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SIMULADO HIIT
R1
CADERNO DE RESPOSTAS
JULHO | 2023
2 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
GABARITO
1 D 26 C 51 D 76 B
2 D 27 C 52 C 77 A
3 D 28 A 53 D 78 C
4 C 29 B 54 B 79 C
5 B 30 B 55 A 80 C
6 C 31 A 56 B 81 B
7 D 32 D 57 D 82 D
8 A 33 D 58 D 83 D
9 B 34 C 59 A 84 D
10 C 35 D 60 A 85 A
11 D 36 C 61 D 86 A
12 D 37 C 62 E 87 B
13 B 38 A 63 A 88 B
14 B 39 D 64 D 89 B
15 A 40 B 65 A 90 B
16 C 41 C 66 D 91 A
17 A 42 D 67 C 92 B
18 B 43 D 68 C 93 C
19 B 44 A 69 A 94 A
20 E 45 A 70 C 95 D
21 A 46 C 71 D 96 B
22 A 47 D 72 D 97 A
23 B 48 B 73 C 98 D
24 D 49 C 74 D 99 D
25 C 50 C 75 A 100 C
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ALTERNATIVAS:
A) Teste da di-hidrorodamina positivo. A fibrose cística (FC) é uma doença monogêni-
Comentário da alternativa: ca autossômica recessiva, decorrente da ausên-
cia e/ou do defeito qualitativo e/ou quantitativo
O quadro clínico não é compatível com doen-
da proteína CFTR (cystic fibrosis transmembrane
ça granulomatosa crônica.
regulator), que funciona na regulação da per-
B) Pesquisa de BAAR positiva em escarro indu- meabilidade do íon cloreto e de bicarbonato em
zido. células epiteliais. A proteína CFTR é expressa
pelo gene com mesmo nome (CFTR), presente
Comentário da alternativa:
na região 7q3.11.1.
O quadro clínico não é compatível com tuber-
culose. **Epidemiologia:**
C) Sorologia positiva para Aspergillus sp.
A incidência da FC varia de acordo com a etnia e
Comentário da alternativa: o país estudado. É aproximadamente de 1/2.000
a 1/5.000 em caucasianos nascidos vivos na Eu-
O quadro clínico não é compatível com asper-
ropa, nos Estados Unidos da América e no Cana-
gilose.
dá. No Brasil, a incidência estimada é de 1/9.000
a 9.500 nascidos vivos.
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* \- Variante de classe V: síntese da CFTR redu- Variantes (mutações) nos genes CFTR → Proteína
zida; CFTR ausente ou defeituosa ou deficiente → Anor-
malidades no líquido de superfície das vias aé-
* \- Variante de classe VI: degradação precoce da reas → Obstrução das vias aeríferas → Inflamação →
proteína por instabilidade na superfície celular\ . Infecção → Bronquiectasias
vida. Também são frequentes: bronquiolite gra- contribuem para a má digestão intestinal está a
ve, sibilância sem resposta aos broncodilatado- deficiência de enzimas pancreáticas, inicialmen-
res, bronquite crônica e bronquiectasias. Alguns te secundária à obstrução dos dutos por secre-
pacientes são oligossintomáticos por anos, o que ção espessa, causada pela ausência ou disfunção
não impede a progressão silenciosa da doença da proteína CFTR e, posteriormente, pela des-
pulmonar. Na evolução, os pacientes podem truição progressiva do parênquima pancreático.
apresentar expectoração purulenta, principal- Há alterações funcionais da motilidade intesti-
mente matinal, frequência respiratória aumenta- nal, consequente a alterações anatômicas de-
da, dificuldade expiratória, cianose periungueal, correntes de ressecções, por IM ou equivalente
baqueteamento digital acentuado e alterações meconial, estruturais pelo muco entérico espes-
da caixa torácica. Nessa fase, queixam-se de fal- so e abundante, e por eventual inflamação crôni-
ta de ar durante exercícios e fisioterapia e, pos- ca da mucosa entérica. Má digestão e má absor-
teriormente, em repouso. As complicações são: ção intestinal devem ser consideradas em casos
hemoptises recorrentes, impactações mucoides de distensão abdominal, aumento da frequência
brônquicas, atelectasias, enfisema progressivo, das evacuações com perda de gordura nas fezes,
pneumotórax e evolução para cor pulmonale. baixo ganho ou perda de peso e apetite voraz.
As vias aeríferas superiores são comprometidas
em todos os pacientes, na forma de pansinusite **Diagnóstico laboratorial:**
crônica, anosmia e rouquidão transitória. A poli-
**1\ . Teste do suor:** O TS tem elevadas sensibili-
pose nasal ocorre em aproximadamente 20% dos
dade e especificidade (> 95%), baixo custo e não
pacientes e pode ser a primeira manifestação da
é invasivo. A obtenção de amostra de íon cloreto
doença. Como várias manifestações clínicas ci-
para realizar o procedimento deve ser realizada
tadas estão presentes em doenças de elevada
pelo método de iontoforese com pilocarpina.
prevalência, é indispensável que o pediatra es-
Após a obtenção da amostra pode-se realizar a
teja atento para a possibilidade de FC diante do
condutividade (ainda considerada como método
encontro dos sinais e sintomas crônicos.
de triagem). A dosagem quantitativa do íon clo-
As manifestações digestivas costumam surgir reto no suor é o procedimento de escolha que
precocemente, podendo ocorrer mesmo na vida pode ser realizado por titulação ou por coulome-
intrauterina (obstrução ileal, perfuração intestinal tria. O diagnóstico de FC é confirmado quando
e peritonite meconial), em sua maioria decorren- a concentração de íons cloretos ≥ 60 mEq/L e
te da IP, que acomete cerca de 60% das crianças dosagens entre 30-59 mEq/L devem ser con-
até 1 mês de vida, 80% aos 6 meses, 90% aos 12 sideradas duvidosas; nesses casos, o paciente
meses e até 95% na vida adulta. Nos recém-nas- deve ter seguimento e o TS deve ser repetido
cidos, o íleo meconial é a manifestação inicial da principalmente na presença de sinais e sintomas
IP e pode acometer 15-20% dos pacientes, sendo sugestivos de FC. O diagnóstico de FC deve ser
indicativo de gravidade e presença de variantes confirmado com dois testes positivos, realizados
no gene CFTR de classe I, II e/ou III. Entre os pa- em momentos diferentes. Concentrações de íon
cientes com IM, aproximadamente, 90% têm FC, cloreto maiores que 160 mEq/L são fisiologica-
portanto, após diagnóstico de IM, deve-se inves- mente impossíveis e sugerem erro na coleta ou
tigar o diagnóstico de FC. Manifestações raras, dosagem.
porém, precoces e sugestivas, de FC são edema
**2\ . Análise de variantes:** identificação de
hipoproteinêmico, anemia e distúrbios metabó-
duas variantes patogênicas no gene CFTR con-
licos. A principal manifestação digestiva na FC
firma o diagnóstico de FC, sendo decisivo no pa-
é a má digestão intestinal causando má absor-
ciente com quadro clínico compatível e TS não
ção de nutrientes. Entre múltiplos fatores que
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conclusivo. Além disso, o conhecimento das va- tórax, hemograma com leucocitose e diminui-
riantes tem implicação terapêutica quanto ao ção da saturação de oxigênio. A aquisição inicial
uso dos moduladores da proteína CFTR. ou recidiva do achado de P. aeruginosa nas vias
aeríferas deve ser tratada com antimicrobianos
**3\ . Triagem Neonatal:** Acredita-se que o au- anti Pseudomonas e aumento de fisioterapia, in-
mento do IRT sérico seja secundário ao refluxo dependentemente da presença ou ausência de
de secreção pancreática, provocado pela obstru- sintomas. Portanto, existem três situações que
ção dos ductos no pâncreas. O teste é realiza- exigem manejo medicamentoso:
do com amostra de sangue coletado em papel
de filtro na mesma amostra para TN. A dosagem 1\ . Tratamento para erradicação da P\ . aerugino-
do IRT é um indicador indireto da doença, pois sa na primeira documentação nas vias aeríferas\ ,
avalia a integridade da função pancreática, e, se ou por aumento no título de anticorpos anti P\ .
ela estiver normal por ocasião do nascimento, aeruginosa\ , ou pela presença em culturas de-
o teste poderá ser negativo. Quando o teste for correntes da coleta de secreções das vias aerí-
positivo com valores acima do padrão adotado, feras por escarro\ , swab ou lavado broncoalveo-
geralmente 70 ng/mL (O Estado de São Paulo lar\ .
adota o valor de 80 ng/mL), deve ser repetido
em até 30 dias de vida, e, caso persista positivo, 2\ . Manejo da infecção crônica das vias aerífe-
o paciente deve ser submetido ao TS para confir- ras\ .
mar ou afastar FC.
3\ . Tratamento das EP\ .
**Tratamento:**
Pacientes infectados cronicamente ou com EP
Uma vez diagnosticada a FC, é necessário o se- devem receber antimicrobianos de forma am-
guimento por toda a vida. A pesquisa de micror- bulatorial ou internados. Entre os medicamen-
ganismos na orofaringe, no aspirado traqueal ou tos para melhorar o clearance pulmonar, o mais
no escarro induzido deve ser realizada rotineira- estudado é a DNase-humana recombinante, que
mente, se possível em todas as consultas. Os pa- cliva o DNA do muco, reduzindo a viscosidade
cientes devem realizar espirometria 2 vezes/ano, do escarro. Inalações com soluções de NaCl a
medida da saturação transcutânea de oxigênio 7%, administradas 4 vezes/dia, por períodos cur-
da hemoglobina em cada consulta e radiogra- tos ou longos, aumentam o volume do líquido de
fia simples de tórax a cada 2 ou 3 anos, após 5-6 superfície das vias aeríferas e o clearance muco-
anos de idade, ou antes, se as condições clínicas ciliar e melhoram a FP e a qualidade de vida dos
exigirem. A tomografia computadorizada de tó- pacientes. Deve ser preconizada a administração
rax é mais sensível e específica em detectar alte- de beta-2 de ação curta por aerossol dosimetra-
rações iniciais que a radiografia e a espirometria, do pressurizado (spray oral) 30-60 minutos antes
mas expõe o paciente a doses maiores de radia- da inalação com salina hipertônica. Seguramen-
ção. A presença de retrações intercostais, uso da te, devem-se utilizar broncodilatadores e corti-
musculatura acessória, aparecimento de ruídos costeroides inalatórios nos pacientes com FC e
adventícios ou asma alérgica concomitante e para os que apre-
sentarem hiper-responsividade brônquica.
piora da ausculta pulmonar, perda de peso e au-
mento dos sinais de aprisionamento de ar são A terapia de reposição enzimática deve ser ins-
fortemente sugestivos de exacerbação pulmo- tituída tão logo seja feito o diagnóstico de FC e
nar. Alterações laboratoriais: diminuição do vo- Insuficiência pancreática, independentemen-
lume expiratório forçado no primeiro segundo te da idade, mesmo em recém nascidos. Suge-
(VEF1) (10% ou mais), alterações na radiografia de re-se que, diante da evidência de IP, a TRE seja
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instituída mesmo antes dessa confirmação, uma conhecidos o lumacaftor (VX-809), o tezacaftor
vez que ela não interfere no diagnóstico da FC, (VX-661) e o elexacaftor (VX-659).
evitando, assim, a instalação ou o agravamen-
to da desnutrição. Não há uma regra absoluta **• Potenciadores:** aumentam a função dos ca-
para sua prescrição, e muitos fatores interferem nais CFTR, sendo mais conhecido o ivacaftor (VX-
na quantidade necessária de enzimas a cada 770).
refeição. Pode variar de paciente para pacien-
**Existem 4 medicamentos moduladores da
te, dependendo da dieta e do grau da IP. Para
CFTR (3 corretores e 1 potencializador) aprova-
crianças com alimentação exclusivamente lác-
dos e disponíveis para os pacientes com FC:**
tea, oferecer, em média, 500-1.000 unidades de
lipase/grama de gordura ingerida por refeição.
I. Terapia única: ivacaftor (Kalydeco®), indicado
Por exemplo, lactente de 4 meses, recebendo
para pacientes com variantes tipo gating (classe
200 mL de fórmula láctea com 3 g % de gordura
III) e variantes com função residual.
a cada 4 horas, deve receber 3.000-6.000 uni-
dades de lipase/refeição. Recomenda-se iniciar II. Terapias combinadas (potencializador e corre-
com a menor dose e ajustá-la conforme as ne- tor de primeira geração), sendo:
cessidades. Outra maneira de orientar a dose de
enzimas é prescrever, em média, 500-1.000 uni- A. Ivacaftor + lumacaftor (Orkambi®): indicado
dades de lipase/kg/refeição. Uma criança de 1 para pacientes homozigotos para a variante p.
ano com 9 kg, que faz 6 refeições ao dia, deve re- Phe508del.
ceber 4.500-9.000 unidades de lipase/refeição.
Deve-se considerar a variabilidade da densidade B. Ivacaftor + tezacaftor (Syndeko®): indicado
calórica de cada refeição, para orientar as doses para pacientes homozigotos p.Phe508del, ou
de enzimas para cada refeição. Quando a dose que apresentem uma variante p.Phe508del as-
necessária para um bom controle da IP ultrapas- sociada a outra variante com função residual.
sar 10 mil unidades de lipase/kg/dia, deve-se
atentar para a existência de fatores que interfi- C. Ivacaftor + tezacaftor + elexacaftor (Trikafta®):
ram na ação das enzimas e nos riscos de com- indicado para homozigotos e heterozigotos para
plicações resultantes do uso de altas doses de p.Phe508del.
enzima por dia. Para melhor aproveitamento das
enzimas, é recomendado que as refeições sejam
feitas em “blocos”, evitando-se “beliscar” alimen- TAKE HOME MESSAGE:
tos, e que sejam oferecidas enzimas no início das
refeições, lembrando-se que a ação delas dura * A fibrose cística (FC) é uma doença monogêni-
aproximadamente de 45-60 minutos. ca autossômica recessiva, decorrente da ausên-
cia e/ou do defeito qualitativo e/ou quantitativo
Nos últimos 10 anos, a indústria farmacêutica da proteína CFTR (cystic fibrosis transmembrane
tem propiciado novos medicamentos para mo- regulator), que funciona na regulação da per-
dificar a terapia da FC de modo substancial. Es- meabilidade do íon cloreto e de bicarbonato em
ses medicamentos são capazes de corrigir (cor- células epiteliais;
retores) ou potenciar (potenciadores) a proteína
CFTR, dependendo do defeito genético, consti- * Tais pacientes são cronicamente colonizados
tuindo medicina personalizada. por P.aeruginosa.
ALTERNATIVAS:
A) Coxsackie vírus.
Comentário da alternativa:
O coxsackie é um agente causador da síndro-
me mão-pé-boca, que causa lesões maculo-
Questão traz um paciente lactente com exan-
papulares, vesiculares ou pustulares nas mãos
tema. As doenças exantemáticas são muito co-
e pés, e nádegas e virilha. Não é o quadro des-
muns na infância, e por isso são temas recor-
ta criança.
rentes em questões. Neste caso, o que chama
B) Epstein-Barr vírus. atenção no quadro clínico e que ajuda a apontar
Comentário da alternativa: para um agente etiológico é o fato de o exan-
tema ter iniciado após o final do período febril.
O EBV é causador da mononucleose, a qual Nesta situação, o diagnóstico mais provável é o
pode cursar com pode ter rash maculopapular exantema súbito, ou roseola.
em 15% dos pacientes. Porém, o quadro clínico
é diferente, com amigdalite, linfadenopatia, e O exantema súbito é uma infecção aguda e auto-
principalmente em outra faixa etária - a dos limitada. A maioria dos casos é causado por her-
adolescentes. pes vírus humano 6B, mas também pode ser 6A
e 7. A infecção primária é adquirida rapidamen-
te, virtualmente por todas as crianças, quando
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E qual a conduta quando nasce um recém nas- * Atresia de esôfago -> Rx toracoabdominal para
cido que tem salivação aerada e não consegue pesquisar fístula distal.
passar sonda? Bom, primeiramente é estabilizar
a criança. Deixar a sonda em aspiração, avaliar
necessidade de intubação e fazer um rx de tórax QUESTÃO 4:
e abdome. Neste raio X, se houver gás no abdo-
me, quer dizer que passa ar pra porção distal do PJS, sexo masculino, três anos, apresentou qua-
esôfago, uma vez que o esôfago está atrésico, se dro sugestivo de pneumonia, tratado com amo-
isto acontece, só pode ser uma fístula distal na xicilina há uma semana. Três dias após o término
traqueia! Em atresias com fístula distal está indi- da antibioticoterapia, evoluiu com letargia e oli-
cada toracotomia para tentativa de correção do gúria. Exame físico: desidratado, presença de he-
defeito em um único tempo, já que quando exis- patoesplenomegalia, ictérica ++/4. Os exames de
te fístula distal a distância entre os cotos esofá- entrada são descritos a seguir: O exame ultras-
gicos costuma ser mais curta. Quando não existe sonográfico abdominal evidenciou morfologia
gás no abdome, é o grande problema, a conduta renal normal, ecogenicidade difusa aumentada
nas atresias de esôfago LONG GAP é controversa bilateral do parênquima renal e perda da dife-
e vamos deixar isso pra discutir em outra opor- renciação córtico-medular, sinais sugestivos de
tunidade. nefropatia parenquimatosa. O doppler da artéria
renal estava normal. Dentre as opções, abaixo, o
Antes de levar o paciente pro centro cirúrgico
principal agente etiológico para este quadro clí-
é prudente realizar um ecocardiograma antes.
nico é:
Isto porque a presença de anomalias cardíacas
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COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
\- Neoplasia\ .
4\ . Teste de Coombs direto: negativo;
Critérios diagnósticos para SHU por pneumococo: início rápido de antibióticos diminuem a morta-
lidade. Como o anticorpo contra o antígeno de
• Casos definidos Thomsen-Friedenreich está presente no plasma,
sua infusão pode aumentar a poliaglutinação e
\- Evidência de microangiopatia trombótica;
agravar o fenômeno da MAT. Por esse motivo,
não é indicada a infusão de plasma fresco nos
\- Evidência de infecção invasiva por S\ . pneu-
casos de SHU or pneumococo; caso haja neces-
moniae \(sangue ou outro fluido biológico esté-
sidade de transfusões de plaquetas ou concen-
ril\) ou cultura de escarro positiva na vigência de
trado de hemácias, estes devem ser lavados. A
pneumonia;
retirada da neuroaminidase e alguns fatores pela
\- Sem evidências de coagulação intravascular plasmaférese seria uma hipótese para indicar
disseminada \(CIVD\)\ . essa terapia, porém é controverso e ainda exis-
tem poucos estudos.
• Casos prováveis
Vamos abordar a SHU causada por E.coli tam-
* Evidência de microangiopatia trombótica; bém:
* Evidência de infecção invasiva por S. pneumo- Os casos são mais frequentes nos meses de verão
niae (sangue ou outro fluido biológico estéril) ou e nas zonas rurais, e geralmente são esporádicos,
cultura de escarro positiva na vigência de pneu- podendo ocorrer surtos decorrentes da ingestão
monia; de alimento ou água contaminada. Crianças com
STEC-SHU apresentam pródromo característico
* Com evidências de CIVD; de dor abdominal e diarreia, geralmente sangui-
nolenta. Esse quadro precede o desenvolvimen-
* Evidência da ativação do antígeno T median- to da SHU em cerca de 2-13 dias. O quadro intes-
te teste de Coombs direto ou teste da lectina de tinal associado pode ser mais grave e mimetizar
amendoim positivos. abdome agudo, colite ulcerativa, intussuscep-
ção intestinal e apendicite. Cerca de 6-20% das
• Casos possíveis
infecções por STEC são complicadas por SHU.
* Evidência de microangiopatia trombótica; Caracteristicamente, SHU tem início com o apa-
recimento súbito da tríade anemia hemolítica
* Paciente toxemiado com pneumonia, meningi- microangiopática, trombocitopenia e LRA. Em
te ou outra evidência de infecção invasiva sem geral, a hemoglobina (Hb) é menor que 8 g/dL,
identificação de um microrganismo específico; o teste de Coombs é negativo e o esfregaço de
sangue periférico é caracterizado por mostrar
* Evidência da ativação do antígeno T median- grande número de esquizócitos (mais de 10% das
te teste de Coombs direto ou teste da lectina de hemácias). Outros achados de hemólise incluem
amendoim positivos com ou sem evidência de elevação discreta da bilirrubina indireta, redução
CIVD OU; da haptoglobina e elevação da lactato desidro-
genase (LDH). A trombocitopenia geralmente é
* Sem evidência de CIVD. abaixo de 140.000/mm³. A lesão renal é variável,
podendo se manifestar desde hematúria micros-
Tratamento:
cópica e proteinúria leve a moderada até LRA
O tratamento baseia-se em antibioticoterapia, grave em 50% dos casos. Hematúria macroscópi-
tratamento de suporte e tratamento dialítico ca pode ocorrer. A hipertensão arterial sistêmica
sempre que necessário. A detecção precoce e o é comum. Componente 3 do complemento (C3)
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B) Tomografia de abdome.
Comentário da alternativa:
Para a maioria dos pacientes que apresenta-
rem condições clínicas, será o exame de esco-
lha para a caracterização etiológica do abdo-
me agudo obstrutivo.
C) Ultrassom abdominal.
Comentário da alternativa:
O estudo com ultrassom apresenta limitações
pela interposição gasosa, e provavelmente
não traria informações adicionais no caso aci-
ma.
D) Ressonância magnética.
Comentário da alternativa:
A ressonância é um exame de alto custo e
baixa disponibilidade. Apesar de ser um bom
exame, utilizaremos este método de imagem
em pacientes selecionados, como aqueles
Qual o exame mais indicado para complementa-
com doença inflamatória intestinal com ne-
ção diagnóstica neste caso?
cessidade recorrente de aquisição de ima-
gens, com a finalidade de evitar a exposição
ALTERNATIVAS: excessiva à radiação.
de abdome agudo obstrutivo, em muitas situa- clínica, a tomografia seja o primeiro exame de
ções sendo o único exame necessário para rea- escolha. No entanto, a maioria das escolas bra-
lizar a intervenção (volvo de sigmóide, pneumo- sileiras obtém o estudo de raio-X simples ( e co-
peritônio, volvo cecal ou de intestino médio). As bram este exame como exame inicial em suas
principais séries de raio-X que devemos solici- bancas, portanto).
tar na investigação são a ortostase, o decúbito
dorsal horizontal (posição supina) e o raio-X de A TC consegue ainda avaliar sinais indiretos de
cúpulas diafragmáticas. E quais achados podem obstrução intestinal, tais como espessamento de
configurar obstrução intestinal ? Existem diver- alças intestinais, edemas do mesentério, sinais
sos sinais, vamos listar aqui os principais: de intussuscepção intestinal, sinais de rotação
do mesentério, entre outros. A identificação de
**Alças intestinais com níveis líquidos:** na posi- um ponto específico de transição da obstrução
ção ortostática, a interface ar-líquido é paralela à (o ponto que determina a obstrução) não é ne-
placa do Raio-X, portanto esta interface será visí- cessário para o diagnóstico, porém com as re-
vel ao raio-X em situações de obstrução e níveis construções tomográficas é por vezes passível
líquidos exuberantes. de identificação, contribuindo para o diagnóstico
etiológico e programação cirúrgica.
**Sinal de empilhamento de moedas:** padrão
de Raio X caracterizado pela disfunção difusa das Outros estudos que também podem ser utiliza-
alças intestinais, com observação das válvulas dos:
coniventes do intestino delgado de modo claro.
