Você está na página 1de 20

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/340232224

Perfil de capelães e capelania hospitalar na rede adventista de saúde no brasil

Conference Paper · June 2019


DOI: 10.29327/15450.1-8

CITATIONS READS

0 2,040

4 authors, including:

Anselmo Cordeiro de Souza


Bahia Adventist College
155 PUBLICATIONS 182 CITATIONS

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Anselmo Cordeiro de Souza on 27 March 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

PERFIL DE CAPELÃES E CAPELANIA HOSPITALAR NA REDE


ADVENTISTA DE SAÚDE NO BRASIL
Lucas Costa Viana 1,
Bruno Nicácio Correia2,
Cláudio Silva de Souza3,
Anselmo Cordeiro de Souza4.

Resumo: Este trabalho objetiva traçar o perfil do capelão e atividades desenvolvidas


nos Hospitais Adventistas do Brasil. Trata-se de uma investigação que integra
métodos quantitativos, ao caracterizar o perfil dos capelães expresso em frequência
relativa, e métodos qualitativos na caracterização das atividades desenvolvidas na
capelania por meio dos discursos dos capelães. O estudo foi desenvolvido com os
Capelães dos Hospitais Adventistas do Brasil por intermédio de um formulário
elaborado pelos pesquisadores, com as dimensões de análise pessoal, acadêmica e
profissional do capelão. A investigação evidenciou que a assistência espiritual
facilitada pelo capelão hospitalar é vista como um ministério integrado a recuperação
do paciente na visão dos capelães, e não há por parte da estrutura administrativa da
igreja, nenhum tipo de preconceito em relação a função do capelão hospitalar. Porém,
as presentes instituições não oferecem os subsídios necessários para a eficácia do
mesmo.
Palavras-chave: Capelão; Capelania; Espiritualidade; Promoção da Saúde..

INTRODUÇÃO

O termo capelão vem do latim, pode significar “padre que tem a seu encargo
uma capela particular ou que exerce funções sacerdotais num hospital, numa prisão,
num regimento”. (CAMARGO, 2007, p. 6). Na perspectiva criacionista é possível
observar que desde o lapso ocorrido no episódio bíblico da criação o ser humano
carece da orientação de Deus. A própria função dos profetas e sacerdotes bíblicos

1 Bacharel em Teologia pelo Seminário Latino Americano de Teologia – SALT/IAENE, Pós graduado em Missiologia
Cristã Contemporânea pela Faculdade Unida de Vitoria. Atua como Pastor do distrito de Jardim da Penha, em
Vitoria, ES, Brasil. E-mail: lucas.viana@adventistas.org.br;
2 Bacharel em Teologia pelo Seminário Latino Americano de Teologia – SALT/IAEN. Atua como Pastor Distrital na

Missão Alagoas, Brasil. E-mail:bruno.correia@adventistas.org.br;


3 Graduado em Fisioterapia pelas Faculdades Integradas do Triângulo – FIT, Pós-graduado em Fisioterapia

Desportiva pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG e Mestre em Políticas Sociais e
Cidadania pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Diretor do Sênior Saúde 360° , Brasil.
4 Bacharel em Teologia pelo Seminário Latino Americano de Teologia – SALT/IAENE, Licenciado em Pedagogia

pela Faculdade Paulista São José – FPSJ, MBA em Gestão de Pessoas e Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro
Universitário Adventista de São Paulo – UNASP. Atua na equipe de capelania na Clinica Retiro da Saúde na cidade
de Itapecerica da Serra, SP, Brasil. E-mail: anselmo.vivamelhor@hotmail.com;
–1–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

aparentemente fornece um precedente para o modelo da atividade das capelanias


cristãs contemporâneas.
No novo Testamento é possível observar este trabalho de uma forma mais
definida. O próprio ministério desenvolvido pelo apóstolo Paulo e seu cuidado com os
crentes revelam o cuidado que o capelão deve ter com aqueles que estão sob sua
responsabilidade espiritual. Em alguns textos bíblicos é possível visualizar alguns
princípios deste trabalho, como relatado em Romanos 15:4, I Tessalonicenses 4:18 e
5:16. (BÍBLIA, 2007).
Como conselheiro espiritual o objetivo do capelão oferecer acolhimento seja ao
confortar, motivar ou orientar às pessoas que em meio às lutas e perdas, precisam
lidar com as intempéries da vida, dado muitas vezes necessitar tomar decisões
complexas. (TORRES, 2008). Dor, sofrimento, luto, choro e outras manifestações de
tristeza, que são constantes no dia-a-dia dos profissionais de saúde, podem ser
acompanhadas por uma assistência espiritual.
O movimento moderno de capelania parece ter surgido no século XIX. Em um
debate que envolvia psicologia pastoral, Gladden 1 insistia que deveria haver uma
cooperação entre o clero religioso e a classe médica, evidenciando o trabalho pastoral
em leitos de hospitais. Esse pastor tinha forte convicção de que eram os Capelães
religiosos que deveriam ajudar as pessoas enfermas a se recuperarem. Nestas
discussões, era comum a participação de psicólogos, teólogos, médicos e
psicoterapeutas, visando à saúde integral do indivíduo (ZITI, FERREIRA, 2010).
Tendo em vista os resultados destes debates e crendo em sua análise, Anton
Boisen (1876-1966) dedicou-se à Teologia pastoral assumindo o cargo de capelão de
um hospital para doentes mentais, crescendo a atividade espiritual em instituições de
saúde (ZITI, FERREIRA, 2010).
No Brasil, na primeira parte do século XIX, a capelania nomeava-se Repartição
Eclesiástica, e os ministros eram escolhidos pela Igreja Católica. É visível que não
houve uma primeira iniciativa ecumênica na formação de capelanias, mas instituições
religiosas isoladas deram sua contribuição por um determinado tempo, e depois
saíram de cena (GAUDERER, 1991).
Somente anos depois o Pastor Batista João Soren, que exercia seu ministério
na primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, obteve destaque durante a Segunda
–2–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

Guerra Mundial onde por sua atuação neste período de crise, pôde legar a sociedade
brasileira, uma visão de maior importância, a respeito do trabalho desenvolvido por
um capelão. Até então, estas iniciativas estavam submersas a religiões particulares
que davam apoio apenas a seus fiéis (CHAMPLIN, 1995). O desenvolvimento
histórico da capelania no Brasil, não surgiu do acaso, mas esta deriva de uma série
de processos sociológicos, culturais, políticos e religiosos, que passo a passo deram
margem para seu desenvolvimento.
Há pelos menos três ramificações comuns de capelania. A primeira delas é
denominada capelania militar. Este tipo de trabalho é muito forte na América do Norte,
tendo muitos pastores adventistas atuando nas forças armadas americanas.
Atualmente, a Igreja Adventista denomina alguns ministros para estarem à disposição
de trocar o terno pelo uniforme militar. Fardados, os capelães trabalham diretamente
nos quartéis generais, nos serviços de resgate e até mesmo em operações especiais,
oferecendo amparo espiritual e aconselhamento, além de prestar todo o suporte de
um militar no momento em que é designado. “Há um catálogo de capelães adventistas
designado exclusivamente para a área do serviço militar, bombeiros e resgate, área
de guarda municipal, ou o capelão prisional, com objetivo de prestar auxílio aos
detentos”. (COUNCELL, 2013, p. 2).
O segundo ramo da capelania é de cunho educacional. Mais comum em
escolas confessionais, o capelão que muitas vezes também atua como professor
exerce seu ministério com crianças e adolescentes, com o objetivo de possibilitar um
ambiente de espiritualidade na escola, proporcionando cuidado pastoral aos alunos.
Diferentemente das outras áreas da capelania, o capelão educacional tem como um
dos objetivos lecionar na área de Bíblia, educação cristã, valores cristãos e ética cristã.
A escritora Ellen White (1996, p. 188) afirma que “a Bíblia tem uma inesgotável
plenitude, força e profundidade de sentido. Animem as crianças e os jovens a
descobrirem seus tesouros, tanto de pensamentos como de expressões.”
O trabalho no capelão se intensifica e toma maior responsabilidade, já que
nesta fase da vida, o aluno tem muitas dificuldades com escolhas, sendo nesse
período que eles possivelmente decidirão se o evangelho é relevante ou não para
suas vidas.
No serviço da capelania hospitalar, o capelão tem por objetivo confortar as
–3–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

pessoas em tempos de crise. A enfermidade pode trazer insegurança, medo e


incerteza do futuro. As pessoas “Sofrem complexo de culpa, ódio, desejo de vingança,
solidão, e de muitos outros problemas emocionais e espirituais, que causaram suas
doenças ou que estão complicando-as”. (AITKEN, 2009b, p. 63). Dessa maneira, o
capelão hospitalar atua não somente no trabalho evangelístico, contudo contribui
diretamente na recuperação do paciente.
Hoje em dia, o trabalho do Capelão, repousa no exercer este ministério pastoral
em instituições públicas e privadas representando ou não uma igreja em particular.
Encontra-se também sob a égide do Capelão velar pelo bem-estar espiritual dos
funcionários das instituições, promovendo um ambiente de bom relacionamento e,
desta forma, contribuindo na recuperação do enfermo. (ABELS, 2005). Ao ser bem
desenvolvido este serviço, o capelão passa estar inserido na equipe de assistência à
saúde, com resultados tanto de ordem científica quanto de ordem espiritual ampliados
de maneira notável.
O Pastor Marski (1995, p. 6), que trabalhou 14 anos desempenhando seu
ministério como Capelão Hospitalar em instituições da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, afirmou que este foi um período de grandes realizações em sua vida, em que
relatou experiências de amadurecimento espiritual e crescimento pessoal nesta
ramificação de trabalho na obra adventista.
Podemos notar que há falta de conteúdos relacionados à Capelania Hospitalar,
conforme relatado por Pessini e Mildner (1992, p. 207):
Nota-se gritantemente a falta de uma formação específica na área de saúde, o
que inviabiliza o diálogo com o mundo científico comprometendo uma assistência
pastoral global ao enfermo. A própria formação dos futuros sacerdotes deixa muito a
desejar neste sentido. Certos segmentos de Igreja, alheios à problemática da saúde,
frente à realidade latino-americana necessitada de urgentes transformações sócio-
econômicas, que identificam o capelão pura e simplesmente numa chave de leitura
sacramentalista, não percebem o mundo da saúde como desafio pastoral.
Consequentemente, não se incentiva, não se motiva e muito menos se investe a nível
de recursos materiais e se esquece da formação de jovens qualificados para atuarem
em tempo integral nessa área.
Na graduação dos futuros ministros adventistas brasileiros (a semelhança de
–4–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

outras denominações religiosas), até onde se sabe não existem disciplinas que
norteiem o desenvolvimento desta atividade em suas matrizes curriculares. Esta
ausência em certos momentos deixa o profissional que exerce a atividade de capelão
despreparado para enfrentar situações cotidianas existentes no ambiente hospitalar.
Este despreparo, dentre outros fatores, constroem uma barreira entre a assistência
espiritual e as atividades dos profissionais de saúde
É válido ressaltar que até 1850, a assistência médica e de enfermagem era
considerada em grande parte uma responsabilidade da igreja. Os religiosos estavam
sempre próximos da equipe médica e muitas vezes cuidavam da administração dos
hospitais. (LEMOS, 1992, p. 10).
É no mínimo curioso a dificuldade para entrelaçamento destas duas áreas (a
medicina e a espiritualidade), visto que ambas por tanto tempo caminharam juntas.
Os frutos desta união quando possível, tornam-se um poderoso arsenal de
contribuições para o bom andamento da instituição, tanto em relação aos profissionais
quando ao paciente. No entanto este muro de separação entre medicina e
espiritualidade está cada vez menor (EPPERLY, 2000).
Teóricos científicos têm dado valor fundamental à espiritualidade como
ferramenta para a cura do paciente. Pesquisas realizadas recentemente apontam o
fator espiritualidade/religiosidade como essenciais no tratamento de doenças. Como
afirma Panzini, Rocha e Bandeira (2007, p. 136).
Há indícios consistentes de associação entre qualidade de vida e
espiritualidade/religiosidade, por meio de estudos com razoável rigor metodológico,
utilizando diversas variáveis para avaliar espiritualidade (por exemplo: afiliação
religiosa, oração e coping religioso/espiritual). Também existem vários instrumentos
de qualidade de vida válidos e fidedignos que avaliam a dimensão espiritual/religiosa.
Assim neste trabalho objetivamos traçar o perfil do capelão e atividades
desenvolvidas nos Hospitais Adventistas do Brasil.

MÉTODO

Trata-se de uma investigação descritiva que integra métodos quantitativos, ao


caracterizar o perfil dos capelães expresso em frequência relativa e absoluta, e
–5–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

métodos qualitativos na caracterização das atividades desenvolvidas pelos capelães


por meio dos discursos dos proprios. A pesquisa descritiva visa à descrição das
características de determinadas populações ou fenômenos ou ainda estabelecer as
relações entre as variáveis. (GIL, 1996; CRESWELL, CLARCK, 2007).
O estudo foi desenvolvido com os Capelães dos Hospitais Adventistas do
Brasil. Foi realizada com aqueles que aceitaram participar e observaram o Termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE). A pesquisa foi realizada por intermédio de
um formulário contendo trinta e cinco questões (abertas e fechadas), elaborado pelos
pesquisadores, com as dimensões de: análise pessoal, acadêmica, profissional do
capelão. Também foram questionados os objetivos e o trabalho da capelania nas
instituições em que atuam. Este formulário foi enviado aos Capelães para que estes
informassem os métodos utilizados em seu trabalho rotineiro, os desafios encontrados
em seu campo de atuação, e os projetos já executados para aprimoramento do
trabalho, entre outras características.
O estudo abrangeu as seguintes instituições: Hospital Adventista Silvestre (Rio
de Janeiro – RJ), Hospital Adventista de Manaus (Manaus - AM), Hospital Adventista
de Belém (Belém - PA), Hospital Adventista de São Paulo (São Paulo - SP) e Hospital
Adventista do Pênfigo (Campo Grande - MS). A pesquisa seguiu os princípios éticos
da Resolução no. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013). Submetido
e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Adventista da Bahia –
FADBA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização e perfil do capelão

Participaram da pesquisa quatro capelães dos cinco hospitais com média de


idade de 51 anos. Collins (2011, p.132) declara que a partir dos quarenta anos, as
pessoas entram na fase chamada “meia idade”. Neste período as pessoas fazem uma
auto-avaliação, examinando seu estilo de vida, carreira profissional e prioridades. A
pessoa tende a ter, pela idade, experiências vivenciadas mais recursos para o
aconselhamento, bem como consciência da importância do relacionamento com
–6–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

Deus. Esta descobre o verdadeiro sentido da existência, e também maior disposição


para comunhão com Deus. Mannoia (1986) afirma que essa faixa de idade é
interessante para o aconselhador, pois a condição básica do aconselhamento pastoral
eficaz é o senso de responsabilidade entre duas pessoas em relacionamento. Na
idade adulta, o aconselhador tem capacidade maior de ter empatia e compreensão
pelo aconselhado.
Porém, tratando do fator experiência, o fator idade não é o único. É de
fundamental importância o preparo acadêmico do capelão e aconselhador. O público
enfermo é extremamente sensível. Portanto, o capelão deve saber colocar as palavras
em cada momento. Há métodos de aconselhamento na área hospitalar, que não são
oferecidos na graduação em Teologia. Empregando talentos e inteligência neste
serviço, o capelão consegue auxiliar na recuperação do paciente, apresentando o
evangelho.
Na análise da formação acadêmica dos capelães, 50% concluíram seu curso
em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), enquanto
25% concluíam na Faculdade Adventista da Bahia (IAENE) e 25% concluiu seu curso
no extinto Educandário Nordestino Adventista (ENA). Nota-se que 75% dos
pesquisados possuem especialização, voltada para a área de Psicologia e destes 25%
voltada para a área do aconselhamento, área esta que abrange boa parte do trabalho
do capelão hospitalar. A espiritualidade permite a redução/gestão da sensação de
perda de controle e esperança; ajuda na aceitação da doença, segurança e otimismo
face ao tratamento; e prepara para a ideia de finitude. (AITKEN, 2009a). A cura do
paciente não pode ser atribuída somente ao tratamento medicamentoso, todavia o
acompanhamento de um aconselhador auxilia o próprio paciente a combater a
doença. O aconselhamento e as práticas religiosas são estratégias eficientes de
muitos pacientes para lidar com as doenças, permitindo maior controle psicológico, e
dessa forma, contribuindo para a cura. (ALMINHANA, 2009).
Lawrence (2002) afirma que o aconselhador deve ser movido por propósito e
não por dever, sendo capacitado pelo Espírito Santo. A obra do aconselhador é maior
do que qualquer outra que se pode pensar, algo além da imaginação, algo que só
Deus poderia cogitar e dar para o aconselhador fazer. A especialização em si não é
em si suficiente para formar um conselheiro eficaz, contudo o capelão deve ter
–7–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

vocação para este serviço. A obra de aconselhamento, como vocação especial, foi
atribuída particularmente ao pastor. Ele deve estar disposto a assumir a tarefa que
Deus o comissionou, ministrando homens e mulheres que sofrem das dores e misérias
que surgem no decorrer da vida (ADAMS, 1982).
Conforme observado na pesquisa, outro fator interessante na vida pessoal do
Capelão é sua ordenação ao ministério pastoral. Dos entrevistados, apenas 25%
afirmaram não serem ordenados. A ordenação constitui o reconhecimento oficial da
Igreja Adventista do Sétimo Dia de que o candidato recebeu o divino chamado para
dedicar sua vida ao ministério como um compromisso para toda a vida. Após
concluírem o curso de Teologia, os candidatos à ordenação passam a seguir para a
segunda etapa, com o objetivo de completar sua preparação ministerial. Nessa fase
ser-lhes-á confiada a direção de uma tarefa designada pela igreja, para permitir-lhes
desenvolver os dons da administração, da liderança, do apostolado e da
responsabilidade ministerial. Nesse período, que terá uma duração de 2 a 4 anos, os
candidatos serão conhecidos como "pastores autorizados" e continuará a ser-lhes
outorgada uma "licença ministerial". (DSA, 2013).
O fato do Capelão ser ordenado ou não, de forma alguma significa que há
limitações ou deficiências em seu trabalho com relação aos ministros ordenados. De
acordo com a pesquisa apresentada, a obra tende a recomendar ministros ordenados
pelo seu tempo como pastor. Porém, Lopes (2009), os conselheiros muitas vezes
descobrem que existe um hiato entre sua formação acadêmica e experiência autêntica
de ajudar uma pessoa a resolver um problema real. Demonstrando dessa forma que
o capelão deve sempre se atualizar, no que diz respeito ao conceito acadêmico, ao
mesmo tempo em que deve procurar se aprofundar em sua experiência prática como
conselheiro, seguindo o padrão de contexto cultural, social, religioso, entre outros. Até
mesmo conselheiros experientes às vezes se veem lutando com muitas dúvidas e
sentimentos de inadequação sobre a eficácia de seu aconselhamento. (COLLINS,
2011).
Em relação a outras áreas de atuação na obra adventista, é válido frisar que o
capelão não se reserva apenas ao trabalho de Capelania, mas se dedica a outras
áreas. Destas, 75% dos Capelães afirmam já ter trabalhado anteriormente em distrito
com período superior a 10 anos de trabalho. Além disso, 50% já haviam trabalhado
–8–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

em algum departamento, seja ele de associação ou união. Em contrapartida, apenas


25% haviam trabalhado na área administrativa da igreja, no período de
aproximadamente 5 anos.
A média de tempo em que os capelães exercem seu trabalho nos hospitais
adventistas é de 3 anos, sendo o maior tempo destes, há 8 anos como Capelão.
Confere-se que não é comum a permanência do Capelão por um longo período na
instituição, sendo prejudicial ao trabalho. Pelo fato de permanecer em um período
breve na instituição, o capelão não possui tempo suficiente para desenvolver algum
trabalho relacional que o aproxime dos colaboradores, tampouco com os pacientes
frequentes nos hospitais. Além do que, o trabalho de evangelização nestas instituições
é de médio a longo prazo. (AITKEN, 2009b). Outro tópico que vale ser frisado é de
que apenas 25% tem experiência prévia em Capelania, contudo na área educacional.
Verifica-se que os capelães dos Hospitais da Rede Adventista de Saúde em
relação as condições de saúde relataram ter pressão arterial estável, considerada
normal nos padrões da medicina atuais (120/80mm Hg). Com relação às atividades
físicas, 50% realizam entre 3 a 5 vezes por semana e, 50% realizam entre 1 a 3 vezes
por semana. Nota-se que os capelães observados tem média de percepção do nível
de saúde, segundo eles, de 9, classificado num patamar de 1 a 10.

Caracterização das atividades desenvolvidas

Segundo os Capelães, o objetivo da capelania é “atuar no atendimento dos


pacientes e colaboradores da instituição, promovendo o enriquecimento espiritual de
forma a despertar interesse pelo evangelho” (entrevistado 1). Este pensamento, ao
ser colocado em prática acaba por propiciar um ambiente cheio de humanização no
atendimento dos pacientes. “E através de um atendimento humanizado, é possível
perceber aceleração na recuperação dos mesmos” (entrevistado 2).
O paciente passa a se sentir acolhido. Observemos que o paciente está alojado
num quarto que não lhe é familiar, utilizando roupas que não lhe pertencem, sendo
tratado por pessoas que não conhece. Isso por si só já impulsiona um ser humano
comum a sentir-se tenso por vivenciar um constante estado de desconforto. Diante
de tal realidade, se torna imprescindível à humanização proposta pelo trabalho
–9–
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

evangelizador do capelão e sua equipe.


Muitas vezes a relação capelão-paciente será a mais próxima que o enfermo
terá de sua vida extra-hospitalar. Este fator consequentemente acabará contribuindo
positivamente na cura do enfermo, porém, estes são dados difíceis de se medir e
registrar de maneira empírica por causa da subjetividade. Basta lembrar, como afirma
Berkey (2003), que “o aconselhador como crente e ministro de Cristo, deve ser um
agente de esperança.” Além disso, a integridade moral e espiritual é também
apresentada como uma das características fundamentais de um aconselhador.
Os participantes da pesquisa afirmam que “muitos dos pacientes que possuem
sintomas físicos de algumas enfermidades os têm por problemas de cunho
emocional”. (entrevistado 3). O Capelão é responsável pela vida religiosa da
comunidade (SILVA, 2001). Sua contribuição com a equipe de profissionais da área
de saúde visa formas de aliviar as tensões emocionais do paciente, assim seu trabalho
terá relevância tanto para o paciente quanto para os profissionais que estão
trabalhando pela cura do mesmo. Neste sentido, o aconselhamento pastoral é uma
área pelo qual o pastor se dedica a ajudar indivíduos, famílias ou grupos a lidarem
com as pressões e crises na vida.
A Capelania age no apoio aos pacientes, tendo em vista a finalidade de prestar
amparo espiritual e emocional às pessoas. O serviço do capelão possui a pretensão
inerente de contribuir positivamente para a saúde do paciente partindo da ideia de que
se eles estiverem com suas emoções estabilizadas, evitando assim, desgastes físicos
e mentais, terão a possibilidade se recuperarem de suas enfermidades de maneira
mais rápida e eficaz.
Bermejo (1997) reconhece a importância da contribuição da medicina e
psicologia para a recuperação do paciente, e afirma que a atividade do
aconselhamento, tem como objetivo central estabelecer um desenvolvimento da fé e
a sã relação entre o paciente e Deus. Quando médicos e capelães trabalharem
unidos, se promoverá a oportunidade para que ciência e religião possam atuar
conjuntamente para a melhoria da saúde do paciente. Nesta união se encontra uma
chave que potencializará os recursos de cura. Deus poderá atuar de maneira mais
direta na necessidade do enfermo.
O capelão passa então a atingir um público que dificilmente será alcançado
– 10 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

pela igreja, tanto os pacientes, como com os colaboradores. Diferentemente de uma


congregação comum, o público do capelão é bastante variado, possuindo grande
diversidade cultural e religiosa. Não que isto seja inexistente nas igrejas, mas a
frequência deste fator nos ambientes hospitalares é bem maior. O que exige do
profissional desta área competência acadêmica, treinamento e experiência prática
para estar devidamente preparado para atender as exigências deste grupo pluralista
e altamente diversificado.
Estas, e outras razões, tornam importante o haver classificações e exposições
das atividades desenvolvidas no dia-a-dia da capelania. Uma sistematização do que
vem sendo desenvolvido nos Hospitais Adventistas auxiliará no entendimento da
versatilidade exigida daqueles que se empenham nesta dinâmica área de trabalho,
assim como, possibilitará uma organização com maior propensão qualitativa na hora
de planejar o suprimento das necessidades existentes. Quiçá, pela escassez de fontes
falando a respeito deste assunto em língua portuguesa é sugerida a classificação
descrita na tabela abaixo:

Quadro 1 - Descrição das atividades da capelania hospitalar


APOIO ESPIRITUAL
• Visitação
• Aconselhamento

EVANGELÍSTICA
• Cursos de estudos da bíblia
• Distribuição de literatura e panfletos evangelísticos

PROMOÇÃO DA ESPIRITUALIDADE
• Cultos
• Momentos de oração
• Seminários
• Programações temáticas

SOCIALIZAÇÃO
• Cursos de saúde
– 11 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

• Cursos sobre vida familiar


• Cursos de capelania
• Entrevistas Admissionais
Fonte: Dados dos próprios autores

Para esta atividade o ideal é que toda a equipe de Capelania esteja envolvida,
pois assim a assistência prestada pelo capelão será potencializada. Uma sugestão
para a execução desta atividade é que se divida o hospital por setores ou por unidades
e se designe um integrante da Capelania para atender os pacientes e colaboradores
em setores e regiões específicas do hospital atendendo aos colaboradores e
pacientes que lá se encontram. Conforme o tempo passa, alternar os membros da
equipe, remanejando-os para outros setores planejadamente. Para que isso aconteça
organizadamente, pode ser feita uma escala onde cada um fique por um período de
tempo determinado: Uma semana, quinzena ou ainda, um mês.
Por conseguinte, é indispensável que antes de visitar o enfermo ou um
funcionário para fins de conforto emocional, aconselhamento ou outras razões, o
responsável se informe da situação em que a pessoa se encontra antecipadamente.
Uma vez que já saiba o seu nome muitas barreiras são superados no primeiro contato.
Não é incomum pessoas buscaram um conselheiro que as oriente e as
incentive a buscar seus objetivos de vida segundo a vontade de Deus. Neste processo
tanto o capelão, quanto a equipe de Capelania e os profissionais cristãos tem muito a
contribuir. (SILVA, 2001). O capelão inspirado por Deus, agirá tal qual um leme
direcionando as pessoas a se volverem para o curso natural de suas vidas.
Logicamente nesta tarefa ele apenas levará as pessoas por meio de reflexões e
conselhos, deixando-as livres para tomar suas próprias decisões.
Embora sejam muitos os males que afligem as pessoas em seu dia-a-dia a
capelania deve olhar para as aflições e atuar como um bálsamo curador e restaurador,
pelo poder de Deus. (SILVA, 2001). Esta atuação evangelizadora deve ser algo que
contemple os profissionais de saúde independente de seu credo religioso. Estes
podem promover a humanização no hospital, levando a todos os que se localizam no
mesmo a vivenciar uma busca pelo bem estar. Estes serviços podem ser realizados
na prática através de: Aconselhamento individual, distribuição de mensagens e
– 12 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

folhetos específicos. “Isto é atribuição indispensável à Capelania hospitalar”. (ICAPS,


1998).
O papel do aconselhador não consiste em tomar decisões pelas pessoas, mas
ajudá-las a adotarem suas próprias escolhas. E a depender da situação, em alguns
momentos as pessoas estarão apenas procurando um apoio, um ombro amigo. Às
vezes apenas de em estar ao lado das pessoas nos momentos mais difíceis de suas
vidas já faz a diferença, mesmo que diante da situação as palavras faltem ao
aconselhador. O conselheiro só precisa estar lá e as pessoas já se sentem mais
seguras e fortes.
Seu público é constituído por aqueles que já não sabem o que fazer. Algumas
vezes estará diante de pessoas que estão em seus últimos momentos de vida, ou
ainda com a família de alguém que está às portas da sepultura. Em determinados
momentos aconselhará funcionários com famílias destruídas ou que estão
enfrentando problemas com seus companheiros de trabalho.
Ressaltamos que deve-se ter cuidado em não ferir a liberdade religiosa e não
adianta tentar impor crenças nem a funcionários nem a pacientes, pois assim as
tentativas se revelarão ineficazes. Reflita-se em temas de concordância geral (HOFF,
1996). O público dos hospitais é muito variado. Desde pessoas com pouca
escolaridade até pessoas com alto nível intelectual. Portanto, é necessário que o
ministrador tome nota de que tipo de público entrará em contato.
As classes podem ser montadas nos setores específicos (classes bíblicas
formadas com os funcionários do setor de cozinha, área médica, administrativa).
Dessa forma, os participantes já se conhecerão e esse vínculo de amizade aliado a
um estudo dinâmico, coeso e preparado previamente, para que sua abordagem seja
específica para aquele grupo determinado, dará muita força a esta frente
evangelizadora. Outra maneira de realizar as classes é torná-las abertas a todos os
públicos e feitas nas capelas ou auditórios da instituição. Mas a abordagem deve ser
contextualizada, com temas de interesse geral e depois os temas religiosos. Algumas
sugestões de temas são: Sucesso na Vida Conjugal, Educação de Filhos, Finanças,
Qualidade de Vida, e aos poucos partir para os temas bíblicos. Dessa maneira as
pessoas terão maior receptividade em relação à palavra inspirada. (ABDALA, 2009).
A finalidade dos cursos é estreitar o relacionamento dos funcionários e
– 13 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

pacientes com a equipe de capelães. Esta aproximação abre caminho para pregação
da palavra e reduz a resistência à religiosidade. Entretanto, os cursos são um meio e
não um fim. Meio este para abrir as portas para a introdução de Cristo na vida das
pessoas. Seu tom é sutil, mas ainda assim são muito eficazes.
O culto deve ser realizado de maneira regular em dias e horários fixos. Todavia,
isso não impede que em determinados momentos este seja feito em outros locais e
horários. Esta é uma regra que permite exceções. Geralmente são feitos nas capelas
e auditórios em dias previamente estabelecidos. Também nos setores específicos ao
iniciar ou findar o plantão.
Nesta atividade é de vital importância que além da equipe de Capelania haja
participação dos funcionários na organização e realização dos mesmos. Isso
influencia inclusive na própria qualidade dos cultos. Uma sugestão para esta
participação pode ser montada uma escala e cada culto seja realizado por um setor
específico do hospital. Dessa forma todo o hospital estará envolvido nas atividades
espirituais. Pode ser solicitado aos colaboradores que ministrem o louvor, e, ou a
pregação e que essa participação seja continua. Isso evita que o culto se torne
enfadonho e fornece dinamismo ao mesmo.
É conveniente a realização de semanas de pregação com temas específicos.
Esses programas impactam a vida das pessoas. Vale ressaltar que é necessário estar
ciente do público que se encontra no auditório, pois os temas devem ser
contextualizados de acordo com a necessidade desses grupos. Se houver pacientes,
temas direcionados ao amor e cuidado de Deus, confiança, fé [...], para os adventistas
utilizar às vezes temas mais profundos (profecias de Daniel, Apocalipse). Isto irá variar
conforme a necessidade.
Realizadas individualmente, as entrevistas admissionais fazem parte do
processo de admissão do candidato a colaborador. A partir da entrevista, o candidato
à admissão conhece a filosofia, os valores e a missão da instituição, pelo fato da
mesma ser confessional.
É positivo ver a participação dos colaboradores de outros setores do hospital
nas visitas a pacientes, nos cultos realizados aos sábados, nos mutirões, distribuição
de folhetos, livros e DVDs e nos programas de vida saudável. Não centralizando o
trabalho, o Capelão coordenará, dinamizará e unirá os talentos disponíveis ampliando
– 14 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

