Artigos, Jornais,
Dissertações

Diagrama feito pela Autora

18 19
5 Autismo 5.1 Características do Autismo
Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Considerando os aspectos le- teração social; ausência de re- Para efeitos legais o transtor-
gais em BRASIL (2012), com ciprocidade social; falência em no do espectro autista é con-
a lei 12.764 de dezembro de desenvolver e manter relações siderado uma deficiência. As
2012, tivemos a instituição e o apropriadas ao seu nível de de- políticas públicas, por meio de
estabelecimento de diretrizes senvolvimento; pressupostos descritos na lei
numa Política Nacional de Pro- 12764/2012, asseguram aten-
teção dos Direitos da Pessoa II- padrões restritivos e repe- ção integral às necessidades de
com Transtorno do Espectro titivos de comportamentos, saúde dessas pessoas nos as-
Autista. Este transtorno é carac- interesses e atividades, mani- pectos de diagnóstico precoce,
terizado pela proeminência de festados por comportamentos medicamentos e nutrientes ne-
motores ou verbais estereoti- cessários com possibilidades de
I- deficiência persistente e clini- pados ou por comportamentos intervenções de equipes multi-
camente significativa da comu- sensoriais incomuns; excessiva profissionais.
nicação e da interação sociais, aderência a rotinas e padrões
manifestada por deficiência de comportamento ritualiza-
marcada de comunicação ver- dos; interesses restritos e fixos.
bal e não verbal usada para in-
(BRASIL, 2012, n.p.).

Imagem Disponível em: https://www.maissauderevista.com.br/saude-geral/fale-sobre-autismo/. Acesso em: 06


jun. 2022.

20 21
Imagems de Timothy Archibald. Disponível em: https://www.timothyarchibald.com/commissions/the-little-prin-
ce/4. Acesso em: 06 jun. 2022.

22 23
De acordo com o DSM-5 - Manual Diagnóstico Vera Regina Lorenz, terapeuta e pós-doutora

3 Necessidade de apoio muito substancial, pois os graves déficits na

NÍVEL
e Estatístico de Transtornos Mentais (2014), em Enfermagem e Vanessa da Costa Rezende, comunicação social, tanto verbal como não verbal, causam gran-
da American Psychiatric Association (Associa- psicopedagoga e professora de Educação Es- des prejuízos nas interações sociais .Reage somente com aborda-
ção Americana de Psiquiatria), o Transtorno pecial, mencionam também leve, moderado e gens sociais diretas, apresenta inflexibilidade de comportamento,
do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do severo para os níveis do DSM-5 1, 2 e 3, res- dificuldades para assimilar mudanças, mudar o foco ou as ações.
neurodesenvolvimento, com características pectivamente (LORENZ; REZENDE, 2021).
e alguns critérios importantes para o diag-
nóstico, sendo classificado em três níveis de Seguem abaixo os respectivos níveis, confor-

2
gravidade, tendo como critério o nível de ne- me mencionam o DSM-5 - Manual Diagnóstico
cessidade de apoio: Nível 1 - “exigindo apoio”; e Estatístico de Transtornos Mentais (2014) e

NÍVEL
Nível 2 - “exigindo apoio substancial” e Nível Lorenz; Rezende (2021).
Necessidade de apoio substancial, por apresentarem déficits se-
3 - “exigindo apoio muito substancial”. veros nas suas habilidades de comunicação social (verbal e não
verbal).

Necessidade de pouco apoio, cujos déficits na comunicação so-

1
cial provocam pouca repercussão em suas relações interpessoais.
Estes indivíduos, habitualmente, têm dificuldade para iniciar in-

NÍVEL
terações sociais ou mantê-las com boa qualidade. As dificuldades
provocadas pela inflexibilidade cognitiva podem ser evidentes
nestas pessoas, além de problemas relacionados à organização e
ao planejamento.

Níveis, conforme o DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014) e


Lorenz; Rezende (2021).

24 25
1
5.2 Dados Estatísticos sobre o autismo no Mundo e no Brasil

a cada

54 pessoas tem
De acordo com publicação do ra Benute, acredita-se que a ta, aproximadamente. O Brasil,
CDC - Center for Disease Con- prevalência na população de conforme projeção do IBGE,
trol and Prevention - Centro de
Controle e Prevenção de Doen-
1 menina para 4 meninos com
TEA seja em razão de muitas
ultrapassou os 208 milhões de
habitantes em agosto de 2018
autismo (EUA)
ças, do governo dos Estados meninas não terem o diagnósti- (PAIVA Jr., 2019, n.p.).
Unidos, cujos dados foram di- co, por apresentarem sintomas
vulgados em 2020, a prevalên- mais leves (BENUTE, 2020). Observando a estimativa mun-
cia é de 1 criança com autismo dial da Organização das Nações
para cada 54, com a idade de “Mesmo que não seja brasilei- Unidas (ONU) de 1% da popu-
8 anos. O monitoramento foi ro, o Brasil ainda usa os estudos lação ter autismo, mencionada
realizado em 2016, em crian- do CDC como base, por não ter por Paiva Jr. (2019), podemos
ças nascidas em 2008, em 11 pesquisas concretas sobre a analisar esse percentual na ci-
estados do país (CDC, 2020).. prevalência no país” (AUTISMO dade de São Paulo, cujos dados
E REALIDADE, 2020a, n.p.). do Instituto Brasileiro de Geo-
Esse mesmo estudo, realizado grafia e Estatística (IBGE), no
em 2016, aponta também que De acordo com Francisco Paiva último censo de 2010, era de

1
o TEA é 4,3 maior em meni- Jr., jornalista da Revista Autis- 11.253.503 pessoas e a proje-
nos do que em meninas (CDC, mo, o Brasil ção para 2021 é de 12.396.372
2020). pessoas (IBGE, 2010).
‘deve ter’ ou ‘pode ter’ apro-
ximadamente 2 milhões de para cada menina com TEA,

4
De acordo com a psicóloga
e pós-doutora em Psicologia pessoas com autismo, segun-
Clínica, Gláucia Rosana Guer- do estimativas globais da ONU
de 1% da população ser autis-
há meninos no Brasil.

26 27
6 Desenvolvimento Integral da Criança

A parceria implícita entre uma antes dos três anos, mas geral- (RCNEI), disposto em BRASIL
escola inclusiva, que busca o mente a consulta a um espe- (1998), valorizam os eixos es-
desenvolvimento integral da cialista ocorre aos quatro anos truturantes para conhecimen-
criança, e a Arquitetura, que e somente aos cinco anos a to do mundo, ampliando, des-
possibilita uma manipulação criança é diagnosticada (FON- ta maneira, as possibilidades
ambiental, constitui-se em SECA; MISSEL, 2014). do desenvolvimento integral
uma relação dialógica com o da criança em suas especifici-
ensino, a aprendizagem e o es- Após o diagnóstico a criança dades.
paço físico na educação infan- precisa iniciar um programa
til. de estimulação, mudança de Já a Base Nacional Comum
comportamento e desenvolvi- Curricular (BNCC) em BRASIL
Com relação ao autismo, a mento da linguagem, que deve (2018), descreve o desenvolvi-
professora Simone Alexandre ser adequado a cada indivíduo, mento integral da criança por
Fonseca, graduada em Letras assim como à sua família (FON- meio dos campos de experiên-
e a fisioterapeuta Aline Missel, SECA; MISSEL, 2014). cias, desencadeadas com inte-
mestre em Diversidade Cultural rações e brincadeiras dentro
e Inclusão Social, mencionam a As Referenciais Curriculares da Educação Infantil como um
importância de ser detectado Nacionais da Educação Infantil direito de aprendizagem.

