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SEGURANÇA DO TRABALHO

Avaliação ambiental: instrumentos, etapas, procedimentos, metodologias


qualitativa e quantitativa, tipos de planilhas, relatórios e checklist da norma
Para realizar a avaliação dos fatores de riscos ambientais, devem-se conhecer os tipos de fatores de risco a serem
avaliados e os tipos a serem quantificados, atribuindo um valor de concentração ou exposição do funcionário ao agente ou
então, de forma subjetiva, caracterizando a presença do fator de risco sem realizar medições para comprovar a existência
deste no ambiente de trabalho.

Além disso, as avaliações ambientais devem ocorrer por meio de metodologias descritas nas normas de higiene
ocupacional (NHOs). As NHOs apresentam uma forma de acompanhamento para cada fator de risco. Logo, as técnicas
apresentadas nas normas devem ser seguidas detalhadamente para que a coleta realizada seja considerada válida.

Portanto, neste conteúdo, serão abordadas tais questões, bem como informações sobre os tipos de fatores de risco que
podem ser monitorados por meio das metodologias apresentadas nas NHOs.

Metodologias qualitativa e quantitativa


Avaliação quantitativa

É um tipo de avaliação por instrumento, em que é atribuído um valor de concentração ou exposição ao agente. Os tipos
de fatores de risco que podem ser monitorados, ou seja, acompanhados por meio de medições, realizadas por instrumentos de
avaliação ambiental, são os riscos físicos e químicos, sendo que, em relação aos riscos físicos, nem todos podem ser
monitorados. Estas avaliações são importantes para fins de laudos técnicos, periciais, caracterização de insalubridade e
identificação da concentração ou exposição do trabalhador ao fator de risco. Dessa forma é possível implementar uma medida
de controle, com o objetivo de proteger a integridade física e a saúde dos trabalhadores.

Avaliação qualitativa

É aquela em que se realiza a identificação do risco que pode estar presente no ambiente, sem que seja atribuído um valor
para provar que ele realmente está no local de trabalho. Estas avaliações são realizadas para identificar todos os fatores de
risco no ambiente de trabalho -podendo ser ele químico, físico ou biológico- para depois realizar as avaliações quantitativas
dos fatores de risco que foram identificados, caso seja possível. É importante ressaltar que a avaliação qualitativa é uma etapa
anterior a avaliação quantitativa; logo, primeiro ocorre a verificação sem medições do que pode ser considerado risco químico,
físico ou biológico, para depois acontecer as medições nos agentes que possibilitam este tipo de análise.

Limites de tolerância

Considerando o contexto de avaliações quantitativas, os agentes classificados como quantitativos são aqueles que
apresentam um parâmetro comparativo, ou seja, apresentam valores de referência que as normas regulamentadoras
brasileiras (NRs) ou as demais normas técnicas nacionais e internacionais definem como limite. Quando o nível para
determinada exposição deixa de ser seguro aos trabalhadores, ele passa a ser chamado de limite de tolerância (LT).

Tecnicamente, os limites de tolerância definem as concentrações ou a intensidade de determinados fatores de risco nos
ambientes ocupacionais. Acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode executar suas atividades exposta aos fatores de
risco sem que a sua saúde seja comprometida.

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Para exemplificar o limite de tolerância, pense no agente ruído para a verificação. A indústria calçadista utiliza muitas
máquinas que geram ruído, o que define a natureza do agente. O ruído das máquinas, consequentemente, gera desconforto
nos trabalhadores e pode ser prejudicial para a audição, interferir na concentração ou ser um agente causador de outros
males. Ao realizar o levantamento dessa exposição, verificou-se que o nível do ruído estava acima dos limites de tolerância,
marcando 90 dB (decibéis) na dosimetria individual para uma jornada de trabalho de oito horas por dia.

Conforme consta no Anexo I da NR-15, para uma jornada de oito horas diárias, o nível de ruído não deve ultrapassar 85
dB. Outra alternativa seria a jornada de trabalho ser reduzida para quatro horas diárias, se a exposição ao ruído de 90 dB for
mantida.

Figura 1 – Anexo 1 da NR-15 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

A imagem mostra o anexo um da NR 15, texto em que são estabelecidos, em uma coluna, os níveis de ruído em decibéis,
compreendendo o intervalo que vai de 85 a 115 decibéis, e, na outra coluna, o tempo máximo permitido para a exposição diária
ao ruído. Estão destacados os dados citados anteriormente, relacionando o nível de ruído com o tempo de exposição ao
agente ruído (85 decibéis em oito horas e 90 decibéis em quatro horas).

Pela comparação entre o nível de exposição (NE) ao agente e o limite de tolerância, pode-se monitorar a exposição e
propor ações de controle, sempre tendo como objetivo principal zelar pela saúde dos trabalhadores expostos.

Nessa situação específica, pode ser sugerido, como medida de controle, o enclausuramento de alguma máquina que
produz ruído mais elevado ou a substituição desta por alguma máquina mais moderna, a qual não produza ruído tão elevado.
Caso não tenha como realizar as etapas sugeridas, o uso do protetor auricular faz-se necessário como forma de atenuar a
exposição dos trabalhadores.

Cabe ressaltar que, no exemplo citado, trata-se de ruído contínuo ou intermitente. A NR-15 também cita o ruído de
impacto, que tem outros parâmetros para avaliação e monitoramento no ambiente de trabalho, conforme Anexo 2 da mesma
norma.

Ao analisar os fatores de risco no ambiente de trabalho, para propor ações de controle e monitoramento, precisam ser
utilizados diversos conhecimentos. É possível verificar que as NRs e as demais legislações se complementam, visando a
estabelecer ações de prevenção de doenças no ambiente de trabalho.

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Nível de ação
Além do limite de tolerância, mais um parâmetro de referência dentro da ciência da higiene ocupacional precisa ser
conhecido: o nível de ação. Tal parâmetro serve como um critério para a tomada de decisões por parte dos profissionais que
trabalham com a segurança e a saúde dos trabalhadores.

O nível de ação é o valor utilizado por profissionais higienistas como um ponto de atenção com relação à exposição a
determinado agente, pois serve como um balizador que demonstra que o trabalhador está exposto a 50% da dose considerada
como limite de tolerância – ou seja, metade do valor máximo considerado seguro.

O nível de ação é uma espécie de alerta para quem está realizando as avaliações ambientais. Então, a partir desses
resultados, já deverão ser iniciadas ações de controle.

Todas as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação devem ser controladas de acordo
com as seguintes orientações:

Para os agentes químicos, utiliza-se a metade dos limites de exposição ocupacional, quando os resultados das
avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15.
Não havendo limites previstos na NR-15, devem ser utilizados como referência os valores estipulados pela
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH).

Para o ruído, utiliza-se a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR-15, Anexo I,
item 6.

Quando diagnosticado o nível de ação dos agentes, cabe aos profissionais prevencionistas implementar ações de
controle por meio do monitoramento periódico da exposição e informar os trabalhadores e o controle médico.

Vamos utilizar o exemplo da exposição a ruído, citado anteriormente, como exemplo de análise.

Retomando as informações

A exposição verificada no ambiente de trabalho é de 90 dB.

De acordo com a NR-15, o limite de tolerância da exposição ao ruído para uma jornada de 8h é de 85 dB.

Nesta situação o nível de ação será correspondente a 80 dB, já que para o agente ruído, a cada 5 dB, a exposição dobra
ou reduz.

Concluímos que, a partir de 80 dB, a empresa deve implementar ações de controle e monitoramento deste agente no
ambiente de trabalho.

Procedimentos, etapas e instrumentos


Avaliação de ruído

Ao avaliar os níveis ocupacionais de ruído utilizando medidores de nível de pressão sonora ou sonômetros, devem ser
seguidas duas referências técnicas basicamente: a NR-15 e a NHO-01.

Após realizar as avaliações quantitativas do ruído, uma comparação precisa ser feita entre os valores estipulados pela
legislação como sendo um parâmetro dos níveis de exposição seguros ou não. Os já conhecidos limites de tolerância
representam a máxima exposição permitida de um trabalhador ao ruído sem a necessidade do uso de equipamentos de
proteção.

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Como cada pessoa tem características particulares, os limites de tolerância não devem ser tomados como uma verdade
absoluta. Eles dão uma ideia de uma média considerada aceitável para a maior parte dos trabalhadores. Logo, exames
ocupacionais devem ser realizados periodicamente, para assim monitorar as condições auditivas dos funcionários e os
possíveis danos causados pelo ruído a que estão expostos.

Além disso, para atuar de forma prevencionista, deve-se tomar como parâmetro um nível de ruído em que ações devam
ser tomadas, pois, a partir de tal nível, o ruído será considerado passível de causar perda auditiva nos trabalhadores. No caso
do ruído, consideram-se, como um nível de ação para que medidas sejam tomadas, 80 dB(A), valor que representa 50% da
dose de ruído.

Procedimento para avaliação de ruído

A forma correta de realizar a avaliação da exposição ocupacional ao ruído deve ser feita buscando evidenciar a exposição
ao ruído de todos os funcionários expostos. Para facilitar, devem ser identificados os grupos de trabalhadores que estão
expostos a características semelhantes de ruído. O grupo de trabalhadores com exposição similar ao mesmo risco é chamado
de grupo homogêneo de exposição (GHE). A avaliação de ruído nessas condições deverá ser realizada visando a cobrir um
ou mais trabalhadores que têm exposição considerada típica no GHE.

Quando não for possível determinar quais são os trabalhadores que atendem às características citadas anteriormente
(exposição típica), deve-se considerar realizar a avaliação de ruído em todos os integrantes do GHE estudado.

O limite da exposição máxima para o ruído é 115 dB(A).

Segundo a NR-15, para realizar a avaliação de ruído contínuo ou intermitente utilizando o decibelímetro, o
equipamento deve ser configurado no circuito de compensação “A” e no circuito de resposta lenta (slow). As avaliações de
leitura devem ser realizadas próximo à zona auditiva do trabalhador. Caso, durante a jornada de trabalho, existam períodos de
exposição a níveis de ruído diferentes, devem ser verificados os efeitos combinados dessa exposição. O cálculo para a
verificação deve ser realizado da seguinte forma:

Cn – Indica o tempo a que o trabalhador está exposto ao nível de ruído.

Tn – Indica a máxima exposição em horas permitida pela legislação.

A fórmula é a seguinte: C1 (tempo um em que o trabalhador está exposto ao nível de ruído), dividido por T1 (tempo um
máximo de exposição permitida em horas), mais C2 (tempo dois em que o trabalhador está exposto ao nível de ruído), dividido
por T2 (tempo dois máximo de exposição permitida em horas), mais C3 (tempo dois em que o trabalhador está exposto ao
nível de ruído), dividido por T3 (tempo três máximo de exposição permitida em horas), mais C n (enésima possibilidade de
tempo de exposição), dividido por T n (enésima possibilidade de tempo de exposição permitida).

Caso o resultado da equação seja maior que 1, significa que o trabalhador está exposto a um limite superior ao
considerado seguro.

Veja a seguir o equipamento conhecido como decibelímetro, utilizado na avaliação de ruído ocupacional:

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Figura 2 – Decibelímetro
<https://www.lojadomecanico.com.br/produto/91114/3/204/decibelimetro---medidor-de-nivel-de-pressao-sonora-digital--35-a-
130-db-instrutherm-dec-460>. Acesso em: 27 fev. 2020.

Observe um exemplo prático:

Em uma empresa, foram avaliados os seguintes níveis de ruído em uma atividade de um trabalhador:

85 dB(A) durante duas horas

86 dB(A) durante três horas

88 dB(A) durante uma hora

87 dB(A) durante duas horas

Chegando-se, então, a oito horas de uma jornada de trabalho.

Agora, observe a relação dos valores encontrados com o que a legislação prevê sobre a exposição a ruído contínuo:

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Tempo de Limite de tolerância


Medição Nível de ruído
exposição ao nível permitido pela NR-15 em
realizada medido em dB(A)
de ruído em horas horas

1 85 2 8

2 86 3 7

3 88 1 5

4 87 2 6

Tabela 1 – Relação de valores com a legislação

Sendo assim, levando em consideração as avaliações feitas em comparação à tabela, têm-se estas equações:

A fórmula é a seguinte: C1 (tempo um em que o trabalhador está exposto ao nível de ruído), dividido por T1 (tempo um
máximo de exposição permitida em horas), mais C2 (tempo dois em que o trabalhador está exposto ao nível de ruído), dividido
por T2 (tempo dois máximo de exposição permitida em horas), mais C3 (tempo dois em que o trabalhador está exposto ao
nível de ruído), dividido por T3 (tempo três máximo de exposição permitida em horas), mais C n (enésima possibilidade de
tempo de exposição), dividido por T n (enésima possibilidade de tempo de exposição permitida).

A equação é esta: dois dividido por oito, mais três dividido por sete, mais um dividido por cinco, mais dois dividido por
seis, igual a zero vírgula vinte e cinco, mais zero vírgula quarenta e três, mais zero vírgula dois, mais zero vírgula trinta e três,
totalizando um vírgula vinte e um.

Conforme dito anteriormente, se o resultado do cálculo do efeito combinado com a exposição a diferentes níveis de ruído
for superior a 1, a exposição ao ruído é superior ao limite de tolerância.

Ao utilizar o dosímetro de ruído (medidores integradores de uso pessoal), devem-se considerar as configurações
exigidas pela NHO-01. Os parâmetros a serem configurados no equipamento devem ser realizados conforme segue:

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Circuito de ponderação: A

Circuito de resposta: lenta (slow)

Critério de referência: 85 dB(A), que correspondem à dose de 100%

Exposição de oito horas

Nível limiar de integração: 80 dB(A)

Faixa de medição mínima: 80 a 115 dB(A)

Incremento de duplicação de dose: 3 (q = 3)

Indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB(A)

Veja um exemplo de dosímetro de ruído:

Figura 3 – Dosímetro de ruído


Fonte: <https://www.instrutherm.net.br/dosimetro-de-ruido-digital-sem-fio-mod-dos-700.html>.
Acesso em: 27 fev. 2020.

