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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE

MOÇAMBIQUE
GESTÃO E
CONTABILIDADE &
HABILITAÇÃ
CURSO AUDITORIA LICENCIATURA
O
2017
SISTEMA FINANCEIRO / CRÉDITOS
DISCIPLINA
MERCADOS DE CAPITAIS
16 ANO/
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL 3º Ano
SEMANAS SEMESTRE
DOCENTES: MANUEL ANDRADE

Aulas nº 11 e 12

MERCADO MONETÁRIO

Mercado Monetário Interbancário (MMI)

O Mercado Monetário Interbancário, é o segmento do mercado monetário do Metical, no qual


as instituições autorizadas (actualmente, Bancos) trocam fundos representados por saldos das
suas contas de depósito a ordem (DO) no Banco de Moçambique (BM) ou valores mobiliários
desmaterializados inscritos em contas-título neste mesmo banco, visando equilibrar os
excedentes e as necessidades de moeda primária entre as instituições monetárias. Participa,
igualmente, neste mercado o BM, absorvendo ou cedendo liquidez, sendo estas operações
realizadas através da compra, venda ou emissão de títulos (Aviso nº 07/GBM/2013, de 06 de
Junho).

O MMI comporta os seguintes segmentos:

 Mercado primário de títulos: Bilhetes de Tesouro (BT´s) e Títulos de Autoridade


Monetário (TAM´s);

 Mercado Secundário de títulos: operações repo (e/ou a FPC) e reverse repo e


operações de venda definitiva de títulos, podendo uma das contrapartes ser o BM ou
um outro banco; as mesmas operações, à excepção da FPC, podem ter como
contrapartes bancos e o público;

 Mercado de depósitos: engloba as permutas de liquidez (com e sem garantias) entre


bancos e a Facilidade Permanente de Depósitos.

As operações deste mercado têm a maturidade máxima de 1 ano e, em Moçambique, o MMI


funciona das 8:00 horas às 15:30. Outrossim, por força Aviso nº 07/GBM/2013, as operações
deste mercado e que forem realizados por iniciativa do BM não devem ter montante inferior a
5 milhões de Meticais, ao passo que as operações em que a iniciativa é dos bancos, o montante
mínimo aceite é de 1 milhão de Meticais.
MERCADO PRIMÁRIO

Bilhetes de Tesouro
1
Bilhetes de Tesouro: são titulos de dívida pública de curto prazo, emitidos a desconto, com
prazos de vencimento standardizados, em sede de mercado primário pelo Banco Central junto
das instituições de crédito, por recurso de leiloês. Estes valores podem ser transferidos para o
público, em operações de Mercado secundário.

Os BT´s são actualmente, por força do acordo mútuo celebrado entre BM e MF, emitidos
permanentemente para duas finalidades: financiamento de défice temporário de tesouraria do
Estado e enxugamento de liquidez pelo BM (No âmbito da Condução de política monetária).
O processo de financiamento da tesouraria do Estado denomina-se por utilização de fundos de
BT´s. Estes títulos são, igualmente, transaccionados no mercado secundário, que será
desenvolvido depois deste capítulo. Vamos primeiro clarificar o processo de emissão de BT´s.

A emissão de BT´s compreende várias fases, nomeadamente o (1) anúncio do leilão, (2)
apresentação de propostas, (3) encerramento de leilão, (4) liquidação de leilão e por último (5)
contabilização de leilão

(1). Anúncio do leilão

O BM procede ao anúncio das condições do leilão, designadamente, o prazo, taxas de juro,


montante nominal, data de colocação, data - valor e hora limite.

O montante nominal de emissão de BT´s pode ser:

 Indicativo: sujeito a alteração quando se julgar necessário e os bancos podem


apresentar propostas de quaisquer montantes;

 Máximo: não sujeito a qualquer alteração e os bancos só podem apresentar propostas


cujo somatório dos seus valores deve ser sempre menor ou igual ao montante máximo
definido pelo BM.

