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C a n t a dnaaI n f â n c i a

Janaína
Pimenta r Fernanda
Fonseca
deSáAndrade
Andrea
Moreira
VeigadeSouza
Fernanda
Ferreira
daSilva

TNTRODUçAO
\ r'oz infantil, há muito, tornou-se preferência por sua suavidade e inocên-
i.r, personificando anjos nas crianças cantoras que compunham o coro
elestial.Quando cantamos,clamamos Deus três vezesmais, repetiam os
rentes.Para essafunção primordial, o estudo do canto era iniciado muito
:)recocemente.
O objetivo não era cantar simplesmente, mas soar de forma perfeita
iiante dos olhos divinos e, para isso, um caminho longo de estudos rigo-
: ososdeveria começar a ser trilhado por muitas crianças.Contudo, a evo-
.trçãovocal, posteriormente conquistada nessatrilha, era, repentinamen-
.e, desestabilizadapor emissõesinstáveisdos cantores mirins, que come-
üavama produzir notas graves, nunca antes alcançadas, e a perder exten-
.lio e volumg para os sons agudos, tão trabalhados e almejados na tessitu-
ln. Tratava-se do início da muda vocal, na qual o cantor mirim perde a
iuavidade vocal, característicados mensageirosdivinos.
Em meados do século 16, a fim de solucionar essadificuldade do can-
ro associado à puberfonia, iniciou-se apráttica da emasculação, criando-se
,rs primeiros "castrati".Em 1550, foram aceitos os primeiros eunuchi no
coro da Capela Sistina, dando origem a um hábito comum em pratica-
rnente todos os coros. Originou-se, então, uma estranha ciação, os castrati,
homens em tamanho e aparência, dotados de vozes com extensão femini-
Ììa, que podiam ressoar volumosas pela presença de maiores caixas resso-
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Capítulo

nantais e pulmões avantajados,características ainda ausentesnos cantores


mirins. Assim, os eunuchi poderiam dar continuidade ao rigoroso treina-
mento vocal, tornando-se, posteriormente, peças indispensáveis às ope-
ras, nas quais faziam os papéis masculinos dos cavalheiros e heróis e os
femininos, uma vez que as mulheres eram proibidas de participarem des
sesespetáculos nessaépoca. Felizmente, apráticada emasculação foi pro
ibida por decreto em 1878.
Atualmente, o canto infantil continua a ser admirado e presta inúme-
ras outras funções, desde uma simples expressão dejúbilo, instrumento
lúdico-pedagógico, a uma diferenciação supervalorizada da maturidade
precoce das crianças, que se espelham em modelos de adultos, toman-
do-os como próprios. Desse modo, diante do interesse crescente pelo
estudo do canto na infância, objetivamos, Por meio de um levantamento
bibliográfico, buscar na literatura as referências sobre a qualidade vocal
na infância e os fatores que norteiam seu desenvolvimento, a fim de cons-
truir umavisão crítica a respeito darealização da atividade do canto nesse
período da vida.

REVISÃODE LITERATURA
O desenvolvimento da laringe e davozocorre de forma contínua e intensa
durante toda a vida do ser humano, apresentando o ápice das transforma-
ções na puberdade, a partir da qual ocorre o estabelecimento do padrão
vocal adulto. Modificações anatômicas importantes na laringe ocorrem
durante toda a vida, e o profundo conhecimento dessastorna-se funda-
mental para que possamos compreender todo o complexo processo do
desenvolvimento vocal.
A estrutura vocal do bebê, após o nascimento, não corresponde a
uma miniatura da do adulto. Além do crescimento do trato vocal, ocorre
uma série de alterações na configuração geométrica desse tubo, diferin-
do sua estrutura vocal da estrutura do adulto tanto na forma como na sua
relação com outras partes do corpo (Behlau, 1991).
Ao nascimento, a laringe inicia sua descida. Nos recém-nascidos, a
epiglote situa-seao nível da primeira vértebra cervical (C1), e o limite in-
ferior da cartilagem cricóide em torno da terceira ou quarta vértebras
cervicais (ff e Ca). Por volta dos 5 anos de idade, a cartilagem cricóidea
já se posicionou ao nível da sétima vértebra cervical, onde ficará' até os 20
anos, descendo lentamente até a senescência.Além dessasmodificações
em seu posicionamento, a laringe sofre, ainda, alterações morfológicas:
seu esqueleto de configuração cônica, um funil de diâmetro menor em
VozCantada
na Infância I 161

