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SEGURANÇA DO TRABALHO

NRs: monitoramento dos riscos


ambientais e ocupacionais e as NHOs da
Fundacentro

As normas regulamentadoras (NRs) estabelecem medidas e requisitos a serem


cumpridos durante a realização das atividades para preservar a saúde e a integridade
dos trabalhadores. Alguns dos requisitos, principalmente aqueles ligados ao risco
ocupacional de acidentes, são definidos de forma a fixar uma regra.

Por exemplo, a NR-12, no item 12.3.2, fixa que

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devem ser aterradas, conforme as normas técnicas oficiais vigentes, carcaças,


invólucros, blindagens ou partes condutoras das máquinas e dos equipamentos que
não façam parte dos circuitos elétricos, mas que possam ficar sob tensão.

Tal item obriga o aterramento das partes do equipamento que possam ficar
energizadas e oferecer risco ao trabalhador. Assim, a norma estabelece uma regra e
não deixa margem para que o responsável pela gestão da NR-12 defina a medida a
ser utilizada.

Por outro lado, há itens normativos que definem a necessidade de controle de


agentes de riscos, mas que deixam a forma de análise e a definição da estratégia de
controle a cargo do responsável pela aplicação da norma. Por exemplo, a NR-36, no
item 36.4.1, indica que “o empregador deve adotar meios técnicos e organizacionais
para reduzir os esforços nas atividades de manuseio de produtos”.

Portanto, a norma fixa a necessidade de uma medida, mas não determina aquela
que deve ser adotada. Situações assim ocorrem quando a medida a ser adotada
depende do modo de execução da atividade, do grau de exposição, do ambiente de
trabalho, entre outros. Situações de trabalho que envolvam a exposição aos riscos
ambientais (físicos, químicos e biológicos) e aos riscos ergonômicos são tratadas
pelas NRs na maioria dos casos.

Quando o profissional de segurança se depara com uma condição de exposição


de trabalhadores a um ou mais riscos ambientais ou ergonômicos, deve-se definir a
necessidade de controles, de modo a manter a exposição dentro de parâmetros
aceitáveis.

Para tanto, devido ao fato de tal tarefa envolver recursos financeiros, definição de
prioridades, contratação de profissionais etc., são utilizadas as ferramentas (ou etapas)
da higiene ocupacional para analisar a exposição do trabalhador e definir os recursos
disponíveis nas situações relevantes de exposição.

Estabelecido e implementado o conjunto de medidas de controle, deve-se


acompanhar o uso ou a aplicação das medidas, visando a garantir que o trabalhador
continue protegido no longo prazo. Esse acompanhamento é definido como

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monitoramento.

Algumas NRs estabelecem o uso de uma ou mais etapas da higiene ocupacional


e definem a necessidade de monitorar a exposição aos riscos. Na maioria dos casos,
essa definição ocorre genericamente.

Para contornar essa situação e buscar métodos e soluções específicos para


alguns agentes de risco, existem normas de higiene ocupacional, definidas por órgãos
ou entidades (por exemplo, a Fundação Jorge Duprat e Figueiredo – Fundacentro).

Essas normas auxiliam no processo de divisão e na avaliação dos trabalhadores,


na seleção de equipamentos e na análise de dados. Algumas NRs fazem referência às
NHOs. Por exemplo, no anexo sobre calor da NR-9, indica-se que “a avaliação
quantitativa do calor deverá ser realizada com base na metodologia e nos
procedimentos descritos na NHO-6 [...]”.

Os conceitos da higiene ocupacional, o monitoramento dos riscos e as NHOs


auxiliam o profissional prevencionista na aplicação dos requisitos das NRs e, portanto,
no gerenciamento da segurança do trabalho.

Higiene ocupacional
A higiene ocupacional, uma área da segurança e da saúde no trabalho, é uma
ciência que se fundamenta em quatro pilares:

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Antecipação

Reconhecimento

Avaliação

Controle dos riscos

A higiene ocupacional engloba a exposição aos riscos físicos, químicos,


biológicos e ergonômicos. Contudo, normalmente, os três primeiros riscos são tratados
mais profundamente pelos higienistas ocupacionais. A ergonomia é tratada por
profissionais capacitados especificamente na área em questão, devido às
particularidades que apresenta e aos diversos campos que abrange. Embora o
tratamento possa ser diferente, isso não impede que impactos de uma demanda
ergonômica sejam considerados na exposição aos demais riscos e vice-versa.

Observe as etapas da higiene ocupacional:

Antecipação
O higienista ocupacional, que pode ser um técnico de segurança, um engenheiro
de segurança ou um médico do trabalho, busca identificar alguma situação futura de
exposição aos agentes de risco. Por exemplo, uma empresa pode decidir alterar o tipo
de uma tinta utilizada no processo de pintura ao mesmo tempo em que substitui o
processo de pintura com pincel por um processo, também manual, com pistola.

Sendo assim, a etapa de antecipação deve levantar algumas perguntas a


respeito, tais como:

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Quais são os compostos químicos utilizados na nova tinta? Eles são os


mesmos utilizados no processo de pintura anterior? Algum solvente será
utilizado?

Quais são os efeitos à saúde esperados desses novos agentes


químicos? Os novos agentes são mais agressivos que os da tinta em uso
atualmente?

