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A CRÍTICA SOBRE ULYSSES DE JAMES JOYCE: O SIMPLES SE FEZ

COMPLEXO

Janaira Caroline da Silva Rodrigues1

Resumo
A obra de Joyce é um clássico, e não o é sem motivos. O literato criou uma obra
prima a partir de uma ideia simples, o cotidiano. A profundidade do personagem é
que amplia a significação do que é feito, mas trata-se de um novo Ulysses, de uma
nova história contada. Assim sendo, traz-se como fundamental perceber como o
simples se fez complexo na obra, devido a profundidade do texto. A esse respeito é
preciso compreender como a crítica tem se comportado e relação a esse texto
canônico. Para a realização desse artigo faz-se o uso do tipo de pesquisa
bibliográfica com abordagem qualitativa, visto que ela utiliza de busca dos textos
produzidos acerca do tema, bem como discute-os de maneira a selecionar aqueles
que trazem os aspectos mais relevantes sobre o tema. Como suporte para a
discussão aqui realizada pontua-se as postulações de: Merquior (1980, 1981), Sousa
e Oliveira (2021), Brito (2021), Camus (2019), entre outros. Nesse sentido a
pesquisa chegou ao entendimento de que a profundidade da obra de Joyce
evidencia as características mais relevantes da literatura, a saber a literariedade,
como pontuam as várias críticas realizadas sobre a obra, aspectos como a
atemporalidade, personalidade dos integrantes da obra, bem como o rigor, a
mímese com a sociedade da época, entre outros elementos evidenciam o porquê da
contínua produção sobre o livro, mais de 100 anos após sua publicação.

Palavras-chave: Crítica. Ulysses. James Joyce. Cotidiano. Arte.

Abstract
Joyce's work is a classic, and not without reason. The literary man created a
masterpiece from a simple idea, the everyday. The depth of the character is what
expands the meaning of what is done, but it is about a new Ulysses, a new story told.
Therefore, it is fundamental to understand how the simple became complex in the
work, due to the depth of the text. In this regard, it is necessary to understand how
criticism has behaved and in relation to this canonical text. In order to carry out this
article, the type of bibliographic research with a qualitative approach is used, since it
uses the search of texts produced on the subject, as well as discusses them in order
to select those that bring the most relevant aspects about the subject. theme. As
support for the discussion carried out here, the postulations of: Merquior (1980,
1981), Sousa e Oliveira (2021), Brito (2021), Camus (2019), among others. In this
sense, the research came to the understanding that the depth of Joyce's work
highlights the most relevant characteristics of literature, namely literariness, as
punctuated by the various criticisms made about the work, aspects such as
timelessness, personality of the members of the work, as well as such as the rigor,
the mimesis with the society of the time, among other elements, evidence the reason
for the continuous production on the book, more than 100 years after its publication.

Keywords: Criticism. Ulysses. James Joyce. Daily. Art.


1
Graduanda em Letras pela Universidade estadual do Piauí. Mestre em Letras pela Universidade
Federal do Piauí. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal do Piauí. Artigo apresentado à
disciplina de Tópicos em Crítica Literária. E-mail: janairarodrigues@ufpi.edu.br
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pensar o comum é algo que muitas vezes pode sugerir falta de adesão do
público devido à mesmice, mas não é o que acontece na obra “Ulysses” de James
Joyce. Apesar de tratar o cotidiano, o que parece ser comum, a profundidade com
que a obra é trabalhada evidencia uma quebra na suposta superficialidade. A trama
se passa em um dia apenas, 16 de junho de 1904, e nela inúmeros personagens,
sentimentos, descrições, espaços, são pontuados e aprofundados pelo narrador do
romance.
Observa-se no contexto um ambiente geral de intelectualidade, a saber a
biblioteca e a sede do jornal, mas também podem ser associados locais de uma vida
comum, a praia, um pub, a escola, entre outros locais cotidianos em uma narrativa,
evidenciando a mimesis com a vida real.
Entende-se que a obra de Joyce é um clássico, e não o é sem motivos. O
literato criou uma obra prima a partir de uma ideia simples, o cotidiano. A
profundidade do personagem é que amplia a significação do que é feito, mas trata-
se de um novo Ulysses, de uma nova história contada. Assim sendo, traz-se como
fundamental perceber como o simples se fez complexo na obra, devido a
profundidade do texto. A esse respeito é preciso compreender como a crítica tem se
comportado e relação a esse texto canônico.
Para a realização desse artigo faz-se o uso de pesquisa bibliográfica com
abordagem qualitativa, visto que ela utiliza de busca dos textos produzidos acerca
do tema, bem como discute-os de maneira a selecionar aqueles que trazem os
aspectos mais relevantes sobre o tema. Como suporte para a discussão aqui
realizada pontua-se as postulações de: Merquior (1980, 1981), Sousa e Oliveira
(2021), Brito (2021), Camus (2019), entre outros.
Para a realização do estudo, o mesmo foi dividido em três partes
fundamentais, a saber a apresentação da Obra de James Joyce, Ulysses, no tocante
à crítica e o valor da mesma para a ampliação do significado e alcance da obra. De
igual forma, é realizada a discussão acerca da complexidade do cotidiano na obra
do autor, em relação à crítica, pontuando aspectos da narrativa, bem como são
apresentadas considerações acerca da discussão proposta. Nesse ínterim,
destacam-se como relevantes os diálogos feitos nesse estudo.
2. A OBRA DE JAMES JOYCE: A CRÍTICA EM AÇÃO

