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Apicultura em Regiões

de Lavoura
O Manual definitivo para você não perder suas abelhas para
agrotóxicos

Por Prof. Armindo Vieira Júnior


Sumário

Introdução - O Problema dos Defensivos Agrícolas

Capítulo 1: Introdução - O Problema dos Defensivos Agrícolas A Natureza e os


Defensivos Agrícolas

Capítulo 2: Problema dos Defensivos Agrícolas para as Abelhas Capítulo 3: Ações Legais
e Práticas para Preservação das Abelhas Capítulo4:ComoProteger as Abelhas

Capítulo 5: E Se o Agricultor Desobedecer a Notificação?

Conclusão - A Responsabilidade do Apicultor

Fontes - Referências e Links


Capítulo 1 – Introdução

Imagine um jardim florescente, repleto de cores vibrantes e aromas doces. As abelhas zumbem de
flor em flor, desempenhando seu papel vital na polinização. Mas, à sombra dessas flores,
esconde-se uminimigoinvisível e mortal: os Defensivos Agrícolas.

O Problema dos Defensivos Agrícolas

Os Defensivos Agrícolas são como uma espada de dois gumes. Por um lado, eles
ajudam os agricultores a proteger suas colheitas contra pragas e doenças, garantindo a
produção de alimentos. Por outro lado, esses produtos químicos podem ter efeitos
devastadores na natureza se aplicados em quantidades equivocadas ou sem orientação
de um engenheiro agrônomo
em desobediência às determinações dos órgãos públicos responsáveis (como o MAPA
– Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – e o IBAMA - Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
As Abelhas e o Equilíbrio da Natureza

As abelhas, essas pequenas criaturas trabalhadoras, são especialmente vulneráveis aos


Defensivos Agrícolas.

O mundo todo tem plena consciência da importância das abelhas não apenas para a
natereza, mas para a sobrevivência dos seres humanos na terra. Elas são como as
heroínas silenciosas da natureza, polinizando as plantas que nos fornecem alimentos.
Mas os agrotóxicos podem dizimar colônias inteiras, desequilibrando o ecossistema e
afetando a produção de alimentos.

Fala-se constantemente da mortalidade em massa que vem acometendo as abelhas no


mundo todo. Tal fato ainda é cercado de mistérios. Mas uma conclusão já é definifiva: o
uso indiscriminado de agrotóxicos é um dos grandes responsáveis pelo desaparecimento
das abelhas em todos os continentes.

Podemos proibir o uso dos agrotóxicos?

Não restam dúvidas que o uso dos defensivos agrícolas é um mal necessário para a
humanidade.

A utopia de se viver num mundo sem defensivos agrícolas não é plausível nos dias de
hoje. Os defensivos são um dos reponsáveis pela grande produção de alimentos no
mundo, para alimentar a população no planeta que cada vez cresce ainda mais.

Não adianta fechar os olhos para essa realiade: os defensivos agrícolas são
indispensáveis para a humanidade.

Mas como conviver com esse “mal” sem prejudicar a vida natural, sem desequilibrar o
meio ambiente e sem afetar as nossas abelhas?
Aqui está a esperança: não é possível viver completamente sem os defensivos agrícolas,
mas é possível conviver com eles com segurança.

Como?

Através do conhecimento, da responsabilidade e da aplicação de técnicas e métodos


seguros, os quais você vai aprender a partir de agora.

Capítulo 2 - Problema dos Defensivos Agrícolas para as Abelhas

O Colapso de Desordem das Abelhas

A mortandade das abelhas não é apenas umproblema brasileiro;éumacrise global. As abelhas estão
morrendo em números alarmantes, e isso afeta a produção de alimentos, a biodiversidade e o
equilíbrio dos ecossistemas. Além dos problemas relacionados ao uso incorreto dos defensivos
agrícolas, fatores como excesso de melhoramento genético para extrema mansidão, correntes
eletromagnéticas de aparelhos eletroeletrônicos, poluição industrial com o crescente processo de
industrialização, desmatamento acelerado, queimadas, enfim, uma sinergia em comum desses
fatores estão levando a uma pandemia global de redução de populações de abelhas, denominadas
pela
FAO das Nações Unidas de CCD (COLAPSO DE DESORDEM DAS ABELHAS) onde
populações inteiras de abelhas abandonam suas colônias, sem razões esclarecidas.

