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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

THIAGO GABRIEL CAIRO

CARACTERIZAÇÃO DO USO DO COMPUTADOR E DA


INTERNET POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA
ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE SÃO PAULO

São Paulo
2010
THIAGO GABRIEL CAIRO

CARACTERIZAÇÃO DO USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR


ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE
SÃO PAULO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito
parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Ciências Biológicas.

Orientador: Dr. Adriano Monteiro de Castro

São Paulo
2010
THIAGO GABRIEL CAIRO

CARACTERIZAÇÃO DO USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR


ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE
SÃO PAULO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito
parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Ciências Biológicas.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro – Orientador


Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. José Cássio Másculo


Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profª. Dra. Rosana dos Santos Jordão


Universidade Presbiteriana Mackenzie
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Dr. Adriano Monteiro de Castro, por toda a paciência que
teve ao me orientar em toda a realização do presente trabalho, pois sem todo seu
estímulo e incentivo eu não poderia ter realizado toda essa empreitada.

Á minha mãe Profª. Sandra Iara de Azevedo Gabriel, por todo apoio que me deu,
não apenas nesse trabalho ou na Universidade, mas em toda minha vida e por ser o
exemplo de profissional que desejo ser em meus próximos passos.
RESUM

A Internet está se difundindo cada vez mais no Brasil e no mundo, de forma que
não é mais possível ignorar os seus benefícios, para a educação, seja ela formal, não
formal ou informal. A sua importância cresce ainda mais, ao se perceber que utilizando
a Internet o aluno sai da condição de espectador e passa a condição de autor, que lhe
permite que além de construir o seu conhecimento, também o compartilhe com outras
pessoas, sejam elas de sua escola, cidade ou de qualquer outro lugar do mundo. A
presente pesquisa procura identificar e analisar as manifestações de alunos do ensino
médio de uma escola pública do município de São Paulo sobre o uso do computador
e da internet em seu cotidiano, para tal foi adotado como instrumento de coleta, um
questionário estruturado composto de nove questões. A análise dos dados, em linhas
gerais, demonstra que os principais usos da Internet pelos estudantes são como central
de entretenimento e comunicação, além de um pequeno uso em suas pesquisas
escolares, sendo que seu uso na educação poderia ser aprimorado pelos professores.

Palavras-chave: Internet; Educação; Não Formal.


ABSTRA

The Internet is spreading increasingly in Brazil and in the world, so that you can no
more possible ignore this benefits for education, whether formal, non-formal or
informal. Its importance is growing even more, when we notice that using the Internet
the student leaves the viewer condition and is being authors, which enables besides
building your knowledge, also share it with others, whether its school, town or
anywhere else in the world. This research seeks to identify and analyze the
manifestations of high school students from a public school in São Paulo on the use of
computers and the Internet in their daily lives, for this was adopted as a collect tool,
a structured questionnaire composed by nine questions. Data analysis, in general,
shows that the main uses of the Internet by the students are as central to entertainment
and communication in addition to this they use in a small school research and this use in
education could be enhanced by the teacher involvement.

Keywords: Internet; Education; Non-Formal.


LISTA DE

Quadro I – Categorias de respostas dadas pelos alunos a questão: Para que você utiliza o
computador?....................................................................................................................20
Quadro II – Categorias de respostas dadas a questão: Os professores pedem para você
utilizar o computador?.....................................................................................................22
Quadro III – Subcategorias de motivos para o professor pedir aos alunos que usem o
computador na questão: Os professores pedem para você utilizar o computador? Para
que?.................................................................................................................................23
Quadro IV – Número de vezes que cada uma das alternativas foi assinalada na pergunta:
Dos recursos abaixo relacionados, quais você mais utiliza em seus trabalhos escolares?
.........................................................................................................................................24
Quadro V – Número de vezes que cada uma das alternativas foi assinalada na pergunta:
Onde você mais acessa a Internet?.................................................................................25
Quadro VI – Número de vezes que cada uma das alternativas foi assinalada na pergunta:
Nas horas vagas, quais dos recursos abaixo você mais utiliza? 25
Quadro VII – Categorias de respostas dadas a questão: Você já publicou coisas na
internet?...........................................................................................................................27
Quadro VIII – Subcategorias referentes a o que os alunos publicam na Internet........27
Quadro IX – Subcategorias referentes a onde os alunos publicam conteúdo na Internet27
Quadro X – Categorias de respostas dadas a questão: Seus amigos publicam essas coisas
na internet?.....................................................................................................................28
Quadro XI – Subcategorias referentes ao que os amigos dos alunos publicam na Internet
.........................................................................................................................................28
Quadro XII – Subcategorias referentes a onde os amigos dos alunos publicam conteúdo
na Internet.......................................................................................................................29
Quadro XIII – Categorias de respostas dadas a questão: Eu aprendo coisas novas na
Internet quando...............................................................................................................29
Quadro XIV – Categorias de respostas dadas a questão: A Internet não é legal quando30
SUMÁRI

1. INTRODUÇÃO................................................................................................8
2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................9
2.1. EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS DIFERENTES DO FORMAL..................................9
2.2. TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO.......................................................................12
2.3. HISTÓRICO DA INTERNET................................................................................13
2.4. INTERNET.............................................................................................................14
2.5. FATORES QUE IMPÕE LIMITES NO USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
NA EDUCAÇÃO............................................................................................................16
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................18
4. ANALISE DOS DADOS E DISCUSSÃO......................................................20
4.1. A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR.................................................................20
4.2. AS SOLICITAÇÕES DOS PROFESSORES AOS ALUNOS QUANTO AO
USO DO COMPUTADOR.............................................................................................22
4.3. PRINCIPAIS RECURSOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS EM
TRABALHOS ESCOLARES.........................................................................................23
4.4. DE ONDE É FEITO O ACESSO A INTERNET...................................................25
4.5. RECURSOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS EM SEU TEMPO LIVRE..........25
4.6. O QUE OS ALUNOS PUBLICAM NA INTERNET............................................26
4.7. AS PUBLICAÇÕES DOS COLEGAS NA INTERNET........................................28
4.8. CONSIDERAÇÕES DOS ALUNOS SOBRE O QUE APRENDEM NA
INTERNET.....................................................................................................................29
4 9. QUANDO OS ALUNOS CONSIDERAM QUE A INTERNET NÃO É ÚTIL 30
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................32
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................33
APÊNDICE A....................................................................................................36
APÊNDICE B....................................................................................................40
8

1. INTRODUÇÃO

Quando abordamos o termo educação, normalmente nos remetemos a um espaço


bastante típico denominado escola e, assim, identificamos este termo como algo
relacionado às aulas, em geral expositivas, provas e lições de casa. Essa educação
escolar pode ser denominada formal, mas sabemos que não é só na escola que
aprendemos. Outros espaços também nos ensinam, e alguns desses, nos dias de hoje,
são inclusive virtuais, acessados principalmente por computadores.

