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Conversão Eletromecânica de Energia

Máquinas de Corrente Contínua

1. Introdução
✓ As máquinas de corrente contínua são muito versáteis em
função das diferentes possibilidades de conexão: shunt, série,
excitação independente.
✓ Os diferentes tipos de conexão possibilitam a obtenção de
máquinas CC de diferentes características, o que, associado à
facilidade de controle, faz com que encontrem aplicação onde
se deseja ampla faixa de variação de velocidade e/ou
conjugado (torque).
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2. Objetivos:

Em relação aos fundamentos de máquinas CC:

✓ Compreender como a tensão induzida é produzida em uma espira simples


em rotação.
✓ Compreender como as faces polares curvas contribuem para um fluxo
constante e, consequentemente, para tensões de saída mais constantes .
✓ Compreender e ser capaz de utilizar a equação da tensão e do conjugado
em uma máquina CC.
✓ Compreender a comutação e os problemas de comutação em máquinas
CC, efeito da reação de armadura.
✓ Compreender o diagrama de fluxo de potência das máquinas CC.
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Em relação aos motores CC:

✓ Conhecer os tipos de motores CC de uso geral.


✓ Compreender o modelo do circuito equivalente de um motor CC.
✓ Compreender as características de conjugado em função da velocidade
para os diferentes tipos de motores CC.
✓ Compreender as características especiais de cada tipo de motor CC.
✓ Compreender o princípio de controle de velocidade em motores de CC.
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Uma espira girando entre faces polares curvas.

eind = (v  B ). l
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i. Segmento ab
vBl "+" para dentro e abaixo da face do pólo
eba = (v  B). l = 
0 além das bordas
ii. Segmento bc

ecb = (v  B).l = 0
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iii. Segmento cd
vBl "+" para fora e abaixo da face do pólo
edc = (v  B). l = 
0 além das bordas
iv. Segmento da

ead = (v  B).l = 0
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𝑒𝑖𝑛𝑑 = 𝑒𝑎𝑏 + 𝑒𝑐𝑑 + 𝑒𝑐𝑑 + 𝑒𝑑𝑎

2vBl debaixo das faces dos pólos


eind =
0 além das bordas dos pólos
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Alternativamente:
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A velocidade tangencial v das bordas da espira pode ser representada por:

v = rm
2rm Bl debabaixo das faces dos pólos
eind =
0 além das bordas dos pólos
Ou

2rlBm debabaixo das faces dos pólos


eind =
0 além das bordas dos pólos

Como a área da superfície do rotor é dada por 2πrl, para o pólo, tem-se que:
Ap =  r l
2
 Ap Bm debabaixo das faces dos pólos
eind = 
0 além das bordas dos pólos
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Como:

 = Ap B

2
 m debabaixo das faces dos pólos
eind = 
além das bordas dos pólos

Portanto, a fem gerada depende de:


✓ Fluxo do campo .
✓ Velocidade de rotação do rotor.
✓ Constante relacionada aos aspectos construtivos da máquina CC.
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3. Obtenção de tensão CC:


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4. Produção de conjugado ou torque em máquinas CC:


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𝐹 = 𝑖(𝑙 × 𝐵)
T = rFsen
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i. Segmento ab

Fab = iB l Tangente ao sentido do movimento

Tab = rFsen
Tab = r (iBl) sen 90o
Tab = riBl anti horário

ii. Segmento bc

Fbc = 0 l é paralelo a B
Tbc = rFsen
Tbc = 0
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iii. Segmento cd

Fcd = iB l Tangente ao sentido do movimento

Tcd = rFsen
Tcd = r (iBl) sen 90o
Tcd = riBl anti − horário

iv. Segmento da

Fda = 0 I é paralela a B
Tda = rFsen
Tda = 0
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Tind = Tab + Tbc + Tcd + Tad


2rilB debabaixo das faces dos pólos
Tind =
0 além das bordas dos pólos
Como:
Ap   r l e  = Ap B

