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LUMEN ET VIRTUS

REVISTA INTERDISCIPLINAR
DE CULTURA E IMAGEM
VOL. XII Nº 32 SETEMBRO-DEZEMBRO/2022
ISSN 2177-2789

A ARTE COMO INSTRUMENTO DO


INCONSCIENTE: IMAGENS QUE REVELAM O
SUJEITO

ART AS A INSTRUMENT OF THE UNCONSCIOUS:


IMAGES THAT REVEAL THE SUBJECT

Prof. Dr. Gerson Heidrich da Silvai

Dayane dos Santos Vianaii

Juliana Ramos de Souzaiii

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi contexto da clínica, para acessar os conteúdos
mostrar, à luz da psicanálise, como a arte reprimidos e inconscientes do sujeito. A
dialoga e se expressa através dos conteúdos partir do material analisado, pode-se dizer
inconscientes do sujeito, revelando o que a arte traz novas formas de se gozar
reprimido diante do processo de diante das regras morais, é um meio de
autoconhecimento. Buscou-se, ainda, analisar vivenciar aquilo que moralmente seria
como o mecanismo de sublimação dialoga proibido se fosse exposto de forma nua e
por meio da arte em um processo primitiva; é, em certo sentido, a transgressão
terapêutico. Para isso, foi feita uma revisão de forma simbólica e aceita. Ou seja, a
bibliográfica acerca do tema proposto. As materialização do gozo.
leituras selecionadas foram com enfoque em
arte, inconsciente e sublimação, mas o PALAVRAS-CHAVE – inconsciente,
trabalho não fez distinção do que é arte, arte, sublimação, desejo, impulsos.
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sendo esta considerada toda a expressão,


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incluindo a imagética, criada pelo sujeito. ABSTRACT – The aim of this work was
Este estudo apresenta discussões de diversos to show, in the light of psychoanalysis,
autores sobre o processo artístico e o how art dialogues and expresses itself
inconsciente, buscando entender como a arte
through the subject's unconscious
pode ser uma ferramenta de trabalho no
contents, revealing the repressed in the
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process of self-knowledge. It was also art can be a working tool in the clinical
sought to analyze how the mechanism of context, to access the subject's repressed
sublimation dialogues through art in a and unconscious contents. From the
therapeutic process. For this, a analyzed material, it can be said that art
bibliographic review was made about the brings new ways of enjoying itself in the
proposed theme. The selected readings face of moral rules, it is a means of
were focused on art, unconscious and experiencing what would be morally
sublimation, but the work did not prohibited if exposed in a naked and
distinguish what art is, this being primitive way; it is, in a sense,
considered all expression, including transgression in a symbolic and accepted
imagery, created by the subject. This way. In other words, the materialization
study presents discussions by several of jouissance.
authors about the artistic process and the KEYWORDS: unconscious, art,
unconscious, seeking to understand how sublimation, desire, impulses.

Introdução civilizações e culturas pré-históricas. É


Segundo Autuari e Rinaldi (2014), a também através da arte que o homem
arte não tem uma definição exata. A obra expressa o meio em que vive, interpreta
está vinculada com a história de vida do sua natureza, constrói formas, fantasia,
sujeito, suas fantasias, seus desejos, suas inventa e se descobre. Além disso, apesar
pulsões e sua visão de realidade. A arte de muitas vezes se tratar de uma
pode estar relacionada ao momento atual produção individual, sempre se origina de
do indivíduo, afeto de suas relações uma necessidade coletiva, ou seja, o autor
primárias, resquícios dos impulsos sexuais cria e executa artisticamente uma obra
ou fragmentos de sua personalidade, significativa de maneira responsável.
servindo como instrumento de Assim, sela compromisso com a sua
investigação e manifestação do cultura em fazer arte com significado
inconsciente do sujeito. Para os autores, é presente no meio onde está inserido,
importante estar atento aos fatos sendo instrumento causador de
ocorridos na vida da pessoa para fazer modificações na sociedade.
um cruzamento entre obra e Ao consumirmos o material artístico
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personalidade. produzido por um sujeito, entramos em


