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Certificação de Qualidade em Aviação

Executiva: Elevando os Padrões de Segurança


Operacional.
Marx Ferreira de Araújo – Piloto Comercial / Especialista em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade Continuada.
Gerência de Segurança Operacional Avantto
safety@avantto.com.br

Palavras Chave: Aviação Executiva, Certificação de Qualidade, IS-BAO, Segurança Operacional.

BIOGRAFIA
O objetivo deste trabalho é revisar dois dos principais selos
Marx Ferreira de Araújo, Piloto Comercial de Aeronaves de de qualidade disponíveis para aviação executiva, discutindo
Asa Fixa. Bacharel em Aviação Civil pela Universidade seus benefícios e dificuldades no processo de obtenção,
Anhembi Morumbi. Pós-graduado pelo Instituto com base no modelo dos selos IS-BAO e Wingman. Para
Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Segurança de tal, foram utilizados dados qualitativos colacionados de
Aviação e Aeronavegabilidade Continuada com ênfase em empresas já certificadas, pesquisas descritivas dos
Engenharia Aeronáutica e Segurança de Sistemas respectivos setores gerenciais, além de revisão bibliográfica
Aeronáuticos. acerca do tema, comparando modelos teóricos
bibliográficos e resultados práticos no âmbito operacional.
Desde 2012 atua como tripulante operacional das aeronaves
Phenom 100 e Phenom 300 (EMBRAER). Gerente de Na tratativa irreversível da globalização, com a crescente
Segurança Operacional na empresa Avantto, onde necessidade de mobilidade das pessoas e o incremento do
coordenou a homologação do selo de qualidade IS-BAO e tráfego aéreo, estamos cada vez mais sujeitos a acidentes e
vem participando e coordenando atividades de incidentes. Paralelamente, diminui-se a tolerância a tais
desenvolvimento de segurança operacional. eventos, tendo em vista as iminentes consequências
catastróficas.
RESUMO Nesse contexto, impõe-se a necessidade da utilização de
ferramentas que visem, de maneira proativa, criar barreiras,
Os selos internacionais de qualidade foram desenvolvidos antes de um evento de incidente e/ou acidente. Uma das
pela indústria aeronáutica com o intuito de padronizar em ferramentas que atua direto neste tocante são os selos de
níveis elevados as práticas operacionais da aviação qualidade que, ao implantar a sistematização e
executiva. Baseados nos parâmetros do ISO 9000 automatização, diminuem a subjetividade nas decisões e
(International Organization for Standardization) e ICAO asseguram assim maior nível de segurança operacional e
(International Civil Aviation Organization) foram criados diminuição de riscos.
dois dos principais selos de qualidade, IS-BAO
(International Standard for Business Aircraft Operations) e
Wingman (criado pela Wyvern). INTRODUÇÃO

A obtenção de um selo de qualidade internacional não Com a finalidade de criar além de uma demanda paliativa
somente eleva o nível técnico, como promove a para a elevação dos níveis de segurança operacional, órgãos
implantação da cultura de segurança operacional dentro de e entidades particulares internacionais, buscaram na
um mesmo padrão mundial. A principal problemática na indústria as reais necessidades. Dessa forma, identificou-se
sua obtenção envolve a mudança nas práticas habituais dos as falhas e deficiências que reduziam a margem de
colaboradores. Práticas estas, em sua maioria, tradicionais; segurança da aviação executiva, prejudicando sua margem
porém frequentemente inferiores ao que se conhece hoje em de qualidade.
termos de padrões de qualidade e segurança operacional.
Semelhantemente, ainda observa-se relutância por parte da Nesse contexto, surgiram selos e auditorias de elevação de
alta gerência, em instituir as mudanças necessárias. Faz-se níveis operacionais, buscando a criação de um modelo
necessário, por exemplo, a catalogação e documentação de standard de cumprimento de boas práticas, dentro do
maneira correta e assertiva assim como o gerenciamento de cenário mundial.
dados técnicos operacionais, normalmente armazenados em
sistemas de alto custo.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA • Manual IS-BAO – IBAC (International Business
Aviation Council)
Neste capitulo serão descritos os principais manuais,
legislação e normas que nortearam o desenvolvimento deste Tal manual foi criado pela IBAC e desenvolvido pela
artigo. Trata-se do que se tem de mais relevante na indústria aeronáutica para o seu beneficio. Após análise da
literatura em relação a garantia de qualidade em aviação ISO 9000, analistas da IBAC definiram 12 áreas de
executiva e segurança operacional, dentro da literatura aplicação de standards, aproveitando a esquemática da
brasileira e mundial. ISO. São elas;

• Resolução Nº106, de 30 de Junho de 2009 - 1 – Safety Management Systems;


Sistema de Gerenciamento de Segurança 2 – Organização e requerimento de pessoal;
Operacional para os Pequenos Provedores de 3 – Proficiência e treinamento;
Serviço de Aviação Civil (SGSO P-PSAC). 4 – Operações de voo;
5 – Operações em espaço aéreo internacional;
Este documento descreve a forma de cumprimento dos 6 – Requerimentos de equipamentos em aeronaves;
requisitos do Sistema de Gerenciamento de Segurança 7 – Requerimentos de manutenção de aeronaves;
Operacional – SGSO. 8 – Manual de operações da companhia;
O P-PSAC deve desenvolver e manter processos de 9 – Plano de resposta à emergência;
garantia de segurança operacional visando assegurar que as 10 – Gerenciamento de meio ambiente;
metodologias de controle dos riscos de segurança 11 – Transporte de produtos perigosos;
operacional, desenvolvidas em consequência da 12 – Segurança.
identificação de perigos e atividades de gerenciamento de
risco, atinjam seus objetivos e metas determinados. Buscando várias fontes distintas, este manual foi criado
com o principio de ser uma compilação das melhores
• DOC 9859 (ICAO,2009b) – Safety Management práticas, para a garantia da segurança operacional, dentro
Manual (SMM) dos temas selecionados, como padrões a serem seguidos.