Para realizar as avaliações quantitativas de ruído, seja com o decibelímetro, seja com o dosímetro de ruído, deve ser
realizado o procedimento de calibração dos medidores de pressão sonora utilizando um aparelho chamado calibrador
acústico. O equipamento pode ser visualizado na figura a seguir:

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Figura 4 – Calibrador acústico


Fonte: <https://www.instrutherm.net.br/seguranca-e-medicina-do-trabalho/acustica-e-vibracao/dosimetro-de-ruido/calibrador-
para-dosimetro-e-decibelimetros-mod-cal-5000-nivel-94-e-114db.html?___store=english&___from_store=brazil>.
Acesso em: 27 fev. 2020.

Os calibradores acústicos devem seguir o que diz a norma IEC 60942. O recomendável é que eles sejam da mesma
marca que a do medidor de pressão sonora, para que haja o acoplamento perfeito entre o microfone do medidor e o calibrador
de forma direta ou por meio de adaptador de uso.

Procedimentos para medição de ruído

Segundo a NHO-01, existem algumas etapas necessárias para realizar o procedimento de avaliação da exposição
ocupacional ao ruído. São elas:

Verificar a integridade eletromecânica e a coerência na resposta do instrumento

Verificar as condições de carga das baterias

Ajustar os parâmetros de medição conforme o critério a ser utilizado

Calibrar o equipamento de acordo com as instruções do fabricante

Para realizar a medição, o microfone do equipamento deve ser posicionado dentro da zona auditiva do trabalhador, para
assim identificar o nível de ruído diário que chega até o ouvido deste.

Figura 5 – Dosímetro de ruído na zona auditiva do trabalhador


Fonte: <https://www.comaudi-industrial.com/division-instrumentos/>.
Acesso em: 27 fev. 2020.

Previamente à realização do monitoramento, o trabalhador deve:

Saber a razão pela qual as avaliações estão sendo realizadas

Ser informado de que o monitoramento do ruído a ser realizado não deve interferir na rotina de trabalho dele

Ser informado de que o aparelho não tem a funcionalidade de gravar falas ou conversas

Ser orientado de que o microfone do aparelho não deve ser obstruído, soprado ou tocado durante a avaliação

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Caso necessário, o profissional que estiver realizando a avaliação pode ainda indicar mais orientações ao trabalhador.

Utilizando o dosímetro de ruído

Quanto ao uso do dosímetro, estão listadas a seguir as ações necessárias para a execução da avaliação:

a) Providencie as configurações prévias do aparelho e a calibração, conforme já citado.

b) Posicione o medidor na zona auditiva do funcionário a ser avaliado e busque uma posição em que qualquer
tipo de interferência seja diminuído.

c) Defina um tempo de medição e elabore um registro, principalmente se a avaliação não durar uma jornada
completa do trabalhador.

d) Caso a medição de ruído seja realizada por um tempo suficiente, o equipamento fornecerá um nível médio de
exposição. Já no caso de determinação de uma fração de dose, tal fração deve ser projetada para a jornada
completa do trabalhador avaliado.

e) Acompanhe a jornada de trabalho do funcionário durante o período da avaliação, pois, às vezes, o avaliado
pode gerar ruídos de forma proposital para demonstrar que está exposto a um nível de ruído maior que o da
realidade diária, além de, por vezes, danificar o equipamento.

Análise dos valores da avaliação de ruído

Quando a dose de uma exposição ao ruído for superior a 100%, o limite de tolerância foi ultrapassado. Portanto, devem
ser tomadas ações de controle para o agente ruído imediatamente. Porém, se a dose de exposição ao ruído ficar entre um
intervalo de 50% e 100%, a exposição se encontra dentro do nível de ação. Logo, também devem ser providenciadas medidas
de controle para o ruído, mas agora com caráter preventivo, pois o ruído ainda não ultrapassou o limite de tolerância. O nível
de ação é um sinal de alerta.

O nível de exposição (NE) representa o nível médio de exposição da jornada do trabalhador avaliado. Em comparação
ao limite de exposição, deve ser feito o cálculo do nível de exposição normalizado (NEN), que nada mais é do que a
conversão da jornada avaliada para uma jornada de oito horas diárias.

Veja o exemplo:

Avaliação do NEN conforme NHO-01

NEN: nível de exposição normalizado

NE: nível de exposição

Te: tempo de duração (exposição) em minutos

N E N é igual a N E, mais abre parênteses dez logaritmo, abre parênteses T e, dividido por quatrocentos e oitenta, fecha
parênteses, fecha parênteses.

Avaliação do NEN conforme NR-15

NEN: nível de exposição normalizado

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NE: nível de exposição

Te: tempo de duração (exposição) em minutos

N E N é igual a N E, mais abre parênteses dezesseis vírgula sessenta e um logaritmo, abre parênteses T e, dividido por
quatrocentos e oitenta, fecha parênteses, fecha parênteses.

O NE, nesse caso, seria o nível médio representativo da exposição diária de determinado trabalhador; e o Te, o tempo de
duração em minutos. Assim, o NEN tem como limite de exposição por dia o valor de 85 dB(A) e um valor máximo permitido de
115 dB(A). Segundo a NHO-01, 82 dB(A) devem ser o nível de ação para o NEN.

Exemplo prático de cálculo de NEN

Observe como calcular o valor do NEN de acordo com a NR-15, de uma exposição cujo NE é igual a 88,5 dB(A):

NEN: nível de exposição normalizado

NE: nível de exposição

Te: tempo de duração (exposição) em minutos

NE = 88,5 dB(A)

Te = 120 minutos

Logo:

N E N é igual a N E, mais abre parênteses dezesseis vírgula sessenta e um logaritmo, abre parênteses T e, dividido por
quatrocentos e oitenta, fecha parênteses, fecha parênteses.

N E N é igual a oitenta e oito vírgula cinco, mais abre parênteses dezesseis vírgula sessenta e um logaritmo, abre
parênteses cento e vinte, dividido por quatrocentos e oitenta, fecha parênteses, fecha parênteses.

N E N é igual a oitenta e oito vírgula cinco, mais abre parênteses, menos dez vírgula zero, zero, zero, dois, um, seis,
quatro, fecha parênteses.

N E N é igual a setenta e oito vírgula quarenta e nove decibéis, abre parênteses, A, fecha parênteses.

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A tabela a seguir apresenta alguns critérios técnicos de acordo com a NHO-01 que auxiliam o profissional prevencionista
a decidir as ações a serem tomadas de acordo com a dose diária encontrada ou mesmo com o NE normalizado obtido na
medição de ruído realizada.

Após realizar as avaliações e obter os resultados, deve-se analisar se a exposição ultrapassa o limite de tolerância, bem
como verificar se a exposição ao agente atingiu o nível de ação, caso ela tenha um.

Dose diária NEN


Consideração Atuação
técnica recomendada
(%) dB(A)

Garantir minimamente
0 a 50 Até 82 Tolerável
que a condição seja mantida

Superior ao nível Buscar medidas


50 a 80 82 a 84
de ação preventivas de controle

Adotar medidas
Intervalo preventivas e também
80 a 100 84 a 85 considerado como corretivas buscando
incerteza minimizar a dose diária de
exposição ao ruído

Superior a Superior ao limite Tomar imediatamente


Maior que 85
100 de exposição medidas corretivas

Tabela 2 – Critérios técnicos de acordo com a NHO-01

Ao fim do monitoramento de ruído, deve ser elaborado um relatório com, segundo a NHO-01, alguns itens básicos:

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Avaliação de calor
A avaliação de calor é realizada sempre que existe uma suspeita de ocorrência de sobrecarga térmica em determinada
atividade. A avaliação quantitativa é definida pela relação entre dois parâmetros: o valor de IBUTG (índice de bulbo úmido –
temperatura de globo) e o valor da taxa metabólica (M).

O valor de IBUTG depende de duas ou três temperaturas do ambiente medidas com termômetros de montagem
específica. Quando a exposição ocorre com carga solar direta, três temperaturas estão envolvidas: a temperatura de bulbo
úmido natural, a temperatura de globo e a temperatura de bulbo seco. Quando não há carga solar direta, somente as
temperaturas de bulbo úmido natural e de globo são relevantes. A M está associada à intensidade física da atividade a ser
desenvolvida – quanto mais intensa for a atividade, maior será a M.

As NRs 9 e 15 tratam dos limites de exposição ao agente calor. A NR-9 foca na prevenção; e a NR-15, no adicional de
insalubridade. Ambas as normas utilizam os procedimentos de avaliação descritos na NHO-06 da Fundacentro (Fundação
Jorge Duprat e Figueiredo). A NHO-06 também apresenta limites de exposição ao agente calor com foco preventivo, mas é
tecnicamente mais completa que a NR.

A avaliação de calor contém algumas particularidades que a diferem de outras avaliações de agentes físicos e químicos.
O limite de exposição ao calor é um limite associado a uma exposição de 60 minutos contínuos, definida como hora crítica.
Assim, o período de avaliação está limitado a esse tempo. Mesmo com um limite fixo de tempo, eventualmente os 60 minutos
não precisam ser avaliados para se chegar a uma conclusão sobre a exposição na hora crítica.

Cálculos

Os cálculos envolvidos na avaliação estão limitados às operações matemáticas básicas e às médias aritmética e
ponderada. O cálculo de médias ponderadas somente deve ser realizado quando, durante a hora crítica, o trabalhador executa
atividades em que experimenta variações de IBUTG e/ou de M. Tais situações são as mais comuns no ambiente de trabalho, e
ambas (IBUTG e M), durante a hora crítica, são definidas como situações térmicas.

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O cálculo do IBUTG, para cada situação térmica, é realizado da seguinte forma:

Quando não ocorre exposição à carga solar direta

IBUTG: índice de bulbo úmido – termômetro de globo

tbn: temperatura de bulbo úmido natural

tg: temperatura de globo

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula três, vezes t g.

Quando ocorre exposição à carga solar direta

IBUTG: índice de bulbo úmido – termômetro de globo

tbn: temperatura de bulbo úmido natural

tg: temperatura de globo

tbs: temperatura de bulbo seco

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula dois, vezes t g, mais zero vírgula um, vezes t b s.

Essas temperaturas representam a média aritmética das temperaturas coletadas em cada situação térmica.

Exemplo 1
Suponha que, em um ambiente de trabalho com carga solar direta, as temperaturas de tbn, tg e tbs são, respectivamente,
24,1°C, 32,5°C e 27,6°C. Qual é o IBUTG da situação térmica citada?

Como o ambiente apresenta carga solar direta, deve-se levar em consideração a expressão de cálculo que inclui a
temperatura de bulbo seco:

IBUTG: índice de bulbo úmido – termômetro de globo

tbn: termômetro de bulbo úmido

tg: termômetro de globo

tbs: termômetro de bulbo seco

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula dois, vezes t g, mais zero vírgula um, vezes t b s.

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I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes vinte e quatro vírgula um, mais zero vírgula dois, vezes trinta e dois vírgula
cinco, mais zero vírgula um, vezes vinte e sete vírgula seis.

I B U T G é igual a dezesseis vírgula nove, mais seis vírgula cinco, mais dois vírgula oito.

I B U T G é igual a vinte e seis vírgula dois graus Celsius.

O valor da M de cada situação térmica é consultado em tabelas presentes nas NRs citadas ou na própria NHO-06,
conforme os objetivos da avaliação. Os valores são dados em watt (W), e, para encontrar o valor aproximado, as normas
relacionam determinadas atividades com as respectivas taxas metabólicas. Observe alguns valores de M utilizados pela NR-9:

Atividade M(W)

Trabalho leve com dois braços executado sentado 216

Trabalho moderado com dois braços realizado em pé 279

Transporte (carregamento) de uma carga de 10 kg no plano 333

Abertura de valas manualmente 524

Tabela 3 – Exemplo de taxas metabólicas de algumas atividades


Fonte: adaptado da NR-9.

Quando um trabalhador, ao longo da hora crítica, experimentar mais de uma situação térmica, isto é, não passar os 60
minutos no mesmo local realizando a mesma atividade ininterruptamente, deve ser avaliada cada uma das situações térmicas
envolvidas. Nessa avaliação, além do IBUTG e da M, deve-se conhecer o tempo em cada uma das situações. Conhecendo os
três parâmetros, então basta calcular os valores médios ponderados no tempo de IBUTG e M. Para diferenciar o IBUTG (ou a
M) de uma situação térmica dos valores ponderados, utiliza-se uma barra sobre eles: IBUTG e M

O cálculo dos valores ponderados é realizado por estas expressões:

Para o IBUTG médio ponderado

I B U T G barra é igual a I B U T G um, vezes t um, mais I B U T G dois, vezes t dois, mais I B U T G três, vezes t três.
Toda essa equação é dividida por sessenta.

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Para a M média ponderada

M barra é igual a M um, vezes t um, mais M dois, vezes t dois, mais M três, vezes t três. Toda essa equação é dividida por
sessenta.

Os valores de cada situação térmica são definidos pelos índices numéricos. Por exemplo, , e
representam o IBUTG, a M e o tempo na situação térmica 1, respectivamente. As situações térmicas envolvidas precisam
ocorrer sequencialmente, e a soma dos tempos envolvidos ( , , ,...) deve resultar exatamente em 60 minutos.

Exemplo 2
Suponha que, durante a hora crítica, o trabalhador está envolvido em duas situações térmicas e que os valores de
IBUTG, de M e de tempo em cada uma das atividades já são conhecidos. Uma das situações envolve carga solar direta; e
outra, não. A tabela a seguir apresenta os dados agrupados de ambas as situações térmicas:

Condição de
Temperaturas IBUTG M Tempo
exposição

tbn = 22,4°C
Situação térmica
23,8°C 216W 18 minutos
1: sem carga solar
tg = 26,9°C

tbn = 24,1°C
Situação térmica
tg = 32,5°C 26,2°C 279W 42 minutos
2: com carga solar
tbs = 27,6°C

Tabela 4 – Dados agrupados das duas situações térmicas

Sendo assim, podem-se calcular e , que equivalem ao período de 60 minutos:

I B U T G barra é igual a I B U T G um, vezes t um, mais I B U T G dois, vezes t dois. Toda essa equação é dividida por
sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e três vírgula oito, vezes dezoito, mais vinte e seis vírgula dois, vezes quarenta e dois. Toda
essa equação é dividida por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e cinco vírgula cinco graus Celsius.