Os agentes químicos contêm alguma característica especial? São


carcinogênicos? São ototóxicos?

Como o processo de pintura com pistola será realizado?

Há outros trabalhadores na área que poderão ser impactados pela


mudança no processo de trabalho?

Além dessas perguntas, algumas situações podem ser esperadas pelo higienista,
por exemplo:

Com a mudança no processo de pintura, haverá, além da exposição a


vapores do solvente, a exposição a névoas desse produto e a névoas da
tinta, já que a pintura ocorrerá por meio de aspersão do produto sobre a
peça.

O nível de ruído aumentará devido ao uso de uma pistola, o que talvez


exija algum tipo de proteção ou alguma medida de controle.

Algum nível de vibração será sentido pelo trabalhador ao acionar a


pistola de pintura.

Reconhecimento
O profissional responsável pelo estudo busca identificar situações existentes na
empresa que exponham o trabalhador aos agentes químicos, físicos e biológicos.
Portanto, é necessário visitar o ambiente onde as atividades são realizadas e conduzir
entrevistas com os trabalhadores para levantar algumas informações, principalmente
aquelas relacionadas à forma como a atividade é desenvolvida.

A etapa de reconhecimento busca responder a algumas questões, quais sejam:

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Quais são as atividades desenvolvidas no setor em análise? Existem


atividades não rotineiras executadas?

Quais são os riscos presentes no ambiente de trabalho? Como ocorre o


contato do trabalhador com o risco? Qual é o tempo e qual é a frequência
de exposição?

Quais são as fontes geradoras dos riscos?

Para os riscos químicos, qual é a forma de apresentação do agente


(vapor, gás, poeira etc.)?

Quais são os efeitos à saúde esperados devido à exposição aos


agentes?

Quantos trabalhadores estão expostos aos riscos?

Quais são as medidas de controle que já existem no ambiente


(equipamentos de proteção coletiva, procedimentos etc.)?

Há algum histórico de doença ocupacional relacionada aos agentes de


riscos presentes?

As etapas de antecipação e de reconhecimento embasam a etapa de avaliação.


Assim, durante as duas primeiras etapas, nenhuma informação (ou risco) deve ser
descartada com base em um prejulgamento do profissional que conduz a análise.
Além disso, eventualmente, a etapa de controle poderá não resolver o problema
totalmente, o que seria detectado com o passar do tempo, e uma análise mais
profunda sobre os dados coletados nas etapas iniciais pode ser necessária. Um
prejulgamento poderia levar à necessidade de uma nova coleta completa dos dados.

Avaliação
Os dados da antecipação e do reconhecimento de cada situação de exposição,
para cada agente de risco, são utilizados para definir um nível de prioridade de
ação/controle ou algum parâmetro equivalente. A prioridade de controle é definida com
o uso de uma ferramenta de análise de riscos voltada à higiene ocupacional. Essa

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ferramenta pode ser aplicada em situações em que não há nenhum dado de avaliação
quantitativa (por exemplo, uma dosimetria de ruído) ou pode ser aplicada na presença
de dados de avaliação quantitativa. Ao fim, a ferramenta pode indicar algumas
situações. São elas:

O agente de risco em análise está em uma situação aceitável. Dessa


forma, manter a situação atual de exposição e os controles existentes é
suficiente.

O nível de exposição requer certa atenção. Portanto, um monitoramento


quantitativo deve ser estabelecido para garantir que o agente continue
sob controle ao longo do tempo.

A exposição ao agente de risco deve ser controlada com certa urgência,


e um monitoramento quantitativo deve ser estabelecido.

A situação de exposição é intolerável. Assim, medidas de controle devem


ser adotadas imediatamente, e somente depois disso uma avaliação
quantitativa deve ser conduzida. Caso uma medida de controle imediata
não possa ser adotada, a atividade deve ser suspensa.

Para chegar às conclusões mencionadas, a metodologia de avaliação e a


ferramenta aplicada, em conjunto com os dados da antecipação e do reconhecimento,
utilizam vários parâmetros, os quais podem ser utilizados conjunta ou separadamente
conforme a situação de exposição. Tais parâmetros levam em conta:

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Concentração ou intensidade da exposição comparada aos limites:


quando existem dados quantitativos disponíveis, a exposição pode ser
considerada pequena, média ou alta. Ademais, na maioria dos casos, a
melhor alternativa é a comparação com percentuais. Por exemplo, a
exposição está abaixo de 10% do limite; está abaixo de 50% do limite;
está entre 50% e 100% do limite; está acima de 100% do limite. Devem-
se considerar a frequência e a duração da exposição. A forma de
comparação, quando possível, é melhor realizada com valores médios de
várias análises dentro de cada grupo homogêneo de exposição.

Valor da exposição de pico: devem ser considerados a frequência de


exposição a picos de concentração ou intensidade e o maior valor
esperado para tais picos. Esses dados podem se basear em análises já
realizadas. A frequência pode ser expressa com relação ao dia, à
semana ou ao mês, sendo importante ainda conhecer os impactos à
saúde em caso de exposições agudas.

