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APOSTILA I
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1) As três Leis de Newton
Isaac Newton enunciou as três leis básicas da mecânica, amplamente difundidas. Apenas
para recordar as mesmas são apresentadas a seguir de uma maneira simplificada:
1ª Lei: Nenhum corpo sai de seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme
sem que uma força atue sobre ele. Também conhecida como lei da inércia, sua interpretação
pode ser simplificada e usada de uma outra forma: se um corpo estiver parado ou se estiver
andando em uma linha reta com uma velocidade constante - movimento retilíneo e uniforme
(MRU)-, a soma de todas as forças que atuam sobre ele é nula.
2ª Lei: Ao se aplicar uma força sobre um corpo, o mesmo tenderá a sofrer uma aceleração
inversamente proporcional à sua massa. Esta lei nada mais é do que um complemento à
primeira, e implica que se um corpo não está na situação apresentada na 1ª lei, a soma das forças
não será igual a zero e, portanto, o corpo está sendo acelerado, e sua aceleração dependerá da
força aplicada e da massa do corpo da seguinte maneira:
F = ma (1)
3ª Lei: Para toda força de ação existe uma força de reação com a mesma intensidade mais
com o sentido contrário. É preciso entender que ação e reação ocorrem sempre em corpos
opostos. Se um corpo A exerce uma força em B, A receberá uma reação de B. Portanto, existe
uma ação em A e uma reação em B.
As leis de Newton envolvem então força e movimento. Força é um agente capaz de mudar
o estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme de um objeto. Portanto, a força pode
existir sem que exista o movimento. Em mecânica, existem três tipos de força, a gravitacional,
a força de contato e a força inercial.
A força gravitacional é aquela que existe como resultado da atração dos corpos. Aqui na
terra é a força da gravidade terrestre. A força de contato é aquela que pode existir em função
do contato entre dois corpos. Por exemplo, um livro sobre uma mesa está sobre efeito da força
da gravidade que é o seu peso. O contato do livro com a mesa fará com que ele exerça uma
força (ação) sobre ela, e que vale seu peso. Como resultado, o livro receberá uma reação em
sentido oposto (o livro fica parado, pois tem duas forças iguais e de sentidos contrários atuando
sobre ele: o peso e a reação da mesa). Forças de contato estarão associadas ao par ação X reação.
A força inercial é a força (fictícia), que é resultado da aceleração de um corpo. Na
verdade, a força inercial é aquela apresentada pela expressão 1, relacionada à 3ª lei de Newton.
As forças podem produzir movimento, mas também podem gerar estresse mecânicos nos
materiais. Estes estresses também são conhecidos como tensão. De maneira simplificada, os
principais tipos de tensão são os de:
A tensão (T) gerada em um material dependerá não só da força (F) mas da área da seção
transversal (A) do corpo em que a força está sendo aplicada ou T = F/A. Quanto maior for a
área, menor será o estresse.
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Figura 1 – Diferentes tipos de tensão que são gerados por uma força F.
2) Grandezas físicas:
As grandezas físicas são classificadas em escalares e vetoriais (ver tabela 1 para algumas
grandezas). As grandezas escalares são aquelas que ficam caracterizadas apenas pela sua
quantidade (ou intensidade) e sinal. Grandezas escalares de mesma natureza podem ser somadas
ou subtraídas e o resultado é simplesmente a soma ou subtração das mesmas.
Vetores (figura 2) são grandezas físicas que são caracterizadas por três atributos,
intensidade (ou módulo), direção e sentido. Várias grandezas físicas só são perfeitamente
caracterizadas através de vetores. A tabela 2 apresenta alguns exemplos de grandezas vetoriais.
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Figura 2 – Ilustração de um vetor que é caracterizado por módulo, direção e sentido.
Como o que caracteriza o vetor é o módulo, a direção e o sentido, eles podem ser
transportados na mesma direção (linhas paralelas) sem que seja alterado o seu efeito (figura 3).
Observe que a velocidade e a aceleração são vetores. Se um corpo está andando em linha
reta com uma velocidade constante, sua velocidade terá módulo, direção e sentido constantes.
Para aumentar a velocidade (módulo), o corpo deverá ser acelerado e para isto de acordo com
a 2ª lei de Newton uma força deverá ocorrer. O mesmo ocorre se quiser inverter o sentido da
velocidade. Fazer uma curva significa mudar de direção e isto só será possível se uma força
atuar sobre ele e mais uma vez a 2ª lei de Newton estará presente.
As grandezas vetoriais permitem as operações de soma, subtração e multiplicação. A
soma de dois ou mais vetores produz o vetor resultante, que tem o mesmo efeito que a “soma
dos efeitos” que cada um dos vetores teria individualmente.
Se os vetores têm mesma direção, o módulo será a soma dos módulos e permanecerá com
a mesma direção. Se as direções forem diferentes, a regra será outra. Para a solução pelo método
gráfico, o vetor resultante é a diagonal do paralelogramo formado a partir dos dois vetores
originais (figura 4). Analiticamente, a resultante é dada pela expressão:
R = A2 + B 2 + 2 A.B cosq (2)
!
Quanto mais agudo o ângulo maior será o seu cosseno e, portanto maior o módulo de R .
4
quadríceps (FQ) é exercida na patela através de seu tendão inserido no ponto Q (parte esquerda
da figura 5).
Como resultado, uma força será transmitida à tíbia através da patela (FP) pelo ligamento
patelar inserido em I. Embora alguns estudos têm demonstrado que a força do quadríceps não
é exatamente igual à que é transmitida ao ligamento patelar (Herzog & Read, 1993; Van Eijden
et al., 1986), esta diferença é pequena e, portanto, considere-se que o são, somente para efeito
de análise.