direção à traquéia, passa a apresentar um estreitamento da região glótica


e uma região supraglótica mais ampla (Aronson, 1981).
Com relação às cartilagens da laringe infantil, podemos relatar serem
elas muito delicadas, apresentando ligamentos frouxos, tecidos epiteliais
densos, mais vascularizados, com tendência ao edema e à obstrução
(Aronson, 1981).
A cartilagem tireóidea, contígua ao osso hióide, apresenta forma arre-
dondada e ângulo aproximado de I10" no sexo masculino e 120" no sexo
feminino, ocorrendo uma redução dessesvalores na adolescência,para
90' e 110", respectivamente.
A glote divide-se em duas metades praticamente iguais, uma porção
membranosa de aproximadamente 3 mm ao nascimento e a porção carti-
lagínea, do mesmo tamanho, formada pelas aritenóideas, que se apresen-
tam comparativamente maiores do que no adulto. Essadimensão das car-
tilagens aritenóideas e a disposição anatômica descrita parecem ser fun-
damentais para auxiliar na manutenção da integridade respiratória nos
bebês, no momento em que apresentam tecidos subepiteliais menos den- ï
sos e mais abundantes,facilmente suscetíveisa edemas (Behlau, 1991).
A porção membranosa da prega vocal quase dobra de tamanho no hl
primeiro ano de vida, chegando à fase adulta com uma variação de 11,5 a
16 mm no homem e de 8 a 11,5 mm na mulher. Como as aritenóideasnão
aumentam de modo significativo no adulto, a porção membranosa será o ftl
dobro da porção cartilagínea, gerando uma fonte de som de melhor qua-
lidade (Aronson, 1981).
Foi observado que, além das diferenças apresentadas no comprimen-
to, existem diferenciações histológicas importantes nas pregas vocais
infantis. Entre essasdiferenças está a ausência do ligamento vocal madu-
I
ro, o que confere à túnica mucosa uma característica ainda mais gelatino- li'
l ,

sa e uma produção sonora semelhante àvocalização de um gato, em virtu-


de da ausência do ligamento vocal nesse animal. Cronologicamente, po-
tfl
Ìl'l
demos verificar que, em geral, aos 4 anos, a criança possui a estrutura his-
tológica das pregas vocais ainda em formação, apresentando imaturos o
ligamento vocal e as máculas flavas constituídas de tecido fibroso nas ter-
t'
minações nervosas. Dos 6 aos 12 anos, o ligamento vocal torna-se mais es-
pesso, não apresentando diferenciação entre a camada de fibras elásticas
e colagenosas.Ao final da adolescência, após os 15 anos, inicia-se a dife-
renciação das camadas, e o ligamento vocal torna-se ainda mais espesso.
Com relação à cobertura das pregas vocais, a lâmina própria tende a ficar
mais espessae edematosa, porém com menor densidade de fibroblastos,
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Capítulo

