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Planejamento
Digital

Rafael Pocztaruk
Anderson Ferrari
Louise Leite Aiquel
Restaurações Cerâmicas Adesivas

A evolução tecnológica no âmbito dos materiais dentários e


Quadro 5.1 – Avaliação facial.
técnicas restauradoras vem permitindo o restabelecimento
da forma e da função dentária por meio de procedimentos Divisão dos terços inferior, médio e superior da face
minimamente invasivos.1,2 No entanto, o planejamento rea- Terço inferior: estende-se da linha do mento até a base do
bilitador convencional pode não produzir um resultado es- nariz.
tético satisfatório devido a possíveis falhas na fase de diag- Terço médio: estende-se da linha da base do nariz até a li-
nóstico, na falta de comunicação entre membros da equipe nha da sobrancelha.
e na não participação do paciente no processo de tomada Terço superior: estende-se da linha da sobrancelha até a
de decisões. linha do cabelo.
Tradicionalmente, o planejamento é limitado a uma
avaliação física e a exames de imagem bidimensionais, o
que frequentemente resulta em falhas no diagnóstico e no
plano do tratamento. Além disso, a escolha da disposição e
Avaliação Orofacial
da forma dos dentes é realizada, sobretudo, no laboratório A análise orofacial compreende a relação dos lábios com os
de prótese, durante a fase de enceramento diagnóstico, dentes e a gengiva. É necessário mensurar a exposição den-
tária em repouso e durante o sorriso. Idealmente, a exposi-
com base em um modelo de gesso com pouca ou nenhu-
ção dentária em repouso deve ser em torno de 2 mm, com
ma referência facial. Dessa forma, é comum recebermos
as bordas incisais dos incisivos centrais superiores a uma
trabalhos protéticos que não satisfazem os critérios esté-
distância inferior a 2 mm do lábio inferior.1 Essa exposição
ticos básicos e que exigem diversas consultas de provas e
varia de acordo com gênero (maior em mulheres) e idade
ajustes clínicos.1,3
(apresenta redução com o passar dos anos).7 Durante o sor-
O desenvolvimento de técnicas de planejamento digi- riso, a curvatura formada pelas incisais dos dentes superio-
tal vem trazendo soluções para muitos desses desafios, res deve ser semelhante à curvatura do lábio inferior7, e o
tornando possível transferir referências faciais para o pro- lábio superior deve manter certo paralelismo com relação à
jeto do sorriso, agrupar e enviar imagens e dados clínicos linha bipupilar.
simultaneamente para diversos membros da equipe en-
No que se refere à exposição gengival, o sorriso pode ser
volvidos no tratamento, e oferecer opções de tratamento
classificado como alto: quando expõe uma faixa de gengiva
para o paciente de forma mais eficaz. Tendo em vista que
contínua; mediano, quando o sorriso revela entre 75% e
o planejamento digital é baseado em parâmetros estéticos
100% dos dentes anteriores maxilares e gengiva interpro-
já estabelecidos, é importante conhecer esses parâmetros ximal; e baixo: quando houver exposição dentária inferior a
para compreender os benefícios dos recursos tecnológicos 75%.8 O padrão mais comum é o mediano; no entanto, con-
na prática clínica.4 sideram-se dentro dos padrões de normalidade exposições
gengivais de até 2 mm ao sorrir. Outro fator importante a
ser considerado na avaliação do sorriso é a influência do
Princípios Estéticos Básicos gênero na exposição de gengiva, sendo o padrão de sorriso
O sucesso do tratamento reabilitador depende da integra- alto mais comum em mulheres.9
ção entre os parâmetros estéticos faciais, orofaciais e intra-
bucais. A determinação das proporções adequadas para o Análise Dentogengival
alcance da estética orofacial desejada requer, inicialmente,
A análise estética dentogengival avalia a correlação entre os
uma análise facial completa.5
dentes e o contorno gengival, que, por sua vez, deve acom-
panhar a linha incisal, podendo apresentar um discreto de-
Análise Facial clínio na altura do incisivo lateral. Além disso, é importante
A avaliação facial deve considerar o formato do rosto, a pro- determinar a posição do zênite gengival, ou seja, o ponto
porção entre os terços superior, médio e inferior da face, mais apical da gengiva, que geralmente se localiza ligeira-
bem como possíveis assimetrias estáticas ou dinâmicas mente distal ao centro do dente.10 Alterações no posiciona-
(Quadro 5.1). Outras referências faciais horizontais incluem mento da margem gengival podem comprometer a estética
o plano incisal, a linha do plano gengival, a linha da comissu- do sorriso, devendo ser corrigidas sempre que possível.
ra labial e linha bipupilar, que devem ser, preferencialmente,
paralelas entre si. Por último, uma avaliação do perfil do pa-
ciente é importante para identificar possíveis discrepâncias Planejamento Digital
faciais, como deficiências mandibulares e maxilares, e orien- O fluxo de trabalho digital compreende duas etapas princi-
tar a posição e a angulação dos incisivos.6 pais: o planejamento digital, onde o projeto do novo sorriso

