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MODELO DA HISTERIA:
- esse primeiro modelo coloca em termos teóricos um tipo de funcionamento mental cuja
referência básica é a histeria
- a dificuldade para fazer entrar nele outros tipos de funcionamento mental foi aos poucos
persuadindo Freud a introduzir outros modelos metapsicológicos, que incluíam elementos
teóricos novos
Repousa sobre três bases: a teoria do inconsciente, a teoria da libido, e, no plano terapêutico,
o trabalho com o par dinâmico resistência/transferência.
2. A libido é uma força variável capaz de servir como substrato das transformações e dos
processos em que consiste o funcionamento mental; esta força é de natureza sexual, o que faz
da sexualidade o centro da vida psíquica.
Do ponto de vista do desenvolvimento, a libido passa por uma evolução que conduz das
pulsões parciais até a genitalidade e à escolha de um objeto externo.
Nesse processo, surgem as resistências, que se opõem à rememoração dos eventos e dos
processos psíquicos que se encontram na base da neurose: uma vez interpretadas, elas cedem,
e os sintomas desaparecem.
MODELO DA PSICOSE
Em abril de 1906, Jung envia a Freud um exemplar do livro "Estudos sobre o diagnóstico por
associação", que continha trabalhos seus e de outros colegas do hospital psiquiátrico de
Zurique
Começa uma relação que se prolonga por sete anos, até a ruptura final e o afastamento de
Jung da psicanálise.
Jung se interessa pela psicanálise como método e como teoria, mas encontra dificuldades para
utilizar tanto uma como outro em seu trabalho com os psicóticos.
Desde as primeiras cartas Jung manifesta suas dúvidas: a teoria da libido será mesmo
adequada para compreender os mecanismos e os fenômenos da psicose?
Freud responde com uma série de explicações nas quais podemos perceber a presença de um
tema que o conduzirá a desenvolver um novo modelo metapsicológico: trata-se da regressão
ao autoerotismo como um processo que afeta não somente a esfera da sexualidade, mas todo
o conjunto da vida psíquica do sujeito.
É com a aparição do narcisismo que vai surgir um objeto realmente heterogêneo à pulsão, o
Ego – e uma “psicologia do ego” que venha completar a “psicologia da libido”.
Do ponto de vista genético, as pulsões são primordialmente autoeróticas; já o ego precisa ser
constituído, porque é uma unidade.
É esta a concepção que vai predominar na vertente da teoria sobre o processo analítico, que
abandona o paradigma catártico e passa a se concentrar na análise da transferência e da
resistência como repetição.
Nos últimos meses de 1907 Freud começa a trabalhar em uma análise que dará lugar a vários
remanejamentos importantes na teoria e na técnica da psicanálise: trata--se de Ernst Lanzer, o
Homem dos Ratos
A análise do Homem dos Ratos produz um resultado não previsto pela teoria então vigente: o
que é recalcado, longe de ser uma fantasia de desejo sexual, é o ódio inconsciente contra o
pai.
- até então o ódio não ocupava nenhuma posição de destaque nas doutrinas psicanalíticas de
então;
A esta configuração, Freud chamará "ambivalência", reconhecendo ainda que “mantido sob
repressão no inconsciente através do amor, o ódio também desempenha um grande papel na
patogênese da histeria e da paranoia” (Freud, S. Obras Completas, v.9, pp 96-97)
Resposta: o ódio está de alguma forma ligado ao sexual, é parte dele — o “componente sádico
do amor”, ou seu “fator negativo” — e foi cindido precocemente, devido à sua excepcional
intensidade
O que resulta dessas hipóteses é que o funcionamento psíquico tende a um objetivo muito
diferente daquele que se depreende dos dois primeiros modelos metapsicológicos: o
funcionamento mental tende à descarga automática sob a forma de uma ação impulsiva, e é a
força que deveria alimentar esta ação, mas não o faz por causa da regressão, que vem investir
o pensamento.
Estes elementos ainda não formam entre si um conjunto coerente, nem coerente com o resto
da metapsicologia.
Permanecerão em latência, até a elaboração de "Totem e tabu" que será estruturado seguindo
duas grandes linhas:
A referência clínica de Freud é a neurose obsessiva: ela é evocada em quase todas as páginas
de Totem e tabu, e fornece os parâmetros para compreender os costumes e crenças dos
primitivos.
Será da conjunção destas duas temáticas que surgirão, mais claramente, seu quarto modelo
metapsicológico, que terá por matriz clínica a melancolia, mas neste momento ainda não está
constituído.
É a identificação que dá conta do ato que se segue ao parricídio: os filhos coligados devoram o
cadáver do pai, e assim cada um incorpora um “pedaço de pai”.
O destino deste “pedaço” vai constituir o núcleo do superego pelo processo da identificação.
O estudo da neurose obsessiva no “Homem dos Ratos” e em "Totem e tabu" havia sugerido
um modelo para o funcionamento psíquico no qual a energia, sob a forma de ódio, tendia a
uma descarga imediata e destrutiva para o objeto
É na neurose obsessiva que reside o “grão de areia”, que é exatamente o papel do ódio no
funcionamento mental: é ela a matriz clínica do terceiro modelo, e a tarefa fundamental deste
modelo será precisamente dar conta do problema do ódio.
Essa solução está na parte final de “Pulsões e destinos de pulsão” e consiste em estabelecer
um vínculo entre o ódio e o narcisismo, vínculo que afeta profundamente a noção mesma de
narcisismo
MODELO DA MELANCOLIA
Entre 1917 (“Luto e melancolia”) e 1923 (“O ego e o id”) a identificação deixa de ser mais um
entre os diversos mecanismos defensivos para se tornar um momento fundamental no
processo de subjetivação.
Em vez de se deslocar para outro objeto, a libido regrediu até o ego, e neste encontra uma
aplicação determinada, servindo para estabelecer uma identificação com o objeto
abandonado.
"A sombra do objeto caiu assim sobre o ego; a partir deste momento, este último pôde ser
julgado por uma instância especial como se fosse um objeto, como o objeto abandonado.
Deste modo, a perda do objeto se transformou numa perda do ego, e o conflito entre o ego e a
pessoa amada, numa dissociação entre a atividade crítica do ego e o ego modificado pela
identificação." (Freud, S. Obras Completas, v. 12, pp. 170-94).
O quarto modelo introduz também uma noção de extrema importância: a de relação de objeto
Segundo Diana Rabinovitch (1988), há diversos usos do termo “objeto” em Freud; destaca 03
diferentes séries ou perspectivas das quais surgem as interpretações de Melanie Klein, de
Lacan e outros autores.
As três séries são: (1) a do objeto do desejo, (2) a do objeto da pulsão e (3) a do objeto do
amor, aquele que se escolhe na “escolha de objeto”.
A PARTIR DE 1920...
- ele servirá de parâmetro para a construção do novo dualismo pulsional, juntamente com os
fenômenos do polo “negativo” do gradiente emocional — medo, culpa, angústia, repetição
mortífera, etc.
Na ideia de superego, virão confluir elementos de ambos os modelos: ele resulta de uma
identificação, mas está em estreito contato com as pulsões do id, de onde seu caráter cruel e
sua severidade extrema frente ao ego.
A nova tópica e a nova teoria das pulsões determinarão uma extensa reavaliação da teoria
psicopatológica, recentrando-a sobre a angústia e sobre o complexo de castração (Inibição,
sintoma e angústia).