fibras colágenas e elásticas,o que lhe confere maior mobilidade (Hirano


et a|.,1993).
Ainda referindo-se à morfologia das pregas vocais, foi descrito que,
com o crescimento, a laringe infantil fica sujeita a constantes modifica-
ções, o que nos faz acreditar que não devemos considerar rigidamente a
fenda glótica isolada como um distúrbio patológico na infância,já que sua
presença pode ser justificada por mecanismos de adaptação fisiológica
àa faixa etária. A mesma autora relata que abusos vocais na infância pode-
riam ocasionar microfibroses em longo pïazo, por lançamento da fibro
nectina dentro do espaço de Reinke e, conseqüentemente, alteração na
qualidade vocal, mesmo na idade adulta (Pinho, 2001).
Com relação a outras estruturas do trato vocal, em especial as caixas
ressonantais, essas sofrem intensas modificações ao longo dos anos. A
cavidade oral possui tamanho acentuadamente menor no bebê do que
proporcionalmente no adulto. A mandíbula está retrocedida e elevada,
apresentando um crescimento dramático para baixo e para frente, junta-
mente com o desenvolvimento dos alvéolos dentais. A língua é volumosa
na boca. O palato duro e o véu palatino são mais cefálicos e possuem um
funcionamento motor limitado. No momento em que toda a cavidade
oral é preenchida pela língua, as condições de ressonância são muito
pobres (Behlau, 1991).
A qualidade vocal da criança modifica-se com o passar dos anos, sen-
do influenciada por uma gama enorme de fatores, entre eles modifica-
ções anatômicas, aspectosemocionais, sociais,culturais e outros.
No que concerne ao tempo máximo de fonação, podemos verificar
que esseparâmetro é reduzido na criança. O bebê apresenta as duas fases
da respiração (inspiração e expiração) semelhantes; com o desenvolvi-
mento, a expiração passaa ser mais longa e controlada, o que possibilita a
construção de uma fala encadeadacom fluência normal (Behlau, 1991).
A intensidade vocal estabelecida na fala de um indiúduo está direta-
mente relacionada com suas primeiras relações com as figuras parentais,
e seu controle requer a consciência da exata dimensão do outro, refinado
controle de projeção de voz no espaço,sendo apontado, por Behlau (2001)'
como uma das características vocais de maior dificuldade de modifica-
ção, uma vez que se fixa na primeira infância.
A extensão vocal dos bebês demonstra excepcional comprimento'
podendo chegar até três oitavas. Isso ocorre pela plasticidade da laringe e
pela ausência de um ligamento vocal maduro. Entretanto, o alcance dos
èxffemos da tessitura ocorre por meio de movimentos laríngeos grossei-
na InÍância
VozCantada | 163

ros sem um controle refinado dessavariação. Com o passar do tempo, a


extensão vocal é reduzida a uma oitava na infância e amplia-se na pós-ado-
lescênci4 embora não chegue aos valores encontrados nos bebês (Betrlau,
1991;Behlau, 2001).
Com relação à freqüência fundamental davoz de um indiúduo, esta
varia por toda a vida. Inicialmente, bastante aguda nos recém-nascidosem
torno de lá3 (440}J2),.vulentamente se agravando e, aos 3 anos de idade,
situa-seao redor de mi3 (320}ì2) atéapriladolescência, quando encontra-
mos valores em torno de ré3 (290 Hz). Na adolescência,a freqüência fun-
damental sofre uma queda abrupta, principalmente no sexo masculino.Já
no sexo feminino, as mais evidentes alterações ocorrem no advento da
menopausa, tornando a voz feminina mais grave (Behlau, 2001).
O púbere sofre grandes transformações vocais a que denominamos
muda vocal. A muda vocal é um fenômeno fisiológico e rotineiro para a
maioria das pessoas.Ao redor dos 13-15 anos nos homens e 12-14 anos
nas mulheres, um crescimento constante, mas não homogêneo, da larin-
ge, das caixas de ressonância, da traquéia, dos pulmões caracteriza esse
período de desequilíbrios, quando o pescoço se alonga, a laringe desce, o
tórax alarga e a capacidade vital aumenta. Podem ser observadas pregas
vocais edemaciadas, com alterações vasomotoras e hipotonia muscular,
qualidade vocal rouca, instável, com flutuações. Se essapassagemnão for
harmônica e perdurar além de um ano, estaremos diante da disfonia
mutacional ou puberfonia (Gil et al., \994; Case, 1996).
A muda vocal sempre foi um período de interesse entre os pesquisa-
dores.Já em 1978, Kahane, em A morphologòcal study of hwnan prepubertal
and pubertal larynx, em seus estudos, afirmou não ter encontrado diferen-
ças entre as formas da laringe pré-puberais masculinas e femininas e que,
em ambos os sexos, as pregas vocais atingem seu tamanho adulto na pu-
berdade. Durante essafase, o dimorfismo foi evidenciado quando medi-
ções lineares e de peso na laringe masculina foram significativamente
maiores. Foi relatado que o alargamento da laringe e o crescimento das
pregas vocais ocorrem tardiamente no Processo de maturação e que as
mudanças na qualidade vocal são decorrentes do aumento de peso e mas-
sa das pregas vocais, do crescimento da capacidade respiratória e da capa-
cidade de ressonância. Esta aumenta principalmente por causa do alarga-
mento do nariz, da boca e do maxilar (Andrews, 1993).
Em ordem cronológica, são descritas as várias modificações sofridas
na puberdade, seqüência esta que não tem sofrido alterações durante
séculos. São elas: desenvolvimento dos testículos, aumento da estatura fí-
164 I 12
Capítulo

dos pêlos pubianos e do


sica, da laringe e das pregas vocais, crescimento (
crescimen-
t ano aios o-desenvolvimento dos testículos' (
;a;r, em méïia, estágio final da maturaÇão
i;;;; pêlos das axilas Ë du fu.., indicando S