Se o ligamento patelar exerce uma força na tíbia, esta exercerá uma reação com sentido
contrário na patela (3ª lei de Newton). Tem-se então o resultado mostrado na parte central da
figura 5, que ilustra a patela e cada uma das duas forças. Como os vetores podem ser
transportados sem alterar seus efeitos, desde que mantenham a intensidade, direção e sentido,
!
tem-se como resultado a força resultante R , ilustrada na parte mais à direita da figura 5. A
!
resultante R nada mais é do que uma força que a patela exerce no fêmur e que receberá com a
!
mesma intensidade do fêmur como reação ( R e a reação em sentido oposto é o que manterá a
patela em equilíbrio estático), gerando uma tensão de compressão entre o fêmur e a patela.
Quanto mais agudo for o ângulo (maior flexão) maior será a força de compressão, o que tem
sido observado (Cohen et al, 2001). Posteriormente, este tema será novamente abordado, com
a introdução de um novo fator que fará aumentar esta força de compressão.
A subtração de dois vetores é relativamente simples. Basta lembrar que A – B = A + (-B).
! !
Por exemplo, imaginem-se os vetores A e B da figura 6. O sinal negativo de B define um
vetor com mesmo módulo e direção, mas de sentido contrário ao de B. Portanto, basta somar
! !
os vetores A e - B .
Os vetores também podem ser multiplicados, produzindo dois resultados distintos, um
escalar e outro vetorial. O produto vetorial será abordado nos tópicos de trabalho e torque.
! !
Figura 6 – Vetor A - B obtido a partir da regra do paralelogramo.
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2.1) Decomposição de vetores
! ! !
Figura 7 - Ilustração da decomposição do vetor u em suas componentes ortogonais ut e u v
segundo as orientações das retas t e v respectivamente.
Figura 8 - Ilustração de duas situações em que a força gerada pelo o tríceps (Fm) sustenta
isometricamente uma carga de peso M. Em azul têm-se as componentes ortogonais das forças
sendo que uma delas tem a direção do antebraço.
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Para efeito de análises futuras, considerem-se os eixos ortogonais como que tendo a
direção paralela e perpendicular ao segmento que se deseja analisar, como apresentado na figura
seguinte, em que o índice e será utilizado para a componente perpendicular e o índice a, para o
paralelo à direção do segmento.
Podemos também pensar para uma dada articulação, que é formada por dois segmentos, na
decomposição vetorial para ambos os segmentos, conforme ilustrado a seguir.
7
Decomponha graficamente os vetores em
eixos ortogonais em relação ao antebraço.
Decomponha graficamente e
analiticamente os vetores em eixos
ortogonais em relação ao antebraço.
Decomponha graficamente e
analiticamente os vetores em eixos
ortogonais em relação ao eixo da barra
cinza.
Decomponha graficamente e
analiticamente os vetores em eixos
ortogonais em relação ao eixo do pé.
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Decomponha graficamente e
analiticamente os vetores em eixos
ortogonais em relação ao eixo da coxa.
3) Cinemática da translação
Quando o ser humano caminha, corre, salta etc., o corpo está sofrendo um movimento de
translação. Os movimentos de translação do corpo humano existem graças aos movimentos de
rotação dos segmentos em tornos das articulações, os quais dependem do trabalho mecânico
realizado pelos músculos esqueléticos.
A translação pura pode ser vista em uma partícula. Em corpos rígidos geralmente a
translação é acompanhada de rotação.
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!
! Dv
a= (m/s2) (6)
t
Uma aceleração de 1m/s2 implica no aumento da velocidade de 1m/s a cada s.
A aceleração da gravidade (g) é uma aceleração de importância particular. Ela existe como
resultado da força que a terra exerce sobre todos os todos os corpos que nos cercam, e vale g =
9,81 m/s2. É importante ressaltar que g independe da massa do corpo, então independentemente
do valor da massa, o corpo cairá com a mesma aceleração. Além disso, como g é constante,
sempre direcionada perpendicularmente à terra e com sentido para baixo, produzirá no corpo
um movimento em linha reta com aceleração constante, conhecido ou retilíneo uniformemente
variado.
Como exemplo de aplicação prática da cinemática em biomecânica pode-se ter a análise
cinemática de saltos. Vejam as seguintes perguntas:
1) Por que quanto mais alto um indivíduo salta, maior o impacto que sofrerá?
2) Qual a relação entre a altura que um indivíduo salta e o tempo que ele fica no ar (conceito
utilizado em instrumentos que medem o salto vertical)?
3) Para um saltador em distância, que fatores influenciarão na distância atingida?
v0 x = v0 cosq
v0 y = v0 senq
Como não existe força agindo na horizontal uma vez que o indivíduo não tem mais contato com
o solo (desprezando a resistência do ar), tem-se um movimento retilíneo e uniforme. A equação
! ! !
seria s = s0 + v t .
x = x0 + v0 x t , como x0 = 0, a distância valerá:
d = v0 cosq .t
Resta saber o valor de t. Este será o tempo que o indivíduo fica no ar, que será duas vezes o
tempo de subida e dependerá da velocidade de saída. Para saber o tempo de subida tem-se que:
v y = v0 y - gt . Mas vy no ponto mais alto vale 0. Logo,
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t = v0 y / g , ou t = v0 senq / g . O tempo no ar será t ar = 2v0 senq / g Substituindo este último
resultado na equação que determina d tem-se:
d = 2v0 cosq .v0 senq / g . Existe uma relação trigonométrica que mostra que
2 senq cosq = sen2q . Logo, pode-se escrever a distância como:
d = v02 sen2q / g
O resultado mostra que a distância alcançada depende do ângulo de saída. Como o valor
máximo do seno de um ângulo é 1, que corresponde a um ângulo de 90º , tem-se que, fixado
um valor para a velocidade, o valor máximo da distância ocorre para um ângulo de 45º. E por
que eles não adotam o ângulo de 45º. Observe que a distância também depende do quadrado da
velocidade. Saltar em um dado ângulo de saída demanda dos músculos um trabalho que
compromete a velocidade e, portanto, existe um compromisso entre o ângulo e a velocidade de
saída que permita uma distância máxima. O ângulo de saída de saltadores ótimo, que considera
este compromisso tem sido estimado entre 19 e 26º, enquanto que o ângulo que saltadores
realmente saltam estão entre 31 e 39º (Wakai & Linthorne, 2005; Linthorne et al. 2005), mais
próximos dos 45º.