Esses espaços virtuais, em especial a Internet abrem a possibilidades de um


ensino que não precisa ser limitado pelas questões de tempo e espaço, o que permite ao
professor atender de melhor forma as necessidades individuais dos alunos.

Além disso, ao utilizar a Internet o aluno sai da condição de espectador e passa a


condição de autor, o que permite que além de construir o seu conhecimento também o
compartilhe com outras pessoas, sejam elas de sua escola, cidade ou de qualquer outro
lugar do mundo.

Outro fator que atesta a importância da Internet é que ela está se difundindo cada
vez mais no Brasil e no mundo, de forma que não é mais possível ignorar os seus
benefícios para a educação, seja ela formal, não formal ou informal.

Más também existem algumas barreiras em seu uso, inicialmente a dificuldade


no acesso a Internet por algumas parcelas da população do país, somando-se a isso o
fato da falta de um preparo específico dos professores para a utilização desses recursos
no aprimoramento do ensino.

Considerando tudo isso, os objetivos do presente estudo foram a identificação e


análise das manifestações de alunos do ensino médio de uma escola pública do
município de São Paulo sobre o uso do computador e da internet em seu cotidiano.
9

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS DIFERENTES DO FORMAL

A educação é algo essencial para qualquer pessoa. Ela que permite que o
indivíduo tenha acesso aos seus direitos, conheça seus deveres e participe efetivamente
da sociedade (GADOTTI, 2005). Mas diferente do que se é pensado, a educação não se
dá apenas em sala de aula através do que se chama de educação formal, mas também,
segundo Gohn (2006), a educação pode ser não formal, ou seja, se processar em tempos
e espaços diferentes daqueles habitualmente denominados escolares.

Para Gohn (2006), não se pode confundir a educação não formal com educação
informal. A educação informal é aquela feita através da socialização do indivíduo com
sua família, amigos e outros componentes que formam o meio onde vive, sem se
basear em um planejamento e numa intenção deliberadamente educativa. Já na educação
não formal há planejamento e intenções educativas e, pela definição de Gadotti (2005),
diferente do que se pensa ela não foi feita para se opor a educação formal, mas sim
trabalhar em conjunto com ela.

Na chamada educação formal o educador é em geral o professor e, normalmente


ocorre em um ambiente que segue algumas normas, regras e padrões já pré-
estabelecidos, já na educação não formal que pode ocorrer em diversos ambientes
coletivos, o educador normalmente é a pessoa com quem o estudante ira interagir,
podendo não ser apenas o professor, mas também seus próprios colegas de classe ou
então outras pessoas que se encontram envolvidas nesse processo (GOHN, 2006).

Além disso, Gadotti (2005) afirma que na educação formal, além dos objetivos
já pré-existentes e um ambiente de ensino restrito a escolas e universidades, há a
dependência de diretrizes educacionais centralizadas, normalmente fiscalizadas por
órgãos como o Ministério da Educação. Ao contrário disso a educação não formal é
menos burocrática, estando livre de
1

seguir um sistema sequencial, ter uma duração pré-estabelecida ou certificar aquela


aprendizagem.

Gohn (2006) complementa isso afirmando que a educação formal requer tempo,
local e pessoal especializado, além de um currículo pré-estabelecido, dividido por idade
e classes de conhecimento. Já a educação não formal não é dividida conforme séries,
idades ou conteúdos, o seu foco está no subjetivo, priorizando o desenvolvimento do
trabalho em grupo, além de desenvolver no estudante e no grupo um sentimento de
pertencimento, ou seja, que ele faz parte daquilo que está produzindo, o que
posteriormente colabora para a melhora da autoestima e para que o grupo perceba que
tem poderes de decisão e autonomia dentro daquele trabalho.

O que se espera da educação formal é que a aprendizagem seja efetiva e que


aquele indivíduo que participou dela seja certificado e que receba algum título que
permite uma progressão para outros graus de ensino ou para o mercado de trabalho. E
segundo Gohn (2006) a educação não formal, por sua vez, pode viabilizar os seguintes
resultados:

 desenvolvimento da consciência e organização de como agir em grupos


coletivos;
 a construção e reconstrução de concepções de mundo e sobre o mundo;
 contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade;
 formação para a vida e suas adversidades;
 resgata o sentimento de valorização de si próprio; ou seja dá condições aos
indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-valorização, de rejeição dos
preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para ser reconhecidos
como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais,
étnicas, religiosos, culturais, etc.);
 permite aos indivíduos adquirirem conhecimento de sua própria prática, a
partir da leitura e interpretação do mundo que os cerca.
1

Quanto à metodologia, a educação não formal parte da cultura daquele grupo e


da problematização da vida cotidiana dos indivíduos que o formam. O conteúdo surge a
partir das necessidades, desafios a serem superados e as ações que serão realizadas.
Apesar da intencionalidade de ensinar que existe na educação não formal, os caminhos e
metas que serão utilizadas para isso são abertos a serem alterados constantemente,
conforme a necessidade (GOHN, 2006).

Para Gadotti (2005) toda educação pode ser considerada formal, pois é
intencional, o que muda é o espaço onde a educação vai ocorrer. Na escola, por
exemplo, existe a marca da formalidade e regularidade. Já no espaço de educação não
formal, é vista a descontinuidade, eventualidade e informalidade. Na educação não
formal o tempo e o espaço têm a mesma importância e esse tempo é flexível já que nem
todos aprendem na mesma velocidade.

O que se entende afinal como educação não formal, ainda segundo Gohn (2006),
é que ela está voltada para os homens e mulheres e, não substitui e muito menos
compete com a educação formal, realizada em sala de aula e sim a complementa.
Gadotti (2005) complementa afirmando que a educação não formal pode ajudar a
conhecer melhor as potencialidades de cada um e assim as harmonizar para o beneficio
do grupo.

Segundo Gohn (2006), resumidamente os objetivos da educação não formal


articulam-se às intenções de:

 Educação para cidadania;


 Educação para justiça social;
 Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais, etc.);
 Educação para liberdade;
 Educação para igualdade;
 Educação para democracia;
 Educação contra discriminação;
1

 Educação pelo exercício da cultura e para a manifestação das diferenças


culturais.