Imagem Disponível em: https://www.pbs.org/parents/thrive/when-your-child-is-struggling-academically. Acesso


em: 06 jun. 2022.

28 29
6.1 Escola Inclusiva e a Contemporaneidade

A pedagogia contemporânea A médica psiquiatra italiana não só os armários, as mesas dos ambientes escolares, com sendo reconhecidas em qual- tras pessoas, a criança é capaz
sofreu influências de teorias e Maria Montessori (1870-1952), e as cadeiras, mas também as linhas orgânicas, onde os es- quer lugar do mundo (OLIVEI- de movimentar vários proces-
autores que surgiram entre o criou um método para tratar cores, os sons e a arquitetura” paços internos e externos são RA; IMAI, 2021). sos de desenvolvimento que,
final do século XIX e metade do inicialmente crianças com de- (RÖHRS, 2010, p. 18-19). integrados à natureza, criando sem ajuda, seriam impossíveis
século XX. Esse movimento, de- ficiência e depois foi ampliado ambientes agradáveis e funcio- Já o psicólogo o russo Lev Se- de ocorrer” (FACCI, 2004, p.
nominado Escola Nova, inovou para todos os educandos. Fun- Em um período de tantas mu- nais. Esse estilo arquitetônico menovich Vigotski (1896-1934), 78). O nome de Vigotski seguiu
a prática pedagógica, o ensino dou uma pré-escola para crian- danças no ensino e o surgimen- denomina-se Arquitetura An- estudioso da psicologia infantil a grafia adotada pela autora,.
e, consequentemente, o pró- ças pobres denominada “Casa to de diversas ideologias peda- troposófica e, de acordo com a e suas aplicações pedagógicas,
prio ambiente da sala da aula. dei bambini” ou “Casa das gógicas nos espaços escolares, arquiteta Thaís R. S. Cardoso e demonstra a importância da
Neste tópico serão citados al- crianças“. Conforme menciona temos também a Pedagogia Oliveira, com mestrado em Me- interação social no desenvol-
guns autores que colaboraram Hermann Röhrs, historiador ale- Waldorf, do educador e filósofo todologia de Projetos e Cesar vimento da criança. Analisan-
neste estudo para o entendi- mão de Educação Comparada, austríaco Rudolf Steiner (1861- Imai, professor doutor em Ar- do Vigotski, Marilda Gonçalves
mento da evolução da prática nessa escola “tudo era adap- 1925), cujas ideias influencia- quitetura e Urbanismo, as es- Dias Facci, psicóloga e profes-
pedagógica e do layout da sala tado às crianças, às suas ati- ram, não só o currículo esco- colas Waldorf seguem as reco- sora doutora em Educação Es-
de aula. tudes e perspectivas próprias: lar e a metodologia de ensino, mendações de Rudolf Steiner, colar, menciona que “à medida
como também a arquitetura que ocorre a interação com ou-

30 31
6.2 ABA - Análise Aplicada do Comportamento

A jornalista Isabela Morais comunicação funcional, escrita, de Amigos do Autista (AMA),


menciona que o ABA (Applied matemática e até mesmo ativi- esclarece que nesse tipo de
Behavior Analysis) fundamen- dades de higiene pessoal. Aju- abordagem, “o primeiro ponto
ta-se no ensino de habilidades da a diminuir agressões, auto- importante é tornar o aprendi-
básicas para melhorar a qua- lesões e fugas” (MORAIS, 2012, zado agradável para a criança.
lidade de vida e corrigir com- n.p.). O segundo ponto é ensinar a
portamentos (MORAIS, 2012). criança a identificar os diferen-
Ana Maria S. Ros de Mello, su-
Abrange também o ensino de tes estímulos” (MELLO, 2007, p.
perintendente da Associação
habilidades de “contato visual, 37).

Imagem: Getty Images. Disponível em: https://time.com/3682311/mindful-


ness-math/. Acesso em: 06 jun. 2022.

32 33
7 Comunicação Visual e a Arquitetura
7.1 A Comunicação Visual

Escritório Vanguard, Nitsche Arquitetos, 2019


Os recursos visuais são usados senso de autonomia e permi- comunicação aumentativa e
Imagem Disponível em: http://www.nitsche.com.br/escritrio-van como ferramenta de comuni- tir que façam escolhas e ex- alternativa: a comunicação
guard. Acesso em: 06 jun. 2022. cação para pessoas com TEA pressem necessidades. aumentativa se dá pela ne-
e ajudam na independência cessidade de ampliar as pos-
e autonomia. Esses recursos A Comunicação Aumentativa sibilidades de comunicação; a
podem ajudar as crianças com e Alternativa (CAA) é muito comunicação alternativa deve
autismo a encontrar maneiras utilizada na comunicação de ser ensinada e/ou disponibili-
eficazes de se comunicarem crianças com TEA e, com re- zada quando as formas tradi-
usando recursos visuais em lação a esse recurso, o psico- cionais de comunicação estão
vez de informações auditivas. pedagogo Fabrício Crispim do comprometidas, sendo neces-
Nascimento e os professores sário criar alternativas para
Os recursos visuais expandem Gardênia Santana das Chagas que a comunicação ocorra
a capacidade de uma criança e Francinaldo Santana das (NASCIMENTO; CHAGAS; CHA-
Escola Fundação Bradesco, Nitsche Arquitetos, 2017 com autismo de interagir com Chagas mencionam que: GAS, 2021).
Projeto UNE 862, Nitsche Arquitetos, 2016 Imagem Disponí- Imagem Disponível em: http://www.nitsche.com.br/escola-fun o ambiente ao seu redor. Eles
vel em: http://www.nitsche.com.br/une-862. Acesso em: 06 jun. dao-bradesco. Acesso em: 06 jun. 2022. podem dar às crianças um é importante destacar uma
2022. diferença básica do termo

34 35
7.2 TEACCH – Tratamento e Educação para Crianças com Autismo e com

T E A C C H
Distúrbios Correlatos da Comunicação

O TEACCH (Treatment and Education of Autistic RAIS, 2012).


and related Communication handicapped CHil-
dren) é um método que tem como princípio orga- Já Mello (2007) explica que o ambiente deve ser
nizar o ambiente por meio de rotina estruturada adaptado para que fique mais fácil para a criança
compreendê-lo e também entender o que espe-

G L
com quadros, painéis ou agendas e também fa-
zendo uso de sistemas de trabalho (Mello, 2007). ram dela, conseguindo ser mais independente
e necessitando do professor apenas para a sua

T
Morais informa que para melhorar a comunica- aprendizagem.
ção são utilizados fotos, figuras e cartões (MO-

5
R T Y
2
8 R Imagem Disponível em: https://neuroconecta.com.br/metodo-teacch-e-os-beneficios-para-os-autistas/ Acesso
em: 06 jun. 2022.