A ciência ainda não respondeu todas as causas desse mistério. Apenas hipóteses não
levantadas enquanto continuam se reduzindo a população de abelhas em diversas partes
do globo terrestre e, em algumas regiões, dizimando por completo populações inteiras de
insetos de todas as classes e ordens.

Os apicultores brasileiros também estão enfrentando desafios sem precedentes.


Diferente de todas as abelhas do mundo, a nossa abelha Apis Africanizada (que surgiu
de um híbridido originário na década de 1960, aqui no Brasil) vem se demonstrando
altamente resistente a patologias e doenças e vem passando imune a CCD global.
Contudo, nossa abelha vem sofrendo com a aplicação incorreta de defensivos,
principalmente aqueles advindos de contrabando ilegal de produtos advindos de outros
países, que não possuem rastreabilidade de origem ou controle sanitário por parte do
Ministério da Agricultura.

A aplicação do defensivo Agrícola é controlada pelo Ministério da Agricultura e


Abastecimento (MAPA) que determina as quantidades de defensivos, horários de
aplicação, laudos de controle de resíduos e eflúvios, análises dos alimentos produzidos e
a rastreabilidade total da cadeia de alimentos, garantindo assim alimentos confiáveis para
o consumo da população.

Entretanto o contrabando de defensivos vendidos sem nota fiscal, que entram no país
sem controle sanitário e sem rastreabilidade por parte do poder público é crescente.
Como não há rastreabilidade da produção ou da comercialização destes produtos ilegais
advindos de outros países do mundo, uma pequena parcela de agricultores vê utilizando
estes defensivos a revelia, sem o controle ou orientação de profissionais (Engenheiros
agrônomos), sem avaliação de impactos ambientais e morte de fauna e flora existentes.
Esta é uma das princiais causas da mortandade desenfreada das nossas abelhas em
várias partes do país e que devem ser denunciados e combatidos pelos órgãos públicos
(MAPA, IBAMA), pela Polícia Federal e Civil e pelos apicultures: a classe mais importante
dessa cadeia produtiva e que mais sofre os efeitos do uso indiscriminado e ilegal de
defensivos agrícolas.

Convivendo com os Defensivos Agrícolas

Mas nem tudo está perdido. É possível criar abelhas, mesmo na região de lavouras, sem
perdê-las para os defensivos agrícolas. Usando técnicas e métodos específicos,
podemos proteger as abelhas e conviver com os defensivos de maneira segura.

Várias ações podem ser empregadas (e já estão sendo tomadas em várias regiões do
Brasil) para se evitar a mortalidade das abelhas em regiões de grandes lavouras, como
por exemplo:
 Mudança na forma e horário para aplicação dos defensivos Apoximação e
estreitamento na comunicação entre as indústrias e usinas com os apicultores
 Ampliação das área de aplicação de defensivos biológicos no lugar dos defensivos
químicos
 Utilização da apicultura como compensação ambiental a eventuais danos
ambientais

Capítulo 3 – Ações legais e práticas para preservação das abelhas

Instrução Normativa do IBAMA 2, de 09/02/1917

A Instrução Normativa IBAMA - 2, de 09/02/2017 é um marco legal que estabelece as


diretrizes para a preservação das abelhas. no Estado de São Paulo.

Essa normativa estabeleceu diretrizes, requisitos e procedimentos para a avaliação dos


riscos de ingredientes ativos nos defensivos para insetos polinizadores, em especial para
proteção das abelhas.

Experiências de Sucesso no Brasil


No Brasil, existem exemplos inspiradores de como é possível proteger as abelhas.

Um caso famoso é o da usina de cana de açúcar na região de Urupês e Catanduva (no


Estado de São Paulo) que criou ações para evitar a mortandade de abelhas.