Atendendo às mesmas intenções, cidades como São Paulo, que assinaram a


Carta das Cidades Educadoras (AICE, 1990), se comprometeram a encorajar os
habitantes, a se informarem, e, além disso, garantir a existência dessas informações e
que elas estejam disponíveis de forma compreensível. Não bastando apenas
disponibilizar essas informações, mas havendo ainda o compromisso de oferecer
recursos para permitir que todos tenham acesso a elas, e se necessário fornecer
orientação e acompanhamento para aqueles que precisam de ajuda especializada, e
formar pessoas de qualquer idade e classe social para que possam utilizar as tecnologias
da informação e comunicação.

2.2. TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Essa necessidade de se dispor a todos mais informação, é porque, segundo


Candau (2000), um dos desafios que existe na educação hoje é o de expandi-la a
diferentes espaços, sejam eles físicos ou virtuais, que permitam o trabalho de forma
mais livre. Além de que atualmente não se pode restringir a escola o ensino, pois o
amplo acesso ao conhecimento faz com que o importante não seja mais o espaço, mas
sim a forma como os recursos disponíveis são utilizados.

Para Gadotti (2005) as novas tecnologias criaram novos espaços para a


educação, já que com a Internet a barreira colocada pelo espaço não existe mais, a
escola não é mais o único local de aprendizagem, agora graças ao “ciberespaço da
formação e da aprendizagem”, o local de trabalho, a sua casa e até os espaços de
interação social podem ser utilizados pela educação, e também a Internet ajudou a
romper com a ideia de que existe um tempo próprio para aprender, afinal graças às redes
interligadas de computadores a qualquer momento, qualquer pessoa pode ter acesso ao
conhecimento disponível.

Mill (2009) complementa isso ao afirmar que essa nova possibilidade de


comunicação, trouxe “novas possibilidades de experimentar tempos e
1

espaços”, e influência diretamente na educação, pois a forma como o tempo e o


espaço são organizados na escola pode afetar na prática pedagógica, isto é,
o tempo de cada aula, a divisão por bimestres e séries, anos ou ciclos, e no que diz
respeito ao espaço, a organização da sala de aula, das bibliotecas, sala dos professores e
até mesmo a organização dos corredores, estão diretamente relacionados com o que os
professores poderão obter durante suas práticas, sendo a principal tecnologia a ser
utilizada, a Internet.

Ainda quanto a isso, Moran (1997) afirma que a Internet pode ser utilizada como
uma das principais tecnologias por ter sido a mídia que mais se expandiu desde a
televisão, inclusive a superando, sendo que cada vez mais pessoas de diferentes classes
sociais passam a participar da Internet e também demonstram, uma grande abertura
para tomar, para si próprio a autoria de seu conteúdo, algo muito prezado pela educação
não formal.

Isso porque a partir do fim do século XX deixou de se valorizar a memorização e


passou a ser levada em conta a capacidade de julgar, interpretar e procurar solução de
problemas, e saber onde encontrar a informação necessária para sua resolução. O
problema que surge é o de como passar de uma visão fragmentada que há séculos existe
na educação, para uma educação sistêmica, onde o objetivo é encontrar o todo e
não apenas parte dele. Essa mudança pode partir através da “escola inteligente”, que
apresenta diversos recursos que auxiliam na construção do conhecimento dos alunos,
sendo um desses recursos o uso de novas tecnologias, como, por exemplo, a Internet
(PASSARELLI, 2007).

2.3. HISTÓRICO DA INTERNET

Antes de se discutir o que é e como funciona a Internet, se faz necessário


entender as suas origens. O conceito de uma rede integrada de computadores surgiu em
1950, durante a guerra fria, com a criação do projeto RAND (Research and
Development) que tinha como objetivo, conectar computadores e facilitar o intercâmbio
de dados entre pesquisadores e também no caso de uma guerra essas rede preservaria
os dados estratégicos, esses
1

objetivos foram o pontapé inicial para o desenvolvimento da ARPANET pela Advance


Research Projects Agency em 1958, que seria a precursora da Internet e após mais de 10
anos de pesquisa a rede em 1969 é ativada. Nos seguintes anos, universidades
americanas passariam a integrar a rede, e então em 1973 a NORSAR (Norwegian
Seismic Array) e a University College de Londres são as primeiras conexões
internacionais da rede.

Em 1979 a ARPANET da origem a USENET (Users Network) desenvolvida por


Tom Truscot e Jim Ellis, estudantes da Universidade de Duke que permitia que os
participantes enviassem e recebessem artigos e notícias. Em 1988 surge o primeiro
programa para troca de mensagens instantâneas o IRC (Internet Relay Chat). E então no
ano de 1993 a Internet começa a tomar a forma que conhecemos atualmente com o
surgimento do Mosaic que foi o primeiro navegador com interface gráfica que permitia
que além de textos, as páginas de Internet exibissem imagens.

E em 1997 a Internet 2.0 começa a dar seus primeiros passos, quando Jorn
Barrer cria o blog que permitia que qualquer um pudesse ser autor de conteúdo e não
mais apenas as agências de notícias e as universidades. E então em 1998 Larry Page e
Sergei Brin fundam o Google, que começou como um site de busca na Internet, que se
expandiu e agregou vários outros serviços como, por exemplo, e-mail (Gmail) e redes
sociais (Orkut e Buzz). No ano de 2005 surge o Youtube que iria revolucionar mais uma
vez a Internet, ao permitir que qualquer pessoa publicasse vídeos para compartilhar com
o resto do mundo, sem que para isso precisassem de algum tipo de concessão dada pelo
governo. (DISCOVERY BRASIL, 2008).

2.4. INTERNET

A Internet está se expandindo cada vez mais, se tornando o principal meio de


comunicação. No Brasil segundo o IBOPE1 (2010) o número de

1
Pesquisa publicada em reportagem do Portal G1 em 10 de Fevereiro de 2010.
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1484777-6174,00.html
1

usuários conectados em 2009 foi de 66,3 milhões. Um dos motivos disso é que no
espaço virtual o usuário deixa de ser apenas um receptor de informações, pelo contrário,
a cada ano aumenta o número de pessoas produzindo conteúdo, seja por blogs ou redes
sociais e isso sem precisar de algum tipo de autorização do governo ou de um patrocínio
privado (MORAN, 1997).

