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set
1ª edição Museu Nacional dos Coches, Picadeiro Real — Lisboa, Portugal
Disclaimer
A paixão pelos livros é um sentimento quo e a formar as nossas próprias opiniões,
intemporal que transcende culturas e melhorando a capacidade de comunicação,
gerações. É um dos sentimentos mais tornando-nos assim mais eficazes na
enriquecedores e gratificantes que ultrapassa expressão das nossas ideias e emoções.
o tempo e o espaço, permitindo-nos viajar por A literacia, ou seja, a capacidade de ler e
mundos desconhecidos, explorar diferentes compreender textos escritos, desempenha
culturas e viver aventuras diversas. Abrimos as um papel fundamental na educação e
páginas de um livro e vemo-nos imersos em na construção de uma sociedade mais
histórias que nos fazem rir, chorar, refletir e informada, crítica e inclusiva. Ela não só
sonhar, onde cada livro e cada página virada abre as portas para o conhecimento e
é uma porta para um universo único, criado aprendizagem, mas também estimula a
pela mente brilhante de um autor. imaginação e a criatividade. A promoção da
É sabido que a leitura também nos torna literacia em Portugal, e no mundo, é uma
mais conscientes do poder das palavras. missão essencial para garantir que essa
Aprendemos a apreciar a beleza da paixão pela leitura continue a florescer e a
linguagem, a riqueza das metáforas e a enriquecer a vida das pessoas.
profundidade das mensagens. Descobrimos Abra um livro e permita-se apaixonar pela
com a leitura que as palavras de um livro leitura, pois essa é uma paixão que nunca se
têm o poder de nos transformar, individual e apaga, apenas cresce a cada página virada.
coletivamente, e a capacidade de nos fazer
questionar, de nos inspirar.
FICHA TÉCNICA A paixão pela leitura também nos torna
mais críticos e pensadores. Aprendemos
Publicado por a analisar e interpretar informações de Silvia Rodriguez
APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros forma mais eficaz, a questionar o status Diretora Executiva Book 2.0
Book 2.0
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#Book20 #TheFutureofReading
Direcção de Relatório
Silvia Rodriguez, Madalena Madureira
Conteúdos
Equipa APEL em colaboração com Ricardo Farinha
Design Gráfico
BASLR
Fotografia
Sérgio Garcia, Patrícia Fernandes
Edição: Sónia Tomás
ISBN
978-972-9202-54-4
Índice
08 Book 2.0 #TheFutureOfReading 54 De Leitor a Ministro: Qual o desafio?
58 Capítulo II: Reflexões
60 Cerimónia de Encerramento
12 PREFÁCIO — O PODER DE
TRANSFORMAR O NOSSO MUNDO
Promover a leitura
e impulsionar a literacia,
lado a lado com a evolução
e as transformações sociais
consequentes, mantendo
um olhar atento às novas
exigências digitais, à inclusão
e à sustentabilidade —
fundamentais para a
prosperidade do setor.”
— Pedro Sobral
Presidente da APEL
11
O poder
de transformar
o nosso mundo O poder de transformar o nosso mundo reside nas mãos
de cada indivíduo, pois somos todos agentes de mudança, com
o potencial de impactar positiva ou negativamente o mundo ao
nosso redor. Mas o poder de transformação estende-se para
além do indivíduo. Quando unidos em comunidades e sociedades,
somos capazes de criar mudanças significativas e estruturais,
influenciando políticas, leis e normas sociais.
PREFÁCIO
12 13
O poder de transformar
o nosso mundo
Pedro Freitas O Poeta da Cidade, Portugal
21
O Futuro
da Edição
na Era Digital
A ascensão do digital tem vindo a transformar a literatura, com
novas formas de ler e escrever. Desde os Ipads aos Kindles,
dos ebooks aos audiobooks, passando pelas redes sociais e, mais
recentemente, pela inteligência artificial, que tem conquistado
cada vez mais protagonismo na sociedade e também no setor
dos livros. Apesar da força inevitável do digital, é na sua forma
física que os livros têm perdurado na história, enquanto símbolos
tangíveis de grandes ideias e pensamentos. E dificilmente a
intimidade e experiência sensorial da leitura de um livro
impresso conseguirá ser igualada. Assim, o que está em jogo?