Este manual representa a mais importante legislação • The Wingman Standard – Wyverrn Consulting,
internacional sobre gestão da segurança operacional na ltd.
aviação civil mundial. Entre outros temas voltados a
segurança operacional como sua criação, modo de O selo de qualidade The Wingman Standard sugere que os
implementação, gerenciamento de risco, plano de resposta à operadores deverão ser avaliados segundo os critérios
emergência, investigação de acidentes e incidentes contidos no manual publicado pela consultoria,
aeronáuticos, aborda critérios de avaliação e garantia da requerimentos e procedimentos internos serão avaliados
segurança operacional, onde instrui que a garantia de buscando falhas latentes já existentes na indústria e muitas
segurança consiste em processos e atividades realizadas vezes criadas como um padrão.
pelo prestador de serviços para determinar se o SMS A Wyvern optou por referência os processos de auditoria
(Safety Management Systems) está operando de acordo do programa Wingman usando o padrão internacional IS-
com as expectativas e exigências. O prestador de serviços BAO de normas e práticas recomendadas. O escopo da
monitora continuamente seus processos internos, bem como avaliação inclui as atividades operacionais referenciadas
seu ambiente operacional, com a finalidade de detectar nos protocolos IS- BAO, uma revisão do histórico
alterações ou desvios que possam introduzir riscos operacional e registro de segurança, Safety Management
iminentes a segurança ou a degradação de controles de Systems (SMS), composição administrativa, documentação
risco existentes. Tais mudanças ou desvios podem então ser técnica, tripulantes operacionais e seus registros, a
tratados em conjunto com o processo de gestão de riscos de formação e capacitação, requisitos e as operações de
segurança. manutenção, incluindo a formação técnica e a experiência.

• ISO 9000 – International Organization for


CRIAÇÃO DE UM PADRÃO DE
Standardization QUALIDADE AERONÁUTICA

Criado em 1987, com base estrutural idêntica à norma de Tratando de formação de pilotos, certificação de aeronaves,
qualidade britânica BS 5750 e influencia de normas regras gerais do ar, a aviação é regulamentada sobre
militares americanas como as Military Specification – MIL padrões definidos e cumpridos similarmente por todo o
SPECS, a expressão ISO 9000, designa um grupo de mundo, buscando a homogeneização da padronização
normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão de operacional. Porém, as aeronaves regidas sobre o RBHA 91
qualidade para diversas organizações. Esta família de (Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica),
normas estabelece requisitos que auxiliam a melhoria dos que rege as regras gerais de operação para aeronaves civis
processos internos, a maior capacitação dos colaboradores, privadas, não evidencia a necessidade de cumprir uma série
o monitoramento do ambiente de trabalho, a verificação da de obrigações encontradas dentro de regulamentos de
satisfação dos clientes, colaboradores e fornecedores, num similar citação, porém que regem as aeronaves de
processo contínuo de melhoria do sistema de gestão da transporte regular e não regular de passageiros.
qualidade. Aplicam-se a campos tão distintos
quanto; materiais, produtos, processos e serviços. Então entidades de carácter privadas, vendo esta não
padronização e falha no sistema, começaram a, após analise
e busca por tais falhas, criar um conjunto de boas práticas

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sugeridas pela indústria aeronáutica para elevação de níveis executiva tende a promover o padrão e normas aos
de segurança operacional. reguladores, com uma base aceitável para a regulamentação
As auditorias de segurança feitas por empresas da segurança operacional e manutenção da qualidade,
reconhecidas, como a Wyvern, ARG / EUA e Flight Safety através da homologação dos selos de qualidade.
Foundation, serviram durante muito tempo como modelo Enquanto o IS-BAO é um conjunto de normas que reflete
da indústria de autorregulação. as boas práticas operacionais em todo o mundo, um
Muitas empresas se recusam a colocar seus funcionários ou processo de gestão foi projetado para garantir que ele
membros da família de seus gestores a bordo de uma continue a ser um produto de alta qualidade. O processo de
aeronave cujo operador não tinha sido auditado e listado gestão IS-BAO manifesta sua necessidade em envolver
por uma entidade reconhecida previamente. todas as associações de aviação executiva nacional e
Mas cada avaliação realizada por tais entidades eram regional, membros da IBAC e sob a direção do Conselho
independentes e não seguiam nenhum padrão de IS-BAO. Incluindo a emissão e a apresentação de revisões
reconhecimento universal. recomendadas para todos os operadores e as suas
Estas preocupações levaram a IBAC em 1999 a começar associações nacionais e regionais, além de uma revisão
uma formulação de um conjunto de serviços operacionais e anual pelo conselho de padrões. Este processo foi criado,
normas de segurança para a aviação executiva. Outra pois foi entendido que a comunicação contínua traria
influência por trás da decisão foi a crescente aceitação grandes benefícios, já que as empresas estariam sempre
mundial do ISO com sede em Genebra, responsável pela atualizadas.
criação de seu código de padronização da indústria, ISO
9000, e melhores práticas. Tais práticas foram inseridas em Os primeiros rascunhos do IS-BAO foram obtidos por uma
diversas áreas da indústria para melhorar eficiência, compilação de documentos existentes, como por exemplo –
produtividade e bem-estar do empregado, assim como NBAA Management Guide, o BAUA Generic Operations
facilitar os negócios internacionalmente. Manual e o Canadian CAR624 Standards.
Muitas corporações norte-americanas e europeias foram Este primeiro projeto foi então revisado por um pequeno
registradas dentro do programa ISO 9000, o que significa grupo de operadores que serviu como um grupo foco para
que tinham concluído um rigoroso programa de auditorias e confirmar os benefícios do padrão e fornecer comentários
revisões de conformidade de suas atividades para um, preliminares sobre a sua estrutura e conteúdo. A partir
global e internacional, código respeitado de melhores dessas observações um segundo projeto foi desenvolvido e
práticas de manutenção de qualidade. revisto por meio de uma série de reuniões de grupos de
Após conhecimento e entendimento da importância de uma operadores, focando na discussão de sua efetividade. Um
base reguladora, visando à busca das melhores práticas na terceiro projeto foi então confeccionado e apresentado na
indústria, muitos CEOs de empresas certificadas com o ISO EBACE 2001 (European Business Aviation Convention &
9000, começaram a levantar com seus gerentes de aviação e Exihibition), em Genebra, e foi então testado com
operações, se existia algo semelhante para a aviação operadores na América do Norte, Europa e América do Sul.
executiva. Alguns com a ânsia de implementar estes, até O feedback da apresentação na EBACE, assim como os
então, novos padrões, certificaram seus departamentos de testes de operação, foram usado para desenvolver a última
voo, com o próprio ISO 9000, já que não havia nada que edição, aprovada pelas Normas IS-BAO em 10 de
pudesse ser utilizado com ênfase em aviação executiva. dezembro de 2001.