Para Merquior (1981, p. 31) “A primeira tarefa da crítica liberal sua missão
política é, portanto, a resistência à intolerância. Mas há outra, mais sutil, mas não
menos urgente: a sua missão epistemológica, que consiste na defesa de padrões
objetivos de conhecimento”. O papel da crítica nesse sentido é um misto de
contribuições à interpretação, à produção e à divulgação da arte, posto que, por
meio do exercício dela é possível ampliar o alcance e os entendimentos acerca do
que foi evidenciado pelo artista. Evidencia-se assim uma função sobremaneira
relevante para o contexto literário, pois sem esse impulso, muito se perderia em
alcance do texto literário.
Para Fontes (2011, p. 10) Ulysses traz uma complexidade e inovação para a
modernidade da narrativa.

Ulysses, de James Joyce, é uma obra de extrema importância para a


discussão sobre a literatura do século XX, por suas inovações
narrativas (o uso das técnicasde fluxo de consciência e do monólogo
interior) e por sua penetração nas questões relacionadas à
concepção do homem moderno. Apoiando-se na História e na
alegoria, Joyce se propõe a uma tarefa mítica dando uma nova
roupagem à Odisséia de Homero traçando a epopeia do cotidiano de
Leopold Bloom num único dia, 16 de junho de 1904, em Dublin, das
oito horas da manhã às duas da madrugada; seus percursos, seus
encontros com Stephen Dedalus, seu casamento com Molly Blom. O
romance é narrado em três partes, com 12 capítulos e um final
tripartido. Nesta elaboração, Joyce traça um roteiro-chave,
relacionando esses capítulos com os episódios da Odisséia de
Homero. Em Ulysses, a tentativa de Joyce foi criar uma epopeia dos
tempos modernos. A odisseia de Mr. Bloom pela cidade de Dublin
seria uma alegoria à obra de Homero, uma grande viagem
experimental do cotidiano de uma vida mediana, passada num dia
banal.

Compreende-se que são, não poucas, as associações e interpretações a se


fazer sobre o texto mencionado. Assim, a obra em questão, Ulysses, traz grande
discussão diante da representatividade que tem no cânone, devido a todos os
aspectos de literariedade. Dessa maneira, faz-se imprescindível pontuar o enredo
simplificado da obra de Joyce, uma descrição do dia a dia feita de maneira profunda,
arrematando elementos da personalidade dos envolvidos na vida comum de uma
personagem, bem como o nicho que envolve essa realidade que envolve o contexto
do núcleo de personagens.
Frente ao exposto, Wilson (2019, p.138) explica que:

Ulysses foi publicado em Paris em 1922. Fora originariamente


concebido como um conto para Dubliners e iria chamar -se "Mr.
Bloom's Day in Dublin", ou algo parecido. Mas tal idéia se combinou,
posteriormente, com a história ulterior de Stephen Dedalus, o herói
do autobiográfico A Portrait of the Artist as a Young Man. Ulysses,
porém, na sua forma definitiva - um volume de cerca de setecentas
grandes páginas - assumiu características inteiramente diversas das
dos livros anteriores de Joyce, e deve ser abordado de um ponto de
vista diferente, visto não ser, como os outros, mera e ortodoxa obra
de ficção naturalista. A chave de Ulysses está no título, e é
indispensável a quem queira apreciar a verdadeira profundidade e
intenção do livro.