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Planejamento Digital

é realizado virtualmente com base em imagens digitais, e a e prever o impacto do tratamento dentário no contexto da
execução com métodos CAD/CAM. face do paciente.
O objetivo deste capítulo é descrever as etapas do pla- Como ferramenta de comunicação, o DSD permite es-
nejamento digital e a repercussão do seu emprego na odon- clarecer a viabilidade dos procedimentos desejados pelo pa-
tologia atual. ciente e apresentar um plano de tratamento que seja capaz
de proporcionar o resultado almejado dentro dos limites
Digital Smile Design (DSD) funcionais e biológicos.11 Além disso, o uso desse recurso no
planejamento produz certa padronização na sequência de
A técnica do Digital Smile Design (São Paulo, Brasil), idea-
critérios que devem ser considerados antes do tratamento,
lizado por Christian Coachman, é uma ferramenta revolu-
sendo possível reavaliar cada etapa e estabelecer uma rotina
cionária no diagnóstico, no planejamento e na comunicação
de controle de qualidade que evita que pontos importantes
entre membros da equipe e paciente. O desenho digital do
passem despercebidos, assim como identificar possíveis fa-
sorriso através do método DSD é realizado pela inserção
lhas em caso de insucesso. Dessa forma, o uso do DSD pode
de linhas e contornos sobre fotografias e imagens digitais,
reduzir o número de consultas e de procedimentos clínicos,
em um software de apresentação de slides (iWork Keyno- favorecendo a relação custo x benefício do tratamento.12
te; Apple, Power Point; Microsoft, ou similares) ou através
do uso de um aplicativo chamado DSDAPP by Coachman,
somente para iPad, disponível na plataforma IOS com down-
load disponível na AppleStore. Esse processo torna possível
Protocolo Fotográfico para o
identificar a origem das desarmonias, fazer medidas reais DSD (Figs. 5.1 a 5.6)

✔✔Figura 5.1 Fotografia frontal em


repouso sem contato dos dentes
anteriores. Essa fotografia terá uti-
lidade para analisarmos o momen-
to de determinar onde colocare-
mos a borda dos incisivos centrais
no novo design do sorriso.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

✔✔Figura 5.2 A fotografia de perfil permite identificar a convexidade ou concavidade do perfil de acordo com a espessura do lábio,
e servirá para a calibração da angulação da maxila durante o processo do 2D/3D.

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✔✔Figura 5.3 Fotografia facial em sorriso. Foto mais importante e obrigatória para o processo do smile design.

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✔✔Figura 5.4 Fotografia facial com afastadores labiais, expondo os dentes da arcada superior, sem os contatos oclusais. Foto uti-
lizada em casos em que o dentista deseja realizar o enceramento diagnóstico analógico. Em caso de realizar o enceramento
digital 3D, vamos necessitar apenas do arquivo STL.

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✔✔Figura 5.5 A fotografia em 12h tem como objetivo ver a capacidade de avolumar os dentes.

✔✔Figura 5.6 Fotografia oclusal. Essa imagem também pode ser obtida através da fotografia do modelo de gesso da arcada supe-
rior.
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Informações Adicionais também devem ser adicionadas à apresentação. Além da


Informações clínicas pertinentes, como histórico médico e análise em movimento, os vídeos permitem, a partir da cap-
odontológico, radiografias periapicais e panorâmica (Figs. tura de tela, a realização de fotografias mais fiéis ao real sor-
5.6 e 5.7) e vídeos para a avaliação dinâmica do sorriso, riso do paciente.13

✔✔Figura 5.7 Radiografia panorâmica e radiografias periapicais para o planejamento com DSD.