2
  i debabaixo das faces dos pólos
Tind = 
0 além das bordas dos pólos
Portanto, o torque gerado depende de:
✓ Fluxo do campo .
✓ Corrente no enrolamento de armadura.
✓ Constante relacionada aos aspectos construtivos da máquina CC.
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Exemplo 7.1 – Chapman – pag. 413:

A figura a seguir ilustra uma espira simples girando entre as faces


curvadas de dois pólos. A espira está conectada a uma bateria em
série com um resistor e uma chave. O resistor representa a
resistência interna da bateria e do fio condutor. As dimensões
físicas e características da máquina são:
r = 0,5m l = 1,0m
R = 0,3Ω B = 0,25T
VB = 120V
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a) O que acontece quando a chave é fechada?


b) Qual a corrente inicial na espira (corrente de partida)? Qual
sua velocidade angular sem carga (a vazio) em regime
permanente?
c) Suponha que uma carga seja aplicada à espira (rotor) e que o
conjugado de carga resultante seja de 10Nm. Qual seria a
nova velocidade em regime permanente: Quanta potência é
fornecida ao eixo da máquina? Quanta potência é fornecida
pela bateria? Esta máquina representa um motor ou um
gerador?
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d) Suponha que a carga seja retirada da máquina e um conjugado


de 7,5 Nm seja aplicado ao eixo no sentido de rotação. Qual a
nova velocidade em regime permanente? Esta máquina agora
é um motor ou um gerador?
e) Suponha que a máquina esteja operando a vazio. Qual seria a
nova velocidade final em regime permanente do rotor se a
densidade de fluxo fosse reduzida para 0,2T?
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5. Comutação em uma máquina CC simples de 4 espiras:

Comutação representa o processo de conversão de correntes e


tensões CA do rotor de uma máquina CC em tensões e correntes
CC em seus terminais.
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No instante mostrado na figura anterior tem-se que:


✓ Lados 1, 2, 3’ e 4’ estão sob efeitos do pólo Norte.
✓ Lados 1’, 2’, 3 e 4 estão sob efeitos do pólo Sul.

A tensão em cada um dos lados 1, 2, 3’ e 4’ das bobinas será


dada por:
eind = (v  B).l = vBl (+) saindo

A tensão em cada um dos lados 1’, 2’, 3 e 4 das bobinas será


dada por:
eind = (v  B).l = vBl (−) entrando

E = 4e ( t = 0o )
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No instante em que o rotor girou 45º (ωt = 45º):

E = 2e ( t = 45o )
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No instante em que o rotor girou mais 45º (ωt = 90º):

E = 4e ( t = 90o )
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Enrolamentos da armadura de uma máquina CC simples de dois


polos (enrolamento imbricado):
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Ilustração da ação do Comutador


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Conexão dos enrolamentos imbricados na armadura de uma


máquina CC de 4 pólos e 16 enrolamentos alojados em 16
ranhuras:
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Armadura de uma máquina CC


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Vista em corte de uma máquina CC


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• Máquina de corrente contínua — corte transversal

• Os enrolamentos de armadura e de campo conduzem correntes que produzem


fluxos
• Os fluxos de campo (fluxo de excitação) e de armadura interagem e são
responsáveis pela operação da máquina
• No caso da máquina de ímãs permanentes, o fluxo de excitação é produzido pelos
ímãs
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Linhas de fluxo magnético para corrente apenas no enrolamento de campo:


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Distribuição de densidade de fluxo para corrente apenas no enrolamento de campo:


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Linhas de fluxo magnético para corrente apenas no enrolamento de armadura:


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Definição de eixos direto (d) e em quadratura (q):