Apesar do ISO não ter nenhuma familiaridade com a Baseado em um sistema de gerenciamento de segurança
aviação executiva, após análise de suas regras, manuais e para aeronaves comerciais, o IS-BAO foi a primeira em
normas, foi de grande importância às ferramentas e padrões normas de segurança. Aprovado e reconhecido pelos
para nortear as fases iniciais de criação de um selo de principais órgãos de normatização e regulamentação no
qualidade da segurança operacional para a aviação mundo, como por exemplo a OACI, o SMS em IS-BAO,
executiva. Junto com a busca dentro de áreas operacionais, tem sido uma fonte confiável para a garantia e manutenção
como por exemplo – pilotos, mecânicos, técnicos e de qualidade assim como a manutenção da segurança
profissionais intimamente ligados a operações aéreas, operacional.
foram levantadas as melhores práticas a serem seguidas
para a garantia da manutenção da qualidade dentro das Um ponto de destaque deste selo, é que o mesmo tem a
operações. capacidade de se adaptar ao tamanho ou variedade da
operação, desde aeronaves mono motoras até grandes jatos
executivos e helicópteros. O IS-BAO contém standards e
REVISÃO DOS SELOS DE QUALIDADE recomendações de melhores práticas baseado nas melhores
práticas obtidas em aviação executiva., desenvolvida pela
1. IS-BAO indústria para a própria indústria. O IS-BAO, foi designado
para ser flexível em sua natureza, então um operador pode
Um padrão internacional para operações de aeronaves implementar requerimentos que fomentem de maneira
executivas foi desenvolvido pela comunidade da aviação relevante a operação do mesmo.
executiva para o benefício da própria comunidade. O
objetivo é promover uma padronização mundial e assistir os Assim como SMS, o IS-BAO tem carácter progressivo,
operadores no estabelecimento de departamentos de voo e exigindo assim, que seus operados mantenham ativo e
qualidade utilizando as melhores práticas de operações de sempre atualizado seu sistema de gerenciamento de
aeronaves executivas em todo o mundo. segurança operacional.
Embora o padrão fosse desenvolvido com o propósito de
autodeterminação, outros benefícios de longo prazo são
possíveis através do desenvolvimento de uma indústria
semelhante ao ISO 9000. A comunidade da aviação

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funcionários da empresa, buscando identificar se todos
estão inseridos na politica de segurança operacional e
IS-BAO - Porcentagem entendem o fluxo sistêmico do IS-BAO dentro da empresa,
de empresas que deve ser parte das tarefas diárias de todos,
independente de função desenvolvida ou cargo assumido.
mundialmente O processo continuo de aperfeiçoamento e
certificadas pelo selo, desenvolvimento do IS-BAO, vem com sua última fase, o
nível 3, cujo o objetivo a ser alcançado pela empresa com
regidas por tal nível de maturidade em segurança operacional é:

