Você está na página 1de 28

Instituto Superior de Tecnologias de Informação e Comunicação

CURSO DE TELECOMUNICAÇÕES
Disciplina de
Circuitos Eléctricos II

TEMA DA AULA
Potência em Circuitos de Corrente Alternada
 Potências Activa, Reactiva e Aparente
 Factor de Potência. Correcção do Factor de Potência

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


INTRODUÇÃO
Até aqui temos tratado de potência em circuitos de corrente contínua e
puramente resistivos. Nos elementos puramente resistivos a potência elétrica
a eles fornecida é transformada em calor. Daí usarmos a expressão “potência
dissipada” no resistor. Se uma fonte de tensão alimenta um circuito puramente
resistivo, toda a energia elétrica por ela fornecida aos resistores será
transformada em calor. Do ponto de vista de transformação de energia, esta é
a potência que chamamos de “potência útil”, “potência ativa”, “potência
média” ou ainda, “potência eficaz ou RMS” (Root Means Square).

Sendo o circuito alimentado por uma c.c. pura e só contendo resistores, a


potência terá valor sempre constante ao longo do tempo, razão pela qual não
faz sentido em se falar em valor máximo, valor médio, valor eficaz ou valor
instantâneo, já que todos estes valores são iguais entre si. Entretanto, se o
circuito possuir elementos armazenadores de energia (conforme já vistos em
aulas anteriores), além de resistores, e for alimentado por uma corrente de
intensidade e sentido variáveis no tempo, como é o caso de uma tensão
alternada senoidal, então dois novos fatos surgirão:

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


a) nem toda a potência fornecida pela fonte aos
componentes do circuito será transformada, já
que parte dela será armazenada nos elementos
armazenadores de energia, e
b) a potência será variável no tempo. Isto quer
dizer que passará a fazer sentido se saber:
– identificar a potência que é gerada pela fonte e
fornecida ao circuito, identificando-se também
quanto dela será transformada (potência útil) e
quanto será armazenada nos elementos
armazenadores, e
– identificar os diversos valores que esta potência
agora possui: valor máximo, valor médio e valores
instantâneos.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
POTÊNCIA EM CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA SENOIDAL,
CONTENDO ELEMENTOS ARMAZENADORES DE ENERGIA E OPERANDO
NO REGIME PERMANENTE: análise no domínio do tempo

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


Trabalhando coma expressão (2): p(t) = Vm.Im.cos (wt + ).cos(wt + β) (3)

Da trigonometria sabemos que: cos(a).cos(b) = ½.cos(a - b) + ½.cos(a + b) (4)


Se considerarmos a = (wt + ) , b = (wt + β) e aplicarmos (4) em (3) resulta:

p(t) = ½.Vm.Im.cos[(wt + α) – (wt + β)+ + ½.Vm.Im.cos[(wt + α) + (wt + β)+ 

 p(t) = ½.Vm.Im.cos(α – β) + ½.Vm.Im.cos(2wt + α + β) (5)

Sendo α – β = φ podemos escrever (5) como:

p(t) = ½.Vm.Im.cosφ + ½.Vm.Im.cos(2wt + α + β) (6)

Pode-se observar na expressão (6) que:

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


a) a potência p(t) é variável no tempo, conforme já esperávamos, sendo
expressa pela soma de dois termos, onde:

a.1) o primeiro termo não varia no tempo. Note que, dado o circuito com
seus componentes, Vm, Im e φ são valores constantes, o que mostra que
este primeiro termo também é constante. Ele representa o valor médio
de p(t), ou seja, o VALOR MÉDIO da potência, e corresponde à parcela
da potência total em Z relativa à sua parte resistiva, energia esta que
será transformada em calor (dissipada sob a forma de calor);
a.2) o segundo termo é variável no tempo (é função de t, já que possui
2wt), tem freqüência que é o dobro da freqüência da excitação (2wt) e
possui valor médio nulo (trata-se de uma função cosseno puro, cujo
valor médio sabemos ser zero). Representa a parcela da potência total
em Z que é armazenada na sua parte reativa e devolvida ao circuito, o
que ocorre à medida que o campo magnético (para reatância indutiva)
e/ou o campo elétrico (para reatância capacitiva) aumentam ou
diminuem de intensidade, de acordo com as variações da alimentação
do circuito. Assim, nestes elementos reativos esta parcela da energia
fornecida pela fonte não é transformada e, neste aspecto, não
corresponde a uma potência útil. Ela receberá um nome especial, que
veremos mais à frente.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
b) , sendo que o valor de pico dividido por raiz quadrada
de 2 é o que se define como VALOR EFICAZ da grandeza do tipo senoidal (Vef
ou VRMS e Ief ou IRMS), conforme visto nas aulas anteriores. Assim, a expressão
(6) pode ser escrita como:

p(t) = Vef.Ief.cosφ + Vef.Ief.cos(2wt + α + β) = VRMS.IRMS.cosφ + VRMS.IRMS.cos(2wt + α + β) (7)

