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Universidade Federal de Alagoas– UFAL

Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes - ICHCA


Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação- PPGCI

ARQUIVO COMO LUGAR DE GUARDA,MEMÓRIA E


MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO

ALUNA: Priscila Duarte Sanches


ALUNA: Bianca Melo
MACEIÓ-AL
2024
ORIGEM E DEFINIÇÃO DE ARQUIVO
● O homem já registrava suas rotinas com desenhos e símbolos e a medida
que estes registros foram aprimorados, foi imprescindível adotar uma
forma de armazenamento, o que deu origem aos arquivos;
● Palavra arquivo não tem sua origem definida:
○ Antiga Grécia = arché;
○ Archeion, que significa “local de guarda e depósito de documentos”;
○ Origem latina, da palavra archivum.
ARQUIVO
conjunto documental gerado por
uma instituição pública ou privada
no decorrer de suas
funções (Arquivo Nacional, 2005).
ORIGEM E DEFINIÇÃO DE ARQUIVO
● Arquivos eram mantidos centralizados junto com a administração que a produziu, com poucas
exceções de acesso ao público;

○ Grécia Clássica é uma exceção ao proporcionar acesso a alguns privilegiados;

○ A Revolução Francesa (1789) um novo movimento de incorporações em massa de


Arquivos Privados nos depósitos do Estado, os quais passaram a ter designação de
“Archives Nationales” (1789, Decreto de 18 Brumário) e a ter funções de conservação e
manutenção dos documentos oficiais em que passava a assentar o novo regime. A
administração dos documentos de todas as esferas administrativas da máquina
governamental estaria agora dentro de um sistema orgânico de Arquivo;
ORIGEM E DEFINIÇÃO DE ARQUIVO
● Revolução francesa proporcionou:
○ a consciência da responsabilidade do Estado em preservar a documentação antiga, ao
compreender o valor histórico desses e a acessibilidade dos documentos para a
população em geral;
○ A concentração de documentos nos Arquivos Nacional e Departamental, surgidos na
França, foi copiada por outros países que sofreram a invasão napoleônica;
○ A abertura dos Arquivos, com documentos antigos ou de uso não corrente da
administração para o público, devido ao desejo por parte dos povos de consultá-los
para fins, primeiramente, judiciais ou legais. O acesso aos documentos deixa de ser um
favor para ser um direito do cidadão.
○ Os países invadidos pelos franceses sentiram a necessidade de se firmarem enquanto
Estado Nação e encontraram no Arquivo o seu laboratório para a construção da sua
própria história e identidade.
ARQUIVO, GUARDA E MEMÓRIA
● Desde a antiguidade o homem expressa necessidade de conservar a sua própria
“memória”;
● Coube ao Arquivo manter viva a memória em forma de documentos, evitando o
desconhecimento sobre determinada época e/ou civilização;
● Perspectiva de que os Arquivos são apenas espaços de preservação de informações e
símbolos com alguma relevância histórica está mudando aos poucos para a concepção
de Arquivo como lugar de memória, ambientes de reivindicação e/ou construção da
cidadania;
● Arquivo, como uma instituição governamental servindo de arsenal de poder, como
ocorrera na idade moderna com os monarcas absolutistas, começa a ser esquecido para
a concepção de Arquivo como uma instituição científica e cultural;
ARQUIVO, GUARDA E MEMÓRIA
● Os Arquivos, assim como as bibliotecas e os museus, lugares perpetuam a memória,a história
e a identidade ao longo do tempo, surgem da necessidade de sanar as lacunas que a
memória não é capaz de suprir;
● O Arquivo diferencia-se dos demais lugares de memória pelas características de sua
documentação. Arquivo contém os registros em si dos acontecimentos;
● O documento de Arquivo se constitui como fonte primordial de qualquer estudo relacionado à
memória, pois são nesses documentos que contêm as diversas dimensões da realidade
(social, cultural, administrativa, ideológica, econômica e política) em que os objetos passíveis
de estudo estarão relacionados;
● “os documentos de Arquivos espelham a instituição ou o titular produtor, pois os mesmos são
produtos de suas atividades”, percebe-se que os Arquivos são lugares onde guardam não
apenas a memória de um povo, mas suas características intrínsecas como a identidade e
seus discursos;
ARQUIVO, GUARDA E MEMÓRIA
● Os arquivos são fontes materiais que contém informações que sustentam, ocultam ou refutam
esses fragmentos de memória escolhidos e utilizados em discursos que contam a passagem de um
período e de uma sociedade;
● o Arquivo atua como custodiador e disseminador dos vestígios que mantêm uma coletividade e que
permitem a construção e a consolidação de uma memória e identidade social;
● O indivíduo que acessa os arquivos pode, em contato com informações e perspectivas de indivíduos
de outras identidades, usar as informações para escolher se continua, muda ou mistura
características que formam a sua própria identidade. O acesso e a interpretação de diferentes
memórias permitem que os indivíduos escolham características que mais se aproximam de si, para
adotar à sua identidade;
● A recuperação informacional possibilitada pelos arquivos proporciona aos cidadãos o conhecimento
da sua identidade individual e/ou coletiva, mas também de sua cultura e história;
● o Arquivo é um local tanto onde acontece o contato da sociedade com os acontecimentos passados,
como o de local de reivindicação de cidadania.
ARQUIVO, GUARDA E MEMÓRIA
● Memória e identidade para se constituírem não necessitam, obrigatoriamente, da presença
de Arquivos > documentos que corroboram as afirmações oriundas desses que as legitimam>
O acesso aos acervos é de suma importância pois a confirmação, refutação e/ou a
construção de um novo discurso para a memória e identidade depende do contato com os
documentos;
● A busca por Arquivos e as memórias contidas neles continuam integrante do processo
identitário apesar da globalização. Se antes a memória dos arquivos era utilizada
preponderantemente para estar em consonância com a identidade nacional, agora a
memória é procurada para definir sujeitos e/ou grupos em relação ao outro, já que a
globalização tende a homogeneização
ARQUIVO E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
● Novas tecnologias e o aumento da produção significativa de documentos digitais;
● digitalização de acervos = preservação e acesso das informações de documentos antigos;
● ambiente virtual > dados não estáveis. Existe no ciberespaço uma constante movimentação e
interação de dados cuja preservação desses enquanto memória tende a se perder > não há
como garantir que determinadas informações se mantenham disponíveis no decorrer do
tempo nesse ambiente ou nas plataformas cibernéticas;
● Digitalização > mudanças de competências a profissionais que atuam com a informação e do
próprio conceito de Arquivo e Memória;
● sociedade digital > imediato, real e instantâneo. os Arquivos digitais não conterão memórias
de tempo linear > preocupação de como se procederá à preservação desses dados e o
questionamento se essas informações se constituem como memória;
ARQUIVO E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
● A dependência da sociedade digital a dispositivos automáticos para a elaboração e
manutenção de memória se tornou tão intrínseca que os artifícios da memória natural não
respondem mais unilateralmente pela memória de uma sociedade;
● Atenção a questões de efemeridade, instantaneidade e migração de dados para que de fato
os Arquivos cumpram seu papel de proporcionar o acesso adequado à sociedade em que se
insere e assim tornando-o legítimo a sua existência;
Arquivo na
mediação da
informação
O enfoque nos usuários dos equipamentos informacionais (arquivos, bibliotecas,
museus e centros de documentação), dimensiona a mediação da informação, de
forma a contemplar todo o escopo do processo informacional.