Na região noroeste do Estado de São Paulo, apicultores e produtores de cada de açúcar


vem convivendo em paz, com a diminuição considerável da mortandade das abelha e a
preservação dos apiários.

Você pode assistir a uma reportagem sobre essa iniciativa no nosso canal do Youtube:
https://youtu.be/lsGhg3Wq2Jo.
Projeto de Lei para Proteger as Abelhas

Embora ainda não exista uma lei específica em âmbito nacional para salvar as abelhas, a
Escola de Apicultura e a Cia da Abelha redigiram um projeto de lei com essa finalidade.

Neste projeto de lei, definimos a metodologia para evitar a mortandade de abelha através
da normatização das práticas que já vêm sendo aplicados com sucesso em todo o Brasil.

Nossa intensão é LEGALIZAR um método que já foi testado e que vem trazendo bons
resultados, visando proteger as abelhas, resguardar o apicultor e responsabilizar
legalmente os agricultores que não atentarem para os cuidados nos manejos de
pulverização de suas lavouras.

Você pode apoiar esse projeto de lei assinando o abaixo-assinado no site Change.org.

CAPÍTULO 4 – COMO PROTEGER AS ABELHAS

1º PASSO – Fazer o Mapeamento do Apiário

O primeiro passo do apicultor consciente é realizar o mapeamento por satélite do seu


apiário!

Mas o que é isso?


É o MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO do apiário (ou simplesmente mapeamento
por satélite do apiário).

O mapeamento georreferenciado do apiário é feito através do programa GOOGLE


EARTH PRO, muito usado por topógrafos para delimitação de áreas rurais em geral.

Ele permite vc determinar a localização exata do apiário (latitude e longitude do apiário),


determinar o raio de ação das abelhas, calcular a quantidade de pasto apícola disponível
e ainda determinar prováveis fontes de contaminação de águas, lixões, pontos residuais
que possam caracterizar risco de contaminação para o mel.

Quando você fizer o mapeamento do seu apiário você também poderá identificar todas
as lavouras vizinhas que estão no raio de atuação das suas abelhas (até 1,5km em volta
do apiário).

Com essa informação você terá a exata informação sobre quais vizinhos deverão ser
comunicados para evitar a mortandade das suas abelhas por conta de defensivos
agrícolas (você terá mais informações logo adiante).

Para os lavoureiros, canavieiros e pecuaristas o mapeamento determina a localização


exata do apiário onde o avião, a máquina ou outro sistema de aplicação de defensivo não
deve passar. Após a conclusão do mapa o mesmo deve ser impresso em gráfica rápida
em alta resolução em tamanho folha A3.

O mapeamento de satélite não é apenas um documento de ordem legal da existência do


apiário, mas uma ferramenta pelo qual o apicultor consegue obter todas as informações
das áreas onde as colméias estarão instaladas. Quando você realiza o correto
mapeamento apícola da sua área, você poderá descobrir:
1. A quantidade de pasto apícola da sua região; 2. Número de colmeias que seu apiário comporta; 3.
A existência de lavouras dentro do raio da atuaçãodasabelhas;4. A existência de depósitos de lixo
(lixões) próximo doseuapiário;5. A distância segura contra acidentes (de pessoas eanimais);6. A
existência de todos os requisitos para você instalar seu apiário (fontes de água, acesso facilitado,
sombra, direção do sol, etc.); 7. Um local seguro para evitar roubos e furtos.

Ensinamos os nossos alunos da Escola de Apicultura a fazerem o mapeamento de


satélite do antes mesmo da montagem do seu apiário.

Assim, eles terão todas as condições para montar seu apiário com o menor investimento
possível, já sabendo previamente o potencial de produção da sua região e sem ter que
fazer investimentos desnecessários. Para ter acesso ao nosso E-book de MANUAL DE
MAPEAMENTO APÍCOLA,
basta clicar aqui e baixar esse passo a passo gratuitamente. Ademais, esse é um
documento importantíssimo para ser anexado junto com a COMUNICAÇÃO que você fará
no órgão de defesa agropecuária do seu Estado pois ele determina a localização correta do
seu apiário que deverá ser respeitada pelos seus visinhos agricultores, conforme veremos a
seguir.