3) Cinemática da rotação
Qualquer ponto que gira em torno de outro, seja ele fixo ou móvel, estará sofrendo
um movimento de rotação. Para o corpo humano, toda vez que um segmento faz um movimento
em torno de uma articulação, em qualquer um dos três planos, um ponto qualquer deste
segmento estará girando em torno da articulação, que será o centro de rotação do sistema.
Portanto, aos movimentos do corpo humano deve-se associar um movimento de rotação.
Observe-se que o objetivo do ser humano com seus movimentos é, na maioria das vezes,
de translação, como caminhar, correr, mover um objeto de um ponto a outro etc.
Independentemente do objetivo, para que o mesmo seja alcançado, será necessário que haja
uma rotação de um ou mais segmentos em torno de uma ou mais articulações. Portanto, em
biomecânica, é difícil desvincular a translação da rotação. Talvez, esta seja uma das maiores
dificuldades do aluno que se depara com a biomecânica, uma vez que os conceitos relacionados
à rotação lhe parecem ser mais complexos que os da translação.
Para melhor compreender este tópico, imagine um segmento qualquer (Figura 10) que
pode realizar um movimento em torno de sua articulação O. A distância de um ponto A qualquer
do segmento até o centro de rotação O vale R. Para que o ponto A vá da posição 1 à posição 2,
o mesmo terá que sofrer um deslocamento angular q .
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Figura 10 – Ilustração de um ponto A, pertencente a um segmento que pode girar em no sentido
horário ou ante-horário, em torno de uma articulação cujo centro de rotação está em O.
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Tabela 3 – Variáveis cinemáticas da translação (linear) e rotação (angular) e equivalente linear
do movimento angular.
Linear Angular Equivalente linear do angular
Grandezas
Deslocamento x x = q.R
Velocidade (m/s) v = x/t w = q/t v = w.R
Aceleração (m/s2) a = v/t a = w/t a = a.R
Figura 11 – Ilustração do deslocamento dos pontos onde são aplicadas as forças da resistência
(ponto A) e muscular (inserção do músculo – I). Os deslocamentos lineares equivalentes dos
pontos A e I serão, respectivamente x A = q .Rce x I = q .Rm . Logo a relação entre os
deslocamentos será x A / x I = Rc / Rm. Como Rc é maior do que Rm, o deslocamento do ponto
de aplicação da força da resistência será maior do que o do ponto de inserção do músculo.
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4) Cálculo de Forças Articulares
Este tópico será dedicado a apresentação de modelos que permitem estimar as forças de
estresse nas articulações. Estes modelos serão simplificados, considerando apenas as forças da
resistência sustentada, a força muscular e a força gravitacional (peso) do segmento envolvido.
Em princípio, todas as situações analisadas serão em isometria ou em um dado ângulo para um
exercício com velocidade angular constante, quando a 1ª lei de Newton poderá ser aplicada. A
1ª lei de Newton implicará em que a soma das forças que atuam sobre o corpo é nula ou
å F = 0. Além disso, o valor da força muscular será sempre dado no problema.
Posteriormente, com o aprendizado sobre o torque, as forças musculares deverão ser calculadas
antes dos cálculos das forças articulares.
Antes de iniciarmos, é preciso apresentar um método que será incorporado, que é a da
construção do Diagrama de Corpo Livre (DCL). Imagine a situação abaixo em que se quer
conhecer, por exemplo, as forças que o corpo D exerce no corpo B, desprezando-se o atrito,
para simplificar. Suponha que os pesos dos corpos A, B, C e D sejam respectivamente, 10N,
10N, 20N e 20N.
Veja que não é fácil resolver o problema, pois existe uma interação entre os corpos.
A solução é separar cada corpo e aplicar sobre ele todas as forças que agem no mesmo, como
ilustrado para o corpo A, no lado direito da figura. Veja que para todos os corpos que fazem
contato com A tem-se que supor uma força de contato, que inclui a força entre A e da parede
FPA.
Exemplo 1: Determinar as força de reação nas articulações (círculos pretos) das seguintes
situações nos eixos paralelos (Ra) e perpendiculares (Re) aos eixos da barra A. Os valores
inscritos nas barras correspondem às suas massas. Utilizar sen30=0,5 e cos30=0,8; sen30=
cos60, sen60= cos30
Comecemos com o exemplo da figura à esquerda. Observe que existem quarto corpos
envolvidos, a barra A, a barra vertical, a articulação, que liga as duas barras, e o cabo que
sustenta. O que nos interessa são as forças na articulação. Vamos construir os DCL da barra A
e da articulação.
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As forças que atuam na articulação são as ações que as barras A e B (vertical) fazem nos eixos
paralelo (A) e perpendicular (E).
Agora, deve-se aplicar a primeira lei de Newton para resolver o problema. Olhando para o DCL
da barra, fazemos:
åF A =0
Teremos então:
R A - 500. cos 60 = 0
R A = 250 N ®
O valor positivo encontrado para RA significa que o sentido arbitrado para o mesmo foi correto.