Ultrassom de abdome: pode ser útil no diag-
**Sinal do Cólon “emoldurado” -** aumento do nóstico de obstrução, sendo curiosamente mais
calibre do cólon, que se torna uma verdadeira sensível e específico do que os raios-x simples de
moldura de ar ao redor das alças de intestino abdome. No entanto, apresenta limitações em
delgado, podendo sugerir obstrução intestinal função da interposição gasosa, ser examinador
baixa. dependente e dificilmente determinar ponto de
obstrução, sendo inferior à CT de abdome. Seu
Apesar de ser capaz de diagnosticar obstruções, uso se restringe a situações específicas, como
o ponto exato da obstrução dificilmente é eviden- gestantes e doentes críticos com necessidade de
ciado no estudo de Raio-X simples. Além disso, o realização de exame à beira-leito.
estudo de raio-x é mais acurado nos diagnósti-
cos de obstruções altas (de intestino delgado) do Ressonância Magnética enterográfica: seu uso
que nas obstruções baixas (de cólon). está se difundindo em países desenvolvidos, es-
pecialmente na população jovem com obstru-
A tomografia de abdome (TC) é extremamente ções crônicas (por exemplo em pacientes com
útil para caracterização da severidade, nature- doença de crohn), com o objetivo de diminuição
za e estabelecimento de etiologias no abdome das doses de radiação nestes pacientes, que fre-
agudo obstrutivo. A TC pode identificar massas quentemente precisam de exames de imagem
intra abdominais, identificar hérnias, característi- avançados.
cas inflamatórias e complicações decorrentes da
obstrução, como isquemia, necrose e perfura-
ções intestinais. O raio-X, apesar de ser um bom
exame inicial nestes pacientes, pode apresentar-
-se normal em até 20% dos pacientes com obs-
trução intestinal. Por esta razão, alguns autores
advogam que em pacientes com alta suspeição
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Paciente com FC 130, pulsos diminuídos, hipotenso pode se enquadrar como choque grau III.
Diagnóstico:
Osteomielite crônica, lesão da placa de cresci- FC: 122 bpm. Saturação de 93% em ar ambien-
mento com encurtamento de membros e perda te. Restante do exame normal. RT-PCR de swab
da função articular são algumas das complica- nasal Covid-19 negativo. Entre as seguintes pro-
ções. Envolvimento do quadril e ombro, etiolo- postas terapêuticas, a melhor conduta para este
gia estafilocócica, recém-nascido e menores de caso é:
ano, curso poliarticular, atraso no diagnóstico e
24 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
A) Ao defeito na fusão dos ductos de Wolff
Comentário da alternativa:
Nas mulheres, ocorre a regressão do sistema
paramesonéfrico.
O septo vaginal transverso origina-se a partir do
B) À exposição intra-uterina ao dietiletilbestrol defeito de fusão dos ductos mullerianos com o
Comentário da alternativa: seio urogenital, ou, ainda, defeito da canalização
da placa vaginal. Pode se desenvolver em qual-
Na década de 1950, o dietiletilbestrol, um
quer nível dentro da vagina. Na maioria dos ca-
estrogênio sintético, foi utilizado para o tra-
sos, há uma pequena perfuração no septo, não
tamento de algumas patologias, como abor-
havendo obstrução total ao fluxo menstrual. Ao
tamento de repetição e pré-eclâmpsia. Além
exame físico, podemos encontrar uma vagina en-
de não ter sua eficácia comprovada para tais
curtada, com a porção superior/colo uterino não
patologias, a exposição fetal intrauterina a
visualizados. Muitas vezes, o diagnóstico definiti-
essa substância relacionou-se com algumas
vo só é firmado após exame de ressonância mag-
malformações genitourinárias, como útero
nética da pelve, para diferenciação com a agene-
em forma de T (segmento uterino superior en-
sia de colo uterino e hímen imperfurado.
curtado, cavidade uterina menor e irregular), e
com aumento na incidência de adenocarcino-
ma de vagina e de colo.
TAKE HOME MESSAGE:
C) Ao defeito na fusão dos ductos de Muller
com o seio urogenital
* Entender a possibilidade de diversas malforma-
Comentário da alternativa: ções mullerianas que atuam com obstrução ao
Vide comentário. fluxo menstrual (relembrar questão anterior: hí-
men imperfurado, agenesia de colo uterino, sep-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. to vaginal longitudinal).
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COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
aspirativa). A principal etiologia é viral, mas pen- causada por atípicos (Mycoplasma pneumoniae
sando em etiologias bacterianas o pneumococo e Chlamydia pneumoniae). Na suspeita de pneu-
é o agente de destaque. monia por germes atípicos, a terapia de escolha
é macrolídeo (azitromicina ou claritromicina). Um
Os sinais e sintomas são dependentes da idade ponto um pouco fora desta hipótese é a idade do
da criança, da extensão do acometimento e da paciente, < 5 anos. A saturação de 92% também
gravidade do quadro. Taquipneia é o sintoma assusta, mas não é critério formal de internação.
mais consistente, mas pode haver tosse, febre, Desta vez, temos que escolher a alternativa “me-
desconforto respiratório, crepitações, dor toráci- nos pior”.
ca, hipoxemia, sintomas sistêmicos.
Deve-se ter certeza de que não há gestação. Não * Exemplos Categoria 4: DM com vasculopatia,
é necessária proteção contraceptiva adicional. enxaqueca com aura;
Hormonais (progestágeno): Minipílula, injetável * Sem fator de risco para doença cardiovascular
trimestral (AMP), implante subcutâneo. (DM, tabagismo, idade, obesidade, HAS): todos
com fator de risco para doença cardiovascular:
* Exemplos Categoria 4: tumor hepático, Câncer
métodos de progestágenos (exceto: injetável) e
de mama atual.
não hormonais.
Hormonais (estrógeno + progesterona): anticon-
Enxaqueca
cepcionais orais combinados, anel vaginal, ade-
sivo transdérmico, injetável mensal. * Com aura: Não usar combinado, por nenhuma
via;
30 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
A) Infecção bacteriana.
Comentário da alternativa: Temos um lactente jovem com eritema em re-
No caso de infecção bacteriana, ao exame físi- gião de fralda. Aqui os principais diagnósticos
co teríamos crostas melicéricas ou pus. Além são a dermatite de fraldas irritativa e a sua com-
disso, na dermatite de fralda a coinfecção por plicação - dermatite por cândida. A chave para
cândida é muito mais comum que a bacteria- considerar a candidíase associada são as lesões
na. satélites. Vamos revisar este tema.
Mulher de 34 anos com dismenorreia leve e dis- Como já dito, não se configura um quadro de
pareunia profunda, sem desejo de gravidez, vaginismo e o ulipristal é um método de con-
realizou ressonância nuclear magnética da pel- tracepção de emergência que nada tem a ver
ve, que evidenciou ovários desviados postero- com o quadro da paciente.
medialmente, com focos hemorrágicos junto às
suas superfícies mediais e espessamento dos li-
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
gamentos uterossacros. Nesse caso, o diagnósti-
co e o tratamento inicial que devem ser propos-
tos respectivamente, são:
mulheres em idade reprodutiva, sendo caracteri- (desogestrel, dienogeste etc). Com o uso dessas
zada pela presença de tecido/glândulas estroma medicações, há bloqueio ao estímulo endome-
endometrial fora da cavidade uterina, estando trial, dessa forma, há quiescência dos focos endo-
predominantemente na pelve, mas não restrita metrióticos ectópicos que não estimularão fibras
a ela. nervosas que conduzem o estímulo doloroso.
Comentário da alternativa:
O estrogênio tópico é utilizado principalmen-
te nos casos de atrofia genital.
C) Progestero.
Comentário da alternativa:
A progesterona é bastante utilizada em con-
dições de fertilização e obstétricas, como no
colo curto e antecedente de prematuridade.
D) Testosterona.
Comentário da alternativa:
A testosterona pode ser aplicada em gel em
casos bastante particulares, mas não é utili-
zada no tratamento de dermatoses vulvares.
ALTERNATIVAS:
A) 4 anos de idade com 2 estomatites e linfade-
nomegalia cervical bilateral.
Imunodeficiências primárias são defeitos congê-
Comentário da alternativa: nitos do sistema imune e não adquiridos como o
HIV. A fisiopatogenia dos defeitos imunes atinge
Consideramos sinal de alarme para IDP a pre-
a função primordial do sistema imune, que é a
sença de estomatites de repetição ou mo-
capacidade de reconhecer aquilo que é próprio
nilíase por mais de 2 meses. 2 episódios de
a cada ser humano daquilo que não lhe é pró-
estomatites não se configuram como risco
prio. Por conseqüência, as crianças com imu-
para IDP.
nodeficiências primárias podem ter dificuldade
B) 1 mês de vida com úlcera de 0,5 cm em local em se defender de microrganismos (seja por
da vacina BCG. infecção natural, seja por inoculação vacinal),
Comentário da alternativa: podem apresentar quadros de auto-imunidade
(por exemplo: plaquetopenia imune) e proble-
Úlcera de 0,5 cm no local da vacina da BCG
mas para rejeição de tecidos estranhos, como
é um evento esperado. Consideramos efeito
a doença enxerto versus hospedeiro após uma
adverso uma úlcera maior de 1,0 cm.
transfusão de sangue.
C) 6 anos de idade com 2 sinusites e 2 pneumo-
nias no ano. A maioria das IDPs provém de uma mutação
genética e, por este motivo, casos semelhan-
Comentário da alternativa:
tes podem ser identificados na família; algumas
A presença de 2 sinusites e 2 pneumonias em derivam de uma mutação mais complexa e po-
um ano configura-se como sinal de alarme dem fazer parte de uma síndrome genética (por
para imunodeficiência primária. exemplo: síndrome de DiGeorge). O quadro clíni-
co mais frequente e mais importante de IDP é a
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. maior suscetibilidade às infecções. Esta se ma-
nifesta por infecções de repetição (por exemplo:
D) 2 anos de idade com 2 resfriados no último pneumonias e otites de repetição), por infecções
ano. graves (por exemplo: sepse ou meningite bac-
Comentário da alternativa: teriana), por infecções que evoluem com com-
plicações (por exemplo: bronquiectasias após
Sabemos que as crianças de 1 a 3 anos que
pneumonias) ou infecções por germes de baixa
frequentam creche podem ter até 12 afecções
virulência (por exemplo: infecção pulmonar por
respiratórias no ano (com coriza e tosse e sem
P. carinii). Numa iniciativa global para chamar a
febre). 2 episódios de resfriado não configu-
atenção do diagnóstico precoce de IDP, a Fun-
ram fator de risco para IDP.
dação Jeffrey Modell divulgou dez sinais de aler-
ta, os quais, em 1998, foram adaptados ao nosso
meio a partir da manifestação clínica inicial de
crianças que foram diagnosticadas com IDP.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 35
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. No caso dos vasos que destinam seus fluxos à
placenta, como é o caso das artérias uterinas e
B) Presença de movimentos respiratórios do umbilicais, a dopplervelocimetria é utilizada para
feto. avaliar a função desse órgão e sua indicação fica
Comentário da alternativa: reservada às gestações que têm risco de cursar
com insuficiência placentária (pacientes com pa-
A dopplervelocimetria não avalia os movi-
tologias que levam a vasculopatias, como hiper-
mentos respiratórios fetais, o sim o fluxo san-
tensão, diabetes tipo 1 e 2, trombofilias e colage-
guíneo nas artérias umbilicais.
noses, mas também patologias que podem levar
C) Prosseguimento da gestação até 37 semanas. a um déficit de oxigenação fetal, como cardiopa-
tias e pneumopatias restritivas graves).
Comentário da alternativa:
Diante da presença de diástole reversa em As artérias uterinas devem ser avaliadas entre 20
gestação de termo o parto está indicado ime- e 26 semanas de gestação, quando já ocorreu a
diatamente. segunda onda de invasão trofoblástica. Se esta
for inadequada, isso determina a manutenção da
D) Centralização hemodinâmica do feto.
alta resistência vascular e está associado a maior
Comentário da alternativa: frequência de restrição do crescimento fetal e
A centralização hemodinâmica fetal é vista pré-eclâmpsia. As alterações observadas no so-
pela dopplervelocimetria da artéria cerebral nograma, nesse caso, são índice de pulsatilidade
média com vasodilatação em associação a re- acima do percentil 95 da curva de normalidade
sistência de fluxo da artéria umbilical. para a idade gestacional e incisura protodiastó-
lica em ambas as artérias que persiste após 26
semanas. Esta última é representada na figura
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: abaixo:
ALTERNATIVAS:
A) Prescrever azitromicina 1 g via oral em dose
única.
Comentário da alternativa:
O tratamento de tricomoníase é feito com
metronizadol.
B) Prescrever metronidazol, 2 g, via oral, em
dose única.
Comentário da alternativa:
Além disso, é necessário tratar o parceiro,
orientar o uso de preservativos e oferecer so-
rologias a paciente; a presença de uma ISTs é
fator de risco para existência de outras.
C) Solicitar dosagem sérica de beta-hCG antes Diagnóstico é feito pelos critérios de Amsel (pre-
de iniciar tratamento. sença de 3 dos 4):
Comentário da alternativa:
1. Corrimento branco acinzentado, fino, homogê-
Paciente deve ser tratada independente de neo;
gestação ou não, portanto, não é necessário
dosar beta hcg antes de iniciar o tratamento. 2. pH > 4,5;
D) Solicitar sorologias para Infecção Sexual- 3. Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja,
mente Transmissível (IST) antes de iniciar o desprendimento de odor fétido após a adição de
tratamento. KOH 10% a uma gota de conteúdo vaginal;
Comentário da alternativa:
4. Presença de “células-chave” (“clue cells”) na
É necessário oferecer coleta de sorologias microscopia.
para paciente; entretanto, não necessário
para inicio do tratamento. Tratamento: Metronidazol (via oral ou creme).
Não é necessário tratar parceiro, afinal, não é
uma IST e sim um desequilíbrio da flora vaginal.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
**CANDIDÍASE**
Os sintomas são: Corrimento amarelado ou ama- * Pacientes com DM, podem apresentar candi-
relo-esverdeado, frequentemente acompanha- díase de repetição por desequilíbrio da micro-
do de ardor genital, sensação de queimação, biota vaginal.
prurido, disúria e dispareunia. Os sintomas acen-
tuam-se no período pós-menstrual devido à ele- ###### Referência:
vação do pH vaginal.
1. FEBRASGO, Tratado de Ginecologia, 1ª Ed, 2018
Ao exame ginecológico: Hiperemia da genitália,
conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou
amarelo-esverdeada, bolhoso. As paredes vagi- QUESTÃO 19:
nais e a ectocérvice apresentam-se hiperemia-
das, observando-se ocasionalmente o “colo ute- Uma paciente de 45 anos de idade queixa-se de
rino com aspecto de morango ou em framboesa” “bola na vagina”, associada à sensação de peso.
(colpite). O pH vaginal maior que 4,5 e testes das Ao exame físico, segundo a classificação para
aminas pode ser positivo. Bacterioscopia com a quantificação de prolapso de órgãos pélvicos
protozoário flagelado. (POP-Q), foram observados os achados a seguir.
Com base nessa situação hipotética, assinale
Tratamento: Metronidazol, tratar parceiro e ofe- a alternativa que apresenta o tratamento mais
recer sorologias (lembre-se, sempre ao diagnós- adequado para a principal queixa da paciente:
tico de uma IST, devemos pesquisar a presença
de outras).
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
a. Hérnia direta;
44 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
c. Femoral;
TAKE HOME MESSAGE:
d. Mista.
* O principal sítio de recidiva após herniorrafia
O tratamento preconizado para as hérnias ingui- inguinal por técnica de Lichtenstein é adjacen-
nais envolve a correção do defeito herniário com te ao púbis medialmente. O segundo sítio mais
a colocação de tela (isto é, técnicas livres de ten- comum é na abertura da tela para passagem do
são), objetivando a redução das taxas de recidiva. cordão espermático;
A técnica mais utilizada é a de Liechtenstein, que
* Quando há recidiva, o tratamento deve ser por
consiste na herniorrafia com o posicionamento de
via diferente da primeira cirurgia. Ou seja, se a
tela pré-aponeurótica, isto é, por via anterior. Esta
primeira cirurgia foi por via anterior, o tratamen-
técnica é rápida, de baixo custo, facilmente repro-
to da recidiva deve ser por via posterior, e vice-
dutível e com baixas taxas de recidiva, sendo con-
-versa.
siderada por muitos a técnica padrão-ouro. Pode
ser realizada bilateralmente nos casos de hérnias
inguinais bilaterais. Quando ocorre recidiva após
essa técnica, o sítio mais comum é adjacente QUESTÃO 21:
à sínfise púbica (por isso a tela deve sobrepor a
sínfise púbica). As técnicas videolaparoscópicas Em relação ao câncer de pulmão, assinale a al-
e robóticas também apresentam resultados se- ternativa correta:
melhantes quanto a recidiva, porém com menor
dor pós-operatória e retorno rápido às atividades
ALTERNATIVAS:
habituais, apesar de um número maior de com-
plicações intraoperatórias. Consistem no posicio- A) O tratamento curativo mais adequado para
namento da tela em região pré-peritoneal (isto um doente de cinquenta anos de idade, em
é, por via posterior), seja através de uma abor- boas condições clínicas, portador de carci-
dagem transabdominal (TAPP - transabdominal noma espinocelular pulmonar de 22 mm de
pré-peritoneal) ou extraperitoneal (TEP - totally diâmetro, no estágio IA2 (T1b N0 M0), é a lo-
extraperitoneal). Pela visualização excelente dos bectomia pulmonar.
dois lados, o tratamento videolaparoscópico vem Comentário da alternativa:
se tornando uma excelente opção nos casos de
hérnias inguinais bilaterais. Outras técnicas pos- Considerando que o paciente tenha feito es-
síveis para a correção bilateral incluem a técnica tadiamento adequado, seja um T1bN0M0 e
de Stoppa, que consiste na colocação de uma tela tenha condições clínicas para cirurgia, o tra-
grande, em posição pré-peritoneal, através de tamento indicado é a lobectomia neste caso.
uma incisão anterior.
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 45
ser realizada seguindo princípios superior esquerda, serão removidos 5 dos 10 segmentos des-
oncológicos e deve ser feita avalia- te lado (cada pulmão tem 10 segmentos) e logo desconta-se
ção dos linfonodos mediastinais por 25% do valor do VEF1 e DLCO obtidos na prova de função pul-
amostragem linfonodal sistemática monar. Este valor ‘’final’’ representa o ppoVEF1 e ppoDLCO.
por exemplo. O tipo de ressecção De maneira geral, se o ppoVEF1 e ppoDLCO forem maiores
mais consagrado para estes casos é que 60% o doente está apto para a cirurgia. Caso contrário,
a lobectomia, entretanto, para ca- geralmente, é necessário prosseguir a investigação com uma
sos em que a lesão possui até 2cm ergoespirometria.
(T1a-bN0M0) pode ser realizada a
segmentectomia ANATÔMICA, so- Já o tratamento cirúrgico do câncer de pulmão pequenas cé-
bretudo se o paciente apresentar lulas é infrequente devido, sobretudo, ao fato de que menos
função pulmonar limítrofe. A cirur- de 5% dos doentes com esta neoplasia se apresentam em
gia videoassistida (VATS) é a via de estágio inicial passível de tratamento cirúrgico na apresen-
acesso mais utilizada hoje por trazer tação. A quimioterapia e/ou radioterapia são as modalidades
benefícios como menor tempo de mais utilizadas de tratamento.
hospitalização e dor pós-operatória
por exemplo. Para pacientes com
indicação cirúrgica, mas que não TAKE HOME MESSAGE:
tenham reserva para tal, a radiote-
rapia estereotáxica corpórea é uma * Paciente com câncer de pulmão pequenas em estádio inicial
alternativa de tratamento. (sobretudo lesões pequenas e sem acometimento linfono-
dal) possui a lobectomia como principal forma de tratamen-
Em relação as condições clínicas para
to curativo caso apresente condições clínicas, especialmente
a realização da ressecção pulmonar,
cardiológicas e reserva pulmonar, para tal.
o paciente deve inicialmente passar
por avaliação de risco cardiológico FIGURA 1
para o procedimento (ver figura 2).
Se ele obtiver pontuação no Thoracic
revised Cardiac Risk Index (ThRCRI)
< 2, nenhuma condição cardíaca que
exija medicação, nenhuma suspeita
de doença cardíaca nova e consiga
subir dois lances de escada, ele está
apto para prosseguir para a segun-
da etapa da avaliação pré-opera-
tória. Nesta segunda fase (figura 3)
utilizam-se a espirometria e o teste
de difusão de monóxido de carno-
no (DLCO) para a avaliação da reser-
va pulmonar esperada para o pós-
-operatório (sigla ppo). Por exemplo,
se a cirurgia será uma lobectomia
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 47
FIGURA 2
48 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
FIGURA 3
* marca-passo transcutâneo;
* dobutamina;
* adrenalina;
Síncope sem pródromo em paciente idoso, exa-
* dopamina.
me físico com bradicardia. Realizado eletrocar-
diograma que mostra: ritmo regular, QRS largo
3\ . marca\-passo transvenoso\ .
com morfologia de BRE, frequência cardíaca de
42bpm e dissociação átrioventricular, logo, te- **Bradicardia estável:**
mos um bloqueio atrioventricular total (BAVT).
* BAV 2o grau Mobitz 2 ou BAVT: marca-passo
Note na derivação longa D2 que há atividade elé- transvenoso;
trica supraventricular e onda P regular, contudo,
não há relação entre a onda P e os complexos * bradicardia sinusal, ritmo juncional, BAV 1o
QRS, isto é a dissociação A-V. grau, BAV 2o grau Mobitz I: investigar causa.
**Bradicardia instável:**
52 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
A) Indicar parto com 34 semanas de gestação.
Comentário da alternativa:
Temos uma restrição de crescimento fetal
A restrição de crescimento fetal (RCF) é uma en-
sem alteração de doppler e em paciente sem
tidade bastante relevante e de etiologia multifa-
comorbidade (apesar de ter sido submetida
torial na obstetrícia. Vamos utilizar o que consta
a reprodução assistida). Nestes casos, não há
no Manual do Ministério da Saúde de 2022, ok?
necessidade de interrupção da gestação an-
tes do termo.
A RCF é definida como peso fetal menor que
B) Programar parto no termo precoce. percentil 3 para a idade gestacional, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), ou menor
Comentário da alternativa:
que percentil 10 pelo American College of Obs-
Novamente, paciente sem comorbidade com tetrics and Gynecology (ACOG). Cabe lembrar
RCF no percentil acima de 3 e sem alteração que a circunferência abdominal (CA) é menor na
de doppler; a idade gestacional de resolução presença de RCF, em virtude da diminuição do
é de 40 semanas, podendo ser feita indução tamanho do fígado, da diminuição do glicogênio
de parto. acumulado e da depleção do tecido adiposo da
C) Aguardar termo tardio. região abdominal. A RCF pode ser classificada
como precoce (antes de 32 semanas) ou tardia (a
Comentário da alternativa:
partir das 32a semana).
Paciente sem comorbidade com RCF no per-
centil acima de 3 e sem alteração de doppler; A dopplervelocimetria é um exame fundamen-
a idade gestacional de resolução é de 40 se- tal nos casos de RCF e acaba auxiliando inclusive
manas, podendo ser feita indução de parto. na diferenciação entre os fetos com restrição de
crescimento fetal por insuficiência placentária
D) Aguardar até 40 semanas de gestação.
(doppler alterado) daqueles pequenos constitu-
Comentário da alternativa: cionais (doppler normal). O estudo dopplervelo-
cimétrico é capaz de avaliar a circulação materna
A idade gestacional de meta para esta pacien-
(artérias uterinas), fetoplacentária (artérias um-
te é 40 semanas, podendo ser feita indução
bilicais) e fetal (artéria cerebral média, aorta ab-
de parto.
dominal, ducto venoso e seio venoso transverso).
