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Art. 2 O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por
meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que
eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de
sua aprendizagem (BRASIL, 2009, p.1).
O ensino colaborativo faz parte da proposta adotada em alguns países como forma de
promover a inclusão escolar e consideradas como uma das mais significativas. No contexto
brasileiro, esse modelo ainda pouco conhecido em muitos municípios, mas existe registros de
implementação de alguns casos no formato experimental MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014).
Outras possibilidades podem aplicáveis para o contexto do Ensino Médio como, por
exemplo, o modelo do ensino itinerante. Esse modelo é caracterizado quando um professor de
educação especial realiza atendimentos esporádicos. Esse professor atua em várias escolas
oferecendo orientações para os professores e suporte para os alunos nas classes regulares. Trata-
se de um modelo de baixo custo, e pode beneficiar de certo modo todos os alunos da classe, mas
é diferente do ensino colaborativo (MENDES, VILARONGA, ZERBATO, 2014). Nesse modelo, é
fundamental a parceria entre os professores itinerantes juntamente com os professores da sala
comum para que juntos elaborem o planejamento juntos considerando as necessidades
educativas dos estudantes.
É importante considerar que o AEE também como espaço para os estudantes adquirirem
maior autonomia e independência, após o término da escolarização básica. Para Redig (2019) o
objetivo na escola não é apenas limitado a certificação e a continuidade aos estudos, mas
proporcionar aos estudantes uma formação que possibilite a inserção no mundo do trabalho e
na vida adulta.
Como forma de efetivar a inclusão no ensino médio público, Fernandes e Benitez (2022)
recomendam algumas alternativas que inclui: (a) disponibilidade do serviço de apoio educacional
em sala comum; (b) profissionais especializados na classe comum atuando em colaboração ao
docente regente; (c) salas de recursos multifuncionais em todas as unidades escolares da rede
estadual de São Paulo; (d) desenvolvimento de programas de transição entre anos finais do
ensino fundamental, ensino médio e pós-secundário, em colaboração das instituições escolares
e as universidades.
No caso dos estudantes com deficiência intelectual, algumas pesquisas realizadas
mostram que esses estudantes quando ingressam no período de transição da escola para a vida
adulta, período que marca o ingresso no Ensino Médio ou Ensino Superior, o processo de
escolarização tanto nas escolas regulares quanto nas escolas especiais não foram suficientes para
que esses estudantes adquirissem habilidades importantes para a permanência e inclusão no
Ensino Médio, no Ensino Superior, incluindo até mesmo habilidades necessárias para a vida após
a escola (REDIG, 2016).
Para tanto, é essencial que as escolas desenvolvam propostas educativas que atendam às
necessidades e os interesses dos estudantes. O Plano Educacional Individualizado (PEI) é uma
alternativa apontada como forma de planejar, implementar e avaliar os aspectos educacionais e
funcionais do estudante nas diferentes fases da vida, incluindo o momento de ingresso no Ensino
Médio e preparação para vida independente, emprego e educação.
Apesar de nem todas as pessoas com deficiência conseguirem avançar para outras etapas
de ensino e no ensino superior, muitos estudantes estão ingressando no Ensino Médio, e
precisamos garantir que todos tenham os suportes e medidas individualizadas necessária para a
escolarização e vida após o término da educação básica seja bem-sucedida. Por isso a
necessidade de discutir a transição para a vida após o término da escola, considerando os
aspectos de educação, trabalho e carreira, e vida independente. Esse planejamento pode iniciar
quando o aluno completar 14 anos de idade, e o espaço do Atendimento Educacional
Especializado na sala de recursos multifuncional pode ser organizado para implementação do
Plano Individual de Transição (PIT) (REDIG, 2019; REDIG, 2021).
De acordo com Redig (2019), o PIT é um plano elaborado para as pessoas com deficiência,
“... com a finalidade de maximizar o seu desempenho e estabelecer metas no ensino que levarão
ao sucesso no momento pós-escola, pois será preciso combinar experiências de vida, sociais e
laborais com os conhecimentos acadêmicos (p.11) ”. Dessa forma, o Plano Individual de Transição
(PIT) compõe uma parte do PEI; trata-se de um documento que contém informações referentes
à educação do aluno, sendo que o PIT contempla também informações sobre o interesse do
aluno, competências, qualificações e emprego (FANZERÊS, 2017).