A taxa de juro pode ser de:

 Corte: sujeita a alteração quando se julgar necessário e os bancos podem apresentar


propostas de taxas de juros inferiores, iguais ou maiores aquela taxa, dependendo da
sua divulgação ou não aos bancos.

 Pré-fixada: não sujeita a qualquer alteração e os bancos só podem apresentar


propostas, exactamente, da mesma taxa de juro que é sempre divulgada no leilão.

Refira-se que, actualmente, o BM realiza os leilões de taxas com taxa de corte.

Os prazos formalmente autorizados para emissão de BT´s são de 28, 63, 91, 182 e 364 dias. O
BM, presentemente, emite BT´s apenas para os prazos de 91, 182 e 364 dias, face à
necessidade de aprofundar o mercado e, daí esterilizar a liquidez por longo período.

2
A data de colocação corresponde à data de selecção de propostas, bem como a data do
encerramento do leilão, enquanto que a data-valor corresponde a data de movimentação das
contas dos bancos ganhadores. A data de colocação pode ou não coincidir com a data – valor.
Caso não coincida, período de deferimento terá a duração mínimo de 24 horas e máximo de 48
horas.

A hora limite refere-se a hora máxima para os bancos remeterem as suas propostas ao BM para
cada leilão que corresponde a cada prazo.

(2) Apresentação de propostas

Os bancos comerciais procedem a apresentação de propostas, sendo o limite máximo de 6


propostas para cada leilão. Cada proposta deve ser de um montante mínimo de 5 milhões (mio)
MT e múltiplos de mil meticais (valor nominal ou valor facial de cada título).

As propostas devem ser devidamente validadas pelos assinantes legalmente autorizados como
mandantes para movimentação de contas Depósito à Ordem D.O. dos bancos comerciais
abertas no BM.

(3) Encerramento do leilão

O BM procede ao encerramento do leilão após a hora limite de recepção de propostas dos


bancos comerciais. O encerramento é o processo da selecção/apuramento das propostas que
reúnam as condições finais requeridas no leilão que variam consoante o tipo de taxa de juro
e/ou o tipo de montante.

 Tratando-se de um leilão de taxa de juro de corte:

 Pode ser mantida, aumentada ou reduzida a taxa de corte


conforme a necessidade de aceitar todas ou parte ou ainda de
restringir algumas propostas apresentadas tomando em conta ao
limite do montante final desejado pelo BM no leilão (que pode ser
máximo ou indicativo já alterado).

 Na selecção das propostas, primeiro são eliminadas aquelas que


possuem taxas de juros superiores à taxa de corte final desejável.

 De seguida, são apuradas as restantes propostas a começar pela


proposta com taxa de juro mais baixa, sucessivamente, até
completar o montante final desejado pelo BM no leilão.

 As propostas dos bancos comerciais com a mesma taxa de juro são


apuradas pelo critério pró-rata/rateio, ou seja, distribuição
proporcional do valor em falta para completar o montante final
desejado pelo BM no leilão, em função do peso do valor de cada
uma das tais propostas.
3
 Tratando-se de um leilão de taxa de juro pré-fixada:

 Em caso do montante total das propostas (somatório) for inferior


ao montante final desejado pelo BM no leilão, todas as propostas
dos bancos comerciais são satisfeitas na sua totalidade.

 Em caso do montante total das propostas (somatório) for superior


ao montante final desejado pelo BM no leilão, as propostas são
satisfeitas pelo critério pró-rata/rateio, ou seja, distribuição
proporcional do montante final desejado pelo BM, em função do
peso do valor de cada uma das tais propostas.

Feito o encerramento do leilão, comunica-se os resultados do leilão, a todas as


instituições participantes do MMI. Igualmente comunica-se também às instituições que
concorreram no leilão os seus resultados particulares, que incluem o valor subscrito e a
ser cobrado, de forma a aprovisionar as suas contas D.O.

