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MEDICINA VETERINÁRIA
CAIO MARTINS
CINTIA FERNANDES
FLAYRA MARTINS
LETÍCIA RIBEIRO
MANUELA RAMOS
MARIA PEREIRA
RAÍSA TORRES
ESPORIOTRICOSE
Estudo de Patologias
Rio de Janeiro
2024
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................
INTRODUÇÃO.................................................................................................................
DESENVOLVIMENTO....................................................................................................
Epidemiologia no Brasil.....................................................................................................
O Diagnóstico.....................................................................................................................
O Prognóstico e o Tratamento...........................................................................................
A Saúde Pública e seus Serviços........................................................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................................
Resumo:
A patologia conceituada como esporiotricose se define como uma doença que afeta a pele.
Ela é dada como uma micose, ou seja, um conjunto de infecções que são provocadas pelo
crescimento excessivo de fungos. Seus principais agentes infectantes são a classe dos
felinos, porém quando tratamos de infectados podemos citar caninos, equinos, bovinos,
suínos, aves, primatas, alguns artrópodes (abelhas, pulgas e formigas) e até seres huma-
nos. Por isso é considerada uma doença zoonótica, além de ter períodos e lugares em que
se desenvolvem como epidemias. Este trabalho visa pontuar questões gerais relativas a
essa patologia, como sua origem, a ocorrência do processo infeccioso, iniciativas de tra-
tamento e outros.
Introdução:
Temos a Enfermidade de Schenck (nome alternativo, pois foi descrita inicialmente por
Benjamin Schenck nos Estados Unidos em 1898), como uma micose subcutânea, ou seja,
que afeta as camadas externas e superiores do tecido epidérmico. O agente fúngico res-
ponsável é do gênero Sporothrix Schenckii, porém também foi descoberto no Brasil o que
chamamos de Sporothrix Brasilienses. Especificamente, em território brasileiro a trans-
missão começou na cidade do Rio de Janeiro e se espalhou para pelo menos três territórios
do país ditos como o próprio Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Aqui, no estado carioca,
tivemos uma das maiores epidemias já vistas em seres humanos. Nos meados de 1998 até
2004, receberam o diagnóstico pela Fundação Oswaldo Cruz 1.503 gatos, 64 cachorros e
759 humanos enfermos.
A forma de infecção por esse patógeno é dada por feridas na pele por onde o fungo abre
espaço e entra no organismo. Esses machucados podem ser decorrentes de acidentes com
espinhos, palha, lascas de madeira, sendo espaços em que o fungo já instalado no ambi-
ente simplesmente tem caminho liberado e direto para a corrente sanguínea através do
ferimento. Porém em situações de arranhadura ou mordedura de animais doentes, ou con-
tato com vegetais em decomposição sem luvas e com regiões acidentadas, já pode ser o
suficiente para que o fungo possa se desenvolver dentro do sistema. É importante dizer
que em seres humanos as áreas ocupacionais mais afetadas já foram as de horticultores,
sementeiros, jardineiros, floristas, tosadores e tratadores de animais como médicos vete-
rinários. Porém, atualmente se tornou uma preocupação de saúde pública à medida que
pessoas comuns passaram a ser suscetíveis a patogenia com o crescimento da vivência
com animais domesticados e comunitários. Os domésticos com acesso a rua também são
capazes de provocar acidentalmente uma disseminação caso se infectem na sua própria
residência ou entrarem em contato com o agente infeccioso ao serem contaminados, já
que animais em situação de contágio costumam socializar com os que estão saudáveis.
Dado que os gatos são animais com hábitos direcionados a arranhar, eles tendem a pro-
duzir isso em locais e áreas contaminadas como o tronco das árvores, galhos ou pedaços
de madeira, por isso acabam sendo os maiores agentes transmissores da doença e são
grandes receptores, pois costumam se envolver em brigas territoriais que geram a proli-
feração da enfermidade por mordidas e arranhaduras ou até pelo compartilhamento de
potes para a alimentação, bebedouros ou caixas de areia. Além de terem o costume de se
esfregarem no solo, que também é rico em reprodução fúngica para enterrarem suas ex-
cretas. O professor de Dermatologia Veterinária da PUC-PR, Marconi Farias, orienta que
para haver maior controle desse patógeno “São necessárias ações, além de outras como
o controle populacional de gatos nas áreas mais acometidas, a educação em posse res-
ponsável e o estímulo à adoção para minimizar a população de animais comunitários
são importantes para evitar a expansão dessa endemia.”