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M barra é igual a M um, vezes t um, mais M dois, vezes t dois. Toda essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a duzentos e dezesseis, vezes dezoito, mais duzentos e setenta e nove, vezes quarenta e dois. Toda essa
equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a duzentos e sessenta vírgula 1 watt.

Então, no exemplo 2, a hora crítica como um todo será caracterizada por um IBUTG de 25,5ºC e por uma M de 260,1W.

A definição do tempo de cada situação térmica e dos valores das temperaturas que serão utilizadas no cálculo do IBUTG
será discutida no reconhecimento da atividade e no método de avaliação, respectivamente.

Equipamento

O equipamento utilizado para avaliar o IBUTG no ambiente de trabalho é composto por três termômetros, eletrônicos ou
convencionais, que têm montagens diferentes para avaliar as temperaturas de bulbo úmido natural, de globo e de bulbo seco.
Os equipamentos eletrônicos são os mais encontrados na prática profissional.

A figura 6 apresenta um modelo de equipamento com três estruturas distintas:

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Figura 6 – Equipamento para avaliação de IBUTG

1. A esfera preta é de cobre e oca, com diâmetro de seis polegadas. Dentro dela, está posicionado um termômetro
eletrônico. A esfera e o termômetro fornecem o valor da temperatura de globo.

2. O termômetro está coberto por um tecido de algodão com alta absorção de água. Mais abaixo, na parte preta, há um
reservatório de água destilada. A água está em contato com o tecido de algodão para mantê-lo constantemente umedecido,
fornecendo assim a temperatura de bulbo úmido natural.

3. O terceiro termômetro está protegido por um anteparo na cor preta, mas que permite a circulação de ar. O anteparo
protege o termômetro da radiação solar direta, permitindo assim fornecer a temperatura de bulbo seco.

Cada uma das temperaturas procura avaliar uma condição do ambiente:

Temperatura de globo

Avalia a carga radiante no ambiente de trabalho (relacionada à radiação infravermelha) e também a temperatura do ar.
Atividade realizada próxima a superfície aquecida, trabalhos com metal fundido, atividades de solda e atividades com
exposição ao sol são exemplos em que a carga radiante é substancial. A temperatura de globo normalmente é a maior das três
temperaturas avaliadas.

Temperatura de bulbo úmido natural

Avalia a umidade na forma de vapor d’água e a movimentação de ar no ambiente de trabalho. A principal forma de o
corpo reduzir a própria temperatura é através do suor. As glândulas sudoríparas secretam suor sobre a pele, e ele então
evapora e a resfria, auxiliando no processo de resfriamento do corpo. Quando o ambiente tem uma elevada quantidade de
umidade (ou quantidade de vapor d’água) e/ou o ar está estagnado, a troca térmica pelo processo de suor é dificultada, e,
consequentemente, a temperatura será maior. O termômetro de temperatura de bulbo úmido natural procura avaliar,
indiretamente, o processo de resfriamento pelo suor. A temperatura de bulbo úmido natural normalmente é a menor das três
temperaturas avaliadas.

Temperatura de bulbo seco

Avalia diretamente a temperatura do ar. É um parâmetro com baixo impacto na avaliação do IBUTG. Embora a
temperatura de bulbo seco não seja utilizada no cálculo quando não existe carga solar direta, o valor dela pode ser coletado
para subsidiar a definição de alguma medida complementar de controle. Esta temperatura normalmente está entre as outras
duas temperaturas.

Diferentemente da maioria dos equipamentos de avaliação quantitativa, o equipamento para avaliação de IBUTG não é
fixo no trabalhador. Utilizam-se um tripé para fixar o equipamento e água destilada para umedecer o pavio do termômetro de
bulbo úmido natural.

Reconhecimento

Antes de iniciar a avaliação de calor, devem ser identificados as atividades que estão envolvidas, a forma como elas são
executadas, a ordem cronológica delas, o tempo gasto em cada uma e as vestimentas utilizadas para realizá-las.

Com tais informações, pode-se identificar qualitativamente o número de situações térmicas e, eventualmente, definir a
hora crítica de exposição. Nem sempre a hora crítica é evidente, e várias avaliações devem ser realizadas a fim de determiná-
la. A discussão sobre a definição da hora crítica será tratada ao longo do texto.

O tempo envolvido em cada situação térmica é obtido por uma média de três medições realizadas em campo. O exemplo
3 demonstra a rotina de cálculo:

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Exemplo 3
Suponha que um trabalhador é responsável pela operação de uma caldeira a lenha. Durante a hora crítica, existem quatro
situações térmicas distintas:

Situação térmica 1: carregar o veículo de transporte com toras de eucalipto, com carga solar direta.

Situação térmica 2: conduzir o veículo até as proximidades da caldeira.

Situação térmica 3: descarregar as toras próximo à caldeira, na sombra.

Situação térmica 4: abrir a porta do forno e alimentar a caldeira.

Os resultados de três medições de tempo forneceram os seguintes dados:

Situação Cronometragem Cronometragem Cronometragem


térmica 1 2 3

1 31 minutos 32 minutos 30 minutos

2 8 minutos 8 minutos 9 minutos

3 17 minutos 16 minutos 18 minutos

4 4 minutos 4 minutos 3 minutos

Total 60 minutos 60 minutos 60 minutos

Tabela 5 – Dados dos resultados de três medições

Os cálculos dos tempos médios de cada situação térmica são:

Situação térmica 1 (T1):

T um é igual a trinta e um, mais trinta e dois, mais trinta. Toda essa equação é dividida por três.

T um é igual a trinta e um minutos.

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Situação térmica 2 (T2):

T dois é igual a oito, mais oito, mais nove. Toda essa equação é dividida por três.

T dois é igual a oito vírgula três minutos.

Situação térmica 3 (T3):

T três é igual a dezessete, mais dezesseis, mais dezoito. Toda essa equação é dividida por três.

T três é igual a dezessete minutos.

Situação térmica (T4):

T quatro é igual a quatro, mais quatro, mais três. Toda essa equação é dividida por três.

T quatro é igual a três vírgula sete minutos.

Os valores de tempo encontrados serão utilizados nos cálculos dos valores de e , assim como no exemplo 2.

As vestimentas utilizadas no ambiente de trabalho também devem ser avaliadas, pois elas podem representar uma
barreira para a troca térmica. Quando a vestimenta dificulta a troca térmica, uma correção sobre o IBUTG é necessária, no
sentido de aumentá-lo, e deve ser realizada após definir o IBUTG da situação térmica em análise. A NR-9 apresenta a tabela
de correção para algumas vestimentas:

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Adição ao
Tipo de roupa/vestimenta
IBUTG

Macacão de polipropileno SMS 0,5°C

Macacão de poliolefina 2,0°C

Vestimenta ou macacão forrado (tecido duplo) 3,0°C

Avental impermeável a vapor longo de manga 4,0°C

Macacão impermeável a vapor 10,0°C

Macacão impermeável a vapor sobreposto à roupa de trabalho 12,0°C

Vestimentas com capuz 1,0°C

Tabela 6 – Correção para vestimentas


Fonte: adaptado da NR-9.

Exemplo 4
Suponha que o IBUTG de determinada situação térmica é 23,8°C. Observe a seguir a correção a ser realizada no IBUTG
se o trabalhador utilizar:

a) Um macacão de poliolefina

I B U T G corrigido é igual a I B U T G mais correção macacão de poliolefina.

I B U T G corrigido é igual a vinte e três vírgula oito graus Celsius mais dois graus Celsius.

I B U T G corrigido é igual a vinte e cinco vírgula oito graus Celsius.

b) Um macacão forrado com capuz

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I B U T G corrigido é igual a I B U T G, mais correção macacão forrado, mais correção capuz.

I B U T G corrigido é igual a vinte e três vírgula oito graus Celsius, mais três graus Celsius, mais um grau Celsius.

I B U T G corrigido é igual a vinte e seis vírgula oito graus Celsius.

Método de avaliação

Com a definição do período de 60 minutos a ser avaliado e com a identificação do tempo em cada situação térmica, inicia-
se a avaliação de calor. Independentemente do número de situações térmicas envolvidas, o procedimento de avaliação não
muda. Contudo, todas as avaliações devem ocorrer dentro do período crítico.

Antes de iniciar a avaliação, o pavio do termômetro de bulbo úmido natural deve ser umedecido com água destilada, e o
reservatório abaixo desse termômetro precisa ser abastecido. Após, o equipamento é posicionado no local de trabalho, sobre o
tripé, obedecendo a duas condições:

1. O equipamento deva ficar posicionado na posição real de trabalho.

2. Os termômetros precisam estar posicionados na altura mais atingida do corpo do trabalhador. Caso não haja
como definir a altura, os termômetros devem ser posicionados na altura do tórax do trabalhador. Uma fita
métrica poderá ser útil para tal.

Depois de montar o equipamento no local de avaliação, deve-se ainda aguardar a estabilização térmica do conjunto.
Durante o período de estabilização, as leituras de temperatura não devem ser realizadas, pois não serão representativas. Além
disso, o equipamento não precisa estar ligado durante o período de estabilização.

A estabilização do conjunto pode levar até 25 minutos. Ao término dela, as leituras das temperaturas envolvidas devem
ser iniciadas e repetidas minuto a minuto, até que as cinco últimas leituras de cada temperatura ao mesmo tempo estejam
dentro de um intervalo de ±0,4ºC. Quando isso ocorrer, deve ser realizada a média de cada temperatura, e os valores
resultantes serão utilizados para o cálculo do IBUTG. O exemplo 5 demonstra a aplicação desse processo.

Para realizar o teste que define se o critério de ±0,4ºC é atendido, basta subtrair a maior leitura de temperatura da menor
leitura de temperatura, independentemente das posições delas dentro das últimas cinco leituras.

Exemplo 5
Um trabalhador executa a classificação de resíduos industriais que chegam a uma central de triagem. Os resíduos são
compostos por fardos de papelão e plástico. Em determinado momento da tarde, a separação dos produtos ocorre em uma
área com carga solar direta sobre o trabalhador e leva em média 12 minutos. Supondo que a situação descrita seja uma
situação térmica do período crítico (um período de 60 minutos) e inicie às 14h10 e termine às 14h22, quais seriam os desafios
iniciais para realizar uma avaliação?

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Estabilização e leituras: é inviável montar o conjunto de avaliação às 14h10, aguardar a estabilização e iniciar
as leituras, pois, se a estabilização demorasse a acontecer, o horário de 14h22 poderia ser ultrapassado sem
que um resultado fosse produzido. A solução, então, seria montar o conjunto antes das 14h10 (talvez às
13h45), de modo que às 14h10 ele já estivesse estável termicamente.

Temperaturas a serem avaliadas: como a atividade envolve carga solar direta, os três termômetros (bulbo
úmido natural, globo e bulbo seco) devem ser acompanhados. Se as leituras iniciarem às 14h10 e se, até as
14h22, as cinco últimas leituras de cada temperatura ao mesmo tempo não respeitarem o intervalo de ,
nenhuma conclusão sobre a situação térmica será obtida. A solução, então, seria realizar a avaliação do
período de 12 minutos novamente em outro dia.

Agora, suponha que o equipamento foi devidamente preparado e montado às 13h45 na posição de avaliação e
permaneceu desligado até as 14h09 para que a estabilização das temperaturas ocorresse. Às 14h10, a avaliação foi iniciada e
realizada até que os cinco últimos pontos atendessem ao critério de ±0,4ºC. Os resultados foram os seguintes:

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tbn tg tbs
# Horário Comentários
(°C) (°C) (°C)

Aguardando as cinco primeiras


1 14h10 27,9 52,0 39
leituras.

Aguardando as cinco primeiras


2 14h11 27,6 52,3 38,9
leituras.

Aguardando as cinco primeiras


3 14h12 27,4 52,4 38,9
leituras.

Aguardando as cinco primeiras


4 14h14 27,5 52,6 38,6
leituras.

Das leituras 1 até 5, apenas tbs


atende ao critério de ±0,4ºC.
5 14h15 27,4 52,5 38,7
Descarta-se a leitura 1 e procede-se
à leitura 6.

Das leituras 2 até 6, apenas


tbn e tg atendem ao critério de
6 14h16 27,4 52,5 38,3
±0,4ºC. Uma nova leitura é
realizada.

Das leituras 3 até 7, apenas


tbn e tg atendem ao critério de
7 14h17 27,4 52,7 38,6
±0,4ºC. Uma nova leitura é
realizada.

Das leituras 4 até 8, tbn, tg e


8 14h18 27,2 52,8 38,5 tbs atendem ao critério de ±0,4ºC.
As leituras podem ser encerradas.

Tabela 7 – Resultados e comentários de leituras

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Segundo a tabela, somente entre as leituras 4 e 8 todas as temperaturas atenderam ao critério de variação máxima de
±0,4ºC. Tal conclusão considerou estes pontos:

O valor de tbn variou entre 27,2°C e 27,5°C, o que resulta em um intervalo de 0,3°C.

O valor de tg variou entre 52,5°C e 52,8°C, o que resulta em um intervalo de 0,3°C.

O valor de tbs variou entre 38,3°C e 38,7°C, o que resulta em um intervalo de 0,4°C.

O próximo passo é calcular a média aritmética de cada uma das temperaturas entre as leituras 4 e 8:

T b n é igual a vinte e sete vírgula cinco, mais vinte e sete vírgula quatro, mais vinte e sete vírgula quatro, mais vinte e
sete vírgula dois. Toda essa equação é dividida por cinco.

T b n é igual a vinte e sete vírgula quatro graus Celsius.

T g é igual a cinquenta e dois vírgula seis, mais cinquenta e dois vírgula cinco, mais cinquenta e dois vírgula cinco, mais
cinquenta e dois vírgula sete, mais cinquenta e dois vírgula oito. Toda essa equação é dividida por cinco.

T g é igual a cinquenta e dois vírgula seis graus Celsius.

T b s é igual a trinta e oito vírgula seis, mais trinta e oito vírgula sete, mais trinta e oito vírgula três, mais trinta e oito
vírgula seis, mais trinta e oito vírgula cinco. Toda essa equação é dividida por cinco e resulta em trinta e oito vírgula cinco graus
Celsius.

Finalmente, o valor de IBUTG para a situação térmica em questão é calculado:

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula dois, vezes t g, mais zero vírgula um, vezes t b s.