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. Como não há tratamento para reverter ou inter-
romper a progressão da insuficiência placentária,
a avaliação da vitalidade fetal e a decisão do mo-
mento do parto são as principais estratégias no
manejo dessas gestações.
fetos com peso estimado entre o percentil 3 e 10, monitorar a vitalidade fetal 2 a 3 vezes por sema-
sem alterações do Doppler materno fetal. A ava- na, podendo o parto ser com 34 ou 37 semanas,
liação da vitalidade e do crescimento fetal pode com indução sendo alternativa aceitável.
ser realizada quinzenalmente, com possibilidade
de indução de parto com 40 semanas. * Estágio 3: RCF com Doppler da artéria umbilical
com diástole zero. A monitorização fetal a cada
* Estágio 1: RCF com Doppler fetal normal (insu- dois dias é aceitável, com internação a partir da
ficiência placentária leve). Aqui estão inclusos viabilidade e vitalidade fetal diária. Aqui, o par-
peso < percentil 3 sem alterações do Doppler ou to é recomendado com 34 semanas por cesárea
peso fetal estimado entre o percentil 3 e 10 com eletiva.
Doppler de artérias uterinas alterado. A avaliação
do crescimento fetal e da vitalidade (Doppler e * Estágio 4: RCF com Doppler da artéria umbilical
perfil biofísico fetal) pode ser realizada quinze- com diástole reversa ou ducto venoso com IP >
nalmente até 34 semanas; e, a partir disso, sema- percentil 95. Deve-se internar e prosseguir com
nalmente, com parto com 38 semanas, podendo vitalidade fetal diária. O parto pode ser a partir
ser induzido com cautela. Se o percentil de peso das 30 semanas, porém cabe também cesárea
estimado for <1, considerar o parto com 37 se- eletiva a partir da viabilidade da UTI neonatal (26
manas. semanas ou peso fetal estimado ≥500 g). O perfil
biofísico fetal <6/10 indica parto na viabilidade,
* Estágio 2: RCF com alterações do Doppler fetal. devido à sua alta associação com acidemia, nos
casos com menos de 30 semanas.
Inclui as seguintes: IP das artérias umbilicais >
percentil 95, IP da artéria cerebral média < per- * Estágio 5: RCF com Doppler do ducto venoso
centil 5, ou RCP (relação cerebro-placentária) com onda A reversa, cardiotocografia computa-
<1. A avaliação da vitalidade fetal (Doppler e dorizada <3 ms ou desacelerações da frequência
perfil biofísico fetal) realizada semanalmente é cardíaca fetal. Aqui, está indicado parto cesáreo
aceitável. Serviços com disponibilidade podem eletivo no momento do diagnóstico, a depender
da viabilidade da UTI Neonatal.
PFE peso fetal estimado / IP índice de pulsatilidade / AU artéria umbilical / ACM artéria cerebral mé-
dia / RCP relação cérebro placentária / DZ diástole zero / DR diástole reversa / DV ducto venoso /
CTB cardiotocografia.
54 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Cabe aqui relembrar o conceito de viabilidade: C) Ocitocina intramuscular após saída do om-
quando temos 50% dos recém nascidos sobre- bro anterior.
vivendo na vida extra-uterina. A depender do
Comentário da alternativa:
local, estamos falando de 24, 25 ou 26 semanas,
ou até mais. Esse é um parâmetro que varia em A ocitocina deve ser realizada para todas as
cada UTI neonatal. parturientes no 3º período do trabalho de par-
to com intuito de prevenção à hemorragia pós
parto.
* Pacientes com restrição de crescimento fetal D) Obtenção de acesso venoso para possível
sem alteração de dopplervelocimetria e sem co- administração de medicação.
morbidade podem atingir 40 semanas de gesta-
Comentário da alternativa:
ção, sendo a via de parto obstétrica.
A venóclise de rotina durante o trabalho de
parto não apresenta benefícios, pois limita a
ajuste de posicionamento e deambulação da
QUESTÃO 25:
paciente e tais liberdades são muito impor-
tantes para “desenrolar” do trabalho de parto.
O trabalho de parto e o parto são fenômenos fi-
siológicos, mas passíveis da ocorrência de even-
tos complicadores e consequentes desfechos COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
adversos, sendo um dos pilares da boa prática
obstétrica a adequada assistência ao parto. Des-
sa forma, em uma paciente de risco habitual, é
recomendada pela OMS a realização rotineira de:
ALTERNATIVAS:
A) Clampeamento precoce do cordão umbili-
cal. A anemia infantil, sendo a deficiência de ferro a
principal causa, aumenta a mortalidade infantil e
Comentário da alternativa: causa problemas de desenvolvimento cognitivo,
A recomendação é que seja realizado o clam- motor e comportamental. Com intuito de mini-
peamento tardio (1 a 3min pós parto) do cor- mizar tal deficiência, a recomendação da Organi-
dão umbilical a fim de diminuir risco para ane- zação Mundial de Saúde é de que haja um atraso
mia neonatal e infantil. ao clampeamento logo após o nascimento e isso
se baseia na compreensão de que este atraso
B) Episiotomia médio-lateral direita no 2º pe-
permite a passagem continuada do sangue da
ríodo.
placenta para o bebê durante mais 1 a 3 minutos
Comentário da alternativa: após o nascimento. Esse breve atraso é conheci-
A episiotomia, independente da técnica utili- do por aumentar as reservas de ferro do bebê em
zada, não deve ser realizada de rotina, pois tal até 50% aos 6 meses de idade nos bebês nasci-
prática mostrou-se prejudicial às pacientes, dos a termo.
devendo ser realizada apenas em casos sele-
cionados.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 55
C) Isoniazida até a completa resolução da lesão. 1ª-2ª semana: mácula avermelhada com endura-
ção de 5-15mm;
Comentário da alternativa:
Para este efeito adverso vacinal (abscesso 3ª-4ª semana: pústula no centro da lesão, segui-
frio), é recomendado tratamento com isonia- da de crosta;
zida até resolução completa da lesão.
4ª-5ª semana: úlcera com 4 mm a 10 mm de diâ-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. metro;
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
Questão traz um paciente de 2 meses com abs- Não se recomenda a revacinação de crianças
cesso frio ao redor da BCG. Vamos revisar as rea- que não apresentam cicatriz no local da aplica-
ções adversas a esta vacina, pois este é um im- ção após 6 meses. A OMS aponta que a ausência
portante assunto nas provas de pediatria. de cicatriz de BCG após a vacinação não é indi-
cativo de ausência de proteção. Estudos mostra-
A BCG é a vacina contra tuberculose produzida ram não haver benefício adicional da repetição
com bacilo Calmette e Guérin (bacilo de Myco- da vacina BCG.
bacterium bovis vivo e atenuado). Sua proteção é
maior para formas graves da doença (meningite Vamos relembrar as principais reações adversas
tuberculosa, tuberculose miliar e formas disse- locais desta vacina.
minadas), e a proteção é maior quando a vacina-
ção é mais precoce. Úlcera com diâmetro maior que 1 cm. Se não ci-
catrizar após 12 semanas, tratar com isoniazida
É intradérmica, aplicada na região deltoide do até a regressão completa da lesão.
braço direito. Dar uma dose na criança a partir
do nascimento, o mais precocemente possível. Abscesso subcutâneo frio: são frios, indolores e
tardios (até 3 meses da aplicação). Em torno do
Na evolução normal da lesão vacinal, temos: local da aplicação da vacina pode aparecer uma
área de flutuação, e pode fistulizar. Tratar com
isoniazida até a regressão completa da lesão.
58 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
maior impacto na redução da incidência a troca A reconstrução deve ser indicada em paciente
de decúbito a cada 2h. Também deve-se fazer com fatores de risco controlados e estado nutri-
uso de colchões especiais que melhoram a dis- cional adequado que apresentem úlcera profun-
tribuição da pressão (pressões maiores de que da adequadamente desbridada e não infectada.
32mmHg levam a redução de perfusão tecidual, Preferencialmente as lesões são cobertas com
pressões maiores do que 70mmHg por duas ho- retalhos locais ou à distância, pois permitem le-
ras causam danos irreversíveis aos tecidos), além var tecidos bem vascularizados e com espessu-
de manter o paciente limpo e seco e evitar for- ra adequada para cobrir áreas que em geral são
ças de cisalhamento. É importante salientar que pontos de apoio aos decúbitos.
cada um dos tecidos possui susceptibilidade di-
ferente à pressão, sendo aqueles com maior me- No pós-operatório os cuidados com decúbito
tabolismo os mais afetados, como por exemplo o devem continuar, deve-se evitar pressões sobre
músculo. Veremos que pode haver lesão muscu- o retalho pelo alto risco de isquemia e má cicatri-
lar sem que a pele esteja lesada. zação. O paciente deve realizar fisioterapia pre-
cocemente, ainda é discutível na literatura, mas
São importantes fatores de risco a imobilidade, mesmo os pacientes com úlceras sacrais podem
desnutrição, má perfusão tecidual e perda de ser liberados para sentar-se por períodos curtos
sensibilidade (o paciente vítima de trauma raqui- após 10 a 14 dias.
medular possui diversos desses fatores). A escala
de Braden reúne fatores como: nível de ativida-
de, umidade, fricção, status nutricional, mobili-
TAKE HOME MESSAGE:
dade e percepção sensorial para predizer o risco
do doente apresentar lesões por pressão, muito
* Devemos decorar a classificação das úlceras de
utilizada pela enfermagem, mas também de in-
pressão para nossa prova:
teresse do cirurgião plástico.
* ***NPUAP I*** \- Consiste em hiperemia que
Uma vez instalada a lesão, utilizamos a classi-
não desaparece após 1h da retirada da pressão\ ,
ficação de NPUAP (sim, mais uma classificação
os tecidos estão íntegros;
para decorar, porém podemos fazer uma ana-
logia com a classificação em graus das queima- * ***II*** – Bolha ou lesão de espessura parcial da
duras para facilitar). ***NPUAP I*** \- consiste derme;
em hiperemia que não desaparece após 1h da
retirada da pressão\ , os tecidos estão íntegros; * ***III*** – lesão de espessura total da derme,
***II*** – bolha ou lesão de espessura parcial da tecido subcutâneo pode estar exposto, mas não
derme; ***III*** – lesão de espessura total da der- estruturas mais profundas;
me, tecido subcutâneo pode estar exposto, mas
não estruturas mais profundas; ***IV***\- exposi- * ***IV***\- Exposição de osso\ , músculo\ , ten-
ção de osso\ , músculo\ , tendão ou articulação; dão ou articulação;
***Não classificável*** – lesão de espessura total,
porém recoberta por tecido necrótico; ***Lesão * ***Não classificável*** – Lesão de espessura to-
tecidual profunda*** – área arroxeada ou marrom tal, porém recoberta por tecido necrótico;
recoberta por pele intacta, ou bolha repleta de
* ***Lesão tecidual profunda*** – área arroxeada
sangue (esse é o exemplo de lesão de muscular
ou marrom recoberta por pele intacta, ou bolha
sem lesão da pele). Obs: a presença de infecção
repleta de sangue.
não altera o grau da lesão.
60 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Paciente feminina, 30 anos, parou o uso de con- D) Análogos de ação prolongada da somatos-
traceptivo oral há 8 meses com desejo de engra- tatina.
vidar. Porém, desde então, refere menstruações Comentário da alternativa:
irregulares e galactorréia a espressão mamaria.
Nega uso de qualquer medicamento. Traz os Ao contrário de adenomas produtores de
exames solicitados pelo ginecologista: beta HCG: ACTH (cushing) e GH (acromegalia), prolacti-
negativo, TSH 1,9 mUI/L (VR 0,5 a 4,5); T4 livre 1,2 nomas não são bons respondedores a análo-
ng/dl (VR 0,8 a 1,7), prolactina 118 ng/ml (VR 3 a gos de somatostatina.
24) e Ressonância Nuclear Magnética de hipófise
com imagem sugestiva de adenoma de 0,5 cm.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
Sobre este caso, o tratamento inicial mais ade-
quado é:
ALTERNATIVAS:
A) Cirurgia transesfenoidal.
Comentário da alternativa:
A cirurgia transesfenoidal é conduta de exce- Uma paciente em idade de menacme que ces-
ção para pacientes com prolactinoma, ao con- se o uso de contraceptivos orais, como neste
trário de pacientes com doença de cushing ou caso, é esperado que retorne ao ciclo menstrual
acromegalia. Isso porque mesmo macropro- habitual dentro de poucos meses. 97% retorna
lactinomas invasivos (incomuns) respondem à menstruação dentro de 3 meses. Assim, nesta
bem à terapia medicamentosa. Indicações paciente levanta-se a suspeita de alguma causa
cirúrgicas envolveriam principalmente au- secundária para a irregularidade menstrual. Ain-
mento do tamanho do tumor, a despeito do da, a galactorréia associada à hiperprolactinemia
tratamento medicamentoso adequado, apo- chamam a atenção para um possível diagnóstico
plexia hipofisária e compressão persistente de prolactinoma.
do quiasma óptico.
A hiperprolactinemia, definida como aumento
B) Agonistas dopaminérgicos.
do nível sérico de prolactina acima do limite su-
Comentário da alternativa: perior da normalidade, é uma causa frequente
Os lactotrofos tumorais habitualmente pos- de hipogonadismo hipogonadotrófico adquirido.
suem receptores dopaminérgicos, princi- Trata-se do distúrbio hormonal mais frequente
palmente D2, que, quando estimulados por do eixo hipotalâmico- hipofisário. De fato, está
agonistas, leva à inibição da divisão celular e presente em 10-25% das mulheres com amenor-
apoptose. réia secundária ou oligomenorreia, como neste
caso, e em aproximadamente 30% das pacien-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. tes com galactorreia ou infertilidade e em 75%
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 61
daquelas com amenorréia e galactorréia. Lem- Hiperprolactinemia leve a moderada pode tam-
brando a fisiologia da liberação de prolactina, é bém ser encontrada em pacientes com tumores
um hormônio produzido e secretado pela ade- que apresentam grandes áreas císticas. Nessa si-
no-hipófise (anterior) mas que possui inibição tuação, apesar do grande volume do adenoma,
tônica da dopamina produzida pelo hipotálamo, há reduzido número de células lactotróficas pro-
que chega à hipófise pela haste. Em casos de dutoras de PRL. Portanto, excluída a possibilida-
desconexão de haste ou drogas que diminuam de de efeito gancho e tumores císticos, um valor
a ação de dopamina, como antipsicóticos e al- de PRL < 100 ng/mℓ em um paciente portador de
guns anti-depressivos, a produção de prolactina um macroadenoma hipofisário praticamente ex-
será aumentada. Do mesmo modo, drogas que clui um macroprolactinoma e é altamente suges-
aumentem a secreção dopaminérgica diminuem tivo de um Adenoma Clinicamente Não Funcio-
os níveis de prolactina. nante que gerou alguma compressão da haste e,
portanto, diminui a inibição tônica da dopamina
Assim, quando se identifica uma hiperprolacti- e levou a uma hiperprolactinemia leve.
nemia deve-se primeiro descartar macroprolac-
tinemia (prolactina biologicamente inativa que O efeito gancho, que pode ocorrer em outros
fica ligada a uma auto-anticorpo) por meio de exames, basicamente é um falso valor normal,
precipitação com polietilenoglicol (PEG), des- diminuído ou pouco aumentado em situações
cartar causas secundárias como hipotireoidismo, em que o alvo dosado (no caso, prolactina) está
insuficiência hepática, insuficiência renal, lesões tão elevado que, em um imunoensaio com utili-
mamárias (até mesmo piercing) e drogas que zação de anticorpos “em sanduiche”, inibe a liga-
levam à hiperprolactinemia. Descartadas estas ção dos anticorpos ao alvo dosado e à placa de
causas e frente, portanto, a uma hiperprolacti- ligação, falseando os valores para baixo. Pode ser
nemia verdadeira, prosseguimos aos exames de contornado com diluição da amostra.
imagem de hipófise, destacando-se a Ressonân-
cia Magnética de Hipófise ou Sela Túrsica. Quanto aos prolactinomas em si, em sua maioria
são tumores benignos, não invasivos e que res-
A magnitude da elevação da PRL pode ser útil pondem bem ao tratamento medicamentoso.
para determinar a etiologia da hiperprolactine- Raros são os casos que necessitam de cirurgia. O
mia, pois valores mais altos são observados em tratamento de primeira linha envolve os agonis-
pacientes com prolactinomas. De fato, níveis de tas dopaminérgicos (cabergolina, bromocriptina)
PRL > 500 ng/mℓ quase sempre indicam a pre- que atuam sobre receptores dopaminérgicos
sença de prolactinoma. Por outro lado, a maioria nos lactotrofos tumorais inibindo sua replicação
dos pacientes com elevação dos níveis de PRL e até mesmo induzindo sua apoptose. É comum
por compressão da haste hipofisária, hiperpro- ver redução de volume tumoral com o tratamen-
lactinemia induzida por fármacos ou doenças to e eventualmente desaparecimento da doen-
sistêmicas apresenta níveis de PRL < 100 ng/mℓ. ça.
No entanto, exceções a essas regras não são ra-
ras. Fora isso, o tamanho do prolactinoma geral-
mente se correlaciona também com os níveis de
TAKE HOME MESSAGE:
hiperprolactinemia. Microprolactinomas (<1cm
no maior eixo) habitualmente cursam com níveis
* Hiperprolactinemia pode levar à disfunção
de prolactina entre 100 e 200 ng/mℓ enquanto
menstrual e infertilidade;
que níveis mais altos estão associados a macro-
prolactinomas (>1cm). * Antes de pedir RM de hipófise, deve-se des-
cartar causas secundárias de hiperprolactinemia
62 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
como hipotireoidismo, insuficiência renal hepá- B) Grande parte das necessidades volêmicas é
tica e uso de drogas; causada pelo aumento da permeabilidade
capilar, que permite a passagem de grandes
* Os prolactinomas são tumores habitualmente moléculas para o espaço intersticial, aumen-
benignos que respondem bem ao tratamento tando a pressão coloide osmótica extravas-
clínico com agonistas dopaminérgicos. cular.
Comentário da alternativa:
Quadro clínico:
A síndrome do escroto agudo (SEA) represen-
O escroto agudo na população pediátrica é defi-
ta uma das situações que exige maior agilidade
nido pelo quadro que se inicia com dor na região
no atendimento e no cuidado para condução do
inguinoescrotal, hiperemia e edema local, com
caso. A SEA tem como possíveis causas mais fre-
início abrupto ou em caráter insidioso. O quadro
quentes a torção testicular, a torção dos apên-
pode estar acompanhado de náuseas, febre, ede-
dices testiculares, as orquiepididimites, os trau-
ma local, inquietação e sudorese. A dor escrotal
mas testiculares e as hérnias inguinoescrotais.
66 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
aguda é típica da doença, e a torção de testículo e com perda do reflexo cremastérico é descrito
deve ser a primeira hipótese a ser considerada como a forma clássica de torção testicular. Tam-
em pediatria, dado o risco de lesão isquêmica bém deve-se pesquisar o sinal de Prehn; o alívio
com perda da gônada causada por retardo no da dor com a elevação do testículo afetado su-
tratamento ou erro diagnóstico. A dor na torção gere orquiepididimite, caso contrário, corrobora
de testículo é caracteristicamente escrotal, mas o diagnóstico de torção testicular.
pode ter irradiação lombar, inguinal ou abdomi-
nal. Náuseas e vômitos reflexos são frequentes A ultrassonografia com Doppler demonstra ima-
e ajudam no diagnóstico diferencial com torção gens anatômicas simultâneas em tempo real do
de apêndice testicular e orquiepididimite. Sinto- testículo e fornece informações valiosas sobre a
mas urinários são incaracterísticos. É importante perfusão vascular do testículo. O Power Doppler
inquirir quanto à presença de vida sexual ativa e e o Doppler pulsado devem ser otimizados para
infecções sexualmente transmissíveis (IST) para exibir o fluxo sanguíneo nos testículos e estru-
o diagnóstico diferencial em adolescentes. turas adjacentes. Os achados na ultrassonografia
sugestivos de torção testicular incluem testículo
Diagnóstico: aumentado, homogêneo e hipoecoico, com flu-
xo de cor ausente ou formas de onda Doppler es-
A história clínica e o exame físico são essenciais pectrais sugerindo aumento do índice de resis-
na avaliação do escroto agudo. O paciente ou tência vascular. As causas infecciosas de escroto
seus responsáveis, devem ser questionados so- agudo acarretam aumento no fluxo sanguíneo
bre o início e a duração dos sintomas contínuos para o testículo ou epidídimo. Abscessos tam-
ou intermitentes. História de esforço físico ou bém podem ser identificados, bem como a pre-
trauma direto, bem como quaisquer sinais ex- sença de gás subcutâneo na parede escrotal. As
ternos, são relevantes. Os sintomas associados, informações sobre o papel da RM no diagnóstico
como febre, disúria, frequência e/ou urgência de torção são limitadas. Embora apresente sen-
miccional, dor abdominal, dor nas costas ou per- sibilidade de 93% e especificidade de 100% para
da de peso, devem ser questionados. Também é o diagnóstico, sua disponibilidade e o tempo ne-
importante questionar sobre comorbidades rele- cessário para a conclusão podem limitar sua uti-
vantes, incluindo diabetes, insuficiência cardíaca lização.
congestiva ou qualquer estado de imunossupres-
são. O exame físico deve incluir inspeção visual Tratamento:
do abdome totalmente exposto, virilha, pênis e
escroto. Observar erupções cutâneas, úlceras, 1\ . Torção Testicular → Cirúrgico\ . O ponto de cor-
assimetria escrotal ou posição horizontal do tes- te “clássico” para o resgate da torção testicular é
tículo. O escroto, o períneo e as coxas devem ser a exploração cirúrgica e a destorção dentro de 6
palpados para sentir a presença de crepitação ou horas do início dos sintomas\ .
enfisema subcutâneo. O conteúdo escrotal deve
2\ . Torção dos apêndices testiculares → A condu-
ser palpado para comparar o tamanho relativo
ta clínica ou cirúrgica depende dos sintomas\ , e
dos testículos, detectar qualquer massa testicu-
a intervenção cirúrgica pode ser indicada para
lar ou outro conteúdo escrotal, como hérnias. A
excluir uma torção de testículo\ . Nos pacientes
uretra deve ser inspecionada quanto à secreção.
com sinais clínicos inequívocos e com quadro clí-
Finalmente, deve-se investigar bilateralmente
nico brando\ , o tratamento conservador é apro-
quanto à presença de reflexo cremastérico. O
priado\ .
testículo aumentado de tamanho, de consistên-
cia endurecida, doloroso, elevado (sinal de Brun-
3\ . Epididimite/orquiepididimite → tratamen-
zel, testis redux), horizontalizado (sinal de Angell)
to empírico pensando em cobertura para C\ .
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 67
* gentamicina + clindamicina;
* ampicilina + gentamicina;
ALTERNATIVAS:
A) Ativação da cascata de complemento.
Comentário da alternativa:
Há ativação da cascata de complemento, mas
Paciente escolar com quadro de edema palpe-
não é esta a base da fisiopatologia da doença.
bral, hematúria, redução da diurese e hiperten-
A deposição de imunocomplexos é que leva à
são. É um quadro muito típico de síndrome ne-
ativação do complemento.
frítica.
B) Tubulopatia proximal.
A síndrome nefrítica aguda cursa com hematú-
Comentário da alternativa:
ria, proteinúria e sobrecarga de volume (edema
A tubulopatia proximal não cursa com síndro- e hipertensão). A maioria dos casos na criança é
me nefrítica, é na verdade uma das causas pós-estreptocócica. O estreptococo pyogenes
de acidose tubular renal. Pode ter sintomas (grupo A) tem alguns subtipos que causam ne-
como poliúria, desidratação por perda de só- frite, sendo chamados de cepas nefritogênicas.
dio, anorexia, vômitos, constipação e hipoto- Tipicamente os sintomas surgem após um pe-
nia. Não se enquadra com o caso do paciente. ríodo da infecção estreptocócica (3 semanas de
faringite, 6 de infecção de pele).
C) Disfunção podocitária.