R E - 500.sen60 + 200 = 0
R E - 400 + 200 = 0
R E = 200 N ¯
Observe que estas são as forças de reação da articulação no segmento. As forças que
atuam na articulação têm sentido contrário. Por exemplo, a componente paralela tende a
empurrar a barra contra a articulação, gerando uma compressão na mesma. A componente
perpendicular tende a empurrar o segmento contra a articulação, gerando uma compressão
também. Este modelo é bem semelhante, por exemplo, à articulação do cotovelo. A barra
vertical corresponde ao braço (que está fixado no ombro), a horizontal ao antebraço, o cabo de
sustentação ao músculo e a articulação à articulação do cotovelo.
Para resolver o da direita, basta acrescentar a força externa da carga.
åF A =0
R A - 500 cos 30 = 0
R A = 400 N ¬
åF E =0
RE - 500sen30 + 300 + 400 = 0
RE - 250 + 300 + 400 = 0
RE = -450 N
RE = 450 N
Observe que o valor negativo implica em que o
sentido de RE foi arbitrado ao contrário do verdadeiro.
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Exemplo 2: Determinar as reações no cotovelo, paralela (Ra) e perpendicular (Re) ao eixo do
antebraço, desprezando seu peso. Dados: M =10kg; Fm=600N; q =30º.
Solução: Construindo o DCL do antebraço com todas as forças que atuam nele, teremos as
nossas incógnitas, que são a reação paralela e a perpendicular ao antebraço. Aplicando a 1ª Lei
de Newton para cada eixo teremos:
åF A =0
R A - 600 cos 60 - 100 cos 60 = 0
R A - 300 - 50 = 0
RA = 350N
åF E =0
RE - 600sen60 - 100sen60 = 0
R A - 480 - 80 = 0
RA = 560N
1) Determinar as força de reação nas articulações (círculos pretos) nos eixos paralelos (Ra) e
perpendiculares (Re) aos eixos das barras A, identificando quando há tração/compressão ou
cisalhamento. Utilizar sen30=0,5 e cos30=0,8.
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2) Determinar as forças de reação no cotovelo, paralela (Ra) e perpendicular (Re) ao eixo do
antebraço (desprezar seu peso), identificando o tipo de estresse, sendo M = 10kg e Fm = 600N.
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5) A figura ao lado mostra a posição do fêmur durante um instante
da caminhada em que a perna está em contato com o solo. As
forças de reação do solo (350N) e da musculatura abdutora de
quadril (500N), necessárias para manter a estabilidade, estão
apresentadas. Sabendo-se que o peso da coxa é de 70N, determinar
as forças de reação no acetábulo, que tenderão a comprimir a
articulação do quadril e a quebrar (força de cisalhamento) o colo
do fêmur. (R.: Fco = 497N; Fci = 647N)
Como enfatizado em tópicos anteriores, qualquer movimento que ocorra no corpo humano
implica no movimento relativo de dois segmentos em torno de alguma articulação. Portanto,
compreender o que produz o movimento de “giro” (rotação) é de suma importância, e o torque
se torna um dos conceitos da mecânica mais importante em biomecânica, uma vez que a força
que um músculo faz sempre vai gerar torque.
!
Imagine que uma força F é aplicada no ponto A, distante do ponto O, e que a posição de
A em relação a O seja definida pelo vetor posição x! (figura 12). Esta força pode ser decomposta
em suas componentes ortogonais que, graficamente, resultarão nos vetores com módulos
definidos, conforme ilustrado na figura 13.
!
Figura 12 – Ilustração de uma barra onde é exercida uma força F é exercida no ponto O.
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Figura 13 – Ilustração da decomposição do vetor de força em eixos ortogonais, sendo que um
deles tem a direção do eixo longitudinal da barra.
Figura 14 – Duas forças de mesma intensidade e sentido contrários agindo em uma barra em
pontos diferentes. A força resultante é nula, o que fará com que a barra não sofra aceleração na
vertical. Entretanto, não é difícil verificar que a barra irá girar.
Figura 16- Diagrama de corpo livre do antebraço mostrando todas as forças que atuam nele. F
é a força que o músculo exerce, RA é a força de reação paralela e RE a perpendicular ao eixo do
antebraço.
Para calcular as forças na articulação basta aplicar a 1ª lei de Newton, como já visto:
å FA = 0
R A - F cos 80 = 0
R A = 612 x0,17
R A @ 104 N
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Para que o antebraço não se mova verticalmente tem-se que:
å FE = 0
RE + 100 - Fsen80 = 0
RE + 100 - F .0,98 = 0
RE = 612.0,98 - 100
RE @ 500 N
Observem que as forças que agem na articulação do cotovelo valem então 500N no eixo
perpendicular e 104N no paralelo, ou um valor resultante de 511N (módulo da soma vetorial de
500N com 104N). Observe que nesta situação hipotética, para sustentar uma carga de 100N, o
músculo exerce uma força mais de seis vezes a carga e a articulação é estressada em
aproximadamente cinco vezes a carga.
1) Determinar as forças nos cabos de sustentação das seguintes máquinas (R.: 625N; 2550N;
480N)
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3) Determinar a força no tendão de Aquiles. (R.:
1138N)
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4.1) Lei da ação e reação para torques
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o M=100x0,8x0,5; o que dá um torque de 40Nm, exercido pelos extensores do joelho.
åM = 0
M J - 100sen60.0,5 = 0
M J = 40 Nm
Isto será muito útil na determinação dos torques em mais de uma articulação.
Tomemos como exemplo a cadeira extensora, conforme mostrada abaixo, em que se
deseja saber o torque exercido no joelho e no quadril. Já calculamos acima o troque
exercido no joelho, falta o do quadril. O DCL da coxa está apresentado a seguir,
obedecendo aos mesmos princípios descritos anteriormente.
