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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
SEMINÁRIO
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIENCIA E
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
Professora
Rosa Helena Luchese
Plpl
,ll,l,
Seropédica, RJ
Julho de 2008
RESUMO
Cervejas são bebidas à base de cevada produzidas por fermentação. Através da analise do
fluxograma de produção da cerveja e do conhecimento do que ocorre em cada uma das etapas
do processo é possível avaliar quais os pontos mais prováveis de ocorrência de
contaminações. Do ponto de vista microbiológico, a produção de cerveja se divide em duas
partes: pré-caldeira (até a fervura do mosto) e pós-caldeira (a partir da fermentação). A
cerveja apresenta diversos fatores que auxiliam no combate à microrganismos. Porém, mesmo
tendo esses fatores, muitas bactérias e algumas espécies de leveduras são capazes de se
desenvolver na cerveja causando deterioração. As bactérias que geralmente oferecem mais
perigos para as cervejarias modernas são as bactérias Gram positivas pertencentes aos gêneros
Lactobacillus e Pediococcus. Para avaliar e controlar o crescimento indesejado de
microrganismos na produção é necessário que a contagem microbiana em cada ponto do
processo seja realizada. Pode-se concluir que a garantia de qualidade microbiológica da
cerveja consiste no conjunto de diversos elementos essenciais que devem ser realizados desde
a recepção da matéria prima até o produto final.
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2
2.1 Produção de Cerveja 2
2.2 Avaliação dos Possíveis Pontos de Contaminação 3
2.2.1 Pré-caldeira 4
2.2.2 Pós-caldeira 4
2.3 Microrganismos Deteriorantes na Cerveja 5
2.4 Micotoxinas em Cervejas 6
2.5 Medidas de Controle 7
2.5.1 Controles na planta 7
2.5.2 Controles de micotoxinas 8
2.5.3 Controles no mosto 8
2.5.4 Controles no produto final 8
3 CONCLUSÕES 9
4 BIBLIOGRAFIA 10
1 INTRODUÇÃO
1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para avaliar quais pontos de um processo pode ser um possível foco de contaminação
é necessário o conhecimento de sua linha de produção.
Cervejas são bebidas à base de cevada produzidas por fermentação. Um passo
essencial no processo de bebida fermentada é a fermentação de carboidratos para etanol. A
maior parte dos carboidratos encontrados nos grãos são os amidos e como as leveduras não
produzem amilase é necessária alguma fonte de amilase para hidrolisar os amidos em
carboidratos fermentescíveis (JAY, 2000).
A malteação da cevada é onde são produzidas as enzimas através da indução à
germinação dos grãos (BAMFORTH, 2003).
O mosto cervejeiro é preparado a partir da trituração do malte e dos adjuntos do malte
(trigo, milho, etc.) e no seu aquecimento controlado (processo conhecido como brassagem)
para a hidrolise enzimática do amido através da a -amilase e da b -amilase, onde se gera a
maltose e as dextrinas. A parte solúvel dos materiais triturados é chamada de mosto
(SOARES, 2005)
O lúpulo é adicionado como fonte de catequina, resinas, óleos essenciais e outros
constituintes com o propósito de precipitar proteínas instáveis durantes o aquecimento do
mosto e para promover estabilidade biológica, amargor e aroma (JAY, 2000)
Cervejas da época medieval rapidamente se tornavam ácidas e se transformavam em
vinagre de malte. Muitas ervas foram usadas para prolongar o shelf-life do produto, mas
apenas o lúpulo é utilizado em larga escala nas cervejarias atualmente (BRIGGS, 2004).
O mosto e o lúpulo são fervidos por 1.5-2.5 horas com o propósito de inativar as
enzimas, extração de substancias solúveis do lúpulo, precipitação de proteínas, concentração e
esterilização (BAMFORTH. 2003).
A fermentação do mosto é realizada pela inoculação de leveduras. O impacto das
leveduras na produção, qualidade e segurança de alimentos e bebidas está intimamente ligado
com a sua ecologia e atividade biológica (FLEET, 2007).
A cepa é escolhida de acordo com o produto final e o tipo de fermentação desejada.
As Saccharomyces cerevisiae, leveduras de alta fermentação, são usadas para a produção de
cervejas do tipo Ale que apresentam pH em torno de 3.8. Já as Saccharomyces carlbergensi,
leveduras de baixa fermentação, são usadas na produção de cerveja do tipo Larger que
apresentam pH em torno de 4.1-4.2.(BRIGGS, 2004).
O produto fermentado é então maturado e finalizado pela adição de CO2 até
concentração final de 0.45-0.52% antes de estar pronto para o comércio. A pasteurização da
cerveja é utilizada para a destruição de microrganismos deteriorante (JAY, 2000).
2
O produto fermentado é então maturado e finalizado pela adição de CO2 até
concentração final de 0.45-0.52% antes de estar pronto para o comércio. A pasteurização da
cerveja é utilizada para a destruição de microrganismos deteriorante (JAY, 2000).
CEVADA
ARROZ, MILHO
TRIGO, etc.
MALTEAÇÃO
PRÈ-TRATAMENTO
MALTE TRITURAÇÃO
SEPARAÇÃO XAROPES
LÚPULO FERVURA
AÇUCARES
RESFRIAMENTO,
REMOÇÃO DE
PRECIPITADOS
LEVEDURAS MOSTO
FERMENTAÇÃO
PRIMÁRIA
FERMENTAÇÃO
SECUNDARIA
PROCESSOS
CONTINUOS
CERVEJA
Figura
Figura 11 –– Fluxograma
Fluxograma da
da produção
produção de
de cerveja
cerveja
2.2.1 Pré-caldeira
2.2.2 Pós-caldeira
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A característica principal da contaminação por Pectinatus spp. é a turbidez extensiva
do meio e um cheiro agressivo de “ovo podre” devido à combinação de vários ácidos graxos,
ácido sulfídrico e metil mercaptana. Esta atividade deteriorante pode causar sérios danos para
as cervejarias. (SAKAMOTO & KORNINGS, 2003).
Atualmente, avanços na tecnologia cervejeira levaram a um decréscimo considerável
de oxigênio na cerveja, tornando o ambiente cada vez mais favorável para o crescimento de
microrganismos anaeróbicos (SATOKARI et al, 1998).
Briggs (2004) diz que o decréscimo nos teores de oxigênio na cerveja, além de evitar
oxidações, diminui o risco de deteriorações por prevenir o crescimento de aeróbios
obrigatórios. Porem, a ausência de oxigênio torna o meio mais seletivo para anaeróbios
obrigatórios. Infecções bacterianas em cervejas por anaeróbios como Pectinatus foram
registradas recentemente e são reflexos da redução da exposição ao oxigênio no processo,
confirmando a observação de Satokari et al (1998).
Outro fator importante é a produção de cerveja com baixo teor alcoólico, esse produto
é mais susceptível a ataques de leveduras selvagens que constituem certo risco (SATOKARI
et al, 1998).
A detecção de leveduras selvagens sempre implica dificuldades, por causa da
similaridade bioquímica e fisiologia entre as leveduras selvagens e as leveduras cervejeiras
(DE ANGELO & SIEBERT, 1987 apud VAN DER KUHLE & JESPERSEN, 1998).
As principais bactérias deteriorantes e seus efeitos estão relacionados no quadro 1.
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Uma alta contaminação por Fusarium no malte de cevada pode levar a formação de
deoxinivalenol e outras micotoxinas. Por ser um composto solúvel o deoxinivalenol é
eliminado na maceração da cevada, mas durante a germinação o deoxinivalenol é produzido
por Fusarium. Deoxinivalenol não é eliminado ou destruído durante o processo de produção
de cerveja. Essa contaminação pode levar ao que se conhece por erupção da cerveja, que
significa uma produção rápida e grande de espuma quando a garrafa é aberta. Fusarium
graminearum, Fusarium culmorum e Fusarium poe, são indutores de erupção ativos.
(LINKO, 1998).
Mais de 200 micotoxinas diferentes foram isoladas de vários fungos. Elas parecem
funcionar como facilitadores para as patogenias fúngicas. Tricotecenos são as micotoxinas
mais comuns que se conhece. Quimicamente elas são sesquiterpenos tetracíclicos sendo que
os mais comuns são: nivalenol, deoxinivalenol e toxina T-2. Todas são potentes inibidoras da
síntese protéica e possivelmente prejudicam as funções da membrana. São tóxicas para
humanos e animais. No ponto de vista cervejeiro, uma alta concentração dessa micotoxina
acarreta na inibição do crescimento da levedura (BRIGGS, 2004).
O estudo dessas toxinas é importante tanto em questões tecnológicas quanto de
segurança. No caso do Brasil, por exemplo, a preocupação com esta bebida decorre do
aumento do seu consumo, em média 50L/pessoa/ano, e do fato que os cereais utilizados para a
produção são provenientes de países onde tradicionalmente estas toxinas são detectadas
(FURLONG et al, 2002).
Nos seus estudos, Furlong et al (2002) determinaram o teor de tricotecenos nas
cervejas produzidas no Brasil. O levantamento da ocorrência de tricotecenos em cervejas
comercializadas no Rio Grande do Sul mostrou que 9,7% das amostras coletadas estavam
contaminadas com as toxinas pesquisadas, sendo 5,3% com deoxinivalenol e 4,5% com toxina
T-2. Os níveis detectados foram 50, 123, 154 e 336ng/mL e 114, 208 e 249ng/mL
respectivamente, não sendo observada co-ocorrência.
De acordo com a FAO, o Brasil não estabelece limites de tricotecenos nos alimentos,
só são encontrados limites para as aflatoxinas.
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2.5.2 Controle de micotoxinas
A cerveja quando finalizada deve ser tratada para eliminar qualquer resíduo de
levedura ou infecções causadas por leveduras selvagens e/ou bactérias antes ou durante o
envase. Esse tratamento pode ser realizado por dois meios: a pasteurização ou a filtração.
A pasteurização pode ser realizada de duas formas na cervejaria: flash pasteurização e
túnel de pasteurização. A filtração é um método que vem crescendo e consiste na remoção de
microrganismos pela passagem da cerveja através de um filtro com membrana formada de
polipropileno ou politetrafluoroetileno com poros entre 0.45 e 0.8 nm (BAMFORTH, 2003).
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3 CONCLUSÕES
9
4 BIBLIOGRAFIA
BAMFORTH C. BEER: Tap Into The Art of Science of Brewing. 2. ed. Oxford University
Press, 2003.
BRIGGS D. E.; Brewing Science and practice. 1. ed. Woodhead Publishing, 2004.
DEEGAN L. H.; COTTER P. D.; HILL C.; ROSS P. Bacteriocins: biological tools for bio-
preservation and shelf-life extension. International Dairy Journal. v. 16, p. 1058?071, 2006.
FLEET G. H. Yeasts in foods and beverages: impact on product quality and safety. Current
Opinion in Biotechnology. v. 18, p. 170-175, 2007.
LINKO M. et al. Recent advances in the malting and brewing industry. Journal of
Biotechnology. v. 75, p. 85-98, 1998.
SAKAMOTO K.; KONINGS W. N. Beer spoilage bacteria and hop resistance. International
Journal of Food Microbiology. v. 89, p. 105-124, 2003.
TRIBST A.A.L. et al. Ultra-high pressure homogenization treatment combined with lysozyme
for controlling Lactobacillus brevis contamination in model system. Innovative Food Science
and Emerging Technologies. v. 9, p. 265–271, 2008.
VAN DER KUHLE A.; JESPERSEN L. Detection and identification of wild yeasts in lager
breweries. International Journal of Food Microbiology. v. 43, p. 205-213, 1998.
WOLF-HALL C. E. Mold and mycotoxin problems encountered during malting and brewing.
International Journal of Food Microbiology. v. 119, p. 89–94, 2007.
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