Comentário da alternativa: A lesão glomerular é causada por imunocomple-
xos. Existem 3 teorias sobre o mecanismo de le-
A disfunção podocitária é a fisiopatologia da
são glomerular pelo imunocomplexo. A primeira
síndrome nefrótica por lesões mínimas, cuja
é a formação de complexos antígeno-anticorpo
principal característica é a proteinúria maciça
na circulação, e eles seriam aprisionados no glo-
e anasarca. Não cursa classicamente com hi-
mérulo. A segunda é a deposição dos antígenos
pertensão e hematúria.
no glomérulo, com ligação do anticorpo in situ,
formando o imunocomplexo. A terceira é que al-
guns antígenos do pyogenes seriam semelhantes
70 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
TAKE HOME MESSAGE:
A) Solicitar ultrassonografia das mamas.
* Na síndrome nefrítica, temos hematúria, pro- Comentário da alternativa:
teinúria, edema e hipertensão. Em crianças, a
Não está indicada investigação de quadros
principal causa é a glomerulonefrite pós-estrep-
compatíveis com mini puberdade fisiológica.
tocócica, causada pelo pyogenes.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 71
ALTERNATIVAS:
A) Realizar hemograma e PCR.
Comentário da alternativa:
Estamos diante de um quadro provável de ri-
Rinossinusite é a inflamação da mucosa nasal e
nossinusite bacteriana, sendo indicada a ins-
dos seios paranasais. A rinossinusite aguda (RSA)
tituição de tratamento antibiótico empírico, e
comumente é consequência de uma infecção
não a realização de exames.
viral de vias aéreas superiores. Já a rinossinusi-
B) Radiografia de tórax. te crônica geralmente tem etiologia complexa e
Comentário da alternativa: multifatorial. Na faixa etária pediátrica a rinossi-
nusite é definida de acordo com os
Estamos diante de um quadro provável de ri-
nossinusite bacteriana, sendo indicada a ins- seguintes critérios diagnósticos: Presença de
tituição de tratamento antibiótico empírico, e dois ou mais sintomas: obstrução/congestão
não a realização de exames. nasal, rinorreia (anterior ou posterior), dor ou
C) Tomografia dos seios da face. pressão na face ou tosse, sendo que um dos sin-
tomas, obrigatoriamente, deve ser obstrução/
Comentário da alternativa:
congestão nasal ou rinorreia (anterior/posterior).
A tomografia computadorizada dos seios pa-
ranasais deve ser solicitada apenas em casos Rinossinusite aguda:
de suspeita de complicações da RSA ou ne-
A RSA é definida clinicamente com o início
cessidade de diagnóstico diferencial.
abrupto de dois ou mais dos seguintes sinto-
D) Iniciar antibioticoterapia empírica. mas: obstrução/congestão nasal, secreção nasal
Comentário da alternativa: incolor e tosse (diurna e noturna). Os sintomas
devem durar menos de 12 semanas. A RSA pode
Nosso paciente apresenta quadro compatível
também ser dividida entre viral, pós-viral e bac-
com rinossinusite aguda. Além disso, apre-
teriana. Para o diagnóstico clínico da rinossinusi-
senta o sinal da “dupla piora” (quando o pa-
te aguda viral ou resfriado comum, deve-se levar
ciente que já estava em processo de melhora
em conta a duração dos sintomas por menos de
dos sintomas apresenta nova exacerbação a
10 dias. A RSA pós-viral caracteriza-se por piora
partir do quinto dia de evolução), nos fazendo
dos sintomas após o quinto dia de evolução da
pensar em possível rinossinusite aguda bac-
doença ou persistência dos sintomas por mais
teriana. Sendo assim, indica-se a utilização de
de 10 dias. A rinossinusite bacteriana é definida
antibióticos empiricamente.
quando o paciente apresenta pelo menos 3 dos
seguintes sinais e sintomas: secreção nasal es-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
pessa/purulenta, dor local intensa, febre maior
que 38 ºC, aumento da velocidade de hemosse-
dimentação (VHS) ou proteína C-reativa (PCR),
“dupla piora” dos sintomas.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 75
A RSA bacteriana pode cursar com complicações Paciente de 35 anos comparece ao pronto socor-
que, apesar de raras, podem ser graves. As com- ro com quadro agudo de dor forte em segundo
plicações podem ser divididas em: orbitárias (ce- dedo do pé esquerdo. Durante a anamnese pa-
lulite pré e pós-septal, abscesso subperiosteal ciente relata que sente dor em perna esquerda
e orbital), intracranianas (meningite, empiema, há um ano. Associado ao quadro, refere que nos
trombose do seio cavernoso) e ósseas (osteo- últimos meses evoluiu com sintomas de pareste-
mielite). Os seguintes sinais e sintomas devem sias e alteração perfusional em dedos das mãos
ser sinais de alarme para complicações da RSA: (dedos descorados, alternando para cianose e
edema/hiperemia periorbital, distopia do globo hiperemia em seguida). Paciente tabagista um
ocular, diplopia, oftalmoplegia, diminuição da maço por dia há 20 anos. Nega comorbidades.
acuidade visual, cefaleia intensa, edema frontal, Exame físico sem alterações. Em pouco tempo
sepse, sinais de meningite e alterações neuroló- apresentou melhora do sintoma e você libera
gicas. A tomografia computadorizada dos seios alta com orientações de retorno se necessário.
paranasais deve ser solicitada apenas em casos Dois dias depois o paciente retorna referindo
de suspeita de complicações da RSA ou necessi- piora acentuado do sintoma, agora com o necro-
dade de diagnóstico diferencial. se e parestesia do mesmo dedo. Frente a esse
quadro, qual diagnóstico mais provável?
QUESTÃO 37:
Selecione a alternativa com a conduta correta
Mulher, 60 anos, no pós-operatório imediato nesse momento:
de tireoidectomia total por bócio mergulhante,
apresenta desconforto respiratório importan-
te, estridor e rouquidão iniciados há cerca de 10 ALTERNATIVAS:
min. À sua chegada ao leito, identifica a seguinte A) Encaminhar o paciente imediatamente ao
situação: frequência cardíaca de 40 bpm, satu- centro cirúrgico.
ração oxigênio: 60%, agitação psicomotora do
Comentário da alternativa:
paciente. Região cervical ilustrada em imagem
abaixo: Eventualmente, caso o diagnóstico de he-
matoma seja feito muito precocemente, até
mesmo dentro do centro cirúrgico, aí sim a
abordagem poderá ser feita lá (o que seria o
ideal). Porém, esse paciente encontra-se em
um estado emergencial e a descompressão
do pescoço deve ser feita imediatamente (não
dá tempo de levar para o CC, ela morre antes).
B) Chamar o time de resposta rápida para intu-
bação do paciente.
Comentário da alternativa:
Mais importante que a intubação (que, mui-
tas vezes, não é nem factível nessa situação
devido ao edema mucoso da faringe/laringe
por diminuição do retorno venoso dos vasos
cervicais), é a evacuação do hematoma.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 79
C) Abrir, à beira leito, a incisão, retirar o hema- O hematoma cervical é uma complicação não
toma e permeabilizar a via aérea. tão infrequente, mas que possui morbidade e/
ou mortalidade elevada quando não abordado.
Comentário da alternativa:
O quadro clínico de um paciente com hematoma
A abertura da ferida operatória deve ser feita geralmente inclui abaulamento cervical, descon-
de imediato onde o paciente estiver. forto/insuficiência respiratória, estridor e agita-
ção. Nesse momento, o médico que estiver pró-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
ximo deve prontamente realizar a evacuação do
sangue acumulado (se não der tempo de ser no
D) Administrar dormonid para diminuir a agita-
centro cirúrgico, a beira leito mesmo!) para dimi-
ção psicomotora do paciente.
nuir a pressão do compartimento central e impe-
Comentário da alternativa: dir a progressão do quadro. Em seguida, tirada a
A agitação psicomotora do paciente é decor- situação emergencial, explorar (aí sim, idealmen-
rente de uma insuficiência respiratória! Se não te, no centro cirúrgico) novamente o pescoço em
evacuar o hematoma não precisa nem se dar busca de algum sangramento ativo.
ao trabalho de fazer o midazolam porque logo
O caso da questão ilustra exatamente essa situa-
logo o paciente dorme - só que não acordará
ção. Não apenas o paciente está com um hema-
mais.
toma cervical gerando repercussões respiratórias
quanto está numa situação extrema! Repare que
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: a insuficiência respiratória está causando dessa-
turação e bradicardia (ou seja, mais um pouco
esse paciente terá uma parada cardiorrespirató-
ria por hipóxia se nada for feito). Dessa forma, o
mais emergencial a ser feito é abrir a ferida ope-
ratória e evacuar o conteúdo ali represado para
permeabilizar a via aérea desse paciente.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
artéria. Os sintomas podem ser agudos, devido a D) Os agentes etiológicos mais comuns da va-
trombose venosa, ou crônicos, secundários a con- ginite aeróbica são Escherichia coli, Staphy-
gestão venosa. lococcus aureus, Streptococcus agalactiae e
Enterococcus faecalis.
Comentário da alternativa:
TAKE HOME MESSAGE:
A vaginite aeróbica ocorre pela ação de bac-
térias entéricas no canal vaginal e as expostas
* Identificar e entender a fisiopatologia dos even-
na alternativa são as mais prevalentes.
tos trombóticos na Sd de Cockett.
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
* Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) in- secura, ardência e dispareunia. O tratamento
travaginal ao deitar durante cinco dias; pode ser realizado com reposição estrogênica
tópica, hidratantes vaginais, uso de lubrificantes
* Clindamicina creme 2% – 5g (um aplicador) in- durante relação sexual e, mais recentemente, la-
travaginal ao deitar durante sete dias. ser vaginal.
B) Administração de sulfato de magnésio e re- (DHEG). Esta, por sua vez, é definida como aumen-
solução da gestação após estabilização do to dos níveis pressóricos acima de 140x90mmHg
quadro. associado a proteinúria maior ou igual a 300 mg
em urina de 24h e/ou edema generalizado (mãos e
Comentário da alternativa:
face), a partir das 20 semanas de gestação. O con-
A paciente apresenta pressão arterial elevada trole pressórico durante a gestação em pacientes
e história de aumentos pressóricos a partir do com DHEG é extremamente importante justa-
3º trimestre da gestação. Dessa forma, pode-se mente para evitar a eclâmpsia. Toda convulsão
inferir que ela apresenta DHEG. O quadro con- tônico-clônica generalizada em paciente que não
vulsivo, portanto, constitui eclâmpsia. Nesse apresenta antecedente de epilepsia deve ser tra-
caso, deve-se administrar sulfato de magnésio tada como eclâmpsia até que se prove o contrário,
e aguardar estabilização do quadro (2-3h) para para evitar a reincidência das convulsões e piora
resolução da gestação. do quadro materno e fetal. Diante do diagnósti-
co de eclâmpsia é necessário iniciar o tratamento
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
medicamentoso juntamente com a estabilização
materna. Este consiste em sulfato de magnésio,
C) Administração de sulfato de magnésio, be-
que pode ser administrado de diferentes formas,
tametasona e acompanhamento da vitalida-
de acordo com o esquema preconizado no ser-
de fetal até 37 semanas.
viço. Nos casos de eclâmpsia e com viabilidade
Comentário da alternativa: fetal, a resolução da gestação está indicada após
A corticoterapia não está indicada, pois a par- estabilização clínica materna. Para isso, geralmen-
tir de 34 semanas já existe maturidade pul- te aguarda-se de 2 a 3h após a dose de ataque
monar fetal. Além disso, diante de quadro da medicação. O sulfato de magnésio deverá ser
de eclâmpsia com feto viável, a resolução da mantido por 24h após o parto.
gestação está indicada.
D) Indução do parto e administração de sulfato
de magnésio no puerpério imediato. TAKE HOME MESSAGE:
Comentário da alternativa:
* Diante de gestante com convulsões tônico-clô-
A administração do sulfato de magnésio deve nicas generalizadas e antecedente de DHEG de-
ser desde o início do quadro e mantida até 24h ve-se sempre instituir tratamento para eclâmpsia
após o parto. com sulfato de magnésio e programar resolução
da gestação após estabilização do quadro clínico
materno.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
QUESTÃO 41:
C) Mesentérica inferior.
Comentário da alternativa:
A artéria mesentérica inferior é ligada de
maneira sistemática na correção aberta dos
aneurismas, e pode ser reimplantada a depen-
der dos achados intraoperatórios, mas isso
também não é regra. Nas revascularizações
aorto ilíacas acontece o mesmo, e na maior
parte dos pacientes isso não tem repercussão
clínica pela compensação da circulação cola-
teral. Quando há repercussão, geralmente é a
isquemia do território irrigado pela AMI, sig-
móide e reto.
ALTERNATIVAS:
A) Rituximabe. COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
Comentário da alternativa:
Apesar de ser um excelente tratamento para
as vasculites ANCA associadas, a terapia ime-
diata é a pulsoterapia com corticoide, que tem
um efeito de início mais rápido. O rituximabe
demora mais a iniciar seu efeito imunossu-
pressor, de forma que o corticoide é neces-
sário para controle de doença antes que ela A questão mostra um homem de meia-idade
gere maior dano ao paciente. Outro fator inte- usuário de cocaína que inicia quadro de ciano-
ressante é que, após suspensão da droga que se, dor e edema de pododáctilos, anemia, posi-
ocasionou, a chance de recorrência é muito tividade de ANCAp, hematúria dismórfica, pro-
mais e, muitas vezes, não é necessária terapia teinúria subnefrótica e perda de função renal.
de manutenção (mas deve ser avaliado indivi- Para responder essa questão, além da avaliação
dualmente). do quadro clínico, que sugere um comprometi-
mento vascular, o candidato deve ter um concei-
B) Imunoglobulina. to importante, que é a associação da vasculite
Comentário da alternativa: ANCA associada, especialmente a granuloma-
tose com poliangiíte, com o uso de cocaína. Isto
Não é uma terapia de primeira linha para tra-
deve-se à frequente contaminação da cocaína
tamento de vasculite ANCA associada.
com uma substância chamada levamisol, que
pode levar a manifestações típicas de vasculites
ANCA associadas. Dessa forma, sabendo desta
associação, a presença de sintomas vasculares,
alterações renais e positividade do ANCA deve
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 87
fazer com que a hipótese de vasculite ANCA as- de dias, ocorrendo principalmente em pacientes
sociada induzida por droga seja uma das mais com MPA.
prováveis. Apesar de todas as opções conterem
medicamentos utilizados para o tratamento de Manifestações otorrinolaringológicas são muito
vasculite ANCA associada (VAA), a questão so- mais comuns em pacientes com GPA e incluem
licita a conduta imediata. Em um paciente com crostas nasais, sinusite, otite média, otalgia,
perda de função renal por glomerulonefrite, a otorreia, rinorreia persistente, secreção nasal
pulsoterapia com corticoide deve ser a primei- purulenta/sanguinolenta, úlceras orais e/ou na-
ra medida, devido a um efeito mais rápido para sais, entre outras. Pode haver ainda surdez neu-
controle de atividade de doença. Posteriormen- rossensorial. Pacientes com GPA ou MPA podem
te, o rituximabe é a medicação de escolha para apresentar comprometimento das vias aéreas ou
indução e manutenção de remissão, segundo os parênquima pulmonar causando rouquidão, tos-
guidelines mais atuais. se, dispnéia, estridor, sibilância, hemoptise ou
dor pleurítica. O envolvimento renal também é
As VAA são um grupo de distúrbios que incluem comum em ambas condições. A apresentação tí-
granulomatose com poliangiite (GPA), polian- pica do envolvimento renal é a de uma glomeru-
giite microscópica (MPA), vasculite limitada ao lonefrite rapidamente progressiva.
rim e granulomatose eosinofílica com poliangii-
te (EGPA). Caracteristicamente, afetam vasos de O teste para autoanticorpo citoplasmático an-
pequeno calibre e tem características semelhan- tineutrófilo (ANCA) deve ser realizado em qual-
tes na histologia renal. GPA e MPA ocorrem mais quer paciente adulto que apresente sintomas
comumente em adultos mais velhos, embora es- sugestivos de vasculite. O valor preditivo do tes-
sas doenças tenham sido relatadas em todas as te ANCA depende muito da apresentação clíni-
idades. Não há predileção por sexo. ca do paciente no qual o teste é realizado. Lem-
brando que um ensaio ANCA negativo não exclui
Os pequenos vasos sanguíneos de quase qual- o diagnóstico. Sempre que possível, o diagnósti-
quer órgão podem estar envolvidos na GPA e co de GPA ou MPA (ou vasculite limitada ao rim)
MPA, mas os tratos respiratórios superior e in- deve ser confirmado por biópsia de um local de
ferior e os rins são mais comumente afetados. suspeita de doença ativa.
Estes pacientes geralmente apresentam sinto-
mas inespecíficos, incluindo febre, mal-estar, O tratamento, de forma geral, vai depender da
anorexia, perda de peso, mialgias e artralgias. Os gravidade da doença, ou seja, se há ou não amea-
sintomas prodrômicos podem durar de sema- ça a órgãos ou a vida. Isso vai definir a dose ini-
nas a meses sem evidência de envolvimento de cial de corticoide e a medicação de escolha. Em
órgãos específicos. Quando as lesões envolvem pacientes com doenças ameaçadoras a órgãos
ouvido, nariz e garganta (ENT), outros sintomas ou a vida, deve-se iniciar com pulsoterapia com
podem incluir rinossinusite, tosse, dispneia e he- metilprednisolona, seguido por rituximabe (pre-
moptise. Outros achados típicos podem incluir ferencialmente) ou ciclofosfamida. Em doenças
anormalidades urinárias (hematúria, proteinúria, não ameaçadora, a pulsoterapia é prescindível e
sedimento urinário ativo) com ou sem compro- doses mais baixas de corticoide devem ser uti-
metimento da função renal, lesões purpúricas na lizadas. A medicação de indução e manutenção
pele ou evidência de disfunção neurológica (par- vai depender de vários aspectos, mas pode-se
ticularmente pé ou punho caído). Ocasionalmen- considerar o uso de metotrexato ou rituximabe
te, os pacientes podem se apresentar de forma como terapia de primeira linha.
mais aguda, com evolução durante um período
88 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
* VAA: granulomatose com poliangiite (GPA), po- São passíveis de tratamento por ligadura elástica
liangiite microscópica (MPA), vasculite limitada quais hemorroidas?
ao rim e granulomatose eosinofílica com polian-
giite (EGPA);
ALTERNATIVAS:
* Afetam vasos de pequeno calibre; A) Hemorroidas externas e internas, indepen-
dentemente do grau.
* Epidemiologia GPA e MPA: adultos mais velhos,
não há predileção por sexo; Comentário da alternativa:
Ligadura elástica é contraindicada nas hemor-
* Quadro clínico: sintomas inespecíficos, incluin-
roidas externas.
do febre, mal-estar, anorexia, perda de peso,
mialgias e artralgias; lesões envolvendo ouvido, B) Hemorroidas internas, graus III e IV.
nariz e garganta (ENT); anormalidades urinárias Comentário da alternativa:
(hematúria, proteinúria, sedimento urinário ati-
Hemorroidas grau IV – tratamento cirúrgico.
vo) com ou sem comprometimento da função
renal; lesões purpúricas na pele; disfunção neu- C) Hemorroidas internas trombosadas.
rológica (particularmente pé ou punho caído);
Comentário da alternativa:
* ANCA deve ser realizado em qualquer pacien- Ligadura elástica é contraindicada nas hemor-
te adulto que apresente sintomas sugestivos de roidas trombosadas.
vasculite. ANCA negativo não exclui o diagnós-
D) Hemorroidas internas, graus II e III.
tico;
Comentário da alternativa:
* Sempre que possível, o diagnóstico de GPA ou
Melhor opção para o uso da ligadura elástica.
MPA (ou vasculite limitada ao rim) deve ser con-
firmado por biópsia de um local de suspeita de A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
doença ativa;
###### Referências:
* A teoria mecânica = degeneração dos tecidos O diagnóstico é através do exame físico: Inspe-
de sustentação; ção, toque retal e anuscopia.
* Pomadas anestésicas podem ser utilizadas; Para responder, precisamos então saber quando
está indicado a ligadura elástica das hemorroi-
* Banho de assento (mais para as externas); das.
Indicado para hemorroidas grau III ou IV, com Uma mulher com 20 anos de idade é atendida
complicações recorrentes. no Pronto−Socorro de um hospital. Seu acompa-
nhante relata que, há cerca de 20 minutos, ela
Existem várias opções de tratamento cirúrgico bateu a cabeça após tropeçar em um degrau e
para as hemorroidas. sofrer uma queda. Houve perda da consciência
e um episódio de vômito. Ao exame físico, a pa-
O mais conhecido é a cirurgia de Milligan-mor- ciente apresenta abertura ocular espontânea,
gan, a hemorroidectomia aberta. Mas podemos responde de forma confusa e obedece às ordens
também realizar hemorroidectomias abertas, o solicitadas, movimentando corretamente os
PPH (grampeador circular), entre outros. membros superiores e inferiores; as pupilas en-
contram−se isocóricas e fotorreagentes. Consi-
E as externas?
derando a história clínica da paciente e os dados
do exame físico, assinale a opção que apresenta,
Estas, raramente precisam de tratamento cirúr-
respectivamente, a principal hipótese diagnósti-
gico, sendo resolvidas com medidas clínicas.
ca e a conduta adequada ao caso:
Em casos de trombose de hemorroida externa,
aguda, podemos fazer a incisão local e ressec-
ção. Casos com duração > 48h vão ser resolvidos
com tratamento clínico.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 91
Nessas situações a conduta é simples e direta: B) Paciente com indicação de cirurgia, mas de-
drenagem da coleção. A retirada de pontos par- vemos esperar o parto pelo risco aumentado
cial permite a drenagem adequada e podemos de parto prematuro nessa idade gestacional.
considerar o foco abordado, sem necessidade de
Comentário da alternativa:
antibioticoterapia.
Essa conduta poderia ser tomada se a pacien-
Infecções mais profundas necessitam de anti- te apresenta -se sintomas leves, controlados
biótico e por vezes necessitam de abordagem com dieta e sintomáticos o que não é o caso
cirúrgica ou de drenagem. da nossa paciente que foi ao PS 3x no último
mês.
C) Indicada cirurgia eletiva para o caso, prefe-
TAKE HOME MESSAGE: rencialmente pela técnica laparoscópica.
Comentário da alternativa:
* Infecção de ferida operatória **superficial =
drenagem.** A paciente não apresenta uma indicação cirúr-
gica de urgência : colecistite aguda, gangre-
na ou perfuração da vesícula, mas apresenta
indicação cirúrgica que pode ser programa-
QUESTÃO 46:
da, ainda durante a gestação. Como vimos o
acesso cirúrgico deve ser o padrão ouro, ou
Uma gestante de 28 anos, com 22 semanas de
seja videolaparoscópico.
gestação, apresenta desde o 1º trimestre de ges-
tação apresenta vômitos e dores na barriga. No A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
início, achava ser natural gravidez, mas como o
sintoma não melhorava e no último mês e foi D) Manejo é clínico, já que a paciente não se
3x ao pronto socorro com dor epigástrica, falou encontra com a forma aguda da doença.
com seu obstetra na última consulta sobre o pro-
Comentário da alternativa:
blema. Solicitado ultrassonografia de abdome
total, a qual demonstrou achados sugestivos de Paciente com indicação cirúrgica de trata-
colecistopatia calculosa crônica. Considerando a mento: colecistopatia sintomática.
principal hipótese diagnóstica, escolha a condu-
ta correta:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
ALTERNATIVAS:
A) Paciente com indicação cirúrgica, sendo a
cirurgia videolaparoscópica contraindicada
nesta idade gestacional.
Comentário da alternativa:
Paciente com indicação cirúrgica, mas como Vamos direto ao ponto e abordar o tema gesta-
vimos no texto não há contra indicação a via ção e gravidez...
laparoscópica apenas pelo estado gravídico.