O torque exercido pelo quadríceps na perna (40Nm) aparece com sentido contrário na
coxa. A força de 100N é o par ação X reação entre a perna e a coxa, no joelho, e entre a
coxa e a pelve, no quadril. Calculando o torque no quadril teremos:
åM = 0
M Q - 100sen15.0,5 - 40 = 0
M Q - 13 - 40 = 0
M Q = 53 Nm
Observem que este torque é flexor do quadril. Isto implica que para realizar a ação
isométrica pelo quadríceps para sustentar a carga, os flexores de quadril têm que produzir
um torque maior que o dos extensores do joelho.
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EXERCÍCIOS DE CÁLCULOS DE TORQUE MUSCULAR
3) O exercício de leg press mostrado na figura abaixo pode ser representado pelo modelo
ao lado. Determine o torque exercido pelos flexores plantares, extensores do joelho e
extensores do quadril considerando as mesmas medidas para a perna e coxa que do
exercício anterior?
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4.2) Braço de alavanca
O módulo do torque foi apresentado pela expressão M = F . sen q .x . Esta expressão pode
ser reescrita como:
M = F .x. sen q
Este componente x. sen q é então chamado de braço de alavanca ou d (figura 17)
Pode-se escrever o torque simplesmente como o produto:
M = F .d (15)
!
Figura 17 - Ilustração de onde se encontra o braço de alavanca da força F .
27
Figura 18 - Ilustração do comprimento do braço de força (d) de dois músculo em relação
à articulação do quadril.
F F
28
Figura 20 – Ilustração do comportamento do braço de resistência de um peso aplicado
no ponto indicado. À medida que o ângulo de abdução aumenta, o braço de resistência
aumenta. Como o peso é constante, o torque aumenta. Para o indivíduo permanecer em
isometria terá que gerar um torque muscular, que será igual ao torque da resistência. Logo,
quando maior for o ângulo de abdução, maior será o torque e a força a ser exercida pelo
músculo.
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2) Desenhar os braços de resistência e de força nas seguintes situações
2 3
1 CM
CM
Peso da perna + pé
Peso da perna + pé 100 kg
30 kg
100 kg 30 kg
4
F
30
5) Centro de Massa e Centro de Gravidade
Já foi estudado que uma força pode gerar tanto a translação quanto a rotação em um corpo.
Imaginando um ponto infinitesimal com uma massa qualquer, ao se aplicar uma força sobre ele,
o mesmo só sofrerá translação, pois não existe braço de alavanca para que exista torque. O
conceito de centro de massa (CM) de um corpo está associado a esta situação particular. O CM
é um lugar geométrico onde toda a massa do corpo poderia se concentrar nele, como um ponto
infinitesimal, e o efeito de uma força sobre o mesmo produzirá somente a sua translação. Em
resumo, o centro de massa é o ponto do corpo onde se estuda o efeito da força para analisar
apenas a translação do mesmo.
Matematicamente, o CM de um corpo é definido como:
¥
åm k
j =1
j j
CM k = ¥
, onde (16)
åm
j =1
j
k é uma das três direções no espaço (x, y e z), mj é uma parte pequena da massa do corpo, kj é
a posição desta parte da massa na direção k.
Como o centro de massa é um lugar geométrico, este possui coordenadas que o definem
(Figura 22). A escolha da origem do sistema de coordenadas para definir o centro de massa
depende do interesse do estudo. Para os segmentos corporais, define-se o seu centro de massa
tomando-se como origem o ponto onde se ligará à sua articulação proximal.
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Para determinar o CM do corpo humano é necessário conhecer a massa e o CM de cada
segmento e suas posições relativas no espaço. A posição do CM pode ser obtida em tabelas de
livros que contêm parâmetros antropométricos e/ou inerciais dos segmentos (ver Winter, 1996).
Como exemplo, pode-se calcular a posição do CM do conjunto pé e perna (figura 23) no
eixo vertical.
Pode-se lançar mão da tabela antropométrica mostrada a seguir (Winter, 1996). Esta
tabela apresenta os valores relativos da posição do CM em relação ao segmento proximal e da
massa do segmento em relação à massa corporal do indivíduo.
6) Trabalho e Potência
Observe a figura 12, onde foi apresentado o conceito de torque. Naquele momento, não
!
foi analisado qual o efeito da componente da força F que tem a mesma direção da barra. Não
é difícil perceber que o efeito será o de deslocar a barra ao longo da direção desta componente
! ! !
de F . O trabalho executado pela força F que gera um deslocamento x é definido como:
! !
W = F cosq .x (17)
W
P=
t (18)
F .x x
P= ou P = F
t t
Mas x/t é a velocidade de deslocamento. Portanto a potência também pode ser escrita como:
P = F .v (19)
Figura 24 - Ilustração de uma força F gerando um torque para mostrar que a mesma será sempre
perpendicular ao raio R da circunferência que descreve a trajetória angular do ponto A.
Os aparelhos isocinéticos oferecem uma determinada resistência (torque) que é
multiplicada pela velocidade angular (constante) que ele também oferece. O trabalho rotacional
também é definido da mesma maneira:
34
W = M.q (20)
7) Mecânica Muscular
35
Modela-se a força do sarcômero como a de uma mola. Tem-se assim que uma miofibrila
seria modelada como um conjunto de molas em série. Como a força produzida por uma mola
ao ser distendida (ou pressionada) é dada por:
𝐹 = 𝑘𝑥 (21)
Onde k é a constante de rigidez da mola e x o deslocamento sofrido, ao adicionarem-se várias
molas em série, teremos um único Keq, tal que 𝐹 = 𝑘!" 𝑥.