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DSD 2D calibração da fotografia. Esse passo é muito importante,


pois essa linha representa a base para o plano oclusal.
1. O primeiro passo é a inserção de duas linhas sobre a fo-
2. O próximo passo consiste em ampliação e recorte da
tografia facial frontal: uma linha horizontal, tangencian-
fotografia para a análise do sorriso, que é realizada
do a linha bipupilar, e uma linha vertical correspondendo
deslocando-se a linha horizontal para a borda incisal
à linha média facial, de forma que ambas formem a ima- dos incisivos superiores. Nesse momento, percebe-se
gem de uma cruz. A linha horizontal deve tangenciar am- a relação da linha incisal com a linha bipupilar. A partir
bas as pupilas. Ao ampliar a imagem, é possível perceber de então, a marcação de outras referências estéticas,
se há alguma inclinação que impeça o seu alinhamento. como linha do lábio e linha do contorno gengival, pode
Nesse caso, o recurso de rotação da imagem permite a ser realizada.

✔✔Figura 5.8 À esquerda, observam-se as linhas de referência da face que devem ser transportadas para o sorriso. À direita, um
quadro de linhas verticais permite avaliar a exposição dentária em largura, de uma vista frontal, de acordo com proporções
horizontais preestabelecidas.

3. A transferência das linhas descritas para a fotografia in- mal e um pequeno traço na linha média, tangenciando a
traoral (com afastadores labiais) é executada usando-se linha incisal e finalizando no início da papila. Tais marca-
marcações nas áreas de bordas incisais, linha interproxi- ções são agrupadas e ajustadas na fotografia intraoral.

✔✔Figura 5.9 As linhas traçadas na fotografia frontal do sorriso devem ser agrupadas. A fotografia é, então, apagada, para que as
linhas sejam encaixadas na fotografia com afastadores labiais.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

4. A seguir, faz-se a simulação do sorriso, que começa com possível determinar se tratamentos restauradores isola-
a inserção de um quadro de proporções sobre os incisi- dos serão suficientes, ou se haverá necessidade de trata-
vos centrais e com o desenho da forma dos dentes den- mentos complementares, como ortodontia ou cirurgias
tro do quadro de proporções desejável. Dessa forma, é periodontais.

✔✔Figura 5.10 Quadro de proporção ideal da relação altura x largura frontal, e desenho dos dentes conforme a relação almejada.

✔✔Figura 5.11 A linha do lábio superior permite avaliar a quantidade de exposição gengival durante o sorriso. As demais linhas
auxiliam na determinação da exposição dentária horizontal. As fotografias realizadas sem contatos oclusais permitem visualizar
e traçar a curva oclusal.

✔✔Figura 5.12 Quadro de proporções dentárias sobre os incisivos centrais superiores, respeitando a linha oclusal. Essa etapa pode
determinar a necessidade de cirurgias plásticas periodontais e elucidar os procedimentos restauradores clinicamente viáveis.
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5. Para que se possa mensurar, em milímetros, a relação dida real entre as distais dos incisivos centrais pode
entre a situação inicial dos dentes com a posição ou ser reproduzida em uma régua digital através da am-
forma final desejada, é preciso fazer a calibração de pliação ou do encurtamento da régua. Essa régua pode
uma régua digital. Essa etapa consiste na medida em ser “copiada e colada” para qualquer slide da apresen-
boca (ou no modelo) de uma distância que possa ser tação, e com ela é possível medir todas as alterações
transferida para a fotografia digital. Por exemplo, a me- necessárias.

✔✔Figura 5.13 Design do sorriso sendo realizado dentro do quadro de distâncias e proporções dentárias. A régua digital fornece
uma medida real para o projeto do sorriso.

✔✔Figura 5.14 O contorno dos dentes pode ser preenchido com a cor e a textura almejadas pelo dentista, sobretudo quando ele
dispõe de um arsenal de imagens e cores arquivado no seu computador.

✔✔Figura 5.15 Projeto do sorriso sendo sobreposto à fotografia protocolar com afastadores labiais. Nesse momento, podemos
alterar a forma dos dentes de acordo com as características individuais do paciente, respeitando os princípios estéticos e bioló-
gicos, e testar o efeito na fotografia até encontrar o resultado desejado.
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Restaurações Cerâmicas Adesivas

✔✔Figura 5.16 A régua digital permite medir as modificações necessárias de forma confiável.

✔✔Figura 5.17 Projeto do sorriso sobreposto ao sorriso da fotografia facial. Observam-se os critérios que foram considerados no
desenho de tamanho, forma e disposição dos dentes, bem como a relação do novo sorriso com a gengiva e os lábios.

✔✔Figura 5.18 Comparação de um antes e depois, com o projeto do sorriso sobreposto a fotografia de face, mostrando a harmonia
do projeto com a face da paciente.