Para simplificar, não usaremos o subíndice “ef ” ou “ RMS ” (salvo em ocasiões especiais),
adotando o uso apenas de V e I. Entretanto, não podemos nos esquecer que se trata
dos valores eficazes de V e I e não de seus valores máximos ou de pico (Vm e Im). A
expressão (7) ficará, então, assim:
p(t) = V.I.cosφ + V.I.cos(2wt + α + β) (8)

INSISTINDO: na expressão (8), V e I representam os VALORES EFICAZES da tensão e da


corrente, e não os seus valores máximo ou de pico (Vm e Im).

A partir de qualquer das expressões (2), (3), (6) e (8), pode-se obter o valor instantâneo
da potência, ou seja, o valor da potência correspondente a um instante de
tempo t qualquer.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


Tal como foi feito para tensão e corrente, e
considerando a situação em que estamos
analisando o comportamento dos circuitos,
podemos também expressar a potência através
de um fasor. Para isto, usaremos, analiticamente,
números complexos e a potência passará a ser
denominada POTÊNCIA COMPLEXA.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


POTÊNCIA COMPLEXA (S)
Consideremos a situação a seguir:

Vamos fazer uma análise usando os fasores de V e I para calcularmos a potência.


Vamos representar a potência assim calculada por S.
Como a potência é, em qualquer caso, dada pelo produto entre tensão e corrente,
nada mais natural que escrevermos:
S = V.I  S = V / α . I / β
 S = V.I / α + β (9)
A expressão (9) nos permite constatar que:
1a. – se usarmos V e I como valores eficazes e não de pico (como temos feito até
agora), obtemos exatamente o mesmo produto obtido na expressão (8), que terá
para nós particular interesse;
2a. – encontrar o valor de α + β não faz sentido em relação ao que temos calculado até
aqui. Por outro lado, se encontrássemos o valor de α - β, este sim seria importante,
já que expressaria a defasagem entre V e I na carga Z onde estamos calculando a
potência. Lembre-se de que φ = α – β.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
Com relação à 1a. constatação, basta que usemos, quando formos trabalhar com potência,
os valores eficazes da tensão e da corrente, em substituição aos valores de pico (Vm e
Im). Assim, quando o assunto for potência, expressaremos:

V = V / α [V] onde V = Vef ou VRMS e não Vm

I = I / β [A] onde I = Ief ou IRMS e não Im

Com relação à 2a constatação, vamos fazer uma alteração mais radical: vamos usar o valor
do conjugado de I ( I* ), ou seja, vamos calcular a potência fazendo o produto V.I*.
Relembrando: o conjugado de um número complexo é outro número complexo com o
sinal da parte imaginária ou o sinal do argumento trocado. Exemplos: 5 + j.8 e 5 - j.8 ; -
10 - j4 e -10 + j4; 30 / 600 e 30 / -600. Ao usarmos o conjugado de I e fazermos o
produto com V, o argumento resultante será α - β = φ, informação que nos interessa.
Veja este exemplo:
Seja:
V = 127 / 500 *V+ (α = 500) e I = 2 / 200 *A+ (β = 200)  I* = 2 / -200 [A]

onde os módulos representam os valores eficazes de V e I. Calculando então a potência


pela nova proposta:

S = V.I* = 127 / 500 . 2 / -200 = 254 / 300

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


onde vemos claramente que o argumento da potência é a defasagem entre V e I, ou seja,
φ = α - β = 500 - 200 = 300, informação esta de grande utilidade para nós. Com isto,
resulta como expressão geral para S:

S = V.I* = V.I / φ  S = S / φ (10) onde S = V.I (11)

Se convertermos a potência S da forma polar para a retangular encontraremos:

