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COMPLEXO
Resumo
A obra de Joyce é um clássico, e não o é sem motivos. O literato criou uma obra
prima a partir de uma ideia simples, o cotidiano. A profundidade do personagem é
que amplia a significação do que é feito, mas trata-se de um novo Ulysses, de uma
nova história contada. Assim sendo, traz-se como fundamental perceber como o
simples se fez complexo na obra, devido a profundidade do texto. A esse respeito é
preciso compreender como a crítica tem se comportado e relação a esse texto
canônico. Para a realização desse artigo faz-se o uso do tipo de pesquisa
bibliográfica com abordagem qualitativa, visto que ela utiliza de busca dos textos
produzidos acerca do tema, bem como discute-os de maneira a selecionar aqueles
que trazem os aspectos mais relevantes sobre o tema. Como suporte para a
discussão aqui realizada pontua-se as postulações de: Merquior (1980, 1981), Sousa
e Oliveira (2021), Brito (2021), Camus (2019), entre outros. Nesse sentido a
pesquisa chegou ao entendimento de que a profundidade da obra de Joyce
evidencia as características mais relevantes da literatura, a saber a literariedade,
como pontuam as várias críticas realizadas sobre a obra, aspectos como a
atemporalidade, personalidade dos integrantes da obra, bem como o rigor, a
mímese com a sociedade da época, entre outros elementos evidenciam o porquê da
contínua produção sobre o livro, mais de 100 anos após sua publicação.
Abstract
Joyce's work is a classic, and not without reason. The literary man created a
masterpiece from a simple idea, the everyday. The depth of the character is what
expands the meaning of what is done, but it is about a new Ulysses, a new story told.
Therefore, it is fundamental to understand how the simple became complex in the
work, due to the depth of the text. In this regard, it is necessary to understand how
criticism has behaved and in relation to this canonical text. In order to carry out this
article, the type of bibliographic research with a qualitative approach is used, since it
uses the search of texts produced on the subject, as well as discusses them in order
to select those that bring the most relevant aspects about the subject. theme. As
support for the discussion carried out here, the postulations of: Merquior (1980,
1981), Sousa e Oliveira (2021), Brito (2021), Camus (2019), among others. In this
sense, the research came to the understanding that the depth of Joyce's work
highlights the most relevant characteristics of literature, namely literariness, as
punctuated by the various criticisms made about the work, aspects such as
timelessness, personality of the members of the work, as well as such as the rigor,
the mimesis with the society of the time, among other elements, evidence the reason
for the continuous production on the book, more than 100 years after its publication.
Pensar o comum é algo que muitas vezes pode sugerir falta de adesão do
público devido à mesmice, mas não é o que acontece na obra “Ulysses” de James
Joyce. Apesar de tratar o cotidiano, o que parece ser comum, a profundidade com
que a obra é trabalhada evidencia uma quebra na suposta superficialidade. A trama
se passa em um dia apenas, 16 de junho de 1904, e nela inúmeros personagens,
sentimentos, descrições, espaços, são pontuados e aprofundados pelo narrador do
romance.
Observa-se no contexto um ambiente geral de intelectualidade, a saber a
biblioteca e a sede do jornal, mas também podem ser associados locais de uma vida
comum, a praia, um pub, a escola, entre outros locais cotidianos em uma narrativa,
evidenciando a mimesis com a vida real.
Entende-se que a obra de Joyce é um clássico, e não o é sem motivos. O
literato criou uma obra prima a partir de uma ideia simples, o cotidiano. A
profundidade do personagem é que amplia a significação do que é feito, mas trata-
se de um novo Ulysses, de uma nova história contada. Assim sendo, traz-se como
fundamental perceber como o simples se fez complexo na obra, devido a
profundidade do texto. A esse respeito é preciso compreender como a crítica tem se
comportado e relação a esse texto canônico.