2º PASSO – Regularizar o Apiário

Regularizar o apiário é um processo que envolve a “comunicação” da existência do


apiário com os órgãos de Defesa Agropecuária do seu Estado, garantindo assim a
existência legal do apiário.

Cada Estado possui seu órgão de Defesa Agropecuária que acolhe a informação,
referenda a existência do apiário e cria a rastreabilidade legal do futuro mel produzido
naquele apiário. A comunicação do apiário estabelece a garantia legal da existência do
apiário e o reconhecimento, por parte do
poder público a existência dele.

Esse procedimento é simples, rápido e não envolve custos para o apicultor. Em alguns
estados inclusive a comunicação pode ser feita de forma on-line.

Cada estado brasileiro regulamentou a forma de fazer a comunicação do apiário e você


poderá entrar em contato com o órgão de defesa agropecuária do seu estado para saber
qual o procedimento correto a ser tomado na sua região.
Ao final deste livro, trazemos um anexo onde você vai conhecer TODOS os órgãos de de
defesa agropecuária do Brasil. Assim, você poderá saber qual é o órgão responsável no
seu Estado e qual a forma de você entrar em contato com ele.

No nosso Canal do Youtube você pode encontrar mais informações sobre como
regularizar o apiário.

Para você se aprofundar nesse assunto, sugerimos assistir ao PodMel n. 18


COMUNICAÇÃO DE APIÁRIO - O que é o como fazer?

3º PASSO – Notificar os seus Vizinhos Produtores Rurais

O próximo passo é fazer uma notificação para todos os seus vizinhos no raio de 1,5 km
do seu apiário (agricultores, lavoureiros, usinas, pecuaristas, etc.).

Lembrando que o raio de atuação das abelhas é 1,5km do apiário (as abelhas voam em
média até mil e quinhentos metros atrás de pólen e néctar). Por isso é importante notificar
TODOS os seus vizinhos que utilizam defensivos agrícolas no raio de atulação das suas
abelhas.
QUANTAS NOTIFICAÇÕES VOCÊ DEVERÁR FAZER?

O número de notificações será o número de vizinhos que você possui dentro do raio de
1,5 km do seu apiário.

Por exemplo, se você tem 3 vizinhos que aplicam defensivos agrícolas nas suas
propriedades rurais em lavouras que estão dentro do raio de atuação das abelhas (1,5
km), então você deverá fazer 3 notificações (uma para cada vizinho).

Se você tiver 20 vizinhos que possuem lavouras dentro do raio de atuação das abelhas
(1,5 km), então você deverá fazer 20 notificações (uma para cada vizinho).

O QUE VOCÊ VAI COMUNICAR PARA SEUS VIZINHOS?

A notificação serve para COMUNICAR os seus vizinhos da existência e da localização do


seu apiário e das responsabilidades que todos têm para zelar pela vida das abelhas.
ATENÇÃO: Essa NÃO é uma comunicação feita apenas verbalmente. Você deverá fazer
um documento escrito para formalizar a sua notificação.

Veja como deverá ser feita a notificação para seus vizinhos:

CONTEÚDO DA NOTIFICAÇÃO

Você deverá redigir um documento com as seguintes informações.  O


comunicando a existência do apiário
 O seu número de registro de produtor rural
 O número de colmeias comunicadas junto ao órgão de defesa agropecurária do seu
estado
 A geolocalização do seu apiário (conforme o Mapeamento Apícola)  A informação
de que, de acordo com a Instrução Normativa IBAMA – 2
de 09/02/2017 (DE PROTEÇÃO AOS POLINIZADORES), é proibida a aplicação de
venenos no ponto onde se localiza o apiário.
 Que todos os notificados (seus vizinhos), quando houver a necessidade de aplicação
de defensivos nas lavouras situadas no raio de 1,5km próximo do apiário, deverão
comunicar o apicultor com antecedência mínima de 96 horas para que você tenha tempo
de realizar todos os manejos de proteção das suas abelhas para que estas não sofram
danos mortais ocasionados pela aplicação do defensivo agrícola.
 O aviso de que o notificante está oficialmente ciente da existência do apiário e que, a
partir da presente data, ele tem responsabilidade legal pela bem estar e pela vida dos
enxames que compõem o referido apiário.  Data e assinatura do Apicultor.
 Ciente (assinatura) do Produtor Rural.

