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ANATOMOFISIOLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL

Lílian Neto Aguiar-Ricz


Fonoaudióloga, Professora Doutora do Departamento de Oftalmolgia, Otorrinolaringologia e
Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo.
Contato:
Departamento de Oftalmologia, otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Av. Bandeirantes, 3900. Monte Alegre. CEP: 14048-900. Ribeirão Preto-SP.
Fone: (16)3602-2428 ou (16)3602-2863
Email: liricz@fmrp.usp.br

A voz, o som produzido pelas pregas vocais não só permite a nossa

comunicação como também revela e provoca reações nos ouvintes. Pela voz

transmitimos a nossa identidade, sentimentos, personalidade e revelamos a nossa

intenção do discurso e porque não dizer, a nossa alma. A voz é o som da linguagem,

por meio dos recursos vocais a expressividade da comunicação oral acontece e se

torna um veículo da nossa inter-relação, um meio de atingir o outro. Quem são as

estruturas que participam dessa produção sonora ? Como a voz é produzida?

1. LARINGE

A voz é produzida na laringe que pode ser definida como um arcabouço

esquelético-membranoso que contém cartilagens, osso, membranas, ligamentos e

músculos que em sinergismo desempenham as funções da respiração, proteção e

fonação. Pode ser dividida em quatro unidades anatômicas básicas: arcabouço

esquelético, músculos intrínsecos, músculo extrínseco e a prega vocal.

O suporte esquelético da laringe é sustentado pelo osso hióide e seis

cartilagens, sendo três pares bilaterais (as aritenóides, as corniculadas e as

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cuneiformes) e outras três ímpares (tireóide, a cricóide e a epiglote). Eles são

conectados e estabilizados através de membranas e ligamentos.

Os músculos intrínsecos são músculos esqueléticos que têm origem e

inserção na laringe. Eles alteram a posição, a forma e a tensão das pregas vocais,

mantendo-as juntas (adução), separadas (abdução) ou apertando-as por meio de

tensão longitudinal crescente. São: o tireoaritenoideo, o cricoaritenoideo posterior, o

cricoaritenoideo lateral, o cricotireoideo, o ariepiglótico, o tireoepiglótico e o

aritenoideo. Este último é o único ímpar dos músculos intrínsecos.

Músculo Tireoaritenoideo (TA)

Sua função é aduzir, abaixar, encurtar e espessar a prega vocal. O

encurtamento e adução das pregas vocais diminui a distância entre as cartilagens

aritenóides e tireóide, reduzindo a freqüência da voz gerada (voz grave).

Músculo Cricoaritenoideo Posterior (CAP)

É o único músculo abdutor das pregas vocais, permitindo a respiração. No

final da emissão sonora, o CAP já entra em ação para proporcionar a inspiração e a

recarga pulmonar. Auxilia na produção de sons surdos durante a fala encadeada.

Músculo Cricoaritenoideo Lateral (CAL)

São os principais adutores das pregas vocais, auxiliando a coaptação glótica,

aduzindo, abaixando e alongando a prega vocal, provocando afilamento da sua

borda livre.

Músculo Aritenoideo (AA)

É um músculo único que ao contrair-se promove a compressão medial glótica

para fechar a glote posterior, pela aproximação das aritenóides.

Músculo Cricotireoideo (CT)

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É o maior músculo intrínseco da laringe. É o tensor responsável pelo

alongamento das pregas vocais, sua contração aproxima as cartilagens tireóide e

cricóide, causando a redução de massa mucosa vibratória. Portanto, é o músculo

que atua no controle da freqüência vocal, produzindo sons mais agudos quando

contraído.

Músculo Ariepiglótico (AE)

Sua contração abaixa a epiglote, aproximando-as da aritenóides e fechando o

ádito da laringe.

Músculo Tireoepiglótico (TE)

Age como antagonista do AE, retornando a epiglote a posição original.

Os músculos extrínsecos apresentam uma das inserções na laringe e outra

fora dela. Eles mantêm a estabilidade da laringe no pescoço durante a execução de

suas funções. São subdivididos em suprahioideos e suprahioideos.