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Para Biesdorf e Wandscheer (2011), a contato com cores, formas, histórias,


arte é uma necessidade de expressão fantasias, pensamentos, sons e outras
humana tão ancestral quanto o homem, referências que, em um primeiro
tanto que foi tudo que restou de momento, podem ser vistas apenas como
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um emaranhado de elementos vida somente na companhia de sua mãe,


construídos dentro de um processo o que, para Freud, influenciou o
criativo. Porém, sem saber, estamos psiquismo e determinou o seu destino: a
acessando seu inconsciente, o mistério da substituição do marido pelo filho. Aos
origem criativa e intenções da obra cinquenta anos, Leonardo encontrou uma
criada. mulher que lembrava o sorriso sensual e
Neste sentido, este estudo buscou, feliz de sua mãe e então pintou o famoso
por meio de uma revisão bibliográfica, quadro Monalisa ou La Gioconda
verificar como a arte dialoga e se expressa (AUTUORI; RINALDI, 2014).
através dos conteúdos inconscientes do Ainda segundo os mesmos autores, as
sujeito, identificando possíveis processos obras de Leonardo retratam a relação que
de autoconhecimento. Ainda, analisar ele teve com o pai, em especial o quadro
como o mecanismo de sublimação Santa Ana, no qual reproduz os afetos da
dialoga com a arte e o processo infância e o desinteresse do pai para com
terapêutico, interpretando os desejos por ele, motivo pelo qual muitas obras
meio da expressão artística. A base ficaram inacabadas. A criação artística de
teórica escolhida para nortear esta busca Da Vinci foi uma maneira de lidar com
foi a psicanálise. seus desejos sexuais, deslocando para o
saber, a criatividade e a pesquisa.
Relação Arte – Artista Freud, de acordo com Autuori e
Segundo Autuori e Rinaldi (2014), não Rinaldi (2014), também se debruçou a
há uma verdade que abarque o que seja compreender o artista e escritor
arte na visão Freudiana. Há um vínculo Dostoiévski a partir de suas obras que,
entre o que se passou e passa na vida do com uma infância e juventude marcadas
artista, a obra produzida e o psiquismo por perdas e prisão, transformou as
durante o processo criativo. Na obra pulsões agressivas e destrutivas de sua
"Leonardo da Vinci e uma lembrança da personalidade em personagens de seus
sua infância", Freud discute aspectos da livros. Ao invés de agir e se transformar
vida pessoal do artista, referindo que os em um indivíduo criminoso, ele deslocou
afetos foram transformados em criação. essas pulsões para seus personagens
A vontade de Leonardo em descobrir o fictícios. Esses dois artistas foram fontes
novo era vista como resquícios da pulsão de análise Freudiana, mostrando a relação
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sexual da primeira infância que, em vez entre obra e autor.


de recalcar, foi sublimada e transformada Para Autuori e Rinaldi (2014), ao olhar
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em curiosidade. Por se tratar de a relação da arte e do artista com a


sublimação, a pulsão agia livremente. realidade, Freud compreende que a
Os autores explicam que Leonardo Da criança, ao brincar, fantasia o mundo
Vinci passou os primeiros cinco anos de adulto como possibilidade de realizar seus
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desejos, que são os primeiros traços da inconsciente é, por assim dizer, o