regulamentos de • Envolvimento e comprometimento dos


funcionários com a capacidade de liderança,
aviação geral gerenciamento e aperfeiçoamento da cultura de
segurança operacional;
Oceania Europa • O amadurecimento e anseio de um bom
desempenho da segurança operacional, não apenas
Caribe Asia para cumprir uma ordem ou uma politica
África América do Sul estabelecida, colocando a segurança operacional
como metas individuais;
América do Norte América Central • Efetiva comunicação entre o setor de segurança
operacional, entidades e organizações externas que
1%
1% visam o aumento da consciência situacional para a
3% manutenção da segurança;
11% • Um profundo comprometimento da alta gerencia e
8%
da diretoria com os benefícios das avaliações
1%
continuas;
3% • Gerenciamento de situações adversas que podem
72% impactar um cenário operacional seguro;
• Metas de segurança operacional medidas e
gerenciadas de maneiras proativas;
• Adequada alocação de provisões financeiras
Figura 1: Gráfico representativo de entidades
durante o ano, com a finalidade de garantir o
regulamentadas na aviação geral que possuem o selo de
andamento do sistema de segurança operacional;
qualidade IS-BAO
• Iniciativas de buscar o conhecimento do meio
O processo de obtenção do IS-BAO tem início quando um externo, tendo em vista o compartilhamento de
plano de implementação é descrito. Tal plano deve ser experiências e dificuldades encontradas durante o
desenhado sobre os processos detalhados no manual da IS- processo de manutenção da segurança operacional;
BAO, que conta com 12 áreas, previamente citada neste • Medição do desenvolvimento da segurança
estudo. operacional incluindo a efetividade das atividades
Depois de descrito e traçado o plano para a obtenção do dos processos, e não apenas os resultados.
selo, a empresa solicita uma auditoria. Tal auditoria é
conduzida por examinadores treinados e certificados, que Para a avaliação do nível 3, os auditores irão conduzir uma
tendo em vista a homologação do nível 1, fazem uma profunda análise da efetividade do sistema, utilizando
revisão sistemática e objetiva das operações da empresa, protocolos com exemplo de indicadores de desempenho; os
comparando assim os resultados obtidos com o padrão métodos possíveis a serem utilizados são, por exemplo,
proposto pela IBAC, dentro do IS-BAO. entrevistas com funcionários de todos os setores, análise
Essa auditoria enfatiza a transparência da empresa e a dos manuais e documentos que comprovem a correta
colaboração de todos os funcionários envolvidos ou não na utilização e efetivo funcionamento da cultura de segurança
auditoria, pois em busca de Minor/Major Non-Conformities operacional, observação do ambiente operacional, entre
(pequenas/grandes não conformidades), o auditor não visa outros itens.
apenas apontar seu sintoma, o mesmo procura descobrir a
causa raiz, dando a oportunidade de, muitas vezes, a 2. Wingman Standard
empresa auditada corrigir tal não conformidade, antes do
final da auditoria. Fundada em 1991, Wyvern Consulting Ltda., foi a primeira
empresa de auditoria de segurança a ser criada, seguida, em
Quando o operador obtém o selo de qualidade IS-BAO, o 1995, pela Aviation Research Group/US (atualmente a
mesmo tem um prazo de dois anos para começar a ARGUS Internacional). Essas empresas concorrentes, com
implementação do nível 2. fins lucrativos, são semelhantes em muitos aspectos. Cada
Dentro desta segunda fase, inicia-se a verificação da uma tem um conjunto de normas, um processo que seus
segurança, sistemas operacionais, politicas e auditores treinados devem seguir, e oferecem níveis de
procedimentos, com a finalidade de garantir a efetividade certificação com valores diferentes.
do sistema dentro da empresa. A auditoria do nível 2, revisa
todos os itens supracitados, porém trabalha com foco e A consultoria da Wyvern, agora propriedade da Avinode,
ênfase diferenciada da auditoria nível 1, onde o foco desenvolveu o seu padrão de segurança em cooperação com
principal é conduzir entrevistas individuais com os um grupo de pessoas ligadas a mais de 100 empresas de

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aviação, além de outros profissionais da área, chamados de perspectivas, o operador deve fornecer seus dados de
Costumer Advisory Board (CAB). segurança operacional de forma transparente ao sistema da
Wyvern. Estes dados estarão disponíveis aos clientes e
Um operador de fretamento pode solicitar uma auditoria operadores para pesquisas sobre as aeronaves envolvidas
Wyvern a fim de obter a referida certificação ou tornar-se nas operações e sobre as tripulações disponíveis para a
um associado. As operações das empresas sobre o selo realização dos voos.
Wyvern/Wingman precisam passar por auditorias físicas
anuais. Os operadores registrados pela associação Nos dias atuais temos acompanhado o incremento das
providenciam a inserção de seus dados no sistema da atividades de operações aéreas no Brasil e no mundo. Tal
Wyvern, mas não são fisicamente auditados. fenômeno vem acompanhado com a tendência de uma
maior taxa de acidente e incidentes, visando assim à
A Wyvern também possui uma parceria com a Associação diminuição da subjetividade, na tratativa de segurança
Internacional de Transporte Aéreo (IATA) para executar operacional, e o aumento na automatização e sistematização
auditorias de Wyvern e IS-BAO fora das Américas. de todo o sistema, entidades provedoras de cultura de
segurança e garantia de qualidade tem acompanhado a
flutuação dos índices de incidentes e acidentes, suas causas
Com aproximadamente 20 anos de tradição e nenhuma e fatores, visando a identificação e analisando um conjunto
fatalidade nos voos com empresas certificadas Wyvern, a de melhores práticas de maneira assertiva e não mais
empresa garante todo o detalhamento do voo, com detalhes subjetiva, pois em muitos casos a subjetividade tende a ter
sobre as tripulações e aeronave envolvida na operação. Os os mínimos aceitáveis de padrão rebaixados perante a busca
clientes são muito envolvidos com a segurança, fazendo de melhores práticas a serem seguidas.
parte de reuniões durante o ano, que revisam os padrões
seguidos – com estes artifícios utilizados a Wyvern esta
sempre monitorando as operações. No gráfico abaixo, pode ser notado o incremento nos voos e
nos números de passageiros, em um período de 10 anos.
Faz-se necessário com tal aumento, uma maior observação
A Wyvern atribui dois especialistas para cada auditoria: um e maiores cuidados de maneira proativa, da segurança
para comandar a auditoria na operação e outro para liderar a operacional e da manutenção de qualidade.
auditoria de manutenção. Eles precisam ter experiência
extensiva de voo e conhecimento em gerenciamento e
garantia da qualidade Wyvern. A cada ano,
aproximadamente oito operadores não cumprem os
requisitos desta auditoria, não respondendo a eventuais
discrepâncias. E em um ano, cerca de cinco operadores são
excluídos do relatório Wyvern.

