A escola salesiana nasceu no Oratório, depois já se tornou uma instituição propriamente dita, dedicada à superação das questões sociais dos meninos e de caráter vocacional. Na perspectiva “Donbosquiana”, a escola tem o seu crescimento definitivo graças ao mesmo clima de promoção cultural da classe “baixa” da sociedade e de resgate dos valores religiosos e morais, iniciado no reinado de Carlos Alberto (1831-1849), no Piemonte, na década de 1940, como reação à investida racionalista e anticlerical da Revolução Francesa (1789-1799) e do império napoleônico (1804-1814). Estas eram, efetivamente, características substancialmente diferenciais das instituições educativas de Dom Bosco; muito distante, de fato, das formas repressivas e laicas vigentes no ensino oficial. Seu sistema respeitava a pessoa do aluno, acreditava nele, nas suas possibilidades, proporcionava-lhe um ambiente rico em valores humanos e de fé. Baseava-se nas capacidades e recursos internos do aluno, na sua liberdade, no amor, na capacidade de pensar e ver as coisas racionalmente. A “prevenção” em Dom Bosco não era um serviço predominantemente de cuidado e proteção, mas antes uma forma de promoção moral e educativa para o exercício das próprias responsabilidades. Na sua pedagogia “preventiva”, os objetivos iam além do puramente individual, olhavam para o “futuro da sociedade”, do qual os jovens deveriam tornar-se protagonistas. ORIGINALIDADE DE DOM BOSCO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR João Bosco realizou a sua formação humanista nas escolas de Capriglio, de Castelnuovo e de Chieri, sob os postulados pedagógicos da legislação de 1822. O período vivido em Chieri foi a sua experiência mais completa e construtiva. Ali alicerçou as bases definitivas da sua orientação humanista, da sua erudição clássica, do seu amadurecimento emocional e do seu enriquecimento na experiência da amizade. Lá ele desenvolveu sua vida moral e religiosa dentro dos parâmetros de práticas de piedade e de severa disciplina escolar. As exigências relativas à conduta ética de professores e alunos eram rigorosas; o ambiente de convivência social, saudável. O rigor e o incentivo nos estudos e exames levaram Joãozinho a aprimorar sua formação intelectual. Aqui vemos a existência de valores da pedagogia escolar que mais tarde serão confirmados na escola que Dom Bosco organizará no seu Oratório; e haverá atividades extraescolares com raízes nestes anos como: “peças, declamações, canto e teatro”. O PENSAMENTO DE DOM BOSCO O ideal do homem italiano proposto pelo Ressurgimento político era o de um homem laico, sem aqueles valores cristãos que forjaram a cultura ocidental desde a Idade Média. Em resposta, a identidade cristã da sua escola foi uma alternativa pedagógica. Dom Bosco, para dotar esta formação de mentalidade crítica e lançar os fundamentos de uma cultura cristã no coração dos estudantes, publicou a “História Eclesiástica”, em 1845, e a “História da Itália”, em 1855. Para ajudar a mudar conceitos sobre as medidas utilizadas nas trocas comerciais, ele já havia escrito em 1847 o “Sistema Métrico Decimal” e até dicionários escolares. Não é nas estruturas das escolas e faculdades, “como tais”, que podemos encontrar expressões da “originalidade criativa” de Dom Bosco. Nem foi a escola, em si, quem tratou de forma mais direta e abrangente as suas preocupações pedagógicas e pastorais. Estas estavam para além das estruturas da educação formal, centravam-se nos próprios conteúdos de ensino e, sobretudo, na relação pessoal com o aluno. Neste sentido foi também “o Oratório” por excelência, o arquétipo e o centro de irradiação de uma nova maneira de educar, que representariam a prioridade na sua atividade educativa.