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DESENHO DE OBSERVAÇÃO

AULA 7

Prof. Adalberto Camargo


CONVERSA INICIAL

Nesta abordagem, vamos tratar do desenho de observação da figura


humana, ou do corpo humano, para auxiliar em questões de proporção.
Desenhar a figura humana é um dos maiores desafios para qualquer um
e o foi também no passado. Em épocas de movimentos artísticos como a
Renascença, o Barroco, o Neoclassicismo, o Romantismo ou o Realismo, o
estudo da figura humana com modelo vivo e o exercício de desenhá-la era parte
importante da educação de qualquer estudante de arte.
Hoje, o estudo da figura humana e de suas proporções estende-se a
várias formações – acadêmicas ou não; em cursos de Artes Plásticas, Educação
Artística, Arquitetura e Design Gráfico, Produto, Moda ou de Interiores.

CONTEXTUALIZANDO

Foi na Antiguidade que os gregos resolveram estabelecer parâmetros e


proporções ideais para a reprodução da figura humana, tanto na escultura
quanto no desenho e na pintura.
Polykleitos escreveu um tratado, que chamou de O Cânone, que dizia que,
“Para obtermos a proporção perfeita de algumas partes do corpo em relação às
outras, a figura deve medir sete cabeças e meia de altura”.
A palavra cânone é derivada do grego para designar um instrumento de
medida ou conjunto de regras para algum assunto. Então, para nosso estudo,
entendemos por cânone como sendo a regra que determina e relaciona as
proporções da figura humana com base em uma medida básica, definida como
módulo, o qual é utilizado desde a Renascença até hoje, e foi padronizado como
sendo igual à dimensão em altura da cabeça humana.
É claro que houve variações na definição desse cânone já aceito há mais
de 100 anos, quando foi estabelecido, por exemplo, que a altura para a figura
humana teria oito cabeças. Na famosa estátua de Apollo Beldevere (Figura 1),
uma das mais belas esculturas já criadas, a proporção usada foi de oito cabeças
e meia.
Em 1870 o antropólogo belga Quetelet decidiu estabelecer de vez um
parâmetro, para pôr fim à controvérsia dos diferentes cânones. Ele estudou as
proporções físicas de 30 indivíduos de constituições diferentes, e comparando
suas medidas obteve uma média geral, estabelecendo a proporção normal de

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sete cabeças e meia. Essa proporção então, foi preservada como um cânone ou
parâmetro final, aceito para a proporção da figura humana.

Figura 1 – Apollo Beldevere, estátua em mármore do deus grego Apolo, de autor


desconhecido

Crédito: Boocys/Adobe Stock

Hoje, com o desenvolvimento das várias formas de arte na representação


da figura humana, como nas artes plásticas, na arquitetura, no cinema e
animação ou na moda, chegou-se à conclusão de que existem três modelos para
determinar as proporções da figura humana:

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a. Modelo de sete cabeças e meia para a figura humana normal. (Figura 2);
b. Modelo de oito cabeças para a figura humana ideal (Figura 3);
c. Modelo de oito cabeças e meia para a figura humana – herói (Figura 4).

Figura 2 – Modelos normatizados para a figura humana

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

TEMA 1 – COMO ESCOLHER UM MODELO DE FIGURA HUMANA?

A seguir, passaremos a estudar os três principais modelos de figura


humana estabelecidos no cânone ou parâmetro final.

1.1 O modelo de sete cabeças e meia

O modelo de sete cabeças e meia pode ser usado para figuras comuns,
ou seja, para pessoas do cotidiano e de estatura média, entre 1,65 ou 1,70
metros, comumente atarracadas ou um pouco robustas, com braços e pernas
desproporcionais ao corpo.

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Figura 3 – Estudos acadêmicos do nu masculino, o primeiro, de Leonardo da
Vinci no século XV e o segundo, de Jacques Louis David, 1764.

Crédito: Leonardo da Vinci/CC-PD; Jacques-Louis David /CC-PD- The Fitzwilliam Museum.