Para a realização desse artigo faz-se o uso de pesquisa bibliográfica com
abordagem qualitativa, visto que ela utiliza de busca dos textos produzidos acerca
do tema, bem como discute-os de maneira a selecionar aqueles que trazem os
aspectos mais relevantes sobre o tema. Como suporte para a discussão aqui
realizada pontua-se as postulações de: Merquior (1980, 1981), Sousa e Oliveira
(2021), Brito (2021), Camus (2019), entre outros.
Para a realização do estudo, o mesmo foi dividido em três partes
fundamentais, a saber a apresentação da Obra de James Joyce, Ulysses, no tocante
à crítica e o valor da mesma para a ampliação do significado e alcance da obra. De
igual forma, é realizada a discussão acerca da complexidade do cotidiano na obra
do autor, em relação à crítica, pontuando aspectos da narrativa, bem como são
apresentadas considerações acerca da discussão proposta. Nesse ínterim,
destacam-se como relevantes os diálogos feitos nesse estudo.
2. A OBRA DE JAMES JOYCE: A CRÍTICA EM AÇÃO
Para Merquior (1981, p. 31) “A primeira tarefa da crítica liberal sua missão
política é, portanto, a resistência à intolerância. Mas há outra, mais sutil, mas não
menos urgente: a sua missão epistemológica, que consiste na defesa de padrões
objetivos de conhecimento”. O papel da crítica nesse sentido é um misto de
contribuições à interpretação, à produção e à divulgação da arte, posto que, por
meio do exercício dela é possível ampliar o alcance e os entendimentos acerca do
que foi evidenciado pelo artista. Evidencia-se assim uma função sobremaneira
relevante para o contexto literário, pois sem esse impulso, muito se perderia em
alcance do texto literário.
Para Fontes (2011, p. 10) Ulysses traz uma complexidade e inovação para a
modernidade da narrativa.
Sujeito exaltado, sujeito humilhado: parece que é sempre por uma tal
inversão de pró e contra que nós nos aproximamos do sujeito; donde
se precisaria concluir que o "eu" das filosofias do sujeito é atopos,
sem lugar assegurado no discurso. Em que medida podemos dizer,
sobre a hermenêutica do si aqui usada, que ela ocupa um lugar
epistêmico (e ontológico, como diremos no décimo estudo) situado
além desta alternativa do Cogito e do anti-Cogito?
Nesse ínterim, fica evidente que a obra de Joyce traz esses elementos
elencados, a saber, a relação mimética com uma realidade exterior à ficção
apresentada na obra. A obra do autor traz então toda essa autonomia e autoridade
na narrativa, priorizando uma linguagem não tão clara para um leitor
descontextualizado ou sem um horizonte de expectativas ideal, que possua material
de preenchimento para os implícitos, a saber as relações do início com o próprio
título da obra, Ulysses, fazendo-se lembrar da Odisseia de Homero.
A aventura da obra traz o leitor para uma experiência nova, imersiva, como
destaca Camus (2019, p. 109) ao pontuar a consciência da obra, do que o leitor é
levado a refletir, sentir, através dela.
Na experiência que tento descrever e fazer sentir de várias maneiras,
é certo que um tormento surge onde outro morre. A busca pueril do
esquecimento, o chamado da satisfação já não têm eco. Mas a
tensão constante que mantém o homem diante do mundo e o delírio
ordenado que o leva a admitir tudo lhe trazem uma outra febre.
Nesse universo, a obra é então a oportunidade única de manter sua
consciência e de fixar suas aventuras. Criar é viver duas vezes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRITO, Herasmo Braga de Oliveira. Ecce homo fictus: nova tendência na literatura
CAMUS, Albert. Filosofia e romance - O mito de Sísifo. Trad. de Ari Roitman e
Paulina Watch. Rio de Janeiro: Record, 2019.
GREEN, John; MANSO, Ana Beatriz. A culpa é das estrelas. Leya, 2012.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. Editora Companhia das Letras, 1995.