(4) Liquidação do leilão

Após o encerramento do leilão, e porque as propostas são seleccionadas pelo valor


nominal, o BM procede ao cálculo dos valores actuais/líquidos correspondentes (pelo
método de desconto por dentro), usando a seguinte fórmula:

VN.365
VT =
365+t.n

Legenda:

VT – valor líquido (actual) da proposta subscrita a movimentar


VN – Valor nominal da proposta subscrita
t – Taxa de juro da propostas subscrita
n – Prazo do leilão

(5)Contabilização

Na data -valor:

Determinados os valores actuais/líquidos correspondentes, de todas as propostas subscritas,


procede-se na data-valor ao débito das contas D.O. das instituições subscritoras à crédito da
conta de títulos-BT´s aberta no BM para o efeito.

No final de cada mês:

4
No fim de cada mês são apurados os juros periódicos (mensais) respeitantes aos BT´s em
carteira dos bancos comerciais, não utilizados pelo Estado, e são contabilizados, debitando a
conta de custos/juros efectivos-BT´s do BM à crédito da conta de custos/juros a pagar-BT
´s do BM.

A fórmula do cálculo de juro periódico é a seguinte:

VT.t.d
J=
365

Onde,
J – Juro mensal
d – Número de dias do mês que vigoraram os títulos em carteira
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor líquido (actual) da proposta subscrita a movimentar
Na data de vencimento:

Na data de vencimento ou de reembolso dos títulos o BM, seguindo o mesmo procedimento


anterior, procede primeiro ao apuramento e contabilização dos juros periódicos
correspondentes aos dias percorridos no mês em que os BT´s vencem.

De seguida, procede ao crédito das contas D.O. das instituições subscritoras (pelo valor
nominal) à debito da conta de títulos-BT´s abertas no BM (pelo valor líquido) e da conta
de custos/juros a pagar-BT´s do BM1 (pelo juro total = somatório dos juros periódicos
contabilizados).

Exemplo de emissão de BT´s

Considere que no dia 02.01.01, o Banco Central coloca BT´s para o prazo de 91, 182 e 364
dias, com data-valor de 02.01.01, a taxa de juro de corte (não anunciado aos bancos), no
montante máximo de 200 mio MT, 250 mio MT e 300 mio MT, respectivamente, para o
prazo de 91, 182 e 364 dias. Imagine que entre o anúncio do leilão (por hipótese as 9:00) e o
encerramento do leilão (9:30), os bancos apresentaram as seguintes propostas.

Propostas apresentadas (Valor Nominal em MT)

Bancos Prazo de 91 dias Prazo de 182 dias


Prazo de
364 dias
Leilão nº 2001000 Leilão nº 2001001 Leilão nº 2001002
Montante Taxa Montante Taxa Montante Taxa
Itau 30.000.000,00 12,23% 25.000.000,00 12,45% 45000000,00 12,85%
Itau 30.000.000,00 12,24% 25.000.000,00 12,50% 55000000,00 12,88%
Itau 35.000.000,00 12,25% 50000000,00 12,90%
Bradesco 45.000.000,00 12,25% 45.000.000,00 12,50% 50000000,00 12,95%
Bradesco 50.000.000,00 12,30% 65.000.000,00 12,55%
BF 35.000.000,00 12,24% 50.000.000,00 12,48% 50000000,00 12,90%
1
Ou a débito da conta do Estado em caso de ter usado fundos de BT´s para financiar o défice temporário de sua tesouraria,
ao longo de vida útil dos títulos.
5
BF 40.000.000,00 12,25% 50.000.000,00 12,49% 25000000,00 12,91%
BF 35.000.000,00 12,27% 50.000.000,00 12,50% 25000000,00 12,94%
City Bank 50.000.000,00 12,20% 25000000,00 12,87%
City Bank 50.000.000,00 12,25% 75000000,00 12,90%
City Bank 50.000.000,00 12,30% 100.000.000,00 12,93%
Montante 450.000.000,00 310.000.000,00 500.000.000,00
Procurado
Montante 200.000.000,00 250.000.000,00 300.000.000,00
Disponível
Taxa de 12,25% 12,50% 12,90%
corte

Nota: Valor nominal é equivalente ao valor facial, aquele que será creditado na conta DO
do Banco Comercial junto do BM na data de vencimento do título.

