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FLUÊNCIA DA FALA
ALUNA: GLÉRIA FERNANDES
Hesitações em crianças com e sem alteração fonológica
Um estudo realizado por Larissa Berti & Viviane Marino analisou a ocorrência de
hesitações em crianças com e sem alteração fonológica.
A fala de seis crianças foi estudada: metade com e metade sem desvio
fonológico (pareadas por sexo, idade e escolaridade).
Idade: 5 a 7 anos
Palavras-chave foram: “sapo, Cida, suco; chapa, Chica, chuva”.
Foi utilizada a frase-veículo: “Fale [palavra-chave] de novo”.
Foram feitas dez repetições de cada palavra-chave, inserida na frase-veículo.
O objetivo primeiro do estudo era comparar o espectro acústico de [s] e [∫] em crianças
com desvio fonológico e verificar se a produção apresentava diferenças estatísticas
significativas.
Os resultados indicaram que as crianças produziram distinção entre /s/ e /∫/, ou seja, o
espectro acústico de [s] era estatisticamente diferente do espectro de [∫].
Ao todo, foram analisadas 360 frases (metade de cada grupo). A ocorrência de hesitação foi
quantitativamente diferente nos dois grupos
Este primeiro achado indicou que a fluência do grupo experimental era diferente da fluência do
grupo controle.
Mas esta diferença seria realmente devido ao retardo fonológico? Não poderia ser outro tipo de
dificuldade?
Encontraram que nada mais, nada menos que 90% das hesitações produzidas pelo grupo
experimental ocorreram imediatamente antes ou durante a produção dos fones-alvo (“Fale
[‘CVCV] de novo”) contra apenas 20% no grupo controle.
De maneira geral, os resultados indicaram que as crianças estavam tentando ajustar a produção
fônica. A tentativa de ajuste motor foi duplamente sinalizada: pela diferenciação dos espectros
acústicos (significativa na produção, mas não na percepção) e pela ocorrência das hesitações.
OUTRO ESTUDO
Este realizado por Maria Cláudia Freitas, também analisou a ocorrência de hesitações na fala
de crianças com retardo fonológico.
Duas crianças foram acompanhadas ao longo de três meses (uma gravação por mês). Uma de
5 e outra de 6 anos.
As palavras-chave foram: “sapo, sala, sebo, sela, sopa, surra; chave, xale, Chile, chip, chuva,
churros; tala, tapa, tipo, time, tubo, tule”.
Foi utilizada a frase-veículo: “Fale [palavra-chave] de novo”. Foram feitas cinco repetições de
cada palavra-chave, inserida na frase-veículo.
O objetivo principal do estudo era a descrição acústica das supostas “substituições fônicas”.
Para as duas crianças, as hesitações mais frequentes foram as pausas silenciosas e os falsos
inícios. Houve 22 pausas silenciosas (como em “Fale… chuva de novo”) e 8 falsos inícios (como
em “Fale s-Chile de novo”). Ambas hesitações consideradas comuns e não gaguejadas.
A ocorrência das hesitações pode ser interpretada como indício da dúvida vivenciada pelas
crianças durante o processo de aquisição dos contrastes fônicos esperados pela língua.
As hesitações forneceram o tempo necessário para que as crianças pudessem decidir entre
possibilidades diferentes e conflitantes de produção: entre [s], [∫] e [t] no caso da primeira
criança e entre [∫] e [s] no caso da segunda.
Assim, as hesitações foram marcas de produções articulatórias não automatizadas, nas quais
um maior grau de atenção foi necessário.
Taxa de elocução em crianças com e sem alteração fonológica
Um estudo de Haydée Wertzner & Leila Silva analisou a taxa de articulação de crianças com e sem
alteração fonológica.
Foi estudada a fala de 40 crianças: metade com e metade sem desvio fonológico (pareadas por sexo e
idade).
As crianças tinham entre 5 e 10 anos.
Foram feitas provas de repetição de frases, tais como “O cachorro fugiu” e “A Maria tem uma bola
vermelha”.
Foi medido o tempo total de duração das frases e foram calculadas as taxas de fones e de sílabas por
segundo.
Os resultados indicaram que as crianças com alteração fonológica necessitaram de mais tempo
para repetir as frases, além de terem produzido uma quantidade menor de fones por e de sílabas
por segundo em comparação às crianças sem alteração fonológica.
Ou seja, assim como os estudos anteriores, este estudo indicou que a produção fônica das
crianças com alteração fonológica não é tão automatizada quanto a das crianças sem alteração.
Na verdade, as crianças adotaram uma estratégia inteligente: na medida em que não
conseguiram articular com tanta precisão, elas lentificaram a produção.
CONCLUSÃO
Portanto, crianças com retardo fonológico podem apresentar um padrão de fluência diferente
em relação a crianças sem retardo fonológico
Os estudos aqui analisados indicam que pode haver aumento de hesitações e redução da taxa
de articulação a partir do momento em que a criança começa a ter dúvidas sobre como
estabelecer contrastes fonológicos de forma produtiva