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RESENHA

Por
Kátia Gally Calabrez

VILLELA, Eliphas Chinellato; Fisiologia da Voz. São Paulo: Cortez, 1961. ISBN 978-85-
249-1935-0.

A autora Villela, Eliphas, nascida em Campinas, formou-se em canto em 1932 na


Academia Musical de São Paulo e aperfeiçoamento em 1944 no Instituto Musical de São
Paulo. Formou-se em piano em 1951 no Conservatório Musical Carlos Gomes de
Campinas. Especializou-se em Fisiologia da Voz em 1948. Em 1933 até 1938 lecionou
música na Escola Gabriela D’Annunzio de Campinas. Nomeada Catedrática de Canto em
1947 no conservatório Carlos Gomes. Em 1947 foi integrada no quadro do Corpo-Docente
do Conservatório de Canto Orfeônico Maestro Julião junto a Universidade Católica de
Campinas na cadeira de Fisiologia da Voz.
Este livro foi desenvolvido com o objetivo de ser usado em escolas de Canto
Orfeônico e Conservatórios no curso de Canto.
O trabalho para a perfeita impostação da voz consiste na aquisição de uma perfeita
postura do corpo e de atitudes fisiológicas no aparelho fonador e das cavidades de
ressonância, resultando disso a produção de uma voz perfeita, bela e resistente, com o
mínimo de esforço e energia. Conhecer o aparelho fonador é conhecer o seu próprio
instrumento que é a voz!
O Aparelho Fonador é constituído por: Sinus frontais (superiormente às fossas
nasais temos três cavidades de ressonância: os frontais, o esfenoidais e o etmoidais que
constituem cavidades secundárias de ressonância; a mais importante cavidade de
ressonância é a boca; mas essa é o conjunto do órgão da articulação onde se formam as
consoantes e vogais). Úvula (uma pequena saliência móvel e contrátil situado no fim da
cavidade bucal, acima do véu palatino; sua função é permitir que o som não seja nasal).
Língua (órgão de movimento, de articulação). Epiglote (é uma lâmina sutil, flexível e
membranosa, posta na frente do orifício superior da laringe, como válvula, abaixa durante
a deglutição para impedir a passagem de alimentos na laringe e nos órgãos da
respiração). Glote (é o espaço existente entre as pregas vocais, pelo qual passa o ar),
sobre as pregas vocais se encontram as pregas vestibulares). Tiroide (cartilagem situada
na parte anterossuperior da laringe. Cricoide (cartilagem anular da laringe, situada no
fundo desse órgão). Traqueia (canal que estabelece a comunicação entre a laringe e os
brônquios e que serve de passagem ao ar durante a inspiração e expiração, é
fibrocartilaginoso, situado na frente do esôfago). Brônquios (na extremidade inferior da
traqueia se bifurca, se dirigem apara os pulmões em que penetram, no interior dos
pulmões se ramificam dando origem aos bronquíolos). Pulmões (estão situados na caixa
torácica, ao lado da coluna vertebral e constituem o principal órgão da respiração).
Diafragma (músculo inferior situado debaixo dos pulmões, com uma base a modo de
dividir o tórax do abdômen. É o principal músculo inspirador. A inspiração é um ato
muscular que requer esforço, e os músculos que dela se incubem devem estar sempre
em ação enquanto vivemos.). Faringe (está situada atrás das cavidades nasal e bucal.
Serve de passagem para o ar e alimentos). Laringe (é um conduto de esqueleto
cartilaginoso, situado na parte anterior do pescoço; na sua composição entram tiroide,
cricoide, aritenóides e epiglote. Constitui o verdadeiro e próprio órgão vocal, onde tem
origem as vibrações sonoras e onde se forma a voz. Na sua parte interna é recoberta por
uma mucosa, onde encontram-se as pregas vocais). Maxilares (superior e inferior,
determinam a abertura da boca).
No aparelho fonador, a região palatina constitui a parede superior e posterior da
cavidade bucal. Está formada em seus dois terços superiores, pela abobada palatina e
em seu terço posterior pelo véu paladar. Situadas por baixo das fossas nasais e adiante
da faringe, por trás termina pelo bordo livre do véu paladar, limitando-se ali com a base da
língua.
A Laringe é suportada pela cartilagem Cricoide que é o primeiro anel da traqueia
modificado para esta função. Cartilagens aritenóideas suportado pelos ângulos superiores
das cricoide, pequenas pirâmides triangulares. Cartilagem tireoide chamada de pomo de
adão, formada por duas cartilagens laterais dispostas verticalmente e unidas entre si na
linha mediana por outra cartilagem muito pequena em forma de agulha magnética.
Cartilagens de Santorini são dois pequenos núcleos cartilaginosos, por cima das
aritenóides, forma um pequeno cone. Cartilagem de Wrisberg, acham-se situadas nas
pregas vestibulares. As cartilagens aritenóides estão unidas a parte superior da cricoide, a
articulação artrovial que possui um líquido viscoso que lubrifica as articulações das
aritenóides, que resultam a abertura e fechamento da glote. Entre as pregas verdadeiras