O primeiro desenho acima é um estudo nu de um homem em pé, vista


frontal e o segundo é um estudo acadêmico do nu masculino, em vista 3/4. Note
que são proporções comuns, de homens de estatura mediana,

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Figura 4 – Modelo de sete cabeças e meia

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

1.2 Modelo de oito cabeças

O modelo de oito cabeças é considerado a figura idealmente proporcional,


com estatura aproximada de 1,85 metros, alta e de porte atlético, com uma
proporção perfeita entre corpo e cabeça, para pessoas normais e que possuem
certa personalidade.
A proporção desse estudo é de oito cabeças de altura por duas cabeças
de largura, cujos módulos estão divididos por uma linha divisória central – o eixo
de simetria, que passa pelo meio do nariz e entre os pés.
No desenho do corpo humano, não basta apenas estabelecermos a
proporção da altura. A simetria é fundamental para que o desenho tenha
semelhanças entre os lados direito e esquerdo e proporcione realismo ao
desenho.
Geralmente o corpo humano não possui as mesmas medidas e/ou
simetria entre ambos os lados. Possui pequenas e sutis diferenças que são
imperceptíveis quando olharmos, mas que no desenho são bastante visíveis.
O cânone estabelecido para a figura humana de oito cabeças em módulos
é:

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1. A cabeça vai até o queixo;
2. O pescoço vai até peito, a partir do queixo e passando pelo pescoço;
3. Do peito vai até umbigo;
4. O abdômen vai do umbigo até o quadril;
5. O quadril vai até a metade das coxas;
6. A metade das coxas vai até o joelho;
7. Do joelho vai até metade da perna, a panturrilha;
8. A panturrilha vai até dedos do pé, passando pela canela e pelo
calcanhar.

Figura 5 – Modelo de oito cabeças – homem e mulher

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Renato Silva.

Figura 6 – A simetria no desenho da figura humana

Fonte: Adalberto Camargo, 2023.

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1.2.1 Diferenças anatômicas entre o homem e a mulher no desenho

Devemos observar algumas diferenças anatômicas ao desenharmos a


figura do homem e da mulher. Na mulher, o torso (tronco) é estreito nos ombros
e mais largo no quadril, a cintura é estreita e os músculos não são destacados;
suas proporções são menores que as masculinas.
No homem as características se invertem. Os ombros são mais largos e
o quadril mais estreito, o esqueleto é maior e mais forte, com relevos e os
músculos possuem maior evidência.

Figura 7 – Diferenças e evidências anatômicas do homem e da mulher

Fonte: Adalberto Camargo, 2023.


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1.3 Modelo de oito cabeças e meia

O modelo de oito cabeças e meia até nove cabeças, se necessário, pode


ser usado para casos excepcionais, como figuras lendárias e de super-heróis,
como Hércules da mitologia grega, Thor da mitologia nórdica ou Superman das
histórias em quadrinhos e do cinema (fig. 3).

Figura 8 – Hércules, Superman e Thor

Créditos: Moviestore Collection Ltd/Alamy/Fotoarena; Maxim Maksutov/Shutterstock; Ahmad


Sonto/Shutterstock.

NA PRÁTICA – 1

Observe as proporções do corpo humano na Figura 7. Desenhe um


esboço simples de corpo inteiro seguindo a proporção de oito cabeças. Opte pelo
desenho do corpo de homem ou de mulher. Comece por estabelecer o esquema
de módulos em duas colunas, para que possa desenhar o corpo de forma
simétrica. Comece pela cabeça e vá descendo, observando atentamente as
proporções do tronco, dos braços e pernas, marcando as articulações (dobras)
com círculos.

TEMA 2 – USANDO UM MODELO TRIDIMENSIONAL

2.1 Boneco articulado

Uma boa opção muito útil é usar um acessório, que hoje encontramos
facilmente na internet para adquirir, que é o boneco articulado (madeira ou

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plástico), que pode nos ajudar a desenhar posturas mais complexas, como o
clássico modelo vivo. Este boneco conta com várias e principais articulações,
com as quais podemos estabelecer qualquer pose ou postura.

Figura 9 – Bonecos articulados de madeira e/ou plástico

Crédito: Vitaneo/Adobe Stock; Adalberto Camargo, 2023.