Além disso, a Internet serve como plataforma de comunicação instantânea, seja


pelo e-mail como também por programas de mensagens como o Windows Live
Messenger (MSN), Skype, Google Talk e outros similares, que permitem não apenas a
comunicação via texto, mas também via áudio e até mesmo por vídeo, e isso a qualquer
momento, basta aquela pessoa com quem se quer comunicar estar conectada a Internet
também, e segundo Moran (1997) isso pode ser adaptado para facilitar na interação com
um aluno que não esteja, por exemplo, na mesma cidade, ou até mesmo de fora do país.
Lèvy (2000) usa o termo Ciberespaço ao se referir a Internet e a define como “espaço
de comunicação aberto pela intercomunicação mundial dos computadores e
das memórias dos computadores”, e que esse espaço tem a capacidade de conseguir
realizar a interligação da informação de várias fontes, e que por isso ele tende a ser o
principal canal de comunicação desse século.

Outra grande vantagem dessa comunicação entre diversos computadores é que


não existe mais necessidade de que a informação exista no terminal que está sendo
utilizado, e desde que esteja disponível no ciberespaço pode ser usada independente de
onde a pessoa se encontra. E não apenas para ter acesso a uma informação escrita, mas
também para ver um vídeo ou ouvir uma música. E também para a comunicação,
transpondo qualquer tipo de barreira física (LÈVY, 2000). E isso não apenas com quem
a pessoa conhece, segundo Moran (1997) a Internet permite que cada um busque sua
turma, ou seja, o individuo pode buscar na rede por outras pessoas que compartilham o
mesmo interesse que ele.

E se junta a isso a possibilidade de que essas tecnologias abram um novo


“encantamento” dentro da escola, e fora dela também, e permitam que o aluno
pesquise no seu ritmo e que junto aos professores compartilhem de
1

forma quase que instantânea esses conteúdos na rede para qualquer pessoa que
demonstre interesse e de forma recíproca o professor pode ter acesso a informações de
outros colegas de profissão sobre formas de como lidar com os novos problemas que
surgem no dia-a-dia. Além de permitir ao professor que de forma mais dinâmica atenda
as necessidades individuais de cada aluno, propondo alternativas e até mesmo tendo
contato direto com esse aluno pela Internet (MORAN, 1995).

Mas apenas o uso de tecnologias como a Internet não resolvem os problemas


educacionais do Brasil, ela colabora com a melhoria, mas para isso precisa ser utilizada
de forma adequada, para ai sim contribuir com o desenvolvimento dos estudantes
(MASETTO, 2006).

2.5. FATORES QUE IMPÕE LIMITES NO USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS


NA EDUCAÇÃO

Um dos principais fatores que impõe limites no uso das novas tecnologias na
educação é que por muito tempo não se deu o valor adequado ao uso de tecnologias para
melhorar a eficácia e eficiência do processo de ensino-aprendizagem. Isso porque o
professor é levado a valorizar mais os conteúdos e as aulas expositivas, já que em
grande parte dos cursos de formação de professores se faz pouco uso dessas tecnologias
como elemento auxiliar na motivação dos estudantes (MASETTO, 2006).

Quanto ao uso da Internet, Moran (1997) destaca que as grandes quantidades de


informações disponíveis podem fazer com que os alunos se dispersem, já que existem
informações que são mais atrativas e interessantes para eles, do que aquelas que devem
ser buscadas. E isso pode ser perceptível ao se observar a grande quantidade de sites de
conteúdos dos assuntos mais banais, que ocupam boa parte do tempo utilizado na
navegação. E também a diferença de tempo que cada aluno demanda para o domínio das
ferramentas necessárias para o uso da rede e como isso pode ser conciliado no
trabalho do grupo.
1

Ainda, segundo Cisneyros (1999), outro fator que restringe a inovação


tecnológica na sala de aula, seria o fato de seu ambiente por si só ser limitado, não só no
espaço físico, mas por se encontrarem dependentes de alta burocracia o que pode
reduzir as possibilidades de atuação dos professores. Com o aumento da
disponibilidade de novas tecnologias dentro e fora da escola, esse cenário deveria
tender a mudar e permitir maiores inovações na educação, só que na realidade o uso
dessas tecnologias acumula fracassos, pois na maioria das vezes algum novo recurso é
utilizado por algum tempo, mas logo se abandona e um dos fatores que levam a isso
pode ser a própria burocracia da escola, a falta de recursos e também a resistência que
os professores apresentam quando é necessário que mudem suas práticas.

Por fim outra grande dificuldade que surge é a desigual participação dos
professores, enquanto alguns professores dedicam o seu tempo para melhorar seu
domínio sobre a Internet, outros podem acompanhar de longe e até mesmo não
acompanhar o trabalho que seu colega está fazendo, ou então deixa a cargo do aluno a
passagem das informações, e muitas vezes fazem isso por simplesmente não saberem
mexer no computador. Outro fator é que quando o professor tem curiosidade eles podem
acabar descobrindo novos recursos para utilizar em suas aulas, por outro lado quando o
professor se torna acomodado ele pode acabar, apenas reclamando das dificuldades de
uso que encontra e da lentidão que pode se apresentar no seu uso e então no final de
contas, para ele todo esse trabalho não é justificável, pois no final não existem
diferenças entra as aulas convencionais e as que se utilizam da Internet (MORAN,
1997).
1

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo pode ser caracterizado, com base em Lüdke e André (1986),
como uma pesquisa de abordagem qualitativa. Nesse tipo de abordagem dados
predominantemente descritivos são analisados a partir de um processo
frequentemente indutivo. Para as autoras, a obtenção desses dados pode se processar
pela realização de entrevistas com os sujeitos de um espaço social que se pretende
estudar.

Para atender o objetivo de identificar como os estudantes do ensino médio


utilizam o computador e a Internet, foi necessária a aplicação de um questionário
estruturado, composto de nove questões, que abordariam a forma como o computador e
a Internet são utilizados pelos alunos e como se dá o seu acesso.

Esse questionário foi aplicado em abril de 2010 em 56 alunos voluntários, de


duas turmas de terceiro ano do ensino médio de uma escola pública estadual de São
Paulo. A escolha dessa escola se deu devido à facilidade de acesso nela encontrada
para a aplicação do questionário, algo que se fazia essencial visto que o tempo
disponível. Foi orientado aos alunos que deveriam responder todas as questões, e
quando solicitado, selecionar o número de alternativas indicado no enunciado.

O questionário aplicado pode ser consultado no Apêndice A do presente estudo.