Informação arquivística: “Informação gerada pelos processos administrativos e


por eles estruturada de forma a permitir uma recuperação em que o
contexto organizacional desses processos seja o ponto de partida”
(Fonseca, 2005, p. 59).

Nesse processo, a informação ainda não está “completa”, está em fase


“embrionária”; por isto, caracterizada como “protoinformação” por anteceder a
sua relação e apropriação pelos sujeitos (Almeida Júnior, 2007, p. 34).
Se os sistemas de informação atuam
como mediadores materiais, a sua
constituição aponta para uma
mediação humana, que muitas
vezes é esquecida na discussão
sobre as novas tecnologias de
informação e comunicação.

A consumação da protoinformação
em informação só é possível se a
relação do indivíduo com o suporte
documental fornecer-lhe subsídios
capazes de “apropriar” a informação.
A organização documental arquivística pode
apresentar-se como uma ferramenta que
prepara a “protoinformação” no âmbito da
técnica, visando a sua transformação em
uma “informação” no âmbito da relação
profissional arquivista.

Documento Organização Pesquisador/ Apropriação Produção/


(suporte) documental usuário da informação modificação/
alteração de
conhecimento
Mediação implícita: Mediação explícita:
Utilização da “informação-ainda-não-latente” As ações transparecem de forma inconsciente
no âmbito da identificação, seleção, e não controlável (não assentadas em
classificação e processamento informacional. técnicas), chocando-se com o conhecimento
consciente. Para que esse momento ocorra, é
imprescindível a presença do usuário no
espaço informacional – mesmo que não seja
física.
O arquivo carrega uma função “[Os arquivistas tornaram-se]
social de aplicabilidade prática: garantir
construtores muito ativos da
que a informação (protoinformação)
contida em seus conjuntos documentais memória social”
possa contribuir para a sociedade. (Cook, 1998, p. 144).