A elevação ou abaixamento da laringe pode alterar a tensão e a angulação

entre as cartilagens laríngeas, influenciando no comprimento e estiramento dos

músculos intrínsecos. Portanto, o equilíbrio e a estabilidade laríngea oferecida pelos

músculos extrínsecos são essenciais para que os músculos intrínsecos possam

fazer seu delicado trabalho (SATALOFF, 1997).

2. ESTRUTURA ANATÔMICA DA PREGA VOCAL

A borda livre da prega vocal é muito mais complexa que somente uma

mucosa cobrindo a musculatura. Ela contém, a partir da borda, dirigindo-se para o

interior, cinco camadas: o epitélio, a camada superficial da lâmina própria, a camada

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intermediária da lâmina própria, a camada profunda da lâmina própria e o músculo

vocal (HIRANO, 1974).

O epitélio pode ser considerado um escudo fino, com função de manter a

forma e cobrir a prega vocal. Trata-se de epitélio escamoso estratificado, diferente

do epitélio pseudo-estratificado ciliado encontrado no trato respiratório.

A lâmina própria subdivide-se em três camadas:

- Camada superficial ou espaço de Reinke: composta principalmente de substância

amorfa, frouxa e maleável, onde as fibras elásticas e colagenosas, bem como os

fibroblastos são esparsos. É a camada que mais vibra durante a fonação;

- Camada intermediária: formada principalmente por fibras elásticas, é mais densa;

- Camada profunda: compostas de fibras de colágeno, mais rígidas.

A camada profunda juntamente com a intermediária formam o ligamento

vocal. O músculo constitui o corpo principal da prega vocal. Portanto, as pregas

vocais são estruturas multilaminadas e cada camada tem estrutura distinta e

propriedades mecânicas que são essenciais para a integridade funcional na fonação

(KAHANE, 1993). A mudança gradual na rigidez, desde a camada superficial da

lâmina própria, bastante flexível, até o músculo vocal, bastante rígido, produz

características vibratórias diferentes (HIRANO; BLESS, 1997).

As cinco camadas histológicas podem ser agrupadas da seguinte forma,

formando um complexo corpo-cobertura:

- Cobertura: consiste no epitélio e na camada superficial da lâmina própria. Esta

camada desloca-se de modo muito intenso e fluido durante a fonação;

- Transição: formada pelo ligamento vocal;

- Corpo: que consiste do músculo vocal.

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Desta forma é possível observar que existe a estabilidade dada pelo músculo

e pela camada profunda da lâmina própria, que sustentam a flexibilidade das

camadas elásticas da lâmina própria e do epitélio.

A estrutura da prega vocal modifica-se com a idade, especialmente na lâmina

própria. No recém-nascido, a lâmina própria é solta e maleável em toda a sua

extensão, semelhante à camada superficial dos adultos. Uma certa quantidade de

tecido fibroso aparece junto às extremidades das pregas vocais, aparentando

máculas flavas imaturas.

Até os 4 anos desenvolve-se um ligamento vocal imaturo, delgado e sem

contato com o músculo. Nesse instante a lâmina própria ainda não apresenta a

estrutura com três camadas. Entre os 6 e 12 anos começa ocorrer diferenciação

entre as camadas profunda e intermediária da lâmina própria e o ligamento vocal se

torna mais espesso. Após os 15 anos pode-se observar a estrutura de três camadas

na lâmina própria.

Com o passar da idade, a camada superficial da lâmina própria tende a ficar

mais espessa e edematosa, ocorrendo diminuição da densidade de fibroblastos, das

fibras do colágeno e das fibras elásticas em ambos os sexos. Na camada

intermediária, as fibras tornam-se finas, frouxas e atrofiadas, produzindo áreas de

retração mucosa principalmente em homens. Na camada profunda, as fibras

colagenosas ficam espessas e densas, podendo aumentar e produzir áreas de

fibrose também mais presentes em homens. Em relação a porção muscular ocorre

atrofia das fibras musculares.

3. ESTRUTURAS ANATÔMICAS ENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO VOCAL

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Para que ocorra a produção vocal é necessário que um conjunto de estruturas

anatômicas chamada de aparelho fonador entre em ação. Embora não exista

enquanto unidade anatômica, o aparelho fonador deve se comportar como uma

unidade funcional e de forma harmônica.

As estruturas do aparelho fonador localizadas acima da glote compõem o

trato vocal supraglótico, incluindo a região supraglótica da laringe, a faringe, a

língua, o palato, a cavidade oral e a cavidade nasal. Estas estruturas agem como

ressonadores e são em grande parte responsáveis pela qualidade vocal. Pequenas

alterações na configuração destas estruturas podem modificar substancialmente a

qualidade vocal.

O trato vocal infraglótico funciona como a fonte de força para a produção da

voz. Região subglótica da laringe, traquéia, brônquios e pulmões, além de toda a

caixa torácica, fornecem um mecanismo de suporte que possa gerar força que

direcione uma corrente de ar controlada para passar entre as pregas vocais. A caixa

torácica serve de sustentáculo para o sistema respiratório e musculatura.

Os principais músculos de inspiração são o diafragma e os intercostais

externos. O diafragma é o maior e mais importante, e sua ação determina o nível de

profundidade respiratória. Durante a inspiração, ele se contrai, elevando as costelas

e aumentando a dimensão vertical do tórax, criando um espaço entre ele e o

pulmão, que será preenchido com a insuflação pulmonar.

4. PRODUÇÃO VOCAL

A fisiologia da produção vocal é extremamente complexa. Uma fonte de força

comprime o ar e direciona-o para a laringe, favorecendo a abertura e fechamento

das pregas vocais e consequentemente o movimento ondulaório do deslocamento

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da mucosa que reveste as pregas vocais, provocando pequenos puffs no ar

oscilante em fase de compressão e rarefação produzindo a freqüência fundamental

vibração de tecidos, o que leva a produção de ondas sonoras, rítmicas, quase

periódicas

do som, que a partir de complexas e sofisticadas interações com o trato vocal

supraglótico tem seus harmônicos transformados.

Durante a produção vocal, as pregas vocais convertem a energia

aerodinâmica gerada pelo fluxo de ar em energia acústica. O princípio básico deste

fenômeno é a vibração das pregas vocais. A freqüência da vibração é medida em

ciclos por segundos (Hertz-Hz), variando conforme o sexo: no homem, esta

freqüência varia de 80 a 150Hz e nas mulheres de 150 a 250Hz. Nas crianças,

encontra-se acima de 250Hz, chegando até 400 nos bebês (BEHLAU et al., 2001).

Cada ciclo glótico é formado por quatro etapas: fase aberta, fase de

fechamento, fase fechada e fase de abertura. O ciclo glótico inicia-se quando a

pressão subglótica é maior que a resistência glótica e dá início ao processo

vibratório.

No início de cada ciclo glótico, as pregas vocais se aproximam, obliterando a

glote, o que permite o desenvolvimento de uma pressão subglótica. Neste instante

não há fluxo de ar, pois o fluxo expiratório encontra uma resistência no nível glótico,

chamada de resistência glótica. Em determinado instante a pressão subglótica é

suficientemente alta para vencer a resistência glótica, empurrando progressivamente

as pregas vocais e deslocando-as lateralmente, promovendo sua abertura.

A resistência glótica é resultante da adução e do aumento da rigidez das

pregas vocais, produzida, sobretudo pela contração do músculo tireoaritenoideo. O

fluxo expiratório é influenciado pela atividade da musculatura respiratória, então,

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ajustes rápidos e complexos dessa musculatura são necessários, pois a resistência

se altera quase continuamente à medida que a glote se fecha, se abre e se altera na

forma (IMAMURA et al., 2003).

O controle da pressão subglótica, necessária para iniciar e manter a vibração

das pregas vocais, chamada de pressão de limiar fonatório é um dos principais

fatores que contribuem para uma fonação adequada. O aumento desta pressão

implica em maior esforço respiratório durante a vibração de pregas vocais. Acredita-

se que a manutenção da pressão subglótica seja controlada por sistemas sensoriais

de pressão e propriocepção (JIANG et al., 2000).

Vencida a resistência glótica, quando as pregas vocais estão convergentes, a

pressão subglótica empurra as pregas progressivamente, até que se desenvolva um

espaço e o ar comece a fluir. Uma vez aberta pela passagem do ar, duas forças

principais se combinam para iniciar o fechamento quase que imediato da parte

inferior da glote: a elasticidade das pregas vocais e o efeito de Bernoulli.

A elasticidade é controlada pela musculatura intrínseca, que regula o grau da

tensão massa e estiramento das pregas vocais, portanto as pregas vocais tendem a

retornar à posição que ocupavam antes de ceder à pressão de abertura. O efeito de

Bernoulli faz com que as pregas vocais sejam aspiradas em direção à luz laríngea,

ou seja, essa sucção auxilia na aproximação das pregas vocais.

Neste primeiro instante as bordas superiores permanecem separadas, porém

a região superior possui propriedades fortemente elásticas, e o estiramento cada vez

maior das pregas faz com que a porção superior retorne para a linha média. Assim,

o ciclo glótico se completa, a pressão subglótica volta a subir e os eventos se

repetem (BAKEN, 1997; SATALOFF, 2002).

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O movimento ondulatório da prega vocal é complexo. A borda livre da prega

vocal, formada pelo epitélio e a camada superficial da lâmina própria, ondula de

forma exuberante de três modos combinados: horizontalmente, longitudinalmente e

verticalmente.

Então, durante a fonação, a borda livre inicia sua abertura na sua porção

inferior e à medida que a pressão subglótica caminha em direção cranial, a porção

superior se abre, eliminando um puff de ar. Antes que a porção superior atinja

abertura máxima, o inferior começa a fechar, seguida pela superior com uma

pequena defasagem de fase. Esta diferença temporal entre a abertura inferior e

superior das pregas vocais é chamada de diferença de fase vertical (IMAMURA et

al., 2003).

Os ciclos glóticos não são exatamente iguais. Podem ser observadas

perturbações no período (jitter) e na amplitude (shimmer) destes ciclos, porém elas

são mínimas (BEHLAU et al., 2001).

O mecanismo descrito, conhecido como teoria mioelástica-aerodinâmica, é a

mais aceita atualmente para explicar o fenômeno vibratório, e foi definida em 1958

por Van Den Berg. A teoria descreve que a vibração das pregas vocais depende de

um componente mioelástico e outro aerodinâmico. Sob um controle neuromuscular

as pregas vocais se aproximam na linha média, promovendo adequado

tensionamento, massa e elasticidade, configurando o componente mioelástico. A

partir daí, a vibração ocorre por forças aerodinâmicas relacionadas ao fluxo aéreo

expiratório. Combinando portanto a elasticidade dos músculos laríngeos a as forças

físicas da respiração (Van Den Berg, 1958).

FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL

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A frequência fundamental (Fo) corresponde ao número de ciclos glóticos por

segundo e o pitch refere-se à percepção da Fo. É fundamentalmente uma

característica que varia com a extensão e a tensão da prega vocal, a pressão

subglótica, a amplitude da movimentação das pregas vocais, e a atividade do

músculo cricotireoideo (TITZE et al., 1987).

O músculo cricotireoideo, por tensionar as pregas vocais é o principal

responsável pelo aumento da Fo. Ao contrário o tireoaritenoideo aproxima as

aritenóides da comissura anterior promovendo o encurtamento das pregas vocais e

conseqüente diminuição do pitch. Sabe-se no entanto que a contração da

musculatura ocorre simultaneamente e o efeito combinado dessas alterações

determinam a freqüência fundamental e outras características vibratórias das pregas

vocais.