O PIT é um instrumento utilizado para materializar o projeto de vida do aluno. Assim, ele
atua como um recurso articulador entre a escola e o desenvolvimento de atividades para
melhorar o desenvolvimento pessoal do aluno, além de promover a inclusão social e inserção
vocacional e profissional para os estudantes com deficiência. Ademais, ele constitui uma resposta
educativa adequada para ampliar a participação social dos estudantes, auxiliando a obtenção de
um emprego de acordo com as potencialidades e interesses do jovem, além de reduzir as
barreiras que possivelmente poderiam impedir a participação social dos estudantes.
O documento deve contemplar as competências que o aluno deverá obter no processo
educativo, considerar os pontos fortes, limitações, e expectativas do aluno, desenvolver um
plano de carreira que envolva a participação do aluno, família e demais profissionais; definir as
qualificações que o aluno deseja obter, e descrever qualificações e competências desenvolvidas
no decorrer da escolarização; possibilitar experiências de trabalho diversas; legitimar o processo
de planejamento, monitorar os resultados por meio de avaliação conjunta e contínua
(VERÍSSIMO, 2018). No processo de desenvolvimento do PIT, a escola tem atividade fundamental,
pois fornece orientação vocacional considerando os interesses e capacidades dos estudantes,
além de disponibilizar equipe técnica, articular parceira na comunidade e implementar e avaliar
o processo.
O PIT é composto por cinco etapas que incluem:
1. Identificação do aluno;
2. Caracterização do aluno e família (situação familiar, desejos e expectativas);
3. Aspectos do aluno em relação ao conhecimento acadêmico, interações e
relacionamentos interpessoais, autonomia, atitudes sociais;
4. Objetivos gerais e específicos do PIT para o aluno (emprego, educação, vida
independente, transporte, atividades da vida diária etc);
5. Previsão de saída da escola e com qual certificação;
6. Perspectivas futuras (lembrando, que as metas são de acordo com a idade e
necessidades do educando) (REDIG, 2021, p. 16)
Para Carvallho e Fernandes (2018), o PIT atua com um articulador entre a escola e a
sociedade, promove a transição para a vida adulta, promove a formação acadêmica e oportuniza
e complementa a formação profissional em contextos reais de aprendizagem. Os pressupostos
do PIT contrariam a aprendizagem profissional em ambientes artificiais, como, por exemplo, o
desenvolvimento de oficinas protegidas, que exclui o aluno das situações reais que ele irá
desenvolver no trabalho, e não considera os interesses do aluno e a construção do seu projeto
de vida. O PIT é um plano direcionado para o estabelecimento de carreira e um projeto de vida
implementado pela escola e articulado com o emprego como uma das possibilidades para o
processo de transição de jovens com deficiência. Além da inserção no trabalho, espera-se que a
transição permita a expansão das relações sociais e seja articulada com a escola, família e
comunidade.
Para o desenvolvimento do PIT, é preciso considerar os aspectos curriculares, assim como
os interesses e níveis de desempenho do aluno, incorporar as necessidades do mercado de
trabalho, para oportunizar uma inserção profissional efetiva. A articulação da escola com a
comunidade é essencial, pois promove oportunidades reais de integração com o ambiente. No
processo de implementação é fundamental a elaboração de um protocolo para acompanhar a
execução, acompanhamento e avaliação. Neste protocolo devem ser contempladas de forma
clara as atividades e o local em que o aluno irá desempenhar as suas funções profissionais na
empresa/serviço de parceria. Assim, o professor de Educação Especial tem uma relevância
expressiva nesse processo, pois acompanha diretamente a implementação do PIT (REDIG, 2019;
REDIG, 2021).
Nesta perspectiva, Cezário (2019) aponta que:
O AEE tem por finalidade colaborar para que o aluno com deficiência seja atendido nas
suas especificidades educativas articulando com a proposta curricular, de maneira que
garanta a sua participação no ensino regular (p. 46).
Referências:
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(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 08 jun.
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