Nesse sentido, o que se percebe é que nesses 100 anos de publicação de


Ulysses um diálogo como o proposto é bem-vindo diante da necessidade de
compreender o ser em profundidade, mas ainda assim, parece ser uma ideia
antagônica ao que é vivido, diante de uma propagação contínua da superficialidade.
A esse respeito, entra o diálogo e fomento da mídia em torno das questões
levantadas na obra. Todavia, nem sempre os textos diversos da literatura irão
promover a devida fruição, o movimento das entranhas e incômodo, como Ulysses
faz ao mergulhar intensamente na noção de humanidade do eu e do outro.
Assim sendo, ler Ulysses de Joyce vai requer do leitor uma imersão na ideia
da obra, o que não é tão simples, ainda que o enredo inicial seja a simplicidade do
dia a dia. Entretanto, consoante Sousa e Oliveira (p. 2021, 74) “O que ocorre, na
realidade, é uma administração capital da cultura, que promove a alienação das
massas, em outros termos, a domesticação do gosto e o eclipse da autonomia
crítica”. Não é o que se pode perceber na referida obra, mas sim a ampliação dessa
capacidade crítica. Evidencia-se assim o posto do que é apresentada na Obra de
José Saramago, “Ensaio sobre a cegueira” a qual evidencia o eclipse da consciência
coletiva.
Ainda no tocante ao papel da crítica Benjamin (2018, p. 130) vai postular que:

A crítica destruidora terá de reconquistar a sua boa consciência. Para


isso, é preciso voltar a tomar consciência, de forma radicalmente
nova, da função da crítica. Pouco a pouco, as coisas chegaram a um
ponto em que ela se tornou uma atividade frouxa e inócua. E nessas
circunstâncias, até a corrupção tem o seu lado bom: ganha um rosto
próprio, uma fisionomia clara. A crítica honesta praticada a partir do
ponto de vista de um juízo de gosto imparcial é pouco interessante, e
no fundo sem objeto. O aspecto decisivo da atividade crítica é o de
saber se ela se fundamenta numa análise objetiva, num plano
estratégico que contenha em si mesmo uma lógica e uma
honestidade próprias.

Assim, é preciso observar como a crítica, quando feita da maneira adequada,


produtiva e eficaz, poderá contribuir com a ampliação dos significamos e mesmo
absorção do que os leitores podem inferir das obras, a partir de uma leitura
dialogada, assertiva e profunda. A literatura de Joyce pode-se então ser vista pelo
prisma de Justino (2017, p.4)

Por isso que o conceito de literatura de multidão recusa-se a pensar


a literatura sem levar em conta a produtividade, no mais das vezes
invisibilizada, dos personagens secundários, para mim aqueles que
definem a grandeza das obras, que lhes dão densidade literária,
poética, política, humana.

Nessa vertente a referida obra tem os elementos elencados, ao passo que


não possui previsibilidade, ou mesmo insuficiência do estético, pelo contrário amplia
as nuances tratadas pelo autor, a saber as poética, a política e a questão humana,
tão densas e sem máscaras evidenciadas em Ulysses, de Joyce.
Mas então, como a crítica contribui? Em que passo fica? Como pode ser vista
e abordada?

É o trabalho imaterial que ativa e organiza a relação


produção/consumo. A ativação, seja da cooperação produtiva, seja
da relação social com o consumidor, é materializada dentro e através
do processo comunicativo. É o trabalho imaterial que inova
continuamente as formas e as condições da comunicação (e,
portanto, do trabalho e do consumo). Dá forma e materializa as
necessidades, o imaginário e os gostos do consumidor. E estes
produtos devem, por sua vez, ser potentes produtores de
necessidades, do imaginário, de gostos. A particularidade da
mercadoria produzida pelo trabalho imaterial (pois o seu valor de uso
consiste essencialmente no seu conteúdo informativo e cultural) está
no fato de que a ela não se destrói no ato do consumo, mas alarga,
transforma, cria o ambiente ideológico e cultural do consumidor. Ela
não reproduz a capacidade física da força de trabalho, mas
transforma o seu utilizador (LAZZARATO; NEGRI, 2001, p. 45).
Os autores mostram como essa produção pode ser encarada, como produto
não palpável, que evidentemente modifica o ser que é palpável e que promove toda
mudança social. Trata-se de uma proximidade à ideia de Paulo Freire que evidencia:
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas
transformam o mundo”. A proximidade de conteúdo, sentido, semântica é bem
visível aqui, quanto a noção de valor e importância da crítica no tocante à como
pode influenciar, impactar as pessoas.

