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MOÇAMBIQUE
GESTÃO E
CONTABILIDADE &
HABILITAÇÃ
CURSO AUDITORIA LICENCIATURA
O
2017
SISTEMA FINANCEIRO / CRÉDITOS
DISCIPLINA
MERCADOS DE CAPITAIS
16 ANO/
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL 3º Ano
SEMANAS SEMESTRE
DOCENTES: MANUEL ANDRADE
Aulas nº 11 e 12
MERCADO MONETÁRIO
Bilhetes de Tesouro
1
Bilhetes de Tesouro: são titulos de dívida pública de curto prazo, emitidos a desconto, com
prazos de vencimento standardizados, em sede de mercado primário pelo Banco Central junto
das instituições de crédito, por recurso de leiloês. Estes valores podem ser transferidos para o
público, em operações de Mercado secundário.
Os BT´s são actualmente, por força do acordo mútuo celebrado entre BM e MF, emitidos
permanentemente para duas finalidades: financiamento de défice temporário de tesouraria do
Estado e enxugamento de liquidez pelo BM (No âmbito da Condução de política monetária).
O processo de financiamento da tesouraria do Estado denomina-se por utilização de fundos de
BT´s. Estes títulos são, igualmente, transaccionados no mercado secundário, que será
desenvolvido depois deste capítulo. Vamos primeiro clarificar o processo de emissão de BT´s.
A emissão de BT´s compreende várias fases, nomeadamente o (1) anúncio do leilão, (2)
apresentação de propostas, (3) encerramento de leilão, (4) liquidação de leilão e por último (5)
contabilização de leilão
Os prazos formalmente autorizados para emissão de BT´s são de 28, 63, 91, 182 e 364 dias. O
BM, presentemente, emite BT´s apenas para os prazos de 91, 182 e 364 dias, face à
necessidade de aprofundar o mercado e, daí esterilizar a liquidez por longo período.
2
A data de colocação corresponde à data de selecção de propostas, bem como a data do
encerramento do leilão, enquanto que a data-valor corresponde a data de movimentação das
contas dos bancos ganhadores. A data de colocação pode ou não coincidir com a data – valor.
Caso não coincida, período de deferimento terá a duração mínimo de 24 horas e máximo de 48
horas.
A hora limite refere-se a hora máxima para os bancos remeterem as suas propostas ao BM para
cada leilão que corresponde a cada prazo.
As propostas devem ser devidamente validadas pelos assinantes legalmente autorizados como
mandantes para movimentação de contas Depósito à Ordem D.O. dos bancos comerciais
abertas no BM.
VN.365
VT =
365+t.n
Legenda:
(5)Contabilização
Na data -valor:
4
No fim de cada mês são apurados os juros periódicos (mensais) respeitantes aos BT´s em
carteira dos bancos comerciais, não utilizados pelo Estado, e são contabilizados, debitando a
conta de custos/juros efectivos-BT´s do BM à crédito da conta de custos/juros a pagar-BT
´s do BM.
VT.t.d
J=
365
Onde,
J – Juro mensal
d – Número de dias do mês que vigoraram os títulos em carteira
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor líquido (actual) da proposta subscrita a movimentar
Na data de vencimento:
De seguida, procede ao crédito das contas D.O. das instituições subscritoras (pelo valor
nominal) à debito da conta de títulos-BT´s abertas no BM (pelo valor líquido) e da conta
de custos/juros a pagar-BT´s do BM1 (pelo juro total = somatório dos juros periódicos
contabilizados).
Considere que no dia 02.01.01, o Banco Central coloca BT´s para o prazo de 91, 182 e 364
dias, com data-valor de 02.01.01, a taxa de juro de corte (não anunciado aos bancos), no
montante máximo de 200 mio MT, 250 mio MT e 300 mio MT, respectivamente, para o
prazo de 91, 182 e 364 dias. Imagine que entre o anúncio do leilão (por hipótese as 9:00) e o
encerramento do leilão (9:30), os bancos apresentaram as seguintes propostas.
Nota: Valor nominal é equivalente ao valor facial, aquele que será creditado na conta DO
do Banco Comercial junto do BM na data de vencimento do título.