e as pregas vestibulares existe uma cavidade, denominada ventrículo da laringe, por onde
o ar circula livremente, sendo um verdadeiro ressoador.
Para a produção da voz os pulmões funcionam como verdadeiros foles em virtude
da ação dos músculos expiradores; expelem o ar com energia, fazendo-os sair pelos
brônquios e traqueia, até a laringe. Neste último órgão as pregas vocais inferiores entram
em ação, ao mesmo tempo que a fenda glótica se estreita, de maneira a oferecer
resistência à corrente aérea. Vibram então as verdadeiras pregas em movimentos
laterais, alargando e estreitando sucessiva e rapidamente a fenda glótica. O som
laringiano resulta mão apenas das pregas vocais, mas principalmente da vibração que
estas transitem ao ar contido nas cavidades acessórias: ventrículo da laringe, faringe,
boca e nariz.
A faringe corresponde a base do crânio situado na parte anterior das cinco
primeiras vertebras cervicais, estende-se a faringe tendo os lados os grandes vasos do
pescoço. Dividida em res partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Dá passagem
aos alimentos e ao ar da respiração, desempenha o seu papel na fonação, reforçando os
harmônicos do som glótico. Os músculos da faringe pertencem a classe dos músculos
estriados, são pares 05 de cada lado. Distinguem-se de constritores e elevadores. Os
músculos constritores têm a função de estreitar a faringe, são o superior, o médio e o
inferior. As últimas fibras do constritor inferior formam ao redor da parte terminal da
faringe uma espécie de esfíncter, que fecha e abre. Os músculos elevadores elevam a
faringe, são o faringo-estafilino (forma parte do véu paladar) e o estilofaringeo. A porção
laríngea da faringe (laringofaringe) é continuação da precedente e se estende até a
extremidade superior do esôfago; na parte anterior da cavidade sobressai-se a laringe. A
porção nasal da faringe (nasofaringe); é a mais importante das três cavidades;
exclusivamente respiratória. Estende-se desde a extremidade superior do órgão até o véu
paladar.
A respiração é o duplo fenômeno da inspiração e expiração. Na inspiração
predomina a atividade do diafragma (diafragmático ou abdominal) ou dos músculos
elevadores das costelas (costal); e existe ainda o misto. O mecanismo da expiração
consiste em movimentar, por meio do tórax e do diafragma, uma lenta e graduada
pressão sobre os pulmões repletos de ar. Não devemos deixar as costelas caírem ou
relaxar, nem se abandonar o diafragma, a não ser quando necessário para a manutenção
dos sons. Deste meio físico depende a manutenção da voz. Os órgãos que concorrem na
produção da voz são o pulmão com a emissão do folego e a laringe com a vibração das
pregas vocais. A voz embora linda em si mesma, não poderá nunca ser adotada
artisticamente, se o método da respiração for incorreto. O movimento inspiratório tem por
efeito aumentar a capacidade torácica. A respiração no canto é consciente.
Impostazione é impor a fonação nas caixas de ressonância da voz. Quando o som
ressoa nas caixas etmoide, esfenoide e sinus frontais, o som fica muito bem emitido,
dando-nos a fidelidade na beleza sonora, na amplidão de volume, principalmente, na
resistência de folego. Emissão na produção da voz é a amplificação sistemática e
metódica da expiração. Os principais músculos da emissão são os músculos expiradores
do abdômen, do tórax e do dorso, os músculos da laringe e faringe, os músculos
abaixadores da mandíbula e a musculatura mimica; o diafragma. A boa emissão da voz
depende da flexibilidade, da coordenação do trabalho e funcionamento bem controlado
desses músculos e órgãos. Voz impostada é aquela, que pela conveniente atitude e
posição de todo o aparelho fonador e de ressonância, é emitida sem nenhum defeito,
conseguindo realizar um máximo de beleza e resistência com um mínimo de esforço. O
mínimo de esforço e resistência exige atitudes perfeitamente apropriadas do aparelho
fonador e de ressonância. Os ressonadores dão ao som vocal a sua sonoridade,
penetração, cor e poder emotivo, resultantes das vibrações do ar nas cavidades. As
qualidades características da voz não dependem somente da laringe e das vibrações das
pregas vocais, mas também do ar sonoro nas cavidades de ressonância situadas acima e
abaixo da laringe.
Sendo o canto o resultado de um trabalho muscular, de atitudes e funcionamento
do aparelho respiratório e do aparelho fonador e de ressonância, consequentemente, o
trabalho muscular, as atitudes e o funcionamento desses aparelhos mencionados devem
ser absolutamente controlados a fim de que seu rendimento seja levado ao mais alto grau
possível, sem que resulte traumatismo ou fadiga dos mesmos.
O mais precioso elemento do canto é a qualidade da voz.

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