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes vinte e sete vírgula quatro, mais zero vírgula dois, vezes cinquenta e dois
vírgula seis, mais zero vírgula um, vezes trinta e oito vírgula cinco.

I B U T G é igual a trinta e três vírgula seis graus Celsius.

O valor obtido para o IBUTG, resultado de cinco leituras, representa todo o tempo de 12 minutos da situação térmica.
Quando a avaliação dos demais 48 minutos for realizada, pode-se então calcular o valor de IBUTG.

Após analisar o exemplo 5, algumas perguntas podem surgir:

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O que fazer se ocorrerem variações significativas do IBUTG mesmo após a estabilização, como a variação que
ocorre na condução de um veículo sem ar-condicionado e com janelas abertas?

A NHO-06 indica que, nesse caso, a avaliação dos parâmetros necessários à determinação do IBUTG seja realizada pela
média de no mínimo 20 medições consecutivas de cada temperatura envolvida, em intervalos fixos de tempo. O capítulo 8.2 da
NHO-06 contém informações mais detalhadas.

O que fazer se não houver tempo para estabilizar o conjunto de termômetros e/ou se não houver tempo suficiente
para realizar cinco leituras que atendam ao critério de ±0,4ºC para as temperaturas de interesse, como quando um
trabalhador abre a porta de um forno para uma inspeção ou uma operação e a fecha logo em seguida?

A NHO-06 indica que, nesse caso, seja realizada uma simulação da situação térmica. Por exemplo, a porta do forno
poderia ser mantida aberta por mais tempo para que fosse possível estabilizar o conjunto e realizar as medições. O capítulo
8.2 da NHO-06 contém informações mais detalhadas.

Exemplo de avaliação de calor

Veja a seguir dois exemplos simples de avaliação de calor com foco nos cálculos e na interpretação dos resultados com
base na NR-9. Em ambos os exemplos, serão vistos os já conhecidos 60 minutos de exposição crítica, assim como os tempos
envolvidos em cada situação térmica.

Exemplo 6
Um trabalhador do ramo hoteleiro é responsável por higienizar utensílios na cozinha oriundos do restaurante do hotel. A
limpeza ocorre manualmente em uma pia ao lado do equipamento responsável por aquecer a água. Além disso, o trabalhador
também limpa o ambiente (cozinha) no restante do tempo. Após a etapa de reconhecimento, definiu-se que a hora crítica
envolve a atividade na pia, ao lado do equipamento que aquece a água. A higienização inicia às 12h e se estende até as 14h.
Portanto, para realizar a avaliação, a hora crítica a ser considerada é entre 12h30 e 13h30. Durante o intervalo de tempo, a
máquina de aquecimento de água está operando próximo ao seu limite. As considerações iniciais são:

O trabalhador permanece no mesmo local físico e executa a atividade ininterruptamente no período ao longo da
hora crítica. Então, existe apenas uma situação térmica nos 60 minutos.

Como existe somente uma situação térmica, o valor de IBUTG calculado e o valor da M definida serão os
próprios valores de IBUTG e M.

Como a atividade é realizada no interior da cozinha, a expressão utilizada para o cálculo do IBUTG é aquela
que envolve somente tbn e tg.

O valor de M para a atividade é 279 W, segundo o Anexo 3 do Quadro 3 da NR-9 (a atividade é realizada em pé
e envolve trabalho moderado com dois braços).

Antes de iniciar a avaliação, deve-se colocar água destilada no reservatório do termômetro de bulbo úmido
natural, posicionar os termômetros na altura do corpo mais atingida pelo calor, com o equipamento montado
sobre um tripé, e aguardar o período de estabilização.

O trabalhador não utiliza nenhuma vestimenta especial que justifique uma correção nos valores do IBUTG,
conforme Quadro 4 do Anexo 3 da NR-9.

O equipamento foi montado às 12h15 na posição de avaliação, e, às 12h35, verificou-se que a estabilização do conjunto
estava concluída. As leituras de temperatura, com início às 12h36, foram as seguintes:

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tbn tg
# Horário Comentários
(°C) (°C)

1 12h36 22,3 27,3 Aguardando as cinco primeiras leituras.

2 12h37 22,5 27,5 Aguardando as cinco primeiras leituras.

3 12h38 22,4 27,4 Aguardando as cinco primeiras leituras.

4 12h39 22,4 27,4 Aguardando as cinco primeiras leituras.

Ambas as temperaturas atenderam ao


5 12h40 22,3 27,4 critério de ±0,4ºC. Não são necessárias mais
leituras[1].

Tabela 8 – Resultados e comentários de leituras

[1] Em ambientes controlados ou sem a presença de interferências que impactem as temperaturas em análise, é normal
que o critério de ±0,4ºC seja atendido no início das leituras.

As leituras realizadas durante os cinco minutos e que atenderam ao critério de ±0,4ºC serão utilizadas para representar
todo o período de 60 minutos. Para definir os valores de tbn e tg que serão utilizados no cálculo do IBUTG, basta realizar a
média sobre as temperaturas:

T b n é igual a vinte e dois vírgula três, mais vinte e dois vírgula cinco, mais vinte e dois vírgula quatro, mais vinte e dois
vírgula quatro, mais vinte e dois vírgula três. Toda essa equação é dividida por cinco.

T b n é igual a vinte e dois vírgula quatro graus Celsius.

T g é igual a vinte e sete vírgula três, mais vinte e sete vírgula cinco, mais vinte e sete vírgula quatro, mais vinte e sete
vírgula quatro, mais vinte e sete vírgula quatro. Toda essa equação é dividida por cinco e resulta em vinte e sete vírgula quatro
graus Celsius.

O IBUTG é:

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula três, vezes t g.

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I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes vinte e dois vírgula quatro, mais zero vírgula três, vezes vinte e sete vírgula
quatro.

I B U T G é igual a vinte e três vírgula nove graus Celsius.

Sendo assim, a avaliação resultou em um IBUTG de 23,9°C e em uma M de 279 W. O próximo passo é comparar esses
valores com o nível de ação e com o limite de exposição ocupacional dados nos Quadros 1 e 2, respectivamente, do Anexo 3
da NR-9. A consulta sempre inicia pela procura do valor de M nos quadros citados. Caso não exista o valor exato, é utilizado o
valor imediatamente superior. Quando o valor de M estiver definido, compara-se o valor de IBUTG correspondente com o valor
de IBUTG avaliado. As tabelas a seguir são um trecho do Quadro 1 e do Quadro 2 do Anexo 3 da NR-9 com os valores mais
próximos da M de 279 W.

275 W 25,5°C

279 W 25,4°C

284 W 25,3°C

Tabela 9 – Valores do nível de ação para o calor


Fonte: adaptado da NR-9.

277 W 28,6°C

283 W 28,5°C

289 W 28,4°C

Tabela 10 – Valores do limite de exposição ocupacional ao calor


Fonte: adaptado da NR-9.

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Analisando as tabelas, o nível de ação é 25,4°C; e o limite de exposição, 28,5°C. O valor do limite de exposição utilizado
correspondeu ao valor de 283 W – valor imediatamente superior ao de 279 W, pois este último não existe na tabela. Como o
IBUTG da situação térmica foi 23,9°C, ele ficou abaixo do limite de exposição e do nível de ação.

Exemplo 7
Um trabalhador de uma empresa de produção de postes de concreto, que trabalha como auxiliar de produção, está
exposto a duas situações térmicas durante a hora crítica:

Situação térmica 1: o trabalhador prepara cargas de areia, cimento e brita no sistema de mistura de concreto.
A atividade é manual e realizada com o auxílio de um carro de mão, sem carga solar direta. O tempo médio
dessa atividade é 38 minutos. Ademais, a atividade apresenta uma M de 391 W (trabalho de empurrar carros de
mão, no mesmo plano, com carga).

Situação térmica 2: o trabalhador auxilia na passagem de cabos elétricos pelos eletrodutos dos postes de
concreto já curados, com a presença de carga solar direta. O tempo médio dessa atividade é 22 minutos.
Ademais, a atividade apresenta uma M de 279 W (trabalho moderado com dois braços realizado em pé).

Considere que os resultados finais para cada temperatura são estes fornecidos na tabela a seguir e que eles foram
obtidos seguindo o procedimento de estabilização do conjunto de termômetros e o atendimento ao critério de ±0,4°C.

Situação térmica 1 Situação térmica 2

tbn tg tbn tg tbs

24,3°C 28,6°C 25,1°C 41,8°C 33,1°C

Tabela 11 – Resultados finais das situações térmicas

O IBUTG para a situação térmica 1 é calculado da seguinte forma:

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula três, vezes t g.

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes vinte e quatro vírgula três, mais zero vírgula três, vezes vinte e oito vírgula
seis.

I B U T G é igual a vinte e cinco vírgula seis graus Celsius.

O IBUTG para a situação térmica 2 é calculado da seguinte forma:

I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes t b n, mais zero vírgula dois, vezes t g, mais zero vírgula um, vezes t b s.

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I B U T G é igual a zero vírgula sete, vezes vinte e cinco vírgula um, mais zero vírgula dois, vezes quarenta e um vírgula
oito, mais zero vírgula um, vezes trinta e três vírgula um.

I B U T G é igual a vinte e nove vírgula dois graus Celsius.

Com os valores de IBUTG em cada situação térmica calculados e conhecendo os valores da M, podem-se calcular os
valores ponderados de ambos os parâmetros:

I B U T G barra é igual a I B U T G um, vezes t um, mais I B U T G dois, vezes t dois. Toda essa equação é dividida por
sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e cinco vírgula seis, vezes trinta e oito, mais vinte e nove vírgula dois, vezes vinte e dois.
Toda essa equação é dividida por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e seis vírgula nove graus Celsius.

M barra é igual a M um, vezes t um, mais M dois, vezes t dois. Toda essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a trezentos e noventa e um, vezes trinta e oito, mais duzentos e setenta e nove, vezes vinte e dois. Toda
essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a trezentos e quarenta e nove vírgula nove watts.

Portanto, sabe-se agora o valor de (349,9 W) que será utilizado para consultar os Quadros 1 e 2 do Anexo 3 da NR-9. As
tabelas a seguir apresentam os valores próximos a 349,9 W:

345 W 24,1°C

351 W 24,0°C

357 W 23,9°C

Tabela 12 – Valores do nível de ação para o calor


Fonte: adaptado da NR-9.

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346 W 27,5°C

353 W 27,4°C

360 W 27,3°C

Tabela 13 – Valores do limite de exposição ocupacional ao calor


Fonte: adaptado da NR-9.

Ao analisar as tabelas, o nível de ação é 24,0°C (351 W); e o limite de exposição ocupacional, 27,4°C (353 W). Nesse
caso, o valor de IBUTG medido (26,9°C) supera o nível de ação, mas não o limite de exposição. Assim, medidas preventivas
devem ser adotadas.

Definição da hora crítica

Para a avaliação de calor, nem sempre é possível definir a hora crítica diretamente após reconhecer as atividades
desenvolvidas e definir as situações térmicas. Por exemplo, pode-se determinar que a hora crítica, qualitativamente, está
dentro de um período de duas ou três horas.

Definida a janela de tempo em que a hora crítica deve estar presente, as avaliações de todas as situações térmicas
envolvidas definirão o período corrido de 60 minutos dentro do intervalo de tempo que mais representa a hora crítica.
Eventualmente, pode haver a necessidade de avaliar toda a jornada de trabalho, mas, ao fim, o interesse recai sobre os 60
minutos mencionados, conforme ilustra o exemplo 8.

“Hora crítica” é uma expressão definida na NHO-06 e, apesar do nome, apenas indica que, no intervalo de tempo de 60
minutos, a exposição é mais intensa, sem que necessariamente os limites de exposição sejam ultrapassados. A dificuldade de
definir a hora crítica reside na base do método utilizado. A sobrecarga térmica não é um problema isolado do IBUTG ou da M,
mas de uma combinação de ambos. Assim, uma situação com baixo IBUTG pode oferecer certo risco se o valor da M for
elevado, e vice-versa.

Quando a avaliação é realizada preventivamente, o profissional de segurança do trabalho deve verificar se, ao longo da
jornada, ocorrem vários períodos em que o nível de ação e o limite de tolerância são excedidos. Tais situações devem ser alvo
de controle. O esforço empregado no reconhecimento e na correta condução das avaliações é fundamental para identificar
situações de risco.

Exemplo 8
Considere uma exposição ao calor de determinado trabalhador. O intervalo de tempo em que a hora crítica deve ocorrer
já é conhecido: inicia às 13h10 e acaba às 15h07, e, nele, ocorrem quatro situações térmicas distintas. O objetivo é identificar o
período de 60 minutos contínuos dentro desse intervalo de tempo que representa a hora crítica. O tempo, o IBUTG e a M em
cada situação térmica já foram estabelecidos e são os seguintes:

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Situação Tempo
Período IBUTG[1] M[2]
térmica médio

40 234
1 13h10 – 13h50 27°C
minutos W

15 603
2 13h50 – 14h05 22°C
minutos W

12 261
3 14h05 – 14h17 19°C
minutos W

50 126
4 14h17 – 15h07 29°C
minutos W

Tabela 14 – Tempo, IBUTG e M para cada situação térmica

[1] O valor de IBUTG para cada situação térmica foi obtido seguindo o procedimento de estabilização do conjunto de
termômetros e o atendimento ao critério de ±0,4°C.

[2] O valor da M para cada situação térmica foi extraído das tabelas da NR-9.