Na verdade essa é a via de escolha atualmen- **Gestação é fator de risco para formação de cál-
te em qualquer idade gestacional, com prefe- culos na vesícula biliar?**
rência para o 2 e 3° trimestres.
Sim! Durante a gravidez, ocorre maior produção
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 95
**Gestantes podem ser submetidas a colecistec- E a colangiografia? Pode ser realizada se a ana-
tomia durante a gravidez?** tomia biliar não estiver clara ou na suspeita de
cálculo na via biliar principal. O feto pode ser pro-
Sim! Estando indicado, este procedimento pode tegido com avental de chumbo, com exposição
ser idealmente realizado no segundo ou terceiro insignificante a radiação ionizante.
trimestre de gestação, sendo preferível sua reali-
zação no segundo trimestre, pelo menor risco de
trabalho de parto prematuro.
TAKE HOME MESSAGE:
**Qual as indicações de colecistectomia em ges-
tante com doença biliar calculosa?** * Modificações gravídicas que aumentam risco
de doença calculosa biliar: elevação de estrogê-
Caso as cólicas biliares se tornem repetidas e não nio e progesterona: maior concentração de co-
respondam a medidas dietéticas e analgésicas, lesterol e menor motilidade da vesícula biliar;
a cirurgia pode ser a cirurgia pode ser indicada.
* Tratamento para doença sintomática: cirurgia
**Quando é melhor o manejo clínico da doen- videolaparoscópica (padrão ouro);
ça?**
* Caso haja complicações graves da doença bi-
Quando não preenchem nenhum dos critérios liar calculosa como colecistite aguda, gangrena
acima: os sintomas são curtos e controlados com ou perfuração da vesícula, as condutas cirúrgicas
dieta e medicação. Nesse caso deve -se esperar são as mesma da não grávida:
6 semanas para realizar a colecistectomia
* Colecistite aguda = cirurgia na mesma inter-
**Mas qual Método de escolha atualmente?** nação;
• Trauma cervical: dilatação intempestiva do colo Existe ainda uma terceira situação, aquela em
uterino, aplicação de fórceps na ausência de cer- que há cervicodilatação ou protrusão de mem-
vicodilatação completa e tratamento para neo- branas na ausência de contrações e trabalho de
plasia do colo uterino; parto nesta gestação. Neste caso, vamos avaliar
a possibilidade de realização de cerclagem de
• Malformações uterinas congênitas; emergência, até no máximo 24 a 26 semanas de
gravidez.
• Defeitos do colágeno, como síndrome de Mar-
fan e síndrome de Ehlers-Danlos; A cerclagem geralmente é realizada pela via va-
ginal. Nos casos de cerclagem eletiva, não há
• Antecedente de encurtamento cervical ante- necessidade de utilizar progesterona via vaginal
rior: apesar de grande parte das pacientes com - porém nas cerclegens profilática e de emer-
encurtamento do colo uterino não evoluírem gência, pode haver benefício no uso da proges-
com parto pré-termo, o antecedente de encur- terona via vaginal.
tamento do colo deve ser visto com cautela.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 99
B) Introduzir Ceftriaxone IM uma vez ao dia e A celulite periorbital pré septal consiste em infla-
acompanhar ambulatorialmente. mação das pálpebras e do tecido periorbital sem
Comentário da alternativa: sinais de envolvimento da órbita, e é uma forma
de celulite facial. É comum em crianças, geral-
Não é suficiente utilizar somente ceftriaxona
mente menores de 5 anos, e pode ser causada
para este caso, pois também devemos ter co-
diretamente por bacteremia (geralmente nos <3
bertura para Stpahylococcus aureus com oxa-
anos), sinusite, trauma ou outras feridas ao redor
cilina. Além disso, o paciente deve ser tratado
da região, ou um abscesso da pálpebra (hordeo-
em internação hospitalar até constar melhora
lo, conjuntivite, dacriocistite, mordida de inseto).
do quadro.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 105
O quadro clínico envolve edema, eritema e hi- 2. Gappy, Christopher. “Preseptal cellulitis”, Up-
peremia peri-orbitária, com proptose, dor a ToDate. Disponível em Preseptal cellulitis - Up-
movimentacao ocular, diplopia, ou baixa de vi- ToDate , acesso em 26/11/22.
são. Pode ter sintomas sistêmicos, como febre
e toxemia. A tomografia contrastada confirma
o diagnóstico evidenciado o acometimento dos QUESTÃO 52:
tecidos orbitários, e também pode ajudar a iden-
tificar complicações (abcessos orbitários e sub- Um menino de 13 anos de idade, previamen-
periosteais, trombose de seio cavernoso, abces- te hígido e sem queixas, apresenta afinamento
so cerebral). e hipervascularização da bolsa escrotal, volume
testicular correspondente a 4 ml bilateralmente.
O tratamento é parenteral sempre, com asso- Não apresenta aumento do volume peniano ou
ciação de oxacilina e ceftriaxona. Manter trata- pelos pubianos. Sua altura atual é de 1,40 m (en-
mento parenteral até 48h afebril, com melhora tre z-escores −2 e −3) e, há 6 meses, media 1,36
do estado geral e do aspecto da lesão. Pode ter- m. Realizada IO que foi sugestiva de 13 anos.
minar o tratamento por via oral, com total de 14
a 21 dias. Este menino apresenta
ALTERNATIVAS:
A) Ceftriaxone intramuscular.
Comentário da alternativa:
Esta paciente não parece ter nenhum sinal de
complicação que justifique tratamento paren-
teral.
B) Observação clínica.
Comentário da alternativa:
Temos uma paciente menor de 2 anos com
otite bilateral ao exame físico. Esta é uma das
indicações de antibioticoterapia nesta faixa
etária.
C) Amoxicilina + clavulanato.
TAKE HOME MESSAGE:
Comentário da alternativa:
* O atraso puberal é diagnosticado com meninas Neste caso, não há suspeita de hemófilos,
sem telarca até os 13 anos, e meninos sem gona- portanto não é recomendado o uso de clavu-
darca aos 14 anos. lanato.
QUESTÃO 53:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
Pré-escolar de 14 meses de idade, sexo feminino,
apresenta otalgia moderada há 24 horas e tem-
peratura de 38,5 °C. Otoscopia revelou opacida-
de, hiperemia e abaulamento leve de membrana
timpânica bilateralmente. A história revela que
a criança não recebeu antibióticos nos últimos
30 dias, nem apresentou conjuntivite purulenta.
Não há antecedentes de alergia a medicamen-
tos. Entre as opções abaixo, a melhor conduta Paciente de 1 ano e 2 meses com febre de 38,5ºC
inicial, segundo a Academia Americana de Pe- e otalgia moderada há 1 dia. Ao exame físico,
diatria, é analgésicos e: apresenta otite média aguda bilateral. A questão
aborda o tratamento desta condição tão comum
na pediatria.
108 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
A otite média aguda é a inflamação da mucosa da do mesmo lado da otite). Casos complicados de-
membrana timpânica e efusão em orelha média. vem receber cefalosporinas de terceira geração
Tem maior incidência em lactentes e pré-escola- (EV ou IM). Macrolídeos são reservados para alér-
res, e 90-95% dos casos são precedidos de IVAS. gicos às primeiras escolhas.
A fisiopatologia envolve o acúmulo de secreção
em orelha média e redução da ação mucociliar, **A tabela abaixo resume a indicação de antibio-
com crescimento de bactérias na secreção. ticoterapia.**
C) Drepanócitos.
A) Esferócitos.
Comentário da alternativa:
Os esferócitos são células características de
esferocitose hereditária e anemia hemolítica.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
**Abscesso pulmonar**
**Avaliação** **Tratamento**
###### **Referências:**
**O diagnóstico é clínico**, baseado na radiolo-
gia, quadro clínico e culturas, com resposta à an-
1. Uptodate: Lung abscess in adults (feverei-
tibioticoterapia. Devemos lembrar que em quase
ro/2023).
metade dos casos, não é isolado o patógeno.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 117
**Nódulos subsólidos**
A **tomografia de tórax** é o método mais utili-
zado, e permite avaliar crescimento, tamanho, e
São aqueles que são puramente em vidro fosco,
localização do nódulo, além de sua atenuação e
ou que são em parte sólidos e em parte em vi-
aspecto. O ideal é que seja feita de cortes finos
dro fosco. São geralmente menos passíveis de
(1 mm).
biópsia. O risco de malignidade depende de seu
tamanho e presença de componente sólido. O
O **PET-CT** (tomografia por emissão de pósi-
risco é baixo em nódulos pequenos (<ou= 10mm)
trons) combina imagens como a da tomografia
que são puramente vidro fosco.
com avaliação do metabolismo das células. Pode
ser usado para avaliar nódulos que foram desco-
**Nódulo <6mm** não necessita de seguimento.
bertos em outros exames, que tenham compo-
nente sólido maior que 8mm. É útil para diferen- **Nódulo >ou= 6mm:**
ciar malignidade e benignidade (nódulos sólidos
maiores que 8mm que não são positivos no meio Seguimento com tomografia em 6-12 meses.
de contraste do PET são provavelmente benig-
nos). É um exame específico e sensível, mas vale Caso estável, tomografias de seguimento a cada
2-5 anos.
120 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Caso crescimento ou componente sólido novo, 1. Uptodate: Clinical manifestations of lung can-
prosseguir com biópsia. cer (janeiro/2023);
o resultado clínico. Por essas razões, os fatores Para pacientes sem fonte clara de bacteremia
clínicos (incluindo melhora sintomática e tempo e risco aumentado de desfecho ruim (incluindo
para eliminação da bacteremia) são os indicado- doença crítica, idade > 65 anos, doença renal,
res mais importantes da resposta à terapia anti- infecção da coluna vertebral, uso de drogas in-
microbiana. jetáveis e/ou terapia anterior com vancomicina),
sugerimos mudar para terapia combinada com
**Tratamento inicial** − O tratamento inicial da daptomicina mais ceftarolina (Grau 2C), se su-
bacteremia por Staphylococcus aureus resisten- portado por dados de suscetibilidade. Continua-
te à meticilina (MRSA) consiste em monoterapia mos a terapia combinada até que a bacteremia
com vancomicina. desapareça com resolução da febre e melhora
clínica, então concluímos o tratamento com mo-
**Tratamento personalizado** − Após o início do
noterapia com daptomicina.
tratamento com antibióticos para bacteremia
por MRSA, as hemoculturas devem ser repetidas Para pacientes com uma fonte clara de bactere-
para documentar a eliminação da bacteremia. A mia (como infecção de pele/tecidos moles) na
falha na eliminação da bacteremia dentro de 48 a ausência dos fatores de risco acima, sugerimos
72 horas após o início da terapia deve levar a uma mudar de vancomicina para monoterapia com
avaliação adicional. daptomicina (Grau 2C). No entanto, a daptomici-
na não deve ser usada em pacientes com bacte-
* Resposta inicial favorável - Para pacientes com
remia atribuível a uma fonte de pneumonia, visto
resposta clínica favorável ao tratamento inicial
que o surfactante pulmonar inativa a daptomici-
(eliminação da bacteremia em 48 a 72 horas),
na.
continuamos o tratamento com monoterapia
com vancomicina.
Questão que vem se tornando comum nas pro- Avaliação rápida inicial – O clínico deve realizar
vas - avaliação da etiologia da dispneia no pronto um exame físico de triagem procurando sinais
socorro com suporte de POCUS. de parada respiratória iminente ou dificuldade
respiratória significativa em todos os pacientes
Neste caso vemos imagens compatíveis com a com queixa de dispneia aguda. Sinais de perigo
presença de linhas A e lung sliding presente (si- clínico – Sinais que indicam parada respiratória
nal da praia no modo M), achados que são in- iminente incluem:
compatíveis com derrame pleural, pneumotórax
ou edema pulmonar. * Estado mental deprimido;
Ficamos assim com alternativa A, quadro de obs- * Incapacidade de manter o esforço respiratório;
trução de VA/Broncoespasmo, que não apresen-
ta alterações no ultrassom quando comparados * Cianose.
a pulmão normal.
Sinais sugestivos de desconforto respiratório
**DISPNEIA NO PRONTO SOCORRO:** grave incluem:
Opções para oxigenação e suporte ventilatório: Uma abordagem algorítmica para avaliação da
insuficiência respiratória aguda que recomenda
* Cânulas nasais de alto fluxo (HFNC) – Fornece o exame de três pontos bem definidos no tórax
uma fração relativamente alta de oxigênio ins- (anterior, lateral e póstero-lateral) bilateralmen-
pirado (FiO2) para pacientes com insuficiência te (o protocolo BLUE). Com base nos achados
respiratória hipoxêmica não hipercápnica grave ultrassonográficos derivados desses pontos de
e é frequentemente usada em pacientes com exame, a etiologia da insuficiência respiratória
COVID-19. pode ser identificada em uma alta proporção de
casos. Este algoritmo distingue-se pela sua sim-
* Ventilação não invasiva (NIV) – Fornece pressão plicidade e facilidade de utilização, mas existem
positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) ou pres- outros protocolos sem nenhum estudo que de-
são positiva em dois níveis nas vias aéreas (BiPAP) monstre a superioridade de um sobre o outro.
por meio de uma máscara e é melhor para pacien-
tes com insuficiência cardíaca descompensada Técnicas adicionais usadas para obter imagens
aguda (ADHF) ou exacerbação de DPOC. de ultrassonografia pulmonar e pleural, as van-
tagens e desvantagens do UST em comparação
* Ventilação mecânica – A intubação endotra- com a imagem radiográfica tradicional do pul-
queal e a ventilação mecânica controlada devem mão (radiografia de tórax e tomografia compu-
ser realizadas agressivamente quando o suporte tadorizada [TC]) e o valor da ultrassonografia de
ventilatório é necessário e não se espera que a emergência em adultos com trauma torácico,
VNI melhore os resultados, como para exacerba- sondas usados para geração de imagens são dis-
ções agudas de asma e doenças que não respon- cutidos separadamente.
dem rapidamente à terapia médica (p. síndrome
do desconforto respiratório [SDRA]).
126 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
**Sifilis**
Questão sobre úlceras genitais! A seguir, resu-
midamente, as principais infecções que podem O agente etiológico é o *Treponema pallidum*.
cursar com úlcera (bastante comum nas provas Na sífilis recente, observa-se a presença de lesão
de residência). única, com bordas endurecidas pelo processo
inflamatório linfoplasmocitário (cancro duro ou
**Donovanose**
cancro de inoculação). É mais comum ser visível
no homem, no sulco bálano prepucial, que na
É uma IST (infecção sexualmente transmissível)
mulher. O cancro duro, se não for tratado, pode
crônica, ulcerativa também conhecida como
persistir por 30 a 90 dias, involuindo espontanea-
granuloma venéreo, granuloma tropical ou úlce-
mente. Além dele, adenopatia satélite ocorre e
ra venérea crônica. Agente etiológica: Klebsiella
é bilateral (inguinal), indolor e não inflamatória.
granulomatis (bactéria Gram-negativa).
Ambos são conhecidos como sífilis primária.
Após um período de incubação de oito dias a seis
**Cancro Mole**
meses, aparece lesão nodular em número variá-
vel, que evolui para úlcera e úlceras em espelho.
O cancro mole é uma doença infecciosa aguda
A lesão é não dolorosa e altamente vasculariza-
de transmissão sexual e ulcerativa, localizada nos
da, sangrando facilmente com o contato. Outras
genitais, pouco frequente em nosso meio. Pode
apresentações: lesões vegetantes e ulcerosas,
estar associado à adenopatia inguinal uni ou bila-
elefantiásicas e, eventualmente, pode haver ma-
teral. Agente etiológico: *Haemophilus ducreyi.*
nifestações sistêmicas. Exames histopatológicos
e citopatológicos podem identificar os corpús- O período de incubação é de três a sete dias. Pe-
culos de Donovan (corpos de inclusão citoplas- quenas pápulas dolorosas rapidamente se rom-
máticos de coloração bipolar, localizados dentro pem para formar úlceras rasas, com bordas irre-
de macrófagos ou células monucleares), confir- gulares. Logo depois, ocorre erosão fagedênica,
mando o diagnóstico. que ocasionalmente leva à destruição tecidual
acentuada. Os linfonodos inguinais se tornam
**Herpes Genital**
dolorosos, aumentados e aderidos entre si e po-
dem formar um abscesso com flutuação (bubão)
IST que se manifesta-se por pequenas vesículas
na virilha.
que se agrupam nos genitais masculinos e fe-
mininos. Às vezes, elas estão presentes dentro
**Linfogranuloma Venereo**
do meato uretral ou, por contiguidade, podem
atingir a região anal e perianal, de onde se disse- Agente etiológico: *Chlamydia trachomatis*. Ca-
minam se não houver bom controle por meio do racteriza-se pelo aparecimento de lesão genital
sistema imunológico de cada indivíduo. Agen- (lesão primária) de curta duração e que se apre-
te etiológico: *Herpes Virus*. Caracterizam-se senta como ulceração (ferida) ou pápula. Apre-
por apresentar ardor, prurido, formigamento e senta um período de incubação que varia de 3
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 131
B) No campo da saúde mental, poucas são as C) A medicina tradicional chinesa, que com-
possibilidades oferecidas pelas plantas me- preende o equilíbrio do Yin-Yang e dos cin-
dicinais e pela fitoterapia no processo de co elementos no indivíduo não foi aprova-
cuidado aos sujeitos que procuram as redes da como prática integrativa complementar
de Atenção à Saúde para obter alívio de seu para o cuidado da saúde mental.
sofrimento mental e (ou) de um convívio
Comentário da alternativa:
com álcool e com drogas.
O Ministério da Saúde, com o objetivo de am-
Comentário da alternativa:
pliar o acesso da população, aprovou a Polí-
A Fitoterapia é a “terapêutica caracterizada tica Nacional de Práticas Integrativas e Com-
pelo uso de plantas medicinais em suas di- plementares (PNPIC) no SUS (Portaria MS/GM
ferentes apresentações e formas farmacêu- nº 971, de 3 de maio de 2006), que traz dire-
ticas, sem a utilização de substâncias ativas trizes para inserção de ações, serviços e pro-
isoladas, ainda que de origem vegetal”. O seu dutos da Medicina Tradicional Chinesa, /Acu-
uso criterioso, como prática complementar na puntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e
Atenção Básica à saúde, proporciona benefí- Fitoterapia, assim como para os observatórios
cios como o fortalecimento do vínculo com o de saúde de Termalismo Social/Crenoterapia
usuário em seu tratamento, estimulando sua e Medicina Antroposófica. Em se tratando do
autonomia e corresponsabilização em uma cuidado à saúde mental, para a Medicina Tra-
dimensão mais ampla do cuidado à saúde. No dicional Chinesa, as duas teorias (polaridade
campo da Saúde Mental diversas são as possi- yin e yang e a teoria dos Cinco Movimentos)
bilidades que as plantas medicinais e a Fitote- ajudam a ampliar o olhar sobre o usuário e so-
rapia podem oferecer no processo de cuidado bre as desarmonias que levam ao sofrimento
aos sujeitos que procuram as redes de Aten- mental, reconhecendo a diversidade de in-
ção à Saúde para obter alívio de seu sofrimen- fluências sobre os processos humanos e sua
to mental e/ou de um convívio com álcool e relação com o ambiente. Portanto, essa é uma
drogas. Quanto a exemplos de transtornos prática aprovada como complementar ao cui-
mentais que podem se beneficiar de medi- dado da saúde mental.
camentos fitoterápicos como coadjuvantes,
D) Os serviços de homeopatia da rede de aten-
há indicações terapêuticas para “estados de-
ção à saúde não são tidos como opção te-
pressivos leves, ansiedade leve e distúrbios do
rapêutica entre as pessoas com quadros de
sono associados à ansiedade, além de casos
ansiedade, de depressão, de insônia e de ou-
de astenia em geral”, só para citar algumas
tros transtornos mentais.
indicações terapêuticas estabelecidas para
uso de vários fitoterápicos. Portanto, existem Comentário da alternativa:
possibilidades oferecidas pelas plantas medi- Conforme discutido na alternativa acima, a
cinais e fitoterapia nesse cenário. homeopatia foi incorporada através da Polí-
tica Nacional de Práticas Integrativas e Com-
plementares (PNPIC) no SUS (Portaria MS/GM
nº 971, de 3 de maio de 2006).
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 133
ALTERNATIVAS:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: A) A internação psiquiátrica somente será rea-
lizada mediante laudo médico circunstan-
ciado que caracterize os seus motivos.
Comentário da alternativa:
Qualquer tipo de internação psiquiátrica só
poderá ser concretizada mediante laudo mé-
dico que justifiquem motivo da internação.
B) A internação voluntária se dá sem o consen- Com base nessa lei, primeiramente, ela garante
timento do usuário. que a internação psiquiátrica só será indicada se
os recursos extra-hospitalares se mostrarem in-
Comentário da alternativa:
suficientes. E ainda estabelece que o tratamen-
A internação voluntária ocorre quando o pa- to visará, como finalidade permanente, a rein-
ciente solicita ou consente voluntariamente serção social do paciente em seu meio, ficando
com a internação. vedada a internação de pacientes portadores de
C) A internação involuntária é determinada transtornos mentais em instituições com carac-
pela Justiça. terísticas asilares.
Paciente, sexo masculino, 25 anos de idade, foi D) Aplicar uma dose da vacina antitetânica e
levado ao Pronto-Socorro após sofrer trauma no aplicar o soro antitetânico.
braço direito e apresentar ferimento corto-con- Comentário da alternativa:
tuso de cerca de 5cm. Nega outros traumas. Ao
Em um paciente com ferimento profundo e
exame físico, bom estado geral, FC: 72bpm, PA:
histórico vacinal incerto, está indicada tanto a
120x74mmHg, FR: 18imp; presença de ferimen-
vacinação quanto a aplicação do soro antite-
to medindo 5cm com exposição da musculatura
tânico.
em região anterior do braço direito. Foi realiza-
da lavagem com SF0,9%, desbridamento e sín- A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
tese do ferimento com anestesia local utilizan-
do lidocaína. Indique a conduta mais adequada
em relação à profilaxia antitetânica para esse
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
paciente, caso ele não porte o Cartão de Vaci-
nação e não se lembre quando tomou a última
dose da vacina:
136 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Questão muito frequente tanto nas provas de Imunização passiva: com soro antitetânico, na
acesso direto quanto de R+ de Cirurgia: a profila- dose de 5.000 unidades pela via intramuscular,
xia de tétano em pacientes vítimas de ferimento. ou preferentemente com imunoglobulina huma-
na antitetânica, na dose de 250 unidades, pela
Todo paciente vítima de ferimento, assim como via intramuscular. Utilizar local diferente daquele
os pacientes vítimas de queimadura devem ser no qual foi aplicada a vacina. As doses de soro
considerados como de potencial para contami- e imunoglobulina são as mesmas independente-
nação por tétano. mente de idade ou peso.
Todo ferimento deve ser limpo com água e sabão Dessa forma, no caso do paciente na questão,
e todo tecido desvitalizado deve ser amplamen- que apresenta um ferimento profundo com his-
te debridado. A partir daí, o determinante para tória vacinal desconhecida, está indicada aplicar
a profilaxia de tétano será o tipo de ferimento a vacina e o soro antitetânico.
(superficial ou profundo) e histórico vacinal do
paciente, de acordo com a tabela abaixo do mi-
nistério da Saúde.
TAKE HOME MESSAGE:
###### Referências:
(**Tabela 1** \- Esquema de profilaxia para té-
1. Guia de Vigilância em Saúde - Ministério da
tano\ . Adaptada de https://portal\ .saude\ .sp\ .
Saúde. 5a edição. 2021.
gov\ .br/resources/cve\- centro\- de\-vigilan-
cia\-epidemiologica/areas\-de\-vigilancia/imu-
nizacao/doc/imuni08\ _prof\ _tetano\ .pdf \)
QUESTÃO 65:
São considerados ferimentos superficiais aque-
les que de fato são superficiais, limpos, sem te- Pode-se afirmar que a paciente com melhor in-
cidos desvitalizados ou contaminação grosseira. dicação para receber adequação de cálcio e vi-
Ferimentos profundos, grosseiramente contami- tamina D, além de tratamento medicamentoso
nados, com corpos estranhos ou tecidos desvita- para perda óssea, é uma senhora de:
lizados, mordeduras, queimaduras e ferimentos
por arma de fogo são considerados de alto risco.