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O conjugado eletromagnético pode ser expresso em termos da interação entre os


fluxos, por pólo, dos eixos direto e em quadratura, e a componente fundamental
Fa1 da forma de onda da Fmm da armadura. O ângulo entre os campos
magnéticos é constante e igual a 90º. Assim, o seno do referido ângulo é igual a 1
e a expressão do torque pode ser dada por:

  polos 
2

T=   d Fa1  T = kd ia
2 2 
ea = kd m

Então:

eaia = Tmechm
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Curvas típicas de magnetização de uma máquina CC.

ea ea 0
= k ad =
m m 0
m
ea = ea 0
m 0
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6. Efeito da FMM da armadura


A corrente nos enrolamentos da armadura produzem campo
magnético próprio, capaz de distorcer o campo magnético
produzido nos enrolamentos de campo. Este efeito é conhecido
como reação de armadura e apresenta efeitos indesejáveis:

▪ Efeito sobre a distribuição de fluxo: os limites para uma


comutação satisfatória são influenciados diretamente.

▪ Deslocamento do plano neutro.

▪ Efeito sobre o valor do fluxo resultante: importante porque a


tensão gerada e o conjugado (torque) por unidade de corrente de
armadura são influenciados.
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Linhas de fluxo magnético para corrente nos enrolamentos da armadura e do campo:


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• A onda de fmm de uma máquina de CC se aproxima de uma dente de serra.


• Quando a armadura gira, a conexão das bobinas ao circuito externo muda em
função da ação do comutador.
• O eixo do campo magnético se mantém na posição vertical em relação ao
campo produzido pelo enrolamento de campo.
• O torque produzido será, portanto, sempre contínuo e unidirecional.
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▪ O eixo da Fmm da armadura é fixado a 90 graus elétricos do


eixo do campo principal (posição das escovas). O fluxo
correspondente segue as trajetórias apresentadas a seguir.

▪ O efeito da Fmm da armadura é o de criar um fluxo “varrendo”


transversalmente as faces polares. Isto significa que seu caminho
nas sapatas polares cruza o fluxo do campo principal.
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▪ Este efeito é chamado de “reação de armadura” por


magnetização transversal.
▪ Quando ambos os enrolamentos são percorridos por corrente
elétrica (campo e armadura), o efeito é de distorcer o fluxo
mútuo resultante no entreferro.
▪ O fluxo resultante por pólo é menor do que aquele produzido
pelo enrolamento de campo apenas.
▪ O efeito da reação de armadura é conhecido como “efeito
desmagnetizante da reação de armadura”.
▪ Este efeito é mais expressivo em uma máquina shunt do que em
uma máquina série.
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Com o objetivo de se compensar o efeito desmagnetizante da reação


de armadura, são inseridos enrolamentos entre os polos (chamados
interpolos), conectados em série com a armadura.
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7. Relação de Tensão nas máquinas CC – Geradores

Generalidades:

• O torque eletromagnético se opõe à rotação da máquina (Lei de Lenz).


• A tensão gerada (induzida na armadura) produz corrente na armadura.
• A tensão gerada, Eg=Va+RaIa

8. Tipos de geradores

• Shunt (derivação)
• Série
• Composto
• Excitação independente
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Possibilidades de conexão do circuito de campo em uma máquina


CC: a) independente; b) série, c) shunt e d) composto.
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Va = Ea − Ra I a

Característica Tensão versus Corrente de geradores CC


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Va = Ea + Ra I a

Característica Torque versus Rotação para motores CC


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Gerador Shunt:

I a = I f + I L (3)
Va = V f = VL (4)
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Exemplo:
Um gerador shunt de 250V 150kW possui uma resistência de campo de 50 Ω e
uma resistência de armadura de 0.05Ω. Calcular:
a) A corrente a plena carga.
b) A corrente de campo.
c) A corrente de armadura.
d) A tensão gerada na condição de plena carga.
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Gerador Série:

I a = I L = I S + I d (5)
Va = VL + RS I S (6)
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Gerador Composto:
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I a = I f + I L = I S + I d (7) Shunt − longo