criatividade. O adulto já não tem mais manancial.
essa ilusão e, por meio da arte, ele cria Porém, é preciso considerar a
através da imaginação, mesmo com a severidade do superego ao buscar
realidade presente. As fantasias são impedir, em certo sentido, o fluir da
formas de realizar desejos insatisfeitos. expressão artística. Nesta visão, pode-se
considerar que a obra é o
A Arte como Expressão do compartilhamento do mundo interno, e a
Inconsciente forma de perceber as coisas é a
Figueiredo, Feitoza e Carvalho (2012) capacidade de compartilhar espaços
dizem que os métodos civilizatórios de proibidos, secretos e reprimidos. No
dominação das pulsões acabam espaço clínico, isto é, no contexto
reprimindo e ocasionando diversas analítico, há a possibilidade de acesso aos
formas de sofrimento psíquico, e que a conteúdos reprimidos pelo paciente por
sublimação através da arte surge com o meio da expressão artística.
objetivo de que o homem não seja Pastore (2009) discute que, para
devorado por seus desejos, mas que os Freud, o indivíduo, ao entrar em contato
manifeste de maneira aceitável com uma obra, pode experimentar
socialmente e ainda obtenha satisfação. A sensações e sentimentos, quer seja uma
obra produz também uma ação sobre os pintura, um filme, uma performance, uma
sentimentos, como se fosse algo real música etc. No entanto, preconiza que o
graças à ilusão artística, proporcionando sentir emergirá se houver elaboração
um espaço de cura, transformando as acerca do significado dado à obra
pulsões de morte em pulsões de vida, observada, significado singular e único a
trazendo alívio e tornando possível a vida cada observador. A arte traz novas
do indivíduo. formas de gozar, por seu um meio de
Para Rossi (2009), Freud concebe a vivenciar aquilo que moralmente se
arte como sustentação para aguentar a mostra como proibido se fosse exposto
carga que a civilização impõe ao homem, de forma nua.
oferecendo uma satisfação para as
renúncias e sacrifícios que o sujeito Princípio do Prazer
precisa fazer por viver em sociedade. O Segundo Freud (1920), há uma
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ato de criar, a criatividade, advém da predominância do princípio do prazer na


redução da repreensão e do superego, psique, ou seja, os impulsos conscientes
Página

pois se origina das fantasias inconscientes sempre se encontram entre prazer e


do indivíduo. No inconsciente está a desprazer. O aparelho psíquico trabalha
fonte da criatividade, proporcionando o para que a quantidade de excitação que
revelar do mundo interno do criador. O nele existe permaneça o mais baixa
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possível, ou menos constante, e tudo que sexuais, que seriam uma experiência
tem a capacidade de elevar essa excitação prazerosa, são vistos como desprazer
será percebido como disfuncional e, pelo Eu por alguma razão, reprimindo o
portanto, desprazeroso. impulso e ocasionando a repressão,
Ainda segundo Freud (1920), o diminuindo assim a possibilidade de
princípio do prazer descende do princípio realização do desejo.
da constância, evidenciado por Fechner O indivíduo não se lembra de tudo
como tendência à estabilidade. Porém, este que reprimiu, o que se tornou
princípio não domina o curso dos inconsciente, e, antes que haja a
processos mentais, então, o correto é que compreensão do conteúdo reprimido, há
haja uma forte tendência ao prazer na a repetição da ação, que geralmente são
psique, mas nem sempre o resultado conteúdos sexuais da primeira infância.
corresponde ao prazer. Se este princípio Há uma forte resistência do Eu para
dominasse, a grande maioria desses trazer à consciência os conteúdos
processos conduziria ao prazer ou seria reprimidos, isto é, o passado esquecido,
seguida de prazer, quando, na verdade, as ocasionando uma inconsciente repetição
experiências em geral nem sempre de comportamentos. Essa resistência está
correspondem à satisfação. atrelada ao princípio do prazer, pois
Freud (1920) salienta que se inclinar a trazer à consciência conteúdos
um objetivo não significa alcançá-lo, reprimidos pode gerar dor (FREUD,
sendo possível realizá-lo por 1920).
aproximações. Ele explica que os motivos Para Leite (2015), há um
que impedem a prevalência do princípio direcionamento de energia e impulso para
do prazer são diversos, dentre eles os a realização do desejo, mas, por conflitos
instintos de preservação do Eu, sendo internos e socioculturais, a satisfação do
assim substituído pelo princípio da desejo não será plenamente satisfatória.
realidade, que não tem a finalidade de Então, entrará o princípio da realidade,
desprezar a intenção final de obter prazer, que fará a intermediação das questões
mas adiá-la através do desprendimento éticas e morais com os desejos latentes. O
das possibilidades desta e da provisória princípio da realidade se manifesta para
aceitação do desprazer, rodeando até a dar conta das expectativas sociais,
obtenção final de prazer. culturais, éticas, morais etc., para adaptar
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Desse modo, os processos psíquicos os desejos dentro das regras e dos limites
são influenciados pelo princípio do impostos e controlar o comportamento,
Página