###### **Referências:**
hormônios hipotalâmicos. O ADH age da seguin- * Hipervolemia: Pacientes com IC, cirrose hepáti-
te forma ca, síndrome nefrótica.
* Na menor do que 120 mEq/L - Pode ser realiza- * Osmolaridade plasmática menor do 275 mOsm/
da solução salina hipertônica a 15- 30 ml/h. kg;
A SIADH é uma síndrome causada pela incapa- O manejo dos pacientes com SIADH consiste em
cidade de suprimir a secreção de ADH. Deve-se restrição hídrica de 800 a 1000 ml/ dia e aumen-
suspeitar de SIADH em pacientes que apresen- to da carga osmótica dietética. É possível consi-
tem hiponatremia euvolêmica, com osmolarida- derar salina hipertônica se pacientes sintomáti-
de sérica baixa, osmolaridade urinária acima de cos ou com hiponatremia grave.
100 mOsm/kg, o sódio urinário geralmente está
Pessoal aqui temos um paciente com provável
acima de 40 mEq/L, a concentração sérica de
SIADH. Embora vejamos uma osmolaridade sé-
potássio é normal, não há distúrbio ácido-básico
rica de 275 mOsm/kg, algumas referências con-
e geralmente a concentração de ácido úrico séri-
sideram hiposmolaridade abaixo de 285 mOsm/
ca está reduzida.
kg.
O ADH é responsável por maior absorção de
água, deixando a urina mais concentrada. Isso
leva a uma retenção de água, aumentando a TAKE HOME MESSAGE:
água corporal total, reduzindo o sódio por di-
luição. * A hiponatremia é definida como sódio abaixo
de 135 mEq/L e trata-se de um distúrbio da água;
As principais etiologias da SIADH são:
* Diante de um paciente com hiponatremia a
* Distúrbios do SNC como neoplasia, trauma e
principal questão é tentar determinar a etiologia
infecção;
do distúrbio;
* Produção ectópica de ADH por neoplasia - car-
* Devemos descartar pseudonatremia, um erro
cinoma de pequenas células do pulmão;
laboratorial que pode ocorrer em situações de hi-
percolesterolemia, hipertrigliceridemia e hiper-
* Medicamentos como carbamazepina, ciclofos-
proteinemia. Descartar hiponatremia hipertônica
famida, haloperidol, vincristina, amiodarona;
142 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
E) Após o término de DAPT, iniciar anticoagula- de placa. Esse processo pode levar a eventos is-
ção profilática. quêmicos ou transitórios devido a embolização,
trombose e redução da perfusão.
Comentário da alternativa:
Paciente sem critérios para anticoagulação. Localização e severidade da estenose - determi-
na qual o melhor tratamento.
D) Mirtazapina.
Comentário da alternativa:
A mirtazapina é um importante antagonista
central dos receptores alfa2. Tem importante
efeito sedativo e no aumento do apetite, além
dos efeitos antidepressivos que, contudo,
aparecem com cerca de 2 semanas de início.
E) Vortioxetina.
Comentário da alternativa:
A vortioxetina é um antidepressivo com im-
portante ação nos receptores 5 HT 7, com
efeitos pró-cognitivos. Seu mecanismo de
ação, contudo, é a longo prazo e seu efeito
antidepressivo tem início em dias a semanas.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
E) Causar dano ao paciente por ação ou omis- * Art. 5o Assumir responsabilidade por ato mé-
são, caracterizável como imperícia, impru- dico que não praticou ou do qual não participou.
dência ou negligência.
* Art. 6o Atribuir seus insucessos a terceiros e a
Comentário da alternativa:
circunstâncias ocasionais, exceto nos casos em
Segundo o artigo numero 1 do capítulo 3 (res- que isso possa ser devidamente comprovado.
ponsabilidade profissional) do código de ética
médica, essa conduta é VEDADA. * Art. 7o Deixar de atender em setores de urgên-
cia e emergência, quando for de sua obrigação
fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes,
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: mesmo respaldado por decisão majoritária da
categoria.
* Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resolu- Paciente do sexo feminino, 58 anos, apresen-
ções dos Conselhos Federal e Regionais de Me- tando sangramento retal. A colonoscopia evi-
dicina ou desrespeitá-los. denciou lesão ulcerada, infiltrativa e friável a
12cm da margem anal, com 4cm de extensão.
* Art. 19. Deixar de assegurar, quando investido A biópsia confirmou o diagnóstico de adeno-
em cargo ou função de direção, os direitos dos carcinoma moderadamente diferenciado. As
médicos e as demais condições adequadas para tomografias de tórax e abdome não eviden-
o desempenho ético-profissional da Medicina. ciam metástases. A lesão não é alcançável ao
toque retal. Na ressonância magnética da pel-
* Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, po-
ve visualiza-se lesão do reto superior, acima da
líticos, religiosos ou de quaisquer outras ordens,
deflexão peritoneal, infiltrando a camada mus-
do seu empregador ou superior hierárquico ou
cular do reto medindo 3,8cm a 13cm do canal
do financiador público ou privado da assistên-
anal. Qual a melhor conduta?
cia à saúde, interfiram na escolha dos melhores
meios de prevenção, diagnóstico ou tratamen-
to disponíveis e cientificamente reconhecidos no
interesse da saúde do paciente ou da sociedade.
casos esporádicos. Para entendermos essa via, Uma vez feito o diagnóstico, o próximo passo
é necessário relembrarmos de um gene supres- deve ser o estadiamento, com a solicitação de
sor tumoral, o Polipose adenomatosa coli (APC), tomografia de torax e abdome, bem como res-
um regulador negativo da proteína b-catenina. sonância magnética de pelve para a pesquisa de
Para o desenvolvimento de um adenoma, é ne- metástases a distância e definição de conduta
cessário que nossas duas cópias desse gene so- terapêutica.
fram mutação e percam sua função, levando ao
acúmulo de b-catenina. Esse componente da via O tratamento, como dito acima, varia de acordo
de sinalização em grande quantidade se trans- com o estadiamento, porém a ressecção cirúr-
loca para o núcleo celular e ativa a transcrição gica com linfadenectomia associado ou não a
de genes, como os que codificam Myc e Cicli- quimioterapia é a abordagem mais realizada nos
na, responsáveis pela proliferação celular. Esse casos ressecáveis. Em certos casos selecionados,
processo pode ser acompanhado por mutações a abordagem de metástases também pode ser
adicionais, como mutações de ativação do gene feita, com metastasectomias hepáticas ou pul-
KRAS, que também promovem o crescimento monares.
celular e evita a sua apoptose. Isso tudo permite
Nos casos de tumores de reto, o manejo é um
a proliferação celular desordenada, com conse-
pouco diferente. Para avaliação da profundidade
quente formação de adenomas com displasias.
da lesão tumoral e identificação de sua penetra-
Dentre os principais sintomas associado ao seu ção nas camadas da parede retal, o método de
desenvolvimento, destaca-se a alteração de há- maior sensibilidade é o ultrassom endoscópico
bito intestinal, perda ponderal, fezes afiladas e nas fases iniciais, sendo a ressonância magnética
até hematoquezia. Em fases avançadas, o pa- um método mais eficaz para os casos de inva-
ciente pode desenvolver abdome agudo obstru- são mais avançada. Uma vez determinado o es-
tivo, com parada na eliminação de fezes e flatus tadiamento, definimos a possibilidade ou não de
e intensa distensão abdominal. neoadjuvância. Nos casos de tumores com inva-
são além da camada muscular própria em reto
De forma didática, podemos ainda dividir o qua- MÉDIO ou DISTAL, a quimio e radioterapia pré
dro clínico de acordo com a localização do tu- operatória está indicada. A quimioterapia tam-
mor. Dessa forma, tumores de cólon ascendente bém pode ser indicada nos casos de tumores
tendem a evoluir mais com sangramento oculto menos invasivos, porém com linfonodos suspei-
e anemia, enquanto que tumores de cólon des- tos em exame de imagem. O tratamento cirúrgi-
cedente e reto, cursam mais comumente com co pode ser feito com retossigmoidectomia ab-
alteração de hábito intestinal e da forma das dominal anterior para tumores que se encontram
fezes, podendo levar à obstrução intestinal pro- no reto superior (11-15 cm do canal anal) e no reto
priamente dita. Destaca-se, claro, que tais carac- médio (7- 11 cm do canal anal). Nos casos de reto
terísticas não são exclusivas de cada localização, baixo e canal anal, indica-se a ressecção abdo-
podendo ocorrer simultaneamente. minoperineal. Por fim, em relação à adjuvância, a
quimioterapia está indicada principalmente para
O diagnóstico definitivo é feito com análise aná- os pacientes com acometimento linfonodal do-
tomo-patológica, cuja amostra pode ser obtida cumentado.
através de colonoscopia, a qual pode ser de ras-
treio ou diagnóstica, na presença de sintomas,
por exemplo, ou diretamente de peça cirúrgica,
nos casos de abordagem de urgência.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 151
QUESTÃO 71:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
Homem de 47 anos comparece ao consultório
médico para conversar sobre rastreio e diag-
nóstico precoce de câncer de próstata. AP: HAS
controlada. AF: pai e o tio paterno com câncer de
próstata. Sobre o rastreio de câncer de próstata,
neste caso, é recomendado:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
até 35% dos indivíduos não infectados têm anti- * Tratamento da amebíase extraintestinal é feito
corpos anti-ambices devido à infecção anterior com agente tecidual e luminal, com metronida-
com E. histolytica. Portanto, a sorologia negativa zol ou tinidazol sendo indicados para pacientes
é útil para a exclusão da doença, mas a sorologia com abscesso hepático amebiano;
positiva não pode distinguir entre infecção agu-
da e prévia. * Aspiração por agulha de abscesso hepático
amebiano é justificada em casos específicos,
Em geral, o tratamento da doença amebiana ex- como risco de ruptura ou falta de resposta à te-
traintestinal é administrado com um agente te- rapia empírica.
cidual e um agente luminal (para eliminar cistos
intraluminais). Para pacientes com abscesso he- ###### Referências:
pático amebiano, metronidazol ou tinidazol em
1. UpToDate: extraintestinal-entamoeba-histoly-
vez de outros agentes. Para esses pacientes,
tica-amebiasis.
também sugerimos tratamento subsequente
com paromomicina, a fim de eliminar cistos in-
traluminais. O metronidazol deve ser utilizado na
dose de 750 mg por via oral três vezes ao dia du- QUESTÃO 74:
rante 5 a 10 dias). A taxa de cura com esta terapia
é >90%. Quanto às patologias esofágicas, assinale a alter-
nativa correta:
Já a aspiração por agulha de abscesso hepático
amebivo não é rotineiramente necessária, mas
pode ser justificada se o cisto parecer estar em ALTERNATIVAS:
risco iminente de ruptura (particularmente para A) Na doença do refluxo gastroesofágico, ali-
lesões no lobo esquerdo), se houver deterioração mentos gordurosos ocasionam aumento da
clínica ou falta de resposta à terapia empírica ou pressão do esfíncter inferior do esôfago.
se for necessária a exclusão de diagnósticos al-
Comentário da alternativa:
ternativos.
Alimentos gordurosos reduzem o tempo de
esvaziamento gástrico e promovem relaxa-
mento do esfíncter esofágico inferior.
TAKE HOME MESSAGE:
B) Não é possível avaliar o risco de sangramen-
* Presença de ovos de Schistosoma mansoni to por varizes de esôfago pelo exame endos-
justificaria diagnóstico de esquistossomose in- cópico.
testinal, mas diarreia intermitente com muco e Comentário da alternativa:
sangue associado a hepatomegalia indica neces-
sidade de investigação de amebíase extraintesti- O exame endoscópico consegue estimar o ris-
nal pensando em abscesso amebiano; co de sangramento com base no calibre dos
cordões varicosos.
* A amebíase extraintestinal pode causar absces- C) Odinofagia é o principal sintoma do câncer
so hepático amebiano, manifestação clínica mais precoce do esôfago.
comum da doença;
Comentário da alternativa:
* Exames complementares, como ultrassom ab- O sintoma inicial do câncer de esôfago é a
dominal e exame de sorologia, são necessários perda de peso e o sintomas mais comum con-
para diagnóstico de amebíase extraintestinal; forme a evolução do quadro é a disfagia.
158 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
O exame inicial geralmente consiste em um eso- De forma geral, o tratamento consiste de qui-
fagograma baritado, em que podemos observar mioterapia e radioterapia neoadjuvante (em T3 /
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 159
ALTERNATIVAS:
A) Pacientes portadores de diabetes melitus
realizarem anualmente a fundoscopia e o Questão que exige a identificação das rotinas de
exame clínico do pé. cuidado de pacientes com diferentes problemas
Comentário da alternativa: ou situações: Diabetes mellitus, saúde mental, hi-
pertensão e rastreio de câncer de colo de útero.
Esses exames fazem parte da avaliação de
complicações vasculares para pessoas com Vamos revisar um pouco essas diferentes rotinas:
DM e devem ser realizados anualmente.
| Diabetes Mellitus | |
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
160 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
| Investigação do fator desencadeante da cri- | Alto risco (> 20% em 10 anos): | consulta a cada
se:início, contexto, evolução, significado para a 4 meses |
pessoa |
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 161
Em relação ao exame citológico do colo do útero 2. GUSSO, G.; LOPES, J.M.C. Tratado de Medicina
(exame Papanicolau) para rastreamento do cân- de Família e Comunidade: Princípios, formação
cer de colo uterino, as recomendações do Minis- e prática. Artmed, Porto Alegre, 2019, 2ª edição;
tério da Saúde são:
3. Instituto Nacional do Câncer. Diretrizes brasi-
| Rastreio de CA de colo de útero | leiras para o rastreamento do câncer do colo do
útero. 2. ed. Rio de Janeiro: INCA; 2016.
|-|
C) Repassar o saber biomédico para a popula- do diálogo entre a diversidade de saberes, valo-
ção, identificando, de forma objetiva, as pa- rizando os saberes populares, a ancestralidade,
tologias individuais. o incentivo à produção individual e coletiva de
conhecimentos e a inserção destes no SUS.
Comentário da alternativa:
As estratégias de Educação Popular em Saúde Para tanto, a Educação Popular Popular em Saú-
não se organizam pela lógica de “repasse de de assume caráter de política nacional, instituída
saber”, mas sim na construção coletiva do co- pela portaria 2761, de 19 de novembro de 2013,
nhecimento. Ademais, não deve haver hierar- sendo orientada por seis princípios:
quia entre o saber biomédico e os saberes po-
pulares. Eles devem ser complementados. Por I - Diálogo: encontro de conhecimentos cons-
fim, também não tem como objetivo identifi- truídos histórica e culturalmente por sujeitos, ou
car as patologias individuais. A Educação Po- seja, o encontro desses sujeitos na intersubjetivi-
pular em Saúde possibilita identificar micro e dade, que acontece quando cada um, de forma
macro processos sociais da determinação so- respeitosa, coloca o que sabe à disposição para
cial da saúde, considerando a dimensão indi- ampliar o conhecimento crítico de ambos acerca
vidual e coletiva do processo saúde-doença. da realidade, contribuindo com os processos de
transformação e de humanização.
D) Reforçar o conhecimento dos profissionais
de saúde, valorizando o papel professoral da II - Amorosidade: ampliação do diálogo nas re-
equipe. lações de cuidado e na ação educativa pela in-
Comentário da alternativa: corporação das trocas emocionais e da sensibi-
lidade, propiciando ir além do diálogo baseado
A Educação Popular em Saúde tem como
apenas em conhecimentos e argumentações lo-
principal arranjo a construção de conheci-
gicamente organizadas.
mento compartilhado entre diferentes ato-
res sociais, não somente o conhecimento dos III - Problematização: implica a existência de re-
profissionais de saúde. lações dialógicas e propõe a construção de prá-
ticas em saúde alicerçadas na leitura e na análise
crítica da realidade.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
IV - construção compartilhada do conhecimen-
to: consiste em processos comunicacionais e
pedagógicos entre pessoas e grupos de saberes,
culturas e inserções sociais diferentes, na pers-
pectiva de compreender e transformar de modo
coletivo as ações de saúde desde suas dimen-
sões teóricas, políticas e práticas.
A Educação Popular em Saúde é um importan-
V - emancipação: processo coletivo e compar-
te instrumento de democratização do Sistema
tilhado no qual pessoas e grupos conquistam a
Único de Saúde (SUS) que pretende reafirmar o
superação e a libertação de todas as formas de
compromisso com a universalidade, a equidade,
opressão, exploração, discriminação e violência
a integralidade e a efetiva participação popular
ainda vigentes na sociedade e que produzem
no SUS, e propor uma prática político-pedagógi-
a desumanização e a determinação social do
ca que perpassa as ações voltadas para a promo-
adoecimento.
ção, proteção e recuperação da saúde, a partir
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 163
VI - compromisso com a construção do projeto Tendo realizado esses destaques do texto da Polí-
democrático e popular: reafirmação do com- tica Nacional de Educação Popular em Saúde, po-
promisso com a construção de uma sociedade demos sintetizar que sua incorporação tem como
justa, solidária, democrática, igualitária, sobe- principais características a construção de relações
rana e culturalmente diversa que somente será horizontais entre o conhecimento tecnocientífico
construída por meio da contribuição das lutas e os saberes populares, de maneira individual e
sociais e da garantia do direito universal à saúde coletiva. Como efeito, há uma maior produção de
no Brasil, tendo como protagonistas os sujeitos diálogo e participação nas instâncias do SUS, des-
populares, seus grupos e movimentos, que his- de a dimensão da produção de cuidado nos terri-
toricamente foram silenciados e marginalizados. tórios até a participação nos Conselhos de Saúde
e na construção da própria política pública.
Além disso, possui quatro eixos estratégicos:
* Lesão colestática: aqui, a fosfatase alcalina está Após essa breve revisão, vemos que a melhor
desproporcionalmente elevada em comparação resposta está contemplada na letra A.
com as aminotransferases séricas. Pode haver
elevação significativa da bilirrubina sérica e tam-
bém alterações na função de síntese hepática
TAKE HOME MESSAGE:
em alguns casos. Clinicamente, assim como no
caso em tela, o paciente pode cursar com uma
* Hepatite aguda induzida por drogas é condição
síndrome colestática, marcada por icterícia, co-
frequente de lesão hepática, sendo os antibióti-
lúria e acolia fecal. A razão ALT / fosfatase alca-
cos e anticonvulsivantes as drogas mais implica-
lina é ≤ 2. Nesses casos, a realização de exame
das;
de imagem pode ser necessário para diagnóstico
diferencial com obstrução mecânica de vias bi-
* Clinicamente, os pacientes podem ser assinto-
liares.
máticos, apresentar-se com hepatite ictérica ou
franca síndrome colestática (colúria, acolia fecal
* Mista: quando não há predomínio de lesão co-
e prurido).
lestática ou hepatocelular claramente distinguí-
vel pelos exames laboratoriais. A razão ALT / fos-
fatase alcalina fica entre 2 e 5.
166 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Para escolher o melhor teste recomenda-se se- Finalizando, há pelo menos duas situações em
guir a seguinte lógica: que a necessidade de combinação de testes sur-
ge naturalmente
1. Teste de Triagem: o risco de perder um caso
(doente) é alto (doença fatal e existe tratamen- **Triagem:** É um tipo de procedimento que
to, ou a doença é contaminante): Minimize falsos visa classificar pessoas assintomáticas quan-
negativos; use teste de alta sensibilidade. to à probabilidade de terem ou não a doença. É
aplicado em grande número de pessoas de uma
2. Se o teste diagnóstico (confirmatório) é caro população. A triagem não faz um diagnóstico,
ou invasivo: Minimize falso-positivos; use teste mas aponta as pessoas com maior probabilida-
de alta especificidade. de de estarem doentes. Essas são submetidas
a um teste diagnóstico para comprovar ou não
170 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
TAKE HOME MESSAGE:
A) HLA B27 positivo.
* PRÉ-TESTES: Comentário da alternativa:
Embora não seja patognomônico, está pre-
* Sensibilidade: é a probabilidade de um indiví-
sente em cerca de 90% dos portadores de es-
duo doente ter seu teste positivo;
pondilite anquilosante.
* Especificidade: é a probabilidade de um indiví- B) Dor à palpação do tendão de Aquiles.
duo normal ter o teste negativo;
Comentário da alternativa:
* Prevalência: é a fração de indivíduos doentes na Entesite, que é o processo inflamatório loca-
população total. lizado na inserção do tendão no osso, é uma
das manifestações extra-articulares mais co-
* PÓS-TESTES:
muns nas espondiloartrites e pode ser flagra-
da ao exame físico como dor à palpação da
* VPP: é a proporção de verdadeiros positivos en-
inserção tendínea.
tre todos os indivíduos com o teste positivo. Ou
seja, é a probabilidade de um indivíduo com tes- C) Dor lombar baixa que melhora com o repou-
te positivo estar doente. so.
Comentário da alternativa:
* Probabilidade de falso positivo: 1 – VPP;
Importante: a dor lombar na espondilite an-
* Probabilidade de falso negativo: 1 – VPN; quilosante é dita de ritmo inflamatório, ou
seja, piora com o repouso, geralmente é mais
* VPN: é a proporção de verdadeiros negativos acentuada pela manhã e pode ser acompa-
entre todos os indivíduos com teste negativo. nhada de rigidez matinal.
**MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES**
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
As mais comumente relacionadas à essa doença
são:
O quadro clínico típico é de dor lombar de início Não há um anticorpo específico relacionado à
insidioso e característica inflamatória, ou seja, espondilite anquilosante. O diagnóstico, por-
piora à noite e pela manhã, durante períodos tanto, é clínico e feito pelo conjunto de epide-
de repouso, pode ser acompanhada de rigidez miologia + manifestações clínicas + achados de
matinal (normalmente acima de 30 minutos) e imagem. Pode ser feita dosagem do HLA-B27,
melhora com a movimentação. No início, pode exame positivo em mais de 90% dos portadores
manifestar-se apenas como dor unilateral alter- de espondilite anquilosante. Porém, está presen-
nante em região glútea, intermitente, mas que te também em parcela da população saudável e
tende a tornar-se cada vez mais frequente com o estima-se que, dentre todos os portadores de
avançar da doença. HLA-B27 positivo, apenas 5% irão desenvolver
espondilite anquilosante ao longo da vida.
O achado mais característico ao exame físico é
a redução da mobilidade da coluna para flexão e Após essa breve revisão vemos que a melhor
extensão, porém pode ser visto já tardiamente no resposta está contemplada na alternativa C,
curso da doença. Outros sinais que devem cha- uma vez que a dor da espondilite anquilosante
mar atenção são a perda da lordose lombar fisio- é de ritmo inflamatório e tende a piorar com o
lógica , atrofia da musculatura glútea e redução repouso.
172 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
ALTERNATIVAS:
A) Não são vitimas de acidente de trabalho pois Essa é uma questão que exige conhecimento
a exposição não foi durante a função. acerca da caracterização do que pode ser com-
Comentário da alternativa: preendido como acidente de trabalho e doença
relacionada ao trabalho.
Períodos de refeição ou descanso, ou por oca-
sião da satisfação de outras necessidades fi- Para tanto, é importante salientar que o trabalho
siológicas, no local do trabalho ou durante ele, é considerado um determinante social da saúde
o empregado é considerado no exercício do e da doença reconhecido internacionalmente e
trabalho.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 173
por documentos nacionais de extrema impor- * Doença endêmica quando contraída por expo-
tância como a Constituição Federal e normativas sição ou contato direto, determinado pela natu-
do Sistema Único de Saúde (SUS). reza do trabalho realizado. (BRASIL, 2001).
