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DE SEGURANÇA
REGULARES
Apresentam-se o enquadramento legal das identificar e monitorar anomalias que afetem
inspeções de segurança regulares, suas etapas potencialmente sua segurança.
e planejamento, a execução da inspeção no
O primeiro passo da inspeção de segurança
campo, a avaliação dos resultados, a elabora-
ção do relatório e o atendimento das recomen- regular consiste na análise de todos os docu-
dações do relatório. mentos e relatórios anteriores, em que são
apresentados o enquadramento legal das
inspeções de segurança regulares, suas etapas
1 Considerações iniciais
e planejamento, a execução da inspeção no
este tipo de inspeção, a ser realizado regular- campo, a avaliação dos resultados, a elabora-
mente nas barragens, com periodicidade con- ção do relatório e o atendimento das recomen-
forme sua Categoria de Risco e Dano Potencial dações do relatório.
Associado, tem por objetivo monitorar seus
Na detecção de situações perigosas, interessa
problemas e detectar a existência de ano-
identificar o tipo das anomalias encontradas,
malias. Tal inspeção é de alta relevância para
seu impacto na segurança da barragem e as
identificar perigos em potencial e iminentes e
ações que devem ser implementadas. É impor-
definir as medidas preventivas ou corretivas a
tante a identificação dos fatores que estão na
ser tomadas pelos empreendedores.
gênese das anomalias.
A inspeção de segurança regular integra as
Os tipos de anomalia mais frequentes nas
seguintes etapas:
barragens estão representados esquematica-
• planejamento da inspeção;
mente na Figura 1 e listados a seguir:
• execução da inspeção no campo;
• fissuras;
• avaliação dos resultados e elaboração do
relatório; • surgências;
• atendimento das recomendações do • instabilidade de taludes;
relatório.
• depressões:
Martelo de
Binóculo
2.1 Periodicidade geólogo
Máquina fotográfica
2.2 Estudos e relatórios a ser Caixa de primeiros
consultados socorros
Aparelho de Global
Positioning System (GPS)
No sentido de recolher a maior quantidade e Equipamentos de
qualidade de informações, antes da realização proteção individuais
(epis) e coletivos
das inspeções, recomenda-se, se possível, a Fissurômetro (epcs)
consulta de estudos e relatórios que abordem:
• exibirem com mais frequência percolações normativos emitidos pelas suas enti-
Em barragens de aterro, as fissuras podem ser Fissuras transversais são perigosas, porque
classificadas em termos de dimensão, de acor- podem contribuir para uma ligação no sentido
do com o indicado no Quadro 3. montante-jusante, com risco para a segurança,
em especial, se prosseguem até o nível abaixo
Quadro 3. Classificação das fissuras em barragens da cota de retenção. Nesses casos, podem
de aterro. criar um caminho de percolação preferencial
Abertura
de água, podendo resultar em uma diminuição
Designação
(mm) de resistência do material do aterro. Podem,
e ≤ 0,50 Fissura ainda, indicar recalques diferenciais no aterro
0,50 < e ≤ 1,50 Trinca ou na fundação. Ocorrem frequentemente
1,50 < e ≤ 5,00 Rachadura quando há: (i) material compactado do maci-
5,00 < e ≤ 10,00 Fenda ço sobre ombreiras íngremes e irregulares; (ii)
e > 10,00 Brecha zonas de materiais compressíveis na fundação.
• recalques localizados, que apresentam in- • para permitir o levantamento e inspeção das
clinações suaves em formato de bacia; estruturas e áreas adjacentes, visando a ob-
servar percolação, fissuras, afundamentos,
• afundamentos (sinkholes), que apresentam
deflexões, mau funcionamento do sistema
lados íngremes por colapso devido a um
de drenagem e outros sinais de perigo;
vazio no solo subjacente.
• para permitir o acesso adequado às ativida-
Recomendações para a inspeção: des de operação normal e de emergência e
• Embora os recalques, na maioria dos casos, manutenção da barragem;
não representem perigo imediato para a • para evitar danos nas estruturas devido ao
barragem, podem ser indicadores iniciais de crescimento de raízes, que pode provocar
Abertura
Designação
(mm) O nível de perigo da anomalia procura quantifi-
e ≤ 0,50 Fissura car o grau de vulnerabilidade da barragem que
0,50 < e ≤ 1,50 Trinca pode ser imposto por ela e indicar a presteza
1,50 < e ≤ 5,00 Rachadura com que ela deve ser corrigida e considera qua-
5,00 < e ≤ 10,00 Fenda tro categorias:
e > 10,00 Brecha
Nenhum: anomalia que não compromete a se-
0 gurança da barragem, mas pode ser entendida
como descaso e má conservação;
Deterioração devida a expansões associadas Atenção: anomalia que não compromete a
a reações químicas – RAA 1
segurança da barragem em curto prazo, mas
deve ser controlada e monitorada ao longo do
tempo;
Os processos expansivos associados a algu-
Alerta: anomalia com risco para a segurança da
mas reações químicas entre os elementos que
2 barragem, devendo ser tomadas providências
constituem o concreto originam deformações para a eliminação do problema;
e fissuras no concreto que podem afetar as Emergência: anomalia com risco de ruptura em
condições de funcionalidade e mesmo de se- 3 curto prazo, exigindo ativação do Plano de Ação
de Emergência (PAE).