(Andrews e Summer, 1988)' (


importa'tes, -questionamos r
Diante de tantas diferenças anatômicas
vida de crianças ou adolescentestão
como ocorre a atividade do cánto na
importância do canto em
estimulados atualmente' Silva (1999) enfatizaa €
todaavidadacriança,tornando-seinstrumentoparavivenciaremoções e
não encontra-vocábulos para
q*, no campo da linguagem verbal, ainda d
como um ser musical em poten-
expressar.A autora círacít'i'ua criança
parvafala quanto para o canto'
C
.iJi,upo a desenvolver habilidades tanto n
ìutor.r e situações às quais a cri-
cuja evolução dependerá de uma série de l(
de não reprimirmos a
ança será exPosta. Enfatiza, ainda' a importância n
comentários sobre desafina-
criança na atividade do canto, uo t ..rÀos
(Silva, 1999)'
ção, erros da letra e outros
d
Ocanto'alémdamotivação,pressupõeaexistênciaderequisitosbási-
ins-
cos. Entre eles, a.up*iaua. de dìscrimìnar a altura das notas, ter um a
d
trumentouocul.apu,deproduzirumasucessãodenotasnalinhamelódi-
e uma extensão vocal sufi- e
ca, podendo relembrá-lu', qua"do necessário'
bastante
cientemente ampla para o repertório escolhido' 9":t" Ponto'
II
dr
enfatizado,éofatodeque,parasecantarcomprecisão'oaparelhofona-
da da fala, fazendo-se necessá- u1
dor precisa ser usado dË marrei.a diferente
(Sobreira'2002)' r2
ria certa destreza e Percepção do indiúduo
oalmejadocontrolevocalestárelacionadocomocontroledosmeca-
nismosmusculares,quesóterãoperfeitofuncionamentoseeliminarmos m
forma negativa' na produção do
as tensões -,rr.rrtur.i que interfeiem' de çc
som (Chevitarese, 1996)' SC
perceptionof musical
Petzold (1963), em The dcaelopmentof aud'itory
que o controle vocal está dire-
soundsby chitd.renin thefnt six grad,is,relatã dz
deãltura das notas, sendo resul-
tamente relacionado com a compreensão bási- dc
dos
tado de um pensamento inteligente a respeito 1g3ce.i1os.musicais
maior dificuldade de afinação lTìr
cos e não da pura imitação. o urrto, relita
nosmeninoscomrelaçãoàsmeninas,comentandoseressaocorrência
de considerar o canto uma
causada pela pouca confiança e capacidade ler
meninos' Com relação à acuida-
forma natural de atuação musical pâ'u o' Ch
de musical, ,to, aoi. p,i-ti'o' aós' houve uma leve diferença' sendo as En
no que diz respeito ao canto de
meninas melhores do que os menlnos co
mtlhot em outros tipos de te-s
melodia; a afinação dos meninos parecia so
melódi-
tes, como, por.".-pfo, ""t de repetições de pequenos padrões Pe
VozCantada
na InÍância
I 16s
cos. A análise mostr
osmeninos,i,,nu_'f lo:J.';ffitrjï:;i"1ff
;::ïitr",iï:lïïx3ï;
sexos foi observada, também, por
outros aulores, o que nos fâz supor
existência de um número maioi de a
meninos desafinados do que de meni-
nas (Davis e Roberrs, l97b; Welch
et al., lggS).
corroborando com os estudos anteriores,
é relatado que as respostas
em testes de produção vocal continuaram
melhorando com a idade,
enquanto as respostas que envolviam
o canto de canção tiveram acentua_
do declínio. Sugere-seque, talvez,
os meninos porruÀ ,.. purr"ao a asso-
ciar essaprâticaa uma ãtividade bem .
fer
ministraáarg.rur*..'tepormulh..".ff:l'iïïr,ï:ïffi
levado em consid.eraçãoo elevado .Ë"ïïi,ã::ï'rï:
número de cantores que circulam
meios de comunicação vistos como nos
ídolos a serem imitados.
vocat caracterizada por uma
i^*::T,"ção " :-.::iulç_us, falta de
*,::lt: :::ll da din cur
à"á.;; ;;;;;
:ïtl*, : essefaroesrarassóciado ã#.Jã
ç d ò :ï:L
c r r l l e ï:
as