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6. Para transferir as marcações virtuais para o modelo de Planejamento do 2D ao 3D


gesso, é necessário que a linha bipupilar, que foi intro-
O primeiro passo para a realização do planejamento DSD
duzida previamente sobre a fotografia intrabucal, seja
deslocada para a região acima da margem gengival dos 3D é a aquisição de um modelo virtual das arcadas em ar-
dentes anteriores. A distância da margem gengival de quivo STL (Fig. 5.19), que pode ser feito por meio de esca-
cada dente para esta linha horizontal pode ser mensura- neamento intraoral (Trios 3, Carestream, Sironae Itero) ou
da com a régua virtual. Essas distâncias podem ser mar- escaneamento de bancada, ou seja, dos modelos de gesso do
cadas no modelo de gesso, tornando possível delinear a paciente. Esse último pode ser feito pelo próprio cirurgião-
linha bipupilar sobre o modelo físico. Dessa forma, o en- -dentista ou através do envio dos modelos convencionais
ceramento convencional, sobre o modelo de gesso, pode para qualquer laboratório de prótese que possua o processo
ser feito. No entanto, também é possível realizar o en- digital. A seguir, o arquivo STL e a apresentação completa de
ceramento de forma digital, como será descrito a seguir. imagens do planejamento DSD 2D (Fig. 5.20) devem ser en-

✔✔Figura 5.19. Arquivos STL superior e inferior iniciais para o planejamento DSD 3D.

✔✔Figura 5.20 Linhas de referência projetadas no planejamento DSD 2D sendo sobrepostas ao arquivo STL inicial. Observa-se a
fidelidade do modelo virtual.

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viados ao Planning Center Oficial do DSD em Madrid (www. ciente (Figs. 5.23 a 5.25). Esse novo arquivo é exportado
dsdplanningcenter.com.br), coordenado pelo Dr. Francis para uma impressora 3D, através da qual o modelo será
Coachman, onde os modelos virtuais são sobrepostos às fo- impresso em resina (Fig. 5.26). A precisão de impressão e
tografias referentes ao projeto 2D através do software Ne- a lisura superficial do modelo são diretamente proporcio-
moTec (Madrid, Spain) 3D (www.nemotec.com), produzindo nais à qualidade da impressora. Esse modelo pode ser usado
o enceramento diagnóstico digital (Figs. 5.21 e 5.22). para a confecção da matriz de silicona para mockup, etapa
Após o enceramento diagnóstico digital ser aprovado conhecida como Test Smile (Figs. 5.29 a 5.31), como provisó-
pelo dentista responsável, um novo arquivo STL é gerado rios, guias cirúrgicas periodontais e como guia de desgaste
com o projeto virtual sobreposto à situação inicial do pa- de preparos coronários para lentes de contato e facetas.14,15.

✔✔Figura 5.21 Arquivo STL evidenciando, em milímetros, as alterações que precisam ser feitas na fase de enceramento diagnós-
tico digital.

✔✔Figura 5.22 Vista oclusal do encera-


mento sagital com base no planeja-
mento DSD.

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✔✔Figura 5.23 Arquivo STL final inserido na apresentação de slides do DSD 2D, sobreposto à fotografia da face, e adaptado con-
forme as linhas de referência predeterminadas.

✔✔Figura 5.24 Arquivo do modelo encerado digitalmente sobreposto à fotografia da face para ensaio virtual. Observa-se a har-
monia do sorriso projetado com relação à face.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

✔✔Figura 5.25 Arquivo STL final sobreposto à fotografia no ângulo 12h. Nessa perspectiva, é possível avaliar a correta projeção
dos dentes superiores e sua relação com o lábio inferior.

✔✔Figura 5.26 Impressão do modelo realizada pelo centro de planejamento digital Eunice Soluções, utilizando uma impressora
com tecnologia DLP LCD da marca Ez3D. Essa impressora permite impressão em resinas fotopolimerizáveis, especialmente
desenvolvidas para impressão 3D. Nesse caso, foi utilizada resina DM-400 da Makertech Labs (Brasil).

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✔✔Figura 5.27 Quando o tratamento proposto inclui o aumento de coroa clínica estético, realiza-se a tomada de exames de ima-
gem que demonstrem a relação da estrutura óssea com o tecido gengival. Na figura, arquivo Dicom da Tomografia Computado-
rizada Cone Beam realizada com afastamento labial para evidenciar a distância entre a junção amelocementária e a crista óssea
alveolar.