Apuramento das propostas do prazo de 91 dias (Valor Nominal)

Bancos Prazo de 91
dias
Leilão nº 2001000
Montante Taxa Valor Rateio
acumulado
City Bank 50.000.000,00 12,20% 50.000.000,00
Itau 30.000.000,00 12,23% 80.000.000,00
Itau 30.000.000,00 12,24% 110.000.000,00
BF 35.000.000,00 12,24% 145.000.000,00
Itau 35.000.000,00 12,25% 180.000.000,00 11.323.529,41
Bradesco 45.000.000,00 12,25% 225.000.000,00 14.558.823,53
BF 40.000.000,00 12,25% 265.000.000,00 12.941.176,47
City Bank 50.000.000,00 12,25% 315.000.000,00 16.176.470,59
Total 315.000.000,00 170.000.000,00 55.000.000,00
MontanteDisponí 200.000.000,00
vel
Taxa de corte 12,25%

Depois de ordenadas as propostas que apresentam taxas iguais ou inferiores as taxa de corte
na ordem crescente, constata-se que o valor acumulado é superior ao montante máximo
disponível para o leilão. Até a 4ª proposta (o valor acumulado perfaz 145.000.000,00 MT,
abaixo do montante disponível, isto é, 200.000.000,00MT ) são satisfeita na sua totalidade,
mas a partir da quinta proposta, ao adicionar cada um dos respectivos montantes, o montante
acumulado ultrapassa o valor disponível. Daí que procede-se ao rateio (repartição
proporcional) do montante destas propostas, de forma a resultar num montante total das
propostas seleccionadas igual ao montante disponível.

Refira-se que o Rateio pela seguinte fórmula:

Montante a rateiar____ ____ X (montante disponível- valor acumulado das


Total dos montantes a rateiar Propostas apuradas antes do rateio)

6
Exemplo:(35.000.000/170.000.000)*(200.000.000-145.000.000)= 11.323.592,41

Resultado do Leilão
Bancos Prazo de 91
dias
Leilão nº 2001000
Montante Taxa Valor Valor de
acumulado transação
City Bank 50.000.000,00 12,20% 50.000.000,00 48.524.070,60
Itau 30.000.000,00 12,23% 80.000.000,00 29.112.328,20
Itau 30.000.000,00 12,24% 110.000.000,00 29.111.624,64
BF 35.000.000,00 12,24% 145.000.000,00 33.963.562,30
Itau 11.323.529,41 12,25% 156.323.529,41 10.987.945,51
Bradesco 14.558.823,53 12,25% 170.882.352,94 14.554.378,46
BF 12.941.176,47 12,25% 183.823.529,41 12.937.225,30
City Bank 16.176.470,59 12,25% 200.000.000,00 16.171.531,63
Total 200.000.000,00 199.939.029,89
Montante 200.000.000,00
Disponível
Taxa de corte 12,25%

Nota: Valor de transacção (VT) é equivalente a valor de movimento (de débito)


nas contas DO dos bancos no dia da realização da operação.

VT= (VN*36500)/(36500+t*n); onde t=taxa de juro; n= prazo da operação

Apuramento das propostas/Resultado do Leilão


Bancos Prazo de 182 dias
Leilão nº 2001001
Montante Taxa Valor Valor de
acumulado transacção
Itau 25.000.000,00 12,45% 25.000.000,00 24.984.489,77
BF 50.000.000,00 12,48% 75.000.000,00 48.189.449,76
BF 50.000.000,00 12,49% 125.000.000,00 48.187.134,01
Itau 25.000.000,00 12,50% 150.000.000,00 24.098.199,17
Bradesco 45.000.000,00 12,50% 195.000.000,00 43.366.336,63
BF 50.000.000,00 12,50% 245.000.000,00 48.184.818,48
Total 245.000.000,00 237.010.427,82
Montante 250.000.000,00
Disponível
Taxa de corte 12,50%
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Apuramento das propostas/Resultado do Leilão
Bancos Prazo de 364 dias
Leilão nº 2001002
Montante Taxa Valor Valor de
acumulado transacção
Itau 45000000,00 12,85% 45.000.000,00 44.942.407,23
Itau 55000000,00 12,88% 100.000.000,00 54.929.444,71
City Bank 25000000,00 12,87% 125.000.000,00 24.967.954,28
Itau 50000000,00 12,90% 175.000.000,00 49.935.759,36
BF 50000000,00 12,90% 225.000.000,00 49.935.759,36
City Bank 75000000,00 12,90% 300.000.000,00 74.903.639,03
Total 300.000.000,00 299.614.963,96
Montante 300.000.000,00
Disponível
Taxa de corte 12,90%