::ïi:Í"^ï11Ì:l?_g:"do à memória
r ronat, sen_
Lurrdl, ücll-
A; criançascosrumamconfündir o
3:
e o *i,ï,"1'::ï1ï:i:,:ï::
agudo com os termos ..alto"
e..baixo,,.
srave
, utilizados
uti para aumentar ou di_
ü;.ffi
i'ïïï".::::A:::.^ilï.ys_eretrônico"ilffi ;;;:ï:
:jt:1ï1,:::.':ï;1:""tu"vocaiusadap"';;n,l",;":;;;;rffi;ïïi
ra ela (Jones, lgTl).

O controle do canto nas crianças está


diretamente relacionado com o
maior hábito de rearizar a atividade,
percebendo, mais facilmente, frutua_
çõesdas alturas ao I t- que, possivelmente, dominamelhor
seu aparelho vocal Ë:ìïïj[i:"

outros fatores parecem interferir na


afinação d.acriança. São aponta-
das evidências de que as crianças cantam
mais afinadas quando sozinhas
do que quando emgrupo, o que demonstra
dificuldade d.eouvirem a si
mesmas (Goetze e Horii, lggg).

As limitações presentes em faixas


eüírias reduzidas devem ser sempre
levadas em consideração. Chen _
Haftek (199l), ,^ Effr;;; of Language
characterist'ics on ch.itders sensing pitch;
sorne obseruations on sotho_and,
English-speakingchildren.'ssingin!, rro.
r,.uu a questionar se o que ocorre
com algumas crianças, além dá dificuldade
em reconhecer d.eterminados
sons, não seria a inab'idade de produzir
uma canção de maneira eficaz
pelo desenvolvimento ainda insuficiente
da sua estrutura vocar.
166 | l2
Capítulo