Exposição cutânea: para alguns agentes químicos, a absorção através


da pele pode ser um fator importante, em especial para agentes com
baixa taxa de evaporação. Nestes, a principal via de contato é a dérmica,
e não a respiratória. Nem sempre o agente é absorvido pela pele, mas,
se for o caso, conhecer a taxa de absorção é importante. Já nos demais
casos, o agente pode representar algum risco local, como queimadura ou
sensibilização. Normalmente, a informação sobre a absorção cutânea é
indicada junto ao valor do limite de exposição (ou de tolerância).

Efeitos de longo prazo: quando existem dados sobre efeitos crônicos


em função da concentração ou da intensidade de exposição, pode ser
interessante utilizar esses parâmetros para estabelecer controles. Dados
de bioacumulação de agentes, principalmente metais, são encontrados
na literatura.

Avaliação de dose total: para agentes que podem ingressar por mais de
uma via – por exemplo, vias respiratória e cutânea –, a análise deve
recair sobre uma exposição total do trabalhador. Efeitos aditivos e
sinérgicos entre agentes podem ser analisados nesta etapa.

Incerteza dos dados: nas avaliações quantitativas, os dados levantados


em campo podem não corresponder à totalidade do trabalho. Por
exemplo, uma análise de exposição ao ruído, realizada durante duas
horas de uma jornada de oito horas, poderá produzir dados pouco
confiáveis. Em uma avaliação qualitativa, se os efeitos à saúde são um
parâmetro da análise, a falta de dados na literatura que definam

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claramente esses malefícios representará uma incerteza na análise, e o


nível de risco deverá ser superestimado, em favor do bem-estar dos
trabalhadores.

Efeitos à saúde: os efeitos à saúde esperados na exposição auxiliam na


avaliação de risco. Casos críticos estão associados a efeitos
mutagênicos, teratogênicos e carcinogênicos, sensibilização respiratória
e toxidade aguda, mesmo em baixas concentrações. Muitas vezes, esses
parâmetros definem a medida de controle a ser aplicada. Por exemplo,
um trabalhador com potencial exposição ao gás cloreto de vinila, um
reconhecido carcinogênico, deverá ser protegido por um sistema de
exaustão na fonte em vez de um sistema de ventilação geral, mesmo
quando a concentração for baixa.

A etapa de avaliação é fundamental e deve ser bem conduzida. Entre as


vantagens, está a execução de análises quantitativas somente nas atividades que
requerem a realização de tais análises, o que ajuda o profissional de segurança na
aplicação assertiva dos recursos financeiros. Uma análise sólida também resulta na
aplicação de controles adequados, reduzindo afastamento de funcionários,
desenvolvimento de doenças ocupacionais, reclamatórias trabalhistas.

Controle de riscos
A etapa de controle visa a implementar as medidas de proteção nas situações
indicadas pela etapa de avaliação de riscos. A definição da estratégia de controle
depende da forma de realização da atividade e dos níveis da exposição.

Sendo assim, pode ser útil discutir com os trabalhadores algumas medidas que
modifiquem substancialmente o ambiente ou a forma de trabalho deles, evitando que
novos problemas sejam criados. Independentemente da situação a ser controlada, o
profissional de segurança do trabalho deve respeitar a hierarquia das medidas de
controle e somente avançar para as próximas opções quando a opção em análise não
for viável técnica ou financeiramente ou quando não conseguir sozinho controlar a
exposição. A hierarquia de controle é a seguinte:

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Eliminação de máquinas, processos, materiais ou substâncias que são a


fonte do agente de risco

Substituição de máquina, processo, material ou substância que ofereça


risco à segurança e à saúde do trabalhador menor

Uso de controles de engenharia, com destaque para sistemas ou


equipamentos de proteção coletiva, tais como exaustão local,
enclausuramento da fonte; ou ainda aplicação de controles na trajetória,
como o uso de barreiras e de ventilação geral

Aplicação de medidas de organização do trabalho (medidas


administrativas), procedimentos de trabalho

As medidas de organização do trabalho podem envolver novas disposições de


trabalhadores, rodízio e retirada de pessoas não essenciais da área. Os
procedimentos de trabalho visam a definir como as atividades devem ser realizadas
para minimizar a exposição aos agentes de risco. Inclusive, treinamentos são
necessários para implementar os procedimentos.

Utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs)

O uso de EPIs representa a última medida na hierarquia de controle. Os EPIs não


reduzem o nível de risco no ambiente de trabalho, mas evitam que o trabalhador se
exponha à intensidade ou à concentração do agente totalmente.

Durante a definição das medidas de controle, deve-se sempre consultar o que as


NRs determinam em cada caso, pois os itens normativos devem ser atendidos. As
medidas de controle que não eliminam a fonte de perigo devem ser alvo constante de
inspeções e monitoramento para garantir que as medidas de proteção continuem a ser
executadas.

Como as quatro etapas da higiene ocupacional são aplicadas considerando uma


base técnica, eventualmente, materiais, dados ou referências da área precisam ser
consultados. Há alguns órgãos e algumas entidades que podem auxiliar durante a
realização de uma análise. São eles:

Fundacentro

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A Fundacentro foi criada em 1966 devido ao crescimento do número de casos de


acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais. Ela foi criada pelo governo federal
com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para ser um centro
especializado na área de segurança do trabalho. Os primeiros estudos da Fundacentro
estavam relacionados à exposição a agentes físicos, como ruído e vibrações, e a
agentes químicos, como sílica, poeira de algodão, chumbo e inseticidas
organoclorados. Ainda, ao longo dos anos, a fundação realizou estudos voltados à
ergonomia nos ambientes de trabalho com foco na ergonomia física. Em 1974, a
Fundacentro passou a ser vinculada ao então Ministério do Trabalho. Hoje, ela é
vinculada à Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério da Economia.