2.2 Modelo vivo

O desenho de modelo vivo é um estudo instigante e que provoca reflexões


a respeito do corpo humano e a imensa variabilidade de proporções e
movimentos do corpo. Na academia e escolas de Belas Artes, ele é feito com
modelos vivos e nus, tanto masculino quanto feminino, e em cursos livres os
modelos estão normalmente vestidos, mas de forma que a indumentária não
esconda as várias formas de seus corpos. É fundamental para que o estudante
ou artista tenha um treinamento sólido na representação do corpo humano,
conferindo beleza técnica e força expressiva. Necessita de ambiente especial,
amplo e bem iluminado, sem luz direta, quando o(a) modelo(a) posa ao centro,
podendo estar em pé, sentado ou deitado. Os estudantes ficam ao redor do(a)
modelo(a), de forma que, dependendo de suas posições, cada desenho terá um
resultado e posição diferente.

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Figura 10 – Escola de desenho, de Benoit Louis Prévost, 1763 e A aula de
desenho, de Michiel Sweerts, 1660.

Crédito: Akg-images/Album/Fotoarena; Michel Sweerts/CC-PD – Museu Frans Hals, Haarlem.

Você pode se lançar ao desenho de modelo vivo quando já tiver praticado


o desenho da figura humana por meio dos modelos de cabeças ou de bonecos
articulados. Recorra a familiares ou amigos para que posem em posições
variadas, com roupas que não escondam o corpo e permitam que você observe
cada parte, a musculatura e as corretas proporções de cada um. Essa prática
permitirá que você se desenvolva excepcionalmente no desenho realista da
figura humana.

NA PRÁTICA – 2

Peça para alguém posar para você e faça um desenho por observação da
figura humana. Use o grafite que desejar, mas dê preferência para os moles (4B
a 6B) para que deslizem bem no papel e confiram traços mais fortes e rápidos.
A pessoa pode estar sentada, para não se tornar cansativo, pois ao iniciar-se
nessa prática, você poderá demorar um pouco.
Não há necessidade de desenhar o corpo inteiro, apenas da cintura para
cima. Estabeleça uma postura interessante, que confira certo movimento, como
mãos apoiadas no queixo, no ombro ou braços apoiados em partes da cadeira.
Realize o desenho de forma rápida e descontraída, como um esboço ou
croqui, sem traços muito precisos. O intuito é fazer com que você comece a
observar, perceber as proporções do corpo e consiga transmitir para o papel
todas essas percepções.

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TEMA 3 – O ESQUEMA NA FIGURA HUMANA

3.1 Reduzindo a figura humana a esquema

Tomando como base os fundamentos do desenho de memória, quando


se desenha a figura humana, podemos considerar dois pontos:

• O desenho de memória começa pensando-se na estrutura do corpo


humano de forma esquemática, como se fosse o seu esqueleto;
• A construção desse esqueleto/esquema deve ter uma conformação
simétrica do corpo, determinado por um eixo central ou linha simétrica do
corpo humano.

Ao desenharmos a figura humana de memória, devemos começar de


dentro para fora, ou seja, começando por um esquema ou configuração linear,
posteriormente considerando qual seja a proporção, o volume dos músculos, sua
massa corporal e por fim, o tecido (a pele – o maior órgão do corpo humano) que
os envolve.
Isso nos permite observar que a estrutura e a posição do corpo nascem
basicamente de simples traços esquemáticos que representam o esqueleto,
como se fosse mesmo a estrutura óssea, entendendo que desenhando esses
ossos, e daí aparece a figura do corpo humano.

Figura 11 – Esqueleto humano mostrando a simetria e articulações ósseas

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.


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Como o corpo humano é simétrico, a representação da linha do tronco é
determinada por um eixo central. Esse eixo simétrico do corpo humano visto de
frente ou de lado se repete opostamente com os dois braços, as duas pernas,
as duas mãos mesmo que estejam em posições diferentes, sempre respeitando
simetricamente esse eixo central.

Figura 12 – A simetria na estrutura do corpo humano

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Renato Silva.