Que desafios e oportunidades existem? Como poderão os livros
fazer mais parte das nossas vidas?
CAPÍTULO I
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Livros: Alimento
da Saúde Física e Mental A morte do livro
foi anunciada
muitas vezes e não
Daniel Sampaio Psiquiatra e Autor (Portugal)
vai acontecer.”
João Tordo Autor (Portugal) — Daniel Sampaio
Foi precisamente
a partir desses livros
que arrancámos para
esta aventura que
DOIS LIVROS NA contou que, por volta da
ORIGEM DOS COMMEDIA mesma altura, começou a já tem 23 anos.”
Foi graças ao gosto pela fazer comédia de improviso — Carlos M. Cunha
leitura desde muito novos, no seu país. E que os
e de dois livros, que no ano contadores de histórias e
2000 surge a ideia de criar a construção de narrativas
os Commedia a la Carte presente no teatro e nos
— por onde já passaram livros foram fundamentais
diversos nomes do humor para desenvolver o seu
de improviso. Ricardo Peres interesse e capacidade
embarcou para uma viagem artística, inclusive o seu
nos Estados Unidos e acabou ofício enquanto dramaturgo,
nos clubes de comédia de onde usa a escrita como
improviso. Foi lá que adquiriu principal ferramenta.
dois livros, da autoria de O conceito de fluxo acrítico,
Keith Johnstone e Viola de deixar fluir a criatividade
Spolin, mestres na área, que sem limites para só mais
o levaram a tomar a iniciativa tarde a moldar, é a base dos
de, no regresso a Portugal, espetáculos de improviso
formar os Commedia a que apresentam. Uma
la Carte. Por sua vez, o morada na fronteira entre a
colombiano Gustavo Miranda improvisação e a escrita.
28 29
Amantes de Livros,
São as empresas
mais adaptáveis
tal como Tu
que vão sobreviver,
não necessariamente
MODERAÇÃO Pedro Santos Guerreiro Diretor Executivo da CNN Portugal (Portugal)
as maiores.”
Joachim Kaufmann CEO de Carlsen Publishing (Alemanha)
— Joachim Kaufmann Michael Tamblyn Presidente & CEO da Rakuten Kobo (Canadá)
Falta democratizar
a leitura.”
— Anselmo Crespo
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40 41
Da Pegada
Ecológica à
Diversidade O mundo está a mudar e os livros também. Querem-se os livros
como o mundo: em papel ou digitais, inclusivos, sustentáveis.
A crise das alterações climáticas obriga a que todos os modelos
de negócio sejam repensados tendo em conta esta nova realidade.
A indústria dos livros, naturalmente, não é exceção.
É fulcral que exista um olhar clínico sob toda a cadeia de valor,
numa altura em que a neutralidade carbónica é imperativa.
Há também muitos, pelo planeta, que continuam a não ser
ouvidos. A representatividade é um fator vital para uma sociedade
mais justa e plural e os livros devem estar na linha da frente.
CAPÍTULO II
42 43
17 Objetivos para transformar
o Mundo: Repor a Confiança Sem livros a
sociedade nunca
e Inspirar a Esperança se irá desenvolver
do ponto de vista
educacional. Será
Anselmo Crespo Diretor de novos conteúdos da TVI e CNN Portugal (Portugal)
sempre pobre.”
Maria Neira Diretora de Saúde Pública na Organização Mundial da Saúde (OMS) (Espanha) — Maria Neira
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O Caminho para o NetZero: Qual
Um livro que
não é lido é um
o Impacto de Imprimir Livros?
desperdício.” António Redondo CEO da Navigator (Portugal)
— Rachel Martin
Rachel Martin Diretora Global de Sustentabilidade na Elsevier (Países Baixos)
ENTREVISTA EM
EXCLUSIVO NO BOOK 2.0
No hábito de uma leitura Algumas
regular por vezes um leitor das melhores
não se lembra já do que leu. características
Muitas vezes o que se retém de um livro
é o processo de digestão e
compreensão, e menos a
memória do que se leu.