Atualmente em decorrência da similaridade das auditorias,


a Wyvern adotou as normas e práticas recomendadas como
referencia pelo programa oferecido pela IBAC, o IS-BAO.
Com a reformulação de seu manual de auditoria o
Wingman Standard 3.0, a Wyvern utilizou os protocolos de
auditoria da IS-BAO como base para as auditorias Wyvern,
além de oferecer um maior padrão com a homogeneização Figura 2: Evolução de número de passageiros
das auditorias, a Wyvern buscou um custo eficaz e uma transportados – 2004-2013
solução de economia de tempo para os clientes, pois Fonte: Anuário do transporte aéreo de 2013 – ANAC
visando maior aceitação mercadológica e superação dos
índices de segurança operacional já obtidos, à empresa que Dados levantados na história da aviação mostram que, em
busca mais de uma certificação, têm gasto muito tempo no 1908, houve o primeiro acidente com uma aeronave
preparo das auditorias e grande quantidade recursos motorizada, causando a morte do passageiro e piloto.
financeiros. Ao longo do anos inúmeros acidentes tem sido notados
dentre os diversos ramos da aviação privada.
BENEFÍCIOS NA OPERAÇÃO AÉREA, Os primeiros padrões de segurança de vôo, começaram a
ser disseminados a partir de 1991 para aeronaves regidas
COM A UTILIZAÇÃO DE SELOS PARA
sobre o regulamento de aeronaves de fretamento.
GARANTIR A MANUTENÇÃO DA No gráfico abaixo podemos notar que, com o crescimento
QUALIDADE E A SEGURANÇA da aviação, exponencialmente ocorre o crescimento dos
OPERACIOANAL. acidentes e incidentes aéreos.

A principal diferença entre os selos neste estudo


correlacionados é que, para obter um selo de qualidade IS-
BAO, o operador tem que atender e estar coerente com a
normatização de um padrão de segurança operacional
definido pela entidade e criado pela indústria, já o operador
que deseja obter o selo da Wyvern, Wingman, deve, como
o IS-BAO, estar comprometido com os mais altos níveis de
segurança operacional, porém para o cumprimento de tais

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Buscando atender tais clientes, e principalmente elevar a
cultura de qualidade e segurança operacional, as empresas
que aderem aos selos acima citados têm como principais
vantagens os seguintes benefícios:

Departamento de voos:

• Autoeducação – Encorajar os funcionários a


aprender e disseminar conhecimento com seus
colegas de trabalho;
Figura 3: Total de ocorrências de aeronaves Brasileiras
no período – 2004 – 2013 • Assistência a novos operadores – Novos
Fonte: Panorama estatístico da aviação Brasileira 2014 operadores podem adotar um código de melhores
CENIPA praticas desde inicio de suas operações;

A grande dúvida gerada ao pensarmos em uma auditoria • Acompanhamento de um rápido crescimento –


privada, é se, baseando apenas na certificação dos órgãos Departamentos de voo que tem um rápido
oficiais de seus países, podemos reconhecer suas crescimento podem introduzir um padrão
regulamentações como suficientes para a garantia da profissional para assim facilitar no gerenciamento
qualidade e da segurança de voo. da segurança, afim de não crescer de forma
desarmonizada;
Com o decorrer deste estudo, foi notado que os órgãos
reguladores passam por um momento delicado de • Reduzir uma potencial ocorrência de erros – Um
mudanças e correto entendimento do cenário da segurança padrão profissional ajuda a evitar uma maior
operacional e da manutenção da qualidade, dando-se por incidência de erros;
satisfeitos apenas pela aprovação de certificados,
verificação de relatórios, checagem de validade de
certificados médicos e outros dados que não mensuram a • Confiança de nível internacional – Uma
qualidade, tão pouco a segurança, visando apenas uma padronização internacional promove benefícios
auditoria de conformidade e não criação procedimentos e internacionais. Grandes executivos reconhecem os
processos. Com base nestes conceitos entende-se que a benefícios da tal padronização, de acordo dados
aviação executiva tem a necessidade de padrões mais obtidos neste estudo. Na comunidade internacional
elevados, buscando a garantia de melhores práticas nas entende-se que as empresas que possuem uma
operações em ar e também em solo. certificação de qualidade e segurança, validam sua
confiabilidade;
Os selos aqui apresentados têm como principal escopo
evidenciar aos seus clientes a garantia de melhores práticas, • Segurança para os funcionários – Tripulantes e
garantindo também uma vantagem competitiva entre as outros funcionários, obtém a garantia de uma
companhias de fretamento e administração de aeronaves busca pela diminuição dos riscos, tendo em vista
privadas, colocando assim em evidencia tais operadores. que a empresa está se propondo a elevar a garantia
da segurança e qualidade;
Durante esse estudo foram colhidos dados de pesquisas
qualitativas com os clientes em diversas empresas que • Orgulho – Ao conquistar os selos, a empresa
realizam fretamento e também empresas que administram mostra ao funcionário que permanece em uma
aeronaves privadas, e a resposta aos selos de auditorias curva ascendente de melhorias, trazendo assim
terceirizadas foram que, passa a ser um fator decisivo a orgulho à equipe.
contratação de empresas que possuem tais selos, pois de
uma forma objetiva essas empresas validam aos seus Comunidade de aviação executiva:
clientes que estão vinculadas a algum padrão de segurança
operacional, assim como também estão buscando uma • Aumento dos pilares da segurança – A
crescente obtenção de qualidade, já os próprios operadores padronização promove a segurança, incentivando
que possuem algum selo, enxergam estes selos como um assim uma operação profissional;
compromisso com a segurança e qualidade.