Bancos Prazo de 91
dias
Leilão nº 2001000
Montante Taxa Valor Rateio
acumulado
City Bank 50.000.000,00 12,20% 50.000.000,00
Itau 30.000.000,00 12,23% 80.000.000,00
Itau 30.000.000,00 12,24% 110.000.000,00
BF 35.000.000,00 12,24% 145.000.000,00
Itau 35.000.000,00 12,25% 180.000.000,00 11.323.529,41
Bradesco 45.000.000,00 12,25% 225.000.000,00 14.558.823,53
BF 40.000.000,00 12,25% 265.000.000,00 12.941.176,47
City Bank 50.000.000,00 12,25% 315.000.000,00 16.176.470,59
Total 315.000.000,00 170.000.000,00 55.000.000,00
MontanteDisponí 200.000.000,00
vel
Taxa de corte 12,25%
Depois de ordenadas as propostas que apresentam taxas iguais ou inferiores as taxa de corte
na ordem crescente, constata-se que o valor acumulado é superior ao montante máximo
disponível para o leilão. Até a 4ª proposta (o valor acumulado perfaz 145.000.000,00 MT,
abaixo do montante disponível, isto é, 200.000.000,00MT ) são satisfeita na sua totalidade,
mas a partir da quinta proposta, ao adicionar cada um dos respectivos montantes, o montante
acumulado ultrapassa o valor disponível. Daí que procede-se ao rateio (repartição
proporcional) do montante destas propostas, de forma a resultar num montante total das
propostas seleccionadas igual ao montante disponível.
6
Exemplo:(35.000.000/170.000.000)*(200.000.000-145.000.000)= 11.323.592,41
Resultado do Leilão
Bancos Prazo de 91
dias
Leilão nº 2001000
Montante Taxa Valor Valor de
acumulado transação
City Bank 50.000.000,00 12,20% 50.000.000,00 48.524.070,60
Itau 30.000.000,00 12,23% 80.000.000,00 29.112.328,20
Itau 30.000.000,00 12,24% 110.000.000,00 29.111.624,64
BF 35.000.000,00 12,24% 145.000.000,00 33.963.562,30
Itau 11.323.529,41 12,25% 156.323.529,41 10.987.945,51
Bradesco 14.558.823,53 12,25% 170.882.352,94 14.554.378,46
BF 12.941.176,47 12,25% 183.823.529,41 12.937.225,30
City Bank 16.176.470,59 12,25% 200.000.000,00 16.171.531,63
Total 200.000.000,00 199.939.029,89
Montante 200.000.000,00
Disponível
Taxa de corte 12,25%
A utilização de fundos provenientes de emissão de BT´s pelo Estado é feita por solicitação do
Ministério das Finanças, através de uma carta devidamente assinada, com um período mínimo
de 24 Horas de antecedência. Com a devida autorização superior, o BM procede a
transferência dos fundos creditando a conta de títulos-BT´s por débito da conta do Estado
indicada para o efeito. No fim do prazo de utilização, o Estado procede ao reembolso do
montante utilizado acrescido do valor de respectivos juros. Para o efeito, debita-se a conta do
Estado por crédito da conta de títulos-BT´s, pelo valor de capital e juros.
8
MERCADO SECUNDÁRIO
Tal como foi mencionado, os bancos comerciais podem, por sua própria iniciativa,
transaccionar os Bilhetes do Tesouro com terceiros, nomeadamente com os outros bancos
comerciais, com instituições financeiras não monetárias e com empresas e público em geral.
As condições de negociação (montante, taxa de juro e prazo) são feitas livremente entre os
bancos e seus clientes, desde que o prazo não seja superior ao tempo de vida útil dos BT´s
transaccionados. As formas de pagamento são, igualmente, definidas pelas partes envolvidas,
não interferindo desta forma, em nenhum processo contabilístico do BM.
Os bancos são obrigados a reportar todas as transacções desta natureza, para efeitos de
apuramento estatístico do stock de BT´s em carteira dos bancos comerciais, em carteira das
Instituições Financeiras não Monetárias e de empresas e público em geral. Os BT´s
transaccionados com terceiros não podem ser utilizados pelos bancos como garantia para
outras operações como é o caso de FPC e Leilões de Cedência.