Atualmente, a Fundacentro atua no desenvolvimento de pesquisas na área de


segurança e saúde do trabalho e na divulgação de materiais da área, seja por meio de
eventos (palestras, congressos), seja por meio da produção e da tradução de
publicações. As NHOs são a produção da fundação de maior destaque. Elas estão
voltadas à avaliação de agentes físicos (ruído, calor, vibração e radiações ionizantes),
químicos (particulados sólidos) e ergonômicos (iluminância).

Além de apresentarem limites de exposição para os agentes citados, as NHOs


determinam os procedimentos de avaliação dos agentes de risco, os tipos de
equipamentos, a estrutura de relatórios, entre outros. Embora os limites de exposição
apresentados possam diferir daqueles indicados nas NRs, o procedimento de
avaliação é o mesmo, havendo eventualmente uma menção explícita em NR de que o
procedimento a ser adotado é o definido em NHO. As NHOs estão voltadas à
prevenção e podem ser consultadas gratuitamente no site da Fundacentro.

Além das NHOs, a Fundacentro produz e traduz outros materiais da área de


segurança e saúde no trabalho que podem ser encontrados em biblioteca digital ou em
acervo físico na respectiva sede da fundação ou nas unidades decentralizadas,
presentes em alguns estados. O acesso ao acervo representa uma ferramenta de
apoio para o responsável pela segurança do trabalho ao longo de sua vida profissional.
Os materiais podem ser utilizados na avaliação de agentes ambientais, na elaboração
de programas, na condução de treinamentos.

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Como exemplos de outros materiais que podem ser acessados na página da


fundação e que são úteis para a prática profissional, destacam-se estes:

Guia Técnico sobre Estratégia de Amostragem e Interpretação de


Resultados de Avaliações Quantitativas dos Agentes Químicos em
Ambientes de Trabalho

Pontos de Verificação Ergonômica

Guia de Diretrizes e Parâmetros Mínimos para a Elaboração e a


Gestão do Programa de Conservação Auditiva (PCA)

Programa de Proteção Respiratória

NIOSH

O NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) é uma agência
federal norte-americana responsável por realizar estudos na área de segurança e
saúde do trabalho. O NIOSH foi criado em 1970 e transferido, em 1973, para o CDC
(Centers for Disease Control and Prevention). Em 1975, o NIOSH publicou os
primeiros estudos sobre a exposição ocupacional a alguns agentes químicos.
Atualmente, os objetivos de trabalho do NIOSH são: conduzir estudos para reduzir
acidentes e doenças ocupacionais; contribuir para o bem-estar no trabalho; promover a
saúde e a segurança de trabalhadores por meio de intervenções, recomendações e
capacitações; e aprimorar a segurança e a saúde de trabalhadores por meio de
colaborações globais.

Alguns materiais publicados pelo instituto são diretamente utilizados no Brasil.


Por exemplo, a forma de coleta (vazão, volume e amostrador) de muitos agentes
químicos, por meio de bombas de amostragens, é definida pelo Manual of Analytical
Methods (NMAM), um manual de métodos analíticos criado pelo instituto e
eventualmente adaptado pelos laboratórios brasileiros de análises químicas. Além dos
métodos analíticos, o NIOSH publica boletins técnicos sobre a exposição a diversos
agentes químicos, estabelecendo efeitos à saúde, atividades ou serviços de provável

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exposição aos agentes e formas de controle. O instituto também publica


concentrações IPVS (imediatamente perigosas à vida ou à saúde; em inglês,
immediately dangerous to life or health – IDLH) para agentes químicos, as quais
servem de parâmetro para avaliar riscos em exposições agudas.

Os materiais publicados pelo NIOSH podem ser consultados gratuitamente na


página do instituto. Eles podem auxiliar nas rotinas do técnico em segurança do
trabalho, principalmente quando não existirem materiais em português para consulta.
Como exemplos de alguns materiais disponíveis que podem contribuir nas análises
realizadas pelos profissionais de segurança, destacam-se estes:

Pocket Guide to Chemical Hazard

Manual of Analytical Methods (NMAM)

Criteria for a Recommended Standard: Occupational Exposure to Heat


and Hot Environments (https://www.cdc.gov/niosh/docs/2016-106/)

Manual for Measuring Occupational Electric and Magnetic Field


Exposures (http://www.cdc.gov/niosh/docs/98-154/)

Exposição Profissional: Manual de Estratégia de Amostragem (traduzido


pela empresa VALE S.A.)

OSHA

A OSHA (Occupational Safety and Health Administration), assim como o NIOSH,


foi criada em 1970 visando a garantir condições seguras aos trabalhadores norte-
americanos. A função dela é estabelecer e aplicar padrões de segurança do trabalho,
além de fornecer treinamentos e assistência na área de segurança. A OSHA também é
responsável por divulgar tais padrões e está ligada ao departamento do trabalho dos
Estados Unidos.