Utilização de BT´s pelo Estado

A utilização de fundos provenientes de emissão de BT´s pelo Estado é feita por solicitação do
Ministério das Finanças, através de uma carta devidamente assinada, com um período mínimo
de 24 Horas de antecedência. Com a devida autorização superior, o BM procede a
transferência dos fundos creditando a conta de títulos-BT´s por débito da conta do Estado
indicada para o efeito. No fim do prazo de utilização, o Estado procede ao reembolso do
montante utilizado acrescido do valor de respectivos juros. Para o efeito, debita-se a conta do
Estado por crédito da conta de títulos-BT´s, pelo valor de capital e juros.

8
MERCADO SECUNDÁRIO

Tal como foi mencionado, os bancos comerciais podem, por sua própria iniciativa,
transaccionar os Bilhetes do Tesouro com terceiros, nomeadamente com os outros bancos
comerciais, com instituições financeiras não monetárias e com empresas e público em geral.
As condições de negociação (montante, taxa de juro e prazo) são feitas livremente entre os
bancos e seus clientes, desde que o prazo não seja superior ao tempo de vida útil dos BT´s
transaccionados. As formas de pagamento são, igualmente, definidas pelas partes envolvidas,
não interferindo desta forma, em nenhum processo contabilístico do BM.

Os bancos são obrigados a reportar todas as transacções desta natureza, para efeitos de
apuramento estatístico do stock de BT´s em carteira dos bancos comerciais, em carteira das
Instituições Financeiras não Monetárias e de empresas e público em geral. Os BT´s
transaccionados com terceiros não podem ser utilizados pelos bancos como garantia para
outras operações como é o caso de FPC e Leilões de Cedência.

As vendas de BT´s no mercado secundário são efectuadas em prazo inferior ao de sua validade
ou até à data do vencimento dos títulos, ou ainda os Bancos Comerciais podem vender parcial
ou integralmente o título adquirido no mercado primário. Caso os clientes por alguma razão
necessitem de anular o negócio podem procedê-lo, devendo sempre informar ao BM, da
ocorrência.

Exemplo:

Imagine que o Banco Itau que adquiriu no mercado primário o BT com o prazo de 91 dias, no
valor de 30.000.000,00, a taxa de 12,23%, 30 dias depois da sua aquisição, vende o BT ao
INSS pelo prazo de 15 dias a taxa de 10,20%, com o objectivo de obter liquidez face a
dificuldades de captação de fundos (via depósitos) que vem enfrentado nos últimos dias.
Refira-se que este banco vendeu parte daquele BT (20.000.000,00).

Assim:

Na data da realização da operação, o Itau entrega títulos no valor nominal de 20. 000.000,00
MT ao INSS (seu cliente), devendo a carteira de títulos do Itau reduzir neste montante, ao
mesmo tempo que a carteira de títulos do INSS aumenta no mesmo valor.

Uma vez que o título foi negociado 30 dias depois da sua emissão, d= (91-30)=61 dias →
faltam 61 dias para o título vencer.

considerando que t =10,20% e VN = 20.000.000,00, o Itau receberá:

VT= VN x 36500
36500 + t x d

VT= 20.000.000 x 36500 = 19.664.782,80


9
36500 + 10,20 x 61

Onde:

VT = valor a debitar na conta do seu cliente


VN = valor nominal/facial do título
t = taxa de juro da operação em base anual
d = prazo vincendo dos títulos transaccionados, expresso em dias na data da realização da
operação, ou seja número de dias que faltam para o título vencer.