A Origem e sua Evolução:
Sabemos que as patologias são complexas e geralmente em sua progressão pelo sistema
do organismo vivo, elas têm a capacidade de evoluir ou se apresentar em mais de uma
variante (polimorfismo). No caso, a esporiotricose em geral é denominada como cutânea,
pela sua relação infecciosa com os tecidos epidérmicos, e dentro dela temos três subclas-
sificações:
Esporiotricose Disseminada:
Sabe-se que o fungo mencionado tem a habilidade de se infiltrar no corpo por feridas, e
delas partir para dentro da corrente sanguínea. Esta, contendo sangue em seus vasos, per-
mite a entrada do intruso na grande circulação que passa por todos os tecidos, inclusive
no coração e pulmões. Nesse sentido, quando mencionamos a infecção disseminada, es-
tamos fazendo referência a contaminação difundida por todo o corpo, mais proveniente
nos órgãos internos. Se traduzem por lesões nodulares, ulceradas e verrucosas. Asso-
ciam-se muitas vezes a pacientes imunodeficientes, tais como pacientes com HIV, porta-
dores de neoplasias (multiplicação anormal das células de um tecido), transplantados em
uso de corticoide (medicamento de ação anti-inflamatória e imunossupressora), alcoóli-
cos e diabéticos.
Tem sua ocorrência relacionada no momento em que o patógeno acomete áreas mais ex-
ternas do organismo, tais como o sistema ósseo e as mucosas (revestimentos membrana-
res das cavidades que estão abertas para o exterior, como as do trato oral: boca e língua).
Esporiotricose Linfocutânea:
O agente fúngico Sporothrix objetivamente ataca o tecido epidérmico, porém produz efei-
tos dentro do Sistema Linfático, além de poder causar até doenças Sistêmicas (Em condi-
ções raras o fungo pode entrar pelas vias aéreas ou digestórias). Podemos dizer que esse
Sistema (Linfoide) está conectado com outros dois: O Imunológico e o Cardiovascular.
Nele temos os vasos linfáticos que se espalham por todo o corpo além de fazerem inter-
ligações com os vasos sanguíneos, que transportam o sangue para o coração e pelos de-
mais órgãos. Dentro deles (vasos linfoides) tem abrigada a Linfa que é excesso de líquido
intersticial (que fica entre as células e tecidos), o qual se unifica com o sangue e colabora
no transporte de macromoléculas (como proteínas, lipoproteínas, ácidos graxos, bacté-
rias e fragmentos de bactérias). Ao final do caminho chega-se aos linfonodos, e lá existem
várias células de defesa, as quais tem a função de remover resíduos e patógenos do corpo
por meio de “degradação celular”. O que acontece é que o fungo causador da esporio-
tricose é caracterizado como demácio, possui melanina em sua composição, o que o pro-
tege do processo de macrofagia celular que resumidamente é a fagocitação das células
(quando há o englobamento e a destruição celular) nas primeiras fases da doença. Isso
significa que o organismo, em alguns casos, não consegue se livrar dele através das bar-
reiras criadas pelo sistema imune, já que sua proteção o impede de ser expelido e o deixa
circulando dentro do corpo prejudicando seu funcionamento. Seu formato se conceitua
por nódulos papulares (lesões avermelhadas), úlceras, eritemas (manchas na pele) e ex-
sudação (fluido proveniente das feridas).
Engloba apenas o tecido epidérmico na sua parte mais externalizada. A ferida se forma
exatamente no local onde a lesão foi acometida. Se compõe geralmente por uma única
ferida com pouco comprometimento do sistema linfoide, porém cria nódulos avermelha-
dos (pápulas) com aspecto de bolhoso e purulento (pústulas) com úlceras acneiformes
(aspecto de espinha) que estouram e aparecem na superfície da pele com tecido danifi-
cado. Em alguns doentes podem aparecer úlceras (lesões incômodas que acometem o
tecido mucoso ou cutâneo) maiores, com bordas definidas, escamosas e crostosas.