36 37
8 Arquitetura e a Escola Inclusiva
8.1 Magda Mostafa

De acordo com a arquiteta, no Egito, iniciou em 2002 uma índice apresenta sete critérios
professora doutora e consulto- pesquisa para projetar o pri- ou questões que foram indica-
ra de design Magda Mostafa, meiro centro educacional para dos em sua pesquisa “como fa-
a “Arquitetura, como ciência, crianças com autismo do Egito. cilitadores do comportamento
lida com a manipulação do am- Completou em 2008 os primei- positivo e do desenvolvimen-
biente físico para facilitar certas ros estudos inovadores de de- to de habilidades em usuários
funções e provocar o compor- sign de autismo, servindo de com autismo”.
tamento pretendido” (MOSTA- base para o desenvolvimento
FA, 2014, p. 142). do “Autism ASPECTSS™ Design Foram elencados os aspectos
Index”, que em tradução livre mais relevantes descritos nos
Mostafa nasceu e cresceu no significa Índice de Design do sete critérios de “Autism AS-
Canadá, e mais tarde veio resi- Autismo ASPECTSS™ (MOSTA- PECTSS™ Design Index” (MOS-
dir no Egito, onde se formou em FA, 2013). TAFA, 2014, p. 147-148).
Arquitetura pela Universidade
do Cairo (MOSTAFA, 2008). A respeito do “Autism ASPECT- Foi possível observar que “AS-
SS™ Design Index”, Mostafa PECTSS” é formado pela primei-
Ainda estudante de doutora- (2013, n.p.) esclarece que esse ra letra ou duas primeiras letras
do na Universidade do Cairo, dos sete critérios:

Foto de Magda Mostafa. Imagem Disponível em: https://timespaceexistence.com/shapingthecitychicago/ Acesso em: 06 jun. 2022.

38 39
Os Sete Critérios:

1 Acoustics - Acústica
Este critério propõe que o ambiente acústico seja controlado para minimizar ruído de fundo,
eco e reverberação dentro de espaços usados por indivíduos com autismo. 5 Transition Zones - Zonas de transição
A presença de zonas de transição ajudam o usuário a recalibrar seus sentidos conforme eles
se movem de um nível de estímulo para o próximo, ou seja são usadas para mudar de uma
zona para a próxima.

2 SPatial Sequencing - Sequenciamento Espacial


Este critério é baseado no conceito de capitalizar a afinidade dos indivíduos com autismo à
rotina e previsibilidade. O Sequenciamento Espacial requer que as áreas sejam organizadas
de forma lógica, com base no uso agendado típico de tais espaços.
6 Sensory Zoning - Zoneamento sensorial
Este critério propõe que os espaços devem ser organizados de acordo com a sua qualidade
sensorial, ao invés da abordagem arquitetônica típica de zoneamento funcional. Agrupando
espaços de acordo com o seu nível de estímulo, os espaços são organizados em zonas de “alto
estímulo” e “baixo estímulo”. “Esses conceitos de zoneamento e circulação podem ser aplica-
dos e aprimorados usando dicas visuais” (MOSTAFA, 2008, p. 205).

3 Escape Spaces - Espaços de Fuga


Geralmente é melhor projetar uma linha de base sensorial neutra no ambiente, como se
fosse para o autismo hiper sensível. Este conceito é baseado na ideia de que é mais fácil
adicionar um estímulo do que removê-lo do ambiente (MOSTAFA, 2008). O objetivo de tais
espaços é proporcionar uma pausa para o usuário autista da estimulação encontrada em seu
7 Safety - Segurança
Um ponto que nunca deve ser esquecido ao projetar ambientes de aprendizagem é a segu-
rança, pois é mais uma preocupação para crianças com autismo, que podem ter uma per-
cepção alterada de seu ambiente. Acessórios para proteger da água quente e evitar arestas
vivas e cantos são alguns exemplos.
ambiente.

4 Compartmentalization - Compartimentalização
A filosofia deste critério é definir e limitar o ambiente sensorial de cada atividade, organi-
zando uma sala de aula ou até mesmo um edifício inteiro em compartimentos. A separação
entre esses compartimentos pode ser através da disposição dos móveis, diferença no reves-
timento do piso, diferença no nível ou mesmo através de variações na iluminação.

40 41
8.1.1 Projeto: Advance Special Needs Education Center Planta Térrea do Projeto.
Imagem Disponível em: < https://www.archdaily.com/435982/Autism-design/52554930e8e44e67bf0006c-
d-an-interview-with-magda-mostafa-pioneer-in-autism-design-image?next_project=no>

Projeto: Advance Special Needs Education Center


(Centro Avançado de Educação para Necessidades 7
8
3
Especiais)
Arquiteta: Magda Mostafa 9
Ano de construção: indefinido
Localização: Qattemeya, Cairo
4
10 1
5
Foi o primeiro edifício do mundo a ser projetado ravelmente por um ambiente sensorial, ou seja,
6
usando a Teoria do Design Sensorial e o Índice de com cor, textura, acústica, ventilação, etc. (MOS-
Design ASPECTSS do Autismo. TAFA, 2008).
Mostafa, em 2002, ainda estudante de doutora- Nesse estudo foi realizada a reorganização es-
do, quando iniciou seus estudos para o projeto pacial de uma sala de aula com “estações” ou
do Centro Avançado de Educação para Neces- zonas separadas, incluindo um “espaço de fuga” 2
sidades Especiais, percebeu nas suas pesquisas que serviu de refúgio para tempos de desequilí-
que precisaria criar seus próprios critérios. Finali- brio sensorial na criança, constatando que o de-
zou em 2008, sendo considerado um dos primei- sign da compartimentalização, e as pistas visuais
ros estudos sobre design de autismo (MOSTAFA, e auditivas, ajudam a criar um abiente propício
2013). para a aprendizagem. No comportamento do Legenda: Alto Estímulo
aluno com autismo, o fator que mais influenciou 1 Entrada Estudantes 6 Hidroterapia
Mostafa realizou em 2003 uma pesquisa sobre 7 Assistência Circulação
foi a acústica e, em seguida, o sequenciamento 2 Entrada Administrativa
arquitetura para o autismo, sendo que no decor- espacial (MOSTAFA, 2008). 3 Salas de Aula 8 Jardim Sensorial Baixo Estímulo
rer das etapas observou que o comportamento 4 Sala de Terapia 9 Campo de Jogo
do aluno com TEA pode ser influenciado favo- 5 Adm e Diagnósticos 10 Centro de Jardinagem Jardim Sensorial