prazer e o que os movem são as tensões mesmo que isso gere um grau de
de desprazer em busca de satisfação, ou frustração no indivíduo por não realizar o
seja, gerar prazer para diminuir a carga desejo na sua forma primária.
desprazerosa conflitante. Os desejos
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Para preservar o ego, o princípio do aproximadas para uma mesma pulsão,


prazer é substituído pelo princípio da que podem ser substituídas ou
realidade, visto que o primeiro é guiado combinadas com outras. Também essas
pelo ID e o segundo, pelo Ego, que, pulsões podem ser inibidas em seus
através do princípio da realidade, propósitos. É chamado de objeto de uma
modifica os caminhos a serem pulsão aquele que, juntamente ou através
percorridos para a realização do desejo dele, é possível que a pulsão alcance sua
latente dentro da realidade externa, de meta.
forma socialmente adequada. Freud (1856-1939) reúne em dois
grupos as principais pulsões: as pulsões
Pulsões do Eu ou de autopreservação e as pulsões
Segundo Freud (1856-1939), o sexuais. A meta da pulsão sexual é a
estímulo pulsional não vem do exterior, satisfação do órgão. Assim, Gomes
mas do interior do próprio organismo, (2001) explica que, quando um indivíduo
diferentemente de um estímulo se alimenta, conceitualmente, a pulsão de
fisiológico. A pulsão seria um impulso autopreservação está atuando; sua meta é
para o psíquico e sua ação atua como ingerir o alimento, sendo a pulsão oral
uma força constante, nunca como força alvo de prazer na zona erógena oral.
momentânea, tornando-se ineficaz Para Mendes (2011), um dos caminhos
qualquer tentativa de fuga. Ainda, o da pulsão é a sublimação, é o desvio da
estímulo pulsional pode ser denominado força da pulsão sexual deslocada para
como “necessidade” e, para conter essa algo não sexual em prol de atividades
necessidade, “satisfação”. O aumento socialmente valorizadas, tais como:
desregulado do estímulo causa desprazer esporte, arte e intelecto. A sublimação
e a diminuição do estímulo resulta na libera as pulsões reprimidas e em conflito
sensação de prazer. com a libido; no saber clínico, esse
Segundo Honda (2011), pulsão é a deslocamento da pulsão para sublimação
tendência de agir para alcançar a é visto quando há uma transformação
satisfação e o prazer, podendo ser de cultural através da criação.
diversas formas dentro da realidade com
o propósito de atingir o objetivo. Pulsão Sublimação
é o limite entre o psíquico e o corporal, Para Pastore (2009), a sublimação é
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são estímulos que se originam dentro do uma das formas de satisfazer os desejos a
corpo. serviço de realizações sociais e
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De acordo com Freud (1856-1939), civilizatórias. É a renúncia das perversões


diferentes caminhos podem conduzir à em sua forma primitiva para vivenciá-las
satisfação, que é a meta da pulsão, de através da arte e do criar, visto não ser
maneira que pode haver inúmeras metas
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apenas uma revelação do oculto, e sim de forma socialmente aceita e em prol da