A projeção e análise das estatísticas demonstrou que a epidemia (doença de nível nacio-
nal, sem atingir o meio global) é bem distribuída geograficamente na região metropolitana
do Estado do Rio de Janeiro e arredores (principais municípios são Rio de Janeiro, Duque
de Caxias e São João de Meriti) como mostra a imagem a seguir.
Para a diagnose, primeiramente é necessário que haja o exame físico, este permite com-
preender a topografia (localização e extensão) do tecido lesionado. Alguns sinais já po-
dem ser identificados nesse processo como o chamado rosário esporotricótico (lesões
avermelhadas com aspecto bolhoso, podendo estar estouradas ou não). Em seguida, é
requisitado o exame citopatológico (que mede as alterações celulares por meio da coleta
de secreções), o histopatológico (o qual retira um pedaço do tecido dérmico danificado),
de cultura fúngica ou exame micológico (feito para identificar com precisão o agente
causador do problema através da sua coleta e isolamento), hemograma e perfil bioquímico
(que estima o estado funcional dos tecidos e reações metabólicas). Os materiais biológi-
cos coletados nesses processos são o pus e a escarificação (cortes propositais feitos no
tecido), ambos são retirados diretamente do local lesionado, porém podem não ser sufici-
entes para o diagnóstico preciso com o exame direto, pois a presença do microrganismo
nessas áreas é escassa. Contudo pelo método de Gram (desenvolvido em 1884 por Hans
C. J. Gram), tem-se a coloração do agente que permite que ele seja visto de maneira clara
no microscópio, sendo assim, com a apresentação reconhecida no meio acadêmico como
formato de charuto, já é possível confirmar um diagnóstico inicial de esporiotricose.
O paciente clinicado é um gato macho SRD (sem raça definida) com o peso de 2,6 kg. O
atendimento foi realizado em uma clínica de dermatologia localizada no estado de Curi-
tiba. O enfermo já estava em situação crítica com a doença tomando os tecidos epidérmi-
cos de forma rápida e progressiva. Durante o processo de anamnese (avaliação sintomá-
tica do indivíduo) foi informado a administração feita pelo tutor no dia anterior de 40mg
de metil-prednisolona, um anti-inflamatório, aplicado através da via subcutânea (sob a
pele). E ainda que o tratamento já estava sendo iniciado por um profissional da área ve-
terinária há aproximadamente quinze dias, o qual fez a recomendação do uso de itraco-
nazol (10mg/kg), administrado por via oral, devido à alta suspeita de esporiotricose.
A princípio é essencial ressaltar que a esporiotricose é uma patologia que tem cura, porém
não é espontânea e requer cuidados por um longo período. As medidas terapêuticas não
são complexas e podem ser aplicadas facilmente, desde que haja condições como o acesso
as respectivas medicações. É notório que o interrompimento antecipado do regime terá-
pico pode resultar no retorno progressivo da doença, o indicado é seguir com o tratamento
até o final sem pausas. Assim, abaixo estão descritas algumas delas em conjunto com a
explicação da sua atuação dentro do organismo:
Iodeto de potássio:
• 5 gotas - duas vezes ao dia, após as refeições, diluídas em suco ou leite. Aumentar 1
gota por dia até atingir 20-25 gotas duas vezes ao dia.
• Não é recomendado o uso puro da substância, pois pode causar lesões estomacais.
Itraconazol:
Térmico:
Terbinafina:
Faz parte das medicações alternativas, em situações de intolerância ou uso de medica-
mentos de contraindicação ou interação moderada/grave com o intraconazol. Esta tam-
bém se caracteriza como mais um antifúngico, pois inibe a ação do esqualeno epoxidase,
a enzima que auxilia na biossíntese (produção de proteínas, lipídios - reserva energética
e participa da composição membranar, ácidos nucleicos – armazenam e transmitem in-
formação genética, etc.) do ergosterol (componente vital da membrana plasmática fún-
gica). Sem a possibilidade de gerar macromoléculas essenciais, o agente fúngico morre.