A verdade é que o livro é o
mais poderoso instrumento
de memória. Por isso,
ameaçar o livro é ameaçar a
sociedade e o seu passado.
AS TENDÊNCIAS
ESTÃO A MUDAR
Ainda que existam sinais
animadores de que os mais
jovens estão a comprar mais
livros em Portugal e que
os dados contrariem a ideia
de que estas gerações se
estão a afastar dos livros,
continua a forçar-se na
leitura, na atualidade, de
vozes relevantes, mas que
não refletem a vida social e
simbólica dos nossos dias.
Como forma de aumentar
os índices de leitura em
Portugal, terá de haver
Precisamos de incentivos. Ninguém começa
romper esse ciclo a ler do nada. Não se gosta
de ópera, de jazz ou de ler de
social na leitura.” um dia para o outro, de forma
— Pedro Adão e Silva súbita e espontânea. Há
sempre uma aprendizagem.
54 55
Fazendo uma analogia
com um brinquedo de
construção de peças, os
leitores podem começar
com as peças maiores,
para miúdos mais
pequenos, e a partir daí
vão maturando a sua
capacidade enquanto
leitores. Construir
mais tarde com peças
cada vez mais finas e Embora os índices de leitura benefícios no estímulo à
pequenas, irá resultar ainda se mantenham baixos, leitura em Portugal, apesar
num edifício mais diverso. as pessoas no geral valorizam de não ser algo decisivo.
— Pedro Adão e Silva simbolicamente a leitura, Complementar e marginal,
mesmo que não a pratiquem pois para muitos é ainda um
muito. O que significa que território desconhecido.
há espaço e caminho a Rejeitando as tendências
explorar. As pessoas não anti-intelectuais e a
rejeitam o livro. Oferecem-se substituição quase radical
muitos livros. O que é preciso pelo digital — e sem
é: incentivar a ler mais. É desvalorizar as capacidades
um desafio para todos — das novas tecnologias — só
destacando-se o papel dos se pode escrever bem se se
pais pois tradicionalmente os ler muito. Também, ler num
leitores tendem a ser filhos equipamento digital não tem a
de leitores. mesma dimensão, sendo algo
Mas existe ainda em mais efémero. Ler a imprensa
Portugal um grande em formato digital não é igual
desfasamento com as a ler um livro impresso, pela
desigualdades na leitura, no experiência táctil que o livro
sentido em que as classes impresso oferece.
mais privilegiadas compram
e leem mais, ao contrário das
mais desfavorecidas, onde RECOMENDAÇÕES
o papel das bibliotecas ▶ O livro como o mais
públicas e itinerantes é sem poderoso instrumento de
dúvida determinante. memória (não a Internet).
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Cerimónia de Encerramento
Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República de Portugal
60 61
62 63
A Educação
como um Portal
para o Potencial Nos seus primórdios, a educação servia o propósito de preparar
os cidadãos para participar na vida pública. Hoje, a missão é
CAPÍTULO III
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Learnability: Temos de nos focar
no propósito da
Vontade de Crescer e Adaptar educação. Temos
verdadeiramente
Ana Daniela Soares Jornalista (Portugal) de escolher o que
Tim Oates Diretor de Grupo de Pesquisa e queremos ensinar.”
Desenvolvimento de Avaliação em Cambridge (Reino Unido) — Tim Oates
Estamos a trabalhar
para criar um espaço de
mediação para leituras
livres dos clássicos.”
— Regina Duarte
O FUTURO DA LEITURA exigem por vezes notas de ▶ Muitas das obras clássicas
ESTÁ GARANTIDO rodapé e requerem alguma exigem ajuda e contexto para
Não se prevê que a ajuda e um certo contexto a compreensão.
humanidade possa funcionar para as ler — o que muitas
sem ler. Há hoje cada vez vezes afasta os leitores ▶ As análises sintáticas podem
mais liberdade dos leitores quando confrontados afastar os alunos dos textos.
em escolher o que querem com alternativas digitais
ler — o que não é verdade nos mais atrativas. ▶ As pessoas têm de ser
regimes ditatoriais. Portugal incentivadas a ler, não podem
tem vindo a melhorar os OPORTUNIDADES PARA ser obrigadas.
