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Hipercolesterolemia:

O que é?
É o aumento dos níveis de colesterol (gordura) no sangue. Existem dois tipos de gordura
presentes no sangue de interesse médico: o colesterol e os triglecerídeos (TG).
Ambos estão implicados na causa de problemas cardíacos, sendo o colesterol mais
importante. Existem dois tipos principais de colesterol: o de alta densidade (HIGH
DESITY LIPOPROTEIN – HDL) e o de baixa densidade (LOW DENSITY
LIPOPROTEIN – LDL).
O HDL, também conhecido como colesterol bom, tem um papel protetor sendo
responsável por remover placas de gorduras dos vasos sanguíneos (ateromas), portanto,
quanto maior seus níveis, melhor para o indivíduo.
Já o LDL é causador de placas de ateroma, depósitos de gorduras que entopem a
paredes dos vasos sanguíneos e estão intimamente relacionados à origem de doenças
como infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (AVC).
Suas causas podem ser variáveis, sendo relacionadas a outras doenças como o
hipotireoidismo como no caso da hipercolesterolemia secundária (não é a doença
principal), ou até mesmo por uso de determinadas medicações. No entanto a maioria dos
casos se deve a hipercolesterolemia primária, havendo participações ambientais e
hereditários.

A hipercolesterolemia familiar (HF ou HCF) é uma doença monogênica, associada a


variantes nos genes LDLR, APOB e PCSK9 (Corral et al., 2020). Nesses pacientes com
HCF, as mutações genéticas impedem o fígado de metabolizar (ou remover) o excesso
de LDL colesterol, o que podem levar a uma doença cardiovascular prematura (DCP).
Para a metabolização, os hepatócitos agem na oxidação dos ácidos graxos para suprir
energia; sintetizam colesterol; usam colesterol para formar sais biliares; sintetizam
lipoproteínas que transportam ácidos graxos, triglicerídeos e colesterol na circulação
sanguínea; sintetizam gordura a partir das proteínas e carboidratos.
O fator genético está diretamente ligado a um defeito no receptor de LDL, que é
causada pela perda da função no gene que codifica o receptor de LDL. A redução na
atividade resulta numa taxa reduzida de depuração de LDL na circulação.
Existem 2 tipos de HCF:
Heterozigótica
Trata-se da forma mais comum que acomete uma pessoa a cada 250. A
hipercolesterolemia familiar heterozigótica se dá quando apenas um dos pais tem
alteração genética.
Dessa maneira, se a mãe ou o pai tem HF, o filho tem 50% de desenvolver a doença.
Em um parentesco de segundo grau, a chance cai para 25% e, no terceiro grau, chega a
12,5%.
Homozigótica
Aqui estão as formas mais graves dessa doença e acontecem quando pai e mãe têm a
doença genética. As chamadas homozigóticas são mais raras e, nestes casos, o nível de
colesterol é muito mais elevado.
O paciente pode sofrer com as suas consequências ainda na infância e adolescência ou
início da fase adulta.

A forma homozigótica acontece quando os dois pais têm a doença. Nesses casos, o LDL
é maior do que 500 mg/dL
Outras causas genéticas de hipercolesterolemia familiar incluem:
Apolipoproteína B defeituosa (mais comum com uma mutação na posição 3500)
resultando em perda de ligação do ligante ao receptor de LDL
Uma mutação de ganho de função no gene da pró-proteína convertase subtilisina/kexina
tipo 9 ( PCSK9 ), levando ao aumento da afinidade da PCSK9 pelo receptor de LDL, o
que resulta em uma depuração mais rápida do receptor de LDL, direcionando-o para o
lisossomo para degradação no fígado, resultando assim em LDL plasmático elevado.
Tratamento
O tratamento da HC é um estilo de vida saudável, um peso ideal, não fumar, praticar
exercício físicos durante 150 minutos por semana e uma dieta pobre em ácidos gordos
saturados e trans, enriquecida em fibras, frutas, vegetais e peixes gordos, e claro, o uso
adequado dos medicamentos prescritos pelo médico, no EUA o medicamento mais
indicado é a ESTATINA, que pode reduzir o nível de LDL no plasma sanguíneo.
Como sei que preciso de tratamento?
O colesterol elevado pode ser definido como colesterol LDL superior a 190 mg/dL,
superior a 160 mg/dL com um fator de risco importante ou superior a 130 mg/dL com
dois fatores de risco cardiovascular. Os fatores de risco importantes incluem:
 Idade; homem com 45 anos ou mais, mulher com 55 anos ou mais
 Uma história familiar positiva de doença cardiovascular aterosclerótica
prematura (menos de 55 anos em homens e menos de 65 anos em mulheres)
 Hipertensão
 Diabetes
 Fumar
 Níveis baixos de colesterol HDL (menos de 40 mg/dl em homens e menos de 55
mg/dl em mulheres).
Segundo o hospital Albert Einstein a quantidade de pessoas com hipercolesterolemia é
difícil de determinar, principalmente levando-se em consideração mudanças nos
critérios de gravidade e limites a partir dos quais se inicia o tratamento. Já a forma
familiar afeta um número estimado de 300 mil brasileiros.
Ibrahim, M. A., Asuka, E., & Jialal, I. (Hypercholesterolemia. In StatPearls. StatPearls
Publishing. (2023).
Corral P, Bañares V, Sáenz B, et al. Phenotype of definite familial hypercholesterolemia
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