• Aumenta a confiança de órgãos reguladores –


A maior parte dos departamentos de voo coorporativo, na
Órgãos reguladores estão confiando mais nos
atual configuração da aviação executiva, possui ao menos
operadores, entendendo que a indústria da aviação
uma certificação terceirizada, pois clientes com elevado
executiva tem a capacidade de buscar, sem
poder aquisitivo, hoje se perguntam se tais empresas
requisitos das agências reguladoras, o aumento e
poderiam atendê-los com o mais alto padrão de qualidade
manutenção dos níveis de qualidade e segurança
mantendo elevado nível de segurança, exigindo, por
operacional;
exemplo, tripulações homologadas e com cursos
específicos para as aeronaves que operam, mesmo que não
se faça obrigatório. • Assistência aos órgãos reguladores – Permite a
implantação de recursos, hoje, escassos no tocante

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a segurança operacional e manutenção de • O índice de reportes de prevenção tem aumentado
qualidade; significantemente durante o ano pós-certificação;

• Um programa alternativo para o acompanhamento • Colaboradores de áreas administrativas tem maior


de dados – Fornece a sociedade aeronáutica uma contato com temas de segurança de voo e
forma de automonitorização dos dados de qualidade na gestão operacional;
segurança e qualidade;
• Alinhamento de padrões com técnicas
• Aumento de comunicação entre os operadores – internacionais, realizando cursos fora do país;
Visando a manutenção dos benefícios obtidos, faz-
se necessário buscar uma crescente comunicação
• Visibilidade dentro da indústria aeronáutica por
entre empresas de similar operação;
estar sempre buscando mais do que lhe é solicitado
pela autoridade;
• Institucionalização das melhores práticas –
Fornece um meio sistemático de captura das
• Significante queda no preço da apólice do seguro.
melhores práticas continuas, desenvolvidas pela
comunidade aeronáutica, tornando-as disponíveis
para todos dentro da indústria; 2) Empresa “B” – Especializada em fretamento de
aeronaves:
• Reconhecimento público de uma indústria bem
gerenciada – Uma autoadministração padrão • Realinhamento de suas operações;
internacional promove a crescente confiança do
publico externo; • Utilizando o manual da IS-BAO, iniciou-se uma
reestruturação dentro de seus setores operacional,
• Promoção da harmonização global – A aviação buscando a homogeneização com padrões
executiva passa assumir um importante papel, internacionais;
tornando-se responsável por ser proativa na
promoção da harmonização global dos • Diminuição de erros administrativos, pois como
procedimentos operacionais, requisitos e melhores item mandatório do Wingman, a empresa passou a
prática. atualizar mensalmente a base de dados da Wyvern
com seus dados de operações e dados de
De acordo dados qualitativos dentro das empresas tripulantes, logo, a consciência situacional do
observadas no primeiro ano pós-obtenção do selo de todos envolvidos em carregar tais dados, foi
qualidade IS-BAO, os principais pontos positivos aumentada;
observados foram;
• Maior divulgação de resultados obtidos através da
1) Empresa “A” – Especializada em administração de obtenção dos selos;
aeronaves e pioneira em compartilhamento da frota:
• Os colaboradores se sentem privilegiados por
• Com a curva de crescimento exponencialmente trabalhar em uma empresa com reconhecimento
demonstrada nas operações, a empresa utilizou o internacional e tornam como meta individual a
manual do IS-BAO como gabarito para ordenar busca por aumentar o conhecimento da cultura de
essa expansão; segurança.

• Buscando o cumprimento de todos os itens citados DIFICULDADES NA ACEITAÇÃO E


dentro do manual, foi criado um comitê de IMPLANTAÇÃO DE SELOS
avaliação do processo de implantação, visando a INTERNACIONAIS DE QUALIDADE.
obtenção do nível 2 da certificação IS-BAO. Esse
comitê foi de grande importância, uma vez que
envolvia todas as diretorias da empresa e todos Cada uma dessas organizações de segurança de aviação
estavam focados não apenas na obtenção do pode fornecer um nível maior de conhecimento para um
certificado, mas sim no cumprimento de todos os operador de fretamento ou de administração com a
itens citados em seus manuais; finalidade de melhorar suas operações e aumentar sua
margem de segurança. O desafio para o operador é decidir
qual destas organizações será a sua parceira. E se um
• Criação de normas e continua melhoria, através de operador escolher trabalhar com todas as empresas? Se isso
revisões de seus manuais operacionais; acontecer, os custos poderiam ultrapassar US$ 100.000 por
ano, assim como o tempo que os empregados passam
• Disseminação da cultura de segurança operacional preparando e participando de cada auditoria. E quando eles
em todos os níveis da empresa, atingindo a terminarem sua auditoria de final de ano? Estará na hora de
totalidade dos setores, inclusive setores renovar o primeiro selo que eles completaram. Isso coloca o
administrativos; operador em um ciclo perpétuo de passar por auditorias,
atualizações de manuais e procedimentos para satisfazer os
resultados de cada auditoria.