índices de alfabetização OS NOVOS LEITORES
e diversidade de autores e As crianças por vezes ▶ Pode criar-se um espaço
de géneros disponíveis no sentem-se enganadas de mediação para leituras
mercado. Mas o esforço de ler quando não tiram prazer ao livres dos clássicos.
não deve ser sofrimento, um lerem um clássico. Muitos
ato punitivo. Mas sim positivo jovens olham para a leitura MAIS INFO PLANO
e motivacional. como “extremamente chata”, NACIONAL DE LEITURA
preferem morrer de tédio ▶ Foi lançado em 2006 como
OS CLÁSSICOS a ler um livro. Porém, uma resposta institucional à
QUE MUDARAM AS forma de incitar à leitura, preocupação com os níveis
ESTRUTURAS DA ÉPOCA é procurar o incentivo. de literacia dos portugueses,
Os livros de leitura tradicional Por exemplo, se os alunos em geral, e, em particular,
clássica são considerados, por nunca ouviram falar de um dos jovens.
muitos, leitura obrigatória. determinado autor clássico, ▶ Ao longo dos anos,
Mas os clássicos são clássicos talvez se deva exclamar implementou um conjunto
precisamente porque “que sorte”, por ainda irem a de medidas destinadas a
continuam a ser lidos. É um tempo de o descobrirem pela desenvolver competências
estatuto que exige essa primeira vez. e hábitos de leitura na Ninguém tem que
repetição. Porém, são o população portuguesa, ler nada. Não se deve
oposto disso na sua génese. com um foco especial na forçar. As pessoas
No sentido em que, para RECOMENDAÇÕES comunidade escolar.
serem clássicos, quando ▶ Deve haver esforço na ▶ Tem como objetivo investir devem gravitar
são lançados têm que ser leitura, mas não sofrimento. no desenvolvimento de para a leitura ou
mais modernos, de rutura novas vertentes, ampliando serem gentilmente
e de coragem, que mude ▶ Os livros clássicos, para o as suas ligações com a
as estruturas da época. serem, começaram por ser educação, cultura, ciência, incentivadas.”
Só depois se tornam num obras de rutura que abalaram tecnologia, ensino superior — António Feijó
clássico. Mas estas obras as estruturas da época. e autoridades locais.
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As escolhas da Geração Futura
Como dizia André Carvalho Ramos Jornalista CNN Portugal (Portugal)
Vergílio Ferreira:
leiam, leiam tudo,
Nuno Lobo Antunes Neuropediatra e Autor (Portugal)
até o que vem no Carlos Neto Professor, Autor e Fundador de “A Torre” (Portugal)
pacote do leite.”
— Nuno Lobo Antunes
Mas se escrevermos
todos sobre o mesmo,
INVISIBILIDADE SOCIAL FEMININA não faz sentido.
Constata-se que, em Portugal, os autores masculinos conseguem Um desacordo que
até é saudável.”
ser publicados mais cedo, obter vendas mais significativas
— Sara Figueiredo Costa
e ter mais visibilidade ao longo do percurso, embora os
editores recebam mais obras originais de autoras femininas.
Desigualdades de género que se mantêm na sociedade
portuguesa, onde existem diversos obstáculos — como a falta de
temas sobretudo sobre mulheres. Será importante ter em atenção
a diversidade na altura da escolha sobre que livros se deve
escrever. No entanto as mulheres têm um caminho mais aberto
para explorar o seu ofício, sem o peso do cânone — contra a
invisibilidade social.
A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO
O panorama atual da leitura já não se centra em textos maiores
e mais demorados como antigamente. Os meios têm que ser
adaptados aos novos hábitos de consumo, não na lógica de
encurtar a mensagem, mas sim através da crítica e da reflexão
— permitindo desenvolver interpretações diversas para o mesmo
texto. Apesar da popularidade de fenómenos como a literatura no
TikTok, dificilmente a curta duração dos vídeos permitirá uma
verdadeira reflexão.