42 43
8.2 Neuroarquitetura e Neurociência

A Neurociência vem crescen- urbanista e professora, anali- com qualidade de vida e bem- regulação na complexidade nalidade cerebral espelhada, ambiente pode gerar efeitos
do gradativamente e, confor- sa a utilização da Neurorarqui- -estar pessoal”. Tudo isso por cerebral. e sim pela capacidade de ma- distintos em diferentes pes-
me mencionam as arquitetas tetura no espaço. NeuroArqui- meio da concepção e da uti- nipulação espacial, que de- soas e, por isso, a compreen-
Catharina Castro Cardeal e tetura é a grafia utilizada pela lização estratégica do espaço Podemos considerar uma das sencadeou novas reestrutu- são do público alvo que utili-
Larissa Ribeiro Cabral Vieira, autora. (PAIVA, 2018, n.p.). maiores contribuições para rações no processamento do zará os ambientes projetados
esses estudos mostram como neurociência as descobertas conhecimento humano (AM- é fundamental para o sucesso
são importantes e interferem Do ponto de vista prático, Para entendermos o proces- nas áreas de Broca e Wernic- THOR, 2017). da aplicação da NeuroArquite-
na vida das pessoas, tanto nos a NeuroArquitetura pode e samento da aprendizagem na ke. Descritas pelo professor tura (PAIVA, 2018, n.p.).
aspectos físicos, como nos deve ser utilizada para tornar criança em seu funcionamen- de Psicologia e neurocientis- A neurociência revela diversos
mentais. Um dos campos de a ação humana mais efetiva e, to e evolução, contamos com ta Frank Amthor, essas áreas padrões de funcionamento do
atuação é a Arquitetura, de- acima de tudo, para criar es- a colaboração da neurociên- apontaram para revelações cérebro, mas ainda assim as
nominando-se Neuroarquite- paços mais saudáveis no cur- cia, que é uma área do co- quanto ao funcionamento do pessoas são únicas por conta
tura (CARDEAL; VIEIRA, 2021). to e no longo prazo. Assim, o nhecimento humano quanto à cérebro humano nos hemisfé- das influências genéticas, cul-
princípio maior da NeuroAr- estruturação do sistema ner- rios (esquerdo e direito), não turais e da experiência indivi-
Andréa de Paiva, arquiteta, quitetura deve ser “eficiência voso e seus mecanismos de constituintes de uma funcio- dual. Nesse sentido, o mesmo

44 45
8.3 Comparativo do Layout das Salas de aula: Projetos Espaciais para Crianças, segundo os pensamentos pedagógicos
Montessori - Waldorf - Mostafa
Tradicional Montessori Waldorf Mostafa

Merece uma reflexão as informações sobre


a escola inclusiva, o desenvolvimento inte-
gral da criança, as influências de teorias e
autores sobre a prática pedagógica e os es-
paços escolares, finalizando com os estudos
de Mostafa, da neuroarquitetura e da neu-
rociência, pois de acordo com o educador e
padagogo Paulo Freire “é pensando critica-
mente a prática de hoje ou de ontem que se
pode melhorar a próxima prática” (FREIRE,
2014, p. 40).

Neuroarquitetura. Imagem Disponível em: http://


tabulla.co/neuroarquitetura-como-o-seu-cere- Layout do Projeto
bro-responde-aos-espacos/ (2022) Fonte: Elaborado pela autora (2022)

46 47
9 Estudos de Caso 9.1 Escola do Amanhã

Projeto: Educacional
Local: Rio de Janeiro
Projeto de Arquitetura e Comunicação Visual: Celso
Rayol e Fernando Costa

O projeto possui pátio central rampas e escadas abertas para paços integrados.
com aberturas para integra- evitar a sensação de confina-
ção com o entorno, lajes livres mento e estimular as inúmeras As informações do projeto da
subdivididas pelos espaços fe- opções de visadas e pontos de Escola do Amanhã estão posta-
Imagens Fonte: Escola do Amanhã. Cité Arquitetura (2017, n.p.). chados. Além disso, uma apro- vistas. das no site da Cité Arquitetura
(ESCOLA DO AMANHÃ, 2017).
priação múltipla e diversa dos
espaços de cada pavimento Cada espaço foi estimulado
Esse projeto foi escolhido para
com fechamento retráteis en- pela comunicação visual atra-
estudo, pois os estímulos, a co-
tre as salas para flexibilidade vés de cores, espaço integra-
municação visual, a neurociên-
dos layouts dependendo das dos, abertos e flexíveis:
cia e a neuroarquitetura, com
aulas e maior conexão entre os Estímulo de mentes abertas... espaços abertos e integrados
ambientes. espaços abertos. Estímulo com criterioso uso de cores e
de raciocínios flexíveis... espa- estímulos, contribuem para que
Este projeto possui também
ços flexíveis. Estímulo de ideias escola seja acolhedora, como a
uma circulação externa com
criativas... espaços coloridos. que está sendo proposta no es-
corredores periféricos, além de
Estímulo de senso coletivo... es- tudo.

48 49
Legenda:
1 Núcleo Descobertas 3 Núcleo Conhecimento
Laboratório, artes, música, makerspace, enfer- Biblioteca e banheiros;
maria, serviços e banheiro; 4 Núcleo Infantil
2 Núcleo Administrativo Salas de aila, refeitório e banheiros;
Coordenação, adm, serviços e banheiros;

Imagens Fonte: Escola do Amanhã. Cité Arquitetura (2017, n.p.). Planta Térrea. Fonte: Escola do Amanhã. Cité Arquitetura (2017, n.p.).

50 51
9.2 Independence Spaces – Hazelwood School Glasgow

Projeto: Educacional
Local: Glasgow - Escócia
Projeto de Arquitetura: Alan Dunlop

Uma escola na Escócia para crian- projeto apresenta a facilidade de As informações de Petras (2011),
ças cegas e surdas, um modelo orientação através de uma “rua” sobre esse modelo de escola, es-
Imagens Disponíveis em: https://aasarchitecture.com/2016/09/hazelwood-school-glasgow-alan-dunlop-archi- para design e processo colabora- de circulação com parede senso- tão postadas no site da Greek Ar-
tect/ Acesso em: 06 jun. 2022.
tivos,conforme menciona o arqui- rial. chitects.
teto grego Tsabikos Petras (PE-
TRAS, 2011). O edifício, concluído em 2008, en- Essa escola foi escolhida porque
volve árvores e espaços abertos os espaços abertos e sensoriais,
Hazelwood School foi projetada que maximizam a luz ambiente e com estímulos olfativos, táteis,
para crianças e jovens de 2 a 17 espaços estimulantes e integra- gustativos, e comunicação visual
anos que são cegos e surdos com dos para pratica pedagógica. na acessibilidade, facilitando a
deficiência cognitiva e física. orientação, serviram para emba-
Os materiais externos foram se- sar o projeto.
Para apoiar o desenvolvimento da lecionados por suas qualidades
independência de cada criança, o sensórias.