3. O SIMPLES QUE SE TORNOU COMPLEXO

É possível pontuar que o simples se tornou complexo a partir do fato de que


em um “relato diário” através de uma narrativa, observa-se a imersão no ser um
alguém, ou de alguns, evidenciando o intimismo, a individualidade a pessoalidade do
ser e de seus sentimentos em um dia. A obra de Joyce evidencia a fala de um
escritor contemporâneo em seu best-seller “A culpa é das estrelas” ao dizer que:
“Alguns infinitos são maiores eu outros”. Isso pode ser vinculado à supracitada
narrativa de Joyce ao passo que vai muito além dos demais em o que seria comum
de relatar. As expressões dessa individualidade do sujeito podem ser pensadas a
partir das colocações de Ricoeur (1991, p. 28) que diz:

Sujeito exaltado, sujeito humilhado: parece que é sempre por uma tal
inversão de pró e contra que nós nos aproximamos do sujeito; donde
se precisaria concluir que o "eu" das filosofias do sujeito é atopos,
sem lugar assegurado no discurso. Em que medida podemos dizer,
sobre a hermenêutica do si aqui usada, que ela ocupa um lugar
epistêmico (e ontológico, como diremos no décimo estudo) situado
além desta alternativa do Cogito e do anti-Cogito?

Trata-se de um pântano caudaloso e movediço no qual é preciso saber onde


pisar, sim, é assim a análise do ser, do sujeito na obra de Joyce. Isso de evidencia
nos pensamentos, nas ações pormenorizadas, nos sentimentos diversos e
profundos. Aqui destaco o trecho de Brito (2021, p. 231) o qual pontua um dos
elementos fundamentais que podem ser aplicados a uma ideia de literariedade, a
atemporalidade dessas obras, a significação das obras desses autores, gênios, para
assim dizer pessoas que conseguem traduzir com extrema qualidade a
representação do que experenciam em sua realidade próxima:
Como costumam dizer os seus autores como Ana Miranda e Silviano
Santiago, obras dessa natureza só poderiam ser escritas por autores
como eles, não devemos tomar isso como qualquer expressão de
arrogância ou pedantismo, mas como dada realidade, pois a
experiência, o repertório, as vivências ficcionais e teóricas são
determinantes para se constituírem tais obras.

Isso posto, pontuamos aqui as experiências de um dia, as quais deveriam ser


simples, relatadas por Joyce em Ulysses, mas que devido a profundidade do que vai
sendo relatado, não o são, constituindo a amplitude, ramificações, complexidades e
“viagens” do indivíduo humano.
A discussão de personagens da obra sobre arte, mimetiza a realidade de um
nicho intelectual comum aos personagens, a saber um professor, uma pessoa que
frequenta a biblioteca nacional. Isso posto, fica evidente uma coerência nos espaços
evidenciados na narrativa, bem como as vivências comuns a esses locais. O que
chama a atenção é a complexidade que as discussões mais simples vão tomando,
devido a extensão e organização dos acontecimentos. A esse respeito, focando na
discussão que evidencia a mimesis, destaca-se a postulação de Merquior (1980, p.
64), que explica:

O que há de mais revelador no conceito de mímese é a sua própria


ambigüidade: o fato que ele evoca, às vezes, uma relação com a
realidade exterior, outras vezes, a irredutível liberdade do imaginário
em face a esta mesma realidade. Exatamente como as palavras
imago e figura, mímese é um termo cujo sentido oscila forçosamente
entre essas duas direções. A estética da mimese afirma a
referencialidade da arte sem negligenciar absolutamente a
autonomia de sua linguagem.