Observando a figura 26, pode-se verificar que existe uma posição onde todos os
filamentos de actina e miosina se superpõe. Neste caso, se um potencial de ação for gerado,
haverá mais pontes cruzadas (actina X miosina) disponíveis para produzir a contração, o que
permitirá gerar uma determinada quantidade de força. Entretanto, se o sarcômero for alongado,
a distância entre os discos Z adjacentes se afastará, e haverá menos superposição de actina e
miosina e, para um potencial de ação com as mesmas características do anterior, o sarcômero
terá menor capacidade de produzir força. A mesma coisa ocorrerá se o sarcômero for encurtado.
Isto nos remete à idéia de que quando o sarcômero está encurtado ou alongado além de
um determinado comprimento (comprimento ótimo ou de repouso), terá menos grupos de actina
X miosina para se ligar. Portanto, será menos capaz de produzir força. E isto é o que ocorre
(figura 30).
36
Figura 30 – Relação entre a força tetânica e o comprimento de um sarcômero.
Observe que esta curva não é simétrica em relação ao comprimento de repouso, mostrando
maior capacidade de produzir força quando alongado que encurtado, ainda que a força
produzida ocorra somente por estimulação elétrica. Isto se deve à elasticidade intrínseca às
próprias proteínas contráteis durante o processo de contração. Mais ainda, e principalmente,
devido aos filamentos de titina, que têm uma característica elástica, imprimindo assim uma
força elástica quando o sarcômero é alongado além de seu comprimento de repouso.
Os filamentos de titina terão papel importante na produção de força muscular. Um aspecto
importante é que estes filamentos são cálcio-dependentes, o que implica que quanto maior a
concentração de íons Ca++, maior será a força elástica que será adicionada à força contrátil,
que é gerada pelos filamentos de actínia e miosina. Chamamos esta força elástica que existe no
sarcômero de força elástica de devida à força contrátil, pois ela só existirá na presença de
estimulação elétrica.
Como os sarcômeros se ligam em série para formar uma miofibrila, têm-se ligações em
série para a contração muscular. Ao mesmo tempo, diversas miofibrilas formam uma fibra, e
os elementos estão então ligados em paralelo. Para um músculo, ainda se tem as fibras em
paralelo. Logo, a relação entre o comprimento muscular e sua capacidade de produzir força
deverá obedecer a características similares à de um sarcômero, quando visto somente pelo
aspecto dos componentes contráteis do músculo. Como existem diversas fibras em paralelo, a
curva é suavizada, ou seja, não fica tão caracterizada por retas, como mostrado na figura acima.
Para conhecer a relação entre o comprimento muscular de qualquer músculo e sua
capacidade de produzir força em toda sua plenitude, será necessário levar em consideração
agora não só as forças contrátil e elástica do sarcômero, como visto acima. O tecido conjuntivo
que faz parte da estrutura muscular tem uma importância fundamental para se avaliar a
“capacidade” do músculo em produzir força.
É um tipo de tecido que tem um comportamento similar ao de um elástico ou, em última
análise, de uma mola. Neste caso, se distendermos um elástico a partir de um comprimento de
repouso Lo, até um ponto L, este produzirá uma força restauradora (que tende a trazer o elástico
para a posição inicial) que será proporcional à distância distendida (L – Lo), ou
F = k (L – Lo). Tal relação nada mais é do que a equação de uma reta que pode ser representada
pela figura abaixo.
37
As observações acima remetem a um raciocínio. Se além de um comprimento Lo, que
chamaremos de comprimento de repouso, um músculo é alongado, ele produzirá uma força
elástica restauradora. Por outro lado, um elástico encurtado não produz força restauradora, o
que indica que o músculo encurtado não terá esta componente a mais para produzir força. Esta
característica adicional de produção de força existe devido aos chamados componentes elásticos
do músculo como um todo.
Observe que o tecido conjuntivo ocorre paralelamente com o músculo (envolvendo
miofibrilas, fibras fascículos etc.) e também em série como o mesmo, pelos tendões. Desta
forma, pode-se modelar o a força muscular como sendo produzida por força elástica em série e
em paralelo e força contrátil.
Para conhecer o comportamento da curva de comprimento X força desenvolvido pelo
músculo, foi realizada uma experiência conforme representada na figura 31. Um músculo foi
fixado em uma de suas extremidades pelo tendão a um medidor de força, que foi acoplado em
série com um motor.
O músculo foi colocado inicialmente em uma posição bem encurtada. Com certeza,
nenhuma força elástica pode ser registrada. Em seguida, foi dado um estímulo elétrico,
produzindo contração (claro que pelos elementos contráteis apenas). Neste caso o registro de
força foi aumentando à medida que o músculo ia sendo alongado pelo motor (linha cheia da
figura). Quando o músculo passou do comprimento de repouso (Lo), o medidor começou a
registrar uma força (linha pontilhada). Esta seria devida apenas ao estiramento do músculo
(componentes elásticos). Em seguida, era dado o mesmo estímulo e o medidor registrava a força
(linha cheia). Observe que esta força era o resultado da soma da força dos componentes
contráteis com os elásticos. Este procedimento se repetiu até um nível de alongamento do
músculo. Dessa forma, obteve-se a força passiva (sem estímulo) a força total (passiva mais
ativa), e, pela subtração das curvas, a força ativa (linha tracejada).
38
Figura 31 – Esquema de um ensaio realizado para se estabelecer a relação entre o comprimento
muscular e a força gerada (acima) e a curva obtida, que forneceram as forças elástica, total e
contrátil.
39
Figura 32 – Relação entre a força contrátil e o comprimento muscular. SA – Segmento
ascendente. SD – Segmento descendente.
Analisando o que foi visto acima, verifica-se que estudar a relação comprimento X força
em um músculo não é simples. Existem atualmente alguns modelos que permitem fazer uma
estimativa destas curvas baseadas em alguns parâmetros (ver lista de referência).