52 53
Planta Térrea do Projeto.
Imagens Disponíveis em: https://aasarchitecture.com/2016/09/hazelwood-school-glasgow-alan-dunlop-archi-
Imagens Disponíveis em: https://aasarchitecture.com/2016/09/hazelwood-school-glasgow-alan-dunlop-archi- tect/
tect/ Acesso em: 06 jun. 2022.

54 55
9.3 Maison Pour Enfants Autistes

Projeto: Casa de Acolhimento e


Educação para Crianças Autistas
Local: Strasbourg - França
Projeto de Arquitetura: Marine Brunet
A proposta se baseia em integrar a crian- corredores internos, permitindo à criança
ça com autismo à escola comum. O projeto se localizar entre as atividades.
é composto por creches, ensino especifico
para crianças com TEA e acolhimento para O projeto é de outubro de 2013, conforme
indivíduos comuns ou com autismo. consta na publicação de arquitetura, cons-
trução e cenografia da arquiteta francesa
A ideia estabelece conexão entre o existen- Marine Brunet, (BRUNET, 2016).
te com o projeto, criando uma integração
entre a escola comum e a escola especial, Essa escola foi selecionada porque é inclusi-
indagando a questão da inclusão e como fa- va, atendendo crianças com autismo e neu-
zê-la. rotípicas, seguindo os critérios da neuroar-
quitetura, sendo um espaço que colaborou
Com relação ao fluxo, estabelece pátios e para o tema do projeto.

Fonte: : Brunet (2016, p. 24-27).

56 57
10 O Projeto 10.1.1 Localização
10.1 O Lugar

Metrô Carrão
Envoltória do Projeto
O Tatuapé, bairro nobre da As duas estações de metrô
Zona Leste, é um dos lugares mais próximas são Carrão e Ta-
mais desejados para morar tuapé (linha Vermelha), sendo
Metrô Tatuapé

por conta de sua infraestrutura que essa última ainda possui


bem servida de comércio, ser- um terminal de ônibus integra-
viços, mobilidade e excelentes do e acesso às linhas Coral e Sa-
opções de lazer. fira da CPTM. Sua principal via
é a Radial Leste, que percorre
O Tatuapé é muito conhecido toda a zona leste levando até o
por ser completo e oferecer centro da capital. Além disso,
uma rede de comércio e ser- está próximo à Marginal Tietê –
viços bastante rica. Também acesso às zonas Norte e Oeste –
é um dos poucos bairros que e das Rodovias Presidente Du-
consegue equilibrar toda essa tra e Ayrton Senna, que levam
variedade com ruas mais resi- a cidades do interior.
denciais e tranquilas.
Av.Radial Leste
Av. Aricanduva
Linha Vermelha

Fonte: Google Earth (2021, n.p.).


0m 500m

58 59
Terreno

Rua Fernandes Pinheiro


Metrô Tatuapé
Av. Radial Leste

Rua Platina
Fonte: Google Earth (2021, n.p.). 0m 50m

60 61
10.1.2 Estudo do lugar

Para levantamento de informações como escolas públi-


cas, particulares,e densidade foi considerada área deli-
mitada por raio de 1km.
As informações de área, população e densidade constam
no site da Prefeitura da cidade de São Paulo, Subprefei-
tura da Mooca (SÃO PAULO, Cidade, 2021).

Área: 8,2 km²


População: 91.672 hab. (2010)
Densidade: 11.180 hab//km²
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Legenda:
Perímetro da ZEU Terreno Estação da CPTM Escolas da Rede Privada
Perímetro da ZEU Estação Metrô Escola Infantil da Rede Pública
ZEIS 3 Instituto TEA e Linhas da SPTM Via Coletora
ZEIS 5 Multidisciplinar Ponto de Ônibus Via Arterial

62 63
10.1.3 Estudo do Lugar - Usos

Legenda:

O terreno escolhido para a implantação do dependendo do transporte público utilizado. Resid. Horiz. Baixo Padrão Comércios e Serviços Comércios, Serviços, Ind. e Armazém
projeto de uma escola inclusiva de educação
infantil está localizado na Rua Platina, 313, O entorno do terreno é ocupado por casas e Resid. Horiz. Médio/Alto Padrão Indústria e Armazém Garagem
ocupando uma esquina com a Rua Fernandes edifícios residenciais e comerciais, hospitais,
Pinheiro, no bairro do Tatuapé, Zona Leste da shoppings, etc. Apesar de ser próximo a vias e Escolas Residencial e Comércio Equipamentos Públicos
cidade de São Paulo. O terreno tem as seguin- locais com fluxo intenso e médio de pessoas e
tes dimensões: 39,5m x 37,5m, totalizando veículos, o lugar também oferece a possibilida- Resid. Vertical Médio/Alto Padrão Residencial, Indústria e Armazém Terrenos Vagos
1.590m². de de construir uma escola com um ambiente
acolhedor.
O lote fica próximo a vários transportes públi-
cos, tais como as estações de Metrô Tatuapé A escolha da escola em um bairro nobre foi
e Carrão, linhas de trem da CTPM e linhas de devido à carência de uma escola inclusiva que
ônibus próximas, sendo possível o acesso a atendesse crianças da região, bairros mais dis-
bairros distantes e municípios vizinhos, e tam- tantes e outros municípios, que necessitem de
bém fazer o percurso a pé em poucos minutos, um espaço acolhedor, com conforto e tranqui-
cerca de 4 a 12 minutos para chegar ao local, lidade para se desenvolverem em igualdade de
condições.

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

64 65
10.1.4 Entorno

Comércio Local

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Serviço Predominante

Condomínio Residencial

Serviço Local

66

Comercio e Residência

Edifício Residencial
Comercio e Serviço

Edifício Comercial

67
10.1.5 Uso e Ocupação do Solo – ZEU ZONA EIXO DE ESTRUTURAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO URBANA - ZEU
Trata-se de uma estratégia clara de otimização da infraestrutura existente que visa potencializar o
aproveitamento do solo urbano ao longo da rede de transporte coletivo de média e alta capacidade,
bem como buscar a integração territorial das políticas públicas de transporte, habitação, emprego e
equipamentos sociais.
Legenda:
ZEU - Zona de Estruturação Urbana
CA – Coeficiente de Aproveitamento
TO – Taxa de Ocupação
AP – Área Permeável

* ZEU – Zona de Estruturação Urbana, possibilita Coeficiente Máximo de Aproveitamento 4, Térreo


não computável e com fachada ativa CA TO AP RECUOS

mínimo 1 70% 15% Frontal 5m


máximo 4 Lote igual Área Lateral 0m
Ocupação do Solo 0 5 15 50 100m ou maior de Permeável Fundo 0m
ESCALA GRÁFICA
500m

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

68 69
10.2 Memorial

A partir dos estudos de caso e análise sobre os informática, artes e música com solarium, uma
métodos de ensino e escolas regulares, o pro- brinquedoteca com cinema, biblioteca, piscina
jeto foi pensado a partir do pátio aberto e sen- que pode ser conectada ao restante do pátio que
sorial com estímulos olfativos, táteis, gustativos, pode ser usado como auditório para palestras
e comunicação visual, facilitando a orientação. sobre autismo e suas complexidades. Foi pen-
A entrada se dá para a rua de pedestres que se sado também em assistência como psicologia,
conecta com comércios, foi respeitado o recuo e fonoaudiologia, e terapia ocupacional. Acredito
amplia o passeio e o layout favorece a integração que para o bom funcionamento da escola deve-
na chegada a escola e ponto de encontro da co- -se dar bastante importância para as áreas téc-
munidade. Ainda assim, a conexão entre a arqui- nicas do equipamento, como secretaria, direção,
tetura e a cidade se relacionam de forma poética, enfermaria, sala para funcionários e cozinha.
criando um ritmo na paisagem do bairro.
Sempre foi levado em consideração o bem-estar
Sobre o programa, a escola possui, além das sa- das crianças e sua segurança, fator chave para
las de aula, diversos espaços de estar internos e desenvolver um projeto inclusivo, acolhedor e
externos, horta vertical, salas multiuso, salas de lúdico.