Uma das publicações da OSHA aborda a definição de padrões para atividades


críticas, como trabalho em espaço confinado, trabalho com máquinas de
movimentação de cargas, trabalho em mineração, entre outros. A agência também
analisa acidentes na área da construção civil e publica as conclusões que teve sobre
eles na própria página.

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Quanto à área de higiene ocupacional, a OSHA estabelece limites de exposição a


agentes químicos e físicos. Para os agentes químicos, a agência apresenta uma
comparação entre limites (os limites estabelecidos pelo NIOSH e os limites
estabelecidos pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial
Hygienists). Alguns materiais podem ser consultados na página da OSHA. São eles:

Using Leading Indicators to Improve Safety and Health Outcomes

Permissible Exposure Limits – Annotated Tables (publicação on-line)

ACGIH

A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) foi


fundada em 1938 e é uma organização voltada à higiene ocupacional. Inicialmente, era
chamada de NCGIH (National Conference of Governmental Industrial Hygienists) e
composta por membros exclusivamente norte-americanos. Então, em 1943, ela foi
renomeada para ACGIH e passou a aceitar membros ligados a agências de higiene
ocupacional de outros países. Além da área de higiene ocupacional, a ACGIH conduz
e publica estudos nas áreas de meio ambiente, toxicologia, materiais e resíduos
perigosos.

A ACGIH também estabelece limites de exposição ocupacional a agentes


químicos e físicos, definidos como TLVs (threshold limit values). Esses limites são
utilizados por muitos países como padrões. Os valores passam por revisões ao longo
do tempo, e, todos os anos, a ACGIH publica tais limites em um documento específico.
O Brasil adotou os limites da ACGIH na década de 1970 para elaborar os anexos 11 e
12 da NR-15, mas não promoveu nenhuma grande atualização dos valores até o
momento.

O texto atual da NR-9 estabelece que, para fins de prevenção, se determinado


risco ambiental não estiver listado na NR-15, os limites da ACGIH devem ser
consultados. Diferentemente dos órgãos já comentados, os documentos da ACGIH
não são gratuitos, destacando-se as seguintes publicações:

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TVLs and BEIs

TLVs and BEIs – Documentation


(https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/2019-tlvs-and-beis-
with-7th-edition-documentation-cd-rom-single-user-version)

Modern Industrial Hygiene – Recognition and Evaluation of Chemical


Agents (https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-
industrial-hygiene-volume-1-recognition-and-evaluation-of-chemical-
agents-2nd-edition) (volume 1)

Modern Industrial Hygiene – Biological Aspects


(https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-industrial-
hygiene-volume-2-biological-aspects) (volume 2)

Modern Industrial Hygiene – Control of Chemical Agents


(https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-industrial-
hygiene-volume-3-control-of-chemical-agents) (volume 3)

AIHA

A AIHA (American Industrial Hygiene Association) foi fundada em 1939 por


profissionais envolvidos com a promoção da saúde (entre eles, químicos, engenheiros
e médicos), os quais se uniram para prover meios de avaliar problemas comuns.
Assim como a ACGIH, a AIHA é uma entidade voltada à higiene ocupacional, com
diversas publicações em toxicologia, ventilação industrial para controle de
contaminantes, fundamentos de higiene ocupacional, estatística voltada às avaliações
de agentes químicos, entre outras. Esses materiais são um suporte para os
profissionais que desejam se especializar na área.

A associação promove uma série de cursos presenciais e on-line por meio da sua
plataforma. Embora a maioria dos materiais da AIHA não seja gratuita, é possível
encontrar na página da associação algumas ferramentas em Excel (IHSTAT é a mais
famosa delas) para avaliar a exposição a substâncias químicas. A IHSTAT (Statistical
Analysis of Health & Safety Data) é uma rotina que avalia diversos parâmetros
estatísticos relacionados à exposição.

Entre as publicações, destacam-se as seguintes:

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A Strategy for Assessing and Managing Occupational Exposures

Welding Health and Safety: a Field Guide for OEHS Professionals

Toxicology Principles for the Industrial Hygienist

Occupational Environment – Its Evaluation, Control, and Management

IH Apps & Tools: IHEST, IHSTAT, IHMOD, IH Skin Perm (uma série de
ferramentas em Excel)

Monitoramento de agentes ambientais e


ocupacionais
Monitorar uma condição de trabalho deve ser um processo contínuo ou repetitivo,
com frequência determinada, que tem por objetivo acompanhar a condição de
exposição a algum risco ocupacional. O processo de monitoramento está ligado
diretamente ao nível de risco do ambiente, ou seja, quanto maior for o nível, maior será
a frequência ou mais rígido será o processo de monitoramento.

A avaliação da condição de exposição por meio do monitoramento pode envolver


etapas de monitoramentos qualitativo e quantitativo, conforme característica do
agente e da atividade desenvolvida.

O monitoramento pode ser realizado com diversos focos: nas condutas de


trabalho, no uso de equipamento de proteção, nos níveis de exposição aos agentes.