Lembrando agora que o encurtamento (ou alongamento) muscular implicará em
movimento de um segmento em torno de uma articulação, podemos tentar avaliar a relação
entre a força muscular e o ângulo articular do músculo em questão. Entretanto, a medição da
força muscular é complexa como já visto amplamente em tópicos anteriores. Mas a força
muscular produz torque em torno da articulação. Se a velocidade angular for constante, pode-
se dizer com boa aproximação que o torque muscular é igual ao torque produzido pela carga
externa. Medir o torque externo é simples, pois basta se conhecer as forças externas (peso do
segmento e cargas externas) e os braços de alavanca das mesmas, e estes podem ser medidos
facilmente.
Portanto, é bem mais fácil estudar a relação entre o torque muscular e o ângulo. A figura
33 ilustra uma avaliação entre o torque extensor e o ângulo do joelho para contrações
concêntricas e excêntricas. A diferença entre concêntrico e excêntrico será analisada da
posteriormente.
O que é importante observar é que a curva é bem similar à de comprimento X força
muscular em sua região fisiológica.
40
Figura 33 – Relação entre o torque máximo produzido pelos extensores do joelho e o ângulo
do joelho. O ângulo é dado em radianos (rad). 180o equivale a 3,14 (ou p) rad. O torque é
máximo um pouco acima de 2 rad ou próximo a 120o. Em torno de 1,5 rad (90o) os extensores
estão alongados, e em torno de 2,5 rad (143o) estão encurtados (o encurtamento máximo ocorre
próximo aos 180o - 3,14 rad). Observe que o torque quando alongado é maior que quando
encurtado, como esperado. Linha cheia – Torque concêntrico. Linha pontilhada – Torque
excêntrico.
41
Para o deslocamento angular q, o ponto A terá deslocado q x R e o ponto B, q x r. Como
R é maior que r, q x R é maior que q x r. Isto quer dizer que pouco deslocamento foi necessário
existir no ponto B para produzir o deslocamento do ponto A.
Levando para o aspecto das implicações no músculo, isto implica que o músculo teve que
encurtar muito menos do que se tivesse posicionado no ponto A. Veja que para uma carga
colocada no ponto A necessitaria produzir menos força se estivesse inserido em A e não em B.
Dividindo-se os deslocamentos do ponto A e do ponto B por um intervalo de tempo Dt,
têm-se as velocidades respectivas. Como o intervalo de temo é o mesmo, o ponto que deslocou
mais terá andado em uma velocidade maior que o que deslocou menos. Portanto, a velocidade
de contração muscular terá sido menor que a velocidade do ponto A.
Tem-se então que a posição do músculo próximo à articulação, apesar de ser desvantajosa
em termos de força, permite maior amplitude de movimento e maior velocidade na carga que
se quer deslocar, com menor amplitude e velocidade de encurtamento do que teria se estivesse
mais próximo à carga.
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máxima para aquela velocidade nas três situações (concêntrica, excêntrica e isométrica). Este
processo é repetido para várias velocidades.
Em princípio, pode-se pensar a razão para as contrações excêntricas produzem maior força
que as concêntricas para a mesma velocidade seja que a contração excêntrica está apenas
resistindo à carga. Isto não é verdade. Um experimento que demonstra isto está ilustrado na
figura 34.
Colocou-se um medidor de força em série com o tendão do músculo. Com a articulação
fixada em um determinado comprimento muscular, estimulou-se o músculo com uma
freqüência tetânica máxima. Observou-se então que a força isométrica era mantida (parte
central da figura). Depois, mantida a estimulação, o músculo era encurtado passivamente.
Observou-se então que quando o músculo encurtou a força medida reduziu (parte esquerda da
figura).
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Figura 36 – Curvas de força de acordo com a velocidade (concêntrica) nos músculos sóleo e
gastrocnêmio de gato sob estimulação tetânica.
A figura a seguir mostra experimento similar realizado durante a marcha de dois gatos.
Observe que a curva (linha cheia) é similar à obtida com humanos. Neste estudo específico,
foram comparados os resultados com as curvas obtidas de força X velocidade constante para
contrações concêntricas (linhas finas).
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Veja que existe um aumento na força concêntrica dinâmica com o aumento da velocidade
até certo ponto, quando comparada à investigação com a velocidade constante. Este fenômeno
que ocorre é conhecido como ciclo excêntrico, concêntrico.
Nas Curvas de potência correspondentes, pode-se ver que a potência concêntrica dinâmica
(linha cheia) máxima é maior que a realizada com velocidade constante (linha fina). Observe
que a potência concêntrica (positiva) é precedida pela potência excêntrica (negativa).
Lembrando que potência negativa está relacionada a armazenamento e positiva a produção de
energia (potência é variação de trabalho - energia - no tempo), pode-se dizer que durante a
contração excêntrica há um armazenamento de energia que é utilizado como fonte “extra” na
contração concêntrica.
Este fenômeno é importante de ser guardado. Contrações concêntricas precedidas por
contração excêntricas produzem maior potência que contrações concêntricas iniciadas a partir
do repouso.
45
.
Figura 37 – Ilustração do ângulo de penação Ɵ, formado pela direção do comprimento do
músculo (L) e do comprimento da fibra (l).
O ângulo de penação terá efeito sobre outra variável associada à arquitetura muscular, o
índice de arquitetura, que é definido como a razão entre o comprimento médio das fibras e o
comprimento do músculo. Quanto maior for o ângulo de penação, menor será o índice de
arquitetura.
A disposição das fibras terá influência sobre a força e o encurtamento muscular (por
conseguinte sobre a velocidade). Quanto maior o ângulo de penação, maior será a quantidade
de fibra que poderá ser inserida no músculo. Portanto, como o que determina a capacidade
mecânica do músculo de gerar força é a quantidade de fibras (que ocorrem em paralelo), espera-
se que maiores ângulos de penação redundem em maior força.