Para a análise da hora crítica, serão consideradas as tabelas do nível de ação e do limite de exposição ocupacional
contidas na NR-9. O primeiro passo é agrupar todas as possibilidades de 60 minutos contínuos possíveis. Cada um desses
períodos será definido como uma condição, e cada condição inicia ou termina em uma situação térmica e avança até que se
completem 60 minutos. A tabela a seguir apresenta todas as condições possíveis:

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Tempo de
Situações Período
cada situação IBUTG M
Condição térmicas de 60
térmica (°C) (W)
envolvidas minutos
envolvida

1 40 minutos 27 234

13h10 –
1 2 15 minutos 22 603
14h10

3 5 minutos 19 261

2 15 minutos 22 603

13h50 –
2 3 12 minutos 19 261
14h50

4 33 minutos 29 126

3 12 minutos 19 261
14h05 –
3
15h05
4 48 minutos 29 126

4 50 minutos 29 126
14h07 –
4
15h07
3 10 minutos 19 261

5 3 12 minutos 13h17 – 19 261


14h17

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2 15 minutos 22 603

1 33 minutos 27 234

Tabela 15 – Condições possíveis

Analisando a tabela, todas as condições de exposição são compostas por duas ou três situações térmicas. Assim, os
valores médios ponderados de IBUTG e de M devem ser calculados:

I B U T G barra é igual a I B U T G um, vezes t um, mais I B U T G dois, vezes t dois, mais I B U T G três, vezes t três.
Toda essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a M um, vezes t um, mais M dois, vezes t dois, mais M três, vezes t três. Toda essa equação é dividida por
sessenta.

Para a condição 1:

I B U T G barra é igual a vinte e sete, vezes quarenta, mais vinte e dois, vezes quinze, mais dezenove, vezes cinco. Toda
essa equação é dividida por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e cinco vírgula um graus Celsius.

M barra é igual a duzentos e trinta e quatro, vezes quarenta, mais seiscentos e três, vezes quinze, mais duzentos e
sessenta e um, vezes cinco. Toda essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a trezentos e vinte e oito vírgula cinco watts.

Para a condição 2:

I B U T G barra é igual a vinte e dois, vezes quinze, mais dezenove, vezes doze, mais vinte e nove, vezes trinta e três.
Toda essa equação é dividida por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e cinco vírgula dois graus celsius.

M barra é igual a seiscentos e três, vezes quinze, mais duzentos e sessenta e um, vezes doze, mais cento e vinte seis,
vezes trinta e três. Toda essa equação é dividida por sessenta e resulta em duzentos e setenta e dois vírgula dois watts.

M barra é igual a duzentos e setenta e dois vírgula dois watts.

Para a condição 3:

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I B U T G barra é igual a dezenove, vezes doze, mais vinte e nove, vezes quarenta e oito. Toda essa equação é dividida
por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e sete vírgula zero graus Celsius.

M barra é igual a duzentos e sessenta e um, vezes doze, mais cento e vinte e seis, vezes quarenta e oito. Toda essa
equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a cento e cinquenta e três watts.

Para a condição 4:

I B U T G barra é igual a vinte e nove, vezes cinquenta, mais dezenove, vezes dez. Toda essa equação é dividida por
sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e sete vírgula três graus Celsius.

M barra é igual a cento e vinte e seis, vezes cinquenta, mais duzentos e sessenta e um, vezes dez. Toda essa equação é
dividida por sessenta.

barra é igual a cento e quarenta e oito vírgula cinco watts.

Para a condição 5:

I B U T G barra é igual a dezenove, vezes doze, mais vinte e dois, vezes quinze, mais vinte e sete, vezes trinta e três.
Toda essa equação é dividida por sessenta.

I B U T G barra é igual a vinte e quatro vírgula dois graus Celsius.

M barra é igual a duzentos e sessenta e um, vezes doze, mais seiscentos e três, vezes quinze, mais duzentos e trinta e
quatro, vezes trinta e três. Toda essa equação é dividida por sessenta.

M barra é igual a trezentos e trinta e um vírgula sete watts.

A tabela a seguir demonstra os dados agrupados de cada condição e a comparação entre o nível de ação e o limite de
tolerância estabelecidos na NR-9.

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Limite de
Avaliação Nível de ação
exposição

Condição Conclusão
M M
M IBUTG IBUTG IBUTG
(W) de (W) de
(W) (°C) (°C) (°C)
referência referência

Abaixo do
1 328,5 25,1 329 24,4 332 27,7
LT

2 272,2 25,2 275 25,5

3 153,0 27,0 155 29,0 Todos os valores da avaliação estão


abaixo do nível de ação, não havendo
necessidade de compará-los com o limite
4 148,5 27,3 150 29,2 de tolerância.

5 331,7 24,2 334 24,3

Tabela 16 – Dados para cada condição e comparação entre nível de ação e limite de exposição

Com base nos dados da tabela, fica claro que a hora crítica inicia às 13h10 e acaba às 14h10, sendo composta por três
situações térmicas distintas. Ainda, nesse período, o valor de não ultrapassa o limite de exposição estabelecido no Quadro 2
da NR-9.

Número de avaliações

Não existe um padrão para o número de avaliações de calor para caracterizar uma exposição, tal como ocorre nas
avaliações de ruído ou de agentes químicos. Porém, alguns pontos podem auxiliar a garantir certa confiabilidade aos
resultados:

Quando a avaliação de calor apresenta um resultado que excede o limite de exposição, então a conclusão já é
obtida com apenas uma análise, e medidas de controle devem ser adotadas.

A NHO apresenta uma faixa de incertezas para o valor de IBUTG, se o valor obtido do IBUTG, que deve ser
menor que o limite de exposição para não violar a condição anterior, estiver na faixa de incerteza, há uma
probabilidade de que o limite seja excedido em outros dias de trabalho. Então, medidas de controle devem ser
adotadas.

Se a atividade apresentar variações sazonais de temperatura, devem ser avaliadas as diferentes condições de
exposição, a fim de verificar se os limites são excedidos em alguns momentos.

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Radiação ionizante
A radiação ionizante está presente, por exemplo, em setores de medicina nuclear, nestes locais é preciso ter cuidado com
a exposição do paciente, do trabalhador e do ambiente para este tipo de agente. Em um hospital, o equipamento de Raio X
emite a radiação ionizante, caso o funcionário, que durante todo o dia está exposto a radiação, não esteja protegido, ele
poderá rapidamente desenvolver algumas doenças, o câncer é um exemplo.

Aplicação da NHO-05 para radiação ionizante

Para identificar a exposição ao agente causador de risco, é possível realizar uma medição da radiação com o uso do
dosímetro de radiação. Este aparelho identificará a radiação a qual o funcionário recebe ao longo da jornada de trabalho.
Também pode ser medida a presença do agente na sala de raio x, para verificação da radiação no ambiente. Desta forma o
monitoramento da radiação ionizante ocorre de forma individual, realizado nos trabalhadores; e de forma ambiental, realizado
no ambiente.

Monitoramento individual

O monitoramento individual dos trabalhadores deve ser realizado baseando-se na Portaria 453/98 do Ministério da
Saúde. Esta Portaria traz as informações necessárias para a realização da dosimetria radiológica e para a coletar das
informações de exposição do funcionário à radiação ionizante.

Todos os trabalhadores que realizam atividades em que há a exposição à radiação devem utilizar um dosímetro de
radiação. A coleta é feita mensalmente e de forma contínua, ou seja, o funcionário recebe o dosímetro, utiliza o aparelho
durante toda a jornada de trabalho e em um período de 30 dias. Assim que este período estiver perto de terminar, o funcionário
recebe outro dosímetro para utilizar e dar continuidade ao monitoramento do agente.

É importante ressaltar que o funcionário deve deixar o seu dosímetro na instituição e em local protegido, com condições
ambientais controladas e longe da radiação. Há hospitais que utilizam a prática de colocar uma sala com mural de
armazenamento de dosímetro, a qual o funcionário deve se dirigir na entrada da atividade de trabalho, o responsável pelo setor
protocola a retirada do dosímetro, registrando a data e o horário de retirada. Na saída é feito o mesmo procedimento.

Existem várias formas de apresentação do dosímetro, a forma utilizada pelo trabalhador dependerá da atividade realizada
com a presença de radiação. Caso o trabalhador realize tarefas em que manipule o elemento radioativo, o dosímetro utilizado
estará em formato de pulseira ou anel para ficar mais próximo da fonte de exposição. Outra forma de apresentação do
dosímetro, a que encontraremos em funcionários que realizam exames de Raio X, é um dispositivo que será fixado no peito do
funcionário, como se fosse um crachá. Veja abaixo estas três formas de apresentação do dosímetro:

Figura 7 - Dosímetro em formato de pulseira


Fonte: Disponível em: <http://www.proxtronicscr.com/inicio/img/image012.jpg>. Acesso em: 04 fev. 2017.

Dosímetro de radiação, localizado no punho de uma pessoa.

Figura 8 - Dosímetro em formato de anel


Fonte: <http://www.dosimet.cl/dinamicos/contenidos/anillo%202.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2017.

Dosímetro de radiação, localizado no dedo anelar de uma pessoa.

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Figura 9 – Dosímetro em formato de crachá


Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-Pzp0TXN-mFQ/Tfqvrp1KjtI/AAAAAAAAAOU/EjSrfJcgLzE/s1600/Detec3.JPG>. Acesso em: 4
fev. 2017.

Dois dosímetros de radiação com prendedor para fixar na roupa.

Monitoramento ambiental

O monitoramento da radiação ionizante presente no ambiente é realizado baseando-se na NHO-05, que traz o
procedimento técnico de avaliação da exposição ocupacional aos raios x nos serviços de radiologia. Destacamos que é
importante ler o título 4 da norma, para compreender a definição de termos técnicos relacionados a este agente causador de
risco. Antes de ler o procedimento de coleta, conheça as peças de um equipamento de Raio x, para compreender como
ocorrerá a medição.

Figura 10 – Equipamento de raios X


Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-tHlBCUeMhSs/UzSQhvZo1HI/AAAAAAAAAMc/x3_cegC-Dr8/s1600/Tubo+de+Raio+x..+.jpg>.
Acesso em: 4 fev. 2017.

Equipamento de Raio x, com a mesa de exames indicando partes importantes do equipamento, como: o tubo de Raio X,
que tem o formato cilíndrico e fica localizado na parte superior do equipamento; o cabeçote, que possui um formato cúbico e
fica anexado abaixo do tubo de Raio X; o colimador, que possui o formato quadrado e está posicionado na superfície inferior do
cabeçote, e o campo de radiação, que é a projeção do cabeçote em formato luminosos e serve para identificar, na superfície de
disparo do raio, o local que ele irá atingir.

Para realizar a medição da radiação, serão utilizados: um eletrômetro, uma placa de chumbo, uma trena e uma fantoma
de acrílico (objeto utilizado para simular as características de absorção do raio x pelo corpo humano) ou água. Lembrando que
estes materiais devem estar dentro das especificações da NHO-05.

Veja a seguir os procedimentos para medição:

Passo 1

Antes de iniciar a medição, é necessário elaborar um instrumento de coleta, como uma planilha, por exemplo, para
coletar as seguintes informações:

Identificação do equipamento

Identificação do tubo de Raio X

Finalidade do equipamento

Sistema de colimação

Filtração total permanente do feixe útil

Parâmetro máximo de utilização de rotina

Número médio de filmes utilizados por paciente

Número de dias de funcionamento por semana

Número médio de pacientes atendidos por semana

Tempo de permanência dos profissionais no serviço

Passo 2

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Com a planilha e os materiais em mãos, o próximo passo é elaborar o croqui do local em que a medição será realizada.
Para esta ação, faz-se necessário utilizar a trena para medir o ambiente e o tamanho de equipamentos, com o objetivo de
elaborar um relatório com as informações reais do ambiente em que as informações foram coletadas. O croqui deve conter no
mínimo o dimensionamento da sala; a posição do equipamento de Raio X, do painel de controle, dos visores, da mesa de
exames e estativa e também deve identificar: portas, janelas, passador de filmes e áreas adjacentes.

Passo 3

Com o croqui elaborado, insira a informação do local em que serão realizadas as medições, devendo no mínimo conter
as medições em direção ao centro do feixe de radiação e nas barreiras de proteção. Lembre-se de identificar, na legenda do
croqui, as informações contidas no desenho, como equipamentos e tipo de barreira usada no setor.

Passo 4

A partir do momento que os pontos de medição foram definidos, deve-se iniciar as medições. Com o eletrômetro
regulado dentro dos parâmetros do título 5 da NHO-05 coloque o aparelho em uma altura de 1,30 m do chão e a uma distância
de 0,30 m do equipamento de Raio x ou da barreira, dependendo do foco de medição. Há três tipos de informação que devem
ser coletadas, são elas:

Radiação primária

Radiação recebida diretamente.

Coleta: com o eletrômetro posicionado, direcione o colimador para a mesa de exame sem o fantoma. Abra o colimador,
para obter o maior campo possível de radiação. Realize a medição e anote o resultado na planilha.

Radiação secundária

Aquela recebida como energia resultante da radiação primária, ou seja, quando o paciente está na mesa de exame e
recebe a radiação primária, se houver alguma pessoa ajudando a posicionar o paciente ou apenas estiver na sala, ela receberá
a radiação secundária, pois o raio chegará no paciente e se espalhará pela sala atingindo a outra pessoa.

Coleta: coloque o fantoma na mesa de exame e dentro do campo de radiação. Abra o colimador para ter o maior campo
possível de radiação. Realize a medição e anote o resultado na planilha.

Radiação de fuga

É o raio que não seguiu a direção do feixe e atravessou o cabeçote ou colimador se dissipando antes de chegar no alvo.
A direção do equipamento vai depender de qual das informações estão sendo coletadas no momento.

Coleta: feche o máximo possível do colimador, para obter o menor campo possível de radiação. Bloqueie o colimador
com a placa de chumbo, para evitar a saída de radiação. Realize 6 medições ao redor do cabeçote, a um raio de 1 metro do
centro do cabeçote. Realize a medição e anote o resultado na planilha.

Passo 5

Após concluir as avaliações, um relatório com alguns itens básicos, segundo a NHO-05, precisa ser elaborado. Os itens
são estes:

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Identificação do estabelecimento

Características do instrumento de medida

Procedimentos de medidas utilizados

Características técnicas do equipamento de raios X

Croqui da sala

Cálculo da carga de trabalho

Resultados do levantamento radiométrico e dos níveis de radiação de fuga em termos de taxa de dose
equivalente (mSv/h)

Classificação das áreas

Limites de dose equivalente

Interpretação dos resultados

Recomendações

Os anexos são os seguintes:

Cópia do certificado de calibração do monitor de radiação

Cópia da curva de dependência energética do monitor de radiação

Cópia de parte do manual do monitor de radiação que indique adequação dele para medidas de raios X

Avaliação de vibrações de corpo inteiro e de vibração


de mãos e braços

A vibração é considerada um movimento em que um corpo oscila e produz forças desequilibradas de componentes de
movimento rotativo ou alternativo em maquinários ou equipamentos.