Essa percepção da estrutura esquelética do corpo humano nos possibilita


reduzir, simplificar ainda mais a representação pictórica no momento de
desenhar uma figura, por meio de linhas esquemáticas, mas percebendo
posturas, rotações e movimentos muito claros, num constante exercício mental,
como se estivéssemos enxergando em três dimensões, mesmo o desenho
sendo bidimensional.

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Figura 13 – Redução da estrutura corporal a linhas esquemáticas

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

NA PRÁTICA – 3
Utilize um papel de formato A4, na posição horizontal e desenvolva
desenhos de 3 posições diferentes (entre si e dos desenhos da Figura 13) do
corpo humano, inteiro. Pode ser com os movimentos que desejar, desde que
obedeça à forma esquemática, considerando o eixo ou linha central do tronco e
os braços, mãos, pernas e pés simetricamente, mesmo que estejam em posições
diferentes.

3.2 Reduzindo a figura humana a esquemas geométricos

Outra forma de desenharmos a estrutura do corpo humano é por meio de


esquemas de figuras geométricas. Elas desenvolvem nossa forma de pensar e
perceber as proporções do corpo humano, de suas partes e facilitam a
transposição para desenho no papel.

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Figura 14 – Estruturação do corpo humano de forma esquemática, por meio de
figuras geométricas

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

3.3 Desenhando a figura humana de forma realista

Para desenhar a figura humana de forma realista, mesmo que seja na


forma de esboço ou croqui rápido, é necessário que você passe pelas etapas
que apresentamos e desenvolvemos anteriormente. Essas etapas são
necessárias para o bom desenvolvimento da técnica de estruturação do corpo
humano em suas proporções ideais, simétricas e harmônicas.

Figura 15 – Desenhos da figura humana em esboços ou croquis rápidos

Crédito: Chipmunk131/Shutterstock.

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Seja para qual for o fim, é preciso praticar o desenho da figura humana
constantemente, pois sua representação pictórica se faz necessária, como um
elemento importante e complementar para qualquer projeto que você desenvolva
– por exemplo, na arquitetura, um projeto de decoração de interiores com a
inserção do elemento humano, a ergonomia de um produto, uma ilustração, a
criação de um personagem para o game ou mesmo na criação de um styling de
moda. Com base no esboço rápido, você passa a trabalhar com volumes na
musculatura, nas luzes e sombras. Como no desenho a seguir, executado por
Michelangelo Buonarrotti para a Capela Sistina em 1530.

Figura 16 – Estudo da figura humana feito por Michelangelo Buonarroti

Crédito: Art Heritage/Alamy/Fotoarena.

TEMA 4 – ESTUDO DE ALGUMAS POSIÇÕES DA FIGURA HUMANA

4.1 Esboçando algumas posições com esquemas

A seguir, vamos estudar alguns aspectos da figura humana em algumas


posições principais.
Podemos perceber que a proporção é importante em qualquer posição
que formos desenhar a figura humana. Quando consideramos o cânon das
proporções em cabeças, qualquer posição que queiramos desenhar vai
determinar o número de cabeças: numa figura sentada ou ajoelhada, a medida
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é de seis cabeças; na posição abaixada, é de cinco cabeças e na figura sentada
no chão é de quatro cabeças.

Figura 17 – Algumas posições da figura humana usando o cânone de cabeças

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

4.2 Esboçando articulações

Quando precisamos desenvolver desenhos do corpo humano cujos


membros possuem movimentos nas suas principais articulações, é importante
que pensemos nas linhas esquemáticas, estudadas no tópico 3 (Figuras 13 e
14). Assim como os principais membros do corpo, cada membro menor também
possui várias articulações próprias, cuja movimentação precisa ser observada e
construída corretamente. Quando não temos a oportunidade de desenhar com
um modelo vivo, uma boa alternativa é ter um boneco articulado (Figura 9), que
é uma importante aquisição para quem deseja se aprimorar no desenho da figura
humana.
Você deve imaginar cada articulação entre dois membros como tendo
uma rótula ou esfera, sobre a qual eles deslizam. Isso facilita a representação
daquela parte do corpo que você desenhará.

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Figura 18 – Esboço da articulação de alguns membros

Fonte: Adalberto Camargo, 2023, a partir do original de Arias Moreno.