• 250mg/dia
Anfotericina B:
Dados apontam que em 2005, o Ministério da Saúde possuía na região do Estado do Rio
de Janeiro 434 centros de saúde e unidades básicas para atendimento populacional. Estas
foram capazes, apesar das limitações laboratoriais, de oferecer os primeiros atendimentos
aos portadores de esporiotricose, além de vários atendimentos serem oferecidos pela
IPEC e a Fiocruz. Quando tratamos dos animais infectados, o IBGE informou em 2002,
que havia a existência de onze estabelecimentos de controle de zoonoses e vetores, entre-
tanto a maioria não atua no monitoramento da disseminação dessa patologia e nem seu
tratamento. As organizações que se disponibilizam para isso, são: O Centro de Controle
de Zoonoses, em Santa Cruz e o Instituto Municipal de Medicina Veterinária, situado na
Mangueira. As consultas nesses espaços são totalmente gratuitas, incluindo também o
diagnóstico, recursos terapêuticos e a eutanásia. E em 2004 a Secretaria de Estado e Saúde
promoveu a capacitação de médicos e veterinários para liderarem a construção de melho-
res redes de atendimento, vigilância e controle do agente fúngico ao ampliar o conheci-
mento clínico do patógeno, seu diagnóstico laboratorial, junto com o aperfeiçoamento de
terapias e tratamentos. Porém, há problemas de superlotação, limitação de vagas de aten-
dimento e indisponibilidade de medicamentos. O itraconazol, por exemplo, é um medi-
camento de referência e importância na luta contra o fungo esporiotricóide, mas é de uso
restrito (é retido, geralmente por redes especializadas), e, portanto, inacessível a popula-
ção, principalmente, de baixa renda (tendo o custo de aproximadamente R$156,67 - 15
cápsulas). Assim, acabam sendo feitos muitos processos de eutanásia sem necessidade
(casos em que o animal ainda pode ser salvo), por escassez de recursos. Também ocorre
de os doentes progredirem até estágios muito avançados, já que o tratamento é longo e
nem todos os tutores têm disponibilidade de irem com frequência a esses centros. Certa-
mente há algumas falhas no sistema que precisam ser urgentemente revistas, além das
mencionadas, tais como a ausência de um programa de saúde pública direcionado espe-
cificamente para o Sporothrix. Esta falta impede que mais redes capacitadas sejam incor-
poradas com atendimento, diagnóstico e tratamento especializados, podendo também dei-
xar de impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias, como as vacinas. Outra pro-
blemática é que a diagnose ao ser feita não é registrada, logo não se tem noção se está
havendo um crescimento ou uma redução da circulação do agente patogênico na cidade.
E ainda, os mais afetados que são as pessoas comuns revelam serem bastante leigas no
assunto, o que dificulta o entendimento de aspectos relevantes, como as medidas profilá-
ticas, que colaboram para prevenir as infecções com a doença.
Referências:
Sites da Web:
https://inovaveterinaria.com.br/esporotricose-felina/
https://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/biblioteca-digital/microbiologia/microbiolo-
gia_saude_publica/34-Eporotricose-humana.pdf
https://crmvsp.gov.br/sporothrix-brasiliensis-fungo-descoberto-no-brasil-deixa-saude-publica-em-alerta/
Artigos Acadêmicos:
file:///C:/Users/joylu/Downloads/34074-Texto%20do%20artigo-106947-1-10-20180719%20(2).pdf
https://www.scielo.br/j/cr/a/pqJdGcqxrRhQZYshPyFky5j/
file:///C:/Users/joylu/Downloads/36758-Texto%20do%20artigo-84614-1-10-20170515%20(1).pdf
https://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v27n6/07.pdf
file:///C:/Users/joylu/Downloads/camilamg,+a10v48n3%20(1).pdf
https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/5cTkPfQHPhYcRcTpx4R8M5S/?format=pdf
file:///C:/Users/joylu/Downloads/jof-03-00006.pdf
https://medvep.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Esporotricose-cut%C3%A2neo-disseminada-em-gato-
dom%C3%A9stico-na-cidade-de-Curitiba-PR-%E2%80%93-Relato-de-caso.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/08/1102196/nota-tecnica-09-dve-zoo-2020_esporotricose_v6-alterada-a-pe-
did_CBJA7E3.pdf