um sofrimento outrora reprimido. humanidade. Pode-se dizer que houve a
Soares e Coelho (2014) discutem que renúncia do gozo sádico para uma
o conceito sublimação, nos textos de realização cultural: ciência. Uma linha
Freud, aparece de forma vaga, tênue entre o sadismo e o bem, visto que
dificultando o debruçar acerca dele. Na o talentoso cirurgião se originou da sádica
forma mais tradicional, a sublimação é a criança. A diferença está, então, na
dessexualização da pulsão, é uma mudança do objeto/ação, sendo esta
exigência civilizatória em que o homem é mudança o âmago da sublimação.
obrigado a substituir a satisfação direta Os autores argumentam ainda que a
por outra em prol do trabalho e da sublimação freudiana é uma “troca de
cultura. Ou seja, é a troca de um objeto estado”, como o sólido se transformando
proibido por um aceito para vivenciar o em gasoso; o elemento é o mesmo, mas a
gozo da pulsão. É essa substituição do forma, não. Uma pulsão sexual continua
sexual para o não sexual que nos sendo uma pulsão sexual, porém,
possibilita viver em sociedade, sendo que transitando para o feito artístico,
a força sexual está a serviço do trabalho, intelectual, esporte, entre outros. Assim,
das relações, dos afetos, da cultura etc. podemos dizer que a arte como
Soares e Coelho (2014) ressaltam que sublimação é a forma pela qual os desejos
a satisfação direta da pulsão não é um percorrem sem censura e repressão e se
risco social, a repressão exigida que o é. comunicam, falam, mostram-se. Uma
Não se pode exigir a mesma atitude de mensagem do conteúdo latente.
todos, visto que nem todas as pessoas
conseguem substituir a pulsão sexual para Terapia e Arte
algo não sexual, ocasionando o recalque Metzger (2015) discute que, dentro do
e/ou neurose, levando à renúncia do campo clínico, a arte vem para ampliar a
desejo que não seja em prol da abordagem clínica, visto que algumas
reprodução. produções artísticas elucidam, quase com
Ainda segundo os mesmos autores, facilidade, a estrutura e organização do
Freud, ao explicar como chegou ao sujeito, podendo ser uma possibilidade
conceito de sublimação, usou a história em direção ao tratamento, uma vez que
do jovem Johann Friedrich Dieffenbach, configura uma saída para o gozo libidinal
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que, movido por desejos sádicos na do indivíduo. Segundo o autor, Freud, ao


juventude, cortava o rabo dos cachorros analisar algumas obras, observou
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que ele apanhava pelas redondezas. Mais resquícios do inconsciente do artista,


tarde, esse mesmo “garoto” se tornou um levando a uma via de acesso ao oculto
famoso cirurgião, ou seja, ele continuou através de uma comunicação simbólica.
realizando o seu desejo, mas de uma
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Margareth Naumburg, de acordo com possibilita extrapolar a abordagem


Reis (2014), desenvolveu o seu trabalho tradicional que é baseada na linguagem,
na teoria psicanalítica, observando que as ampliando as perspectivas de
técnicas facilitam a projeção dos conflitos manifestação.
inconscientes do indivíduo. Naumburg Segundo Castro e Lima (2007), Nise
defende que a expressão artística é um da Silveira, durante os anos de 1940, foi
espelho refletindo o diálogo entre contrária às técnicas de lobotomia,
consciente e inconsciente, um caminho eletrochoque, química e medicamentosa
que facilita o percorrer das emoções, dos direcionadas às formas de tratamento da
pensamentos, dos sentimentos, dos psiquiatria dessa época, pois acreditava
conflitos, dos sonhos, das fantasias, dos que a vida psíquica de cada indivíduo é
medos, das memórias infantis, do um processo permanente de interação
passado e do presente vividos pelo com aquilo que o cerca. Nise, em sua
sujeito, o que proporciona a comunicação atuação em um setor sem nenhum
entre paciente e terapeuta. A arte vem, recurso designado à distração e/ou
muitas vezes, como uma via de acesso economia hospitalar dentro do Centro
aos conteúdos do inconsciente mais fácil Psiquiátrico Nacional, intencionava
que a própria fala, pois, ao iniciar o adentrar no mundo dos esquizofrênicos,
processo psicoterapêutico, o paciente aproximar-se deles e conhecer suas dores,
poderá vivenciar bloqueios ao se deparar melhorando assim suas condições de
com o próprio discurso, devido às vida. A médica Nise transformou a
resistências. Desta forma, a interpretação terapêutica ocupacional em campo de
se dá pelo meio da transferência, na qual pesquisa, como forma de enfrentar a
o terapeuta incentiva o sujeito a se psiquiatria opositora, atribuindo a ela
descobrir através das suas produções. características científicas, teóricas e
A autora afirma ainda que a arte como clínicas. Nos 28 anos em que dirigiu o
terapia atualmente não está mais restrita setor, inúmeras pesquisas foram
aos consultórios, mostrando-se ser um desenvolvidas na intenção de registrar
importante instrumento para resultados, comprovar e validar a
intervenções nas áreas da psicologia eficiência do tratamento, além de
escolar, hospitalar, social, organizacional investigar os danos dos tratamentos
e da saúde também. A arte permite a psiquiátricos tradicionais.
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expressão de uma diversidade de temas, Ainda segundo as autoras, Nise