4.3 Desenhando com agilidade – Exercícios temporais

Após definir esquematicamente algumas posições do corpo humano, você


pode tentar defini-los com alguns acabamentos, como exercício de aprendizado.
Tente fazê-lo com alguma rapidez, ignorando os resultados no começo, pois
esse aprendizado é algo bem diferente do que se estivesse desenhando-os com
um acabamento primoroso, realista e com detalhes, o que seria um trabalho mais
demorado.
Desenhar com rapidez vai forçá-lo a identificar os elementos mais
importantes do modelo e fazer uma síntese do que é mais importante para a
composição do desenho. Isso o ajudará também a adquirir maior sensibilidade
para o movimento da figura humana.

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Figura 19 – Desenho executado com traços rápidos e posterior definição nos
traços.

Fonte: Adalberto Camargo, 2023.

O ideal é você começar fazendo esboços rápidos de 1 minuto, como


exercício de agilidade no traço, obedecendo rigorosamente esse tempo.
Conseguindo atingir esse objetivo, você pode dobrar o tempo, fazendo o mesmo
desenho em 2 minutos. Nesse ponto, estando acostumado e trabalhar com
rapidez, o dobro de tempo – 2 minutos parecerá um tempo razoável para
transferir para o papel o que você vê e produzir um desenho bem desenvolvido
e com expressividade.
Finalmente, permita-se fazer o mesmo desenho com 5 minutos. Você verá
que é tempo suficiente para desenhar figuras completas e conseguir resultados
bastante sugestivos nas suas formas lineares. Então você pode complementá-lo
com hachuras objetivando dar volume, aplicar alguma luz ou sombras para
definir a vestimenta.

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NA PRÁTICA – 4

Caso não possa desenhar a partir de um modelo vivo, você pode escolher
ou selecionar a posição de uma figura humana a partir de fotografia ou imagem
digital, para desenvolver a proposta a seguir.
Observe atentamente a imagem escolhida e desenhe-a no tempo de 1 a
2 minutos com traços rápidos, como esboço. Em seguida, ao lado, repita o
desenho no tempo máximo de 5 minutos, dessa vez com traços mais detalhados,
aplicando algum acabamento de luz e sombra. Com o tempo e prática, você verá
que vai adquirir agilidade, tanto na percepção das linhas esquemáticas de um
modelo ou imagem, quanto na produção de seus desenhos, sejam eles croquis
ou com maior acabamento.

TEMA 5 – COMPOSIÇÕES COM A FIGURA HUMANA

A figura humana é fundamental nas representações gráficas de quase


todas as áreas do design, as quais estudamos nos capítulos anteriores. Ela atua
claramente como um indicador das proporções de um espaço, seja num projeto
de produto intrinsicamente ligado à sua ergonomia, um projeto de indumentária
no design de moda ou no planejamento de um projeto de interiores.
Em projetos de arquitetura, por exemplo, é primordial e necessário
considerarmos a figura humana, porque tudo o que se projeta tem relação
comparativa com a dimensão do corpo humano, ao percebermos intuitivamente
as dimensões do espaço.
Nas perspectivas, ao integrarmos a terceira dimensão, a figura humana
ou o corpo assume o papel de conferir profundidade à representação no projeto.
É quando sugerimos como o espaço interior ou exterior foi concebido,
como destacamos aspectos particulares ao projeto, quando propomos,
características funcionais e até revelamos o perfil de usuário do público-alvo. A
figura humana, portanto, possui vários significados além da escala e da
profundidade, e por meio da sua representação pictórica, transmite novas ideias.

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Figura 20 – Escala humana usada na arquitetura

Crédito: VisualProduction/Adobe Stock.

5.1 A escala usando a figura humana

A escala humana é uma unidade de medida que tem como base o corpo
humano e este serve de parâmetro comparativo.
As medidas do ser humano são então pontos de partida para a criação de
projetos, colocando o homem no centro das atenções. É com base nele que
todas as demais dimensões no projeto serão definidas.

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Figura 21 – Ilustração integrando a figura humana à arquitetura

Crédito: Alexander/ Adobe Stock/Adalberto Camargo.

NA PRÁTICA – 5

O desafio final será trabalharmos com colagem digital e fotomontagem.