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Assim, faz-se necessário escolher um selo para adequação. principalmente dos colaboradores experientes em aviação,
Essa escolha baseia-se no perfil da empresa e dos clientes porém com padrões e moldes desatualizados no tocante a
atendidos. Alguns questionamentos nos ajudam na escolha excelência da segurança operacional. Faz-se necessário
do selo: “Como cada empresa de auditoria enriquece a inserir novos padrões e uma cultura baseada no
imagem das empresas por ela certificadas? E o mercado, conhecimento técnico, bibliográfico, buscando a
tem potencial para identificar o que um cliente julga homogeneização do sistema e estabelecendo por fim,
necessário antes de reservar voos, tratando-se de qualidade? padrões de qualidade em níveis internacionais.
Qual percentual decisivo para a empresa contratante, ao
decidir por uma empresa de Por fim, a cultura do país também se impõe como
fretamento/administração/compartilhamento devidamente empecilho. No caso do Brasil, com freqüência notamos a
homologada com um selo de qualidade, ou uma sem demanda por padrões que simplesmente satisfaçam as
homologação?” Estas perguntas são a chave para a escolha exigências da agência reguladoras, ao invés de elevar-se a
mais cabível para sua operação, viabilizando o operacional níveis internacionais, como os propostos pelos selos de
e o financeiro. qualidade. Ao realizarmos uma pesquisa qualitativa entre
empresas de fretamento e também de administração que
No passado, grandes operadores de fretamento e de não possuíam selos de qualidade internacional, foi
administração de aeronaves privadas criaram uma grande questionado o porquê da ausência de procura por tais selos,
mudança na indústria, alinhando-se com uma empresa de as respostas foram unânimes e encontram-se listadas
auditoria particular intitulada ISO, forçando dessa forma, abaixo:
grande parcela da aviação a participar destas auditorias ou
correr o risco de perder um volume substancial de negócios 1. Custos elevados na obtenção dos selos
de fretamento. internacionais;

Todo tipo de operador deve estar preparado para uma 2. Não conheciam nenhum dos dois selos neste
mudança de estratégia, pois tem crescido o numero de estudo apresentados;
operadores que buscam o maior numero de certificações de
qualidade, independente do alto investimento para manter
tais selos, visando ampliar a aceitação mercadológica 3. Não conheciam os reais benefícios da
dentro da indústria. Para tal feito, faz-se necessário um homologação;
grande comprometimento da alta gerência em conjunto com
setores operacionais. 4. Falta de exigências por parte da agência
reguladora para empresas regidas no regulamento
Como já citado anteriormente, os operadores de fretamento RBHA 91;
tem pouca escolha, mas possuem pelo menos um
certificado de segurança independente. A garantia de 5. Dificuldades técnicas e burocráticas no processo
clientes é a combinação de vantagens de marketing, de implantação do sistema de gerenciamento de
departamento de voo, manutenção da qualidade, mitigação segurança operacional e manutenção do S.M.S
de responsabilidades e melhorias na segurança operacional, proposto pelos manuais.
essencialmente, na tomada de decisão por parte deles. A
obtenção dos selos de certificação impõe-se portanto como CONCLUSÃO
um ônus estratégico àqueles que buscam sucesso na
indústria de fretamento e administração de aeronaves
privadas. O surgimento dos selos de qualidade internacionais vem
agregar e fomentar os padrões de implantação e
manutenção da qualidade e da segurança operacional.
Outro ponto chave na problemática de implantação é a
aceitação da alta gerência, tanto no tocante orçamentário,
quanto na brusca mudança de cultura organizacional. Um dos fatores que demonstra a garantia de sua
Analisando empresas recém-creditadas, foi notado durante funcionalidade é que, ambos (Wingman e IS-BAO) foram
todo o processo, grandes questionamentos dos custos criados a partir de uma análise operacional mercadológica.
referentes a implantação do sistema, os quais remetem à A qual busca um conjunto de melhores práticas que
softwares, cursos, customização do ambiente operacional, e evidencie a assertividade ao invés de decisões subjetivas,
capacitação dos colaboradores da empresa. muitas vezes advindas de um conhecimento obsoleto dentre
as gerações da organização.
Quanto à implantação da cultura, foi notada outra grande
barreira, tendo em vista que a cultura organizacional como Existem inúmeras barreiras a serem transpostas. A
um todo sofreu uma mudança significativa, havendo assim finalidade desde estudo é buscar evidenciar os benefícios da
grande resistência de membros da alta gerência em aceitar utilização e manutenção dos selos, tendo em vista a
uma nova proposta, apresentada por uma nova geração mitigação proativa dos riscos eminentes da operação aérea.
organizacional, que baseada no conhecimento técnico e Como barreiras à sua obtenção observam-se: relutância da
bibliográfico, busca a homogeneização do sistema de alta gerência e dificuldades na escolha do selo a ser
segurança operacional e da qualidade em níveis implementado, tendo em vista que cada um beneficia
internacionais. empresas com perfil diferente e, principalmente, demanda
mudanças específicas na cultura organizacional.
Concluídas as problemáticas orçamentárias, resta a
mudança da cultura de segurança operacional,