Com relação aos cantores mirins, a literatura parece ser muito contro
versa. E definido que a provável extensão que todas as crianças poderiam
acompanhar estaria compreendida entre o ré 3 e oIá3 (Barker, 1987).
A voz infantil carece de ressonância e de grande número de harmôni-
cos; crianças tendem a preferir elevar a intensidade vocal como um modo
de se destacar do coro, privilegiando o volume às características estáticas
da emissão. Desse modo, o regente do coro infantil deve ser conscientiza-
do sobre a importância de uma produção vocal infantil saudávele sem ris-
cos (Behlau, 2001). Alguns autores consideram inapropriado manter a
atividade do canto nessa época. Outros, mais radicais, preconizam o iní-
cio do ensino do canto apenas a partir de 18 a 20 anos, momento em que
se considera que a muda davozse deu por completo. Alguns, mais mode-
rados, afirmam ser possível manter a criança em um trabalho de uso
vocal que modifique, progressivamente, as habilidades de modulação dos
seusalunos (Behlau, 2001).
Outro aspecto importante a ser destacado é o cultural, uma vez que
parece influenciar as características vocais de uma criança e com elas se
relacionarem.
No córtex cerebral, a linguagem e a altura dos sons são processadas
em hemisférios separados, havendo, com o estudo da música, um reforço
das ligações entre essesdois hemisférios. Tal fato explica, possivelmente,
por que crianças sul-africanas que falam as línguas tonais africanas são
mais afinadas que as que falam inglês. As crianças cantonesas parecem
destacar-senas atividades do canto, o que pode estar relacionado, segun-
do o autor, com o treino proporcionado pela língua falada em Cantão,
que utiliza nove tons diferentes, cada um deles envolvendo uma altura ou
uma duração específica(Welch et a1.,1985).
A extensão vocal das crianças parece, também, apresentar variações
de acordo com particularidades culturais. No caso das escolasfrancesas e
alemãs, a região da tessitura vocal escolhida para o canto era mais alta do
que a habitualmente utilizada na Argentina. No Brasil, a maior parte dos
professorestem problemas de disfonia e, por isso,elesescolhem tonalida-
des muito graves para as crianças; assim, o resultado será um canto mais
desafinado (Gonz:íles, 1963). A extensão pode alcançar de uma terça me-
nor a duas oitavasem criançasde 6 a 12 anos,devendo os professoresesti-
mular as regiões mais agudas da tessitura (Moore, 1991).
Em um estudo realizado em 1986, Zimerman cita outras vantagens e
desvantagenspropiciadas pelo canto na infância. Segundo ele, a memória
pode ser vista como aquele estoque de informações codificado pela assi-
VozCantada
na Infância
| 167
milação, que se transforma no material usado pa-ra construir e incorpo-
rar novos conhecimentos.Dessemodo, pode-seconcluir que, para perce-
ber um evento musical, é necessário que ele seja associado a eventos musi-
caispassados;tais consideraçõesnos fazem deduzir que a memória musi-
cal de uma criança serámais desenvolvidase ela convìver,desde cedo, em
ambientes que sejam musicalmente estimulantes. Não deixa de ser provo-
cativo imaginar se a capacidade de pessoas de memorizar númerós, tex-
tos ou eventos poderia relacionar-se com a memória musical.
euanto à
extensàovocalde uma criança,o autor a caracterizacomo pequena,o que
a leva a cantar em uma altura vocalmente confortável sem perceber que
está errada ou fora do tom. com o tempo, essaprática urubuprejudicàn-
do o desenvolvimento da percepção auditiva, e a criança torna-se cadavez
mais desafinada ao armazerrar modelos errados.
As crianças aprendem rápido tanto as informações corretas quanto as
erradas. São capazes de adquirir um repertório relativamente amplo de
habilidades musicais - daí a importância de se garantir moclelos uà"qrru-
dos na infância (Yarbrough et at.,1gg7).
Revelando-se,ainda, como tarefa importante para o desenvolvimento
da criança, é traçado um paralelo entre a linguagem verbal e a musical,
observando, inclusive, que certos conceitos, como ritmo, melodia e har-
monia, que fazem parte da estrutura musical, são, também, utilizados
quando nos referimos à linguagem falada (valle e pereira, z00z). A partir
dessa analogia, talvez possamos supor uma estrutura primária comum
que compõe tanto a linguagem verbal como a musical, levando-nos a
questionar se o aprendizado destanão poderia influenciar positivamenre
no desenvolvimento daquela.
Aspectos emocionais também devem ser levad.osem consideração
quando realizamos a análise daperformancede um cantor mirim. IJma cri-
ança muito tímida pode não conseguir cantar de maneira afinada por não
abrir a boca (Bannan,1988),ao passo que crianças lensas,em geral, são
muifo exigenresconsigo mesmase, possivelmente,uma màe exigentee
crítica seria a causadessatensão (Stene, l969).
A atividade do canto e todos os aspectos descritos anteriormente po-
dem ser influenciados negativamente quando percebemos o valor social
dado às performancesinfantis a ponto de vislumbrar modelos a serem
alcançados,os modelos preferenciais.Em uma pesquisaque buscou defi-
nir as vozesatualmente preferenciais em várias proiissõei, Behlau (2001)
verificou que os traços preferidos nos cantores mirins eram uma voz com
freqüência aguda associada a uma grande variabilidade de freqüência e
168 I l2
Capítulo

tensa, com mane-


intensidade, uma qualidade vocal por vezesartificial ou
irismos davoz do adulto.