Os dados oriundos do levantamento subsidiam uma avaliação crítica sobre a


exposição e definem as novas medidas de controle que devem ser aplicadas. Quando
o monitoramento é baseado nas condutas de trabalho, procura-se verificar se os
trabalhadores seguem os procedimentos prescritos, se respeitam as etapas de
execução da atividade e se operam os equipamentos de forma adequada e segura.

Eventualmente, quando problemas são detectados, o avaliador deve realizar uma


análise para definir se os desvios encontrados são oriundos de algo que não está claro
para o trabalhador. Por exemplo, um treinamento pode ter priorizado a parte teórica em
detrimento de questões práticas, ou vice-versa, levando o trabalhador a não entender
a real importância de executar as atividades de forma segura.

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Ainda, é possível que a mudança no procedimento de campo tenha sido gerada


devido a alguma mudança no leiaute ou durante a implementação de algum sistema
de proteção coletivo.

O acompanhamento de campo pode envolver a análise do uso de EPIs ou de


equipamentos de proteção coletiva. Quanto ao uso de EPIs, é avaliado se o
trabalhador utiliza o equipamento corretamente e durante todo o período de exposição
e se o equipamento está em condições de uso. Quando desvios são encontrados, eles
podem estar ligados à questão do conforto. Por exemplo, o trabalhador deixa de usar
luvas de proteção porque elas não oferecem uma boa movimentação dos dedos.

Outros casos podem estar ligados à falta de peças para reposição (não haver
estoque do equipamento, por exemplo); ao fato de o trabalhador utilizar um
equipamento que não fornece mais a proteção adequada; ou, ainda, ao fato de o
trabalhador não entender os impactos à sua saúde gerados pelo agente de risco e
deixar de utilizar o equipamento por algum tempo.

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Para os equipamentos de proteção coletiva, verifica-se se a manutenção


preventiva é realizada, se o trabalhador aciona o equipamento quando inicia suas
atividades (por exemplo, no caso de um exaustor em uma oficina de solda), se não há
nenhuma alteração no sistema de controle realizado de forma deliberada pelos
trabalhadores. As alterações propositais no sistema de controle visam, normalmente, a
tornar a tarefa mais rápida em detrimento da segurança.

Outro tipo de monitoramento – e o mais comum deles – é o monitoramento


quantitativo de agentes de risco. Tal monitoramento é aplicado quando existe um
limite de exposição (ou de tolerância) definido em norma, como ocorre para ruído
intermitente, calor, vibração de mãos e braços e alguns agentes químicos. Portanto,
quando há um limite de exposição, os demais tipos de monitoramento são
complementados por avaliações quantitativas. A utilização dele visa a identificar a
necessidade de aplicação de novas medidas de proteção para continuar a proteger o
trabalhador.

Além disso, o resultado da análise pode sugerir a necessidade de mudança do


grau de proteção de um EPI. Por exemplo, se um trabalhador utiliza determinado
protetor auditivo e um nível superior for detectado em um monitoramento quantitativo,
talvez um novo protetor deva ser utilizado, com uma atenuação maior. A mesma ideia
é aplicável para a proteção respiratória. Eventualmente, os cartuchos de uma máscara
ou de uma peça facial filtrante precisarão ser repostos mais frequentemente.

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A execução de monitoramentos quantitativos deve seguir padrões rígidos de


avaliação, de modo que um ou mais resultados confiáveis sejam produzidos. Sendo
assim, o profissional da área de segurança poderá utilizar as NHOs publicadas pela
Fundacentro e outras publicações que tratam da avaliação quantitativa.

Durante a condução do processo de monitoramento e no momento da análise


crítica dos resultados, deve estar claro que o objetivo está vinculado a um processo de
melhoria contínua. Assim, é normal que alguns ajustes ou algumas modificações
devam ser aplicados para atender aos padrões de segurança.

O monitoramento pode tornar-se um processo longo quando a empresa conta


com muitas atividades ou com um grande número de trabalhadores. Nesse caso, é
necessário priorizar os monitoramentos que devem ocorrer antes e definir os que
devem ser realizados mais frequentemente. A realidade do dia a dia da empresa é que
apontará a melhor estratégia.

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Como resultado, um plano de ação é elaborado. Normalmente, o plano conta


com objetivo, meta, ações, responsáveis, prazos e indicadores. Toda documentação
gerada deve ser armazenada na empresa para manter um histórico das ações e
também para registrar ações implementadas que não produziram o resultado
esperado, evitando assim o mesmo tipo de abordagem na mesma condição.

Há ainda outro tipo de monitoramento utilizado para complementar os dados de


campo: o monitoramento biológico. Embora ele não seja do mesmo tipo dos
monitoramentos já citados, é útil ao apresentar um panorama da saúde dos
trabalhadores e pode indicar alguma falha das medidas de proteção.

O monitoramento biológico é realizado dentro de um planejamento de exames


médicos periódicos, e os resultados destes são conhecidos como indicadores
biológicos de exposição.

Um indicador biológico pode apresentar, por exemplo, que um trabalhador está


exposto a níveis elevados de um produto químico, por meio dos resultados obtidos em
uma análise de sangue e/ou de urina. Esse tipo de resultado pode indicar alguma falha
no processo de proteção que eventualmente não foi detectada no monitoramento ou
alguma falha na etapa de reconhecimento de riscos.