Por conta disso, a saúde do trabalhador foi ins- Acrescido disso, o Artigo 21 da Lei 8.213/19 define
tituída como questão alvo de estratégias trans- que equiparam-se também ao acidente do tra-
versais que envolvem o Ministério da Saúde, o balho, para efeitos da Lei:
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Mi-
nistério da Previdência Social (MPS) e Ministério I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não
do Meio Ambiente (MMA). tenha sido a causa única, haja contribuído direta-
mente para a morte do segurado, para redução
No âmbito do SUS, a saúde do trabalhador no ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou
SUS está definida como um “conjunto de ativida- produzido lesão que exija atenção médica para a
des que se destina, através das ações de vigilân- sua recuperação;
cia epidemiológica e vigilância sanitária, à pro-
moção, proteção, recuperação e reabilitação da II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos horário do trabalho, em conseqüência de:
e agravos advindos das condições de trabalho”,
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo pra-
como disposto na Lei n. 8080/1990 art. 6º §3º.
ticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
No Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro,
(SNVS), a Vigilância em Saúde do Trabalhador
por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
(VISAT), exerce papel na perspectiva preventiva
dos agravos, além da promoção da saúde do tra-
c) ato de imprudência, de negligência ou de im-
balhador. Assim a análise de riscos ambientais,
perícia de terceiro ou de companheiro de traba-
dos processos e da própria atividade prescrita e
lho;
substantiva do trabalho deve ser objeto de aná-
lise da VISAT. Ademais, qualquer acidente ou d) ato de pessoa privada do uso da razão;
doença relacionada ao trabalho deve ser notifi-
cada. Para tanto, compreende-se como: e) desabamento, inundação, incêndio e outros
casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
Acidente de trabalho: Todo acidente que ocorre
no exercício da atividade laboral ou no percurso III - a doença proveniente de contaminação aci-
de casa para o trabalho e vice-versa, podendo o dental do empregado no exercício de sua ativi-
trabalhador estar inserido no mercado formal ou dade;
informal.
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que
Doença relacionada ao trabalho: fora do local e horário de trabalho:
* Dano ou agravo que incide na saúde do traba- a) na execução de ordem ou na realização de ser-
lhador causado, desencadeado ou agravado por viço sob a autoridade da empresa;
fatores de risco presentes nos locais de trabalho;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço
* Doença proveniente de contaminação aciden- à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcio-
tal no exercício do trabalho; nar proveito;
174 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
* O H. Pylori é uma infecção bacteriana que pre- Paciente procura a emergência com dor lombar
dispõe a diversas complicações como gastrite de forte intensidade à esquerda. Realizou uma
atrófica, doença ulcerosa péptica e neoplasias tomografia abdominal que evidenciou cálculo ao
(Linfoma MALT e adenocarcinoma); nível de ureter distal em nível de Sacral de 9 mm.
Temperatura, 36,5 °C, pulso 80 bpm e Giordano
* A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) negativo. Creatinina era de 0,8 mg/dL. Diante do
não é indicação de testagem para H. Pylori, ape- quadro, qual é conduta mais adequada dentre as
sar de que a infecção por esta bactéria tipica- opções abaixo?
mente causa sintomas dispépticos;
* Dieta rica em proteína animal, o que pode levar * monitoramento de cálculos novos com exame
a maior excreção de ácido úrico e cálcio e menor de imagem anual ou a cada 2 anos;
excreção de citrato;
* Coleta de 2 amostras de urina de 24 horas, na
* Dieta com alto teor de sódio; rotina normal do indivíduo. Fora do período agu-
do, ao menos 1 ou 2 meses após;
* Aumento da ingesta de alimentos ricos em oxa-
lato - como espinafre, batata, feijão; * Devem ser incluídos: ph urinário, volume de uri-
na, excreção de cálcio, citrato, oxalato, creatini-
* Menor ingestão de cálcio, por atuar no aumen- na (avaliação da integridade da coleta), sódio e
to da absorção de oxalato; magnésio.
O paciente deve ser submetido a um exame de | cálcio urinário | menos de 200 mg em mulheres
imagem, na procura de cálculos residuais. O me- e 250 mg em homens. |
lhor exame para isso é a tomografia computado-
rizada sem contraste. Outro exame que deve ser | ácido úrico | menos de 750 mg em mulheres e
realizado quando possível é a análise do cálculo, 800 mg em homens |
determinar a composição pode ser muito impor-
tante para o tratamento e prevenção de recor- | oxalato | menos de 40 mg |
rência.
| citrato | maior ou igual a 450 mg |
* Oxalato de cálcio: é o mais frequente - cerca de
**Prevenção de recorrência**
70 a 80% dos casos;
**Medidas específicas para cada tipo de cálculo** * medicamentos como d-penicilamina e tiopro-
nin.
* Oxalato de cálcio;
* Evitar suplementos de cálcio, pois não parecem * O manejo da nefrolitíase em crise é analgesia,
ser eficazes; hidratação conforme necessidade e caso o pa-
ciente apresente cálculo menor do que 10 mm
* redução da ingestão de proteína animal não pode ser indicada terapia expulsiva com Tansu-
láctea; losina ou Nifedipina;
* redução da ingestão de oxalato ( espinafre, ba- * Cálculos associados à infecção do trato urinário
tata, castanhas, nozes); devem receber antibioticoterapia;
* Mesmos fatores de risco dos cálculos de oxala- * Cálculos em ureter distal, independentemente
to de cálcio; do tamanho, devem ser tratados com ureteros-
copia.
* Terapia de administração de citrato e bicarbo-
nato com cautela, visto que pode aumentar o ph | **Cálculo** | **Característica** | **pH** | **Trata-
e favorecer a formação desse tipo de cálculo; mento** |
* Ácido úrico; | - | -- | | - |
* Incluem todas as medidas listadas acima, além | Oxalato de Cálcio | Mais frequenteForma de hal-
de alcalinização da urina com citrato de potássio tere/ envelope | independente | Tiazídicoaumen-
ou bicarbonato, o que aumenta a solubilidade do to da ingestão de cálcioredução da ingestão de
ácido úrico; oxalatocitrato quando deficiente |
* alcalinização da urina;
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 181
| | - | -- | - |
pelo exercício físico. Ausculta cardíaca mostra | Pneumotórax | Geralmente horas, início súbi-
sopro sistólico em foco aórtico com irradiação to | Dor pleurítica na região ipsilateral do tórax,
para carótidas. | acompanhada de dispneia | Ausculta pulmonar
com murmúrio reduzido no hemitórax acometi-
| Pericardite | Geralmente horas a dias | Dor agu- do. |
da e pleurítica em região retroesternal ou pre-
cordial, podendo irradiar-se para pescoço, om- | Dor por refluxo gastresofágico | 10 a 60 minutos
bro ou baço esquerdo. | Piora com inspiração | Queimação retroesternal ascendente, podendo
profunda, tosse e decúbito dorsal, melhora na estar acompanhada de regurgitação. | Piora após
posição sentada e com inclinação para frente. grandes refeições e com decúbito dorsal. Melho-
Atrito pericárdico no exame físico. | ra com antiácidos. |
É uma emergência médica, na qual o diagnósti- O manejo clínico é baseado no controle da dor,
co rápido é fundamental para a sobrevida do pa- da frequência cardíaca e da pressão arterial, vis-
ciente. Os sintomas e sinais clínicos dependem to que tais medidas diminuem a velocidade da
da extensão da dissecção e das estruturas aco- contração ventricular e o estresse na parede
metidas. Em geral, se apresenta como dor torá- da aorta, minimizando a propagação da dissec-
cica anterior de início súbito, intensidade severa, ção. O controle da dor deverá ser realizado com
tipo facada e pode ter irradiação para dorso. A opioides, a redução da pressão arterial deverá
maioria dos pacientes apresentam-se hiperten- ser iniciada com beta-bloqueador intravenoso,
sos, mas pode haver hipotensão com instabilida- seguida de vasodilatadores intravenosos se ne-
de hemodinâmica se insuficiência aórtica aguda, cessário. A pressão deve ser reduzida até o me-
tamponamento cardíaco, hemorragia, isquemia nor nível tolerado, geralmente com PAS 100-120
miocárdica ou compressão da luz verdadeira do mmHg e a frequência cardíaca deve ficar em tor-
vaso. no de 60 batimentos por minuto. A medicação
inicial de escolha é o esmolol, devido a meia vida
A insuficiência valvar aórtica aguda é a princi- curta. O vasodilatador de escolha é o nitroprus-
pal complicação, que se manifesta como sopro siato, que pode ser adicionado após o controle
diastólico novo ao exame físico, podendo evoluir da frequência cardíaca caso o paciente perma-
para choque cardiogênico. neça hipertenso.
O diagnóstico deve ser suspeitado através da Por fim, o tratamento cirúrgico é a abordagem
identificação de sinais e sintomas clínicos de de escolha para as dissecções da aorta ascen-
alto risco, o que direcionará para a escolha dos dente, em função da elevada mortalidade.
exames de imagem que são obrigatórios para
confirmação. Com relação à utilização de mar-
cadores séricos para a detecção da dissecção de
TAKE HOME MESSAGE:
aorta, apenas o D-dímero parece ter utilidade
nesse cenário.
* A dissecção aguda de aorta é a causa mais gra-
Valores abaixo de 500 ng/mL possuem alto valor ve de doenças que afetam a aorta na emergên-
preditivo para exclusão do diagnóstico. No en- cia, é mais comum em pacientes > 65 anos, prin-
tanto, é um marcador inespecífico e que pode cipalmente em homens. Os fatores de risco mais
estar elevado em outras causas de dor torácica comuns são hipertensão e aterosclerose.
como SCA e TEP.
* O D-dímero é o único marcador validado para
A radiografia de tórax pode se apresentar como esse cenário. Valores abaixo de 500 ng/mL pos-
a primeira pista, com alargamento do mediastino suem alto valor preditivo para exclusão do diag-
e alteração do contorno aórtico, presentes em nóstico. No entanto, é um marcador inespecífico
até 80% dos casos. A angiotomografia de tórax é e que pode estar elevado em outras causas de
o exame de escolha para pacientes hemodinami- dor torácica como SCA e TEP.
camente estáveis. Além do diagnóstico, permite
* A angiotomografia de tórax é o exame de es-
avaliação anatômica completa, o que é funda-
colha para pacientes hemodinamicamente es-
mental para o planejamento do tratamento. Para
táveis. Além do diagnóstico, permite avaliação
pacientes instáveis, o exame mais recomendado
anatômica completa, o que é fundamental para
é o ecocardiograma transesofágico, que pode ser
o planejamento do tratamento.
realizado a beira leito no setor de emergência.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 185
Você está avaliando um paciente com asma gra- C) Reduzir a pressão expiratória final.
ve, de 60 anos, peso ideal 55kg, que está sob Comentário da alternativa:
ventilação mecânica controlada a volume com
volume corrente (VC) de 380ml, frequência res- Reduzir a PEEP pode ser algo adequado tam-
piratória de 10 irpm, Fluxo inspiratório de 60L/ bém, incluindo em alguns pacientes pode ser
min, terapia broncodilatadora e anti-inflamatória utilizado o ZEEP. Ainda assim, talvez o pacien-
otimizadas e que apresenta sibilos expiratórios te persistiria com os alvéolos abertos e pode-
prolongados e hipertransparência bilateral na ria ser uma terapêutica útil nessa situação.
radiografia de tórax. O gráfico da curva de pres- D) Reduzir a pressão de pico inspiratório.
são versus tempo do ventilador durante uma
Comentário da alternativa:
pausa expiratória é mostrado na figura abaixo.
Considerando a hipótese mais provável para a Reduzir a pressão de pico inspiratório não é
intercorrência atual do paciente, o ajuste mais adequado, visto que isso só terá melhora me-
adequado para reduzir o risco de dano ao parên- diante resolução de quadro de asma.
quima pulmonar seria:
186 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
Estamos diante de um paciente asmático, 60 Vejamos, alguns conceitos a respeito de via aé-
anos, que está intubado devido a crise de asma rea:
grave. Durante a ventilação mecânica, nos é in-
formado que o paciente está com 380mL de * Complacência: é a medida da elasticidade dos
volume corrente (maior que 6mL/kg), com fre- pulmões e da caixa torácica. A complacência é
quência respiratória de 10irpm e fluxo de 60L/ importante na ventilação mecânica, pois uma di-
min. Então nos é mostrado uma curva PV/Tem- minuição na complacência dos pulmões pode le-
po no qual é visto que o paciente apresenta du- var a uma maior pressão para ventilá-los. A com-
rante a manobra de pausa expiratória, uma PVA placência pode ser afetada por condições como
(aqui leia-se auto-PEEP) de cerca de 10-11cmH20, doenças pulmonares, lesões no tórax e obesida-
o que é elevada. de.
Auto-PEEP, também conhecida como pressão * Resistência: é a medida do atrito que o ar en-
positiva expiratória intrínseca (PEEP), é uma con- contra ao passar pelas vias respiratórias. A re-
dição que ocorre quando há pressão positiva nas sistência pode ser afetada por condições como
vias aéreas e pulmões no final da expiração, antes asma, bronquite e obstruções das vias respira-
do início da próxima inspiração durante a venti- tórias. A resistência pode dificultar a ventilação
lação mecânica. Isso acontece quando o tempo mecânica, aumentando a pressão necessária
expiratório do paciente não é longo o suficiente para ventilar os pulmões.
para permitir uma completa expiração do ar dos
pulmões, levando a uma eliminação incompleta * Volume corrente: é a quantidade de ar que en-
do ar antes da próxima inspiração ser entregue. tra e sai dos pulmões em uma respiração normal.
Em ventilação mecânica, o volume corrente é
Auto-PEEP não é uma condição normal e pode ajustado para garantir uma ventilação adequada
ter efeitos negativos na função respiratória do dos pulmões.
paciente, como diminuição do fluxo sanguíneo
de volta ao coração, redução na entrega de oxi- * Fluxo inspiratório: é a velocidade com que o ar
gênio aos tecidos e aumento do trabalho respi- é empurrado para os pulmões durante a inspira-
ratório. ção. O fluxo inspiratório pode ser ajustado para
garantir uma distribuição adequada do ar nos
Não há um valor específico para Auto-PEEP nor- pulmões.
mal, já que o nível de pressão pode variar depen-
dendo da condição subjacente do paciente, do * PEEP: pressão positiva ao final da expiração é
modo e configurações de ventilação mecânica e uma pressão residual que é mantida nos pulmões
de outros fatores. Em geral, o Auto-PEEP deve durante a fase expiratória da ventilação mecâni-
ser mantido o mais baixo possível para evitar os ca. O PEEP é usado para manter as vias aéreas e
efeitos negativos mencionados acima. os alvéolos abertos, melhorando a troca de ga-
ses e reduzindo o risco de colapso pulmonar. O
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 187
PEEP pode ser ajustado para ajudar a melhorar * Em pacientes com asma grave, pressão de pico
a oxigenação em pacientes com dificuldade res- será elevado, mas o mais importante é a pressão
piratória. alveolar.
* Invasão da muscular própria ou gordura peri- Nesse caso, a conduta recomendada para o ras-
vesical; treamento e para a definição da presença ou não
de diabetes gestacional é realizar o TOTG com:
* Quimioterapia neodajuvante + cistectomia ra-
dical + quimioterapia neoadjuvante;
ALTERNATIVAS:
* Tumor metastático (T4, N1-3, M1):
A) 100 g, entre 32 e 36 semanas gestacional, já
* Poliquimioterapia. que o diagnóstico é feito com pelo menos
um valor alterado.
Comentário da alternativa:
TAKE HOME MESSAGE: O Ministério da Saúde recomenda a utilização
de 75g e entre 24 e 28 semanas.
* Todo paciente com mais de 40 anos e hematúria
B) 75 g, entre 24 e 28 semanas de gestação, vis-
macroscópica persistente deve ser investigado
to que o diagnóstico é feito com pelo menos
com tomografia computadorizada e cistoscopia.
um valor alterado.
**Tratamento:** Comentário da alternativa:
Basta um valor alterado para que se dê diag-
* Não invade muscular própria → ressecção cistos-
nóstico de diabetes mellitus gestacional, afi-
cópica e terapia intravesical;
nal a gestação representa um período curto
* Invade a muscular própria → Qt neo + cistecto- e temporário na vida da paciente e a doença
mia radical + Qt; para que se postergue o diagnóstico e trata-
mento.
* Metástase → poliQt.
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
190 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
* Glicemia de jejum:
* <92 ⇒ normal;
* 92 - 125 ⇒ DMG;
* 1h após:
* <180 ⇒ normal;
* ≥ 180 ⇒ DMG.
* 2h após:
* <153 ⇒ normal;
ALTERNATIVAS:
* ≥ 153 a 199 ⇒ DMG; A) L.B.S. e sua filha mais velha moram no mes-
mo domicílio.
* ≥ 200 ⇒ diabetes prévio.
Comentário da alternativa:
###### Referências: As pessoas que moram no mesmo domicílio
que L.B.S estão circunscritas pelo pontilhado,
e a sua filha mais velha está de fora.
192 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
B) A relação de L.B.S. com S.B.P. era conflituosa quando surgem dificuldades em organizar os fa-
e distante. tos, ou ainda quando existe a necessidade de um
instrumento para ajudar na realização de inter-
Comentário da alternativa:
venções em saúde.
A relação de L.B.S com seu pai (S.B.P) está re-
presentada graficamente com os símbolos de Para a sua elaboração não é obrigatória a pre-
distanciamento e relação conflituosa. sença de todos os componentes familiares, mas
como instrumento de informação sobre a famí-
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA. lia e a sua dinâmica de relacionamento, a cons-
trução do genograma deve ser composta por,
C) Existem três relações matrimoniais atual-
no mínimo, três gerações. O desenho provê um
mente rompídas na família de L.B.S.
resumo de uma grande quantidade de informa-
Comentário da alternativa: ções, que pode ser explorado na busca de confli-
tos e de recursos familiares.
Não foram representados símbolos de divór-
cio. Mas, sim, três situações de rompimento
A representação gráfica pode expressar tanto a
das relações: de L.B.S. com a mãe de sua pri-
composição estrutural da família (arquitetura e
meira filha, de L.B.S. com a sua primeira filha,
anatomia familiar, membros, idades, enfermi-
e de C.H.B com R.F.P.
dades, fatores de risco, situação laboral, vivos,
D) Os netos de L.B.S. não tem bisavós vivos. falecidos, etc) como também seu componen-
te funcional, que indica as interações entre os
Comentário da alternativa:
membros da família. Este instrumento pode ser
Apenas a bisavó A.R.S. está viva. desenhado e atualizado em qualquer momen-
to da história familiar, mostrando as idades e as
situações ocorridas no momento em que está
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: sendo realizado o desenho, como uma fotografia
que pode ser tirada em várias etapas.
Para resolver esse tipo de questão é mais fácil analisar primeiro as afirmativas, e em seguida buscar e
confirmar as informações no genograma. Assim, fazemos uma leitura mais direcionada do mapa para
a resolução da questão.
194 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
A incidência refere-se à velocidade com que no- Existem outras taxas que são comumente usa-
vos eventos ocorrem em uma determinada po- das:
pulação. A incidência leva em conta o período
em que os indivíduos estão livres da doença, ou
seja, em risco de desenvolvê-la.
desfecho, indicando quantas vezes a ocorrência fórmula utilizada para calcular o RR em um estu-
do desfecho nos expostos é maior do que aquela do de coorte deve ser adaptada para ser aplica-
entre os não-expostos. da em um estudo de caso-controle. Este cálculo
é possível porque se o desfecho for suficiente-
mente raro na população, o RR pode ser estima-
do em estudos de caso-controle através da razão
de chances de exposição entre casos e controles.
D) As complicações crônicas do tipo microan- morro aos quarenta anos, perdi trinta anos e os
giopáticas da diabetes melito tipo 2 são res- Anos vividos com incapacidade (YLD - Years Li-
ponsáveis pela maior parte dos anos de vida ved with Disability ) ou anos vividos com incapa-
perdidos por morte prematura (YLL-Years of cidade. Em resumo, O DALY é derivado da soma
Life Lost) entre as mulheres brasileiras, no do valor de outros dois indicadores: o YLL (‘Anos
século XXI. de Vida Perdidos por Morte Prematura’) e o YDL
(‘Anos Perdidos Devido à Incapacidade). O con-
Comentário da alternativa:
junto dessas informações configuram a Carga
Outras doenças são mais impactantes. Global de Doenças , que é uma medição com-
plementar das estatísticas tradicionais de saú-
de (mortalidade e caracterização da produção
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
hospitalar) que não traduzem o impacto de des-
fechos não fatais da doença ou lesão ao longo
da vida. O interesse pela medição da qualidade
de vida relacionada com a saúde. O objetivo do
projeto Garga Global de Doenças é obter medi-
das comparáveis e abrangentes de saúde da po-
pulação entre os países (diagnóstico e monitori-
zação de tendências) e contribuir para decisões
Questão interessante que aborda um importante estratégicas a nível mundial (OMS, ONU), regio-
indicador de saúde (DALY). nal e nacional. Um dos objetivos específicos foi
usar uma métrica que pudesse ser utilizada para
Esse indicador é utilizado no estudo da carga de avaliar o custo efetividade das intervenções, em
doença é o DALY, e a ideia central é que, embora termos do custo por unidade da carga de doen-
muitas das pesquisas na área de saúde os indi- ça evitada
cadores sejam baseados na mortalidade, as in-
formações de mortalidade são insuficientes para
dar um panorama da qualidade de vida. Então o
TAKE HOME MESSAGE:
DALY procura combinar dois indicadores: mor-
talidade e morbidade. O indicador, na verdade,
**DALY: Calculado para 113 doenças, sendo dividi-
procura medir simultaneamente tanto o efeito
das em 3 grupos:**
da mortalidade quanto da morbidade e sobre
esse indicador é importante frisar que:
* Grande Grupo I - Infecciosas e parasitárias, con-
dições maternas, condições perinatais e de-
* DALY ( Disability Adjusted Life Years - Anos de
ficiências nutricionais;
vida perdidos ajustados por incapacidade);
* Grande Grupo II - Não-transmissíveis;
* Mede-se, simultaneamente, o efeito da morta-
lidade e dos problemas de saúde que afetam a
* Grande Grupo III : Causas Externas.
qualidade de vida dos indivíduos.
traduzem crenças em saúde, eles podem ser C) O ditado que afirma “nem sempre prevenir
usados para entender e problematizar expecta- é melhor do que remediar” relaciona-se, em
tivas quanto ao cuidado e ajudar a evidenciar os parte, à diferença entre diagnóstico precoce
limites da medicina. Encontrando seus limites, a e viés de publicação, na medida em que não
medicina se humaniza; no flerte com o popular, basta que uma intervenção faça sentido do
ela vira arte. No que tange a rastreamento, vieses ponto de vista fisiológico; é necessário com-
e sua relação com os ditados populares, assinale provar sua eficiência por meio de ensaios
a opção correta: clínicos com o mínimo de víeses possível e
estudar desfechos relevantes como qualida-
de de vida e mortalidade.