o êxito. Em consequência disto, o que for desenvolvido e as personalidades direta ou


indiretamente envolvidas são amplamente beneficiados. As Capelanias têm como
objetivo formar uma comunidade de fé, esperança, amor, culto e serviço, na qual as
pessoas vivam em comunhão com Deus e entre si criando fraternidade. (ICAPS,
1998).
Observamos que em geral existe uma boa receptividade por parte dos
colaboradores e pacientes dos hospitais em relação ao ofício da Capelania. Na
maioria dos casos os funcionários e clientes do hospital até solicitam a presença do
capelão e sua equipe quando julgam necessário. Esta aproximação gera um clima de
fraternidade que torna ainda mais eficaz o atendimento espiritual. Constitui-se o
ministrar os ritos e sacramentos religiosos (unção, batismo, cultos...) aos doentes e
funcionários e ainda aos familiares que o desejarem e puderem recebê-los uma das
grandes missões a serem realizadas pelas Capelanias com a finalidade de cultivar um
clima de fraternidade e espiritualidade e conforto aos colaboradores e pacientes que
ali se encontram. (WHITE, 1995,p. 200)
Na maioria das vezes, quando este clima espiritual sobrevém, surge no cenário
das prestezas das Capelanias, um recurso que potencializa seus afazeres, este é a
participação dos colaboradores nas atividades e projetos desenvolvidos por elas. O
capelão pode delegar responsabilidades as pessoas exercendo sua confiança na
capacidade delas, e deve evitar centralizar as atividades em si mesmo. (SILVA, 2001).

CONCLUSÃO

Possuir uma capelania no ambiente hospitalar é importante por esta propiciar


um ambiente de refrigério necessário a pacientes e colaboradores para que estes
tenham uma estadia saudável. Ela contribui para a recuperação do enfermo ao
mesmo tempo em que motiva os funcionários a trabalharem alegres, sentindo-se
abraçados numa atmosfera de humanização. Isto também é refletido para o paciente.
O ambiente cristocêntrico que a mesma proporciona, é benéfico para todos os que
entram em contato com o hospital.
De forma geral, foi observado que as principais atividades desenvolvidas pelas
Capelanias brasileiras atualmente são: visitas (internas e externas, a pacientes,
– 15 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

acompanhantes e colaboradores das instituições), cultos, entrevistas admissionais,


distribuição de folhetos e literaturas evangelísticas, formação de classes de estudos
da bíblia, e aconselhamento pastoral. Estas atividades ornamentam o ambiente
hospitalar gerando bem estar emocional espiritual e social nas atividades cotidianas
dos trabalhadores.
Isto gera nos funcionários e pacientes receptividade positiva em relação aos
esforços empreendidos por parte dos Capelães. Além disso, contribuem para o
crescimento espiritual, tornando-se indispensáveis nos Hospitais da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Para tanto, os colaboradores precisam fazer parte dos projetos e
atividades realizados pela Capelania, e quando isso ocorre, a força de trabalho da
mesma é potencializada radicalmente gerando mais resultados.
O ministro que atua em hospitais precisa possuir boa qualificação acadêmica e
experiência pessoal. Além de gozar de boa saúde física, emocional e espiritual, devem
ser hábeis no desenvolvimento do aconselhamento pastoral. O ideal é que aquele que
for chamado a realizar este tipo de atividade já possua experiências e competências
específicas nesta área. Sendo assim, a principal função do Capelão nos hospitais é a
assistencia espiritual da instituição onde atua, levando os pacientes e colaboradores
a serem envolvidos numa esfera de fraternidade e espiritualidade que possa abrir as
portas dos corações para a entrada do evangelho de Cristo.
Assim parece desejavies ao capelão competências, tais como conhecer de
forma geral os procedimentos executados pelos profissionais da área de saúde,
possuir graduação em teologia, ter conhecimento geral das enfermidades
psicológicas, saber teoricamente como funciona o aconselhamento pastoral e tê-lo
desenvolvido através experiência prática. Observamos que não há por parte da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, em sua esfera administrativa, nenhuma espécie de
descriminação ou desvalorização em relação a função pastoral exercida pelos
Capelães da área de saúde. Esta é uma concepção ilusória oriunda do senso comum
existente em alguns circulos pastorais.
As principais dificuldades encontradas no decorrer da pesquisa foram: pouco
tempo para a realização da mesma, dificuldade de acesso aos Capelães e a
dificuldade de referências para a elaboração deste artigo, limitando a extensão da
pesquisa. Nossa proposta é que com as contribuições deste trabalho, se possa
– 16 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

repensar a respeito da visão do trabalho da Capelania. Poderia ser iniciado nos


próprios seminários, com a implantação de disciplinas específicas para a atuação na
Capelania Hospitalar. Estas disciplinas poderiam compreender relações com as
atividades da capelania em suas multiplas facetas e possibilidades.