Uma vez aplicado esse questionário, eles foram submetidos a uma breve análise
para a identificação dos questionários que não atendiam aos parâmetros combinados
com os alunos ou que a resposta não condizia com o pedido no enunciado. Então dos 56
questionários aplicados, 30 foram eliminados por não atenderem a esses parâmetros.

Então as respostas foram submetidas a uma análise quantitativa dos dados, para
isso os dados obtidos foram separados em cada tema,
1

correspondente a cada questão. E dentro desses temas, as respostas dos alunos


foram separadas em categorias e subcategorias de análise.

Quando necessário, as respostas dadas pelos alunos serão citadas; além disso as
respostas aos questionários na integra estão disponíveis no Apêndice B.
2

4. ANALISE DOS DADOS E DISCUSSÃO

Para a realização dessa análise, as respostas dos questionários (disponíveis no


Apêndice B) foram separadas em categorias e dentro dessas, quando necessário,
subcategorias.

4.1. A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR

Neste tema, foi possível visualizar quais são as principais motivações dos
alunos ao usarem o computador. E então as respostas dadas a questão proposta foram
organizadas em dezesseis categorias, conforme pode ser visto no quadro I.

Quadro I – Categorias de respostas dadas pelos alunos a questão: Para


que você utiliza o computador?
Categoria Número de Respostas
Utilizar Redes Sociais 20
Fazer trabalhos escolares 20
Diversão 13
Fazer pesquisa 10
Jogar jogos on-line 8
Ler notícias 5
Acessar e-mail 5
Acessar a Internet 3
Aprimorar o seu conhecimento 3
Estudar para o vestibular 2
Procurar informações sobre bandas musicais 2
Organização pessoal 2
Fazer cursos à distância 1
Procurar emprego 1
Armazenagem de arquivos 1
Trabalhar 1
2

É possível notar que dois itens, predominam sobre os demais, o primeiro é o uso
de Redes Sociais como o principal motivo para o uso de computador pelos alunos, isso
pode estar relacionado às observações de Moran (1997), que o levaram a perceber que
os estudantes gostam de divulgar o que sabem e também conversar com seus colegas
via Internet, o que segundo Paula (2009) são funções básicas das redes sociais.

A segunda predominância observada, foi a de uso do computador para a


realização de trabalhos escolares e também que para alguns alunos pesquisar é diferente
de realizar um trabalho, como é possível perceber na resposta do aluno 5:

“Para lazer, trabalhos escolares, pesquisas e para trabalhar.”

Essa separação de trabalho escolar e pesquisa pode estar relacionada com o fato
de que os estudantes preferem procurar aquilo que os interessa, sendo que nem sempre o
conteúdo do trabalho escolar é algo que julga interessante. Isso leva a interpretar que,
quando o aluno se refere à pesquisa de forma separada isto pode ser um indicativo de
que para ele pesquisar seja buscar conteúdo sobre o qual ele se interessa (MORAN,
1997).

Além disso, é possível observar que apenas três alunos falaram que usam o
computador para acessar a Internet, os demais já encaravam que usar o computador seja
o mesmo que usar a Internet, as respostas dos alunos 10 e
19 servem como exemplo disso, enquanto o aluno 10 responde a questão dizendo:
“Para utilizar a internet usando o msn, orkut, twitter e quando tem trabalho de
escola.” Nesse caso ele primeiro diz que usa a Internet, para depois então dizer o que
faz nela, já o aluno 19 responde: “Para realizar minhas pesquisas escolares, para
falar com meus amigos (MSN), para me divertir.” Nesse caso o aluno apenas diz o
que faz na Internet.

Categorias como trabalhar e procurar emprego e, organização pessoal e


armazenagem de arquivos, foram menos citadas nos questionários, isso mostra que no
grupo de alunos observados, a importância principal do uso do
2

computador e da Internet é a de acessá-los como uma espécie de biblioteca virtual ou


então como fonte de entretenimento.

4.2. AS SOLICITAÇÕES DOS PROFESSORES AOS ALUNOS QUANTO AO


USO DO COMPUTADOR

Neste tema, foi possível perceber se os professores solicitam aos alunos que
usem o computador e se sim, para que. Para sua análise, as respostas dadas pelos alunos
foram agrupadas em quatro categorias; sendo que a categoria “Sim” deu origem a mais
seis subcategorias.

Quadro II – Categorias de respostas dadas a questão: Os professores


pedem para você utilizar o computador?
Categoria Número de Respostas
Sim 21
Não 1
Não todos 3
Às vezes 1

É possível com as respostas que foram dadas, perceber que a maior parte dos
professores da escola onde o questionário foi aplicado solicita aos alunos que utilizem
como recurso didático o computador, o que segundo Lèvy (2000) permite acesso a
novas formas de se chegar a uma informação e também, novas possibilidades para o uso
do raciocínio do aluno. Apenas uma minoria dos alunos respondeu que apenas alguns
professores não solicitam o uso ou que nenhum professor solicitava o uso do
computador, sendo que o aluno 25 foi o único a dizer que não pedem, assumindo que a
justificativa para isso é a seguinte:

“Não, não pedem porque com a utilização do computador, você mais faz um
plágio do que aprende, pois para sair bom o trabalho é necessário um resumo
e uma conclusão de sua opinião.”
2

Percebe-se ainda nesse trecho que algum professor deu a entender a esse aluno
que trabalhos feitos em computador são cópias sem referência. Vale pontuar que
isso não é um problema isolado no âmbito do uso do computador. A tecnologia só
facilitou os recursos de cópia e reprodução. Na verdade, a cópia e reprodução são ações
muito relacionadas às abordagens mais tradicionais do ensino, pois ela valoriza a
necessidade de cumprir um currículo conteudista no ensino (GADOTTI, 2005).

Quadro III – Subcategorias de motivos para o professor pedir aos alunos


que usem o computador na questão: Os professores pedem para você
utilizar o computador? Para que?
Subcategoria Número de Respostas
Sim, Fazer pesquisa 15
Sim, Fazer trabalho escolar 13
Sim, Buscar informações 6
Sim, Receber e-mails dos professores 3
Sim, Ver vídeos 2
Sim, Fazer pesquisas sem relevância 1

Mais uma vez foi possível observar a diferenciação de pesquisa e trabalho


escolar. Em uma resposta particular, o aluno 14 diz: “Pesquisa sobre coisas bestas.”
Então novamente surge à questão da relevância daquele assunto para o aluno, talvez
nesse caso, o professor não conseguiu estimular o aluno, o que para Moran (1995) deve
ser a função principal do profissional ao utilizar as tecnologias, mas não apenas
estimular, como também indicar informações de maior relevância.