FINAIS
coNSIDERAçoEs
auto-imagem de
uma das mais belas construções é o desenvolvimento da
decisivo' uma vez
uma criança. Nesse momento, os pais possuem papel
fazendo com
que deles partirão os estímulos, os modelos e as castrações'
das suas vidas'
que os pequenos tornem-se' muitas vezes'reflexo
SeuSperso-
A vida moderna, embalada por um ritmo frenético, veste
a sobrevivência eo
nagens de ansiedade' que buscam desesperadamente
freqüentemente'
.onforto das suas criai. Nessa situação' deparamo-nos'
destino com
com criançassendo puxadas pelos pais, que correm Paraum
aquele momento em que seus
hora marcada. As crianças passam a buscar
como
pais se encontrariam mais tranqüilos, pelo menos aparentemente'
aodirigirumautomóvel.Dessemodo,elasteriamachancedeumdiálogo
muitas vezes' divi-
no curto esPaçoentre dois destinos, sendo essetempo'
dido com o irmão.
Arotinatorna-Seaindamaisfrenéticaquando,nãobastanclooritmo
com ajustifica-
dos pais, várias atividades são agendadas para as crianças'
tiva de estimular seu desenvoú-.tto. Para tal desenvolvimento ou des-
a gritar o
taque social, ocorre uma adaptaçáo das crianças' que Passam
tempotodoporumaliderançaetentamprovar'atodoinstante'suashabi-
distúrbios voca-
üdaàes, preferencialmente, incomuns' Em conseqüência'
vocal o distúrbio
is na infância têm-se tornado comuns, sendo o nódulo
principais são o abuso
mais fieqüentemente diagnosticado, cujas causas
a inadaptação
vocal, a iompetição sonora, a estrutura da personalidade,
fônicaeosfatoresalérgicos.Apesardisso,éressaltadoquepaiseprofes-
criança, consideran-
sores dificilmente idenïificam problemas de voz na
de desenvolvimento
do a rouquidão como parte áo processo normal
(Behlau,2001).
grande desta-
Atualmente, uma das habilidades infantis que geram
quesocialéocanto,umcaminhoparaagarantiadosucessoquesetor-
seguem mode-
nou, inclusive, alvo de programas dì televisao' As crianças
e visual quanto ao
los adultos tanto no qrr. ú refere à performancevocal
alcanÇamo favori-
repertório. Aquelas qrr" -ai, se aproximam da adultez'
tisrno, o que corrobora o estudo de Behlau (2001)'
Questionamos,então,quaisosbenefícioseosprejuízospossíveisoca-
podemos deixar de
sioruãos pela atividade dá canto na infância. Não
indiúduo musical por natu-
concordar com o relato de a criança que é um
VozCantada
na Infância
J 16e
reza' característica que
deve ser esdmulada
enão reprimida com determi_
nadoscomenrárior
lsiluu, rgggl."i;r esúmuro...iâ-J.'irrdamentar
portância, uma vez que im_
o canto é u.
semqueapres
enra
pap
erp"d.sósi.;"r,ij;H;ffi
argunsauroresyoai,is_.
:"_,
ÀJ;iü'ìbzs, w"t;;-;',*,'ïàou,f il::,.,:ï1_
Ì986; Yarbroug! et al.,
Iggl, pereira,
zimerman,
Váff. e 2002).AÌém disso, sua
tramenreprejudiciar,
;ïï:ïâ mome:ro gm que desrrói
.:,:ïa possi_
j,;*&fi#,,"".ïq::ïï:.1ïJiïÌ:ti:i:ï
nesariva.r"o.,#. 11

relataque a criançaesá apra


p uruu uiiuiaua.ao.uü;rì_
como para a
ilï"#:*,ïï.ï:ilg:.:'Í*hï'tararirmaçàã,-a-.,,u.undoargu-
conriguram
o - àr'o. insrrumenr. " t".lmente,n?á
O trato vocal infantil
dïïïy:ïf;:;:"
é um excel
degrutição
ep,ãï.rr" das vias"u,J ;i;:ï:ïH:HJ;tr trili::ï
mento para a fonação,
como descreveram diversos autores (Aronson,
l9Bl; Hirano et at.,1993;
Behla;, ió9ì, Grayet at.
consideração as características I99Z)Âe levarmos em
,.rrorrurrtuis do trato
verificaremos uma série de a.ruuffins. ío.ur au criança,
no pescoçoimpede a formação A posiçaoãu úiì.rg. mais
alra
a. rim tubo ae ..rrorrarr.iu
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170 | C a p í t u 1l o2

