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AAE - Análise de Árvore de Eventos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................1

2. METODOLOGIA...........................................................................................................1

3. EXEMPLO 1...................................................................................................................3

4. CÁLCULO DA ÁRVORE..............................................................................................5

5. EXEMPLO 2...................................................................................................................6

6. CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................................7

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................8

1. INTRODUÇÃO
A Análise de Árvore de Eventos – AAE (Event Tree Analysis – ETA) é uma
técnica para a análise das conseqüências (tipologias acidentais) de um evento indesejado,
gerado devido à ocorrência de falhas em equipamentos, de problemas num determinado
sistema ou devido a erros operacionais durante a realização de uma determinada atividade.

As árvores de eventos descrevem a seqüência temporal dos fatos que se


desenvolvem para que um acidente ocorra, definindo quais são as possíveis conseqüências
geradas pelo mesmo, estabelecendo portanto uma série de relações entre o evento inicial e
os eventos subseqüentes (interferências), os quais, combinados, resultam nas
conseqüências do acidente. Estas relações são estabelecidas através das interferências do
homem (operador) com o sistema em estudo ou dos sistemas de segurança previstos na
planta em análise, ou ainda, em situações que possam gerar diferentes tipos de danos, de
acordo com a forma em que ocorra o evento.

A AAE pode ser utilizada na fase de projeto de uma determinada instalação para a
avaliação das possíveis conseqüências de um potencial acidente (aplicação pós-incidente),
durante a fase de operação para avaliação da eficiência dos sistemas de segurança em
utilização, ou para a averiguação da necessidade de implantação de outros dispositivos
visando aumentar o grau de segurança da mesma (aplicação pré-incidente).

2. METODOLOGIA

Sendo a AAE uma técnica para a identificação de uma seqüência de eventos a partir
de um evento inicial que poderá resultar em efeitos variados, podemos dizer que para a
elaboração da árvore quatro estágios devem ser desenvolvidos, conforme segue:

 Identificação do evento inicial:

A seleção do evento inicial é talvez a parte mais importante do estudo, uma vez que
a partir dele será desenvolvida toda a árvore.

Deve ficar claro que a árvore de eventos não deve ser desenvolvida isoladamente,
isto é, a técnica deve ser um dos elementos que compõem um estudo maior de análise e
avaliação de riscos, uma vez que a mesma utiliza dados de entrada de outras etapas do
estudo e produz como resultados informações que deverão ser analisadas posteriormente.
Desta forma, a escolha do evento inicial poderá ser proveniente de outras etapas já
desenvolvidas, como a análise histórica de acidentes e a análise de árvore de falhas, entre
outras.

O evento inicial poderá ser uma falha de um determinado equipamento, um erro


operacional, um distúrbio qualquer do sistema em análise ou mesmo um evento indesejado
mais grave, como por exemplo vazamento ou explosão.

 Identificação de interferências:

As interferências aqui mencionadas podem ser funções de segurança (mais usadas


na análise pré-incidente) ou fatores promotores de perigos (mais usados na análise pós-
incidente).

Funções de segurança podem ser de vários tipos, a maioria das quais caracterizadas
por sucesso ou falha sob demanda. São exemplos sistemas automáticos de segurança,
alarmes para alertar operadores, barreiras ou contenções para limitar os efeitos de um
acidente.

Fatores promotores de perigos podem incluir ignição ou ausência de ignição do


produto vazado, produto vazado contido num dique ou não, condições meteorológicas
entre outros.

Cabe lembrar que as interferências devem estar na ordem cronológica de existência.

 Construção da árvore:

A árvore de eventos apresenta o desenvolvimento seqüencial de um evento a partir


do evento inicial escolhido, prevendo situações de sucesso ou falha, de acordo com as
interferências previstas, até a conclusão da mesma com a determinação das possíveis
conseqüências.

Desta forma, o próximo passo na construção da árvore de eventos, após a escolha


do evento inicial, é definir quais são as interferências que poderão atuar no evento a ser
estudado, devendo a árvore ser construída da seguinte forma:

 o evento inicial é registrado ao lado esquerdo da página;


 as interferências são registradas no topo da página em ordem cronológica;

 traça-se uma linha partindo do evento inicial até a altura da primeira


interferência. Neste ponto da intersecção podem ocorrer sempre duas
sistuações: sucesso ou falha;

 caso o curso do acidente seja afetado pela interferência, será introduzida uma
ramificação, sendo o ramo de sucesso ascendente e o de falha descendente;

 caso o curso do acidente não seja afetado pela interferência, a linha


prosseguirá até a próxima interferência e assim por diante.

 Descrição das conseqüências:

O último passo no desenvolvimento da árvore é a descrição das conseqüências,


representando assim uma variedade de saídas resultantes do evento inicial.

Uma ou mais conseqüências (saídas) resultantes da árvore poderão representar a


paralisação da atividade em estudo de maneira segura e o seu retorno a operação normal,
enquanto outras descreverão diferentes tipos de danos. Desta forma, durante a elaboração
da árvore, é importante uma análise detalhada das situações de sucesso ou falha para que
as descrições das conseqüências sejam as mais precisas possíveis.

3. EXEMPLO 1

A Figura 1 mostra um reator de um determinado processo é permanentemente


resfriado pela circulação de água, sendo monitorado por dois sensores de temperatura. O
sensor S1 dispara um alarme sonoro para avisar o operador quando o reator atinge a
temperatura T1. Já o sensor S2 paralisa automaticamente a reação quando for atingida a
temperatura T2 (T2 > T1).
Água
V S2

S1 Alarme
Matéria-prima
V
V Produto
Reator

Figura 1 – Reator de Processo Industrial

Analisando o exemplo proposto podemos definir como evento inicial “Perda de


água de resfriamento no reator”. A partir daí devemos desenvolver a árvore de eventos,
observando a operação do sistema para que possamos então descrever as possíveis
conseqüências.