Na data de vencimento, e considerando que d 1= (91-45) = 46 dias, uma vez que no dia
vencimento da operação o título terá “vidido” 45 dias após a sua emissão, o INSS reembolsa
o título ao Itau e recebe:

VT= VN x 36500
36500 + t x d1

VT= 20.000.000 x 36500 =19.746.167,08


36500 + 10,20 x 46

Onde:

VT = valor a creditar na conta do seu cliente


VN = valor nominal/facial do título
t = taxa de juro da operação em base anual
d1 = prazo vincendo dos títulos transaccionados, expresso em dias na data do vencimento da
operação.

Operações repo e reverse repo (BM e Bcmos)

Dentro do mercado secundário, temos as operações repo e reveres repo, que actualmente
realizam-se entre o BM e os bancos Comerciais. O Banco de Moçambique realiza operação
repo com a finalidade de ceder liquidez aos BCOMs. Estas operações, o BM só as realiza
quando em um determinado dia constatar falta de liquidez em todo o sistema bancário. Por
outro lado, quando o BM constata existência de excesso de liquidez em todo o sistema
bancário, para ao invés da emissão de BTs (no mercado primário), pode realizar operações
reverse repo, vendendo BTs que estão na sua carteira aos BCOMs, com acordo de recompra.

10
Em termos gerais, a repo (compra de BT com acordo de revenda) consiste na compra pelo
Banco Central de BT`s que estão na carteira dos Bancos Comerciais. No dia da realização da
operação os Bancos Comerciais recebem recursos do Banco Central, mas na data de
vencimento da operação o Banco Central deverá revender os títulos negociados aos Bancos
Comerciais. Ao passo que a revere repo (venda de BT com acordo de recompra) consiste na
venda aos Bancos Comerciais de BT´s que estão na carteira do Banco Central, recebendo este
fundos dos Bancos comerciais, devendo o Banco Central recomprar na data do vencimento da
operação, os títulos negociados aos Bancos Comerciais.

Entre o BM e Bancos comerciais também existe a compra e venda definitiva de títulos (BTs).
Neste caso, contrariamente às operações repo e reverse repo, o BM compra ou vende os BTs
aos Bcoms a título definitivo, portanto, não há acordo de reversão da operação em data
posterior à sua realização.

Exemplo duma operação repo entre o BM e os BCOMs. Refira-se que, estas


operações obedecem ao princípio de leilão e cumpre todas as fazes do leilão de BTs (no
mercado primário), à excepção do procedimento de selecção das propostas.

Encerramento do leilão de operações repo

O BM procede ao encerramento do leilão após a hora limite de recepção de propostas dos


BCOMs. O encerramento é o processo da selecção/apuramento das propostas que reúnam as
condições finais requeridas no leilão que variam consoante o tipo de taxa de juro e/ou o tipo de
montante.

 Tratando-se de um leilão de taxa de juro

 Na selecção das propostas, primeiro são eliminadas aquelas que


possuem taxas de juros inferiores (caso existam) à taxa de juro
desejável para cedência de fundos.

 De seguida, são apuradas as restantes propostas a começar pela


proposta com taxa de juro mais alta, sucessivamente, até
completar o montante final de cedência definido pelo BM no
leilão.

 As propostas dos bancos comerciais com a mesma taxa de juro são


apuradas pelo critério pró-rata/rateio, ou seja, distribuição
proporcional do valor em falta para completar o montante final de
cedência definido pelo BM no leilão, em função do peso do valor de
cada uma das tais propostas.

Feito o enceramento do leilão, comunica-se os resultados do leilão, a todas as instituições


participantes do MMI. Igualmente comunica-se também às instituições que concorreram no
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leilão os seus resultados particulares, que incluem o valor subscrito e a ser creditado nas suas
contas D.O.

Note-se que o vencimento destas operações não deve ser superior ao vencimento da emissão
primária dos títulos envolvidos e, diferentemente das operações do mercado secundário com o
público em geral, nas operações repo e reverse repo há transferência da titularidade, isto é,
durante a vigência da operação, o detentor dos títulos envolvidos é o seu proprietário.