DOCUMENTO EM 2 VIAS

A Notificação deve ser feita em 2 vias.

Uma das vias (assinada por você) ficará com o Produtor Rural.

A segunda via (assinada pelo seu vizinho produtor rural) deverá ficar com você.

Assim você terá um comprovante de que seus vizinhos produtores rurais ESTÃO
CIENTES da existência e da localização do seu apiário, bem como da obrigatoriedade
deles em avisá-lo previamente da aplicação de defensivos.
COMO ABORDAR O SEU VIZINHO?

Lembre-se que apicultura e agricultura não são atividades conflitantes. É perfeitamente


possível a existência de abelhas nas regiões de lavouras. Mas para isso NÃO PODE
HAVER CONFLITOS ENTRE APICULTORES E AGRICULTORES.
Antes de mais nada, lembre-se que a pessoa que você irá notificar é seu vizinho.

Não alimente pensamentos que ele é um inimigo das abelhas. Ele também é um produtor
rural como você e ele também busca ter sucesso na sua atividade.

Aborde seu vizinho com muita tranquilidade, respeito e gentileza!

Informe da importância que todos nós, seres humanos, temos para preservar a natureza.

Informe que ele também pode colaborar com a natureza e o meio ambiente quando ele
ajuda na proteção das abelhas.

Leve um mel de presente para seu vizinho (além de um amigo, você ainda pode
conquistar um cliente).

Avise a ele da importância de documentar a comunicação escrita que você preparou (a


importância dos dois assinarem o documento) pois é uma orientação dos órgãos
ambientais.

E por fim recorde-se: nós apicultores somos diretamente responsáveis pela nossa
relação com a natureza, mas também somos responsáveis pela nossa relação com os
demais seres humanos.

E SE O PRODUTOR NÃO ACEITAR ASSINAR A NOTIFICAÇÃO? Não

existe motivos para conflitos.

O seu vizinho tem todo o direito de se recusar a assinar o documento, mas isso não o
exime da sua responsabilidade pela preservação das abelhas.

Caso isso ocorra, você deverá tomar as medidas legais. Mas tudo é muito simples. Não é
necessário entrar com processos judiciais, nem contratar
advogados.
Se o vizinho produtor rural não aceitar assinar a sua notificação, você deverá seguir
esses passos:
1. Anote o endereço do seu vizinho. Pode ser o endereço da fazenda ou da sua
residência na cidade. O importante é ter um endereço onde a pessoa é localizada.
2. Anote o nome do seu vizinho. De preferência obtenha o nome e sobrenome, pois
assim a sua localização será mais fácil e segura. 3. Vá até um Cartório mais próximo
do endereço do seu vizinho e peça para fazer uma NOTIFICAÇÃO.
4. O cartório vai te cobrar uma taxa para NOTIFICAR o seu vizinho (essa taxa varia
de estado para estado).
5. Após alguns dias, o Cartório vai te entregar a 2ª via assinada do seu documento,
informando que o seu vizinho já está notificado.

Não se preocupe com a localização do produtor rural. O cartório tem os meios legais para
fazer a notificação (inclusive se a pessoa tentar se esconder).

Feito esse procedimento, o produtor passa a ter a responsabilidade de te avisar com


antecedência quando for fazer a aplicação de defensivos. Assim você terá condições de
evitar que suas abelhas sofram qualquer tipo de dano.

4º PASSO: Como proceder quando seus vizinhos forem aplicar os


Defensivos

Após notificados, seus vizinhos deverão comunica-lo com antecedência antes da


aplicação de qualquer tipo de defensivo agrícola.

