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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
SERVIÇO DE ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO
PRÁTICA CLÍNICA EM LINGUAGEM I

Paciente: Fabio Chaves Scherer


D.N.: 21/07/2010 Idade atual: 7 anos e 11 meses
Terapeuta: Gabriela Breitenbach Baal
Orientadora: Márcia Keske Soares
Data: 02/07/2018

RELATÓRIO SEMESTRAL

Foram previstos para este semestre 13 sessões, sendo que o paciente não
compareceu a cinco sessões, três faltas foram justificadas e as demais não. Assim,
foram realizadas no total oito sessões de terapia durante este semestre.
Foram previstas as seguintes avaliações: Avaliação Fonológica da Criança –
AFC, Exame Articulatório, Discriminação Fonológica - Teste de Discriminação
Fonológica (Seabra & Capovilla), Produção textual com sequência lógica, Memória
por meio do Teste Infantil de Nomeação (Seabra, Trevisan & Capovilla), Cálculo de
Fluência em Leitura (Araújo e Oliveira, 2003), Avaliação de Motricidade Orofacial,
Nasalidade e Processamento Auditivo.
A Avaliação Fonológica da Criança – AFC tem como objetivo avaliar o
sistema fonológico do paciente, e o Exame Articulatório a capacidade de produção
de fala por imitação, verificando os sons presentes, ausentes e substituídos nas
diferentes posições na sílaba e na palavra. Os resultados destas duas avaliações
indicam que o paciente apresenta substituição de /r/ por [l], /g/ por [k] em onset
medial, /S/ por [s] e /Z/ por [] em onset inicial e medial, e omissão de /l/ em onset

inicial e de /r/ e /l/ em onset medial.


O Teste de Discriminação Fonológica avalia a habilidade de discriminar
fonemas. O resultado nessa avaliação foi satisfatório, o paciente obteve a pontuação
máxima do teste, ou seja, 23 pontos, indicando que o paciente é capaz de fazer a
discriminação dos fonemas.
A produção textual foi avaliada com o auxílio de uma sequência lógica. O
paciente realizou ordenação temporal das figuras, contação da narração e produção
textual de forma coerente e adequada. Conseguiu produzir um título coeso com a
história e faz trocas de “ch” por “s”, “v” por “f”, “u” por “l”, “e” por “i”, “n” por “m” e “x”
por “s” e omissão de “i” e “r” em alguns momentos da escrita. Cosntata-se que o
paciente apresenta hipótese de escrita alfabética, sem valor ortográfico, por Emilia
Ferreiro.
Para avaliar a memória foi utilizado o Teste Infantil de Nomeação (TIN). Das
60 figuras que devem ser nomeadas, F. lembrou do nome de 50, não lembrou de 9 e
não conhecia o nome de uma.
No Cálculo de Fluência em Leitura (Araújo e Oliveira, 2003), o objetivo é
analisar a fluência na leitura de forma que seja lido oralmente um texto durante um
minuto. Foram lidas 38 palavras, enquanto o esperado para a idade escolar de F. (2º
ano) é o mínimo de 60 palavras.
Com base no Exame Miofuncional Orofacial, realizou-se a avaliação de
motricidade orofacial, com o objetivo de avaliar as estruturas e funções
estomatognáticas. O paciente apresenta alta sensibilidade extra e intra-oral,
hipertrofia de amígdala, uma provável hipertrofia adenoamigdaliana e respiração
oronasal.
Com o auxílio do Protocolo de Avaliação de Fissura Labiopalatina e do
espelho de Glatzel, avaliou-se a nasalidade do paciente. F. não apresenta
hiponasalidade, mas mostra hipernasalidade na fala espontânea. Constatou-se,
também, permeabilidade de grau quatro (moderada) da narina esquerda e
permeabilidade de grau três (leve para moderada) da narina direita.
A devolutiva aos pais foi realizada, conscientizando sobre os objetivos da
terapia fonoaudiológica e a importância do engajamento familiar para a evolução da
paciente. Também foi realizado encaminhamento para terapia de Processamento
Auditivo, devido à avaliação indicar as seguintes alterações: alteração nas
habilidades de figura fundo para sons verbais na orelha direita, fechamento auditivo
e resolução temporal. A terapia será realizada por grupo de pesquisa do SAF/setor
de audiologia.
Os resultados obtidos nas avaliações de fala e motricidade orofacial permitem
indicar que a impressão diagnóstica (hipótese diagnóstica) do caso é de “Desvio
Fonológico associado à Alteração Miofuncional decorrente de Hipertrofia
Adenoamigdaliana”.
A terapia foi desenvolvida durante este semestre com enfoque nos seguintes
objetivos gerais: orientar e conscientizar o paciente e os familiares sobre as
alterações do paciente e o tratamento fonoaudiológico, adequar padrões de fala,
melhorar a fluência de leitura e aperfeiçoar a memória.
As sessões realizadas enfatizaram a produção dos fonemas /k/ e /g/, inserindo
atividades que estimulassem a leitura e memória. Durante os atendimentos, as
estratégias envolveram atividades com jogos, trilha, cruzadinha, leitura, bombardeio
auditivo, produção do ponto articulatório do fonema alvo em frente ao espelho, etc.
O paciente colaborou nos atendimentos, porém, devido a grande quantidade
de faltas, pouco pode ser realizado. Nas sessões com os fonemas alvo /k/ e /g/, F.
conseguiu realizar a produção correta em todas as palavras alvo selecionadas, mas
não automatizou. A família não colaborou no atendimento, as atividades propostas
para serem realizadas em casa não foram feitas e os pais esqueceram-se de dois
atendimentos, além de algumas vezes não se fazerem presentes na sala de espera.
A maior dificuldade apresentada foi o grande número de faltas, que acabou por
atrasar o plano de terapia.
Durante o recesso de férias o paciente irá realizar um procedimento cirúrgico
de retirada de adenoides e amígdalas. Por isso, vê se a necessidade de uma nova
avaliação de motricidade orofacial após as férias.
Para o próximo semestre, sugere-se inicialmente rever os fonemas já
trabalhados e, em seguida, dar continuidade ao Modelo de Ciclos programado.
Juntamente com o trabalho de adequação fonológica, recomenda-se promover o
aprimoramento da memória em diversas situações e da fluência de leitura do
paciente, por meio da rota lexical.
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Gabriela Breitenbach Baal Márcia Keske Soares
Terapeuta Orientadora

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