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✔✔Figura 5.28 Sobreposição dos arquivos STL inicial e final com a fotografia protocolar e com o arquivo Dicom. Essa sobreposição
permite determinar a distância entre a junção amelocementária e a crista óssea alveolar, com base na posição final da futura
coroa e, consequentemente, mensurar, em milímetros, a quantidade de osteotomia necessária previamente à cirurgia plástica
periodontal.

✔✔Figura 5.29 Muralha de silicona sobre modelo


impresso. A seguir, a muralha é preenchida com
resina bisacrílica e levada à boca do paciente
para confecção de mockup motivacional.

✔✔Figura 5.30 Mockup motivacional realizado


com base no planejamento com DSD. Uma vez
aprovado pela paciente, o tratamento proposto
pode ser executado com segurança.

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✔✔Figura 5.31 Resultado do planejamento com DSD.

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DSDAPP do afastadores labiais, podemos substituir pelo arquivo STL


do paciente, já descrito anteriormente, fazendo com que
Com o avanço da tecnologia, tudo que se realizava através
aumente a precisão de transferência das informações obti-
de softwares de difícil manipulação e que tomava muito
das através da análise e linhas de referências faciais. Além
tempo do dentista que realizava os planejamentos digitais,
disso, na barra inferior do layout do aplicativo encontra-se
hoje está sendo substituído por um aplicativo de iPad cha-
mado DSDAPP by Coachman, desenvolvido justamente uma “linha do tempo”, onde fica mais fácil saber qual será a
para facilitar o planejamento, de maneira mais simples, rápi- sequência do planejamento.
da, intuitiva e com precisão. A seguir será descrito e ilustrado através de um caso, a
O passo a passo e as fotos protocolares continuam sen- sequência do planejamento digital do sorriso utilizando o
do os mesmos. Porém, no lugar da fotografia facial utilizan- DSDAPP.

1. No aplicativo selecionamos a opção Novo Caso. Dentro desta opção, iremos selecionar o modo Simulação
do Sorriso. Este modo serve para fazermos um planejamento rápido, com a finalidade de demonstrar para
o paciente o potencial do caso, fazendo com que ele se sinta mais seguro e motivado em realizar o seu caso.
Ao selecionar o modo Simulação do Sorriso, automaticamente nos pedirá para anexarmos a Fotografia Fa-
cial em Sorriso, o arquivo STL do paciente ou Fotografia Facial utilizando Afastadores Labiais e um vídeo de
entrevista com o paciente, este último sendo opcional.

✔✔Figura 5.32 No lado esquerdo temos uma imagem das opções ao selecionarmos um Novo Caso e no lado direito o layout após
selecionarmos a opção Simulação do Sorriso.

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Planejamento Digital

2. Anexa-se a fotografia solicitada, e ao anexar o STL do paciente é necessário realizar a calibração do eixo
virtual desse arquivo. Com as ferramentas do aplicativo, podemos rotacionar o modelo digital (STL), incli-
ná-lo, ampliar ou diminuir, mudar a posição, para conseguirmos chegar ao padrão desejado. Depois de feita
a calibração, deve-se clicar em Save, para salvar essas informações.

✔✔Figura 5.33 O modelo digital deve estar com a oclusal dos dentes para a tela, a linha Back deve estar tangenciando a distal dos
últimos molares, a linha Front deve estar tangenciando a face vestibular dos incisivos centrais e a Mid Line deve estar coinci-
dindo com a linha média do modelo.

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3. Próximo passo do aplicativo é a calibração da fotografia de Sorriso Facial Frontal Completo. Nesta eta-
pa, 4 marcadores aparecerão sobre a fotografia, 2 destes marcadores devem ser posicionados no centro
das pupilas e os outros dois nas extremidades da comissura labial. Após podemos clicar no modo rotação
automática, representada pelo primeiro símbolo no lado esquerdo da barra de opções, ou podemos fazer
manualmente com as setas de rotação direita e esquerda. Essa rotação serve para fazer com que o rosto do
paciente fique numa posição paralela com o solo. Neste passo devemos analisar a linha média do paciente,
verificando se está coincidente a linha média facial com a linha média dental.

✔✔Figura 5.34 Fotografia calibrada de acordo com as referências descritas. Podemos visualizar também a barra de ferramentas
para rotação e deslocamento da fotografia.