como traumas, conflitos emocionais, tentava proporcionar em seus
Página

conflitos de sexualidade e gênero, atendimentos uma atmosfera de liberdade


expectativas e combates profissionais, sem nenhuma repressão durante as
além de aspectos das relações diversas atividades desenvolvidas, para
interpessoais. É uma ferramenta que que assim os sintomas tivessem a
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possibilidade de se expressarem e serem atividade, aproximando-o cada vez mais


despotencializados. O interesse da do consciente.
psiquiatra era em estabelecer algum tipo O Museu do Inconsciente foi criado,
de relação com o doente e lhe dar espaço segundo as autoras, com o propósito de
para se expressar, partindo do nível não catalogar e organizar todo o material
verbal. Assim, a clínica da terapêutica produzido, o que permitia o
ocupacional foi inserida, oferecendo desenvolvimento de pesquisas em cima
atividades que possibilitavam a dessas imagens. Além do museu, ainda
manifestação de experiências não segundo as autoras, as exposições que
verbalizáveis por aquele que se rodaram e repercutiram no mundo das
encontrava submerso em conteúdos artes movimentaram também a
inconscientes. psiquiatria, transformando-se em recurso
Foi no ateliê de pintura do Setor de no combate ao tratamento psiquiátrico
Terapêutica Ocupacional que Nise hegemônico e aos manicômios,
observou "a existência de uma pulsão associados à luta por uma mudança
configuradora de imagens sobrevivendo cultural e de julgamento em relação ao
mesmo quando a personalidade estava adoecimento psíquico.
desagregada" (CASTRO; LIMA, 2007
apud SILVEIRA, 1992, p. 63). Neste Metodologia
ateliê e no de modelagem, Nise pôde ter O presente trabalho objetivou estudar
uma maior compreensão acerca do a relação entre a arte e o inconsciente do
dinamismo psíquico cotidiano na indivíduo, valendo-se da revisão
esquizofrenia, além de refletir sobre as bibliográfica de artigos científicos,
circunstâncias de tratamento e correspondendo ao período de 2001 a
hospitalização. Ela se surpreendeu, 2020, e clássicos da teoria psicanalítica de
segundo as autoras, com a quantidade e Sigmund Freud e comentadores.
qualidade dos conteúdos produzidos, Segundo Prodanov e Freitas (2013),
compreendendo que a criatividade é um esta metodologia busca contextualizar e
estímulo por meio do qual é possível que esclarecer teoricamente o tema escolhido
os pensamentos, as emoções e as através de uma ampla pesquisa de
sensações se reconheçam e se associem, materiais já publicados, com o objetivo
mesmo diante da bagunça interna daquele de interpretar e contextualizar a questão
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que cria. A pintura se mostrou proposta. Já para Augusto et al. (2013), a


instrumento para reorganização interna, pesquisa qualitativa tem caráter
Página

uma vez que revelava que o mundo interpretativo relacionado aos


interior do psicótico tomava forma significados atribuídos a ela. Dessa forma,
através da expressão desenvolvida pela os pesquisadores estudam e descrevem os
fenômenos, cenários atuais e elementos
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que os envolvem, sempre dando inserido, proporcionando a sua