S = S / φ = S.cosφ + j.S.senφ (12)


O termo S.cosφ é igual ao primeiro termo do segundo membro de (8), já que S = V.I, e
representa, assim, a POTÊNCIA MÉDIA, que corresponde à parcela da potência que é
dissipada na parte resistiva de Z. É também denominada POTÊNCIA ÚTIL, POTÊNCIA
REAL, POTÊNCIA ATIVA, ou ainda, POTÊNCIA EFICAZ. Representaremos esta parcela da
potência S por P. Assim:
P = S.cosφ (13)
O termo S.senφ representa a parcela da potência na parte reativa de Z, aquela parcela da
potência que não é transformada. Representaremos esta parcela da potência S pela
letra Q. Assim:

Q = S.senφ (14)

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


Para identificar cada uma destas três potências, usam-se símbolos, nomes e unidades
diferentes para cada uma, embora todas representem energia ou trabalho por unidade
de tempo (J/s). São eles:

• S ou S, expressa em Volt.Ampére [VA], e denominada POTÊNCIA APARENTE;


• P, expressa em Watt [W], já conhecida, e denominada POTÊNCIA ÚTIL, ATIVA, REAL,
MÉDIA,ou EFICAZ;
• Q, expressa em Volt.Ampére Reativo [VAR], e denominada POTÊNCIA REATIVA.

O nome “potência aparente” decorre do fato de que S é apenas aparentemente a potência


disponível para ser transformada. Ela será fornecida pela fonte à carga, mas se vai ou
não ser totalmente transformada, depende do tipo de carga usada., conforme veremos.

Enquanto S representa a potência aparente na forma de um número complexo (potência


complexa), S, P e Q são números reais e representam os valores da potência aparente,
da potência útil e da potência reativa. S e P serão sempre valores positivos, enquanto Q
poderá ser positivo ou negativo. De acordo com a expressão (4), se φ for positivo, Q =
S.senφ será positivo; se φ for negativo, Q = S.senφ será negativo. Entretanto, é
conveniente se expressar Q sempre em módulo, para se evitar erros quando de alguns
cálculos que com ela se faz, especialmente relacionado a valores de indutância (L) e
capacitância (C), como também veremos.

Assim, pela unidade podemos identificar a qual das três potências estamos nos referindo.
Finalmente, podemos resumir:
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
Enquanto S representa a potência aparente na forma de um número complexo
(potência complexa), S, P e Q são números reais e representam os valores da
potência aparente, da potência útil e da potência reativa. S e P serão sempre
valores positivos, enquanto Q poderá ser positivo ou negativo. De acordo com
a expressão (4), se φ for positivo, Q = S.senφ será positivo; se φ for negativo,
Q = S.senφ será negativo. Entretanto, é conveniente se expressar Q sempre
em módulo, para se evitar erros quando de alguns cálculos que com ela se faz,
especialmente relacionado a valores de indutância (L) e capacitância (C),
como também veremos.

Assim, pela unidade podemos identificar a qual das três potências estamos nos
referindo. Finalmente, podemos resumir:
S = V.I* = S / φ = S.cosφ + j.S.senφ = P + j.Q [VA] (15) S = V.I [VA] (16)
P = S.cosφ [W] (17)
Q = S.senφ [VAR] (18)
Notar que S expressa na forma retangular poderá ser:
S = P + j.Q e S = P - j.Q (19)

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


• Da conversão de números complexos podemos concluir que:

IMPORTANTE
a) Embora P e Q sejam as partes em que S se divide nos elementos resistivos e reativos, S não é a
soma algébrica de P e Q. É a soma fasorial (ou vetorial), conforme mostra a expressão (20).
b) Se φ = 00, o que significa Z = R (característica resistiva pura), então P = S e Q = 0, como era de se
esperar, já que cos00 = 1 e sen00 = 0). Confira nas expressões (17) e (18).
c) Se φ = 900, o que significa Z = j.XL (característica indutiva pura), então Q = S e P = 0, como era de se
esperar, já que cos900 = 0 e sen900 = 1). Confira nas expressões (17) e (18).
d) Se φ = -900, o que significa Z = -j.XC (característica capacitiva pura), então Q = S e P = 0, como era de
se esperar, já que cos(-900) = 0 e sen(-900) = -1. Q é expresso em módulo. Confira nas expressões
(17) e (18).
e) Se 0 < φ < 900, o que significa Z = R + j.XL (característica indutiva), então P e Q serão diferentes de
zero.
f) Se -900 < φ < 00, o que significa Z = R - j.XC (característica capacitiva), então P e Q serão diferentes de
zero.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
FATOR DE POTÊNCIA
O cosφ é denominado FATOR DE POTÊNCIA (f.p. ou fp). Isto por que através do seu valor,
tem-se o fator pelo qual se deve multiplicar a potência aparente S para se obter o valor
da potência útil P. Se expressarmos f.p. em porcentagem, ele nos dará o percentual de P
em relação a S.

Exemplo: Suponha uma carga Z onde se tem S = 300 / 600 [VA]. Com isto, temos que S =
300 [VA] e f.p. = cos 600 = 0,5. Considerando que P = S.cosφ, temos P = 300.0,5 = 150
[W], o que mostra que P é mesmo 50% de S.

Em muitas aplicações é importante se saber se a carga é do tipo indutiva ou capacitiva. Esta


indicação aparece junto ao valor do f.p., da seguinte forma: f.p. = 0,5 indutivo ou f.p. =
0,5 capacitivo, conforme seja o caso. Se φ for positivo, o f.p. é indutivo, se φ for
negativo o f.p. é capacitivo, mas não é possível se usar sinal no valor do f.p. (valor de f.p.
positivo ou negativo) para identificar se a carga é indutiva ou capacitiva porque o f.p.
será sempre positivo. Embora o ângulo φ possa ser positivo ou negativo, ele será
sempre um ângulo do primeiro ou quarto quadrantes, onde o cosseno é positivo, o que
resulta em f.p. = cosφ sempre positivo. Eis a razão para se usar o termo indutivo (ind.)
ou capacitivo (cap.), conforme seja o caso.
Da mesma forma, é comum também se indicar se a potência reativa Q é indutiva ou
capacitiva. Para este caso, usa-se o mesmo processo usado para o f.p., acrescentando-
se ao valor de Q o termo indutivo ou capacitivo logo após a unidade. Por exemplo: 100
VAR ind. ou 100 VAR cap..
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
EXEMPLOS:
E.1 - Uma lâmpada fluorescente compacta traz em sua base as seguintes informações:

20 [W], 127 [VRMS], 60 [Hz], f.p. = 0,5 ind.

Calcular é a potência útil (ativa, real, eficaz ou média) P nesta lâmpada. Calcular a potência total S
fornecida a ela, quando em funcionamento. Quanto da potência total corresponde à potência
reativa Q? Calcular a corrente I é fornecida pela fonte e que circula pela lâmpada.

Solução:

- A informação 20 [W] corresponde à potência útil P, o que é visto pela unidade usada (Watt). Logo: P =
20 [W].
- A informação fp. = 0,5 ind. significa se tratar de que carga com característica indutiva e que P
corresponde a 50% da potência total que a ela é fornecida. Assim, a potência total a ela fornecida
é de 40 [VA], ou seja: P = S.fp  S = P / fp  S = 20 / 0,5  S = 40 [VA].
- Como Q = S.senφ e φ = arccos0,5 = 600, então: Q = 40.sen600  Q = 34,64 [VAR ind.].
Poderíamos também, calcular Q a partir da expressão (20). Faça este cálculo.
- Sendo S = V.I, então: I = S / V = 40 / 127  I = 0,3149 [A] ou I = 314,9 [mA] (este valor é o valor
eficaz).

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


E.2 - Uma carga Z = 50 - j37,5 *Ω+ está submetida a
uma tensão E = 100 / 300 [V]. Calcular para esta
carga:

a) O f.p. .
b) A potência aparente complexa.
c) A potência útil.
d) A potência reativa.
e) A corrente eficaz que ela exige da fonte.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


Solução:

a) fp = cosφ. Temos Z = 50 - j.37,5 = 62,5 / -36,8690 [Ω]  fp = cos36,8690 = 0,8 cap. (note que Z é
do tipo capacitiva)

b) S = E.I*. Temos que: I = E / Z = 100 / 300 / 62,5 / -36,8690 = 1,6 / 66,8690 [A]  expressando I e E
em termos do valor eficaz e não do valor de pico: I = 1,6. 0,707 / 66,8690 = 1,13 / 66,8690 [A] e E
= 100.0,707 / 300 = 70,7 / 300 [V]

 S = 70,7 / 300 . 1,13 / -66,8690 = 79,891 / -36,8690 [VA]  S = 79,891 / -36,8690 [VA]

Como o argumento de S é o mesmo de Z, ou seja, o ângulo φ, poderíamos ter calculado só o valor S


=E.I e usado diretamente o argumento de Z (após convertido para a forma polar) . Assim:

S = E.I sendo E = 100.0,707 = 70,7 [V] e I = E / Z = 70,7 / 62,5 = 1,13 [A]  S = 70,7.1,13 = 79,891
[VA] 

 S = 79,891 / -36,8690 [VA].

Esteja atento para o fato de que os valores de E e I para serem usados nos cálculos de potência têm
que ser valores eficazes. Por esta razão, calculamos E eficaz e I eficaz.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


c) P = S.cosφ = 79,891.cos(- 36,8690) = 79,891.0,8 =63,913 [W]  P =
63,913 [W].
d) Q = S.senφ = 79,891.sen(-36,8690) = 79,891.(-0,6) = - 47,934 [VAR
cap]  Q = 47,934 [VAR cap].

O valor de Q da resposta foi dado em módulo, pelo motivo já


explicado. Entretanto, vale ressaltar que em algumas publicações
ele é usado com valor negativo, quando encontrado com valor
negativo. Isto não está errado, mas pode gerar um erro grave no
cálculo do valor do capacitor C responsável por esta potência
reativa. O mesmo fato pode ocorrer com o valor de XC. Veja os
exemplos E.3 e E.4 abaixo.

e) Conforme calculado no item b, temos: I = 1,13 [A].

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


E.3 - Calcular o valor de R e de C que formam a carga Z do exemplo E.2,
considerando que a freqüência da tensão seja igual a 1 kHz.

Solução:

O valor de R não depende da freqüência e é igual ao valor da parte real


de Z. Portanto: R = 50 *Ω+.

Conforme já sabemos: XC = 1 / (2.π.f.C) e XC é dada na parte


imaginário de Z. Assim:

C = 1 / 2.π.f.XC = 1 / (2.3,14.1.103.37,5) = 4,246.106 [F]  C = 4,246


μF.

Notar que o uso de XC é com valor positivo, já que se for usado valor
negativo será encontrado um valor também negativo para a
capacitância C, o que não é possível. Veja o exemplo E.4.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO.
• Se todas as cargas tivessem comportamento do tipo puramente resistivo, a
potência útil ou ativa (P) seria igual à potência aparente (S), o que reduziria a
quantidade necessária de energia a ser gerada, fazendo com que os circuitos
operassem com correntes de menor intensidade. Isto acarretaria menos
perdas na fiação e/ou permitiria o uso de condutores mais finos, tudo
contribuindo para uma redução de custos. Veja o caso do exemplo E.1, onde
uma lâmpada fluorescente de 20 W, 127 V, 60 Hz, fp = 0,5 ind., exigia da fonte
uma potência de 40 VA e uma corrente de 315 mA. Se esta lâmpada tivesse
um comportamento puramente resistivo, sua potência reativa seria nula, o
que exigiria da fonte apenas a potência útil que ela consome (20 W) e uma
corrente de 157,5 mA, ou seja, a metade da necessidade que ela efetivamente
tem, tendo em vista as suas demais características. No caso desta lâmpada,
por se tratar de uma carga de baixo consumo, pode não ficar tão claro a
importância destas reduções. Entretanto, se considerarmos cargas de alto
consumo, como por exemplo, os grandes motores existentes em muitas
indústrias ou o conjunto de diversas cargas operando simultaneamente, o fato
das cargas não terem comportamento puramente resistivos pode ter um
impacto muito grande nos custos das instalações elétricas, na quantidade de
energia que se necessita gerar, nos custos mensais com o consumo de energia
elétrica etc..

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


Do exposto acima, podemos perceber que o ideal é que as cargas tivessem fator
de potência unitário, ou seja, fp = cosφ = 1. Isto significaria que elas teriam
comportamento puramente resistivo, já que fp = cosφ = 1 significa se ter φ =
00, o que, por sua vez, significa não existir defasagem entre a tensão e a
corrente e, portanto, se ter uma carga com característica puramente resistiva.
Entretanto, esta não é a realidade para a grande maioria das cargas. Cargas
puramente resistivas são aquelas cujo objetivo é a simples produção de calor,
como por exemplo, os chuveiros elétricos convencionais, ferros de passar
roupas, lâmpadas incandescentes (que embora tenham como objetivo a
produção de energia luminosa, esta é obtida a partir do aquecimento do
filamento da lâmpada), fogões elétricos e similares. Nos demais casos, e
pensando apenas no uso doméstico, temos, no geral, cargas com
características indutivas, representadas pelos motores das geladeiras,
liquidificadores, máquinas de lavar e secar, pelos reatores das lâmpadas
fluorescentes etc.. No caso de uso doméstico, o problema tem uma dimensão
menor do que no caso de uso industrial, onde as cargas são de grandes
potências. Tanto que, para as indústrias, as concessionárias de energia elétrica
cobram uma sobretaxa quando o fator de potência é menor do que um dado
valor (0,92).
Entretanto, há uma técnica que permite se corrigir
esta situação, “neutralizando-se”, do ponto de vista
das fontes e instalações que as alimentam, os
efeitos reativos destas cargas. Esta técnica consiste
em se fazer o que é denominado “CORREÇÃO DO
FATOR DE POTÊNCIA” das cargas, de tal forma a que
elas sejam “vistas” como puramente resistivas ou
próximo disto, conforme seja a necessidade e a
relação custo x benefício que se pretende alcançar.
Isto quer dizer que esta correção permitirá que uma
fonte de alimentação que “vê” a carga com um fator
de potência de, por exemplo, 0,5, passe a vê-la com
um fator de potência de 0,9.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


O que isto significa? Significa que P deixará de representar
50% de S para representar 90% de S. Se, por exemplo,
tivermos P = 45 W em uma dada carga com fp = 0,5,
então teremos S = 90 VA (45 representa 50% de 90), que é
a potência aparente que deve ser fornecida à carga para
que se tenha nela os 40 W de potência útil. Se para esta
mesma carga, conseguirmos corrigir o seu fator de
potência para fp = 0,9, então passaríamos a ter S = 50 VA
(45 representa 90% de 50), o que representa uma redução
significativa na potência que a ela tem que ser fornecida,
com redução na geração de energia elétrica e na corrente
de alimentação. Imagine que a tensão de alimentação
desta carga seja de 127 Vef: considerando fp = 0,5, a
corrente a ser fornecida pela fonte seria de 0,7 A e,
considerando fp = 0,9, a corrente passará a ser de 0,4 A.

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
Suponha uma carga do tipo indutiva. Corrigir seu fator de potência consiste em se associar
a ela uma outra carga do tipo capacitiva pura, de tal forma que os efeitos dos dois
tipos de reatâncias se combinem e resulte em um efeito reativo menor ou até mesmo
nulo. Lembrar que reatâncias indutivas e capacitivas têm sobre a defasagem entre
tensão e corrente efeitos opostos: enquanto na reatância indutiva pura a tensão se
adianta da corrente de 900, numa reatância capacitiva pura a tensão se atrasa da
corrente de 900. Como corrigir o fator de potência é se alterar o valor do cosφ e φ é o
ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente, ao se fazer a correção do fator de
potência se está intervindo nesta defasagem, no sentido de reduzi-la ao máximo. Se a
correção for para se obter um novo fp = cosφ = 1, o que equivale a se ter φ = 00, então
a defasagem entre a tensão e a corrente na nova carga, já com o fp corrigido, deixará
de existir.

Para o caso de cargas do tipo capacitiva, a correção se faz pela associação de outra carga
do tipo indutiva pura.

Observe que, ao se associar uma outra carga do tipo reativa pura à carga para a qual se
deseja um novo fator de potência, não haverá alteração na potência útil: a carga antes
da associação e a nova carga obtida após a associação terão a mesma potência útil ou
ativa.

Para se manter a tensão de alimentação da carga original sem alteração após a correção
de seu fator de potência, a carga reativa a ela associada deverá ser ligada em paralelo.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.
EXEMPLO
E.4 - Consideremos aquela lâmpada fluorescente compacta do
exemplo E.1. Vamos corrigir o seu fator de potência de 0,5 ind.
para 0,9 ind. e calcular a capacitância C do capacitor a ser usado
para isto.
a) ANTES DA CORREÇÃO (situação 1):

ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.


ENGº CLÁUDIO SANTOS PINTO, MSc.

Você também pode gostar