4.3. PRINCIPAIS RECURSOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS EM


TRABALHOS ESCOLARES

Nesse tema, é possível analisar quais recursos os alunos usam em seus trabalhos
escolares, sendo que cada aluno devia escolher três opções. As
2

alternativas assinaladas pelos alunos na questão proposta foram contadas e organizadas


no quadro IV.

Quadro IV – Número de vezes que cada uma das alternativas foi


assinalada na pergunta: Dos recursos abaixo relacionados, quais você
mais utiliza em seus trabalhos escolares?
Alternativa Número de vezes que foi
assinalada
Word / Editores de texto 23
Google / Ferramentas de busca 24
E-mail 5
Youtube / Sites de vídeos 4
Wikipedia 19
Paint 3

Foi possível observar que todos os alunos que responderam o questionário usam
recursos de Internet para realizar os seus trabalhos escolares, sendo os principais as
ferramentas de busca e a Wikipedia; e para a manipulação e organização dos conteúdos
pesquisados, a maioria dos alunos utiliza as ferramentas de edição de texto.

Vale considerar que recursos como a Wikipedia, que podem ser editados por
qualquer pessoa, representam uma fonte duvidosa para pesquisas, sendo que para Moran
(1997), os alunos deveriam ter bom senso durante a navegação na Internet e,
comparando os conteúdos que localizam, selecionar os mais importantes. Assim, o uso
de tal recurso não necessariamente deve ser proibido, mas sim acompanhado, sendo
ainda permitido seu uso pelo aluno não somente como sujeito que busca informações,
mas também como autor dessas informações. Dessa maneira a formação para o bom
senso esperado por Moran (1997) no uso desses recursos pode ser objetivo do trabalho
do professor.
2

4.4. DE ONDE É FEITO O ACESSO A INTERNET

Foi solicitado para essa análise, que os alunos selecionassem de onde mais
acessam a Internet, e com os resultados obtidos foi montado o quadro V.

Quadro V – Número de vezes que cada uma das alternativas foi


assinalada na pergunta: Onde você mais acessa a Internet?
Alternativa Número de vezes que foi
assinalada
Escola 0
Casa 24
Lan houses 2
Telecentro / Acessa São Paulo 0

É notado que apenas dois dos vinte e seis alunos que responderam o questionário
não utilizam a Internet em casa. Essa alta quantidade de pessoas navegando de onde
moram, e não de outros locais, pode ser indicativo de um processo de inclusão digital da
população. Essa inclusão, segundo Passarelli (2007), pode inclusive auxiliar para que
gradativamente sejam eliminadas algumas barreiras sociais que existem no país hoje.

4.5. RECURSOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS EM SEU TEMPO LIVRE

Para a análise desse tema, foi solicitado aos alunos que selecionassem os
recursos que mais utilizam, e então com esses dados foi montado quadro VI.

Quadro VI – Número de vezes que cada uma das alternativas foi


assinalada na pergunta: Nas horas vagas, quais dos recursos abaixo você
mais utiliza?
Alternativa Número de vezes que foi
assinalada
Orkut / Facebook / Twitter / Formspring 24
2

Windows Live Messenger (MSN) / Skype / 26


Google Talk
Google / Ferramentas de Busca 12
Chats com video 3
Chats sem video 1
E-mail (Gmail, Hotmail e outros) 13
Youtube / Sites de vídeos 23
Blogs 2

É possível perceber que recursos de interação social são os mais utilizados,


sendo eles redes sociais, comunicadores instantâneos e sites de compartilhamento,
talvez esse movimento esteja relacionado com a possibilidade de comunicação recíproca
e comunitária que a Internet provê, no qual qualquer um pode participar e contribuir
com seu desenvolvimento (LÈVY, 2000).

Esses aspectos se relacionam a Educomunicação, pois, essas possibilidades de


contribuição ao conteúdo da Internet permitem a formação de indivíduos críticos e
ativos que por terem experiência de lidar com meios de comunicação, quando estão
diante das mensagens veiculadas pelos por outros meios, sejam eles televisão, rádio ou
jornais, possam perceber se existe alguma manipulação daquela informação. E também,
existe a possibilidade de se criar um conteúdo colaborativo, que pode ajudar a fortalecer
as identidades dos grupos, para que se percebam como capazes de mudar o meio onde
vivem (MARTIRANI, 2008).

4.6. O QUE OS ALUNOS PUBLICAM NA INTERNET

Para uma melhor análise desse tema, as questões respondidas foram divididas
em duas categorias e posteriormente seis subcategorias.
2

Quadro VII – Categorias de respostas dadas a questão: Você já publicou


coisas na internet?
Categorias Número de Respostas
Sim 20
Não 6

A maioria dos alunos que responderam o questionário, disse que já havia


publicado algum material na Internet, é possível fazer um paralelo com observações de
Lèvy (2000), que mostravam que a não necessidade de alguém aprovar ou não a sua
publicação, estimula as pessoas a participarem ativamente da Internet, publicando não
apenas textos, mas fotos e vídeos também.

A categoria de respostas “Sim” gerou seis subcategorias, sendo três dessas


referentes ao que os alunos publicam e três representando onde fazem isso.

Quadro VIII – Subcategorias referentes a o que os alunos publicam na


Internet.
Subcategorias Número de Respostas
Sim, Fotos 17
Sim, Vídeos 10
Sim, Textos 9

Quadro IX – Subcategorias referentes a onde os alunos publicam


conteúdo na Internet.
Subcategorias Número de Respostas
Sim, Rede Social 16
Sim, Blogs 7
Sim, Sites 2

A maior predominância de fotos, como a principal publicação pode estar


relacionada ao fato de que o principal ambiente de publicação desse grupo seja
2

as redes sociais, como, por exemplo, o Orkut onde, existe a possibilidade de se publicar
fotos para compartilhar com amigos. Os textos que os alunos falam publicar, podem
estar ligados ao resgate do sentimento de autoria que as tecnologias possibilitam
(MORAN, 1997). E essas publicações, segundo Lima (2007) permitem aos alunos
crescerem ativos e autônomos, podendo intervir na realidade onde vivem.

4.7. AS PUBLICAÇÕES DOS COLEGAS NA INTERNET

As respostas dadas pelos alunos a respeito desse tema foram organizadas em


categorias, que foram distribuídas no quadro X.