As vendas de BT´s no mercado secundário são efectuadas em prazo inferior ao de sua validade
ou até à data do vencimento dos títulos, ou ainda os Bancos Comerciais podem vender parcial
ou integralmente o título adquirido no mercado primário. Caso os clientes por alguma razão
necessitem de anular o negócio podem procedê-lo, devendo sempre informar ao BM, da
ocorrência.
Exemplo:
Imagine que o Banco Itau que adquiriu no mercado primário o BT com o prazo de 91 dias, no
valor de 30.000.000,00, a taxa de 12,23%, 30 dias depois da sua aquisição, vende o BT ao
INSS pelo prazo de 15 dias a taxa de 10,20%, com o objectivo de obter liquidez face a
dificuldades de captação de fundos (via depósitos) que vem enfrentado nos últimos dias.
Refira-se que este banco vendeu parte daquele BT (20.000.000,00).
Assim:
Na data da realização da operação, o Itau entrega títulos no valor nominal de 20. 000.000,00
MT ao INSS (seu cliente), devendo a carteira de títulos do Itau reduzir neste montante, ao
mesmo tempo que a carteira de títulos do INSS aumenta no mesmo valor.
Uma vez que o título foi negociado 30 dias depois da sua emissão, d= (91-30)=61 dias →
faltam 61 dias para o título vencer.
VT= VN x 36500
36500 + t x d
Onde:
Na data de vencimento, e considerando que d 1= (91-45) = 46 dias, uma vez que no dia
vencimento da operação o título terá “vidido” 45 dias após a sua emissão, o INSS reembolsa
o título ao Itau e recebe:
VT= VN x 36500
36500 + t x d1
Onde:
Dentro do mercado secundário, temos as operações repo e reveres repo, que actualmente
realizam-se entre o BM e os bancos Comerciais. O Banco de Moçambique realiza operação
repo com a finalidade de ceder liquidez aos BCOMs. Estas operações, o BM só as realiza
quando em um determinado dia constatar falta de liquidez em todo o sistema bancário. Por
outro lado, quando o BM constata existência de excesso de liquidez em todo o sistema
bancário, para ao invés da emissão de BTs (no mercado primário), pode realizar operações
reverse repo, vendendo BTs que estão na sua carteira aos BCOMs, com acordo de recompra.
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Em termos gerais, a repo (compra de BT com acordo de revenda) consiste na compra pelo
Banco Central de BT`s que estão na carteira dos Bancos Comerciais. No dia da realização da
operação os Bancos Comerciais recebem recursos do Banco Central, mas na data de
vencimento da operação o Banco Central deverá revender os títulos negociados aos Bancos
Comerciais. Ao passo que a revere repo (venda de BT com acordo de recompra) consiste na
venda aos Bancos Comerciais de BT´s que estão na carteira do Banco Central, recebendo este
fundos dos Bancos comerciais, devendo o Banco Central recomprar na data do vencimento da
operação, os títulos negociados aos Bancos Comerciais.
Entre o BM e Bancos comerciais também existe a compra e venda definitiva de títulos (BTs).
Neste caso, contrariamente às operações repo e reverse repo, o BM compra ou vende os BTs
aos Bcoms a título definitivo, portanto, não há acordo de reversão da operação em data
posterior à sua realização.
Note-se que o vencimento destas operações não deve ser superior ao vencimento da emissão
primária dos títulos envolvidos e, diferentemente das operações do mercado secundário com o
público em geral, nas operações repo e reverse repo há transferência da titularidade, isto é,
durante a vigência da operação, o detentor dos títulos envolvidos é o seu proprietário.
Exemplo da repo
Considere que no dia 02.01.01, o Banco Central anuncia a compra de BT´s da carteira dos
BCOMs, com data-valor de 02.01.01, a taxa de juro (não anunciado aos BCOMs), no
montante máximo de 100.000.00 mio (capital financeiro). Note-se que o leilão de compra de
BT´s tem o prazo de 5 dias.
Propostas apresentadas
Sendo um leilão de compra de títulos (ou seja cedência de fundos, onde se espera ganhos de
juros por parte do cedente de fundos) as propostas serão ordenadas em ordem decrescente de
taxas de juro até alcançar-se a Taxa de “corte” - mínima de aceitação, ou seja, ordenamento
contrário ao verificado na emissão de BT´s (operação de absorção de fundos, onde o custo
deve ser mínimo para o emitente). A explicação mais detalhada da selecção das propostas
encontra-se no leilão de cedência.
