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TRANSPOSIÇÃO DE CURSOS D’ ÁGUA

INTRODUÇÃO

Da necessidade constante de transpor obstáculos para cumprir as missões que


recebemos, vemos a importância do conhecimento dos processos de flutuação de
emergência, pois muitas vezes encontramos cursos d’ água em nossos itinerários e não
podemos parar ou desbordar.

Nesta instrução faremos uma demonstração faremos uma demonstração, em seguida


uma prática individual e coletiva dos diversos processos de flutuações de emergência,
usando os próprios meios e também a construção de artifícios, tais como: jangadas, balas,
etc, pelos meios de fortuna. Outros processos podem existir, fruto da capacidade inventiva
de cada um, desde que atinja o propósito, que é flutuar para transpor o curso de água.

MEIOS AUXILIARES

 Roupas (farda velha + a do estagiário);


 Equipamento (facões de mato, cinto NA, 20 cantis, saco de lona, VO)
 04 estacas de ferro com argolas;
 Ponchos e meio pano de barraca;
 03 cordas de nylon de 30 metros;
 01 cabo solteiro por estagiário;
 01 par de coturnos com cadarço;
 Madeira, pregos, arame, martelo, fios telefônicos;
 12 coletes salva-vidas;
 01 barco de reconhecimento;
 30 pedaços de bambu grosso de 2,5 x 35 cm
 12 camburões vazios;
 03 troncos de bananeira;
 04 bóias de câmara de ar;
 20 garrafas de água mineral vazias (de plástico);
 10 latas de óleo de cozinha vazias;
 10 bambus de 2,5” x 3 m;
 01 vara de bambu de 1,5” x 6 m;
 01 megafone.

OFICINAS

Flutuação com roupa (processo de camisa e processo da calça);


Utilização do saco de lona VO;
Utilização da bóia de talo de bambu;
Jangada de bambu e madeira;
Utilização de pelota;
Camburão como bóia;
Jangada de camburões;
Jangada de sacos de lona VO;
Amarração do coturno;
Flutuação com bananeira.

DESENVOLVIMENTO

Flutuação Fardado

Quando houver necessidade de cair na água estando o homem fardado e equipado,


ele deverá abandonar tudo o que possa dificultar-lhe os movimentos. Deverá tirar os
sapatos; conservando as meias, as calças e a camisa abotoando todos os botões e colocando
as bocas das pernas das calças dentro das meias.

Caso a flutuação se faça difícil, pela má condição de nadador combatente, ele


deverá inspirar profundamente, boiar de cócoras, fazer com as mãos uma abertura na
camisa entre o segundo e o terceiro botões e soprar para dentro da mesma impedindo a
saída de ar tampando a abertura. Quando voltar à posição normal, um bolsão de ar estará
formado entre o corpo e a camisa, auxiliando sua flutuação.

Caso ainda assim a dificuldade persista e seja necessário despir-se dentro d’água, o
homem deverá adotar um dos procedimentos abaixo relacionados:

 Inspirar profundamente, flutuar com a face imersa e, calmamente, retirar a


roupa, voltando à tona para renovar o ar dos pulmões quantas vezes forem
necessárias, tendo o cuidado de fazê-lo com toda calma e sem precipitações. Os
bons nadadores usam esse processo com facilidade.
 Inspirar profundamente, flutuar com o abdome para cima e, calmamente,
desabotoar a camisa e, sem precipitações, retirá-la, tendo o cuidado de
desembaraçar um braço de cada vez. Os nadadores regulares preferem este
processo.
 Caso queira, uma vez retirada a calça, poderá fazer uso dela para auxiliar a sua
flutuação, deverá dar um nó em cada uma das pernas, na altura da canela,
abotoar a braguilha e segurar as calças pelas pernas, com os braços metidos
dentro delas.

Em seguida, retirará os braços rapidamente, puxando a cintura das calças para


baixo. Com isso, as pernas das mesmas se encherão de ar, o que permitirá uma
boa flutuação.
Deverá colocar uma perna das calças debaixo de cada braço e boiar de frente. Se
as calças não estiverem suficientemente cheias, deverá enchê-las com a boca,
inflando-as entre os botões submersos.
 Material necessário: Uniforme individual

Utilização da Gandola ao Saltar

Uma gandola convenientemente preparada antes de saltar, pode prestar grande


auxílio. Para isto, é necessário abotoá-la completamente, retirá-la de dentro das calças e
manter as suas extremidades afastadas do corpo com auxílio dos braços estendidos.

Isso possibilitará ao homem cair com uma velocidade menor dentro d’água e voltar
rapidamente à superfície, auxiliado pelo ar retido entre a camisa e o corpo.

Dentro d’água deverá segurar a barra da gandola com as mãos mantendo o ar preso
às costas da mesma.
Material necessário: Uniforme Individual do combatente.