Quadro X – Categorias de respostas dadas a questão: Seus amigos


publicam essas coisas na internet?
Categorias Número de Respostas
Sim 22
Não 3
Não sei 1

É possível perceber que a maioria dos alunos, conhece alguém que já havia
publicado algo na Internet. Além disso, é possível notar que o número de alunos cujos
amigos não publicavam nada, é próximo ao número de alunos que disse não ter
publicado algo na rede na questão 6, isso pode representar outro lado da inclusão digital,
ao mesmo tempo em que a rede pode ajudar a diminuir as diferenças, quem não tem
acesso a ela pode acabar sendo excluído (PASSARELLI, 2007). As respostas de o quê e
onde os amigos respondem, geraram duas subcategorias, listadas nos quadros XI e XII.

Quadro XI – Subcategorias referentes ao que os amigos dos alunos


publicam na Internet.
Subcategorias Número de Respostas
Sim, Fotos 13
Sim, Vídeos 12
2

Sim, Textos 5
Sim, mas não sabe o quê 6

Quadro XII – Subcategorias referentes a onde os amigos dos alunos


publicam conteúdo na Internet.
Subcategorias Número de Respostas
Sim, Rede Social 19
Sim, Blogs 3
Sim, Fóruns de Internet 1
Sim, mas não sabe onde 3

Tal como na questão anterior, o principal item publicado pelos amigos dos
alunos são fotos e o local mais comum para publicá-las são as redes sociais, o que
facilita a publicação e também o compartilhamento com os amigos.

4.8. CONSIDERAÇÕES DOS ALUNOS SOBRE QUANDO APRENDEM NA


INTERNET

Neste tema foram analisadas as formas como os alunos completaram a seguinte


frase: “Eu aprendo coisas novas na Internet quando...” As respostas foram agrupadas em
categorias, que foram organizadas no quadro XII.

Quadro XIII – Categorias de respostas dadas a questão: Eu aprendo


coisas novas na Internet quando...
Categorias Número de Respostas
Quando pesquiso sobre o que gosto ou me 7
interesso
Quando procuro algo em sites de busca 7
Quando procuro informações em sites variados 7
Quando cumpro a tarefa da escola 3
Quando estudo matérias da escola 2
Quando converso com outras pessoas 2
3

Quando acesso sites que não conheço 1


Quando uso de forma correta 1
Quando tenho objetivos 1
Quando leio notícias 1
Quando tenho tempo 1

As respostas mais comuns envolviam o fato de fazer pesquisas pela Internet.


Chama atenção o fato de que um grupo de alunos respondeu que aprendem quando
gostam daquilo que estão pesquisando, e isso demonstra a importância de que o
professor estimule o aluno, para que o aluno encontre os temas que acha ser de maior
relevância (MORAN, 1995), ligado a isso, o aluno 13 respondeu da seguinte forma essa
questão: “Eu aprendo coisas novas na internet quando tenho meus objetivos
claros, ou ainda quando se tem coisas interessantes de aprendizado.” Exibindo
que só considera que realmente aprende algo usando a Internet, quando existe um
objetivo e um interesse naquele assunto. Quanto a questão do objetivo, Libâneo (2004)
diz que é importante que se tenha um objetivo, porque os alunos precisam saber o que
devem alcançar e para que estão fazendo aquilo.

4.9. QUANDO OS ALUNOS NÃO CONSIDERAM A INTERNET LEGAL

Utilizando-se das respostas dadas pelos alunos sobre o tema, o quadro XIV foi
elaborado.

Quadro XIV – Categorias de respostas dadas a questão: A Internet não é


legal quando...
Categorias Número de Respostas
Quando entro em sites com vírus 7
Quando não tenho nada para fazer 6
Quando usam para roubar dados 5
Quando é usada de maneira errada 5
Quando usam para pedofilia 4
Quando aparecem páginas que são 3
3

indesejadas
Quando invadem minha privacidade 2
Quando tenho que estudar 1
Quando ocorre cyberbullying 1
Quando usam para prostituição 1

Foi possível perceber que os alunos exibem preocupação quanto a segurança na


Internet, seja por causa de vírus, roubo de dados ou até mesmo pedofilia, como é
possível observar na resposta do aluno 7 que diz que a Internet não é legal quando: “Um
velho chato e nojento entra em seu Orkut e diz: - “Ei gatinha te achei linda
posso “Add”?”” e quanto a vírus e roubo de dados, é possível perceber isso na resposta
do aluno 6 que diz: “... os hackers invadem os sites de relacionamento dos outros
e quando há muitos vírus na rede.”

Essas respostas demonstram que existe uma grande preocupação por parte dos
alunos quanto à segurança no uso da Internet, isso também foi observado por Almeida
(2008), onde 12% dos alunos que entrevistou, também relataram que possuem algum
medo ao usar a Internet.

Ainda que a exposição aos riscos seja uma realidade, trabalhar na perspectiva de
formar alunos para um uso mais seguro dos recursos discutidos em todos os temas da
presente análise é algo de grande importância na educação, pois o computador e a
Internet é cada vez mais essencial na vida das pessoas.
3

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível notar que a Internet é utilizada pelos alunos principalmente como
central de entretenimento e comunicação. Sendo usando para assistir a filmes, como
também para jogos. E no que diz respeito à comunicação, as principais plataformas
utilizadas pelos alunos são as redes sociais e os programas de comunicação instantânea.

Mas não é apenas utilizada pela diversão, alguns alunos também falaram que
aprendem usando a Internet, sendo que afirmaram que aprendem mais quando tem
interesse sobre aquilo que estão pesquisando, demonstrando a importância em que
aquele ensino seja significante para o aluno.

Além disso, os alunos apresentavam algumas preocupações características no


uso da Internet, passando de medos mais comuns como entrar em sites infectados por
vírus, chegando a medos de pedofilia e com roubo de dados sigilosos.

Com a caracterização do uso da Internet pelos alunos de ensino médio, foi


possível, notar que apesar de muito utilizada pelos alunos, a Internet não é aproveitada
pelos professores de uma maneira que de fato contribuísse na melhoria das
oportunidades para a aprendizagem, sendo que, quando usada na escola, é
normalmente para ter a função de uma biblioteca tradicional e não como uma fonte de
informação que está aberta para interação e mudança, seja ela feita pelos professores,
mas pelos alunos também. Com esses dados, é possível delinear a necessidade de
melhorar o aproveitamento dos recursos disponíveis com o advento das novas
tecnologias na educação.
3

6. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ana Nunes (Coord.) Crianças e internet: usos e representações,


a família e a escola. Relatório de Pesquisa. Lisboa, Portugal: Instituto de
Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2008.