Exemplo da repo

Considere que no dia 02.01.01, o Banco Central anuncia a compra de BT´s da carteira dos
BCOMs, com data-valor de 02.01.01, a taxa de juro (não anunciado aos BCOMs), no
montante máximo de 100.000.00 mio (capital financeiro). Note-se que o leilão de compra de
BT´s tem o prazo de 5 dias.

Propostas apresentadas

Bancos Prazo de 5 dias


Leilão nº 2001001
Montante Taxa
Itau 25.000.000,00 12,40%
Itau 15.000.000,00 12,25%
Bradesco 10.000.000,00 12,25%
Bradesco 25.000.000,00 12,20%
BF 25.000.000,00 12,35%
Montante 100.000.000,00
Procurado
Montante 100.000.000,00
Disponível
Taxa de 12,25%
corte

Sendo um leilão de compra de títulos (ou seja cedência de fundos, onde se espera ganhos de
juros por parte do cedente de fundos) as propostas serão ordenadas em ordem decrescente de
taxas de juro até alcançar-se a Taxa de “corte” - mínima de aceitação, ou seja, ordenamento
contrário ao verificado na emissão de BT´s (operação de absorção de fundos, onde o custo
deve ser mínimo para o emitente). A explicação mais detalhada da selecção das propostas
encontra-se no leilão de cedência.

Selecção/Apuramento das propostas (Valor de Transacção)

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Bancos Prazo de 5 dias
Leilão nº 2001001
Montante Taxa
Itau 25.000.000,00 12,40%
BF 25.000.000,00 12,35%
Itau 15.000.000,00 12,25%
Bradesco 10.000.000,00 12,25%
Montante 75.000.000,00
Procurado
Montante 100.000.000,00
Disponível
Taxa de 12,25%
corte
Contrariamente a emissão primária, nos leilões de
repo e reverse repo, os BCOMs apresentam as propostas em termos de valor de transacção
(VT) ou capital financeiro. Assim, no dia da realização da operação há que encontrar o valor
nominal, o preço unitário e a quantidade dos títulos apresentados como colateral.

Imagine-se que o Banco Itau subscreveu capital financeiro de 25.000.000,00 a taxa de 12,40%,
apresenta como como colaterais títulos de 40.000.000,00 emitido à 61 dias e pelo prazo de 91
dias (ou seja este BTs no dia da realização da repo tem ainda 30 dias de vida útil) e à taxa de
12,85%.

Considere-se a seguinte terminologia:

VNU (valor nominal Unitário de um titulo) = 1.000,00

PU (preço unitário) = Valor nominal unitário descontado/preço do colateral = preço da


venda/compra com acordo de recompra/revenda

PU = VNU x 36500
36500 + i x n`

PU = 1.000 x 36500
36500 + 12,85 x 30

PU = 989,5487

Q= a quantidade de títulos necessários para colaterizar a operação

Q = VT
PU

Q = 25.000.000
989,5487

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Q = 25.264,04

VN (valor Nominal respeitante ao valor transaccionado) obtém-se multiplicando o valor


nominal unitário a quantidade de títulos.

VN =VNU x Q = 1000 x 25.264,04 = 25.264.042,00

Fica evidente que, o Banco Itau que participou na cedência de fundos do Banco Central por
via de operações repo receberá 25.000.000, entregando em contrapartida 25.264,04 títulos cujo
valor nominal da emissão primária é de 40.000.000, pelo prazo de 91 dias e a taxa de 12,85% .
Por outro lado, o capital financeiro (valor de transacção) de 25.000.000 cedido na operação
repo tem como valor nominal de operação de 25.264.042,00.

J = juro total da operação

d
J = VT x r x
365

onde
r = é a taxa da operação repo
d = dias da operação.

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J = 25.000.000 x 0, 124 x = 42.465,75
365

VR (valor de reembolso dos fundos cedidos) = VT + J

VR = 25.000.000 + 42.465,75 = 25.042.465,75

Assim, no vencimento da repo o banco Itau reembolsa 25.042.465,75 e recebe do Banco


Central 25.264,04 títulos entregues como colateral.