ALTERNATIVAS:
Comentário da alternativa:
A) A forma de medicalização chamada de di-
sease mongering, ou promoção da doença, Essa alternativa causa um pouco de confu-
encontra-se nos casos em que a indústria são, o que está incorreto aqui provavelmente
farmacêutica, aliada a médicos e grupos é a correlação de ‘diagnóstico precoce’ com
de pacientes, utiliza-se da mídia para criar o ‘viés de publicação’. No viés de publicação,
doenças e doentes. os autores e revisores de revistas científicas
preferencialmente publicam artigos que de-
Comentário da alternativa:
tectam associações, em oposição aos estudos
O disease mongering diz respeito a amplia- que não encontram associações (não sendo
ção do conceito de doença para situações de estes necessariamente os metodologicamen-
não-doença, a fim de aumentar a venda de te mais corretos ).
medicações. A indústria farmacêutica pode
D) No rastreamento, exames ou testes são apli-
aliar-se a médicos, governos, grupos científi-
cados em pessoas doentes, o que ímplica a
cos ou grupos de pacientes, que se engajam
garantia de benefícios relevantes frente aos
na disseminação de informações em relação a
riscos e danos previsíveis e imprevisíveis da
determinada condição ou “tratamento”.
intervenção.
funcionamento das ações e serviços de saúde | Regiões de Saúde: recortes territoriais inseridos
integrados em redes de Atenção à Saúde”. em espaços geográficos contínuos, nessas re-
giões, as ações e serviços devem ser organiza-
As principais características das RAS são: a for- dos com o objetivo de atender às demandas das
mação de relações horizontais entre os pontos populações dos municípios a elas vinculados, ga-
de atenção, tendo a Atenção Básica como centro rantindo o acesso, a equidade e a integralidade
de comunicação; a centralidade nas necessida- do cuidado com a saúde local. |
des de saúde da população; a responsabilização
por atenção contínua e integral; o cuidado multi- | -- |
profissional; o compartilhamento de objetivos e
o compromisso com resultados sanitários e eco- | Redes de Atenção à Saúde: São arranjos orga-
nômicos. nizativos de ações e serviços de saúde, de dife-
rentes densidades tecnológicas, que integradas
Nessa rede, o acesso universal e igualitário às por meio de sistemas de apoio técnico, logístico
ações e aos serviços de saúde deve ser orde- e de gestão, buscam garantir a integralidade do
nado pela atenção primária, portanto, o acesso cuidado. |
aos serviços especializados e hospitalares está
condicionado à referência, isto é, ao encaminha- ###### Referências:
mento formal, pela atenção básica, conforme a
1. Giovanella L, Escorel S, Lobato LVC, Noronha
necessidade.
JC , Carvalho AI - Políticas e sistema de saúde no
Alguns trabalhos também enfatizam a importân- Brasil. Rio De Janeiro. 2ª Ed - revisada e amplia-
cia da modelagem de redes temáticas de aten- da. Ed. Fiocruz, 2012.
ção à saúde, partindo da premissa de que não é
2. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Aten-
mais possível o desenho de uma única rede que
ção à Saúde. Implantação das Redes de Atenção
dê conta de todos os problemas de saúde. As re-
à Saúde e outras estratégias da SAS. Brasília : Mi-
des temáticas podem incluir áreas diversas. No
nistério da Saúde, 2014.
Brasil alguns exemplos de redes temáticas são:
Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil -
Rede Cegonha, Rede de Atenção às Urgências e
Emergências (RUE), Rede de Cuidados à Pessoa QUESTÃO 93:
com Deficiência, Rede de Atenção Psicossocial.
De acordo com dados obtidos por meio da Pes-
quisa Nacional de Saúde, o Ministério da Saú-
de informa que 24,6% dos idosos têm diabetes;
TAKE HOME MESSAGE:
56,7% têm hipertensão; 18,3% são obesos e 66,8%
têm excesso de peso. As doenças do aparelho
* Por mais que os conceitos de “Regiões de Saú-
circulatório são a principal causa de internação
de” e “Redes de Atenção à Saúde” pareçam se-
entre idosos. Em 2018, foram 641 mil internações
melhantes, é importante distinguirmos. A região
registradas no SUS de pacientes acima de 60
de Saúde é uma definição geográfica, um recorte
anos. Em relação às informações citadas, assina-
territorial que é definido na tentativa de fornecer
le a alternativa correta:
uma Rede de Atenção à Saúde completa. Entre-
tanto, como vimos, para garantir a integralidade,
pode ser necessário que a Rede integre mais de
uma região, a depender dos recursos disponíveis
em cada território.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 205
4. “reduzir a mortalidade prematura (30 a 69 3. “reduzir em 1/3 a taxa de mortalidade por ho-
anos) por câncer de colo do útero em 20%” e; micídios”;
de saúde: análise da Pesquisa Nacional de Saúde D) Tem alto custo relativo e é de alta complexi-
no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 51, 2017. dade analítica.
Comentário da alternativa:
2. Plano de Ações Estratégicas para o Enfren-
tamento das Doenças Crônicas e Agravos não Os custos são relativamente baixos e ele tem
Transmissíveis no Brasil 2021-2030 [recurso ele- um alto potencial analítico, e não alta comple-
trônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vi- xidade analítica.
gilância em Saúde, Departamento de Análise em
E) Fornece estimativa de risco relativo, mas
Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissí-
tem baixo potencial analítico.
veis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
Comentário da alternativa:
Não fornece estimativa de risco relativo, e
QUESTÃO 94: possui alto potencial analítico.
ALTERNATIVAS:
A) Tem baixo custo relativo e tem alto potencial
analítico. Conhecer a classificação dos estudos epidemio-
Comentário da alternativa: lógicos, reconhecer sua estrutura e suas aplica-
ções é uma habilidade importante para a prática
É uma forma de pesquisa simples e eficiente, baseada em evidências.
tem alto potencial analítico e o tempo gasto e
os custos são relativamente pequenos. **ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS**
B) É apropriado para estudo de doenças raras e **Do ponto de vista do pesquisador, podem ser
fornece estimativa de risco. classificados como:**
Comentário da alternativa:
1. **Estudos Observacionais:** São feitos com da-
São bons e adequados para o estudo de doen- dos produzidos pela história clínica do paciente
ças raras, mas não fornecem estimativa de ris-
co. 2. **Estudos Experimentais:** O pesquisador in-
terage na alocação do tratamento
C) Tem alto custo relativo, mas fornece estima-
tiva de risco.
Do ponto de vista da observação, os estudos po-
Comentário da alternativa: dem ser:
uma ótica médica os dados produzidos por insti- 2. **Retrospectivos:** quando partem do presen-
tuições de coleta de dados; não tem comparação. te para o passado
**Os Estudos Descritivos podem ser classificados 3. P**rospectivos:** quando partem do presente
em:** para o futuro
2. **Estudo de uma série de casos:** Se baseia em **Em relação ao tipo de desenho, os estudos são
um conjunto de casos em que há conformidade classificados em:**
do tratamento e que todos os casos são incluí-
dos quando satisfazem o critério objetivo; não * **ESTUDOS SECCIONAIS, TRANVERSAIS OU DE
fornecem dados confiáveis para comparação en- PREVALÊNCIA:** em estudos transversais a uni-
tre tratamentos e não podem ser base para opi- dade de estudo é o indivíduo em um ponto espe-
niões; são importantes para investigar patologias cífico no tempo, neste caso a exposição e o des-
raras. fecho são avaliados simultaneamente. Por essa
razão, principal medida de frequência de um
3. **Estudo baseado em casos institucionais:** evento em estudos desse tipo é a prevalência, e
São agrupados os estudos que apresentam, com é por isso que são chamados também de estu-
uma ótica clínica, dados coletados por institui- dos de prevalência. Essa característica também
ções estatais; é o que gera uma limitação ao avaliar as asso-
ciações encontradas nesses estudos, a questão-
4. **Estudos Analíticos:** são aqueles delineados -chave nesse tipo de delineamento é saber se a
para examinar a existência de associação entre exposição precede ou é consequência do efeito.
uma exposição e uma doença ou condição rela- Se os dados coletados representam a exposição
cionada à saúde. antes da ocorrência de qualquer efeito, a análise
pode ser feita. Além disso, são úteis na investiga-
**Do ponto de vista da unidade de observação,
ção das exposições que são características indi-
os estudos podem ser:**
viduais fixas (grupo sanguíneo por exemplo) e na
investigação de surtos epidêmicos.
1. Dados Agregados: Os dados são avaliados de
forma unificada
* **Vantagens:** são mais baratos, mais rápidos e
mais fáceis; fornece hipóteses.
2. Dados Individuados: Os participantes são ava-
liados individualmente
* **Desvantagens:** não é possível identificar re-
lações de causa e efeito; não é possível testas hi-
**Do ponto de vista temporal, os estudos podem
póteses.
ser:**
causalidade reversa: não é possível identificar o
1. **Longitudinais:** Faz um acompanhamento
que veio antes.
ao longo do tempo. Como se fosse um filme. Os
estudo longitudinais podem ser classificados do
* **ESTUDO** **ECOLÓGICO**: é um tipo de estu-
ponto de vista temporal em:
do transversal observacional com a utilização de
dados agregados que são de origem secundária
da população.
210 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
**Falácia ecológica:** são interpretações estatís- * **Vantagem**: é um bom estudo para avaliar in-
ticas de dados em que inferências sobre a natu- cidência; inclui a possibilidade de usar critérios
reza individual são deduzidas a partir de um gru- uniformes, tanto na identificação quanto no fa-
po ao qual o indivíduo pertence. tor de risco no início do estudo, quanto na veri-
ficação da ocorrência da doença nos vários exa-
**CASO**-**CONTROLE**: faz comparações en- mes de acompanhamento; ou seja, é bom para
tre dois grupos de pacientes; busca verificar se avaliar causa e efeito; testa hipóteses; permite
indivíduos adoecidos se diferem significativa- avaliar mais de um desfecho; e é bom para fato-
mente, em relação a exposição a um fator de ris- res de risco raros.
co, de um grupo de indivíduos comparáveis (s/ a
doença). Os estudos do tipo caso controle se ini- * **Desvantagens**: podem ser ineficientes se o
ciam com o levantamento da história clínica de desfecho é raro ou a doença tem um longo pe-
todos os pacientes selecionados. Á partir destas ríodo de latência; caro, longo e acontecem mui-
informações (momento), procura-se saber se o tas perdas dos participantes; além disso são mui-
fator de risco está presente mais frequentemen- to susceptíveis ao viés de seleção.
te ou em nível mais elevado entre os casos ou
**ENSAIO** **CLÍNICO** **RANDOMIZADO**: é a
controles. Se a evidência for suficiente, o pesqui-
forma mais conclusiva de pesquisa clínica; nele
sador concluirá que existe uma associação entre
a comparabilidade dos grupos é garantida pela
o fator e o risco da doença;
alocação aleatória dos pacientes tratados;
Observacional, longitudinal com unidade de aná-
* Experimental, unidades de análise individua-
lise individuado retrospectivo.
das, longitudinal e prospectivo.
* **Vantagens**: é uma forma de pesquisa sim-
* Vantagens: melhor alternativa para avaliar rela-
ples e eficiente. O tempo gasto e os custos são
ção de causa e efeito, além de permitir ao pes-
relativamente pequenos; são bons e adequados
quisador controlar os fatores.
para o estudo de doenças raras porque o pesqui-
sador parte de um grupo que comprovadamente
* Desvantagens: caro, demorado, e difícil de ser
tema a doença.
executado; é preciso ser avaliado em relação a
preceitos éticos e legais.
* **Desvantagens**: a limitação principal é a sus-
ceptibilidade aos vícios de informação e seleção.
desempenho nos testes cognitivos e habilida- base em uma pontuação baixa em uma dessas
des funcionais, enquanto indivíduos normais avaliações. A concordância entre a história e o
com baixa escolaridade tenderão a um pior de- exame do estado mental é fortemente sugestiva
sempenho | do diagnóstico de demência.
* Cognição social.
* Demência semântica (DS);
* Demências de padrão cortical (doença de gran- Degeneração corticobasal: síndrome clínica he-
des vasos), as características cognitivas depen- terogênea que causa parkinsonismo assimétrico,
derão das áreas cerebrais afetadas. distonia e sinais como apraxia, perda sensorial
cortical ou membro alienígena.
**Demência com corpos de Lewy**
| Dominios | Memória | Atenção | Linguagem |
* Segundo tipo mais comum de demência dege- Função executiva | Visuoespacial | Comporta-
nerativa; mento |
fanatismo religioso) e mudança de hábitos ali- alteradas são alteração função executiva, aten-
mentares, com preferência por alimentos do- ção e pode ocorrer alteração de linguagem e
ces, são muito comuns. comportamentos como desinibição, adinamia,
estereotipias e alteração padrão alimentar;
Apatia também é frequente e relaciona-se com a
gravidade do acometimento do córtex pré-fron- * Demência de Lewy : apresentam como caracte-
tal medial. A apatia e a falta de empatia são ca- rísticas mais marcantes alucinações visuais com-
racterísticas que incomodam muito os familiares plexas, atenção e cognição flutuantes, parkinso-
e cuidadores dos pacientes. Perda da capacida- nismo de início precoce, hipersensibilidade aos
de de planejamento, organização e outros as- neurolépticos e distúrbios comportamentais do
pectos das funções executivas pioram à medida sono REM;
que a doença avança e refletem a disseminação
do processo neuropatológico para o córtex fron- * Degeneração corticobasal: clínica heterogênea
tal dorsolateral. e suas principais características são parkinsonis-
mo assimétrico, distonia e sinais como apraxia,
**Adendo:** perda sensorial cortical ou membro alienígena.
Os sintomas positivos incluem sintomas de dis- 2. Evaluation of cognitive impairment and de-
torção da realidade de alucinações e delírios, mentia - Uptodate;
bem como pensamentos e comportamentos de-
3. Schizophrenia in adults: Clinical manifesta-
sorganizados.
tions, course, assessment, and diagnosis - Upto-
Já os sintomas negativos são conceituados como date;
uma ausência ou diminuição dos processos nor-
mais e agrupam-se em dois componentes prin-
cipais: um componente de expressão diminuída, QUESTÃO 96:
que inclui afeto embotado e alogia, e um com-
ponente de avolição-apatia, que inclui anedonia, O período pós-parto, denominado puerpério,
avolição e associalidade. inspira muitos cuidados. Algumas complicações
se iniciam ainda na gravidez e outras são mais
específicas desse período. Sobre essas compli-
TAKE HOME MESSAGE: cações, é correto afirmar:
QUESTÃO 97:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
É importante ressaltar que o PTS é uma abor- A equipe de referência de um indivíduo dentro
dagem que valoriza a participação ativa do pa- da Rede de Atenção à Saúde deve ser a própria
ciente em seu próprio processo de tratamento, equipe da Atenção Primária à Saúde (APS). O ob-
promovendo a autonomia e a responsabilização jetivo dessa equipe é resolver a falta de defini-
pelo cuidado com a própria saúde. ção de responsabilidades, de vínculo terapêutico
e integralidade na atenção de todo usuário. Não
O PTS tem caráter prático e resulta em um con- foi planejada somente para casos mais comple-
junto de propostas de condutas terapêuticas de- xos.
finidas após discussão de uma equipe multipro-
fissional e interdisciplinar. Essas propostas visam Essa equipe é responsável por acompanhar
a resolução de saúde de indivíduos, famílias ou os pacientes em todas as fases do tratamento,
grupos quando a equipe de saude se depara com desde o diagnóstico até a alta ou o controle da
casos complexos. doença.
O matriciamento é diferente. Nesse caso, duas A equipe de referência pode ser composta por
ou mais equipes criam, de forma conjunta e diferentes profissionais de saúde, como médi-
compartilhada, uma proposta pedagógico-tera- cos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais,
pêutica. entre outros, dependendo das necessidades e
particularidades do grupo de pacientes atendi-
Uma equipe solicita ajuda de outra equipe (ou de dos. Esses profissionais trabalham em conjunto
mais equipes) para ter um suporte a mais, con- para garantir uma abordagem multidisciplinar e
tendo apoio de especialistas para discussão de integrada ao cuidado da saúde.
casos e de intervenções necessárias. O matri-
ciamento envolve, portanto, equipe especializa- A equipe de referência em saúde é responsá-
da em determinado tema ou área de saúde que vel por realizar avaliações e planejar o cuidado
atua como consultor ou orientador para outros de acordo com as necessidades dos pacientes,
profissionais que estão em contato direto com além de coordenar o atendimento e encaminhá-
os pacientes. Esses profissionais podem ser de -los para outros profissionais e serviços de saúde
diferentes áreas da saúde, como médicos, en- quando necessário. Também é responsável por
fermeiros, psicólogos, assistentes sociais, entre garantir o acesso aos tratamentos e medica-
outros. mentos indicados, além de prestar informações
e orientações para os pacientes e seus familiares.
O objetivo é promover a melhoria da qualidade
do atendimento e a resolução de problemas de A Clínica Ampliada é um modelo de abordagem
saúde de forma mais eficiente e eficaz. A ideia é ao paciente de modo a combinar os enfoques
que a equipe de matriciamento compartilhe seus médicos, sociais e psicológicos. Nesse mode-
conhecimentos e experiências com os demais lo, os profissionais de saúde usam a escuta para
profissionais, orientando-os sobre como abordar compreender como o paciente se sente e discu-
determinados casos ou situações clínicas, bem tem possibilidades de diagnósticos e tratamento
como ajudando-os a identificar e solucionar pro- de maneira conjunta com ele e entre si. O obje-
blemas de saúde. Essa troca de saberes favorece tivo é dar autonomia para o paciente, convidan-
a qualificação do atendimento e o aprimoramen- do-o a participar também do seu processo de
to das práticas de saúde. atendimento.
A equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família A Clínica Ampliada busca ampliar o olhar dos pro-
e Atenção Básica (NASF-AB) é a principal estra- fissionais de saúde sobre o paciente e sua situa-
tégia desenvolvida para apoio matricial. ção, considerando além dos aspectos biológicos,
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 221
QUESTÃO 98:
estabelecendo a importância das evidências que ela possa ser considerada como uma reco-
científicas na tomada de decisão sobre o cui- mendação que orientará a decisão clínica para o
dado a pacientes para avaliação da efetividade melhor desfecho, por esta razão é preciso avaliar
dos tratamentos, acrescida da experiência do a evidencia, interpretar seus resultados – valida-
médico (construída de forma científica e estru- de dos testes, poder preditivo, eficiência, efetivi-
turada) e das preferências do paciente. Como lí- dade, dentre outros – e integrar isso tudo a con-
deres intelectuais, ambos colocaram o paciente dição clínica e de tratamento do paciente.
no centro da discussão a respeito de diagnóstico,
tratamento e efeitos da aplicação tecnológica na Portanto, A MBE surge da utilização conjunta da
clínica, enfatizando a importância da história de epidemiologia clínica, da bioestatística e infor-
vida e dos achados clínicos na tomada de deci- mática médica para dar suporte à decisão, usan-
sões na atenção em saúde.” do o pensamento crítico, vivência profissional e
conhecimentos prévios como aliados para ava-
**MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS (MBE)** liar a evidência e decidir com base nela.
A “PICO” representa um acrônimo para Paciente, * Na ausência de evidências com a qualidade de-
Intervenção, Comparação e “Outcomes” (desfe- sejada (bons ensaios clínicos, por exemplo), tor-
cho), que é uma estratégia que pode ser utiliza- na-se por base o consenso de especialistas no
da para construir questões de diferentes tipos de assunto. De forma que informações relevantes,
pesquisa, sejam da clínica, do gerenciamento de adequadas para cada situação, são cotadas em
recursos humanos e materiais, da busca de ins- relação ao custo-benefício (eficiência) e passam
trumentos para avaliação de sintomas etc. a ser o elo final entre a ciência de boa qualidade
e a boa prática médica.
###### **Referências:**
TAKE HOME MESSAGE:
1. FARIA, Lina; OLIVEIRA-LIMA, José Antonio
* A MBE surge da utilização conjunta da epide- de; ALMEIDA-FILHO, Naomar. Medicina basea-
miologia clínica, da bioestatística e informática da em evidências: breve aporte histórico sobre
médica para dar suporte à decisão, usando o marcos conceituais e objetivos práticos do cui-
pensamento crítico, vivência profissional e co- dado. História, Ciências, Saúde-Manguinhos,
nhecimentos prévios como aliados para avaliar a [S.L.], v. 28, n. 1, p. 59-78, mar. 2021. FapUNI-
evidência e decidir com base nela. FESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-
59702021000100004.
* Os Ensaios clínicos são a forma mais conclusiva
de pesquisa clínica e a revisão sistemática é um 2. TEIXEIRA-BUSTAMANTE, Maria Tereza. Disci-
delineamento de estudo conduzido com aborda- plina de Epidemiologia. Universidade Federal de
gem sistemática e descrição objetiva da evidên- Juiz de Fora, 2022. Acesso Restrito.
cia sumarizada, sendo que associada a metanáli-
se é o mais alto grau de evidência científica. 3. FLETCHER, Robert H e FLETCHER, Suzanne W.
Epidemiologia Clínica – Elementos essenciais. 5ª
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023 229
4. MEDRONHO R; Bloch KV; Luiz RR; Werneck GL retornar para avaliação médica no mesmo dia à
(eds.). Epidemiologia. Atheneu, São Paulo, 2009, tarde, acompanhado de seus últimos exames de
2ª Edição. controle de HAS e DM, pois a depender da avalia-
ção do Dr Fábio, a cantoplastia poderia ser reali-
5. SOARES, José Francisco; SIQUEIRA, Armin- zada naquele mesmo dia.
da Lucia. Introdução a Estatística Médica. 2ª Ed.
Belo Horizonte. COOPMED. 2022. V.3. Considerando os atributos da Atenção Primária à
Saúde e os modelos de acesso ao cuidado, para
6. BONITA R, BEAGLEHOLE R, KJELLSTROM T. o caso acima, o acesso
Epidemiologia Básica. 2ª ed. São Paulo: Grupo
Editorial Nacional; 2010.
ALTERNATIVAS:
7. SANTOS, Cristina Mamédio da Costa; PIMEN-
A) Foi respeitado por meio da facilidade do
TA, Cibele Andrucioli de Mattos; NOBRE, Moacyr
agendamento da consulta para o mesmo
Roberto Cuce. The PICO strategy for the resear-
dia, mas a integralidade ficou comprometi-
ch question construction and evidence sear-
da, uma vez que o enfermeiro não conside-
ch. Revista Latino-Americana de Enfermagem,
rou o agendamento do paciente para o HI-
[S.L.], v. 15, n. 3, p. 508-511, jun. 2007. FapUNIFESP
PERDIA.
(SciELO). [(http://dx.doi.org/10.1590/s0104-
11692007000300023). Comentário da alternativa:
A integralidade não foi comprometida, tendo
8. SACKETT, D.L. et al. Medicina Baseada em Evi-
em vista que foi garantido o retorno com exa-
dências: prática e ensino. 2.ed. Porto Alegre: Art-
mes para possível realização de procedimen-
med, 2003, 270 p.
to no mesmo dia.
9. ATALLAH, alvaro nagib. Medicina baseada B) Foi comprometido, pois o paciente ainda
em evidências: o elo entre a boa ciência. e a boa teve de se submeter a “pegar ficha” para ser
prática clínica-. 11. disponível em: (http://www. atendido, mas a integralidade foi respeitada,
centrocochranedobrasil.org.br/apl/artigos/arti- uma vez que foram oportunizadas consultas
go\ _516.pdf) Acesso em 21 fev 2023. de enfermagem e médica no mesmo dia.
Comentário da alternativa:
O paciente não precisou aguardar as fichas, e
QUESTÃO 100:
teve seu atendimento garantido.
José, 50 anos, portador de hipertensão arterial C) Bem como a integralidade foram adequa-
sistêmica (HSD) e diabetes melitus (DM), pouco dos, visto que o paciente teve sua demanda
frequenta a UBS. Mas, nos últimos dias, sua unha acolhida da melhor forma possível naque-
encravada do dedão do pé direito voltou a inco- le momento e outras possíveis demandas,
modar, e ele não teve escolha: faltou ao trabalho como o controle das doenças crônicas, tam-
para “pegar ficha” logo cedo. Ao encontrar o en- bém foram consideradas.
fermeiro Leo na recepção da UBS, foi surpreendi- Comentário da alternativa:
do com a informação de que não precisava “pegar
ficha”, apenas aguardaria cerca de vinte minutos A demanda do paciente foi acolhida e atendi-
para ser atendido. Em seguida, dirigiram-se ao da, levando em consideração as suas comor-
consultório, onde recebeu uma prescrição de bidades.
analgésico comum e um encaminhamento para
A ALTERNATIVA ACIMA É A CORRETA.
230 SIMULADO HIIT | R1 | JULHO | 2023
###### Referências: