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O PARENTESCO E FAMÍLIA

O parentesco é a forma de aquisição de laços e relações de identificação e pertença entre seres


humanos, a partir de um "ego/eu" de referência.

O parentesco define-se como um conjunto de laços que unem geneticamente (filiação,


descendência) ou voluntariamente (aliança, pacto de sangue) um determinado número de
indivíduos.(…) Estes laços reduzem-se a três relações primárias: a filiação (pais-filhos), a
germanidade (irmãos), a alianca (marido-mulher) (RIVIÈRE,2008:63)

As relações de parentesco são o fundamento da família, que é a forma de organização social


por excelência não só entre os seres humanos mas também entre muitos animais e plantas. O
parentesco é muitas vezes entendido como uma forma de estabelecer relações pessoais e
sentimentos de grupo ou de corporação e também uma forma de reivindicar direitos. Algumas
qualidades e obrigações são culturalmente atribuídas às relações de parentesco como é o caso da
solidariedade entre irmãos ou o dever de sustentar economicamente e educar os filhos pelos pais.

Os factos geradores de uma relação de parentesco são, por um lado, fenómenos de


consanguinidade/descendência e, por outro, fenómenos de aliança/casamento. Por
consanguinidade entende-se uma relação social entre pessoas que reconheçam ter ao menos um
antepassado comum, enquanto a aliança é a relação criada por um casamento. Os fenómenos
biológicos que quase sempre estão na base dessas relações não são o seu elemento constitutivo;
nem se quer são necessários à criação do laço de parentesco. Assim, um filho adoptado é
consanguíneo do pai e mãe adoptivos.

Existe o pai social e pai biológico. As relações biológicas não são pertinentes, enquanto tais, no
domínio do parentesco. Todas as sociedades humanas tomam em conta os laços biológicos. Mas
nenhum sistema de parentesco resulta pura e simplesmente desses laços. Por isso se diz que o
parentesco pertence à ordem da cultura e não à ordem de natureza.

Esta liberdade de dispor do biológico para fins sociais manifesta-se até nas distinções mais
elementares. Assim, no âmbito da consanguinidade, o sexo pode ser pretexto para a definição de
importantes categorias de relações. Diz-se que uma relação é agnática se transmitida unicamente
através dos homens e uterina quando todos os elos que a constituem são femininos. Qualquer
relação em que o sexo não é tomado como critério de seleccão chama-se cognática.(…)

As sociedades que dão primazia à linha agnática, recrutando através dela os seus grupos de
filiação, são chamadas patrilineares ; as que utilizam a linha uterina para fins análogos, são
qualificadas de matrilineares.

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