Desta forma podemos observar as seguintes interferências (funções de segurança)


no sistema:

 alarme alerta o operador à temperatura T1;

 operador restabelece o fluxo de água para o reator;

 o sistema automático paralisa a reação à temperatura T2.

Definidas estas interferências, podemos construir a árvore de eventos conforme Figura 2.


Alarme alerta o Operador Sistema automático
operador na restabelece fluxo de paralisa reação na
temperatura T1 ? água no reator ? temperatura T2 ?

Retorno normal
da operação

Processo paralisado
com provável
Perda de água de
ciência do operador
resfriamento no
reator Reação
descontrolada com
provável ciência do
Sim operador
Reação
Não descontrolada sem
ciência do operador
Figura 2 – Árvore de Eventos – Exemplo 1
4. CÁLCULO DA ÁRVORE
A AAE, conforme já mencionado, é um importante instrumento para a avaliação do
desdobramento de um evento indesejado durante a operação de um determinado sistema ou
durante a realização de uma determinada atividade industrial, de modo que as possíveis
conseqüências geradas pelo evento em estudo possam ser posteriormente analisadas.

Outro importante subsídio fornecido pela técnica diz respeito a sua quantificação
para a determinação das freqüências de ocorrência das conseqüências determinadas pela
árvore, a partir do evento inicial.

Deve-se ressaltar que como em cada ramificação da árvore existem sempre duas
possibilidades, ou seja, sucesso ou falha, as probabilidades de cada ramo são sempre
complementares, isto é, somarão 1.0 (100%).

Outro aspecto a ser lembrado, o qual diz respeito ao cálculo da freqüência de uma
determinada conseqüência (evento final) a partir das probabilidades relativas aos ramos de
um percurso da árvore, é que as probabilidades dos ramos representam intersecções dos
eventos, uma vez que o evento posterior ocorrerá dado que o primeiro ocorreu. Assim
sendo, para a determinação da freqüência de ocorrência de um evento final, deve-se
realizar o produto de todas as probabilidades dos ramos percorridos.

A freqüência do evento inicial e as probabilidades das interferências podem ser


obtidas de dados históricos, dados de confiabilidade de equipamentos, dados de
confiabilidade humana e uso da opinião de experts.

A expressão que segue representa a forma para o cálculo da freqüência de


ocorrência de um evento final (Fi) a partir de um evento inicial (E).

Fi = E. . P(Ri)

Onde:
Fi = freqüência de ocorrência do evento final;

E = freqüência de ocorrência do evento inicial;

. P(Ri) = produto das probabilidades dos pontos de ramificação no percurso do


evento inicial até o evento final.
P(R2)
P(R1)
P(R1)
E

P(R1)

Assim:

F1 = E. P(R1). P(R2)

F2 = E. P(R1).P(R2)

F3 = E.P(R1)

A título de conferência dos cálculos:

E= F1 + F2 +F3

5. EXEMPLO 2

No estudo de análise de riscos de um duto destinado ao transporte de GLP – Gás


Liquefeito de Petróleo, uma das hipóteses acidentais identificadas foi “Vazamento de GLP
devido à ocorrência de furo no duto”. Aplicando-se a técnica AAE, conforme apresentado
na seqüência foi possível determinar as diferentes tipologias acidentais, bem como calcular
as respectivas freqüências de ocorrências desses eventos.

A Figura 3 apresenta a Árvore de Eventos elaborada para este exemplo.

Ignição Ignição Condição


imediata ? retardada ? para explodir ?
0,30
Jet Fire
Vazamento de 7,50 x 10-5 /ano
GLP por furo 0,20
no duto VCE
5,25 x 10-6 /ano
2,5 x 10-4/ano 0,15

Sim 0,70 0,80


Flash Fire
Não 2,10 x 10-5 /ano
0,85
Dispersão
1,49 x 10-4 /ano
Figura 3 – Árvore de Eventos – Exemplo 2

6. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A árvore de eventos é uma forma alterada das árvores de decisão tradicionalmente


utilizadas em aplicações gerenciais de administração.

As árvores de eventos conduzem a caminhos bastante precisos entre o evento inical


e os eventos finais, analisando as diversas interferências ou contribuições existentes ao
longo dos diversos percursos, propiciando assim condições bastante detalhadas para a
realização de avaliações quantitativas.

Nos estudos de análise e avaliação de riscos as árvores de eventos são normalmente


utilizadas para a quantificação das freqüências de ocorrências de diferentes conseqüências
possíveis de ocorrer a partir dos eventos iniciais considerados como mais significativos.

Já, na rotina de operações de uma planta industrial, é bastante comum o emprego de


árvores de eventos qualitativas para análise de possíveis situações inseguras, durante a
realização de atividades pré-determinadas, visando periódicas revisões e atualizações, tanto
dos procedimentos operacionais, como do funcionamento dos sistemas de segurança.

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
 AWAZU, L. A. et al. Análise de Árvore de Eventos, CETESB, São Paulo, 1987.

 AIChE/CCPS. Guidelines for Hazard Evaluation Procedures. The Center for


Chemical Safety of the American Institute of Chemical Engineers, New
York, 1985.

 SERPA, R. R. Análise de Árvores de Eventos. Apostila do Curso “Introdução à


Análise de Riscos”, CETESB, São Paulo, 1997.

 AIChe/CCPS. Guidelines for Chemical Process Quantitative Risk Analysis. The


Center for Chemical Safety of the American Institute of Chemical
Engineers, New York, 2000.

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