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Logo, no atual contexto das agências reguladoras Ao Deus Altíssimo, que antes que eu pudesse sonhar,
disponíveis mundialmente, faz-se necessário a busca de um concedeu os desejos de Seu coração para minha vida. À
sistema privado que disponibilize uma manutenção de minha amada futura esposa Dra.Cìntia Martins, minha
qualidade e segurança operacional mais elevada. A atuação coluna, minha paz, meu maior amor, que desde o inicio
dessas empresas privadas fomentam a auto regulação deste projeto, esteve ao meu lado apoiando e me suportando
dentro das organizações em questão, proporcionando um em todos meus sonhos profissionais. À minha mãe Yone,
olhar clínico dentro de suas próprias operações, não apenas fonte inesgotável de afeto, que fez de mim um verdadeiro
no intuito de sanar as exigências da agência reguladora, homem. À Avantto e seu CEO Rogério Andrade, que
mas sim promovendo uma cultura organizacional e uma acreditou em minha capacidade profissional para estar a
cobrança individual espontânea que é criada em cada frente da Gerência de Segurança Operacional. À Professora
colaborador. Mestre Tatiana de Miranda Jordão, que pacientemente tem
sido minha mentora em diversos projetos, atendendo
Ressalta-se também o fator mercadológico. Uma vez que o sempre com disponibilidade e paciência todos meus
nível de concorrência entre as empresas de fretamento e questionamentos. Minha profunda e sincera gratidão a
administração de aeronaves privadas cresce todos que me apoiaram e participaram da minha formação
exponencialmente, aquela que comprovar a capacidade de como profissional.
garantir maior segurança, sem comprometer a qualidade,
sem dúvida terá vantagem sobre as demais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Tendo em vista que os clientes atendidos dispõem de poder Agência Nacional de Aviação Civil, ANAC. Anuário
aquisitivo elevado, a presença de selos de qualidade estatístico do transporte aéreo, 2013. Disponível em
mostra-se determinante, fato este, já comprovado inclusive, http://www2.anac.gov.br/estatistica/anuarios.asp. Acesso
por pesquisas qualitativas conduzidas dentro das empresas em 02/06/2015.
observadas. Tal demanda por segurança e qualidade é
somente ratificada pela grande divulgação atual de
Agência Nacional de Aviação Civil, ANAC. RBHA 91.
acidentes e incidentes aeronáuticos por parte da mídia, a
Disponível em
qual desperta preocupação progressiva entre os clientes.
http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbha/rbha091.pdf.
Acesso em 01/06/2015.
Os gastos, dificuldades na aceitação e mudança de cultura
organizacional, não devem ser valorizados como
Agência Nacional de Aviação Civil, ANAC, Sistema de
obstáculos, tendo em vista que na promoção do crescimento
Gerenciamento de Segurança Operacional para os
em qualquer área empresarial, impõe-se um ônus mínimo, o
Pequenos Provedores de Serviço de Aviação Cívil
qual demanda, por exemplo, persuasão e planejamento
(SGSO – P-PSAC). Resolução N°106, de 30 de junho de
orçamentário.
2009. Disponível em
http://www2.anac.gov.br/biblioteca/resolucao/RA2009-
Os resultados obtidos têm se mostrado satisfatórios. As 0106.pdf. Acesso em 01/06/2015.
empresas certificadas têm sido supridas com um
conhecimento de manutenção de qualidade e garantia da
Canadian Standards Association, Risk Management:
segurança operacional em caráter mundial, não se limitando
Guideline for Decision-Makers, CAN/CSA-Q850-97,
apenas ao conhecimento primário, de maneira reativa e não
Toronto, Canada, 1997.
proativa.

_______, Risk Analysis of Technological Systems,


Por fim, a principal contribuição deste trabalho é trazer à
CAN/CSA-CEI/IEC 300-3-9-97, Toronto, Canada, 1997.
luz do conhecimento de operadores de aeronaves de
fretamento, e principalmente operadores de administração
de aeronaves privadas, os benefícios da utilização dos selos _______, Introduction to Environmental Risk
de qualidade internacional, tendo em vista que ainda não Assessment Studies, Z763-96, Toronto, Canada, 1996
dispomos de algo semelhante no mercado nacional. A
demonstração teórica das diferenças entre os selos citados International Civil Aviation Organizationa, ICAO. Safety
comprova que os mesmos não diferem entre si Management Manual, Doc 9859 AN/474. Disponível em
qualitativamente, e sim vêm de encontro a diferentes http://www.icao.int/safety/SafetyManagement/Documents/
demandas. No caso, o selo Wingman atendendo a empresas Doc.9859.3rd%20Edition.alltext.en.pdf. Acesso em
de fretamento e o IS-BAO a empresas de administração de 20/05/2015.
aeronaves privadas e compartilhamento.
International Business Aviation Council, IBAC. (2003). IS-
Outros estudos ainda são necessários para a viabilização de BAO an International Standards for Business Aviation,
um selo de qualidade nacional, mais adequado às condições 2013. Montreal, Quebec, IBAC, 2013.
e demandas da aviação executiva brasileira. Almeja-se
assim, a elevação dos níveis brasileiros de qualidade e International Business Aviation Council, Guidelines for
segurança a não somente padrões limítrofes, e sim padrões the conduct of Risk Analyses by Business Aircraft
que superem a expectativa do mercado internacional. Operators, Montreal, Canada, May 2003

AGRADECIMENTOS

- - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 861 de 868 - - - -
International Organization for Standardization, ISO,
Disponível em http://www.iso.org/iso/home.html. Acesso
em 22/05/2015.

RICHMOND, A. Seat Belts Fastened :Private aviation’s


heading toward global safety standards. Business travel
executive. Jan/2010. Disponível em
http://www.twcaviation.com/blog/wp-
content/uploads/2010/03/Jan2010BusinessTravel-
Executive.pdf. Acesso em 21/05/2015.

SEDDON, J. The “quality” you can’t feel. The Guardian.


Nov/2000. Disponível em
http://www.theguardian.com/money/2000/nov/19/workand
careers.madeleinebunting. Acesso em 21/05/2015.

Stephans, R.A. & W.W. Talso, eds., System Safety


Analysis Handbook, 2nd edition, System Safety Society,
Albuquerque, New Mexico, 1997.

Wyvern Consulting, Ltd. The Wingman Standard 3.0.


Fev/2015. Disponível em http://www.wyvernltd.com/wp-
content/uploads/2015/02/Wingman-Standard_by-
Wyvern_Rev-3.0_03FEB2015.pdf. Acesso em 20/05/2015.

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