AICE- Associação Internacional de Cidades Educadoras. Carta das Cidades


Educadoras. Barcelona, Espanha: 1990.

CANDAU, Vera Maria. Construir ecossistemas educativos – Reinventar a


escola. In: CANDAU, Vera Maria. Reinventar a Escola. 2ª Ed. Petrópolis, RJ:
Editora Vozes: 2000. p. 11 – 16.

CISNEYROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: Melhoria do


ensino ou inovação conservadora?. Revista Informática Educativa, v. 12, n.
1. p. 11 – 24. Bogotá, Colômbia: 1999.

DISCOVERY BRASIL. A internet, seis décadas. Discovery Channel, 2008.


Disponível em: <http://www.discoverybrasil.com/internet/intera ctivo.shtml>. Acesso
em: 03 abr. 2010.

GADOTTI, Moacir. A questão da Educação Formal/Não-Formal. Institut


international des droits de l’enfant (IDE). Anais do Congresso Droit à l’éducation:
solution à tous les problèmes ou problème sans solution? Sion, Suiça, 18 a 22 de
outubro de 2005.

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade


civil e estruturas colegiadas nas escolas. Revista Ensaio: Avaliação e Políticas
Públicas em Educação, v. 14, n. 50. Rio de Janeiro, RJ: 2006.

LÈVY, Pierre. Cibercultura. 2ª Ed. São Paulo, SP: Editora 34: Coleção TRANS,
2000. p. 157 – 176.
3

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 17ª Ed. São Paulo, SP: Cortez Editora: Coleção
Magistério – 2º Grau, 1999. p. 201.

LIMA, Gracia Lopes. Educomunicação na Escola. Portal GEMS, 2008.


Disponível em <http://portalgens.com.br/baixararquivos/textos/educomunicaca
o_na_escola.pdf>. Acesso em 10 mai. 2010.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A.. Pesquisa em Educação: Abordagens


Qualitativas. São Paulo, SP: Editora Pedagógica e Universitária: Coleção Temas
Básicos de Educação e Ensino, 1986. p. 11 – 44.

MASETTO, Marcos T. Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In:


MORAN, José Manoel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 12ª Ed.
Campinas, SP: Papirus: Coleção Papirus Educação, 2006. p. 133 – 144.

MARTIRANI, Laura Alves. Comunicação, Educação e Sustentabilidade: o


novo campo da Educomunicação Socioambiental. In: Encontro dos Núcleos
de Pesquisas em Comunicação, 2008, Natal - RN. Anais: XXXI Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Natal – RN: Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação, 2008.

MILL, Daniel. Educação virtual e virtualidade digital: trabalho pedagógico


na educação a distância na Idade Mídia. In: SOTO, Ucy et al. Linguagem,
Educação e Virtualidade. São Paulo, SP. Editora UNESP, 2009. p. 29 – 51.

MORAN, José Manoel. Novas tecnologias e o re-encantamento do mundo.


Revista Tecnologia Educacional, v. 23, n. 126, p. 24 – 26. Rio de Janeiro, RJ: 1995.

MORAN, José Manuel. Como utilizar a Internet na educação. Revista Ciência


da Informação, v.26, n. 2. Brasília, DF: 1997.

PASSARELLI, Brasilina. A educação no embate de paradigmas. In:


PASSARELLI, Brasilina. Interfaces Digitais na Educação: @lucin[ações]
3

Consentidas. 1ª Ed. São Paulo, SP. Escola do Futuro da USP, 2007. p. 40 – 50.

PAULA, Ricardo de. Mídias Sociais. Escave as Mídias Sociais, 17 ago. 2009.
Disponível em: <http://www.midiassociais.net/2009/08/as-midias-sociais/>. Acesso em
03 mai. 2010.

PORTAL G1. Acesso à internet chegou a 66,3 milhões de brasileiros em


dezembro de 2009. São Paulo, 10 fev. 2010. Disponível em
<http://g1.globo.com/Noticias/ Tecnologia/0,,MUL1484777-6174,00. html>. Acesso em
17 mar. 2010.
3

APÊNDICE A
3

O questionário a seguir será utilizado para coleta de dados do trabalho de conclusão de


curso de Thiago Gabriel Cairo estudante do curso de Ciências Biológicas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo que a pesquisa objetiva caracterizar a
forma como a Internet é utilizada por estudantes do ensino médio. Em nenhum
momento o nome do aluno que respondeu e a escola onde estuda serão citados na
pesquisa. Desde já agradeço a participação nessa pesquisa.

1. Para que você utiliza o computador?

2. Os professores pedem para você utilizar o computador? Para que?

3. Dos recursos abaixo relacionados, quais você mais utiliza em seus trabalhos
escolares? Marque com X os 3 mais utilizados.

( ) Word / Editores de texto

( ) Google / Ferramentas de busca

( ) E-mail

( ) Youtube / Sites de vídeos

( ) Wikipedia

( ) Paint
3

4. Onde você mais acessa a Internet?

( ) Escola

( ) Casa

( ) Lan houses

( ) Telecentro / Acessa São Paulo

5. Nas horas vagas, quais dos recursos abaixo você mais utiliza? Marque com um X
os 4 mais utilizados.

( ) Orkut / Facebook / Twitter / FormSpring

( ) Windows Live Messenger (MSN) / Skype / Google Talk

( ) Google / Ferramentas de Busca

( ) Chats com vídeo

( ) Chats sem vídeo

( ) E-mail (Gmail, Hotmail e outros)

( ) Youtube / Sites de vídeo

( ) Blogs

6. Você já publicou coisas na internet (fotos, vídeos, textos)? Diga o que já publicou e
onde.
3

7. Seus amigos publicam essas coisas na internet? Diga o que e onde.

8. Complete a frase: Eu aprendo coisas novas na Internet quando...

9. Complete a frase: A Internet não é legal quando... (não vale responder “quando cai”
ou “quando está lenta”)
40

APÊNDICE B
Estou ciente do conteúdo da Monografia: “CARACTERIZAÇÃO DO USO DO
COMPUTADOR E DA INTERNET POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE
UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE SÃO PAULO”

Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro

(Orientador – Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Thiago Gabriel Cairo

(Aluno – Código de Matrícula – 406.3930-4)

Trabalho a ser apresentado em: Junho/2010

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