Entretanto, deve-se considerar outra variável da arquitetura muscular, que é a área da
seção transversal (AST) do músculo. Quanto maior for a AST, maior quantidade de fibras
poderá ser colocada. Portanto, AST e ângulo de penação, sozinhos, não são capazes de
determinar a capacidade do músculo de produzir força. Entretanto, a combinação das duas
variáveis permitirá tal inferência. Olhando a figura 36 à esquerda e no centro, observa-se que
ambos os músculos têm a mesma área de seção transversal. Entretanto, o músculo com maior
ângulo de penação tem muito mais fibras musculares. É preciso lançar mão de outra variável
que combine AST e ângulo de penação. Esta variável será a área da seção transversal fisiológica
(ASTF).
A ASTF pode ser definida como a AST determinada sobre um eixo perpendicular à
direção das fibras (Figura 38 à direita). Observe na figura que a ASTF será maior que a área da
seção transversal se tomada em um mesmo sítio do músculo. Em resumo, a ASTF é que define
a capacidade do músculo gerar força.
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Figura 38 – Comparações entre músculos com diferentes ângulos de penação, mostrando a área
da seção transversal e a área da seção transversal fisiológica. Observe que no mesmo volume
muscular, cabem muito mais fibras musculares nos músculos com maior ângulo de penação,
resultando em, maior ASTF. O vetor deslocamento das fibras penadas está representado,
juntamente com seus componentes ortogonais.
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um músculo é de um ou de outro tipo é muito pouco elucidativo. Isto é importante na medida
em que quanto mais inclinadas forem as fibras, espera-se que o músculo tenda a gerar maior
força e menor velocidade.
Devido às características de amplitude de movimento muscular, o ângulo de penação
influencia na curva da relação comprimento tensão, o que significa que ângulos de penação
maiores implicarão em menor faixa fisiológica (figura 39).
Para concluir este assunto, deve-se pensar que quanto maior for o ângulo de penação ou
quanto menor for o índice de arquitetura, maior será a capacidade de um músculo de gerar força
para uma dada AST (ou maior ASTF), e menor de velocidade. As tabelas 5 e 6 mostram as
características de alguns músculos em termos de arquitetura, e permitem avaliar que músculos
tenderiam a ser mais fortes ou mais velozes.
Tabela 6 - Área de seção transversal fisiológica (ASTF) e índice de arquitetura dos músculos
flexores de cotovelo. Observe que o bíceps é o menos fuseforme.
Músculo ASTF Índice de arquitetura
Bíceps braquial 4,6 0,67
Braquial 7,0 0,85
Braquio Radial 1,5 0,72
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MÓDULO II
No módulo I desta apostila, foram vistas as questões que não envolviam aceleração
linear ou angular. A partir deste momento, estas variáveis serão inseridas, o que caracterizará a
aplicação da dinâmica. Neste sentido, várias são as atividades que o ser humano realiza que têm
características dinâmicas, ou com acelerações. Portanto, muitas seriam as atividades para serem
avaliadas sob o ponto de vista biomecânico, e portanto, apenas algumas delas serão aqui
abordadas.
Antes de iniciar, é preciso apresentar alguns conceitos físicos novos. O primeiro deles
não é tão novo assim, e é baseado na 2ª Lei de Newton que diz que:
Observe que agora, ao invés de se fazer a soma das forças como sendo nula (condição da
estática), esta soma terá como resultado uma aceleração.
A segunda lei de Newton diz respeito à aceleração linear (translação). De forma mais
específica, esta aceleração será a do CM do corpo em questão, e em biomecânica, do CN do
segmento corporal ou do corpo como um todo. Então, quando se fala que a soma das forças
gera aceleração, esta será a aceleração do CM. E por que? Qualquer força excêntrica a este
centro produzirá rotação e não translação. Observando a fórmula 2, verificamos que quanto
maior a força resultante maior será a aceleração. Quanto maior a massa do corpo menor será a
aceleração, o que nos permite dizer que a aceleração é uma medida de inércia para a translação.
Ora se o efeito da força resultante sobre o CM de um corpo é acelera-lo linearmente,
não é difícil imaginar que o efeito do torque resultante sobre um corpo também é de acelera-lo.
Só que, neste caso, a aceleração imprimida deve ser angular, pois o torque tende a girar o corpo.
Pois bem, a 2ª Lei de Newton faz da massa do corpo a sua medida de para a translação. Então,
tem que haver alguma medida de inércia do corpo à aceleração angular sofrida pelo torque.
Tentaremos então encontra-la. Imagine um corpo qualquer, como o que é apresentado a seguir.
M2
R2
O
Mn
Rn
R1 M1
Ec = mv 2 / 2 (3)
Tomando-se cada ponto que faz parte do corpo, sua massa correspondente e
velocidade linear, pode-se escrever a Ec de cada um, atém o n-ésimo ponto. Cada ponto está a
uma distância R do eixo de rotação do corpo. Se o corpo está girando, a velocidade angular (w)
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de qualquer ponto pertencente ao corpo fora de seu eixo de rotação será a mesma. Logo, as
energias cinéticas serão assim descritas:
1 1
Ec M 1 = M 1.v12 \ Ec M 1 = M 1w 2 R12
2 2
1 1
Ec M 2 = M 2.v 22 \ Ec M 2 = M 2w 2 R22
2 2
1 1
Ec Mn = Mn.v n2 \ Ec Mn = Mnw 2 Rb2
2 2
A energia cinética do corpo será igual a soma das energias cinéticas das partes, ou:
1 2
EcTotal = w ( M 1R12 + M 2 R22 + ... + MnRn2 )
2
Como a soma de todas as massa é igual a massa total, pode-se então escrever a energia cinética
da rotação como:
Ec = MR 2 w 2 / 2
Ec = Mv 2 / 2 .
50