importância às figuras, aos discursos e manutenção. Sendo assim, os desejos
aos conceitos difundidos por eles. reprimidos do homem promovem a
Para a seleção de leitura foram criação e a manutenção social quando o
consideradas as bases de dados Scielo, homem vivencia a realização do afeto
Pepsic e Google Acadêmico com o tema reprimido, sendo um fôlego para as
de pesquisa proposto a partir dos angústias e o autoconhecimento através
seguintes descritores: psicanálise, arte, das questões internas e, ao mesmo
inconsciente, sublimação, pulsões, tempo, gerando inovação e continuidade.
mecanismos de defesa e processo Desse modo, é através do
terapêutico. Foram considerados 13 deslocamento dos impulsos sexuais para a
artigos, além de 2 livros de comentadores criação que nascem os processos
dos estudos de Sigmund Freud e um de civilizatórios e grandes feitos, tais como a
referência de Nise da Silveira para análise ciência e suas descobertas, o intelecto que
e discussão. Os critérios de seleção foram gera debate e desconstrução, obras que
materiais que falavam sobre arte e consagram grandes museus que
inconsciente através da sublimação. sustentam uma história, livros que
A análise do material, realizada por eternizam personagens promovendo a
meio dos estudos e das discussões identificação ou repulsão, transformações
levantadas, será compartilhada a seguir, culturais etc. A sociedade se constrói pelo
buscando compreender como os gozo materializado do sujeito. Sob o
processos artísticos dialogam com o olhar da psicanálise, a obra é um dos
inconsciente do obrador. acessos ao inconsciente do paciente; sob
o olhar social, é uma necessidade humana
Análise para manter a sociedade.
Para Autuori e Rinaldi (2014), a arte é Ao mesmo tempo em que o indivíduo
a expressão dos desejos e resquícios de constrói o meio em que vive, a própria
elementos reprimidos do sujeito, sociedade domina e condena as suas
formando uma relação entre vida e pulsões e desejos, levando ao desprazer
criação. Desta forma, a produção é uma psíquico. Para Figueiredo, Feitoza e
das maneiras de vivenciar e lidar com os Carvalho (2012), a sociedade devora o
afetos outrora recalcados. Já Biesdorf e desejo do homem esmagando o seu estar
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Wandscheer (2011) trazem a arte como no mundo. Estar em sociedade é viver na


um bem necessário para a civilização que ambiguidade, que ora condena, ora
Página

é tão antiga quanto; a arte é a maneira liberta; porém, a liberdade só é concedida


como o indivíduo interpreta e se expressa se estiver dentro do que é moralmente
dentro do contexto em que vive, é um aceito.
compromisso com a cultura em que está
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Segundo Freud (1856-1939), vários da vida de uma forma lúdica e sutil de se


caminhos podem levar à satisfação do colocar perante a vida.
desejo. Mendes (2011) salienta que entre Estendendo o olhar para além da visão
esses caminhos há a sublimação, que dá Freudiana, a psiquiatra junguiana Nise da
conta dos conflitos reprimidos. Olhando Silveira traz o reconhecido trabalho
pela perspectiva desses dois autores, a artístico e terapêutico realizado com
sublimação se faz necessária para que o indivíduos em tratamento psiquiátrico. O
indivíduo possa dar conta das suas método terapêutico da médica diante do
angústias, para que ele possa gozar e adoecimento psíquico dos internados,
satisfazer seus desejos, mesmo que não que, segundo Castro e Lima (2007),
sejam em sua versão primitiva. É, por substituiu os tratamentos tradicionais
assim dizer, um caminho para aliviar as opressores por humanização por meio da
tensões do sofrimento psíquico, visto não arte, proporcionou uma vida melhor
poder viver à deriva dos prazeres sexuais através da liberdade e da valorização dos
por questões morais e éticas. Ambos produtos inconscientes, noutro momento
ganham, sociedade e indivíduo, pois, para reprimidos e desorganizados, trazendo
Soares e Coelho (2014), o perigo social estes conteúdos para o consciente sem a
está na repressão dos desejos, levando à necessidade da fala, que é tão valorizada
neurose e aos sintomas. no contexto clínico.
Ao olhar para o setting terapêutico, Dentro de um ateliê, foi possível
contexto de interesse para o profissional discutir o psiquismo humano, o
na Psicologia, Metzger (2015) dialoga ao tratamento, a humanização e o resgate do
trazer a visão de que a arte amplia o olhar sujeito e, em comum com a visão
clínico e possibilita ser uma ferramenta de Freudiana discutida por Metzger (2015), é
trabalho. O material se torna um aliado possível dizer que a arte permite o
ao discurso livre, visto ser uma forma transitar pelas emoções e pensamentos
também de acessar o indivíduo em dos sujeitos, tornando-se um instrumento
processo terapêutico através da de aproximação do inconsciente.
simbolização e projeção dos conteúdos:
acessar a satisfação do desejo. Se o Considerações Finais
contexto analítico tem a função de O objetivo deste trabalho foi verificar,
trabalhar as questões do indivíduo como à luz da psicanálise, como a arte dialoga e
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emoções, pensamentos, sentimentos, se expressa através dos conteúdos