OS LIVROS EM 2ª MÃO
O mercado do livro usado e dos livros em segunda mão já atinge
17% do mercado livreiro em Portugal, o que representa um
número significativo. É considerado um mercado importante do É sem dúvida um
mercado importante
ponto de vista ambiental, tendo em conta a lógica de economia
do ponto de vista
circular, onde as livrarias (que tanto vendem novidades como
ambiental.”
usados) podem ser uma boa solução. — Carlos Maria Bobone
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Compromissos
para o Futuro
Até haver um compromisso nas palavras, o percurso não se
iniciou. A verdadeira mudança começa com a busca incansável
de um objetivo — um compromisso com a excelência.
Mas um compromisso obriga a ter determinação. E determinação
requer confiança. E a confiança encontra sempre uma forma
de resolver os problemas, de ultrapassar barreiras, de seguir
em frente.
SUMÁRIO
86 87
Imaginar o Futuro:
Defender as livrarias
é defender a
O Poder da Mudança
diversidade editorial.” Paulo Oliveira CEO Livraria Bertrand (Portugal)
— Paulo Oliveira
Núria Cabutí CEO Penguin Random House Grupo Editorial (Espanha)
Os livros podem Javier Arrevola CEO Casa del Libro (Espanha)
curar, podem ser
o refúgio para as
pessoas se sentirem
acompanhadas.”
— Núria Cabutí
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Cerimónia de Encerramento
Diogo Moura Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (Portugal)
SEJA QUAL FOR O língua, estrato social, idade, sua pegada no aumento
CONTEÚDO, O FORMATO, sexo, etnia, religião, grau de da literacia, no incentivo à
NÃO VIVEMOS SEM OS escolaridade, orientação leitura e no mais importante:
LIVROS sexual, ou necessidades o impacto positivo para o
A cultura continua a ser a específicas de qualquer desenvolvimento social e
garantia para uma cidadania tipo — encontram lugar nas humano destas comunidades
plena e participativa que bibliotecas, de acesso livre. da nossa cidade. Uma missão
estimula a consciência crítica da cidade de Lisboa. Um
de cada um e que permite a MAS MAIS DO QUE trabalho conjunto com a APEL.
criação de uma comunidade, PALAVRAS E POLÍTICAS É precisamente nos
cidade, país, etc., mais HÁ AÇÃO momentos em que se
diversa, rica e sustentável. Como criar hábitos de leitura? discutem as incertezas do
Para isso é importante Como provocar leitores? futuro, das ilusões de um
manter o acesso de todos à Começando nos mais novos futuro radicalmente novo,
fruição cultural. De todos. Em e criando mecanismos de que o livro mais importa.
Lisboa a importância dada à apoio à leitura. A aposta É o livro, guardião vivo do
biblioteca reflete a estratégia na rede de bibliotecas conhecimento que é o
desenhada nos objetivos de escolares é complementada garante da liberdade, da
acesso à cultura da cidade. por uma abordagem de criatividade, do futuro. Para
A rede municipal de 18 temas atuais — como a autonomia de pensamento.
bibliotecas — a maior do país por exemplo o bullying E em Lisboa o livro é parte do
— trabalha numa lógica de ou a obesidade infantil — seu alicerce.
articulação descentralizada retratados em livros, levada à
e de proximidade com as comunidade escolar através
comunidades locais, em de ações por via de outras SABIA QUE?
programas de leitura e manifestações artísticas Lisboa irá participar como
de literacia, diversidade e como a dança, a música ou cidade convidada e de honra
inclusão, desenvolvimento a simples leitura por uma na próxima edição da Feira
da sensibilidade artística, da personagem conhecida com Internacional do Livro em
literacia digital, gamificação, a qual os jovens e crianças Buenos Aires em 2024. Uma
sustentabilidade ambiental, e se identificam. O acesso das cinco maiores feiras
da preservação do património ao livro faz-se através de do livro do mundo, além O melhor e maior
cultural. Uma rede que está estratégias, especialmente de um importante evento compromisso
a ser alargada e reforçada, quando em territórios cultural e editorial da América
por forma a descentralizar difíceis, com realidades Latina. A Feira é organizada de liberdade que
geograficamente o muito próprias, e onde os pela Fundación El Libro, podemos fazer é
conhecimento e aproximar sonhos parecem desvanecer. uma organização sem fins o compromisso
ainda mais o livro das E aí é onde a esperança lucrativos da Sociedade da leitura. Por nós
dinâmicas de bairro, vem também através de Argentina de Escritores
criando comunidades de uma história narrada. Um (SADE), realizada desde 1975, e e pelos outros.”
novos leitores. Todos — trabalho diário, por vezes que atrai todos os anos cerca — Diogo Moura
independentemente da invisível, mas que deixa a de um milhão de visitantes.