REFERÊNCIAS

ABDALA, E. G. D. Manual para evangelistas: estratégias modernas para séries de


colheita e plantio de igrejas. Cachoeira: CEPLIB, 2009.

ABELS, G. Cómo empezar um ministério de capellanía civil. AdventistChaplain,


ago./set. 2005 Disponível em <http://www.sermon
dominical.com/manual7.htm>. Acesso em: 13 Abr. 2013.

ADAMS, J. E. Conselheiro capaz. Tradução de Odayr Olivetti. São Paulo: Editora Fiel,
1982.

AITKEN, E. Aconselhamento a pessoas em final de vida. 4. ed. São Paulo: Cultura


Crista, 2009a.

__________.No leito da enfermidade. 6. ed. São Paulo: Cultura Crista, 2009b.

ALMINHANA, L. Personalidade e religiosidade/espiritualidade (R/E). Rev. psiquiatr.


clín. 2009, vol.36, n.4.

BACKERS, D. Oficinas de espiritualidade: alternativa de cuidado para o tratamento


integral de dependentes químicos. Rev. esc. enferm. USP. 2012.

BERKEY, E. B. Manual do pastor e líder: ferramentas para o ministério. Tradução de


Lucy Hiromi KonoYamakami, Gordon Chown. São Paulo: Shedd Publicações, 2003.

BERMEJO, J. C.; RIBEIRO, G. Relação Pastoral de ajuda ao doente. São Paulo:


Edições Loyola, 1997.

BIBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida. Revista e


atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.

Brasil. Ministério da Saúde. Resolução CNS n. 466, de 12 de dezembro de 2012.


Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13
junho 2013. Seção 1, p. 59.

CAMARGO. E. V. A influência da capelania no crescimento espiritual da escola.


Puiggari: UAP, 2007. Disponível em
<http://www.advir.com.br/sermoes/A%20Influ%C3%AAncia%20da%20Capelania%2
– 17 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

0no%20Crecimento%20Espiritual%20da%20Escola.pdf>. Acesso em: 17 mai. 2013.

CHAMPLIN. R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo:
Ed. E distribuidora Candeia, 1995.

COBIANCHI, E. L.. Capelania: Uma abordagem psicoteológica. Belo Horizonte,


Edição do próprio autor, 2009.

COLLINS, G. R. Aconselhamento Cristão: Edição Séc. XXI. São Paulo: Vida Nova,
2004.

CRESWELL, J., & PLANO CLARK, V. Designing and Conducting Mixed Methods
Research. Thousand Oaks, CA: Sage, 2007.

DSA. Regulamentos eclesiástico-administrativos da Igreja Adventista do Sétimo Dia.


Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013.

EPPERLY, S. Espiritualidade e medicina. Revista acadêmica de psicologia, 2000.

FERREIRA, D. Evangelismo Total. Rio de Janeiro: Ed. Horizontal, 4. ed. 2001.

GAUDERER. E. C. Os direitos do paciente. Rio de Janeiro: Record, 1991.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

HOFF, P.; COSTA, J. O Pastor Como Conselheiro. 2. imp. São Paulo: Vida, 1996.

ICAPS. Objetivos de Ação da Capelania do Hospital das Clínicas da FMUSP, Boletim,


out., 1988.

LEFRÈVE, F. Discurso do Sujeito coletivo: Um novo enfoque em pesquisa qualitativa.


2. ed. Caxias do Sul: Educs, 2005.

LAWRENCE, B.; PINTO, T. Autoridade pastoral: servindo a Deus, liderando o


rebanho. São Paulo: Vida, 2002.

LEMOS, F. O capelão: ministro de amor e graça. Revista Ministério. Tatuí: Casa


Publicadora Brasileira, novembro-dezembro, 1992.

LOPES, H. De pastor a pastor: princípios para ser um pastor segundo o coração de


Deus. São Paulo: Hagnos, 2009.

MANNOIA, V. J. Aconselhamento pastoral. São Paulo: Imprensa Metodista, 1986.

MARSKI. P. Capelania: Um ministério de grandes possiblidades. Revista


Ministério.Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, mai-jun., 1995.

PANZINI, R.; ROCHA, N.; BANDEIRA, RUSCHEL, D.; FLECK, M. Qualidade de vida
– 18 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)
XX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
(2018) ISSN: 2237-3470

https://www.unasp.br/ec/enaic/

e espiritualidade. Rev. psiquiatr. clín. vol.34, 2007.

PESSINI, L. e MILDNER, J. O perfil do capelão e a missão da capelania hospitalar.


Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 2 fasc. 206, Jun.,1992.

SILVA. N. Pressupostos de Capelania. Revista Ministério. Tatuí: Casa Publicadora


Brasileira, Jan.-Fev., 2001.

WHITE. E. G. Beneficência social: instruções para o serviço de vizinhança crista.


Tradução de Carlos A. Trezza. 4. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

___________. Educação. 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1996

___________. Medicina e salvação: tratado de obra medico-missionaria no


evangelho. Tradução de Almir A Fonseca. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1995.

ZITI, L. M.; FERREIRA, D. Capelania hospitalar Cristã. 3. ed. São Paulo: SOCEP,
2010.

– 19 –
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO (UNASP-EC)

View publication stats

Você também pode gostar