Primeiro, escolha uma fotografia ou ilustração (digital ou em papel) de um projeto
arquitetônico interno ou externo. O externo pode ser uma área urbana onde haja
equipamentos utilitários ou arquitetônicos com os quais você possa interagir
posteriormente. Se for uma área interna, considere uma ambiência em que haja
também equipamentos utilitários de uso humano, móveis ou acessórios de
decoração. Após escolher a imagem da ambiência, observe-a atentamente e
analise todos os componentes, objetos ou equipamentos arquitetônicos. Pense
como cada um deles pode ter interações com pessoas. Em seguida, faça vários
desenhos de figuras humanas, baseadas nos estudos que desenvolvemos ao
longo desta abordagem, considerando as proporções ideais do corpo humano (7
cabeças e meia ou oito cabeças). Essas figuras humanas que você desenhará
deverão estar inseridas nessa foto ou ilustração por você escolhida, interagindo

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com a ambiência e com os equipamentos e objetos ali existentes. Você poderá
usar grafite para desenhar, depois colorize-as com a técnica que desejar, lápis
de cora, aquarela etc., e por fim finalize com caneta hidro ou esferográfica preta.
Passando para a etapa final, você irá usar o computador e scanner para
realizar o trabalho. Se a foto for em papel digitalize-a, bem como digitalize as
figuras humana que desenhou e recorte-as num software de edição de imagem.
Sua tarefa agora será aplicar as figuras humanas que desenhou, digitalizou e
recortou sobre a imagem da fotografia e/ou ilustração, usando sua percepção
para fazê-lo de forma coerente, respeitando as devidas proporções e relações
entre o corpo humano e os objetos e ambiente, numa composição harmônica.

TROCANDO IDEIAS

Saiba mais

Acesse o link a seguir e assista ao vídeo:


O CORPO nas obras de arte da Grécia Antiga. Vivieuvi, 2023. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=N3KKEArtkjk>. Acesso em: 11 ago.
2023.

Conforme consta na seção Contextualizando, é sabido que foram os


gregos a estabelecer o cânon das proporções na figura humana, exposto por
meio de suas esculturas. Sabe-se que os romanos fizeram cópias de muitas
esculturas quando dominaram a Grécia, e muitas delas desapareceram, ficando
apenas as cópias em bronze.
Doríforo de Policleto é um dos primeiros exemplos do cânone grego,
seguindo um sistema de proporções da figura humana. Míron, Fídias, Praxiteles,
Lísipo são outros escultores gregos que influenciaram e deixaram suas marcas
na arte ocidental.
Após assistir ao vídeo, compartilhe no fórum suas impressões sobre as
aplicações dessas proporções estabelecidas pelos gregos para a figura humana
não só no design, mas nas mais variadas áreas, como no cinema, na arquitetura,
pintura e escultura.

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FINALIZANDO

O estudo e a prática do desenho da figura humana, como pudemos ver


nesta abordagem, são de primordial importância para qualquer projeto que
demanda a interação entre o elemento humano e o ambiente que o cerca.
Estudar os cânones e as proporções do corpo humano é essencial para
sua construção, quando o desenharmos e o domínio das técnicas se faz
necessário para qualquer projeto que você desenvolva. Só a prática constante
levará você ao domínio dessa representação gráfica de forma harmônica.
Tenha sempre à mão um pequeno bloco de desenho e grafite para, em
qualquer momento ou lugar que estiver, você possa praticar o desenho da figura
humana, seja em casa ou numa pausa do trabalho, no lazer, no parque, enfim,
lembre-se: só a prática constante nos leva à execução com domínio e segurança.
Então, mãos à obra!

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REFERÊNCIAS

ARIAS, M. G. M. Dibujo de La figura humana. Azcapotzaico, México:


Universidad Autonoma Metropolitana – División de Ciencias y Artes para El
Diseño, 1991.

KONEL, V.; ODORIZZI, T. J.; KREISCH, C. Desenho da figura humana. Indaial:


Uniasselvi, 2016.

SILVA, R. A arte de desenhar proporções do corpo humano. 2. ed. Rio de


Janeiro: Conquista Editora,1972.

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