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4. Depois de calibrada a fotografia, avançamos para o passo de referências. Neste passo temos 3 linhas ver-
melhas, duas verticais e uma horizontal. As linhas vermelhas verticais devem ser posicionadas tocando as
distais dos incisivos centrais superiores, cada uma em seu lado, Right distal, para a distal do elemento 11 e
a Left distal para a distal do elemento 21. A linha vermelha horizontal, chamada de Incisal line, deve tangen-
ciar as incisais dos incisivos centrais.

✔✔Figura 5.35 Posição correta das linhas vermelhas.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

5. Finalizado o posicionamento das referências, iremos determinar agora a medição real a ser trabalhada.
Essa medida é mensurada em boca ou no modelo de gesso do paciente, para termos parâmetros reais den-
tro do nosso planejamento digital.

✔✔Figura 5.36 A posição dos marcadores deve ser a mesma posição de onde foi mensurada em boca, a distância de distal a distal
dos incisivos centrais superiores. Essa medida é informada em milímetros (mm).

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6. No passo a seguir iremos fazer nova calibração do modelo STL, porém desta vez o objetivo é fazer com que
haja uma sobreposição precisa com a fotografia facial de sorriso completo. Esta calibração é feita utilizando
as opções de posição, bem como de zoom e rotação.

✔✔Figura 5.37 Modelo STL calibrado e sobreposto com a fotografia facial de sorriso.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

7. Nesse momento ajustamos a moldura do sorriso, definindo a posição do quadro do sorriso, bem como o
comprimento dos incisivos centrais, a proporção altura X largura e ainda as curvas do sorriso e gengival.
Pode-se também selecionar formatos de dentes dentro da biblioteca de doadores de sorriso. Essas formas
podem ser extraídas dos modelos disponíveis na biblioteca bem como de “doadores” dentro da seleção de-
nominada DSD, ou ainda pode-se misturar formatos de dentes na opção misturar formas.

✔✔Figura 5.38 Imagem no lado esquerdo mostrando o posicionamento do quadro do sorriso, tamanho de centrais, proporção
altura X largura, curvas de sorriso e gengival. No lado direito, a opção de seleção de formas de dentes na biblioteca de doadores
de sorriso.

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Planejamento Digital

8. Quando definido qual formato utilizar, precisamos ajustar essas novas formas, caracterizando o projeto
do sorriso para o paciente. Podemos caracterizar de forma simétrica ou individual em cada dente. Pode-se
mudar posição, ângulos e zênites, rotações, aumento ou diminuição de tamanho dos dentes.

✔✔Figura 5.39 Layout das ferramentas utilizadas para caracterização das formas dos dentes dentro da moldura do sorriso.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

9. Seguindo com o planejamento, a próxima etapa é fazer a marcação do lábio para que não haja sobreposição
do projeto dos dentes sobre o lábio. Na sequência seleciona-se a cor para fazer a simulação de mock up
virtual, possibilitando a visualização de um antes e depois pelo paciente.

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✔✔Figura 5.40 Imagem do lado es-


querdo mostrando a marcação
do lábio, ao centro a seleção de
cor para o mock up virtual. Na
imagem do lado direito, temos as
ferramentas para ajustar a cor do
mock up virtual, que pode ser fei-
to de maneira em grupo ou sele-
cionando dente por dente.

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Restaurações Cerâmicas Adesivas

10. Finalizada a etapa de ajuste de cor,


entramos em um momento onde se
pode fazer um movimento lateral da
barra vertical, mostrando como fica-
ria o projeto de sorriso em harmonia
com a face. É possível compartilhar
as imagens desse projeto através
do botão compartilhar. Na seleção
do botão descrito na barra de ferra-
mentas como Antes/Depois, entra-
mos em uma tela onde mostra duas
fotografias lado a lado de como era e
como pode ficar o paciente se reali-
zar o projeto do sorriso.

✔✔Figura 5.41 Mock up virtual do projeto de


sorriso idealizado para a paciente.

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Finalizado o projeto, podemos compartilhar com um la- Portanto, o planejamento digital representa uma nova
boratório para a realização do enceramento em 3D do caso, realidade que acorda com os valores e o estilo de vida da so-
como descrito anteriormente, no Planejamento 2D para o ciedade atual. Esse novo cenário favorece os profissionais
3D. atualizados, que saibam utilizar recursos tecnológicos a seu
favor e que ofereçam um plano de tratamento de forma mais
humana, considerando os desejos do paciente dentro dos
Conclusão princípios e das técnicas disponíveis.
Os anseios e as expectativas dos pacientes mudaram, e a
odontologia de hoje dispõe de materiais e técnicas restaura-
doras que permitem satisfazer as exigências estéticas com Referências Bibliográficas
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