conflitos, sonhos, fantasias, medos, inconscientes do sujeito, processo de
Página

memórias e futuro, a arte vem para autoconhecimento e mecanismo de


auxiliar no processo analista e paciente, sublimação dentro desse contexto.
podendo se estender para muitos campos Mostrou-se, através das leituras
selecionadas, que é possível identificar
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traços do inconsciente através das dos conteúdos inconscientes, aliviando,


criações artísticas realizadas, como forma de certa forma, um sofrimento psíquico
de lidar com as angústias e os que os desorganizava, impedindo alguma
sofrimentos psíquicos ocasionados pelos dignidade no seu modo de viver.
desejos reprimidos. É por meio da Sob o olhar civilizatório, o
sublimação que o sujeito realiza alguns deslocamento dos impulsos sexuais para a
dos seus desejos reprimidos, de maneira criação é fundamental para a manutenção
criativa e moralmente aceitável pela social, pois a civilização é construída
sociedade. E a arte é uma das formas de pelos sujeitos desejantes. A moralidade
expressão e sublimação. reprime os desejos, mas ao mesmo tempo
Além de causar alívio aos impulsos proporciona a criação através da
sexuais, a arte, trabalhada dentro do setting sublimação desses mesmos desejos
terapêutico, torna-se uma ferramenta para reprimidos.
o profissional da Psicologia acessar o A arte também vem se mostrando
inconsciente do paciente, sendo uma cada vez mais democrática com o uso da
aliada na busca pela compreensão das tecnologia. As redes sociais e os
questões trazidas no consultório. Em aparelhos celulares ampliaram as
complemento à associação livre, a arte possibilidades de criações artísticas, em
pode ser vista como uma das vias de que a maioria das pessoas pode criar
acesso aos conteúdos do inconsciente, vídeos, fotos e até pequenos filmes,
embora, muitas vezes, venha carregada de mesmo sem conhecimento técnico
resistências e sofrimento pela experiência aprofundado. No Brasil e no mundo, os
de falar dos incômodos. memes são formas criativas de lidar com
Para além do setting terapêutico e da situações e/ou conteúdos trágicos de
linguagem, a criação artística pode ser forma cômica. Em tempos de pandemia
manifestada em outros ambientes, global e quarentena, por exemplo, o uso
revelando-se como instrumento do de streamings de filmes e músicas ganhou
inconsciente ao materializar o não verbal, mais força.
como no trabalho inspirador e pioneiro A arte é, também, um meio de
de Nise da Silveira e seus pacientes sublimação e fuga em tempos sombrios,
dentro de um hospital psiquiátrico. com a ressalva de que essa fuga pode
Trabalho que, sem pretensão alguma, a levar ao encontro de si. E a psicologia,
19

princípio, mostrou-se aliado à luta neste contexto, pode contribuir com a


político-social antimanicomial e de emancipação dos indivíduos enquanto
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humanização e terapêutica de doentes sujeitos desejantes (in) conscientes de


mentais. A liberdade e a arte levaram a suas histórias. A arte, neste sentido,
essas pessoas, na condição de pacientes apresenta-se como possibilidade de o
psiquiátricos, uma forma de expressão sujeito gozar diante das regras morais, do
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proibido. É, em certo sentido, uma forma meio da arte são imagens que não se
de transgressão, de realização do desejo. calam.
Afinal, as expressões do inconsciente por

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i
Gerson Heidrich, Psicólogo, Mestre e Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP), Professor e Supervisor Clínico na Faculdade de Psicologia da
Universidade Santo Amaro (UNISA/SP), realiza atendimento clínico em Consultório Particular,
e-mail: psicopiq@gmail.com
ii
Dayane Viana, Psicóloga, formada pela Universidade Santo Amaro – UNISA, atua como
Consultora de recrutamento e seleção na Newik, e-mail: dayyyviana@gmail.com
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iii
Juliana Ramos, Psicóloga, formada pela Universidade Santo Amaro – UNISA, atua como
Página

Analista de Projetos Pleno na Afferolab, e-mail: juu.rsouza@gmail.com

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