Cabe ressaltar que, no contexto da higiene ocupacional, existem duas vibrações que são consideradas na avaliação da
exposição dos trabalhadores à vibração: vibração de corpo inteiro e vibração de mãos e braços. A Fundacentro contém
duas NHOs para avaliar os dois tipos característicos de vibração: NHO-09 e NHO-10.

Procedimento de avaliação de vibrações de corpo inteiro


Procedimento de avaliação de vibrações de corpo inteiro

Para realizar a avaliação de vibrações de corpo inteiro, devem ser obtidas informações técnicas com relação a veículos,
maquinário e outros equipamentos que serão avaliados no estudo. Esse cuidado é de suma importância, pois visa à melhor
identificação dos grupos homogêneos de exposição (GHE) e à definição dos trabalhadores que devem ser avaliados e dos
critérios utilizados.

Se ainda assim, após essa etapa, houver dúvida sobre quais são os trabalhadores que devem ser avaliados, a avaliação
então deve ser aplicada em todos os trabalhadores, para que assim a amostragem da avaliação represente realmente a
exposição deles.

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As vibrações de corpo inteiro são aquelas em que os trabalhadores estão em contato com uma máquina ou um
equipamento que contém como característica a ocorrência de movimentos oscilatórios do corpo sobre o ponto de equilíbrio.
Tais máquinas ou equipamentos geralmente são operados por trabalhadores que executam suas atividades sentados.

A figura a seguir demonstra uma máquina com características de emissão de vibrações. O operador executa suas
atividades sentado.

Figura 11 – Retroescavadeira
Fonte: <http://www.variemaq.com.br/maquinas-e-equipamentos/locacao-linha-pesada/locacao-de-retroescavadeira/>. Acesso
em: 4 mar. 2020.

Previamente à medição de vibrações ocupacionais de corpo inteiro, deve ser realizada uma análise qualitativa minuciosa,
levando em consideração alguns itens:

Características das máquinas

Tipos de assentos e suspensões

Pavimentos onde o operador costuma trabalhar com a máquina

Tempo de execução das atividades

Qualquer outro fator ligado às características distintas de cada trabalhador

Ao realizar essa análise qualitativa prévia, mesmo que seja a mesma máquina, o mesmo processo ou a mesma empresa,
pode haver diferentes tipos de exposição a vibrações de corpo inteiro. Por períodos do dia, o operador pode trabalhar em
diferentes máquinas ou somente na mesma.

Portanto, antes de começar a medir, deve-se compreender e conhecer a realidade da rotina do funcionário a ser avaliado.
Segundo a NHO-09, a expressão técnica para esse tipo de análise é “identificação de componentes de exposição”.

Exemplo prático

Um trabalhador tem uma carga horária de oito horas e 48 minutos e, para cumprir suas atividades com êxito, utiliza vários
equipamentos. Dois deles são:

Retroescavadeira

Figura 12 – Retroescavadeira
Fonte: <https://www.mfrural.com.br/detalhe/320363/retroescavadeira-416e>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Rolo compactador vibratório

Figura 13 – Rolo compactador vibratório


Fonte: <http://www.satel.com.br/aluguel/rolo-compactador-vibratorio-muller-vap70ii/>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Geralmente, o trabalhador executa ciclos de repetições ao utilizar a retroescavadeira. Sendo assim, durante oito
repetições da utilização da máquina, cada repetição dura, normalmente, cinco minutos. Após, o operador desliga a máquina e
permanece sentado nela, aguardando, por um período de em média seis minutos, a próxima atividade iniciar novamente.

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Como próxima tarefa, o trabalhador passa a operar o rolo compactador, por seis vezes repetidas. Cada tempo tem, em
média, sete minutos. Então, o trabalhador, no período da manhã, repete por três vezes o ciclo de utilização da retroescavadeira
(ou seja, 3 x 8 repetições de uso da máquina), e, entre cada ciclo, aguarda um período, além de mais um ciclo de utilização do
rolo compactador (ou seja, 1 x 6 repetições de uso da máquina).

Durante a tarde, as tarefas do trabalhador são diferentes. Ele opera um equipamento denominado de britador, o qual
conta com uma plataforma em que o funcionário permanece nela durante a execução da tarefa por cerca de 46 minutos. Nesse
período, o trabalhador está exposto à vibração.

Figura 14 – Britador
Fonte: <https://www.tracktoor.com.br/equipamento-britador-macapa-amapa/index.html>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Após, o trabalhador executa outras atividades que não o expõem a vibrações. Essas atividades são realizadas fora da
plataforma acoplada do britador e duram em torno de 20 minutos. Então, durante o período da tarde, o trabalhador realiza esse
ciclo por quatro vezes.

O exemplo citado expõe três diferentes tipos de exposição à vibração: na retroescavadeira, no compactador e no britador.
Dessa forma, somente devem ser avaliadas as atividades em que o operador está exposto à vibração.

Para realizar a avaliação de vibrações ocupacionais de corpo inteiro, deve-se ter um equipamento de medição capaz de
determinar a aceleração resultante de exposição normalizada (aren) e o valor da dose de vibração resultante (VDVR).

Observe a seguir um exemplo de acelerômetro de assento, utilizado para medir a vibração a que o trabalhador está
exposto.

Figura 15 – Acelerômetro de assento


Fonte: <https://www.01db.com/pt-br/nossas-solucoes/produtos-e-servicos/dosimetro-de-vibracao/>. Acesso em: 4 mar. 2020.

O monitoramento da vibração a que o trabalhador está exposto deve ser feito de acordo com as três direções de um
sistema de coordenadas ortogonais simultaneamente. Para tanto, é utilizado um acelerômetro triaxial.

Observe na imagem a seguir o acelerômetro triaxial posicionado no assento e a representação das coordenadas
ortogonais.

Figura 16 – Acelerômetro de assento


Fonte: <https://www.01db.com/pt-br/nossas-solucoes/produtos-e-servicos/dosimetro-de-vibracao/>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Em algumas situações, as atividades são realizadas em pé, sendo necessário, assim, que o equipamento seja
posicionado no piso do local, prezando sempre para que a avaliação não interfira na rotina de trabalho do trabalhador e
represente fielmente a exposição. Observe as direções dos eixos:

Figura 17 – Direção dos eixos


Fonte:
<http://www.relacre.pt/assets/relacreassets/files/commissionsandpublications/GuiaRELACRE%2023_Boas%20pr%C3%A1ticas%
Acesso em: 4 mar. 2020.

Calibração

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Para calibrar os medidores de vibrações, devem ser observados os parâmetros definidos pela ISO 8041. Inclusive, cabe
ressaltar que tanto os calibradores quanto os acelerômetros devem passar por calibração periódica por laboratórios
acreditados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Parâmetros para tomada de decisão

A tabela a seguir apresenta os valores de referência para a tomada de decisão com relação à aren ou ao VDVR, após a
realização das medições.

Consideração Atuação
aren (m/s²) VDVR (m/)
técnica recomendada

No mínimo,
0 a 0,5 0 a 9,1 Aceitável manutenção da
condição existente

No mínimo,
Acima do nível de
> 0,5 a < 0,9 > 9,1 a < 16,4 adoção de medidas
ação
preventivas

Adoção de
medidas preventivas e
Região de
0,9 a 1,1 16,4 a 21 corretivas visando à
incerteza
redução da exposição
diária

Acima do limite de Adoção imediata


Acima de 1,1 Acima de 21
exposição de medidas corretivas

Tabela 17 – Critérios para tomada de decisões


Fonte: adaptado da NHO-09 (2013).

Relatório

Após realizar as medições de vibrações de corpo inteiro, é necessário emitir um relatório contendo algumas informações
básicas de acordo com a NHO-09:

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Introdução, incluindo objetivos do trabalho, justificativa e datas ou períodos em que foram desenvolvidas as
avaliações

Critério de avaliação adotado

Instrumental e acessórios utilizados e registro dos certificados de calibração

Metodologia de avaliação com base nas premissas apresentadas na NHO-09

Descrição dos ambientes de trabalho, dos processos, das operações e das condições de exposição avaliadas

Descrição detalhada das características das máquinas ou dos veículos de trabalho (marca, tipo, modelo,
potência, ano de fabricação e condições de manutenção)

Dados obtidos

Interpretação dos resultados

Informações complementares em decorrência de circunstâncias específicas que envolveram o estudo realizado

Procedimento de avaliação de vibração de mãos e braços


Procedimento de avaliação de vibração de mãos e braços

Assim como no procedimento de avaliação de vibrações de corpo inteiro, para realizar a avaliação de vibração localizada,
devem ser obtidas informações técnicas com relação a veículos, maquinário e outros equipamentos que serão avaliados no
estudo. Esse cuidado é de suma importância, pois visa à melhor identificação dos GHE e à definição dos trabalhadores que
devem ser avaliados e dos critérios utilizados.

Se ainda assim, após essa etapa, houver dúvida sobre quais são os trabalhadores que devem ser avaliados, a avaliação
então deve ser aplicada em todos os trabalhadores, para que assim a amostragem da avaliação represente realmente a
exposição deles.

Compreender as diferentes exposições a vibrações para as quais o trabalhador pode estar exposto durante a jornada de
trabalho também é fundamental para avaliar a vibração de mãos e braços. Lembre-se de que o nome técnico para essa
situação é “identificação de componentes de exposição”.

Exemplo prático

Um trabalhador executa, na parte da manhã, um serviço de desbaste de peças metálicas utilizando uma lixadeira manual.
Em média, a tarefa dura cerca de 12 minutos, e a troca de uma peça pronta e desbastada por uma nova a ser trabalhada dura
em média três minutos.

Observe na imagem a seguir uma lixadeira manual elétrica:

Figura 18 – Lixadeira manual elétrica


Fonte: <https://www.magazineluiza.com.br/lixadeira-angular-7-pol-gws-22u 2-200w-bosch/p/6612249/fs/liel/?
&=&1=1&seller_id=palaciodasferramentas=&partner_id=31260&gclid=CjwKCAiA44LzBRB-EiwA-
jJipKPz5DYtsESpyYvZFAvM6JkxW9NUKGAYBS91kE0jeBosHyDYllTDLRoCaywQAvD_BwE>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Durante a tarde, o mesmo trabalhador realiza a atividade de polir peças com uma lixadeira manual elétrica. Em média, o
tempo para polir cada peça trabalhada é de 27 minutos, e a troca de uma peça já pronta por uma nova a ser trabalhada dura
em média três minutos.

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Figura 19 – Lixadeira manual elétrica


Fonte: <https://www.magazineluiza.com.br/politriz-angular-7-1400-watts-com-velocidade-variavel-gpo-14ce-bosch-
220v/p/7358907/fs/poli/?&=&1=1&seller_id=dutramaquinas=&partner_id=31260&gclid=CjwKCAiA44LzBRB-EiwA-
jJipFWkP9KskmqPEVgpd3lEai63Qz0dH8TH_Xvfv75XzoYAEHx05XpowBoCdR4QAvD_BwE>. Acesso em: 4 mar. 2020.

O exemplo citado demonstra que existem, no caso, duas componentes de exposição: o momento em que o trabalhador
desbasta as peças; e os períodos em que o trabalhador realiza o polimento das peças.

Utilização do acelerômetro

A vibração que chega até as mãos do trabalhador deve ser avaliada nas três direções do sistema ortogonal de
coordenadas, seguindo o exemplo desta imagem:

Figura 20 – Eixos a serem avaliados


Fonte: Relacre (2014).

Figura 21 – Acelerômetro
Fonte: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1119688541-medidor-vibraco-ocupacional-acelermetro-vibrate-calibrado-
_JM?quantity=1>. Acesso em: 4 mar. 2020.

As imagens a seguir apresentam algumas das diferentes formas possíveis de utilizar o acelerômetro na avaliação
localizada de vibração:

Figura 22 – Acelerômetro triaxial para medição de vibrações em ferramenta rotativa manual


Fonte: <http://www.sea-acustica.es/fileadmin/Coimbra08/id250.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2020.

Figura 23 – Adaptador para mão


Fonte:
<http://www.fundacentro.gov.br/Arquivos/sis/EventoPortal/AnexoPalestraEvento/Apres%20VMB%20VCI%20SNCT_%20Irlon.pdf
Acesso em: 4 mar. 2020.

Calibração

Para calibrar os medidores de vibrações, devem ser observados os parâmetros definidos pela ISO 8041. Inclusive, tanto
os calibradores quanto os acelerômetros devem passar por calibração periódica por laboratórios acreditados pelo Inmetro.

Parâmetros para tomada de decisão

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aren (m/s²) Consideração técnica Atuação recomendada

No mínimo, manutenção da
0 a 2,5 Aceitável
condição existente

No mínimo, adoção de
> 2,5 a < 3,5 Acima do nível de ação
medidas preventivas

Adoção de medidas
3,5 a 5,0 Região de incerteza preventivas e corretivas visando à
redução da exposição diária

Acima do limite de Adoção imediata de medidas


Acima de 5
exposição corretivas

Tabela 18 – Critérios para tomada de decisões


Fonte: adaptado da NHO-10.

Relatório

Após realizar as medições de vibrações de corpo inteiro, é necessário emitir um relatório contendo algumas informações
básicas de acordo com a NHO-10:

Introdução, incluindo objetivos do trabalho, justificativa e datas ou períodos em que foram desenvolvidas as
avaliações

Critério de avaliação adotado

Instrumental e acessórios utilizados e registro dos certificados de calibração

Metodologia de avaliação com base nas premissas apresentadas na NHO-10

Descrição dos ambientes de trabalho, dos processos, das operações e das condições de exposição avaliadas

Descrição detalhada das características das máquinas ou dos veículos de trabalho (marca, tipo, modelo,
potência, ano de fabricação e condições de manutenção)

Dados obtidos

Interpretação dos resultados

Informações complementares em decorrência de circunstâncias específicas que envolveram o estudo realizado

Avaliação de agentes químicos

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Para monitorar o agente químico, disperso no ar, são necessárias algumas informações básicas que definirão a forma de
avaliação. Veja um breve roteiro de perguntas:

Quais agentes químicos estão presentes no ambiente?

