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199-65
RESUMO
Objetivo: O objetivo desse estudo foi através de revisão bibliográfica elucidar a aplicação
do Botox como alternativas terapêutica para o tratamento do sorriso gengival. Revisão:
Qualquer exposição gengival ao sorriso natural ou ao discurso, superior a uma faixa contínua
de gengiva de 3 mm, caracteriza sorriso gengival. Este possui frequentemente causa
multifatorial, podendo estar presente excesso de crescimento vertical da maxila, contração
labial excessiva, lábio superior curto, excesso gengival e extrusão dos dentes anteriores.
Conclusão: O Botox pode ser utilizado como alternativas terapêuticas para o tratamento
do sorriso gengival somente quando a etiologia for causada por hipercontração labial.
overbite, a qual poderá ser tratada apenas com tratamento, este se caracteriza por ser um
mecânica intrusiva. Casos tratados com mecânica procedimento com prognóstico extremamente
intrusiva apoiada em minimplantes, geralmente são favorável1,7,11.
associados à cirurgia periodontal ao final do tratamento Por fim a análise muscular é conduzida.
ortodôntico. Esta, quando aplicada, serve para corrigir Observa-se o comprimento labial e a contração labial
excesso gengival e ósseo localizado na região anterior ao sorriso espontâneo. Quando todos os fatores
causado pela intrusão dos dentes1,14. Na Figura 2, anteriores, inclusive o comprimento labial, estão
etapa 2, tem-se a contribuição oclusal para o sorriso normais a única causa é a hipercontração labial. Então,
gengival representada. renova-se o alerta ao profissional quanto a diferença
entre o sorriso natural e o sorriso forçado ao avaliar a
posição da linha de sorriso. Deve-se lembrar que
quando o odontólogo pede para um paciente sorrir, o
mesmo normalmente toma uma atitude cautelosa e
normalmente revela um sorriso forçado.
É justamente no campo muscular,
principalmente nos casos em que o comprimento labial
está normal, e temos, portanto, a hipercontração dos
músculos elevadores do lábio determinando o sorriso
gengival, que encontramos indicação para o uso da
toxina botulínica (BTX), a qual vem recentemente sendo
proposta como ferramenta dos cirurgiões-
dentistas4,9,17.
A dosagem correta a ser aplicada para casos
moderados a severos é de 2,5 unidades por 0,1cc
FIGURA 2- Representativa orientação muscular ZMi, LLS e injetadas no máximo em quatro locais. Esta dosagem
LLSAN. Em amarelo área ideal de aplicação da toxina botulínica
com finalidade de controlar a hiperelevação do lábio superior.
é suficiente, o que varia é o número de locais de
injeção, sendo dois e quatro locais de aplicação para
Na etapa 3 a análise gengival é realizada. A aqueles que apresentam 3 a 5mm e mais de 5mm de
desproporção altura/largura da coroa clínica é exposição, respectivamente. Com exposição menor
frequentemente indicativo de problema associado a que 3mm não se recomenda o uso de Botox pelo risco
excesso gengival mais localizado, como nos casos de sobrecorreção. A necessidade de reaplicação é em
de erupção passiva, ou mais generalizado, como nos média de seis meses, podendo variar de 4 a 8 meses.
casos de crescimento hiperplásico. O ortodontista, Apesar da sobredosagem poder causar paralisia dos
com sua mecânica, trás poucos impactos positivos músculos alvo, os efeitos colaterais restringem-se à
na solução deste tipo de problema. Apesar disto, leve queimação no local de injeção9,17.
durante o tratamento de más oclusões que estejam A aparência do sorriso é determinada
associadas a estes, deve-se ter atenção redobrada principalmente pela atividade do levantador do lábio
ao planejamento multidisciplinar estabelecendo a hora superior (LLS), do levantador alar nasal (LAN), do
e o momento certo para o tratamento periodontal12. zigomático menor (ZMI) e do zigomático maior. São
Na etapa 4, a estrutura óssea é avaliada através exatamente estes músculos que determinam a
de cefalometria. A etiologia óssea caracterizada pelo quantidade de elevação labial que ocorre durante o
excesso vertical maxilar, manifesta-se principalmente sorriso e, portanto, deveriam ser estes que deveriam
em pacientes com crescimento predominantemente ser desativados pela ação do Botox4.
vertical. Clinicamente, observa-se um sorriso gengival
anterior e posterior, sem a presença de excesso CONSIDERAÇÕES FINAIS
gengival12. Muito provavelmente o ponto cefalométrico É fato que a exigência dos pacientes cada vez
“A” estará posicionado de forma a proporcionar um mais aumenta. Torna-se imprescindível, portanto, que
aumento do ângulo da altura maxilar (fator 24 do o planejamento leve em consideração não só aspectos
campo V da análise cefalométrico de Rickerts). Deve- pré-determinados e padronizados, mas também a
se neste caso considerar também o fator 25 que avalia estética do sorriso de forma dinâmica, bem como sua
o giro maxilar, e interpretá-lo de forma a fechar o relação com a face do paciente.
diagnóstico. Radiograficamente ter-se-á a medida, Ainda mais, é preciso percepção e bom censo
proposta por Rickerts (Fator 17), de comprimento do para entender que de acordo com os padrões de
lábio superior normal13. beleza atuais, o paciente pode não estar buscando
Nos dias atuais, o tratamento do crescimento apenas dentes que reproduzam as chaves de oclusão,
vertical excessivo implica indubitavelmente em cirurgia cor e forma propostos na literatura. Mas também uma
ortognática. Apesar da invasibilidade do procedimento, face harmônica e equilibrada, exigindo, em vista disso,
das complicações e dos riscos impostos pelo um diagnóstico e planejamento com entendimento
multidisciplinar.