Você deverá providenciar os utensílios e ferramentas necessários para manter a


segurança das abelhas no momento em que for realizada a aplicação dos defensivos.
O maior mal contra as abelhas acontece quando as campeiras estão no mesmo ambiente
no momento onde são pulverizados os agrotóxicos.

Com o corpo cheio de veneno, as abelhas acabam levando as substâncias tóxicas para a
sua colmeia, comprometendo a vida de todo o enxame.
Tendo ciência do dia certo quando serão aplicados os defensivos agrícolas, o apicultor
deverá se preparar com antecedência para evitar que suas abelhas estejam trabalhando
no campo no momento em que ocorrer a pulverização dos agrotóxicos.

EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS

Para isso o Apicultor deverá prepar os seguites equipamentos:

 Tela de transporte (uma para cada colmeia)


 Tela de escape invertido (uma para cada colmeia)
 Bife proteico (de 200g a 500g por colmeia)
 Parafusos (o suficiente para fixar as telas)
 Parafusadeira elétrica
 Fita de arquear (substitui os parafusos).
MANEJO PARA PROTEÇÃO DAS ABELHAS

Na véspera da aplicação do defensivo, o apicultor deverá fechar as colméias com as


telas correspondentes e garantir que as abelhas estejam presas e reclusas nas colméias
no dia da aplicação do defensivo.

Antes de fechar as colmeias, o apicultor deverá aplicar o bife protéico por sobre os
quadros das colmeias. Essa ação irá reduzir o estresse das abelhas em decorrência do
seu confinamento.

As abelhas deverão ser soltas na mesma noite do dia da aplicação do veneno, ou, no
máximo, no início da manhã do dia seguinte quando elas retomarão as suas atividades e
darão sequência ao seu trabalho natural para produção de mel e polinização do
ambiente.

CAPÍTULO 5: E se o agricultor desobedecer a notificação?

Infelizmente pode acontecer de o agricultor não obedecer à sua notificação e aplicar


agrotóximos sem aviso prévio, o que pode ocasionar a mortandade indiscriminada de
abelhas.

Se isso acontecer e você acabar por perder algum enxame por envenenamento, você
não ficará desamparado. A legislação brasileira garante o seu direito de ser ressrcido.

COLETA DE AMOSTRA DE ABELHAS MORTAS

A primeira ação que você deve fazer nesse caso é coletar amostras das abelhas mortas
que deverão ser enviadas a órgãos competentes para fazer a análise e detecção de
resíduos de veneno.

Os órgãos que poderão te ajudar nesse processo de análise são: ONGs (Ex: COLMÉIA
VIVA, a ONG BEE OR NOT TO BEE, a ONG A.B.E.L.H.A, etc.) Universidades Federais
(UNESP, USP, UFMG ou outra Faculdade da sua região) e órgãos públicos (Defesa
Sanitária da Secretaria de Agricultura).

Com a análise em mãos (confirmando que houve o envenenamento das abelhas) você
terá constituído prova jurídica contra o produtor rural que utilizou dos defensivos de forma
indiscriminada.

É importante efetuar a coleta de amostras de abelhas mortas em até 24 horas após o


fato, para que não ocorra decomposição rápido do corpo do inseto morto, o que pode
dificultar a identificação do principio ativo do defensivo.
CONSTITUIR UM ADVOGADO

O próximo passo é constituir um advogado para ingressar com uma ação de reparação
civil.

A importância de constituir um especialista é fundamental pois buscará a jurisprudência


para o caso nas leis do país, as normativas ambientais internacionais do qual o Brasil é
signatário e o levantamento de valor de indenização que será apresentado junto ao
lavoureiro que não seguiu a comunicação fornecida.

Recordando que a título de indenização, o advogado deverá pleitear: o valor de cada


enxame, o valor do mel contido em cada colmeia (ser for época da safra) e os lucros
sessantes, ou seja, os valores que o apicultor deixou de ganhar com a perda dos seus
enxames.

ACIONAR O LAVOUREIRO OU PECUARISTA

Dependendo da sua relação com o vizinho lavoureiro, você poderá porcurá-lo para tentar
solucionar essa demanda amigavelmente.