O raciocino desenvolvido para as operações repo é válido para as operações reverse repo,
bastando apenas recorrer ao processo inverso de selecção das propostas apresentadas.
No que se refere as repos e reverse
repo entre bancos, os cálculos apresentados continuam igualmente válidos apesar de não
haver um processo de selecção de propostas. Note-se que sempre que um banco contratar
uma operação repo, a contraparte envolvida estará a contratar, simultaneamente, a
operação reverse repo.

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Facilidades Permanentes

Facilidade Permanente de Cedência (FPC): quando o banco comercial tiver défice


temporário de liquidez, pode recorrer, por sua iniciativa, ao Banco Central, sendo que estas
operações tem a data-valor o próprio dia da sua realização, tem o prazo overnight (1 dia) e são
realizadas à taxa de juro previamente fixada pelo BM. Note que estas operações são
colateralizadas.

A operação da FPC enquadra-se nas operações repo. Os BCOMs deficitários, individualmente,


é que tomam a iniciativa de aceder à janela da FPC. Refira-se que, por ser uma janela
penalizadora, os BCOMs acedem esta janela depois de esgotadas todas as possibilidades de
obtenção de fundos no mercado, nomeadamente, as operações de permutas e operações repo
que realizam-se à taxas relativamente mais baixas.

No dia da realização da operação, o Banco Central creditará na conta do Bcmos:

VN x 36500
FPC =
36500 + t x d

No dia seguinte, dia do vencimento da FPC o Banco Central debitará na conta Bcoms o valor
de reembolso da FPC:

VN x 36500
FPCR =
36500+t x d1

Facilidade Permanente de Depósito (FPD): quando o banco comercial tiver excesso


temporário de liquidez, pode depositar, por sua iniciativa, os recursos ociosos junto do Banco
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Central, sendo que estas operações tem a data-valor o próprio dia da sua realização, tem o
prazo overnight (1 dia) e são realizadas à taxa de juro previamente fixada pelo BM. Note que
estas operações não são colateralizadas.

A operação da FPD é uma operação que se enquandra no segmento de Mercado de depósitos.


normalmente, os bancos acedem a esta janela se não tiverem uma alternativa melhor de
depósitos, tendo em conta que a taxa de juro aplicada nesta janela é a mais baixa do MMI.

Exemplo:

o Banco Central credita a conta do Bcmos o valor correspondente ao capital aplicado e os


juros da operação.

VT.t.d
J=
36500

Onde,

J – Juro diário
d – Número de dias
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor do depósito

O valor do crédito será: VT+ J

Permutas de Liquidez

Os bancos comerciais podem, por sua iniciativa, realizar entre si operações de permuta de
liquidez. Estas operações compreende qualquer prazo (entre 1 dia à 1 ano), mas geralmente
ocorrem no prazo overnight e com data-valor do mesmo dia da realização da operação. A
negociação destas operações (em termos de montante, taxa, prazo, data-valor) é livre, mas os
banco são obrigados a reportar estas operações ao Banco Central, de modo a movimentar os
fundos nas contas de DO junto do banco Central e os títulos, na eventualidade, da operação
realizar-se com garantias.

Exemplo:

O City Bank ao meio do dia apurou que teria um défice de 10.000.000,00 Mt, ao invés de
recorrer ao Banco Central no final do dia (que pratica a taxa mais penalizadora), decidiu
adquiri fundos do Bradesco, tendo este aceite realizar esta operação a taxa fixa de 11% e pelo
prazo de 1 dia. Nesse dia o banco Central creditará a conta do City Bank em 10.000.000,00
MT e debitará a conta do Bradesco no mesmo montante. No dia seguinte (dia do vencimento
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da operação), o Banco Central debitará a conta do City Bank e creditará a conta do Bradesco
no valor correspondete ao capital aplicado e os juros da operação.

VT.t.d
J=
36500

Onde,

J – Juro diário
d – Número de dias
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor do depósito

VT.t.d 10.000.000x 11x1 3.013,70


J= = =
36500 36500

O valor do crédito será: VT + J = 10.000.000 +3.013,70

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