Embora importante, tal dado de exposição somente é produzido após a falha de


alguma etapa. Logo, qualquer ação que seja tomada tem um caráter de reação. Então,
o ideal é utilizar ferramentas de monitoramento proativas, como as aqui discutidas, em
conjunto com o indicador biológico e outros dados reativos.

NHOs da Fundacentro
Para auxiliar nos procedimentos de avaliação quantitativos e na etapa de
monitoramento, as NHOs disponibilizam a metodologia a ser empregada para algumas
avaliações. As seguintes NHOs tratam da avaliação de agentes ocupacionais:

NHO-1 (avaliação da exposição ocupacional ao ruído)

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É aplicável às exposições que envolvem ruído contínuo ou intermitente e ruído de


impacto. Também estabelece as características básicas do equipamento de medição,
os parâmetros de avaliação e a metodologia a ser aplicada, além de definir limites de
exposição. Por fim, não deve ser aplicada para avaliações de conforto acústico.

NHO-5 (avaliação da exposição ocupacional aos raios x nos serviços de


radiologia)

Estabelece parâmetros para o levantamento radiométrico de equipamentos de


raios x para uso em diagnósticos. Também é aplicável à avaliação de fuga da radiação
desses equipamentos e estabelece alguns limites para esse caso. Os limites
ocupacionais são definidos pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

NHO-6 (avaliação da exposição ocupacional ao calor)

Estabelece os requisitos dos equipamentos e a forma de montagem destes no


ambiente de trabalho. Também indica a metodologia de avaliação e as fórmulas para
cálculos dos parâmetros, apresentando limites de exposição para o agente calor.
Situações de exposição ao calor com e sem carga solar direta são tratadas. A norma
não está voltada para a avaliação de conforto térmico.

NHO-8 (coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes


de trabalho)

Estabelece o procedimento de coleta de materiais particulados, exceto fibras, por


meio de bombas de amostragem de ar. Além disso, define os amostradores a serem
utilizados para a coleta do material e fixa o parâmetro de vazão da bomba de
amostragem durante a coleta. A norma estabelece a metodologia de avaliação em
campo. Não são apresentados limites de exposição, pois eles estão presentes nas
NRs ou em outros padrões. A norma não é aplicável à avaliação de gases e vapores,
mas o processo de avaliação de tais formas de apresentação de agentes químicos é
semelhante.

NHO-9 (avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro)

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Fixa critérios e procedimentos para a avaliação da exposição à vibração de corpo


inteiro e define o tipo de equipamento a ser utilizado e os limites de exposição
ocupacionais. Também apresenta os itens a serem considerados em uma avaliação
preliminar de exposição à vibração de corpo inteiro.

NHO-10 (avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços)

É muito semelhante à NHO-9. Fixa critérios e procedimentos para a avaliação da


exposição à vibração de mãos e braços e define o tipo de equipamento a ser utilizado
e os limites de exposição ocupacionais. Além disso, apresenta os itens a serem
considerados em uma avaliação preliminar de exposição à vibração em mãos e
braços.

NHO-11 (avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de


trabalho)

Trata do risco ergonômico e fixa as formas de avaliação do agente iluminância.


Também estabelece limites de exposição e características básicas do equipamento de
avaliação.

Uma leitura criteriosa das NHOs elucida muitas dúvidas sobre a avaliação dos
agentes tratados. As normas são escritas de tal forma que fornecem subsídios
suficientes para conduzir uma avaliação pelo técnico de segurança do trabalho ou para
definir os parâmetros que devem ser apresentados e a forma de condução da
avaliação por empresas contratadas para tal.

NRs
A forma como os riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos são tratados
pela higiene ocupacional, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e
do controle, também é utilizada, semelhantemente, para controlar os riscos de
acidentes.

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Por exemplo, na análise preliminar de riscos de acidente, independentemente da


ferramenta de análise aplicada, o primeiro passo é reconhecer todos os agentes
presentes no ambiente com potencial de causar uma lesão ao trabalhador. Após, na
próxima etapa, o potencial de dano da situação é analisado e reconhecido por meio de
parâmetros como gravidade da lesão, frequência da exposição e probabilidade de
ocorrência. Definido o nível de risco, a situação é controlada por meio da hierarquia de
controle discutida. A mesma semelhança existe com relação ao monitoramento dos
riscos ocupacionais como um todo.

As NRs estão divididas em NRs que se aplicam a setores específicos (por


exemplo, NR-18, NR-22, NR-29) e em NRs que se aplicam a todos os segmentos (por
exemplo, NR-7, NR-10, NR-12).

Nem sempre as normas estabelecem explicitamente a necessidade de monitorar


as condições de exposição aos riscos ocupacionais. Porém, tal monitoramento fica
implícito quando a norma exige que medidas de controle devam ser aplicadas para
controlar a exposição dos trabalhadores. A aplicação de controles deve garantir que o
trabalhador continue protegido ao longo do tempo. Dessa forma, o monitoramento faz
parte de qualquer gerenciamento de riscos.