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Resumo HÁBITOS E PRAZER
PELA LEITURA
▶ Inovação das editoras em
captar o prazer pela leitura,
com livros e atividades
pelas cidades — por
exemplo as leituras públicas
apresentadas por autores
▶ Maior ligação e oportunidade
de expansão entre o mundo
digital e o mercado editorial.
das Principais
com início aos 6 meses para criar proximidade com ▶ Incentivar a leitura através
de idade e em especial na os leitores, muito habitual no de formatos e plataformas
adolescência, alinhadas com Reino Unido e nos Estados digitais (onde o leitor já lá
os gostos de cada um. Unidos da América. está e é acessível em todas as
partes do mundo) mas não
Recomendações
▶ Ler livros em papel para ▶ Maior apoio das editoras transformar tudo em digital,
uma melhor retenção de na promoção de livros com um modelo híbrido eficiente.
informação e maiores níveis campanhas dirigidas às
de compreensão. gerações mais novas. ▶ As empresas das
plataformas digitais poderão
▶ Não se deve obrigar a ler, ▶ Criação de uma publicação ajustar os algoritmos com o
apresentadas
porque pode ter o efeito gratuita com espaço para a propósito de melhor captar
contrário. crítica literária independente. a atenção e foco dos leitores.
no Book 2.0
permanente adaptação à forma de inspirar os que
▶ Permitir que as crianças realidade em constante ainda não leem ou não têm
e jovens escolham as suas mudança — em especial à um hábito regular.
leituras de uma lista de inteligência artificial — com
sugestões apresentada pelos espaço para a experimentação ▶ O digital como oportunidade
professores e pais. das ferramentas disponíveis para acesso à cultura e ao
para uma melhor adaptação conhecimento para todos os
▶ Promover pontos de leitura aos novos desafios. estratos sociais.
RESUMO
96 97
POLÍTICAS PÚBLICAS ▶ O livro como o mais ▶ Incentivos à leitura com
▶ Repensar as políticas poderoso instrumento de especial atenção às classes
públicas para encontrar memória (não a Internet). mais desfavorecidas.
novas formas de aumentar a
leitura e torná-la acessível a SUSTENTABILIDADE ▶ Oportunidade de maior
todos, como o cheque-livro e DO PLANETA liberdade de expressão
o IVA zero para todos os livros. ▶ As empresas têm de agir por e representatividade em
si próprias para serem mais Portugal de escritoras
▶ Importância de definir a sustentáveis e não esperar femininas, sobretudo jovens.
regulação do setor no digital pelas políticas públicas.
numa perspetiva ética e de ▶ Inclusão de todos os
cuidado com a privacidade. ▶ Estudo da pegada escritores — especialmente
carbónica de toda a cadeia mulheres e jovens — no meio
▶ Sensibilização dos de valor da indústria do livro e eventos literários.
decisores políticos e das em Portugal e comparação
instituições para agilizar as com os restantes mercados. ▶ A escrita e a leitura não
regras do mercado do setor existem só nos livros, também
cultural para não deixar cair ▶ Sensibilização para podem ser performativas.
a profissão do escritor. a redução da pegada
carbónica onde todos têm ▶ Repensar as mensagens
▶ Rendimento incondicional um papel a desempenhar, escritas nas redes sociais como
básico para os artistas. com incentivo à reciclagem novos formatos de cartas.
dos dispositivos eletrónicos.
▶ Incentivo a recuar nas ▶ Há ainda muitos poetas
medidas de manuais digitais ▶ Repensar o processo por potenciar em Portugal
nas escolas para melhores de reciclagem das na utilização da poesia mais
competências básicas. devoluções de livros para convencional.
reduzir o desperdício.