Utilização das Calças

Depois de retirar as calças, abotoar convenientemente a braguilha, dar um nó em


cada uma das pernas, segurar a calça pela cintura e jogá-la para trás por sobre a cabeça.

Antes de entrar na água, levar os braços para a frente, lançando a calça por cima da
cabeça, o que faz com que as pernas se encham de ar, facilitando o retorno à superfície.
A base da calça deverá ser fechada rapidamente com uma das mãos. As pernas das
calças ficarão abaixo dos braços, deixando-os livres.

Este processo ajuda um elemento completamente desequipado na travessia de


percursos até 300 m ou mais, se o indivíduo possuir desconcentração e capacidade
pulmonar bastante para reinflar as pernas, soprando por baixo.
Material necessário: Uniforme Individual do combatente.

Utilização de Saco de Lona

Molhar ou umedecer o saco de lona e proceder como no caso das calças.

Com o auxilio das mãos o homem deve prender o ara dentro do saco, mantendo a
boca do mesmo para baixo.
À proporção que o saco for esvaziando, inspirar profundamente, mergulhar a cabeça
embaixo dele e soltar o ar do seu bojo.

Material necessário: Sacos de lona VO, com cuidado de verificar se não estão
furados.

Bóia de Cantis
Processo simples, permitindo ótima flutuação. Reúnem-se todos os cantis da
patrulha, prendendo-os no cinto NA. O outro meio é amarrar todos os cantis vazios pelo
gargalo a um cabo solteiro e colocá-los abaixo dos braços que ficarão livres.

Material necessário: Cantis e cadarços para amarrar os cantis ao cinto NA;

Bóia com Talo de Buriti ou Bambu

Permite excelente flutuação e é de material facilmente encontrado. Os talos secos,


de cerca de 50 cm, são cortados na quantidade que permita envolver o tronco do
combatente.
Material necessário: Talos de bambu, buriti ou similar, preferencialmente
encontrados próximos ao local da instrução e cadarços ou cipós para amarrá-los.

Pelota

1) Excelente recurso para travessias longas de pessoal e material, para dois homens.

2) Procedimentos:

Colocar estendido no chão um pano de barraca em boas condições de vedação


(sem furos), com a janela voltada para cima ou então ponchos, amarrando-se, antes o capuz
do mesmo.
Juntar grande quantidade de folhas, de tal forma que encha completamente um
pano de barraca já carregado com os equipamentos dos combatentes e com as armas em
diagonal.
Envolver o primeiro pano com um segundo pano, colocando-se a junção das
extremidades frontalmente ao corpo do outro pano de barraca, visando-se dessa maneira,
aumentar a vedalidade.
O material poderá ser posto em cima, bem amarrado ou dentro do fardo junto com
as folhas, sendo a primeira linha de ação a mais segura.
Prender um cantil vazio, à guisa de bóia, com um cordel comprido (5 m), para
facilitar o resgate, caso a pelota afunde.

3) Material necessário: Para uma pelota

 02 meio pano de barraca;


 02 ponchos;
 02 cordas da própria barraca;
 02 pares de coturnos;
 01 cantil e vegetação para encher a pelota.

Utilização do Saco de Lona VO

O saco de lona VO permite a construção de balsas de capacidade variável com o


número de sacos empregados na sua confecção. Para utilizar-se o saco de lona VO na
construção de uma balsa, deve-se enchê-lo com cerca de 10 kg de palha, capim ou alfafa,
fechando-se firmemente com os cordões que o mesmo dispõe. Este saco suporta no inicio a
carga de 100 quilos e após 6 horas de imersão, cerca de 50 quilos. O número de sacos a
utilizar é relativo ao fim para que se destina a balsa. Para construir a balsa, dispõe-se os
sacos no solo, um ao lado do outro com as bocas em sentido opostos, ficando o saco de uma
extremidade com a boca voltada perpendicularmente ao sentido dos demais. Une-se os
sacos a uma escada ou a dois caibros de madeira leve, atando-os firmente. Se houver
correnteza é conveniente ligar ao saco da frente duas tábuas em forma de cunha, desde que
se disponha desse material.
Uma balsa de 7 sacos pode transportar 3 homens e uma de 6 sacos, dois homens.

Jangada de Bambu ou Material Similar

Embora de construção demorada e trabalhosa é o único processo que permite


efetuar longos percursos improvisados. Utilizando-se bambus de preferência grossos, com o
comprimento de 3 a 6 m, colocados lado a lado formando uma prancha que terá uma
largura variável, determinada para o fim a que se destina. Nas extremidades da prancha, os
bambus deverão ser entalhados pelos dois lados de forma a receber uma seção de bambus
que, amarrados irão fazer com que a jangada se torne firme.

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