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Questão de aula 4

Gramática – Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

Nome ________________________________ N.o _____ 11.o _______ Data ___ / __ /______

Avaliação ____________________ E. de Educação ____________ Professor _______________

Lê o texto.

D. Madalena e seus dois maridos


Quando Polifemo, o ciclope, pergunta o nome a Ulisses, a resposta é famosa: «Ninguém». Garrett,
que em Frei Luís de Sousa faz entrar em cena um peregrino, tal como Ulisses se faz passar por
mendigo para eliminar os pretendentes da esposa, tinha isso presente, podemos apostar.
D. Madalena, a mulher de presságios e visões, que, apesar de ter conseguido casar em segundas
5 núpcias com o homem, Manuel de Sousa Coutinho, por quem se apaixonara à primeira vista, vive
amargurada por ter caído de amores antes de saber que o marido, D. João de Portugal, morria no
campo de batalha de Alcácer-Quibir.
D. Madalena enganou-se ou quis enganar-se, tal como o público espera iludir-se com a arte do
palco, e os amadores com as coisas amadas. Quando o Romeiro entra em cena, toda a gente sabe,
10 apesar da dúvida, quem ele é. Senão, para quê perguntar?
Se Frei Luís de Sousa fosse uma comédia novecentista, a peça a) seria sobre a D. Madalena e seus b)
dois maridos, e uma das cenas-chave, por exemplo, seria o quiproquó em que D. João, escutando
D. Madalena, atrás da porta, a chamar o novo esposo, pensa que ela chama por si, João, quando na
verdade chama por Manuel. (Às vezes, basta tirar os nomes de família para mudar de género teatral.)
15 Garrett, porém, já tinha feito isso em Um Auto de Gil Vicente e o seu projeto era agora inventar a
tragédia portuguesa. Reinventa, pelo menos o fatalismo.
Em termos poéticos, D. João morreu três vezes: uma quando a fiel esposa deixa de ser tão fiel;
outra, imediata, quando se julga que cai em Marrocos; e uma terceira quando, regressado a casa vinte
anos depois, conclui que é melhor fingir-se de morto. Morto, mas vivo, claro. E não é só ele: todos
20 estão mortos nesta peça, cujos tons fúnebres não deixam margem para dúvidas. Manuel de Sousa
Coutinho, que vai assumindo o papel de D. João, primeiro ocupando o coração de D. Madalena, depois
o heroísmo, depois a casa, parece morrer aos poucos para renascer como uma figura mista, com
propriedades e características de D. João. No final da peça, o escapulário que assume, mudando até
de nome, equivale às vestes do romeiro. Um e outro, na verdade, não são ninguém. É a sujeição aos
25 fados.
Jorge Louraço Figueira, «D. Madalena e seus dois maridos», in https://www.publico.pt
(texto com supressões, consultado em 28/12/2021).

1. Indica a modalidade e o valor modal expressos nas expressões seguintes. 60 pts.

a) «podemos apostar» (linha 3) ___________________________________________________


b) «D. Madalena enganou-se» (linha 8) _____________________________________________
c) «a peça seria sobre a D. Madalena e seus dois maridos» (linhas 11-12) ___________________

2. Identifica os processos de referenciação anafórica assegurados pelos elementos sublinhados. 40 pts.

a) _______________________________ b) ________________________________

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3. A palavra «novecentista» em «Se Frei Luís de Sousa fosse uma comédia novecentista» (linha 11) 20 pts.

não exemplifica o mesmo processo de formação da palavra sublinhada em

A. Frei Luís de Sousa é uma obra que não apresenta uma sociedade elitista.
B. podemos também considerar Almeida Garrett um contista.
C. a linguagem da obra de Garrett é vista pelos críticos como purista.
D. Frei Luís de Sousa nunca poderia ser adaptado a teatro de revista.

4. Todas as orações seguintes são subordinadas adjetivas relativas, exceto a oração 20 pts.

A. «que em Frei Luís de Sousa faz entrar em cena um peregrino» (linha 2).
B. «que é melhor fingir-se de morto» (linha 19).
C. «cujos tons fúnebres não deixam margem para dúvidas» (linha 20).
D. «que vai assumindo o papel de D. João» (linha 21).

5. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões seguintes: 60 pts.

a) «da esposa» (linha 3);


_________________________________________________________________________
b) «quem ele é» (linha 10);
_________________________________________________________________________
c) «inventar a tragédia portuguesa» (linhas 15 e 16).
_________________________________________________________________________

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