apesar de o crescimento das caixas ressonantaisgerar uma voz mais volu-


mosa no púbere, devemos considerar que esteantecedea maturidade com-
pleta das suas pregas vocais que, muitas vezes,na sua frágil imaturidade,
acabam por não conseguir acompanhar o volume, anunciado pelas novas
possibilidades ressonantaisdo indiúduo, nem o repertório exigido.
As máculas flavas e os ligamentos vocais são, também, estruturas que
compõem as pregas vocais, estando ausentesantes da sua maturação com-
pleta. Para muitos autores, as máculas flavas anteriores e posteriores fun-
cionam como um amortecedor de ação protetora contra o impacto da
fonação, assim como a composição das estruturas de camadasdas pregas
vocais indispensáveisà sua proteção e à mobilidade ideal. A ausênciaou
imaturidade dessasestruturas na infância seria fator de alto risco para a
formação de lesõeslaríngeas.
Enfocando, ainda, as estruturas de camadasdas pregas vocais,apon-
tamos que a cobertura, em idades tenras, é formada por um grande nú-
mero de fibroblastos que minimizariam a onda mucosa. Isso prejudicaria,
possivelmente,a construção de um sinal laríngeo com grande número de
harmônicos, que, se bem aproveitados pelas possibilidades ressonantais
do trato vocal, resultaria em um output vocal caracterizado por uma voz
mais colorida, como descrito na lingüística impressionista.
Dessemodo, todas as característicasapontadasanteriormente nos levam
a acreditar ser a criança mais suscetívela abusos e lesões vocais. Pinho
(1998), ao defender a fonoterapia na infância, descreveque o abuso vocal
constante em idades reduzidas poderia ocasionar microfissuras no espaço
de Reinke pelo depósito de fibronectina. Essasmicrofissuras apresentam
tendência a perdurar com a idade, o que nos leva a acreditar que abusos
vocais intensos ocorridos na inffincia poderiam gerar danos na qualidade
vocal deste indiúduo, os quais se estenderiam por toda sua vida.
Entre os requisitos básicos que alicerçam o canto, destaca-seo contro-
le vocal diferenciado e específico entre as atividades fonatórias de canto e
fala (Sobreira,2002). Alguns autores acreditam que essaaquisiçãomoto-
ra e perceptiva apóia-seem diversos aspectos,como no controle dos me-
canismos musculares,no desenvolvimento do processamentoauditivo nor-
mal que fundamenta a capacidade de discriminação e memorização audi-
tiva, no estímulo ambiental, além das questõesemocionais (Chevitarese,
1996;Petzold, 1963;Stene, 1969;Jones,7977;Salt, 1987;Bannan, 19BB;
Goetze e Horii, 1989; Chen, 1991b). Í{â, ainda, autores que citam o gêne-
ro do indiúduo como fator diferencial nessa aquisição (Davis e Roberts,
1975; Welch et a1.,1985;Welch et al.,1997). Tais relatos nos levam a uma
VozCantada
na InÍância | 171

questão primária: terâa criança maturidade neurológica para alcançar o


controle vocal exigido no canto?
Na adolescência, outra questão freqüentemente levantada refere-se
à continuidade do canto no período da muda vocal. Parece-nosser de
bom senso e fundamental a realização de uma avaliação detalhada da
função vocal e da condição laríngea, a fim de que possamosresponder a
essa questão. Alguns adolescentes apresentam edema, hiperemia e
grande instabilidade vocal, gerando risco para a manutenção da saúde
laríngea nessesindivíduos, o que nos faz sugerir a interrupÇão temporá-
ria da atividade.
Outro ponto que acreditamos ser de enfoque primordial seria a espe-
culação das condições da atividade do canto na criança no que se refere
aos modelos seguidos e aos repertórios muitas vezesinadequados, a fim
de prevenir problemas vocais. A falta de motivação para o estudo do can-
to nas escolas talvez esteja relacionada com a distância dos modelos musi-
caispropostos por estasda prática musical que as criançasidealizam. Isso
acabagerando crianças desmotivadaspara o estudo de músicasapropria-
das para sua faixa etâria.
Devemos lembrar que as músicas infantis têm como finalidade uma
determinada faixa etâria, sendo adaptadas à limitada tessitura vocal da
criança, como descrito em vários estudos (Barker, 7987; Gonzáles,1963;
Moore, 1991). Se as músicas infantis tornaram-se desinteressantes,elas
devem ser revistas e adaptadas às crianças dos dias atuais. Crianças imi-
tando adultos ou adultos imitando crianças fogem, antes de tudo, ao con-
texto, além dos prejuízos ocasionados.
Mudar a nossa postura com relação ao desenvolvimento infantil é de
fundamental importância para a saúde dos menores. Refletir sobre todas
as preciosas etapas do desenvolvimento que devem ocorrer, em tempo
ideal, para aquele indiúduo, sem a intenção de destacá-lo na sociedade
por suas inúmeras habilidades, mas de fazè-lo imprescindível por ser um
indiúduo especial,inserido em seu ambiente e inteiro em seu crescimen-
to referente a todos os parâmetros não apenas ao nível cognitivo, takez
seja a nova proposta.
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Capítulo

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