Os agentes de riscos ocupacionais ligados à higiene ocupacional contam com


uma abordagem específica em duas NRs: 9 e 17. A NR-9 trata dos agentes
ambientais, que são os riscos físicos, químicos e biológicos, e determina que as
etapas de antecipação e reconhecimento de riscos sejam realizadas criteriosamente,
definindo, inclusive, os itens que devem ser abordados no reconhecimento. Os itens
são os seguintes:

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a) Descrição das atividades

b) Identificação do agente e formas de exposição

c) Possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições


identificadas

d) Fatores determinantes da exposição

e) Medidas de prevenção já existentes

f) Identificação dos grupos de trabalhadores expostos

A NR-9 não define, na parte de avaliação do nível de risco, uma ferramenta


específica, mas ressalta a necessidade de avaliação quantitativa para, segundo a
norma, comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes identificados;
dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de trabalhadores; e subsidiar o
equacionamento das medidas de prevenção. Em alguns casos, mesmo quando o
agente em análise contém um limite de exposição, não é preciso proceder
imediatamente a uma avaliação quantitativa.

Observe a figura 1. O trabalhador corta um bloco de concreto com uma serra


circular. Se a atividade ocorre durante toda a jornada, por exemplo, e nenhuma medida
de proteção está presente ou é utilizada, fica evidente o descontrole de exposição.
Nesse caso, a condução de uma avaliação de sílica livre cristalizada (o principal
agente químico nesta análise) quantitativa para confirmar que a exposição é crítica não
é necessária. Algum controle deve ser aplicado antes de a avaliação ser realizada.

O corte úmido feito pelo direcionamento de um pequeno jato de água na direção


do disco poderia ser uma opção para reduzir a emissão de poeiras. Com isso, uma
avaliação quantitativa poderia ser conduzida a fim de verificar se a concentração do
agente químico está em níveis aceitáveis ou se outras medidas são necessárias.

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Figura 1 – Trabalhador exposto à poeira durante o corte de concreto


Fonte: <https://www.forconstructionpros.com/business/construction-
safety/article/21028712/protecting-construction-workers-lungs-is-a-safety-
issue>. Acesso em: 6 mar. 2020.

Caso, na atividade da figura 1, a medida de controle proposta, ao menos de


forma emergencial, fosse a utilização de um equipamento de proteção respiratória, a
avaliação quantitativa seria necessária para definir corretamente o tipo de máscara.

Nem sempre é possível, por meio de avaliação qualitativa, definir se uma


exposição é crítica ou não. Por exemplo, no caso em análise, a exposição ao calor é
evidente (a atividade é realizada com a presença de carga solar e com o emprego de
certo esforço físico). Porém, tal exposição representa um risco ao trabalhador?

Essa pergunta somente pode ser respondida por meio de uma avaliação
quantitativa, conduzida de acordo com a NHO-6 da Fundacentro.

A NR-17 (referente à ergonomia), embora não seja tão explícita quanto a NR-9,
exige a elaboração de uma análise ergonômica do trabalho (AET), e, novamente, as
quatro etapas da higiene ocupacional são aplicadas. Considerando que o resultado da

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AET são as medidas de controle para a demanda ergonômica, o monitoramento


constante da aplicação e da implementação das recomendações é necessário para
garantir que as situações de exposição estejam sob controle.

O programa de controle médico de saúde ocupacional, definido na NR-7,


estabelece o monitoramento biológico dos trabalhadores. Como já indicado, esse tipo
de monitoramento não é igual àqueles já comentados, mas é uma ferramenta
importante para o gerenciamento de segurança da empresa. O papel do
monitoramento biológico é identificar algum comprometimento na saúde dos
trabalhadores devido aos riscos do ambiente de trabalho, e o resultado é utilizado em
conjunto com outros dados, para avaliar os meios de proteção empregados.

Ademais, há NRs que determinam que o técnico em segurança do trabalho é


quem deve realizar um monitoramento da execução de um plano de ação e um
monitoramento de caráter documental. Ainda, existem outras normas que exigem que
os documentos ou os planos de ação sejam elaborados por outros profissionais:

NR-10

Estabelece a necessidade de cronograma de adequações durante a realização e


a manutenção do prontuário de instalações elétricas. A proposição de ações depende
de um profissional habilitado na área elétrica.

NR-13

Determina a necessidade de elaborar um planejamento de inspeção e


manutenção e, quando for o caso, um projeto de reparos de tubulações, caldeiras e
vasos de pressão.

Como visto nos exemplos citados, as rotinas de segurança continuam


relacionadas ao SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho). Apenas as questões técnicas que envolvem conhecimento
específico da área elétrica ou mecânica, como nas NRs 10 e 13, respectivamente,
exigem a presença de um profissional habilitado para tal.

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Um gerenciamento correto da exposição dos trabalhadores aos riscos


ocupacionais envolve uma metodologia adequada para definir as melhores formas de
proteção.

Tal metodologia, na área da higiene ocupacional, está baseada nas etapas de


antecipação, reconhecimento, avaliação e controle. Para garantir que as proteções
implementadas continuem a desempenhar o papel que cabe a elas, deve-se
estabelecer uma rotina de monitoramento a fim de realizar a manutenção dos sistemas
de proteção, a modificação destes ou a inserção de novas formas de controle.

Portanto, durante esse processo, o técnico em segurança do trabalho deve


considerar o que as NRs aplicáveis às atividades ou ao segmento econômico definem
como itens mínimos a serem cumpridos.

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