Essa pergunta possui três respostas básicas:

O agente químico utilizado é aquele que será diretamente avaliado. Por exemplo, um trabalhador que realiza o
fracionamento de hexano em uma unidade de extração de óleos vegetais estará exposto aos vapores desse
composto orgânico.

O agente químico que será avaliado deriva do produto principal. Por exemplo, um trabalhador de higienização
que utiliza hipoclorito de sódio para limpeza de sanitários, estará exposto ao gás cloro proveniente de um
equilíbrio químico formado na solução de hipoclorito de sódio que acaba por liberar esse agente no ambiente.

O agente químico que será avaliado é originado no processo. Por exemplo, um trabalhador que realiza uma
atividade de solda elétrica, geram fumos metálicos associados ao tipo de eletrodo (ou arame) utilizado e ao
material de solda, pode gerar vapores caso os metais estejam protegidos por algum material contra corrosão e
geram alguns gases devido ao arco elétrico.

Em qual forma os agentes químicos se apresentam?

Os agentes químicos dispersos no ambiente, podem estar nas seguintes formas:

Poeiras: geradas a partir de um processo mecânico de ruptura ou abrasão, como cortes e lixamento. Por
exemplo, corte de madeira gera poeira da madeira que está sendo cortada. Lixamento de paredes nuas gera
exposição a sílica livre cristalina.

Fibras: semelhante a poeiras, esse tipo de material se caracteriza por possuir, no mínimo, comprimento três
vezes superior ao diâmetro. Por exemplo, um trabalhador de manutenção que que instala e substituiu fibras
cerâmicas refratárias (fibras a base de silicatos) para isolamento térmico, pode acabar se expondo a essas
fibras durante a manipulação do material.

Fumos: gerados a partir de um processo térmico de aquecimento, que acaba por vaporizar um material
originalmente sólido. Esse material quando se afasta da fonte térmica volta ao estado sólido em sua forma
original ou como um novo composto, também na forma sólida. Por exemplo, no processo de solda, se o eletrodo
possuir níquel em sua composição, teremos óxidos de níquel (um tipo de fumo metálico) no ambiente. Já em
pavimentação asfáltica o trabalhador pode estar exposto a compostos orgânicos na forma de fumos, que
passaram da fase sólida para vapor e novamente para a fase sólida, por um processo de aquecimento do
asfalto e posterior resfriamento no ar.

Névoas: geradas por um processo de ruptura mecânica do líquido. Por exemplo, um trabalhador rural ao aplicar
um defensivo líquido (cipermetrina, por exemplo) através de um pulverizador, acaba se expondo a uma névoa
de produto químico. Um pintor, que utiliza uma pistola de pintura, está exposto a névoas dos produtos químicos
que compõem a tinta: resinas, solventes, aditivos e pigmentos.

Neblinas: geradas por um processo de aquecimento de um líquido até que uma parte dele se vaporize e, após
dispersão no ambiente retorne ao estado líquido após se afastar da fonte térmica. Por exemplo, um trabalhador
de galvanoplastia, que trabalha com uma solução de ácido crômico, pode acabar exposto a uma neblina de
ácido crômico. Essa exposição não existiria se não houvesse aquecimento, pois o ácido crômico não possui
pressão de vapor suficiente para vaporizar.

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Vapores: gerado pela evaporação de um produto que nas condições de operação se encontra no estado
líquido, e que devido a sua pressão de vapor, relativamente alta, consegue evaporar. Por exemplo, um frentista,
em um posto de combustível, abastece um veículo com gasolina, nesse processo parte dela se vaporiza e se
dispersa no ambiente na forma de vapor. Uma manicure que utiliza acetona para remover o esmalte das unhas
de um cliente, além de se expor ao contato com o produto líquido, também está exposta a vapores de acetona
liberados durante a remoção.

Gases: são substâncias que se encontram, nas condições de trabalho, já no estado de gás. Por exemplo, um
soldador que utiliza o processo MIG se expõem ao gás ozônio gerado pela formação do arco elétrico durante o
processo de solda, o gás é gerado pela descarga elétrica no ambiente que contém oxigênio. Um operador de
linha de refrigeração pode se expor a amônia, se este for utilizado como agente refrigerante no sistema, nesses
casos uma baixa (ou nenhuma) exposição é esperada, pois os sistemas são isolados.

O agente químico possui limite de exposição? Qual o tipo de limite aplicável?

Um limitador da possibilidade de avaliação é a existência de um limite de tolerância associado ao agente químico. Muitos
dos agentes químicos utilizados ou gerados não possuem limite de exposição.

Os limites quando existentes definem como a avaliação deve ser realizada e, em alguns casos, qual o tipo de fração deve
ser avaliado. Veja os limites existentes e sua relação com o tipo de avaliação:

Substância com limite do tipo média ponderada: a maioria das substâncias possuem esse tipo de limite, nesse
caso a avaliação deve cobrir toda a jornada de trabalho, pois o padrão de comparação é uma jornada diária de
trabalho. Com base no julgamento profissional, o período de avaliação poderá ser reduzido, mas de qualquer
maneira, o resultado final deve estar relacionado com a jornada completa. As definições dos limites são dadas
em outra parte do conteúdo.

Substância com limite do tipo STEL: Substâncias com esse limite devem ser avaliadas por períodos de
tempo de 15 minutos, se várias avaliações forem necessárias, todas devem ocorrer por períodos de tempo fixo
de 15 minutos. Substâncias com STEL também possuem limite do tipo média ponderada, logo duas formas de
avaliação são necessárias para o mesmo agente. O limite do tipo STEL é superior ao limite de média ponderada
e sua indicação vem acompanhada pela própria palavra STEL ou por ST.

Substância com limite do tipo valor teto: Para agentes químicos com esse limite a avalição deve ser
realizada preferencialmente através de amostragens instantâneas ou no menor tempo possível para verificar se
o limite foi ultrapassado. O menor tempo possível está relacionado ao limite de quantificação, ele representa a
menor massa de um produto, presente em uma amostra, que o laboratório de análise consegue identificar. O
limite do tipo valor teto é identificado pela letra ‘C’ ao lado do valor numérico. Normalmente esse tipo de limite é
o único para substância, em raros casos ele aparece associado ao limite do tipo média ponderada ou a um
limite STEL.

Para algumas substâncias, uma indicação adicional pode ser encontrada ao lado dos limites. Ela define os tipos de
acessórios de coleta que serão utilizados. Essas indicações podem ser:

R ou resp – Indica que a fração a ser coletada é a respirável.

I ou IHL – Indica que a fração a ser coletada é a inalável.

Tor ou Thor – Indica que a fração a ser coletada é a torácica.

FIV – Indica que para o agente deve ser coletada a fração inalável e a fração de vapor.

Os limites podem ser apresentados em duas formas:

ppm – partes por milhão, representa uma relação volume do contaminante por volume de ar, é utilizado para
limites de gases e vapores.

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mg/m³ - miligramas por metro cúbico, representa uma relação de massa do contaminante em um volume de um
metro cúbico de ar, utilizado para limites de fumos, poeiras, névoas e neblinas.

f/cm³ - fibras com centímetro cúbico, representa uma relação do número de fibras para cada centímetro cúbico
de ar (1cm³ é igual a 1ml), esse limite é utilizado para exposição a fibras.

É possível converter um limite de ppm para mg/m³ e vice versa.]

Existe um padrão para avaliação desse agente químico, ou seja, há um método disponível no laboratório de análises para
analisar uma amostra coletada?

Depois de definir o agente químico, sua forma e seu tipo de limite, é necessário consultar se existe um método de coleta
disponível. Essa consulta é realizada ao laboratório que irá realizar a análise. Caso não exista um método disponível é
possível, para alguns casos utilizar uma estratégia de coleta instantânea.

Como a atividade é realizada?

É importante que junto a análise dos agentes químicos presentes, seja avaliado a forma como a atividade é realizada.
Isso pode reduzir o número de avaliações necessárias e economizar tempo e recursos. Vamos analisar dois exemplos:

Exemplo 1:

Imagine dois pintores, eles utilizam o mesmo tipo de tinta, mas um deles utiliza pincel e o outro, uma pistola de pintura,
embora os riscos presentes sejam os mesmos, há diferenças fundamentais. Para o pintor que usa pistola, há exposição a
todos os compostos da tinta: solventes (na forma de vapor e na forma líquida) e névoas da resina e de pigmentos (na maioria
metálicos). Nesse caso a avaliação envolverá mais análises. Para o pintor que utiliza o pincel serão necessárias as mesmas
avaliações? Devido ao modo de trabalho ele está exposto por via respiratória somente aos vapores do solvente, ou seja, a
análise terá um menor investimento!

Exemplo 2:

Um trabalhador que uma vez ao dia entra, por poucos minutos, em uma área em que há exposição ao ácido fosfórico.
Esse agente possui limites do tipo média ponderada e do tipo STEL. Se a exposição é rápida, como descrito, então uma
análise (de 15 min) para comparação com o limite STEL é suficiente, e a princípio não há necessidade de se avaliar o limite de
média ponderada. E se a exposição fosse maior, 6 horas, por exemplo? Teríamos que realizar uma avaliação para verificar se
o limite de média ponderada é respeitado e, outra para verificar se o STEL é respeitado. Cada avaliação, aqui, é um conjunto
de amostras.

Ao responder essas perguntas é possível definir alguns itens da avaliação quantitativa!

Se a avaliação envolver gases e vapores, é necessário o uso de bombas de baixa vazão, ou bombas de alta vazão com
sistemas redutores de vazão. Para gases ou vapores inflamáveis, as bombas devem ser do tipo intrinsecamente seguras. Há
algumas exceções nas quais vazões altas podem ser necessárias.

Se a avaliação for de névoas, neblinas, fibras, fumos ou poeiras, bombas de alta vazão serão utilizadas.

Em qualquer um dos casos é necessário o uso de um calibrador padrão primário que irá realizar a aferição do fluxo da
bomba, antes do início da avaliação e após o seu final.

Passos da avaliação em campo:

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Uma vez que a estratégia de avaliação é definida o processo de avaliação em campo pode ser iniciado. A avaliação utiliza
de alguns passos:

Passo 1

De posse dos equipamentos necessários, define-se um amostrador representativo para o ajuste da vazão da bomba.
Após a definição a bomba é conectada ao sistema de amostragem representativo (um amostrador de carvão, um cassete com
ciclone) através de uma mangueira, e esse sistema é conectado ao calibrador de vazão. Com a bomba e o calibrador ligados
se procede o ajuste para a vazão desejada na bomba e lê-se o valor dessa vazão na tela do calibrador. Quando a vazão for
ajustada anota-se o valor desse parâmetro.

Passo 2

O próximo passo constitui na substituição do amostrador representativo pelo amostrador que será utilizado em campo. A
troca do amostrador não modifica a vazão da bomba se ela possuir um sistema de compensação de vazão. O calibrador é
retirado do sistema é armazenado para o seu uso ao final da amostragem.

Passo 3

Agora a montagem do sistema ocorre no trabalhador a ser avaliado, mas antes é necessário orientá-lo sobre o processo
de avaliação. A bomba de amostragem é fixa na cintura do trabalhador e o sistema de amostragem é fixo na zona respiratória
do trabalhador (região hemisférica com um raio de 150 ± 50 mm, medido a partir das narinas do trabalhador) a conexão é
realizada com um tubo de Tygon. É interessante medir a temperatura, a pressão atmosférica e a umidade relativa do local para
posterior envio ao laboratório de análise química, os dois primeiros parâmetros são necessários para que o laboratório faça a
correção do volume amostrado. A umidade relativa pode impactar na coleta do contaminante em análise, reduzindo a
capacidade de coleta do amostrador. Aguardasse o tempo previsto da amostra.

Passo 4

Após transcorrido o tempo necessário da amostragem a bomba é desligada e sistema é retirado do trabalhador.

Passo 5

O conjunto de amostragem é montado novamente com o amostrador representativo e com o calibrador de vazão, mas
agora nenhum ajuste na vazão é realizado, apenas o valor lido pelo calibrador é anotado. Se a diferença entre a vazão ajusta
no início da avaliação e o valor final da vazão variar menos de 5% a amostra é armazenada para posterior envio ao laboratório,
no caso contrário, a amostra é descartada.

Passo 6

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Quando o laboratório de análises químicas enviar os resultados de cada amostragem é possível calcular a concentração
no ambiente e compará-la com os limites de exposição.

Vamos ver agora dois exemplos básicos de avalição de agentes químicos através de bombas de amostragens:

Exemplo 1 – Avaliação de agente químico com limite do tipo média


ponderada, fração respirável.
Cenário:

Uma empresa de construção civil trabalha no ramo de demolições, em algumas etapas no processo há grande exposição
a poeiras de alvenaria.

Exposição:

Um trabalhador que realiza etapas manuais de demolição com o emprego de ferramentas elétricas e manuais se expõe a
poeira contendo sílica livre cristalina. A jornada de trabalho é de 40h/semana ou 8h/dia.

Limites de exposição:

O limite de exposição para sílica livre cristalizada na NR-15, Anexo 12, é função do percentual de quartzo na amostra, o
limite permite o uso de poeira total e de poeira respirável. O limite da ACGIH é de 0,025 mg/m³ para poeira respirável. Ambos
os limites são do tipo média ponderada.

Avaliação:

O laboratório indica que o método de coleta deve seguir o método NIOSH 7500. Esse método fornece os seguintes
dados:

1. Amostrador: Filtro de membrana de PVC de 5 micrometros de poro e 37milimetros de diâmetro. Uso de


separador de partículas para avaliar a fração respirável.

2. Vazão da bomba de amostragem: 2,5 litros/minuto para uso com ciclone de alumínio (separador de partículas).

3. Volume: de 400 litros até 1000 litros por amostra.

Com esses dados o que já é possível indicar sobre a avaliação?

1. Por se tratar de poeira deve ser utilizado uma bomba de alta vazão.

2. O amostrador será montado em um cassete de três seções, com o filtro em seu interior (fornecido montado pelo
laboratório).

3. Será necessário realizar uma avaliação de jornada completa, pois o agente químico possuí um limite do tipo
média ponderada, essa avaliação poderá ser composta por mais de uma amostra.