70 71
10.3 Programa de Necessidades
Quadro de Áreas M² % Primeiro Pavimento

Área do Terreno 1590m² Ambiente Área (m²) Quantidade Total (m²)


Sala Infantil I 35 2 70
TO Taxa de Ocupação 930m² 58,5% Sala Infantil II 35 3 105
Sala Infantil III 48,75 2 97,50
Área Permeável 278m² 17,48% Sala Infantil IV 48,75 2 97,50
Espaço Convivência 39,25 1 39,25
Coeficiente de Aproveitamento 1 2287,98 Núcleo 45,80 1 45,80
Sanatários Alunos 25,45 1 25,45
Circulação 111,2 1 111,2
Pavimento Térreo TOTAL 591,70
Ambiente Área (m²) Quantidade Total (m²)
Secretaria 20,6 1 20,6
Guarita 10,12 1 10,12 Segundo Pavimento
Coordenação 11,70 1 11,70
Direção 11,70 1 11,70 Ambiente Área (m²) Quantidade Total (m²)
Almoxarifado 9,00 1 9,00 Sala Infantil I 35 2 70
Sala dos professores 34,65 1 34,65 Sala Infantil II 35 1 35
Biblioteca 35,00 1 35,00 Sala Infantil III 48,75 2 97,50
Sanitários Alunos 25,45 2 50,90 Sala Infantil IV 48,75 2 97,50
Sanitários ADM 2,22 2 4,44 Sanatários Alunos 25,45 1 25,45
Sanitários Funcionários 4,10 1 4,10 Sala Fisioterapia/Terapia
Lixeira 4,02 1 4,02 18,65 1 18,65
Ocupacional
Cozinha 58,00 1 58,00
Depósito 13,02 1 13,02 Sala de Fonoaudiologia 10,80 1 10,80
Sala Almoço Funcionário 17,00 1 17,00 Sala Artes e Música 34,15 1 34,15
Vestiarios Funcionarios 13,27 2 26,54 Sala Psicologia e Pedagogia 10,8 1 10,8
Vila Aprendizagem 22,00 1 22,00 Solarium 84,05 1 84,05
Pátio Descoberto 250 1 250 Circulação 119,80 1 119,80
Quadra 123 1 123 TOTAL 603,70
Enfermagem 8,04 1 8,04
Piscina 71,00 1 71,00
Fonte Interativa 10,75 1 10,75
Circulação 297 1 297
TOTAL 1092,58 Com base nas referencias bibliográficas e estudo de casos, foi desenvolvido um programa de neces-
sidades que contempla um conjuntos de espaços, com funções determinadas, para atender crianças
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) com TEA e neurotípicas.

72 73
10.4 Setorização

Legenda:

Térreo Primeiro Pavimento Segundo Pavimento

01 Recepção 17 Salas de Aula 21 Salas de Aula


02 Administração/Secre- 18 Sanitários 22 Sala de Música
taria 19 Bloco de circulação 23 Sanitários
03 Coordenação 20 Brinquedoteca e Cinema 24 Bloco de Circulação
04 Sala de professores 25 Sala de Psicologia
05 Enfermaria 26 Sala de Fonoaudiologia
06 Biblioteca 27 Sala de Fisioterapia
07 Quadra
08 Sanitários
09 Vestiários
10 Áreas técnicas
11 Depósito de lixo
12 Cozinha
13 Despensa
14 Piscina
15 Núcleo de circulação
16 Vila de aprendizagem

Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

74 75
10.5 Estudo Solar Fonte: Elaborado pela autora (2022)

O estudo solar é a base para estruturar e definir o aproveitamento da luz solar e assim resultar na
organização da volumetria, definição de aberturas na fachada e iluminação natural além do conforto
térmico.
Para a análise foi considerado Solstício de Verão e Solstício de Inverno em dois períodos.
O projeto das fachadas, traz a ventilação cruzada presente nas salas de aula e no pátio da escola que
diminuem a utilização de equipamentos de ventilação mecânica e aumentam a renovação de ar nos
ambientes, fato que se torna ainda mais importante em um cenário pós pandemia.

ALTA BAIXA

TEMPERATURA
Fonte: Elaborado pela Autora (2022)

76 77
10.6 Plantas PLANTA TÉRREA Fonte: Elaborado pela autora (2022)
ESCALA GRÁFICA
Planta Térrea

Legenda:
01 Recepção 12 Vestiário Funcionários
02 Diretoria 13 Refeitório
03 Coordenação 14 Cozinha/Cantina
04 Biblioteca 15 Piscina
05 Secretaria 16 Refeitório Crianças
06 Almoxarifado 17 Quadra
07 WC Funcionários 18 Pátio Aberto
08 Sala Professores 19 Vila Aprendizagem
09 Lixeira
10 Enfermaria
11 Depósito

78 79
Planta Primeiro Pavimento PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO Fonte: Elaborado pela autora (2022)
ESCALA GRÁFICA

Legenda:
01 Sala de Aula
02 Cinema/Brinquedoteca
03 Área Convivência
04 Sanitários
05 Telhado Ecológico

80 81
Planta Segundo Pavimento PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO Fonte: Elaborado pela autora (2022)
ESCALA GRÁFICA

Legenda:
01 Sala de Aula
02 Área Convivência
03 Fonoaudiologia
04 Psicopedagoga/Psicóloga
05 Terapia ocupacional
06 Sala de Artes/Música
07 Sanitários
08 Solarium

82 83
Planta Cobertura PLANTA COBERTURA Fonte: Elaborado pela autora (2022)
ESCALA GRÁFICA