O arquivo corrente é composto por documentos que são utilizados com frequência e que ainda
estão em tramitação.

O arquivo intermediário é composto por documentos que não são mais utilizados com frequência,
mas que ainda precisam ser mantidos por um período de tempo determinado.

O arquivo permanente é composto por documentos que possuem valor histórico, cultural ou
científico e que precisam ser preservados indefinidamente.
Atuação do arquivista na Competências do arquivista
ação mediadora A noção de competências
A ação mediadora está diretamente infocomunicacionais, neste trabalho,
relacionada à práxis do arquivista e envolve saber lidar criticamente com a
ao seu nível de conscientização, informação em toda a sua extensão
uma vez consciente de sua envolvendo, assim, elementos estéticos,
responsabilidade social o éticos e políticos; saber se comunicar e
profissional terá mais condições de relacionar-se a partir do desenvolvimento
levar a mediação ao alcance das
de aspectos dialógicos, colaborativos e
dimensões ética, estética,
dialógica, política e formativa voltados à alteridade; e saber lidar com as
(Santos; Sousa; Gomes, 2022). tecnologias e seu impacto social,
político e cultural, de forma transversal
e relacionada às demais competências
(Brandão, 2021, p. 27).
Estudo de caso

● Mapear e descrever as
atividades de mediação da
informação indiretas e diretas
desenvolvidas pelos arquivistas
no escritório contábil;
● Identificar os elementos de
ambiência que favorecem o
processo de mediação da
informação contábil;
● Verificar se existe um processo
de interferência dos arquivistas
na tomada de decisão dos
contadores.
● Houve uma observação direta no
ambiente e em seguida a
aplicação de questionário para os
funcionários, incluindo os
arquivistas.
● O agente mediador realiza uma
ação de interferência,
organizando a informação
disponibilizada na instituição,
para subsidiar as atividades a ser
exercida pelo contador.
● O arquivista executa,
principalmente, atividades
indiretas de mediação da
informação.
Elementos de ambivalência
● Percebe-se o papel do
mediador da informação em
interferir na ambiência dos
espaços informacionais.
● O agente mediador desperta os
contadores, por meio das
atividades de mediação direta,
a desenvolverem consultas e
análises documentais em um
espaço adequado, tornando esse
outro ambiente – a sala dos
contadores – mais um espaço
informacional, gerando assim a
aproximação entre o sujeito e a
informação.
● A sala dos contadores não é
dividida por departamentos, o
que permite a comunicação entre
os diferentes usuários.
O formulário
● A maioria dos contadores
afirmaram realizar a consulta dos
arquivos por meio do ambiente
digital.
● Mesmo com esse nível de
autonomia por parte dos
usuários, a consulta a esses
documentos só é possibilitada
a partir da ação indireta de
mediação da informação por
parte do arquivista que realiza
o processo de digitalização das
documentações.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Leitura, mediação e apropriação da informação. In: SANTOS, J. P. dos. (Org.). A leitura como prática
pedagógica na formação do profissional da informação. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2007. p. 33-45.

BRANDÃO, G. da S. A mediação da informação e o papel do mediador: perfil e competências necessárias para uma atuação
consciente. 2021. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 2021.

BRANDÃO, G. da S. A MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA ARQUIVOLOGIA: atuação do arquivista e


competências necessárias. Archeion Online, [S. l.], v. 10, n. Especial, p. 31–48, 2022. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/archeion/article/view/62716. Acesso em: 11 jan. 2024.

COOK, T. Arquivos pessoais e arquivos institucionais: para um entendimento arquivístico comum da formação da memória em
um mundo pós-moderno. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 129-152, 1998.

FERREIRA, L. E.; ALMEIDA JÚNIOR, O. F. A mediação da informação no âmbito da arquivística. Perspectivas em Ciência da
Informação, v. 18, n. 1, p. 158-167, jan./mar. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pci/a/Jbb5tsgLftHypX7bcKkRRmG/.
Acesso em: 11 jan. 2024.

FONSECA, M. O. Arquivologia e Ciência da Informação. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

RAMOS, V. de S.; SANTOS, R. do R.; JESUS, I. P. de. O arquivista como mediador da informação e sua intervenção para a
tomada de decisão: um estudo de caso no escritório de contabilidade CONPOR. Informação@Profissões, [S. l.], v. 9, n. 2, p.
1–19, 2020. DOI: 10.5433/2317-4390.2020v9n2p1. Disponível em:
https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/infoprof/article/view/40262. Acesso em: 11 jan. 2024.

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