Ia = I f + IL e
IL = IS + Id (8) Shunt − curto
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Exemplo:
Um gerador composto conexão shunt-longa, 100kW, 500V, possui os seguintes
parâmetros: Ra=0.03Ω, Rf=125Ω, Rs=0.01Ω. Calcular:
a) O valor da resistência Rd para carga nominal.
b) A tensão gerada a plena carga.
Dado: a resistência de ajuste suporta 54A.
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Gerador de Excitação Independente:


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Característica de tensão a vazio dos geradores CC:

E g = K (9)
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Geradores auto-excitados:
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Razões que impedem a auto-excitação:

✓ Falta de (ou baixo) magnetismo residual.


✓ Conexões do circuito de campo invertidas em relação ao circuito
da armadura.
✓ Resistência do circuito de campo maior que a resistência crítica.
✓ Conexão aberta ou alta resistência no circuito da armadura.
✓ Gerador partindo com carga excessiva.
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Características tensão-carga de um gerador shunt:

O efeito da colocação de carga no gerador é de reduzir a tensão na


armadura e a tensão gerada, pelos seguintes efeitos:
▪ Queda interna da tensão de armadura produzida pela resistência
do circuito da armadura, Ra.
▪ Efeito da reação de armadura.
▪ Redução na corrente de campo causadas pelos fatores
precedentes.
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Efeito da velocidade nas características a vazio e com carga de um


gerador shunt:
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Regulação de tensão:

VNL − VFL
Re g (%) = 100% (10)
VFL

Para o gerador Série:


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Para o gerador Composto:


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Exemplo 7.1:

Uma máquina CC de excitação independente, 25kW, 125V é


acionada com velocidade constante de 3000 rpm com corrente de
campo constante de forma que a tensão de armadura em circuito
aberto é 125V. A resistência da armadura é de 0.02Ω. Calcular a
corrente de armadura, potência terminal, potência eletromagnética e
torque produzido para:
a) Va = 128V.
b) Va = 124V.
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Problema prático 7.1:

Observou-se para a máquina CC do exemplo 7.1 uma velocidade de


2950 rpm com corrente de campo em mesmo valor (do exemplo 7.1).
Para uma tensão terminal de 125V, determinar a corrente de
armadura, potência terminal, potência. Informar se, para esta
condição, a máquina está operando como motor ou gerador.
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Exemplo 7.2:

Considere ainda o ao motor CC do exemplo 7.1, com corrente de


campo constante no valor que produz tensão terminal de 125V a
3000 rpm. Observou-se que a máquina opera como motor com
tensão terminal de 123V com potência terminal de 21,9kW.
Determinar a velocidade do motor.
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Problema prático 7.2:

Repetir o exemplo 7.2 para a máquina CC operando como gerador


com tensão terminal de 124V e potência terminal de 24kW.
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Exemplo 7.3:

Um gerador composto tipo shunt longo de 100kW, 250V,


400Apossui uma resistência (armadura, incluindo escovas) de
0.025Ω, resistência do campo série de 0.005Ω e curva de
magnetização conforme ilustrado na figura a seguir (fig. 7.14).
Possui 1000 espiras por pólo e três espiras no campo série, por pólo.
O campo série está conectado de forma que corrente positiva de
armadura produz força magnetomotriz de eixo direto que se soma à
fmm produzida pelo campo shunt. Calcular a tensão terminal em
condição de corrente terminal nominal quando a corrente de campo é
de 4.7A com velocidade de 1150 rpm. Desprezar os efeitos da reação
de armadura.
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Exemplo 7.4:

Considerando ainda o gerador shunt do exemplo 7.3. Assim como no


exemplo 7.3, calcular a tensão terminal com corrente nominal
quando a corrente do campo shunt é de 4.7A e a rotação é de 1150
rpm. Porém, neste caso, incluir os efeitos da reação de armadura.
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FIM

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