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– Não sei, e se for coisa séria? – Ela diz, insegura como sempre.
Esse jogo de perguntas continua até que nos questionamos sobre o que
fez aqueles cortes. “Um acidente?”, claro que não, nossos pais teriam feito
alvoroço. “Um animal selvagem?”, só se for um urso com garras enormes.
“Será que é maquiagem?”, não soube responder essa idiotice de pergunta,
afinal, quem vai fazer isso não sou eu. Entramos no quarto dela e, como
sempre, ficamos espantados com a tamanha bagunça. Roupas fora do armário,
pratos de comida e remédios na cama, balões estranhos com leite escondidos
de baixo da cama e um cheiro que deixa o lugar desagradável. Quando ela vai
arrumar esse chiqueiro? Ou uma pergunta melhor:
– Claro que sim, um gato não faz aquele tipo de coisa. Pelo visto você
tava certa, era coisa séria... – Falo, arrependido em ter feito aquela
pergunta.
– Disse que ela não mentiria para nós! – Clara diz convencida.
– Nós nem sabemos se é verdade, e mesmo se for, não tem como saber
se é esse o gato.
– Só uma garra dele é maior que meu dedo! Eu tô falando, foi ele quem
cortou o braço da Bárbara e bagunçou o quarto dela. Sem falar que ela
não deve sair do quarto porque tem medo do gato. – Ela continua.
– Caso ela tenha dito a verdade, podemos tentar domesticar o gato. Mas
caso seja mentira, é só ligar pro controle de animais.
– Isso não me parece nada bom... – A insegurança é a praga que assola
sua vida, irmã.
– Qual é, vamos logo antes que ele entre aqui. – Começo a me estressar
com seu medo e pessimismo.
– Tá... você pode ficar na porta de casa esperando, e se algo der errado,
você chama a mana.