Nesse ínterim, fica evidente que a obra de Joyce traz esses elementos
elencados, a saber, a relação mimética com uma realidade exterior à ficção
apresentada na obra. A obra do autor traz então toda essa autonomia e autoridade
na narrativa, priorizando uma linguagem não tão clara para um leitor
descontextualizado ou sem um horizonte de expectativas ideal, que possua material
de preenchimento para os implícitos, a saber as relações do início com o próprio
título da obra, Ulysses, fazendo-se lembrar da Odisseia de Homero.
A aventura da obra traz o leitor para uma experiência nova, imersiva, como
destaca Camus (2019, p. 109) ao pontuar a consciência da obra, do que o leitor é
levado a refletir, sentir, através dela.
Na experiência que tento descrever e fazer sentir de várias maneiras,
é certo que um tormento surge onde outro morre. A busca pueril do
esquecimento, o chamado da satisfação já não têm eco. Mas a
tensão constante que mantém o homem diante do mundo e o delírio
ordenado que o leva a admitir tudo lhe trazem uma outra febre.
Nesse universo, a obra é então a oportunidade única de manter sua
consciência e de fixar suas aventuras. Criar é viver duas vezes.

Dessa forma, salta aos olhos a necessidade evidente de um intento ferrenho


da obra, quase verborrágico, e ainda do leitor, de possuir a visão de contemplação
dessa obra, dessa aventura que é posta, dessa amplitude do sentir que é requerida.
A crítica do referido autor revela essa profundidade de consciência, que não atinge a
todos, pelo contrário é complexa, requer muito do leitor, bem como de todo o meio
que envolve a obra.
Assim, Merquior (1980, p. 50) explica que:

A arte romântica foi, profundamente, uma mitopoética, erguida,


conforme bem viu Albert Béguin, em cima de très alicerces
mitogônicos: o mito da alma, o mito do sonho, o mito da poesia (ou
da imaginação criadora). E justamente como estilo idealizante, o
romantismo constituiria a última paidéia estética do Ocidente: a
derradeira forma histórica de uma mimese impregnada de finalidades
anagógicas.

A narrativa de Joyce vai trazer essa inclinação criadora, pela excelência do


texto criado, fazendo esta análise histórica mimética, pois seu texto traz as
evidências do contexto narrado, de maneira pontual e acrescentadora, fazendo com
que o leitor perceba as nuances. Diante dessas colocações percebe-se o delinear de
uma clara estrutura que evidenciam o complexo, em o que seria algo simples.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra tratada neste trabalho é um divisor de águas na escrita de James


Joyce, que já possuía outro texto de evidente qualidade, ainda assim, traz-se como
fundamental perceber como o simples se fez complexo na obra, devido a
profundidade do texto. A esse respeito é preciso compreender como a crítica tem se
comportado e relação a esse texto canônico, que embora bastante falado , tem sua
leitura ainda bastante temida e restrita .
Através do contato com desafiadora leitura da obra, em curso. Pois uma única
leitura se faz extremamente limitante para compreensão de toda a significação
desse texto dentro dos estudos literários e na formação crítica de potenciais leitores.
Esse estudo buscou perceber como o simples se fez complexo na obra, isto é, como
o cotidiano, é transformado em algo complexo, devido a profundidade do texto,
através das reflexões, da extensão do que é posto, não apenas pela quantidade,
mas pela qualidade da quantidade de reflexões proporcionadas pelo mesmo. A esse
respeito compreende-se como a crítica tem se comportado e relação a esse texto
canônico, de modo a produzir continuamente ensaios, reflexões, discussões e novas
postulações, a saber, a discussão em ambientes acadêmicos e textos como o
presente.
Nesse sentido chegou-se ao entendimento de que a profundidade da obra de
Joyce evidencia as características mais relevantes da literatura, a saber a
literariedade, como pontuam as várias críticas já realizadas sobre a obra, aspectos
como a atemporalidade, personalidade dos integrantes da obra, bem como o rigor, a
mímese com a sociedade da época, entre outros elementos evidenciam o porquê da
contínua produção sobre o livro, mais de 100 anos após sua publicação.
Frente aos fatos elencados, pontua-se como crucial, a leitura, pois devido a
densidade, pontua-se que cada releitura, nos abrirá a um novo aspecto sobre a
trama e diante das discussões como a retratada nesse texto, evidencia-se a
importância e profundidade do texto citado, bem como das produções sobre ele.

REFERÊNCIAS

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