Legenda:
01 Telhado/Placas Solares

84 85
10.7 Cortes

CORTE AA
ESCALA GRÁFICA

86 CORTE BB
87
ESCALA GRÁFICA
10.8 Elevações

ELEVAÇÃO 01
ESCALA GRÁFICA

88 ELEVAÇÃO 02
89
ESCALA GRÁFICA
10.8 Elevações

ELEVAÇÃO 03
ESCALA GRÁFICA

90 ELEVAÇÃO 04
91
ESCALA GRÁFICA
Caixa d’água para
Placa de cimento 300 pessoas
Material térmico impermeável 60,000 litros
Impermeabilização 60m³
10.9 Sistema Construtivo Estrutura
Calha embutida

tubular Painéis
Solares
No projeto foi utilizado siste- grande vão criado no pátio in-
ma de pilares e vigas de con- terno foram utilizadas treliças
creto, com modulação de 4,8 e terças metálicas sobrepostas Revestimento
x 4,8m possibilitando vãos que por fechamento transparente acústico
comportassem as atividades de policarbonato, possibilitan-
DETALHE COBERTURA EDIFICAÇÃO DETALHE PAINÉIS SOLARES E CAIXA
necessárias. do a entrada de luz natural. S/ESCALA D’ÁGUA
S/ESCALA
No telhado e parede externas Pensando em sustentabilida-
foram utilizados painéis de CLT de, foram utilizado painéis Telha metálica
que possibilitam a construção solares fotovoltaicos que são
Membrana de
de edifícios concebidos para dispositivos utilizados para Tesoura metálica com Absorção
os mais diversos usos, desde converter a energia da luz do Calha metálica suporte para calha
fixada no suporte Móduloc laminar
projetos residenciais, térreos Sol em energia elétrica. da tesoura Substrato
ou com múltiplos pavimentos, Membrana a
até edificações industriais e Na laje da fachada foi utiliza- Cano coletor
prova d’água

institucionais (escolas, hospi- da laje verde ou telhado eco- água fluvial


tais). Além disso, estruturas lógico que é uma alternativa
em CLT podem ser associa- sustentável e de baixo custo
das a qualquer outro material perante os telhados e lajes tra- DETALHE COBERTURA QUADRA Vegetação
construtivo disponível no mer- dicionais. Apresenta diversos S/ESCALA Impermeabilização
cado. Permitem a utilização de benefícios como o gerencia- Platibanda
diferentes isolantes como lã mento de grandes volumes de
de vidro, EPS. águas pluviais e melhor con-
forto térmico da edificação. Painel ripado Dreno
em estrutura
Na fachada empregamos o uso O telhado verde proporciona metálica Laje
de esquadrias metálicas e per- também um ambiente mais
sianas solares que protegem fresco e agradável protegen- DETALHE SIST. DE COLETA ÁGUA
FLUVIAL/JARDIM SUSTENTÁVEL
os ambientes da alta incidên- do o edifício de temperaturas S/ESCALA
cia solar, já que uma das dire- extremas, especialmente no
trizes do projeto é a transluci- verão, podendo reduzir em
dez, e para a cobertura desse média 6°C.
DETALHE PAINEL RIPADO
S/ESCALA
92 93
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

10.10 Perspectivas

94 95
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

96 97
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

98 99
11 Considerações Finais

Analisando todas as etapas do presente estudo, dia a dia da criança com TEA colabora para a sua
desde a escolha do tema e a pesquisa sobre a interação. Ficou evidenciado nesse estudo que
arquitetura voltada ao autismo, legislação, neu- imagens significativas como, por exemplo, do
rociência, até chegar à neuroarquitetura, foi um sistema solar, dinossauro e outras, funcionam
processo desafiador e fundamental na busca de como aportes para a aprendizagem.
novos conhecimentos.
Este projeto de escola para crianças com níveis
Foi possível verificar, por meio de dados esta- distintos de autismo, diversas necessidades,
tísticos, que o número de crianças diagnostica- priorizando o desenvolvimento de todos os alu-
das com autismo vem aumentando nos últimos nos, com ambientes diferenciados e seguros,
anos, fazendo com que este projeto de arqui- com espaços de “fuga”, comunicação visual e
tetura fosse direcionado para uma escola de demais critérios do Índice de Design do Autismo
educação infantil inclusiva que atendesse essa ASPECTSS™, de Magda Mostafa, e também de
clientela e também fosse um espaço acolhedor, acordo com estudos da Neuroarquitetura, pode
lúdico e de aprendizagem para todos os alunos. ser adaptado em escolas inclusivas públicas e
particulares.
Podemos destacar que a comunicação visual do

Imagem da Autora (2022).

100 101
12 Referências ago. 2021.

BUXTON, Pamela. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. Tradução: Alex-


andre Salvaterra. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.

CARDEAL, Catharina Castro; VIEIRA, Larissa Ribeiro Cabral. Neurociência como meio de repensar
a arquitetura: formas e contribuição para a qualidade de vida. Cadernos de Graduação. Ciências
AMTHOR, Frank. Neurociência para Leigos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. Humanas e Sociais. UNIT, Sergipe, Aracaju, v. 6, n. 3, p. 55-70, mar. 2021. Disponível em: https://pe-
riodicos.set.edu.br/cadernohumanas/article/view/9980/4428. Acesso em: 21 nov. 2021.
AUTISMO E REALIDADE. Novo documento afirma que 1 em cada 54 pessoas possui TEA. São Paulo,
29 maio 2020a. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2020/05/29/novo-documento-afir- CDC - Center for Disease Control and Prevention. Prevalence of autism spectrum disorder among
ma-que-1-em-cada-54-pessoas-possui-tea/. Acesso em: 05 set. 2021. children aged 8 years: autism and developmental disabilities monitoring network, 11 sites, United
States, 2016. Surveillance Summaries / March 27, 2020 / 69(4); 1–12. Disponível em: https://www.
AUTISMO E REALIDADE. Como neurotípicos podem se comunicar melhor com pessoas com au- cdc.gov/mmwr/volumes/69/ss/ss6904a1.htm. Acesso em 20 nov. 2021.
tismo? São Paulo, 23 out. 2020b. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2020/10/23/
como-neurotipicos-podem-se-comunicar-melhor-com-pessoas-com-autismo/. Acesso em: 07 set. DSM-5. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5.
2021 American Psychiatric Association. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et. al. Revisão Técni-
ca: Aristides Volpato Cordioli et al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Disponível em: http://www.
BENUTE, Gláucia Rosana Guerra (Org.). Transtorno do espectro autista (TEA): desafios da inclusão. niip.com.br/wp-comtent/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Men-
São Paulo: Setor de Publicações - Centro Universitário São Camilo, v. 2, 2020 (Coleção Ensaios sobre tais-DSM-5-1-pdf.pdf. Acesso em: 29 set. 2021.
Acessibilidade).50 p. Disponível em: https://saocamilo-sp.br/_app/views/publicacoes/outraspubli-
cacoes/nape_volume_02_13abr_FINAL.pdf. Acesso em 21 nov. 2021. ESCOLA DO AMANHÃ. Escola do Amanhã: abertura e continuidade. In: Cité Arquitetura. Rio de Ja-
neiro, 2017. Disponível em: https://www.citearquitetura.com.br/ESCOLA-DO-AMANHA. Acesso em:
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 3 [Conhe- 22 ago. 2021.
cimento do Mundo].
FACCI, Marilda Gonçalves Dias. A periodização do desenvolvimento psicológico individual na per-
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Na- spectiva de Leontiev, Elkonin e Vigotski. CadernosCedes, Campinas: UNICAMP, vol. 24, n. 62, p. 64-
cional de Proteção dos Direitos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, 2012. Disponível 81, abril 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/3Nc5fBqVp6SXzD396YVbMgQ/?for-
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em: 29 set. mat=pdf&lang=pt . Acesso em: 06 abr. 2022.
2021.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Educação é base. Ministério da Educação. 2018. FONSECA, Simone Alexandre; MISSEL, Aline. Autismo: auxílio ao desenvolvimento antecipadamente.
Revista Pós-graduação: Desafios Contemporâneos, CESUCA – Centro Universitário, Cachoeirinha, RS,
BRUNET, MARINE. Maison pour enfants autistes. In: Marine Brunet/Portfólio 2016. Strasbourg, oct. v. 1, n. 1, p. 83-99, jun. 2014. Disponível em: https://silo.tips/download/autismo-auxilio-ao-desen-
2013, p. 24-27. Disponível em: https://issuu.com/marinebr/docs/portfolio-2016-2 Acesso em: 30 volvimento-antecipadamente. Acesso em: 06 nov. 2021.