12
Bancos Prazo de 5 dias
Leilão nº 2001001
Montante Taxa
Itau 25.000.000,00 12,40%
BF 25.000.000,00 12,35%
Itau 15.000.000,00 12,25%
Bradesco 10.000.000,00 12,25%
Montante 75.000.000,00
Procurado
Montante 100.000.000,00
Disponível
Taxa de 12,25%
corte
Contrariamente a emissão primária, nos leilões de
repo e reverse repo, os BCOMs apresentam as propostas em termos de valor de transacção
(VT) ou capital financeiro. Assim, no dia da realização da operação há que encontrar o valor
nominal, o preço unitário e a quantidade dos títulos apresentados como colateral.
Imagine-se que o Banco Itau subscreveu capital financeiro de 25.000.000,00 a taxa de 12,40%,
apresenta como como colaterais títulos de 40.000.000,00 emitido à 61 dias e pelo prazo de 91
dias (ou seja este BTs no dia da realização da repo tem ainda 30 dias de vida útil) e à taxa de
12,85%.
PU = VNU x 36500
36500 + i x n`
PU = 1.000 x 36500
36500 + 12,85 x 30
PU = 989,5487
Q = VT
PU
Q = 25.000.000
989,5487
13
Q = 25.264,04
Fica evidente que, o Banco Itau que participou na cedência de fundos do Banco Central por
via de operações repo receberá 25.000.000, entregando em contrapartida 25.264,04 títulos cujo
valor nominal da emissão primária é de 40.000.000, pelo prazo de 91 dias e a taxa de 12,85% .
Por outro lado, o capital financeiro (valor de transacção) de 25.000.000 cedido na operação
repo tem como valor nominal de operação de 25.264.042,00.
d
J = VT x r x
365
onde
r = é a taxa da operação repo
d = dias da operação.
5
J = 25.000.000 x 0, 124 x = 42.465,75
365
O raciocino desenvolvido para as operações repo é válido para as operações reverse repo,
bastando apenas recorrer ao processo inverso de selecção das propostas apresentadas.
No que se refere as repos e reverse
repo entre bancos, os cálculos apresentados continuam igualmente válidos apesar de não
haver um processo de selecção de propostas. Note-se que sempre que um banco contratar
uma operação repo, a contraparte envolvida estará a contratar, simultaneamente, a
operação reverse repo.
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Facilidades Permanentes
VN x 36500
FPC =
36500 + t x d
No dia seguinte, dia do vencimento da FPC o Banco Central debitará na conta Bcoms o valor
de reembolso da FPC:
VN x 36500
FPCR =
36500+t x d1
Exemplo:
VT.t.d
J=
36500
Onde,
J – Juro diário
d – Número de dias
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor do depósito
Permutas de Liquidez
Os bancos comerciais podem, por sua iniciativa, realizar entre si operações de permuta de
liquidez. Estas operações compreende qualquer prazo (entre 1 dia à 1 ano), mas geralmente
ocorrem no prazo overnight e com data-valor do mesmo dia da realização da operação. A
negociação destas operações (em termos de montante, taxa, prazo, data-valor) é livre, mas os
banco são obrigados a reportar estas operações ao Banco Central, de modo a movimentar os
fundos nas contas de DO junto do banco Central e os títulos, na eventualidade, da operação
realizar-se com garantias.
Exemplo:
O City Bank ao meio do dia apurou que teria um défice de 10.000.000,00 Mt, ao invés de
recorrer ao Banco Central no final do dia (que pratica a taxa mais penalizadora), decidiu
adquiri fundos do Bradesco, tendo este aceite realizar esta operação a taxa fixa de 11% e pelo
prazo de 1 dia. Nesse dia o banco Central creditará a conta do City Bank em 10.000.000,00
MT e debitará a conta do Bradesco no mesmo montante. No dia seguinte (dia do vencimento
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da operação), o Banco Central debitará a conta do City Bank e creditará a conta do Bradesco
no valor correspondete ao capital aplicado e os juros da operação.
VT.t.d
J=
36500
Onde,
J – Juro diário
d – Número de dias
t – Taxa de juro da propostas subscrita
VT – valor do depósito
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