gurança das estruturas. Esses processos são,
em geral, agravados pela presença da água,
que, por sua vez, é facilitada pela abertura das As categorias de magnitude da anomalia e do
fissuras. Nesses casos, torna-se necessária seu nível de perigo apresentadas neste guia
uma avaliação da importância da situação por são as adotadas pelo Ministério da Integração
especialistas, mediante inspeções e/ou even- Nacional (2002, 2005, 2010).
tual realização de ensaios.
As fichas do Anexo 1.1 trazem uma lista não
exaustiva das possíveis anomalias encontrá-
veis em barragens. No Anexo 2, figura uma lis-
tagem das anomalias mais graves que ocorrem
nas barragens de terra e de enrocamento, nas
barragens de concreto e nas suas estruturas
auxiliares, com a finalidade de auxiliar os inspe-
tores no preenchimento das fichas. Esses ins-
petores podem ter dúvidas na classificação da
Condutos e blindagens
O relatório de inspeção, a ser elaborado pelo responsável técnico com a formação de engenheiro e
experiência em segurança de barragens, deve conter, no mínimo, as seguintes informações:
• prover os recursos necessários à garantia da O extrato da inspeção deve conter uma lista
segurança da barragem; das anomalias encontradas, categorizando sua
• providenciar a elaboração e a atualização magnitude e nível de perigo.
do Plano de Segurança da Barragem.
Figura 7. Fissuras longitudinais na crista de barragem de terra no Brasil, causadas pelos recalques de
camada de solo coluvionar de basalto, na fundação.
Fonte: Arquivo SBB Engenharia / Banco de Imagens ANA
Especialidade Experiência
Engenheiro coordenador geral Preferencialmente engenheiro civil com experiência, superior a 15 anos, em
projetos de recuperação de barragens, envolvendo análise da documenta-
ção existente, vistorias técnicas, diagnóstico e projetos de recuperação de
obras civis e equipamentos hidromecânicos e elaboração de manuais de
segurança, operação e manutenção.
Engenheiro geotécnico/ geólogo de enge- Profissional com experiência, superior a dez anos, em projetos geotécnicos
nharia de barragens, incluindo tratamento de fundações.
Engenheiro estrutural Profissional com experiência, superior a dez anos, em projetos estruturais
de barragens e/ou projetos estruturais de recuperação de barragens.
Engenheiro hidráulico Profissional com experiência, superior a dez anos, em projetos hidráulicos
de barragens e/ou projetos hidráulicos de recuperação de barragem.
Engenheiro hidrólogo Profissional com experiência, superior a dez anos, em estudos hidrológicos
para projetos de barragens.
Especialidade Experiência
Engenheiro mecânico Profissional com experiência, superior a dez anos, em projetos de equipa-
mentos hidromecânicos e/ou de recuperação de estruturas auxiliares de
barragens.
Engenheiro eletricista Profissional com experiência, superior a dez anos, em projetos elétricos de
barragens e/ou projetos elétricos de recuperação de barragens.
Geólogo Profissional com experiência, superior a dez anos, em estudos geológicos
de fundações de barragens.
Na inspeção de segurança especial, a equipe As situações em que deve ser efetuada uma
deve ser portadora do equipamento referido no inspeção de segurança especial foram defini-
item 2.3 da Parte I. das no item 2.1 (Parte II).
Singularidades da fundação
As trincheiras de vedação (cutoff) podem
As descontinuidades (diaclases e falhas) que propiciar a ocorrência de fissuras longitudinais,
por vezes ocorrem nas fundações devem ser como está ilustrado na Figura 14. Recomenda-
identificadas e convenientemente tratadas se proceder à remoção do material mais
durante a construção. alterado da fundação rochosa, a uma limpeza
Longos períodos de tempo seco podem provo- Torna-se particularmente difícil compactar o
car o aparecimento de fissuras em solos finos solo na vizinhança de dutos incorporados ao
compactados, como está ilustrado na Figura aterro. A falta de espaço obriga à utilização de
19. Se as superfícies dos aterros tiverem de ser compactação manual. Os dutos, constituindo
expostas a temperaturas excessivas durante elementos rígidos e quando situados no inte-
grandes intervalos de tempo, deverão ser co- rior do aterro, favorecem a transferência de
bertas com uma camada de material granular. tensões e a formação de fissuras resultantes
de recalques diferenciais.