▶ Importante incentivar a ▶ O livro como ferramenta de
leitura para aumentar os ▶ Apostar mais nos livros melhor compreensão do outro.
níveis de literacia em Portugal. em segunda mão para a ▶ Há um caminho a percorrer ▶ Leituras em sala de aula, ▶ A sociedade democrática
sustentabilidade ambiental. NOVOS MODELOS nos modelos de educação acompanhadas de uma é uma construção de
▶ O livro contribui DE APRENDIZAGEM para melhor preparar os reflexão sobre o que se leu, todos os dias.
como solução para a O CAMINHO ▶ A escola tem de ser jovens portugueses em que especialmente nas obras
democratização dos países PARA A INCLUSÃO realmente útil e de interesse o modelo não pode ser igual clássicas que requerem maior ▶ Desigualdades no
em desenvolvimento E A DIVERSIDADE para os alunos, criando a para todos, e onde cada foco de atenção ao contexto. acesso ao livro — quer
enquanto fonte de ▶ Formar uma força de vontade de aprender e uma um requer necessidades a nível territorial quer
conhecimento e expansão trabalho mais inclusiva e sensação de voluntarismo diferentes. ▶ Escolha de livros nas socioeconómico — que
das sociedades. diversa no setor editorial, o que e liberdade. escolas ajustados à realidade delimitam os hábitos de
também trará novos leitores. ▶ A tecnologia pode ser uma de hoje. leitura dos portugueses.
BENEFÍCIOS ▶ É preciso gerar maior oportunidade no papel do
PARA A SAÚDE ▶ Estudo e dados para avaliar concorrência e inovação tutor pessoal complementado ▶ Criação de clubes de leitura ▶ O futuro digital irá
▶ Ler promove uma melhor a diversidade da indústria a no ensino em Portugal com o professor. nas escolas com os professores. desencadear mutações
saúde física e mental mas vários níveis em Portugal. para aumentar a qualidade culturais — com as devidas
deverá apostar-se nas classes do ensino. ▶ As análises sintáticas podem APELOS imprevisibilidades —
mais desfavorecidas com ▶ Sensibilizar para colmatar afastar os alunos dos textos. PARA PORTUGAL abrindo espaço para a
maior tempo dedicado a ecrãs. a autocensura e estratégias ▶ É fundamental que existam Pelo Presidente da leitura e atraindo novos
para banir alguns livros no bons manuais escolares, e isso ▶ Escolas mais participativas e República de Portugal leitores.
▶ Incentivar a leitura não mercado. é positivo para as editoras. não fechadas sobre si mesmas. ▶ Constrangimentos do
como obrigação, mas como sector da edição — dos livros ▶ Tolerância e pluralismo
ferramenta de combate para ▶ As editoras deverão publicar ▶ Repensar a educação em ▶ Dar mais tempo às crianças ou da comunicação social — como valores essenciais
a saúde mental e prevenção livros independentemente de Portugal para todos os níveis para brincar e reduzir a e o poder concentrado nas para a sociedade e para
de doenças. se gostar, ou não, do conteúdo. de rendimento do país. agenda com tempo para ler. mãos de muito poucos. a democracia.
98 99
Momentos Sociais
O tempo passa, as coisas mudam,
mas as memórias ficarão sempre onde
elas estão, no coração.
100 101
102 103
104 105
Palavras
que perduram
Palavras, as formas que transportam
pensamentos, emoções e ideias em
tempo real, transcendendo o tempo
e o espaço. As palavras têm o poder
de iluminar, inspirar e despertar. Detém
o potencial para moldar o nosso mundo
e deixar um legado duradouro.
106 107
Linhas de reflexão
sobre o melhor
que os livros nos
trazem e como
podem prosperar
REFLEXÕES
108 109
Parceiros
Um especial agradecimento
aos parceiros da primeira
edição do Book 2.0.
Media Partners
No âmbito de
110 111
Governança
112 113
Está na hora
de virar a página,
e o primeiro passo
está dado.
115
Book.apel.pt