4. Será necessário um calibrador padrão primário para fazer o ajuste de vazão da bomba.

Veja abaixo o que está envolvido na coleta:

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Exemplo de bomba de Amostrador montado em Calibrador padrão


alta vazão [1] cassete triplo [2] primário [3]

Jarro para auxílio na


Ciclone para separação Suporte para montagem
aferição da vazão da bomba
da fração respirável [4] de cassete e ciclone [5]
[6]

Tubo de Tygon para


conexão da bomba com o Case para bomba [8]
amostrador [7]

[1] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=100000000_101000000_101000500_101000501&products_id=2399

[2] http://airsamplingsolutions.com/index.php/category/cassettes/

[3] http://www.brandtinst.com/bios/images/biosdefenderdrycal.gif

[4] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=300000000_302000000_302200000_302200050_302200051&products_id=180

[5] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=300000000_301000000_301400000_301400200_301400201&products_id=182

[6] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?products_id=192

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[7] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?cPath=22&products_id=205&osCsid=d388h2sf9vqhmub42nkmlfp057

[8] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=100000000_103000000_103300000_103300100_103300101&products_id=143

O que falta definir?

Agora utilizamos as informações de volume e vazão da bomba de amostragem:

1. Vazão da bomba de amostragem: de 2,5 litros/minuto.

2. Volume: de 400 litros até 1000 litros por amostra.

A relação entre os três parâmetros de interesse é:

Avaliação para comparação com o limite de média ponderada:

Se fixarmos o volume em 600 litros e usarmos a vazão de 2,5 litros/minuto, é possível calcular a duração de cada
amostra:

Neste caso, cada amostra terá uma duração de 4h (240 minutos), para que toda a jornada seja analisada, serão
necessários 2 amostradores, pois a jornada diária é de 8 horas. Note que, poderia ter sido escolhido qualquer volume entre
400 e 1000 litros, por exemplo, se optássemos por um volume de 400 litros seriam necessárias 3 amostras, com duração de
duas horas e 40 minutos (160 minutos). A definição do período de análise, ou a quantidade de amostras, depende do
julgamento técnico do profissional responsável pela amostragem.

Resumo:

Objetivo da Vazão da Tempo de Número de


Volume
avaliação bomba coleta amostras

Comparação
com o limite do tipo 2,5 240 600
2
média ponderada - litros/minuto minutos litros
Exemplo 1

Comparação
com o limite do tipo 2,5 160 400
3
média ponderada - litros/minuto minutos litros
Exemplo 2

Tabela 19 – Resumo do exemplo 1

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Exemplo 2 - Avaliação de agente químico com limite do tipo média


ponderada e limite STEL.
Cenário:

Determinada indústria produz solventes para diluição de tintas, um dos compostos utilizados na preparação de solventes
é a acetona.

Exposição:

Um trabalhador que opera na linha de produção está exposto a vapores de acetona durante toda a jornada de trabalho.
Após uma análise qualitativa detalhada foi verificado que em dois momentos da jornada há a possibilidade de uma exposição a
altas concentrações. A jornada de trabalho é de 40h/semana ou 8h/dia.

Limites de exposição:

Para o composto químico o limite de exposição dado pela NR-15 Anexo 11 é de 780ppm. Já na ACGIH o limite de média
ponderada é de 250ppm e o limite STEL é de 500ppm.

Avaliação:

O laboratório indica que o método de coleta deve seguir o método NIOSH 1300. Esse método fornece os seguintes
dados:

1. Amostrador: Tubo de carvão ativado de 100mg/50mg.

2. Vazão da bomba de amostragem: de 0,01 até 0,20 litros/minuto.

3. Volume: de 0,5 litro até 3 litros por amostra.

Com esses dados o que já é possível indicar sobre a avaliação?

1. Por se tratar de um vapor a bomba a ser utilizada deve ser um modelo de baixa vazão ou uma bomba de alta
vazão com redutor de vazão.

2. O amostrador é um tubo de carvão fornecido pelo laboratório.

3. Será necessário realizar uma avaliação de jornada completa, pois o agente químico possuí um limite do tipo
média ponderada, essa avaliação poderá ser composta por mais de uma amostra.

4. Será necessário realizar avaliações de curta duração, pois a substância possui um limite do tipo STEL. Duas
avaliações, com uma amostra cada, serão realizadas nos momentos nos quais há suspeita de picos de
concentração.

5. Será necessário um calibrador padrão primário para fazer o ajuste de vazão da bomba.

Veja abaixo o que está envolvido na coleta:

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Exemplo de bomba de Amostradores de carvão Calibrador padrão


baixa vazão [1] ativado [2] primário [3]

Proteção para o Tubo de Tygon para


amostrador, usado durante a conexão da bomba com o Case para bomba [6]
coleta [4] amostrador [5]

[1] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=100000000_101000000_101000550_101000551&products_id=2429

[2] https://www.skcltd.com/products2/sorbent-tubes/charcoal-sorbent-tubes.html

[3] http://www.brandtinst.com/bios/images/biosdefenderdrycal.gif

[4] https://www.skcinc.com/catalog/index.php?cPath=200000000_201000000_201300000_201300150

[5] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?cPath=22&products_id=205&osCsid=d388h2sf9vqhmub42nkmlfp057

[6] https://www.skcinc.com/catalog/product_info.php?
cPath=100000000_103000000_103300000_103300100_103300101&products_id=143

O que falta definir?

Agora utilizamos as informações de volume e vazão da bomba de amostragem:

1. Vazão da bomba de amostragem: de 0,01 até 0,20 litros/minuto.

2. Volume: de 0,5 litro até 3 litros por amostra.

A vazão indica uma faixa de valores possíveis, que deve ser escolhida pelo avaliador, mas está limitada:

1. Pela capacidade da bomba, normalmente não é indicado operar nos limites da bomba.

2. Pelos custos envolvidos, vazões maiores aumentam o número de amostras.

3. Pela saturação da amostra, vazão baixa associada a um maior volume de coleta, tende a criar uma situação de
perda da amostra, quando as concentrações no ambiente são elevadas.

A relação entre os três parâmetros de interesse é:

Avaliação para comparação com o limite de média ponderada:

Se fixarmos o volume em 3 litros e usarmos uma vazão de 0,05 litro/minuto, é possível calcular a duração de cada
amostra:

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Neste caso, cada amostra terá uma duração de 1h (60 minutos), para que toda a jornada seja analisada, serão
necessários 8 amostradores, pois a jornada diária é de 8 horas. Note que, qualquer combinação é válida, poderíamos ter
escolhido um volume de 2,5 litros e uma vazão de 0,10 litro/minuto, neste caso seriam, aproximadamente, 19 amostras. A
definição do período de análise, ou a quantidade de amostras, depende do julgamento técnico do profissional responsável pela
amostragem.

Avaliação para comparação com o limite STEL:

O limite STEL possui tempo fixo de avaliação de 15 minutos. Por esse motivo, temos que trabalhar com o outro
parâmetro, podemos reescrever a equação como função do tempo de coleta e da vazão da bomba, assim:

Agora, como o tempo é fixo em 15 minutos, basta que se escolha uma vazão dentro da faixa e se analise o resultado da
multiplicação da vazão pelo tempo. Se o valor encontrado estiver entre 0,5 litro e 3 litros, então teremos que ajustar a vazão da
bomba para o valor escolhido.

Vamos escolher uma vazão de 0,10 litro/minuto:

Como o valor encontrado está dentro da faixa estabelecida pelo método, então essa vazão da bomba será utilizada.

Resumo:

Objetivo da Vazão da Tempo de Número de


Volume
avaliação bomba coleta amostras

Comparação
0,05
com o limite do tipo 60 minutos 3 litros 8
litro/minuto
média ponderada

2 (duas
Comparação 0,10 15 minutos
1,5 litro situações de
com o limite STEL litro/minuto (fixo)
suspeita)

Tabela 20 – Resumo do exemplo 2

Avaliação de picos de exposição para substância com limite do tipo média ponderada: até as substâncias químicas
que têm apenas limites do tipo média ponderada apresentam uma restrição quanto aos picos de concentração além do limite.
Na NR-15, isso é tratado como valor máximo; e, na ACGIH, como níveis de digressão (ou regra 3/5). Assim, pode ser preciso
avaliar picos em pequenos intervalos de tempo, mesmo se a substância tiver um limite apenas do tipo média ponderada.

Avaliação de agentes com limite do tipo valor-teto: essas avaliações devem ser realizadas no menor tempo possível
de amostragem devido as peculiaridades do limite. Se não estiver disponível um método de amostragem instantânea, bombas
de amostragem devem ser utilizadas, respeitando os limites de coleta estabelecidos pelo laboratório. Caso o laboratório não

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estabeleça parâmetros, o tempo de coleta é calculado com base no limite de quantificação para o agente. O limite de
quantificação é menor valor que o laboratório consegue detectar através de seus equipamentos.

Brancos de campo: são amostradores que ficam abertos durante o processo de preparo do amostradores que serão
utilizados em campo. Sua finalidade é detectar se houve alguma contaminação durante o preparo dos amostradores de campo.
O laboratório de análises utiliza esses dados para realizar ajustes no resultado da amostra, quando necessário.

Faixa de vazão e faixa de volume para coleta de alguns agentes químicos baseado em métodos do NIOSH
(NMAM) com bombas de amostragem de ar.

Vazão (L/min) Volume (L)


Agente químico CAS Método
Mínima Máxima Mínimo Máximo

Acetado de etila 141-78-6 NIOSH 1457 0,01 0,2 1 10

Álcool Furfurílico 98-00-00 NIOSH 2505 0,01 0,05 3 25

Amônia 7664-41-7 NIOSH 6016 0,1 0,5 0,1 96

Criseno 218-01-09 NIOSH 5506 2 200 1000

Dióxido de enxofre 7446-09-5 NIOSH 6004 0,5 1,5 4 200

Cobre 7440-50-8 NIOSH 7300 1 4 5 1000

Querosene 8008-20-6 NIOSH 1550 0,01 0,2 1,3 20

Tolueno 108-88-3 NIOSH 1501 0,01 0,2 1 8

Trietilenoglicol 112-27-6 NIOSH 5523 0,5 2 5 60

Vanádio (FR) 7440-62-2 NIOSH 7300 1 4 5 2000

Avaliação de agentes biológicos

Este é um fator de risco identificado apenas de forma qualitativa e por este motivo não há uma técnica para monitorá-lo
no ambiente de trabalho. Porém, a saúde do trabalhador exposto pode ser monitorada por meio de exames ocupacionais e
assim pode-se identificar a necessidade de tratamento, além da aplicação de medidas preventivas, como a vacinação.

Algumas situações que expõem os trabalhadores a fatores de riscos biológicos são descritas no Anexo 14 da NR-15,
quais sejam: trabalhos envolvendo exumação de corpos, trabalho envolvendo coleta e industrialização do lixo urbano,
atividades que exponham os trabalhadores ao contato com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, entre outras.
O anexo também trata do adicional de insalubridade, mas não é exaustivo para fins de prevenção. Como exemplos que não
estão listados no anexo, mas que podem expor o trabalhador a algum fator de risco biológico, estão as atividades realizadas na
construção civil e na higienização.

Segundo o Ministério da Saúde (2006) a exposição ao fator de risco biológico pode ser identificada pela concentração de
agentes no ambiente e pelo volume de exposição. Ou seja, se constantemente o trabalhador manuseia objetos contaminados
em um ambiente com muitos agentes patogênicos, ele estará exposto ao fator de risco biológico. Porém, se o trabalhador não
entra em contato, de forma constante, com o agente patogênico, o risco pode ser considerado médio ou baixo, a princípio.

Exemplo

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Um biomédico que trabalha fazendo análises clínicas em amostras de fluidos corporais de pacientes de uma unidade de
internação de isolamento, ou seja, área do hospital onde ficam pacientes que possuem uma doença infecto contagiosa de alta
virulência, como a meningite, por exemplo, desta forma, devem ficar em um local reservado para não disseminar a doença pelo
hospital. Este biomédico, por estar constantemente manuseando objetos contaminados, é um profissional considerado exposto
aos fatores de riscos biológicos. Por outro lado, uma secretária de escola pode entrar em contato com várias pessoas durante
o dia, porém é praticamente impossível que todas as pessoas com as quais ela entre em contato estejam doentes, em um
período de transmissão da doença e com um agente de alta virulência. Logo, a atividade da secretária não apresenta um fator
de risco biológico.

Avaliação de níveis de iluminamento

Apesar de não ser considerado um agente insalubre, existe uma NHO para avaliar níveis de iluminamento: a NHO-11. A
NHO-11, além de avaliar os níveis de iluminamento, trata de outras situações de não conformidades que podem trazer
prejuízos para o desempenho das atividades e questões de segurança.

A norma apresenta uma lista de verificação do sistema de iluminação para auxiliar na avaliação dos níveis de
iluminamento dos postos de trabalho e de áreas adjacentes.

Clique ou toque no botão a seguir e faça o download da tabela extraída da norma.

(pdf/tabela-01.pdf)

Tipos de planilhas, relatórios e checklist da norma

Clique ou toque no botão a seguir para conhecer os tipos de planilhas, os relatórios e a checklist da norma.

(pdf/tipos_de_planilhas.pdf)

Considerações finais

Realizar avaliações ambientais é extremamente relevante para conhecer o tipo de exposição dos trabalhadores. Por isso,
neste conteúdo, foram abordados instrumentos, procedimentos e métodos que devem ser utilizados para avaliar os fatores de
risco, pois, caso as avaliações sejam realizadas fora dos parâmetros, pode-se criar uma amostragem irreal da exposição dos
funcionários.

Quando um tipo de amostragem ocorre sem seguir os cuidados e os parâmetros indicados, a primeira consequência é
obter prejuízos financeiros devido à validade das avaliações, pois elas teriam que ser realizadas novamente, gerando um alto
custo para a empresa. A segunda consequência pode ser o gasto com medidas corretivas desnecessárias ou com medidas
corretivas que não atendem ao necessário para mitigar a exposição que se deseja, já que a amostra não foi obtida
corretamente.

Por fim, em uma visão prevencionista, não conhecer efetivamente a real exposição de um trabalhador e não conseguir,
assim, definir assertivamente as medidas de controle que devem ser aplicadas em cada situação fazem com que os
trabalhadores continuem expostos a agentes prejudiciais e sofram com possíveis danos à própria saúde.

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