Contudo, nossa orientação inicial é que faça todo esse procedimento (mesmo que
amigável) acompanhado de um advogado.

Isso porque a questão a ser tratada é impessoal e exige ações e providências


profissionais. Portanto, o acompanhamento e as orientações de um advogado vão
aulixilar bastante a solucionar essa demanda.

Caso a demanda não seja resolvida amigavelmente, o advogado saberá quais medidas
judiciais serão cabíveis e irá te orientar em todos os passos que você deverá tomar para
que você seja prontamente indenizado.

OUTRAS AÇÕES PARALELAS

Toda a sociedade está muito atenta acerca das questões decorrentes da mortalidade das
abelhas.
Vivemos em um momento em que nossa sociedade já tem consciência da importância de
preservar a vida desse inseto e todos já sabem que a própria vida dos seres humanos
depende da preservação das nossas abelhas.

Por tais motivos a notícia da mortandade de abelhas é amplamente divulgado em todo o


Brasil.

Caso você sofra com esse problema, não se esquive de procurar os meios de
comunicação para que eles divulguem este fato.

Não deixe que uma tragédia desse porte seja tratada como um caso irrelevante! Acione
rádios, redes de televisões e jornais impressos para que eles publiquem informações
sobre o ocorrido. Todos os meios de comunicação estão abertos para noticiar fatos dessa
magnitude.
Você também deverá notificar o MINISTÉRIO PÚBLICO munido de toda a documentação
de registrodo apiário e da notificação que você fez aos seus vizinhos, comprovando que
você tomou todas as medidas de segurança para evitar o extermínio das abelhas (e que
essas medidas de segurança foram simplesmente ignoradas pelo produtor infrator).

O Ministério Público possui procuradorias especializadas em crimes ambientais e,


munido com toda a documentação que orientamos você de providenciar, o responsável
pela tragédia será facilmente identificado e poderá ser indiciado por crimes ambientais.

CONCLUSÃO

ATENÇÃO: é muito importante que você NÃO DESISTA de todas as medidas e


orientações que lhe demos nessa publicação.

Por mais que as ações acima orientadas pareçam difíceis, trabalhosas ou que você ache
que não trará nenhum resultado, NÃO DESISTA DE CUMPRIR NENHUMA DESSAS
ORIENTAÇÕES!

Isso porque o maior responsável pela vida das suas abelhas é VOCÊ APICULTOR!

Se você passar por uma situação dessas, onde você perde suas abelhas em decorrência
do uso indiscriminado de agrotóxicos, AJA! Tome todas as medidas que orientamos para
que os responsáveis sejam localizados e punidos!

Mais importante que o ressarcimento financeiro pelos danos decorrentes da mortandade


das abelhas, é o efeito pedagógico que esta ação trará para toda a sociedade.
Ações contundentes como essas podem salvar milhões de abelhas do extermínio, evitar
a entrada de agrotóxicos ilegais no país e pode ser fundamental para a preservação da
vida em todo o mundo.

Somento assumindo a nossa posição como os maiores responsáveis pela vida das
abelhas é que vamos ter condições de mudar as nossas leis e melhorar a nossa
realidade no planeta.

E não se esqueça que você pode ajudar a tranformar essas medidas em lei!
Basta entrar no site Change.org (ou clique AQUI) e assinar o projeto de lei que
normatiza as ações dos agricultores para proteger os apiários e as abelhas do uso
indiscriminado de defensivos.

As abelhas são vitais para o nosso ecossistema, e protegê-las é uma missão nobre e
essencial. Com conhecimento, determinação e as técnicas e métodos corretos, é
possível criar um ambiente seguro e próspero para as abelhas, mesmo em meio aos
desafios dos defensivos agrícolas.

Fontes

Instrução Normativa IBAMA - 2, de 09/02/2017: Link YouTube - Escola de Apicultura: Link


Projeto de Lei Federal - Proteja as Abelhas do uso de Agrotóxicos:Link

Vídeos e demais Materiais de Referência: [Links para os vídeosmencionadosnos capítulos]

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