O aumento da pressão subglótica também pode alterar a Fo. Na maioria das

vezes, quando as pregas vocais são afinadas e apertadas com natural aumento da

pressão aérea, a freqüência de emissão de impulsos aéreos também aumenta e o

tom sobe, ou seja, existe um acréscimo de 4 ou 5 Hz na freqüência para cada cm de

água que se eleva na pressão subglótica (BAKEN, 1997; SATALOFF, 2002). Isto

explica a diminuição do pitch observada ao final de uma sentença, uma vez que o

fluxo expiratório e a pressào também estão diminuídas (PAINTER, 1993).

INTENSIDADE VOCAL

A intensidade vocal corresponde à sonoridade e depende do grau no qual a

onda glótica excita o ar no interior do trato vocal. O aumento da pressão de ar cria

uma amplitude maior da vibração da prega vocal, aumentando conseqüentemente a

intensidade vocal (BAKEN, 1997). O loudness refere-se à percepção que temos da

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intensidade vocal. Tipicamente, o sussuro tem uma intensidade de 40 decibels (dB),

enquanto no grito ou falar alto sobe para 90dB; na fala normal a intensidade

observada na mulher é de 65dB e no homem de 75dB.

Especificamente, a intensidade aumenta com a pressão subglótica,

freqüência fundamental e a velocidade na qual o fluxo aéreo é interrompido. Isto

pode ser promovido pela convergência, saliência e periodicidade observada a partir

da adução das pregas vocais, e pela sintonia do trato vocal (SCHERER, 1991). A

partir deste conceito, sabemos que uma glote eficiente gera aumento da pressão

subglótica, ou seja, uma coaptação glótica insuficiente produz vozes fracas e

variação limitada da sua extensão.

MODO DE FONAÇÃO (REGISTRO VOCAL)

O modo de fonação refere-se a diferentes características perceptuais da

fonação, associadas com o tipo de padrão vibratório, que é definido por diversos

fatores, tais como o grau de adução, o formato da borda livre e as propriedades

viscoelásticas de cada uma das camadas da prega vocal (IMAMURA et al., 2003).

Sem dúvida, diferentes registros formam sons diferentes. Mas percepções

acústicas variadas derivam de mudanças no trato vocal e de diferenças na própria

emissão sonora. Ou seja, é possível emitir a mesma freqüência fundamental em

diferentes registros vocais.

Para simplificar, é preciso impor regras para caracterizar um registro laríngeo:

ele precisa refletir um específico e distinto modo de ação laríngea, sendo

irrelevantes as contribuições do trato vocal; um registro laríngeo é produzido através

de uma variação contínua das freqüências fundamentais; e a variação de Fo de

determinado registro laríngeo se sobrepõe com a variação de Fo de outro registro

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(BAKEN, 1997). A partir disso, três distintos registros podem ser verificados: registro

modal, registro baixo ou vocal fry, e registro alto ou falsete (HOLLIEN, 1974).

O registro modal descreve a função da laringe na variação da Fo mais

comumente usada por falantes, que varia de 75 a 450Hz nos homens, e 130 a

520Hz nas mulheres (BAKEN, 1997). Nesta situação, o feixe medial do músculo

tireoaritenoideo, o músculo vocal, é dominante, mantendo o corpo da prega vocal

mais rígido que a cobertura, que se encontra solta e flexível.

No vocal fry a variação da Fo é de 25 a 80Hz em homens, e 20 a 45Hz em

mulheres. A produção laríngea é percebida como uma percussão natural (BAKEN,

1997). Existe uma fase fechada prolongada, a atividade do músculo vocal é mínima

e do cricotireoideo também é mínima, encurtando as pregas vocais e permitindo que

as camadas da prega permaneçam soltas e frouxas.

No falsete a Fo está no máximo, variando de 275 a 620Hz no homem e de

490 a 1130Hz na mulher (BAKEN, 1997). A fase fechada das pregas vocais é

pequena ou mesmo ausente. O músculo vocal contrai levemente ou relaxa por

completo e a atividade do cricotireoideo é elevada, estirando as camadas da prega

vocal que permanecem finas, longas e tensas.

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