102 103
12 Referências late.goog/435982/an-interview-with-magda-mostafa-pioneer-in-autism-design?_x_tr_sl=en&_x_tr_
tl=pt&_x_tr_hl=pt-R&_x_tr_pto=nui,sc. Acesso em: 01 out. 2021.

MOSTAFA, Magda. Architecture for autism: autism ASPECTSS™ in school design. International Jour-
nal of Architectural Research: ArchNet-IJAR, v. 8, n.1, p. 143-158, mar. 2014. Disponível em: https://
www.researchgate.net/publication/285345281_Architecture_for_autism_Autism_aspectss_in_
school_design. Acesso em: 01 out. 2021.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de NASCIMENTO, Fabrício Crispim do; CHAGAS, Gardênia Santana das; CHAGAS, Francinaldo Santana
Janeiro: Paz e Terra, 2014. das. As tecnologias assistivas como forma de comunicação alternativa para pessoas com transtor-
no do espectro autista. Revista Educação Pública, v. 21, nº 16, 4 maio 2021. Disponível em: https://
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População no último censo (2010): Brasil/São educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/16/as-tecnologias-assistivas-como-forma-de-comunica-
Paulo/São Paulo. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama. Acesso cao-alternativa-para-pessoas-com-transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: 22 nov. 2021.
em: em 07 nov. 2021.
OLIVEIRA, Thaís R. S. Cardoso e; IMAI, Cesar. Parâmetros de projeto para escolas Waldorf. Arquite-
LORENZ, Vera Regina. Transtorno do Espectro Autista (TEA): o que precisamos aprender? São Carlos: tura Revista. UNISINOS - Universidade do Vale do Rio Dos Sinos, , v.17, n.1, jan/jun, 2021. Disponível
UFSCAR, 09 abr. 2021. Disponível em: https://www.informasus.ufscar.br/transtorno-do-espectro-au- em: revistas.unisinos.br/index.php/arquitetura/article/download/arq.2021.171.07/60748330/6077
tista-tea-o-que-precisamos-aprender/. Acesso em: 5 set. 2021. 1141. Acesso em: 11 abr. 2022.

MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: guia prático. Colaboração: Marialice de Castro Vatavuk. 6 ed. PAIVA, Andréa de. 12 princípios da NeuroArquitetura e do NeuroUrbanismo. [S.l.], 03 mar. 2018.
São Paulo: AMA; Brasília: CORDE, 2007, 104 p. Disponível em: https://www.ama.org.br/site/wp-con- Disponível em: https://www.neuroau.com/post/principios. Acesso em: 08 set. 2021.
tent/uploads/2019/05/CAPA_GUIA_PRATICO_9_EDICAO_V3-mesclado-ALTA.pdf. Acesso em: 07 nov.
2021. PAIVA JR., Francisco. Quantos autistas há no Brasil? Revista Autismo, [S.l.], 01 mar. 2019, n. 4, mar.
MORAIS, Isabela. Pais, vamos falar sobre autismo. Revista Espaço Aberto. USP, São Paulo, edição 2019. Disponível em:https://www.canalautismo.com.br/noticia/quantos-autistas-ha-no-brasil/.
139, jun. 2012. Disponível em: http://www.usp.br/espacoaberto/?materia=pais-vamos-falar-so- Acesso em: 07 nov. 2011.
bre-autismo. Acesso em: 06 nov. 2021.
PETRAS, Tsabikos. Independence spaces: Hazelwood School Glasgow. Uma escola na Escócia para
MOSTAFA, Magda. An architecture for autism: concepts of design intervention for the autisticus- crianças cegas e surdas, um modelo para design e processo colaborativos. In: Greek Architects.
er. International Journal of Architectural Research: ArchNet-IJAR, v. 2, n. 1, p. 189-211, mar. 2008. Projetos de Arquitetura Educacional. Atenas, 01 maio 2011. Disponível em: https://www.greekarchi-
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26503573_An_An_Architecture_for_Au- tects.gr/en/educational/independence-spaces-hazelwood-school-glasgow-id4150. Acesso em: 27
tism_Concepts_of_Design_Intervention_for_the_Autistic_User. Acesso em: 01 out. 2021. set. 2021.

MOSTAFA, Magda. Entrevista com Magda Mostafa: pioneira no design do autismo. [Entrevista con- RÖHRS, Hermann. Maria Montessori. Tradução: Danilo Di Manno de Almeida; Maria Leila Alves. Re-
cedida a] Vanessa Quirk. ArchDaily, 09 out. 2013. Disponível em: https://www-archdaily-com.trans- cife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. (Coleção Educadores). Disponível em:

104 105
12 Referências

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4679.pdf. Acesso em: 03 abr. 2022.

SÃO PAULO (Cidade). CIDADE DE SÃO PAULO: SUBPREFEITURAS. Dados demográficos dos distri-
tos pertencentes às Subprefeituras. São Paulo, 26 maio 2021. Disponível em: https://www.pre-
feitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/dados_demograficos/index.
php?p=12758. Acesso em: 07 nov. 2021.

UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades
educativas especiais. Espanha, Salamanca, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/ar-
quivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 06 set. 2021.

106 107
13 Lista de Siglas

ABA – Análise Aplicada do Comportamento


AMA - Associação de Amigos do Autista
BNCC - Base Nacional Comum Curricular
CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa
CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças
DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ONU - Organização das Nações Unidas
RCNEI - Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil
TEA - Transtorno do Espectro Autista
TEACCH – Tratamento e Educação para Crianças com Autismo e Distúrbios Correlatos da Comuni-
cação
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

Imagem Disponível em: https://www.forbes.com/sites/jenniferpalumbo/2021/05/28/how-lego-foundation-is-


-building-new-ways-to-including-autistic-children-in-play/?sh=115e67ad4bb7. Acesso em: 06 jun. 2022.

108 109
110 111
112 113

Você também pode gostar